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BRUNO PEROZZO
São Paulo
2019
CANNABIS, FIBROMIALGIA E DOR: UMA BREVE REVISÃO
BRUNO PEROZZO
São Paulo
2019
"Dedico este trabalho àqueles que sofrem em silêncio.
Há milhares de anos a Cannabis tem sido utilizada pelos seres humanos e, com o
aumento do número de países regulamentando seu uso e permitindo o acesso, surge
a necessidade de conhecer melhor sua capacidade medicinal no tratamento da dor e
da qualidade de vida, mais especificamente em portadores de fibromialgia. Dentre
trabalhos, livros e revisões de artigos, pode-se confirmar o potencial terapêutico
positivo com efeitos colaterais menos danosos quando comparada aos alopáticos.
Apesar do acesso à cannabis medicinal no Brasil ainda ser restrito, novos caminhos
se abrem - aos poucos - e trazem esperança a um tratamento digno, eficaz e mais
completo em alternativa aos tratamentos disponíveis no mercado.
For thousands years cannabis has been used by humans and with the increasing
number of countries regulating its use and allowing access to it, there is need to know
more about it’s medicinal capacity in the treatment of pain and quality of life more
specifically in patients with fibromyalgia. Among works, books and articles reviews, it's
possible to confirm your positive therapeutic potential with less side effects when
compared to allopathic ones. Although access to medical cannabis in Brazil is still
restricted, new paths open up and bring hope from a dignified, effective and more
complete treatment as an alternative to the available treatments in the market.
1. INTRODUÇÃO................................................................................1
2. FIBROMIALGIA...............................................................................2
3. CANNABINÓIDES, ENDOCANNABINÓIDES,
FITOCANNABINÓIDES E RECEPTORES..............................................5
4. TRATAMENTO..............................................................................10
5. EFEITOS ADVERSOS E RISCOS................................................13
6. CONCLUSÃO................................................................................15
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................19
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO
é de 7% (Habib, G. & Avisar, I. 2018). Após muitos anos de pesquisa, ainda não existe
muitas dessas medicações expõem o paciente a efeitos adversos (Habib, G. & Avisar,
para comprovar que ela está presente (Sociedade Brasileira de Reumatologia, 2011).
controle da dor e qual o grau de alívio apresenta para os pacientes. Além da dor,
medicamentosas e efeitos adversos que possam ocorrer nos pacientes que fazem uso
2. FIBROMIALGIA
homem) com idade entre 25 e 50 anos. Estima-se que 15 a 20% dos pacientes que
Colégio Americano de Reumatologia inclui histórico de dor difusa pelo corpo e dor
crônica persistente há mais de três meses, presente nos quatro quadrantes do corpo
Fonte: https://www.lilly.com.br/Areas_Terapeuticas/Fibromialgia
(2018), os fatores de risco estão sempre associados com síndrome de fadiga crônica.
teorias que isso aumenta a ruptura do tecido muscular, sendo a causa primária da dor,
se já começou no corpo todo. O paciente sente mais dor no fim do dia, mas também
pode haver dor pela manhã. A dor é sentida “nos ossos”, “na carne” e ao redor das
articulações.
pacientes não toleram nem mesmo serem abraçados. Não há inchaço nas
articulações pois elas não estão inflamadas. O inchaço pode aparecer pela contração
manter o sono profundo. O sono tende a ser superficial e/ou interrompido. A depressão
pode ser observada em 50% dos pacientes com fibromialgia. Isto quer dizer duas
coisas: que a depressão é comum nestes pacientes e que nem todo paciente com
memória e atenção. Isso se deve mais ao fato da dor crônica do que alguma lesão
dedica energia lidando com esta dor. Assim, deixa outras tarefas como memória e
RECEPTORES
Habib & Artul (2018) relatam que as duas espécies mais importantes da planta
são a Cannabis sativa e Cannabis indica. A maioria das espécies hoje são híbridas
das duas, sendo as derivadas da sativa destinada ao uso matutino, já que induz a
fitocanabinóides. A maioria dos estudos focam no THC e CBD, pois ambos são
Fonte: https://www.philosopherseeds.com/blog/en/cannabinoids-marijuana/
procurando obter diferentes fitocanabinóides. Isso indica que uma única cepa não é
suficiente para as diferentes queixas como dor, insônia, ansiedade ou falta de energia.
mecanismos: diretamente pelos receptores CB1 e CB2 do corpo bem como por
diminuição dos sinais sinápticos e excitabilidade neurológica. (Habib, G., & Artul, S.
2018).
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Fonte: https://medium.com/cbd-origin/the-endocannabinoid-system-everything-you-need-to-
know-1c38a648cafb
relativamente maior afinidade pelo receptor CB1; ele é fortemente atraído para se
encaixar neste receptor. THC é um agonista CB1 que aumenta a atividade do Sistema
conhecidos do THC e seu potente efeito analgésico; quando os receptores CB2 são
ativados, inflamação crônica e dor neuropática passa a ser modulada. O THC também
encaixa em qualquer receptor CB1 ou CB2. Ele atua como um estimulante do Sistema
que quebra a anandamida que se encaixa no CB1. Portanto, o consumo de CBD leva
(Whiteley, 2016)
mais seguras e efetivas que as próprias plantas. Por exemplo, nabilona e dronabinol
são canabinóides sintéticos, cujas moléculas são compatíveis com o THC. Estão
disponíveis e foram aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration) nos EUA.
drug.htm#description https://www.philosopherseeds.com/blog/en/canna
binoids-marijuana/
resultados dos pacientes com dor crônica (avaliados de “não significante” para “baixa
e qualidade de vida. Em adição à sua eficácia limitada para tratar a dor, a tolerância
parece ser a limitação principal para seu uso. O número de pacientes que parou o
tratamento com canabinóides sintéticos orais devido aos relatos de efeitos adversos
canabinóides sintéticos são inferiores aos fitocanabinóides. Isso também é notado nos
pacientes de dor crônica que preferem fazer uso da planta toda em vez de
placebo. Curiosamente, a indução de efeitos adversos pelo dronabinol foi maior que
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tolerância pode ser desenvolvida em um curto espaço de tempo quando THC puro
dor. Além disso, em praticamente todos estudos com alto teor de THC, apresentaram
encontram alívio para a dor quando utilizam cannabis com 12,5% de concentração de
4. TRATAMENTO
curto prazo para o sono e depressão, enquanto anti-inflamatórios são utilizados para
Whiteley, 2016, relata que certas patologias com altas taxas de dor como
Isso ajuda explicar, em partes, por que cannabis é efetiva nessas patologias. Elas
endocanabinóide.
feminino (73%), e a média de idade do grupo era 37,8 ± 7,6 anos. A dose média de
cannabis foi 10,4 ± 11,3 meses, com duração média de 03 meses. Após o início do
fibromialgia. Oito pacientes (30%) relataram efeitos adversos bem leves. (Habib, G. &
Artul, S. 2018).
primária para pacientes que não querem fumar, enquanto gotas de óleo de
evitar o uso de cepas de cannabis indica e ricas em CBD, já que podem elevar a
estudos mostram que o CBD oral não altera os efeitos psicoativos induzidos por
cannabis fumada, o que indica que a interação entre CBD e THC depende da
13
e CB2.
é sobre sua potencial interação com opióides. Mais de 35% dos pacientes utilizam
canabinóides para controle da dor, relatam que os canabinóides são mais eficientes
dor, intensidade da dor e interferência da dor. Neste mesmo estudo, uma significante
Este estudo demonstra que cannabis não só dispõe de potencial uso clínico
como também demonstra que é clinicamente útil para o tratamento da dor crônica e é
mais segura e tolerável por uso prolongado sob supervisão médica. Entretanto,
A grande maioria dos efeitos adversos relatados tem relação com a forma de
adversos relatados foram leves e transitórios como irritação dos olhos ou garganta
(sem dados registrados). Vale ressaltar que somente em 8% dos usuários de cannabis
demais tratamentos, somados aos efeitos favoráveis no sono e humor. Em 81% dos
18,8% das pessoas que utilizam cannabis diariamente desenvolvem algum tipo de
Romero-Sandoval et al. 2018, indica que pessoas com depressão são mais
com dor crônica que utilizam cannabis apresentam taxas mais baixas de depressão e
médicos devem dedicar atenção especial à pacientes que fazem uso de cannabis
psicoses induzidas por cannabis tem risco maior (50%) de desenvolver esquizofrenia
períodos, o que tem relevância particular com o tratamento da dor crônica. (Romero-
6. CONCLUSÃO
O que não mais se discute é se a dor do paciente é real ou não. Hoje, com
Ela não causa ataque cardíaco, AVC, câncer ou perda de vida. (American College of
Reumathology, 2019)
do paciente. Em alguns casos, a melhoria foi tão marcante que os pacientes cessaram
de ter conhecido esse tratamento antes”, eu voltei a ser a pessoa que eu era antes”,
Num estudo em Israel, alto percentual de pacientes (94%) relatou alívio da dor;
o impacto positivo no sono, problema comum em grande parte dos pacientes, também
foi similar (93%), fazendo da cannabis um remédio versátil. Ela também auxilia na
efeito benéfico adicional para o tratamento da dor que atualmente não é conhecido
ação da cannabis a fim de desenvolver terapias mais eficazes com reduzidos efeitos
qualidade de vida.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLESCHING, Uwe. Fibromyalgia. In: BLESCHING, Uwe. The Cannabis Health Index:
Combining the Science of Medical Marijuana with Mindfulness Techniques To Heal 100
Chronic Symptoms and Diseases. [S. l.]: North Atlantic Books, 2015.
Habib, G., & Artul, S. (2018). Medical Cannabis for the Treatment of Fibromyalgia.
JCR: Journal of Clinical Rheumatology, 24(5), 255–258.
Habib, G., & Avisar, I. (2018). The Consumption of Cannabis by Fibromyalgia
Patients in Israel. Pain Research and Treatment, 2018, 1–
5.doi:10.1155/2018/7829427
IVKER, Rav. Fibromyalgia - You‘re Your Highest Priority. In: IVKER, Rav. Cannabis for Chronic
Pain: A Proven Prescription for Using Marijuana to Relieve Your Pain and Heal Your
Life. [S. l.]: Atria Books, 2018.
Romero-Sandoval, E. A., Fincham, J. E., Kolano, A. L., Sharpe, B. N., & Alvarado-
Vázquez, P. A. (2018). Cannabis for Chronic Pain: Challenges and Considerations.
Pharmacotherapy: The Journal of Human Pharmacology and Drug Therapy, 38(6),
651–662.
WHITELEY, Nishi. Chapter five: the common denominator of illness - pain. In: WHITELEY,
Nishi. Chronic Relief: A Guide to Cannabis for the Terminally and Chronically Ill. [S. l.]:
Allivio LLC, 2016.