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Matéria Prova Primeiro Bimestre – Documentos da Igreja 2021

Principais documentos usados pelo Papa:

Cartas Apostólicas
Carta Apostólica é denominação genérica. Apostólica aqui significa “do Apóstolo
Pedro, que fala por seu sucessor”.

As Cartas Apostólicas simplesmente ditas podem tratar de assuntos ligados ao


governo da Igreja:

nomeação de Bispos, Cardeais,

criação de nova diocese,

canonização de algum(a) Santo(a),

temas doutrinários ou morais,

comemoração de alguma data ou de evento importante…

Constituição

É um documento de grande autoridade, que pode ser sobre os mais diversos


temas: – Constituição Dogmática (tais são a Lumen Gentium, a Gaudium et
Spes, a Sacrosanctum Concillum, a Dei Verbum, do Concílio do Vaticano II,
promulgadas pelo Papa Paulo VI)…

Constituição Apostólica: pode ser relativa ao governo da Igreja; por exemplo: a


Const. Regimini Ecclesiae Universae, de Paulo VI, datada de 1967, a Const. Pastor
Bonus de João Paulo II, promulgada em 1968… Pode versar também sobre a
Liturgia; assim a Const. Divini Cultus, de Pio XI, promulgada em 1928. Sobre
estudos e formação doutrinária existe a Const. Deus Scientiarum Dominus, de
Pio XI, datada de 1931.

Bula
Na Roma antiga, “bulla” significava um pequeno globo de metal vazio, que os
vencedores de um prémio traziam pendente do pescoço. A partir do século VI os
Papas empregaram a bula (portadora do nome do Papa respectivo) a fim de
autenticar os seus documentos; Bulla consequentemente passou a designar o
selo ou sinete do Papa. A partir do século XIII Bula designa não apenas o globo
de metal, mas a própria carta à qual ele se prende. – Por Bula o Papa
geralmente exprime algo de muito solene, tal foi o caso da Bula Ineffabilis Deus,
que em 1854 formulou a definição do dogma da Imaculada Conceição. Por Bula
o Papa convoca os participantes de um Concílio geral, cria ou desmembra uma
diocese.

A Bula começa pelo nome do Papa, dito servus servorum Dei (servo dos servos
de Deus), segue-se uma saudação e o conteúdo do documento. Utiliza-se o
pergaminho. Outrora a letra era de tipo gótico e apresentava diversas
abreviações, que tornavam difícil a leitura do documento. Leão XIII, em 1878,
determinou que se utilizasse a escrita comum. Até 1º de janeiro de 1908 as
Bulas eram datadas a partir de 25 de março (solenidade da Encarnação) e os
dias eram contados segundo a nomenclatura romana (kalendas, idus, nonas);
Pio X determinou a contagem dos dias segundo a terminologia corrente na
sociedade atual. As Bulas de muito grande importância têm, pendentes de
cordões coloridos, um globo de chumbo no qual está gravada a imagem das
cabeças de São Pedro e São Paulo.

Breve
O Breve é um documento normalmente mais curto e menos solene do que uma
Bula, que normalmente trata de questões privadas, como dispensa de
irregularidades para exercer alguma função na Igreja, dispensa de certos
impedimentos do matrimônio, autorização de oratório doméstico com o
Santíssimo Sacramento, autorização para vender bens da Igreja, outros
benefícios e favores especiais.

A Santa Sé pode responder a uma petição mediante um Rescrito; uma breve


resposta da à petição. Bula e Breve são asa vezes equivalentes. Por exemplo,
mediante um Breve Pio IX em 1850 restaurou a hierarquia episcopal na
Inglaterra, mas foi mediante uma Bula que Leão XIII a restabeleceu na Escócia
em 1878. A Companhia de Jesus foi reconhecida e aprovada oficialmente por
uma Bula de Paulo III em 1540; foi extinta por um Breve de Clemente XIV em
1773 e finalmente restaurada por uma Bula de Pio VII em 1814.

Num Breve o nome do Papa é colocado no alto e no centro com o seu número
de ordem (assim João Paulo II). O destinatário é designado por um vocativo:
Dilecte Fili (Dileto Filho); após o quê há uma saudação: Salutem et Apostolicam
Benedictionem, ou a afirmação de perpetuidade: Ad perpetuam rei memoriam.
O Breve termina com a indicação da data e a menção do anel do Pescador
(Pedro): Datum Romae, apud Sanctum Petrum, sub annulo Piscatoris, die… O
papel utilizado é branco e liso; os caracteres são os da escrita corrente, com
acentuação e pontuação.

Motu Proprio

Motu Proprio (do latim motivo próprio) é o documento que por iniciativa do
próprio Papa, com pleno conhecimento de causa. É um documento cujo
conteúdo o Papa quer recomendar com particular empenho. Tal tipo de
documento traz sempre em seu título a cláusula Motu Proprio sobre alguns
aspectos da celebração do sacramento de Penitência, datado de 7 de abril de
2002 e assinado por João Paulo II. Os primeiros documentos deste tipo
apareceram durante o pontificado de Inocêncio VIII (1484-1492). Faziam
contraste às Cartas Decretais, que eram sempre a resposta dada a alguma
questão levantada e indicavam como o Direito deveria ser aplicado em
determinadas circunstâncias. O Motu Proprio, publicado sem nome de
destinatário, tinha alcance mais amplo.

O Motu Proprio pode abordar temas importantes e introduzir novas


disposições legislativas. Assim Paulo VI pelo Motu Proprio de 6 de agosto de
1966 “Ecclesiae Sanctae” modificou alguns traços do Direito Canônico; aos 28
de março de 1971 também remanejou normas do procedimento que
investiga a nulidade de um casamento.

Rescrito
Rescrito vem do latim rescribere, que significa responder por escrito a uma carta
ou a uma pergunta escrita.

Em Roma chamavam-se rescrita as respostas que davam os imperadores às


questões de Direito sobre as quais eram consultados. No Direito Canônico tal
palavra teve significados diversos no decorrer dos séculos. O atual Código assim
a define:
“Por rescrito entende-se o ato administrativo baixado por escrito pela
competente autoridade executiva, mediante o qual, por sua própria natureza, se
concede privilégio, dispensa ou outra graça, a pedido de alguém” (cânon 59 § 1º).

Pode acontecer que no texto do rescrito venha inserida a cláusula motu Proprio,
ficando assim enfatizado que o favor é concedido com benevolência particular,
sem que se receiem os obstáculos que poderiam entravar a concessão.

Tendo em vista a matéria dos rescritos, distinguem-se rescritos de justiça e


rescritos de graças; à primeira categoria pertencem todos aqueles que dizem
respeito à administração da justiça como aqueles que permitem introduzir uma
causa no Tribunal da Santa Sé desde a primeira instância. A Segunda categoria
compreende os demais tipos de matéria.

Também é de notar que alguns rescritos concedem o favor “de maneira


graciosa”, ou seja, diretamente ao beneficiário; outros há que confiam ao Bispo
local ou a algum intermediário o encargo de conceder o favor solicitado.

Encíclica
Encíclica é uma Circular. Já nos primeiros séculos da Igreja os Bispos escreviam
cartas circulares aos seus irmãos no episcopado a respeito de assuntos
doutrinários ou disciplinares; assim fazia S. Atanásio (?373), tendo em mira a
heresia ariana que, fazendo do Filho a primeira criatura do Pai, ameaçava a
integridade da fé. Ora o que um Bispo efetuava em relação aos seus vizinhos, o
Pontífice Romano teve a oportunidade de o fazer em relação à Igreja inteira,
ficando o termo (carta) encíclica reservado aos escritos papais, ao passo que os
demais Bispos escrevem Cartas Pastorais.

Somente no século XVIII, sob o pontificado de Bento XIV (1740-1758), a encíclica


passou a ser entendida como em nossos dias, a saber: como a forma mais
pessoal e espontânea pela qual o Papa exerce seu ministério de Pastor
universal. A partir de Gregório XVI (1831-46), os Papas têm multiplicado as suas
encíclicas, de modo que através delas se pode acompanhar a vida da Igreja. Em
latim distinguem-se Litterae encyclicae (Carta encíclica) e epistula encyclica
(epístula encíclica). Esta última tem destinatários mais restritos e conteúdo
menos importante.

Geralmente as encíclicas se dirigem aos Patriarcas, Arcebispos, Bispos,


Presbíteros, Filhos e Filhas da Igreja; todavia o círculo pode-se alargar para
compreender também os homens de boa vontade (ver a enc. Redempto
Hominis de João Paulo II), como pode estreitar-se, abrangendo apenas o
episcopado e os fiéis de uma nação, usando a língua de tal povo. Foi isto que
aconteceu na encíclica de Pio XI Non abbiamo bisogno (20/06/31) sobre o
fascismo e na encíclica Mit brennender Sorge do mesmo Papa (21/03/37) sobre
o nacional-socialismo. Quando redigida em latim (língua habitual), a encíclica é
muitas vezes acompanhada de uma tradução italiana. Pode-se acrescentar que
as encíclicas são designadas por suas duas ou três palavras iniciais.

As encíclicas não promulgam definições dogmáticas; abordam, sim, algum


ponto doutrinário que esteja sendo mal entendido; propõem orientações
em situação difícil, exaltam a figura de algum(a) Santo(a), procurando
sempre fortalecer a vida cristã do povo de Deus.

Embora não contenham definições infalíveis; as encíclicas merecem


respeito e submissão, que levam a nada dizer ou escrever em contrário ao
ensinamento de alguma encíclica. Afirma Pio XII na enc. Humani generis
(12/08/1950):

“Não se deve julgar que o que vem proposto nas encíclicas não exige
assentimento, sob o pretexto de que os Papas aí não exercem o supremo
poder do seu magistério”.

“Se os Papas em seus atos proferem um juízo sobre temática até então
controvertida, todos hão de compreender que essa matéria, segundo o
pensamento e a vontade do Sumo Pontífice, já não deve ser considerada
matéria de livre discussão entre os teólogos”.

Dogmas da fé

Os dogmas não são grades que impedem o caminhar dos teólogos, ao contrário,
são luzes no caminho de nossa fé que o iluminam e tornam seguro. Eles são para o
povo de Deus como os trilhos são para um trem; são vínculos que dão ao veículo
segurança e possibilidade de ir muito longe.

Não mais do que 14 vezes um Papa proclamou um dogma de fé; isto em 21 séculos
de vida da Igreja. Mas há muitas outras verdades da fé, que não foram definidas
explicitamente como dogmas por um Papa, mas que são também dogmáticas.

Todos os doze Artigos do Credo são dogmas de fé; ele é o “Símbolo dos Apóstolos”
e resume as verdades básicas da fé cristã que há 2000 anos a Igreja ensina.
O Dogma é uma verdade Revelada por Deus, e proposta pela Igreja à nossa fé e
à nossa conduta. E como algo revelado por Deus, e compreendido pela Igreja, é
imutável. Podemos aperfeiçoar o entendimento da verdade revelada, mas
nunca destruí-la ou negá-la. O Dogma pode estar contido na Bíblia ou na
Tradição apostólica que não foi escrita, mas que tem para a Igreja o mesmo valor
de Revelação da Bíblia; por exemplo, o Credo como é rezado não está na Bíblia,
mas veio da Tradição.

A Revelação de Deus ensina que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao
conhecimento da verdade” (1Tm 2,4); mas, onde está esta “Verdade” que salva?
O mesmo São Paulo responde: “A Igreja é a coluna da verdade” (1Tm 3, 15). É
por isso que a Igreja afirma sem dúvida, várias vezes, no Catecismo, a sua
infalibilidade naquilo que é essencial em termos de fé e moral.

Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos Apóstolos, Cristo quis


conferir à sua Igreja uma participação na sua própria infalibilidade, ele que é a
Verdade. “Goza desta infalibilidade o Papa quando, na qualidade de pastor
supremo de todos os fiéis, e encarregado de confirmar seus irmãos na fé
proclama, por um ato definitivo, um ponto de doutrina apenas sobre à fé e aos
costumes… A infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal
quando este exerce seu magistério supremo em união com o sucessor de Pedro”,
sobretudo em um Concílio Ecumênico (LG 25).

Tipos de Dogmas

Os dogmas sobre Deus garantem que Ele existe, que é único, mas são Três
Pessoas divinas formando um só Deus (Pai e Filho e Espírito Santo), com igual
poder e majestade; que Ele é eterno, onipotente, onipresente, onisciente, amor e
misericórdia, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; tudo o que existe foi
criado por Deus.

Os dogmas sobre Jesus Cristo afirmam que Ele é o Filho Único de Deus;
verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus (possui duas naturezas: humana
e divina); cada uma das duas naturezas em Cristo possui uma vontade e uma
operação própria. Cristo se ofereceu em sacrifício na Cruz para resgatar a
humanidade separada de Deus pelo pecado. Ao terceiro dia depois de sua morte,
ressuscitou glorioso dentre os mortos e subiu em corpo e alma aos céus e está
“sentado” à direita de Deus Pai.

Sobre o mundo, os dogmas dizem que tudo do que existe foi criado por Deus a
partir do nada. O mundo é temporal, um dia vai terminar. Deus o conserva pelo Seu
poder e bondade.

Sobre a pessoa humana, os dogmas garantem que ela é formado de corpo


material e alma espiritual e imortal criada por Deus no momento da concepção, à
sua imagem e semelhança. O pecado de Adão (original) se propaga a todos os seus
descendentes por geração e não por imitação. O homem caído não pode redimir-se
a si mesmo; precisa de um Salvador, Jesus Cristo.

Sobre a Virgem Maria os dogmas dizem que Ela é Imaculada, isto é, foi concebida
sem o pecado original, e nunca teve qualquer pecado pessoal; é Mãe de Deus feito
homem; foi para o Céu em sua Assunção, de corpo e de alma, após o término de
sua vida na terra. É Virgem perpétua: antes do parto, durante o parto de depois do
parto de Jesus Cristo.

Sobre o Papa e a Igreja os dogmas ensinam que a Igreja foi fundada por Jesus
Cristo, que constituiu São Pedro como o primeiro Papa e cabeça visível da Igreja,
conferindo-lhe pessoalmente o primado de jurisdição. O Papa possui o pleno e
supremo poder sobre a Igreja, não somente nas coisas da fé e da moral, mas
também na disciplina e no governo da Igreja. Ele é infalível sempre que define uma
verdade de fé ou de moral. A Igreja é infalível quando define com o Papa alguma
matéria de fé e de costumes.

Os dogmas sobre os Sacramentos, afirmam que Cristo instituiu sete


Sacramentos: Batismo, Crisma, Confissão, Eucaristia, Ordem, Matrimônio e Unção
dos Enfermos. A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos
após o Batismo pelo Sacramento da Confissão. Cristo está presente na Eucaristia
pela transubstanciação de toda a substância do pão e do vinho.
Os dogmas sobre os últimos acontecimentos afirmam que existe a vida eterna, o
Céu, o Inferno e o Purgatório, o fim deste mundo e a segunda vinda de Cristo, a
ressurreição dos mortos no último dia e o juízo universal.

O que é um Dogma?

Dogma é uma verdade revelada por Deus, e, como tal, diretamente proposta
pela Igreja à nossa fé

A Revelação, fonte do dogma, dá a conhecer o ensinamento divino em seu próprio


conceito: tal é a primazia de Pedro e de seus discípulos e, como consequência, a
infalibilidade pontifícia.

Para que uma verdade revelada seja um dogma é necessário que este proponha
diretamente à nossa fé por uma definição solene da Igreja ou pelo ensinamento de
seu magistério ordinário.

No Evangelho se sublinha várias vezes a natureza da fé. Está descrita como uma
adesão ao ensinamento divino anunciado por Cristo ou pregada em seu nome e
com sua autoridade pelos Apóstolos. No Evangelho de São Marcos encontramos:

“Depois lhes disse: ‘Ide pelo mundo e pregai a boa nova a toda criação. O que crer
e for batizado se salvará; o que não crer, será condenado'” (Mc 16,15-16).

“A fé é garantia do que se espera; a prova das realidades que não se veem. Foi ela
que valeu aos nossos ancestrais” (Hb 11,1-2).

Do século I ao IV, esta doutrina se manifesta pela insistência com a qual os Santos
Padres afirmaram a obrigação de crer integramente na doutrina ensinada por Jesus
Cristo aos Apóstolos. Para que o ensinamento divino contido nas Sagradas
Escrituras seja um dogma são necessárias duas condições:

1. O sentido deve estar suficientemente manifestado.


2. Esta doutrina deve ser proposta pela Igreja como revelada. Quando o texto das
escrituras estiver definido pela Igreja como contendo um dogma revelado, com
sentido preciso e determinado, é um dever estrito para os exegetas católicos aceitá-
lo.
A revelação feita por Jesus Cristo e anunciada aos Apóstolos tem seu caráter
definitivo e imutável e a doutrina de São Paulo mostra bem este caráter.

Os dogmas solenemente proclamados pelos Papas

Poucas vezes na história da Igreja os Papas tiveram a necessidade de se


pronunciar “ex-cathedra”. E nem todos os dogmas da fé católica foram
pronunciados solenemente; por exemplo, no Credo, há 12 Artigos de Fé, que
não precisaram ser proclamados solenemente, já que vieram dos Apóstolos.
Podemos relatar, em ordem cronológica, a lista das definições pontifícias.
Resumiremos a seguir o que foi apresentado por D. Estevão Bettencourt, na
revista “Pergunte e Responderemos” (nº 381, pp. 67 a 72, 1994).

Os Dogmas

Dogmas sobre Deus

1. A Existência de Deus
2. A Existência de Deus como Objeto de Fé
3. A Unicidade de Deus
4. Deus é Eterno
5. Santíssima Trindade

Dogmas sobre Jesus Cristo

1. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência


2. Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam
3. Cada uma das duas naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma
própria operação física
4. Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho natural de Deus
5. Cristo imolou-se a si mesmo na cruz como verdadeiro e próprio sacrifício
6. Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do sacrifício de sua morte
na cruz
7. Ao terceiro dia depois de sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos
8. Cristo subiu em corpo e alma aos céus e está sentado à direita de Deus Pai

Dogmas sobre a Criação do Mundo

1. Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada


2. Caráter temporal do mundo
3. Conservação do mundo

Dogmas sobre o Ser Humano

1. O homem é formado por corpo material e alma espiritual


2. O pecado de Adão se propaga a todos seus descendentes por geração, não por
imitação
3. O homem caído não pode redimir-se a si próprio

Dogmas Marianos

1. A Imaculada Conceição de Maria


2. Maria, Mãe de Deus
3. A Assunção de Maria
4. A Virgindade perpétua de Maria
Dogmas sobre o Papa e a Igreja

1. A Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo


2. Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e
como cabeça visível de toda Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente
o primado de jurisdição
3. O Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda Igreja, não
somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo
da Igreja
4. O Papa é infalível sempre que se pronuncia ex catedra
5. A Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes

Dogmas sobre os Sacramentos

1. O Batismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo


2. A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento
3. A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o
Batismo
4. A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é
necessária para a salvação
5. A Eucaristia é verdadeiro Sacramento instituído por Cristo
6. Cristo está presente no sacramento do altar pela Transubstanciação de toda a
substância do pão em seu corpo e toda substância do vinho em seu sangue
7. A Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
8. A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
9. O matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento

Dogmas sobre as Últimas Coisas (Escatologia)

1. A Morte e sua origem


2. O Céu (Paraíso)
3. O Inferno
4. O Purgatório
5. O Fim do mundo e a Segunda Vinda de Cristo
6. A Ressurreição dos Mortos no Último Dia
7. O Juízo Universal

A Respeito de Deus 
 
1 - A Existência de Deus 

A Possibilidade de reconhecer a Deus como a única luz da razão natural

O concilio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1870), declarou: 

“Se alguém disser que Deus vivo e verdadeiro, criador e Senhor nosso,
não pode ser reconhecido com certeza pela luz natural da razão humana
por meio das coisas que foram feitas, seja excomungado.” (Dz. 1806). “A
mesma Santa Mãe Igreja sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de
todas as coisas, pode ser reconhecido com certeza pela luz natural da
razão humana; partindo das coisas criadas.” (cf. Dz. 1785). 

O Concilio apresenta os seguintes elementos: 


1. O objeto de nosso conhecimento é Deus uno e verdadeiro, Criador e Senhor
nosso; é, portanto, um Deus distinto do mundo e pessoal. 
2. O princípio subjetivo do reconhecimento é a razão natural em estado de
natureza caída. 
3. Os meios do reconhecimento são as coisas criadas. 
4. Esse reconhecimento é de per si um reconhecimento certo. 
E é possível, ainda que não constitua o único caminho para chegar a
conhecer a Deus. 

Provas da Escritura: 

“Pela grandeza e formosura das criaturas, por racionalidade se chega a conhecer ao


Criador delas” (Sab.13,1-9.15). 
“Porque desde a criação do mundo, a invisibilidade de Deus, Seu eterno poder e
Sua divindade são conhecidos através das criaturas, de modo que são
inescusáveis” (Rm 1,20). 

A ideia de Deus não é inata em nós, mas temos a capacidade para conhece-Lo com
facilidade, e de certo modo espontaneamente por meio de Sua obra. 

2 - A Existência de Deus como Objeto de Fé 


 
A existência de Deus não apenas é objeto do conhecimento da razão natural,
mas também é objeto da fé sobrenatural –
Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1878), declarou em 24 de abril de
1870: 

“A Santa Igreja Católica Apostólica e Romana, crê e confessa que existe


um único Deus Verdadeiro” (Dz. 1782). Este mesmo Concílio condenou
como herética a negação da existência de Deus: “Se alguém negar que
apenas Deus é o Verdadeiro Criador e Senhor das coisas visíveis e
invisíveis, seja excomungado” (Dz. 1801). 

Provas da Escritura: 
A fé na Escritura de Deus é condição indispensável para a salvação: 
“Sem a fé é impossível agradar a Deus, pois é preciso que quem se acerque de
Deus creia que Ele existe e que é remunerador dos que O buscam” (Hb 11,6) 

A revelação sobrenatural da existência de Deus confirma o conhecimento


natural de Deus, faz com que todos possam conhecer a existência de Deus com
facilidade. Não existe contradição no sentido de que uma pessoa possa temer ao
mesmo tempo a ciência e a fé da existência de Deus, já que, em ambos os casos, o
objeto formal é diverso: 

Evidência Natural X Revelação Divina

Ao primeiro chegamos pela razão natural e, ao segundo, pela razão ilimitada


da fé. 

3 - A Unicidade de Deus 
 
Não existe mais que um único Deus –
O concílio de Latrão (1215), sob Inocêncio III (1198-1216) declarou: 

“Firmemente cremos e simplesmente confessamos que Deus é apenas


Um” (Dz. 428). “A santa Igreja Católica Apostólica romana crê e confessa
que existe um único Deus Verdadeiro e Vivo” (Dz. 1782). 

Provas das Escrituras: 

“Ouve Israel, Iaveh é nosso Deus, apenas Iaveh” (Dt 6,4). 


“Sabemos que o ídolo não é nada no mundo e que não existe mais que um único
Deus.” (1 Cor. 8,4). v. tb. At 14,14; 17,23; Rm 3,39; Ef 4,6; 1Tim 1,17; 2,5. 

Os Santos Padres provam a unicidade de Deus por Sua perfeição absoluta e pela
unidade da ordem do mundo. Diz Tertuliano: 

“O Ser Supremo e Excelentíssimo precisa ser único, e não pode haver igual a Ele,
porque se não for assim, Ele não seria o Ser Supremo, e como Deus é o Ser
Supremo, com razão diz nossa verdade Cristã: Se Deus não é o Único, não há
nenhum Deus”
São Tomás de Aquino deduz especulativamente a unicidade de Deus devido à Sua
simplicidade, da infinidade de Suas perdições e da unidade do universo (S.Th.
I,11,3). 
A história comparada das religiões nos ensina que a evolução religiosa da
humanidade não passou do politeísmo ao monoteísmo, mas sim, ao contrário, ou
seja, do monoteísmo ao politeísmo (cf. Rm 1,18). Se opõe a este dogma básico do
Cristianismo o politeísmo dos pagãos e o dualismo agnóstico-maniqueista que
supunha a existência de dois princípios não criados e eternos. 

4 - Deus é Eterno 
 
Deus não tem princípio nem fim –
Concílio IV de Latrão e o Concílio Vaticano atribuem a Deus a eternidade:
 
“Firmemente cremos e simplesmente confessamos que apenas um é o
Verdadeiro Deus eterno…” (Dz. 428). “A Santa Igreja Católica, Apostólica
Romana crê e confessa que existe um único Deus Verdadeiro, Vivo,
Eterno, Imenso, Incompreensível, Infinito em Seu entendimento e
vontade e em toda perfeição” (Dz. 1782). 

  
O Dogma diz que Deus possui o Ser Divino sem princípio nem fim, sem sucessão
alguma, em um agora permanente e indivisível. 
 
Provas das Escrituras: 

“Antes que os montes, a terra e o universo tivessem sido criados, Tu existíeis desde
a eternidade até a eternidade” (Sl 89,2). 
“Antes que Abraão nascesse, eras Tu” (Sl 2,7; Jo 8,58).
Especulativamente, a eternidade de Deus se demonstra por sua absoluta
imutabilidade; a razão última da eternidade de Deus é a plenitude absoluta de um
ser que exclui toda potencialidade e, portanto, toda sucessão (S.Th. I,10,2-3). 
 
5 - Dogma da Santíssima Trindade

O dogma da Trindade se definiu em duas etapas, no primeiro Concílio de Niceia


(325 d.C.) e no primeiro Concílio de Constantinopla (381 d.C.).
No Concílio de Niceia foi definida a divindade do Filho e se escreveu a parte do
Credo que se ocupa Dele. Este Concílio foi convocado para fazer frente à
heresia ariana, que afirmava que o Filho era um ser sobrenatural, mas não
Deus.
No Concílio de Constantinopla foi definida a divindade do Espírito Santo. Este
Concílio combateu uma heresia conhecida como macedonianismo (porque seus
defensores eram da Macedônia), que negava a divindade do Espírito Santo.

Dogmas sobre Jesus Cristo


 

1. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência 


Jesus Cristo é Verdadeiro Deus e Filho de Deus por essência 
Declara o Símbolo “Quicumque” do Concílio de Toledo (400-447): 

“É necessário para a eterna salvação crer fielmente na encarnação de


nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que é Deus e homem. É Deus
engendrado na substância do Pai antes dos séculos…” (Dz. 40).
 
 O dogma diz que Jesus Cristo possui a infinita natureza divina com todas suas
infinitas perfeições, por haver sido engendrado eternamente por Deus. 

Provas das Sagradas Escrituras: 

Títulos que aludem à dignidade Divina do Messias: 

Emanuel, Deus conosco (Is 7,14; 8,8). 


Conselheiro admirável, Varão Forte, Pai do século futuro, Príncipe da Paz (Is 9,6). 
“Tu és Meu Filho amado, em Ti deposito minha complacência…” (Batismo no rio
Jordão – Mt 23,17). 
“Este é Meu Filho muito amado, escutai-O …” (Monte Tabor – Mt 17,5). 
“…Não sabias que Eu devo ocupar-me nas coisas que dizem respeito ao serviço de
Meu Pai…” (Lc 2,49). 
“Todas as coisas foram o Pai quem as colocou em Minhas mãos e ninguém
conhece ao Filho senão o Pai, e ninguém conhece ao Pai senão o Filho, e aquele a
quem o Filho quiser revelá-lo…” (Mt 11,27). 
Jesus equipara seu conhecimento ao conhecimento divino do Pai, porque possui em
comum com o Pai a substância Divina. Os milagres são outra prova da divindade de
Cristo: 

“As obras que faço em nome de Meu Pai dão testemunho de Mim…” (Jo 10,25). 

2. Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam 

Jesus possui Duas Naturezas que não se transformam nem se confundem 


Afirma São Leão I Magno (440-461) em sua epístola dogmática de 13 de Junho de
449: 
“Ficando então a salvo a propriedade de uma e outra natureza…
natureza íntegra e perfeita de verdadeiro homem, nasceu Deus
Verdadeiro, inteiro no seu, inteiro no nosso” (Dz. 143 ss.) 
 
Também diz o Concílio de Calcedônia (451, IV Ecumênico):  

“…Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele mesmo perfeito na divindade e Ele


mesmo perfeito na humanidade… que se há de reconhecer em duas
naturezas: sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação e
de modo algum apagada a diferença de natureza por causa da união,
conservando cada natureza sua propriedade e concorrendo em uma só
pessoa” (Dz. 148). 

Tudo isto indica que Cristo é possuidor de uma íntegra natureza divina e de uma
íntegra natureza humana: a prova está nos milagres e no padecimento. 
 
Sagradas Escrituras:
“E o Verbo se fez carne…” (Jo 1,14). 
“O qual, sendo de condição divina, não reteve avidamente o fato de ser igual a
Deus, mas se despojou de si mesmo, tomando a condição de servo, fazendo-se
semelhante aos homens e aparecendo em seu porte como homem…” (Fil 2,6-7). 

3. Cada uma das duas naturezas em Cristo possui uma própria vontade
física e uma própria operação física 

Cada uma das Duas Naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e
uma própria operação física.
Declara o III Concílio de Constantinopla (680-681), sob Santo Agatão (678-681): 
“Proclamamos igualmente, conforme os ensinamentos dos Santos
Padres, que não existem também duas vontades físicas e duas
operações físicas de modo indivisível, de modo que não seja conversível,
de modo inseparável e de modo não confuso. E estas duas vontades
físicas não se opõe uma a outra como afirmam os ímpios hereges…” (Dz.
291 e Dz. 263-288). 

Sagradas Escrituras: 

“Não seja como Eu quero, mas sim como Tu queres…” (Mt 26,39). 


“Não seja feita Minha vontade, mas sim a Tua…” (Lc 22,42). 
“Desci do céu para fazer não a Minha vontade, mas sim a vontade de Quem Me
enviou…” (Jn. 6,38). 
“Ninguém Me tira, Eu a doei voluntariamente, tenho o poder para concedê-la e o
poder de recobrá-la novamente…” (Jo 10,18).

Apesar da dualidade física das duas vontades, existiu e existe a unidade moral
porque a vontade humana de Cristo se conforma com a livre subordinação, de
maneira perfeitíssima à vontade Divina. 

4. Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho natural de Deus 


 
Jesus Cristo, ainda que Homem, é Filho Natural de Deus
Diz o Concílio de Trento (1545-1563), na sessão IV de 13 de Janeiro de 1547
(sob Paulo III; 1534-1549): 

“…O Pai celestial… quando chegou a plenitude, enviou aos homens seu
Filho, Jesus Cristo…” (Dz. 794, 299, 309). 

Sagradas Escrituras:

“Deus não perdoou Seu próprio Filho, mas sim O entregou por todos nós…”
(Rm 8,32). 
“Deus tanto amou o mundo que lhe deu Seu Filho Unigênito…” (Jo 3,16). 
“E uma voz que saia dos céus dizia: ‘este é Meu Filho amado, em quem me
alegro…” (Mt 3,17). 
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e pudemos contemplar Sua glória,
glória que recebe do Pai como Filho Único, cheio de graça e verdade…” (Jo 1,14). 

Os Santos Padres sempre rechaçaram a doutrina da dupla filiação de Cristo. O


sentido do dogma é: a pessoa que subsiste na natureza humana (de Cristo) é o
filho natural de Deus. A filiação é propriedade da pessoa, não da natureza. Em
Cristo não existe mais que uma pessoa que procede do Pai por geração eterna;
pelo mesmo motivo, em Cristo não pode haver mais que uma filiação de Deus: a
natural. 

 5. Cristo imolou-se a si mesmo na cruz como verdadeiro e próprio


sacrifício 

Cristo imolou-se a Si Mesmo na Cruz como Verdadeiro e Próprio Sacrifício 


Afirma o Concílio de Trento (1545-1563), sob Pio IV (1559-1565), a 17 de
Setembro de 1562:
“O Sacrossanto Concílio… ensina, declara, ordena, que na Missa está
contido e de modo não cruel se imola aquele mesmo Cristo, que apenas
uma vez se ofereceu Ele mesmo cruelmente no altar da cruz…” (Dz. 940-
122-951). 

Sagradas Escrituras: 

“Eis aqui o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (Jo 1,29). 


“Cristo nos amou e se entregou por nós todos em sacrifício e oblação a Deus…” (Ef.
5,2). 
“Porque nosso Cordeiro Pascal, Cristo já foi imolado…” (Rm 3,25). 
“Cristo se ofereceu uma vez como sacrifício para tirar os pecados do mundo…”
(Hb 9,28). 

O adversário deste dogma é o racionalismo (Dz. 2038). Cristo quando instituiu a


Sagrada Eucaristia recordou o sacrifício de Sua morte: 
 
“Este é Meu corpo que será entregue por vós…” (Lc 22,19).
  
Cristo, por sua natureza humana, era ao mesmo tempo sacerdote e oferenda,
mas por sua natureza Divina, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, era o que
recebia o sacrifício.

 
 6. Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do sacrifício de
sua morte na cruz
 
Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do Sacrifício de Sua Morte
na Cruz 
Declara o Concílio de Trento (1545-1563), sob Pio IV (1559-1565):

“O concilio… por inspiração do Espírito Santo, ensina, declara e manda…


Este Deus e Senhor Nosso, Jesus Cristo quis oferecer-se a si mesmo a
Deus Pai, como sacrifício apresentado sobre a ara da cruz em sua morte,
para conseguir para eles o eterno perdão…” (Dz. 938). “… que nos
reconciliou com Deus por meio de Seu Sangue fazendo-Se por nós a
Justiça, a Santidade e a Redenção…” (Dz 790). 

 Sagradas Escrituras: 
“Preço do resgate por muitos…” (Mt 20,28). 
“O qual se deu a Si mesmo em preço do resgate…” (1Tm 2,6). 
“São justificados por Sua graça…” (Rm 3,24). 
“…Ele se deu a Si mesmo por nós para redimir-nos de toda iniquidade…” (1Tm
2,14). 
“…este é Meu Sangue da Aliança que se derrama sobre muitos para a remissão dos
pecados…” (Mt 26,28). 

 São Paulo atribui à morte de Cristo a reconciliação dos pecados com Deus, ou
seja, a restauração da antiga relação de filhos e amigos com Deus (cf. Rm 5,10).

7. Ao terceiro dia depois de sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os
mortos 

Ao terceiro Dia Depois de Sua Morte, Cristo Ressuscitou Glorioso Dentre os Mortos 
Expõe o XI Concílio de Toledo (675), sob Adeodato (672-676):
 
“…ao terceiro dia, ressuscitado por sua própria virtude, se levantou do
sepulcro.” (Dz. 286) 
Sua razão foi a união hipostática. A causa principal da ressurreição foi o
lugar comum com o Pai e o Espírito Santo. Foi causa instrumental a parte
humana de Cristo, unida hipostaticamente com a divindade, ou seja, o
corpo e a Alma. É negada a ressurreição de Cristo em todas as formas
de racionalismo antigo e moderno. Tal negação foi condenada por Pio X
(Dz. 2036). 

Sagradas Escrituras: 
Não deixarás Tu minha alma no inferno, não deixarás que Teu justo experimente a
corrupção…” (Sl 15,10). 
“[Cristo predisse:] pois da mesma forma que Jonas esteve no ventre da baleia três
dias e três noites, assim também o Filho do homem estará no seio da terra três dias
e três noites…” (Mt. 12,40). 
“Os Apóstolos davam testemunho, com grande poder, da ressurreição do Senhor
Jesus…” (At 4,33).

Do ponto de vista apologético: a ressurreição é o argumento mais decisivo sobre a


verdade dos ensinamentos de nosso Senhor:
“… e se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é vazia e também a vossa fé…”
(1Cor 15,14). 

8. Cristo subiu em corpo e alma aos céus e está sentado à direita de Deus Pai 

Cristo Subiu em Corpo e Alma aos Céus e está sentado à Direita de Deus Pai 
Sob Inocêncio III (1198-1216), declarou o IV Concilio de Latrão (1215): 

“…fielmente cremos e simplesmente confessamos: ressuscitou dentre os


mortos e subiu ao céu em Corpo e Alma…” (Dz. 429). 

Todos os símbolos da fé confessam, de acordo com o símbolo


apostólico: 
“…subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai…”. 

Cristo subiu aos céus por sua própria virtude. O racionalismo é contrário a este
dogma. O testemunho claro desta verdade da época apostólica, não deixa tempo
suficiente para formação de lendas. 

Sagradas Escrituras:

Cristo havia predito: “O espírito é aquele que dá a vida; a carne de nada serve. As
palavras que lhes disse são espirito e são vida…” (Jo 6,63; 14,2; 16,28). 
A realizou diante de testemunhas: “…com isto, o Senhor Jesus, depois de falar-lhes,
foi elevado ao céu e se sentou à direita de Deus…” (Mc 16,19; Lc 24,51). 
Importância: No aspecto cristológico é a elevação definitiva da natureza de Cristo.
No aspecto sotereológico, é a coroação final de toda a obra redentora. 
Dogmas sobre Jesus Cristo
 
1. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência 
2. Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam 
3. Cada uma das duas naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma
própria operação física 
4. Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho natural de Deus 
5. Cristo imolou-se a si mesmo na cruz como verdadeiro e próprio sacrifício 
6. Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do sacrifício de sua morte
na cruz 
7. Ao terceiro dia depois de sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos 
8. Cristo subiu em corpo e alma aos céus e está sentado à direita de Deus Pai 

  

Dogmas sobre a Criação do Mundo 

1. Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada 

Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do nada 


Afirma o Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1877): 

“Proclamamos e declaramos desta cátedra de Pedro… que unicamente


este Verdadeiro Deus… criou do nada uma e outra criatura, a espiritual e
a corporal, isto é, a angélica e a mundana, e logo a humana, como
comum, constituída de espírito e corpo” (Dz. 1783). 

Também o Concílio de Latrão, em 1215: 


“…Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, espirituais e corporais,
que por Sua onipotente virtude, existente desde o princípio dos tempos,
criou do nada a uma e outra criatura…” (Dz. 428). 

Provas da Sagrada Escritura: 


“No princípio Deus criou o céu e a terra…” (Gn. 1,1). 
“Te suplico meu filho, que olhes o céu e a terra, e vejas o quanto existem neles, e
entendas que do nada Deus fez tudo isso” (2Mc 7,28). 
“Pela fé conhecemos que os mundos foram dispostos pela palavra de Deus de
modo que do invisível teve origem o visível” (Hb 11,3). 

A criação do mundo do nada, não apenas é uma verdade fundamental da revelação


cristã, mas também que ao mesmo tempo chega a alcançá-la a razão com apenas
suas forças naturais, baseando-se nos argumentos cosmológicos e sobretudo no
argumento da contingência. 

2. Caráter temporal do mundo 


O mundo teve princípio no tempo –
O Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1878), afirma: 

“Determinamos declarar desta cátedra de São Pedro… desde o princípio


do tempo, criou do nada…” (Dz. 1783). “…Criador de todas as coisas…”
(Dz. 428). 

Provas das Escrituras: 

“Agora, Tu, Pai, glorifica-me próximo a Ti mesmo, com a glória que tive perto de Ti
antes que o mundo existisse…” (Jo 17,5). 
“Nos escolheu antes da constituição do mundo…” (Ef 1,4). 
“Desde o princípio fundaste Tu a terra…” (Sl 101,26). 
A doutrina da eternidade do mundo foi condenada (cf. Dz. 501-503). Contra a
filosofia pagã e o materialismo moderno que suponha a eternidade do mundo, ou
melhor dizendo, da matéria cósmica.
A Igreja ensina que o mundo não existe desde toda a eternidade, mas teve um
princípio no tempo. O progresso da física atômica permite inferir, pelo processo de
desintegração dos elementos radiativos, qual seja a idade da terra e do universo,
provando positivamente o princípio do mundo no tempo (Discurso de Pio XII,
22 Novembro 1951: Sobre a demonstração da existência de Deus à luz das
modernas ciências naturais). 

3. Conservação do mundo 
Deus conserva na existência a todas as coisas criadas –
Diz o Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1877), a 24 de Abril de
1870: 
“A Igreja Católica declara a partir desta cátedra… Tudo o que Deus criou,
com sua providência o conserva e governa…” (Dz. 1784).
Provas da Sagrada Escritura: 
“E como poderia subsistir nada se Tu no quiseras ou como poderia conservar-se
sem Ti?” (Sb 11,26). 
“Meu Pai segue trabalhando ainda e eu também trabalho” (Jo 5,17). 
“E tudo Nele subsiste” (Col 1,17). 
A ação conservadora de Deus é um constante influxo causal pelo que mantém as
coisas na existência. São Tomas de Aquino define a conservação do mundo como
continuação da ação criadora de Deus. É condizente à sabedoria e bondade de
Deus conservar na existência as criaturas que são vestígio das perfeições divinas e
servem, portanto, para dar glória a Deus. 

Dogmas sobre a Criação do Mundo


1. Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada 
2. Caráter temporal do mundo 
3. Conservação do mundo 

Dogmas sobre o Ser Humano

1. O homem é formado por corpo material e alma espiritual 


O Homem é Formado por Corpo Material e Alma Espiritual 
Afirma o IV Concílio de Latrão (1215), sob Inocêncio III (1198-1216): 
“… a humana, composta de espírito e corpo…” (Dz. 428). 
e o Concílio Vaticano I (1869-70), sob Pio IX (1846-78): “…a humana
como comum constituída de corpo e alma…” (Dz. 1783).
 
Segundo a doutrina da Igreja, o corpo é parte essencialmente constituinte da
natureza humana, e não carga e estorvo como disseram alguns (Platão e
outros Originalistas). Igualmente, para defender o dogma católico contra os que
dizem que consta de três partes essenciais: o corpo, a alma animal e a alma
espiritual, o Concílio de Constantinopla declarou: 
“… que o homem tem apenas uma alma racional e intelectual…” (Dz.
338). 
A alma espiritual é o princípio da vida espiritual e ao mesmo tempo o é da
vida animal (vegetativa e sensitiva) (Dz. 1655). 

Sagradas Escrituras: 
“O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em seu rosto o alento da
vida…” (Gn 2,7). 
“…antes que o pó volte à terra de onde saiu, e o espírito retorne a Deus…”
(Ecl 12,7). 
“Não tenhais medo dos que matam o corpo, e à alma não podem matar; temeis
muito mais àquele que pode destruir o corpo e a alma na geena…” (Mt 10,28). 

Se prova especulativamente a unicidade da alma no homem por testemunho da


própria consciência, pela qual somos conscientes de que o mesmo Eu, que é o
princípio da atividade espiritual, é o mesmo que gere a sensibilidade e a vida
vegetativa. 
 
2. O pecado de Adão se propaga a todos seus descendentes por geração, não
por imitação
 
O Pecado de Adão se propaga a todos seus descendentes por geração, não por
imitação 
O Concílio de Trento (1545-63), sob Paulo III (1534-49) publicou o “Decreto sobre o
pecado original”, a 17 Junho 1546: 
“Se alguém disser que a prevaricação de Adão o prejudicou somente a
ele e não à sua descendência… Se alguém disser que este pecado de
Adão, que é por sua origem apenas um, e transmitido a todos por
propagação, não por imitação, é próprio de cada um…” (Dz. 789-90). 
O Concílio de Trento condena a doutrina de que Adão perdeu para si apenas, e não
também para nós todos, a justiça e Santidade que havia recebido de Deus.
Positivamente ensina que o Pecado, que é morte da alma, se propaga de Adão a
todos seus descendentes por geração e não por imitação, e que é inerente a cada
indivíduo. 

“Tal pecado se apaga pelos méritos da Redenção de Cristo, os quais se


aplicam ordinariamente tanto aos adultos como às crianças por meio do
Sacramento do Batismo. Por isso, até as crianças recém-nascidas
recebem o Batismo para remissão dos pecados.” (Dz. 791). 

Sagrada Escritura: 

“Eis que aqui nasci; em culpa e em pecado me concebeu minha mãe…” (Sl 50,7). 
“Assim então, por um homem entrou o pecado no mundo… e assim a morte passou
a todos os homens… pela obediência de um, muitos serão justiçados…” (Rm 5,12-
21). 
O efeito do Batismo, segundo a doutrina do Concílio de Trento, é apagar realmente
em nós o pecado e não apenas que não nos impute uma culpa estranha (Dz. 792). 

3. O homem caído não pode redimir-se a si próprio

 O Homem caído não pode redimir-se a si próprio 

Assim ensina o Concílio de Trento (1545-1563), sob Paulo III (1534-1549): 

“[Que os homens caídos] eram de tal forma escravos do pecado que se


achavam sob a servidão do demônio e da morte, que nem os gentios
poderiam livrar-se nem levantar-se com a força da natureza, nem os
judeus poderiam faze-lo com a força da lei mosaica…” (Dz. 793). 

O Concílio Vaticano II no decreto “Ad Gentes” nº 8 declara: 


“Somente um ato livre por parte do amor divino poderia restaurar a ordem
sobrenatural, destruída pelo pecado. Se opõe à doutrina católica o
pelagianismo, segundo o qual, o homem tem em sua livre vontade o
poder de redimir-se a si mesmo, e é contrário também ao dogma católico
o moderno racionalismo com suas diversas teorias de ‘autorredenção'”. 

Sagradas Escrituras: 

Cf. Rm 3,23, como “todos pecaram, todos estão privados da glória de Deus” (graça
e justificação), e agora são justificados gratuitamente por sua graça, pela Redenção
de Jesus Cristo. O pecado, enquanto ação da criatura é finito, mas, enquanto
ofensa a Deus é infinito, portanto exige uma satisfação de valor infinito. 

Dogmas sobre o Ser Humano


1. O homem é formado por corpo material e alma espiritual 
2. O pecado de Adão se propaga a todos seus descendentes por geração, não por
imitação 
3. O homem caído não pode redimir-se a si próprio 

Dogmas Marianos 
 
1. A Imaculada Conceição de Maria 
2. Maria, Mãe de Deus 
3. A Assunção de Maria 
4. A Virgindade perpétua de Maria 

1 - A Imaculada Conceição de Maria


O Papa Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, de 8 de Dezembro de l854 definiu
solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria:

“Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que


a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, foi por
singular graça e privilégio de Deus onipotente em previsão dos méritos
de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda
mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme
e constantemente acreditada por todos os fiéis” (Dz. 1641).

Maria desde o primeiro instante que é constituída como pessoa no seio de sua mãe,
o é sem mancha alguma de pecado (= pecado original).
Como foi concebida sem pecado:
Ausência de toda mancha de pecado.
Lema da graça Santificante.
Ausência da inclinação o mal.

Este privilégio e dom gratuito foi concedido apenas à Virgem e a ninguém mais, em
atenção àquela que havia sido predestinada para ser a Mãe de Deus.
Em previsão dos méritos de Cristo porque à Maria a Redenção foi aplicada antes
da morte do Senhor.

Provas das Escrituras:


“Estabeleço hostilidade…” (Gn 3,15).
“Deus te salve, cheia de graça.” (Lc 1,28).
“Bendita tu entre as mulheres…” (Lc 1,42).

2 - Maria, Mãe de Deus

O Concílio de Éfeso (431), sob o Papa São Clementino I (422-432), definiu


solenemente que:
“Se alguém afirmar que o Emanuel (Cristo) não é verdadeiramente Deus,
e que, portanto, a Santíssima Virgem não é Mãe de Deus, porque deu à
luz segundo a carne ao Verbo de Deus feito carne, seja excomungado.”
(Dz. 113).
Muitos Concílios repetiram e confirmaram esta doutrina:
Concílio de Calcedônia (Dz. 148).
Concílio de Constantinopla II (Dz. 218, 256).
Concílio de Constantinopla III (Dz. 290).

Maria gerara a Cristo segundo a natureza humana, mas quem dela nasce, ou seja,
o sujeito nascido, não tem uma natureza humana, mas sim o suposto divino que a
sustenta, ou seja, o Verbo. Daí que o Filho de Maria é propriamente o Verbo que
subsiste na natureza humana; então Maria é verdadeira Mãe de Deus, posto que o
Verbo é Deus. Cristo: Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem.

Provas das Escrituras:

“Eis que uma Virgem conceberá…” (Is 7,14).


“Eis que conceberás…” (Lc 1,31).
“O que nascerá de Ti será…” (Lc 1,35).
“Enviou Deus a seu Filho nascido…” (Gl 4,4).
“Cristo, que é Deus…” (Rm 9, 5).

3 - A Assunção de Maria
O Papa Pio XII, na Bula “Munificentissimus Deus”, de 1º de Novembro de 1950,
proclamou solenemente o dogma da assunção de Maria ao céu:

“Pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado


que a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, cumprindo o curso
de sua vida terrena, foi assumpta em corpo e alma à gloria celeste” (Dz.
2333).
A Virgem Maria foi assumpta ao céu imediatamente depois que acabou sua vida
terrena; seu Corpo não sofreu nenhuma corrupção como sucederá com todos os
homens que ressuscitarão até o final dos tempos, passando pela decomposição.

O essencial do dogma é que a Virgem foi levada ao céu em corpo e alma, com
todas as qualidades e dotes próprios da alma dos bem-aventurados e
igualmente com todas as qualidades próprias dos corpos gloriosos.
4- A Virgindade Perpétua de Maria

Maria foi isenta de pecado original e atual. Teve a plenitude da graça.

Fundamentos deste dogma:


Desde os primeiros séculos foi um sentir unânime da fé do povo do Deus, dos
cristãos. Os Santos Padres e Doutores manifestaram sua fé nesta verdade:
São João Damascemo (séc. VII):
“Convinha que aquela que no parto havia conservado a íntegra de sua
virgindade, conservasse sem nenhuma corrupção seu Corpo, depois da
morte.”
São Germano de Constantinopla (séc. VII):
“Assim como um filho busca estar com a própria Mãe, e a Mãe anseia
viver com o filho, assim foi justo também que Tu, que amavas com um
coração materno a Teu Filho, Deus, voltasses a Ele.”
Portanto, o fundamento deste dogma se depreende e é consequência dos
anteriores.

Dogmas Marianos

1. A Imaculada Conceição de Maria


2. Maria, Mãe de Deus
3. A Assunção de Maria
4. A Virgindade perpétua de Maria

Dogmas sobre o Papa e a Igreja

1. A Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo


2. Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e
como cabeça visível de toda Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente o
primado de jurisdição
3. O Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda Igreja, não
somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo da
Igreja
4. O Papa é infalível sempre que se pronuncia ex catedra
5. A Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes

A Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo


A Constituição Dogmática sobre a Igreja, aprovada pelo Concílio do Vaticano I
(1869-1870), sob o papa Pio IX (1846-1878), declara:

“Determinamos proclamar e declarar desta cátedra de Pedro… O Pastor


eterno e guardião de nossas almas para converter em perene, a obra
salutar da Redenção decretou edificar a Santa Igreja, na qual, como casa
do Deus Vivo, todos os fiéis estejam unidos pelo vínculo da fé e
caridade…”.

Pio X, contra os erros modernistas declarou:

“A Igreja foi fundada de modo rápido e pessoal por Cristo Verdadeiro e


Histórico durante o tempo de sua vida sobre a terra…” (Dz. 2145).

Isto quer dizer que Cristo fundou a Igreja, que Ele estabeleceu os fundamentos
substanciais da mesma, no tocante a doutrina, culto e constituição. Os reformadores
ensinaram que Cristo havia fundado uma Igreja invisível. A Organização jurídica era
pura instrução humana.

Sagradas Escrituras:

Mt. 4,18: Escolhe a doze para “que Lhe acompanhem e enviá-los a pregar…”, “…
com poder de expulsar demônios…” (Lc 16,13).
Ele os chamou de Apóstolos: enviados, legados; lhes ensinou a pregar (Mc 4,34; Mt
13,52).
Lhes deu o poder de ligar e desligar (Mt 18,7).
De celebrar a Eucaristia (Lc 22,19).
De batizar (Mt 28,19).

Cristo Constituiu o Apóstolo São Pedro como Primeiro entre os Apóstolos e


como Cabeça Visível de toda a Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente
o Primado de Jurisdição.
Diz o Concílio de Florença (1438-1445), sob Eugênio IV (1431-1447), pela bula
“Etentur coeli”, de 6 de Julho de 1439:

“Definimos que todos os cristãos devem crer e receber esta verdade de fé… que a
Sé Apostólica e o Pontífice Romano é o sucessor do bem-aventurado Pedro e tem o
primado sobre todo rebanho…” (Dz. 694).

Afirma também o Concílio Vaticano I (1869-1870), na Constituição dogmática sobre


a Igreja de Cristo:

“Se alguém disser que o bem-aventurado Pedro Apóstolo, não foi


constituído por Jesus Cristo nosso Senhor, como príncipe de todos os
Apóstolos e cabeça visível de toda a Igreja, seja excomungado.” (Dz.
1823).

Sagradas Escrituras:
Mt 16, 17-19: “Bem-aventurado és tu Simão…e Eu te digo, que tu és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela; Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo quanto ligares na terra…”.
Jo 21,15-17: “Apascenta Meus cordeiros…”.

Depois da Ascensão, Pedro exerceu seu primado, dispondo a eleição de


Matias (cf. At 1,15: “Naqueles dias, Pedro se pôs em pé no meio dos
irmãos…”).
Primado significa preeminência e primado de jurisdição; consiste na posse da plena
e suprema autoridade legislativa, judicial e punitiva. A Cabeça invisível da Igreja é
Cristo, mas o sucessor de Pedro faz as vezes de Cristo no governo exterior da
Igreja militante, e é portanto, vigário de Cristo na terra.

O Papa possui o pleno e supremo poder de Jurisdição sobre toda a Igreja, não
somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo da
Igreja

Ensina o Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1878):

“Se alguém disser que o Pontífice Romano tem apenas o dever de inspeção e
direção, mas não pleno e supremo poder de jurisdição sobre a Igreja universal, não
só nas matérias que pertencem à fé e aos costumes, mas também naquelas de
regime e disciplina da Igreja…seja excomungado” (Dz. 1831 cf. Dz. 1827).

O Papa é infalível sempre que se pronuncia Ex Catedra


Ensina o Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1878), na Sessão IV
de 18 Julho 1870:

“…ensinamos e definimos ser dogma divinamente revelado que o Pontífice


Romano, quando fala ex catedra, isto é, quando cumprindo seu cargo de pastor e
doutor de todos os cristãos, define por sua suprema autoridade apostólica que uma
doutrina sobre a fé e costumes deve ser sustentada pela Igreja universal, pela
assistência divina que lhe foi prometida na pessoa de Pedro, goza daquela
infalibilidade que o Redentor divino quis que estivera provisionada sua Igreja na
definição sobre a matéria da fé e costumes, e portanto, as definições do Bispo de
Roma são irreformáveis por si mesmas e não por razão do consentimento da
Igreja.” (Dz. 1839; Dz. 466-694).
Para compreender este dogma, convém ter na lembrança:
Sujeito da infalibilidade é todo o Papa legítimo, em sua qualidade de sucessor de
Pedro e não outras pessoas ou organismos (ex.: congregações pontificais) a
quem o Papa confere parte de sua autoridade magistral.
Objeto da infalibilidade são as verdades de fé e costumes, reveladas ou em
íntima conexão com a revelação divina.
Condição da infalibilidade e que o Papa fale ex catedra:
Que fale como pastor e mestre de todos os fiéis fazendo uso de sua suprema
autoridade.
Que tenha a intenção de definir alguma doutrina de fé ou costume para que seja
acreditada por todos os fiéis. As encíclicas pontificais não são definições ex
catedra.
Razão da infalibilidade é a assistência sobrenatural do Espírito Santo, que
preserva o supremo mestre da Igreja de todo erro.
Consequência da infalibilidade é que a definição ex catedra dos Papas sejam por
si mesmas irreformáveis, sem a intervenção ulterior de qualquer autoridade.
 
Sagradas Escrituras:
“a ti darei as chaves do Reino…” (Mt 16,18).
“apascenta Minhas ovelhas” (Jo 21,15-17).
“Eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça … confirma a teus irmãos” (Lc
22,31).
Para poder cumprir com a função de ordenar eficazmente, é necessário que os
Papas gozem de infalibilidade em matéria de fé e costumes.

A Igreja é infalível quando faz definição em matéria de Fé e Costumes


Declara o Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1878):
“O pontífice Romano quando fala ex catedra… possui aquela
infalibilidade que o Divino Salvador quis que estivesse dotada sua Igreja
quando definisse algo em matéria de fé e costumes” (Dz. 1839).
O Concílio Vaticano I, na definição da infalibilidade do Papa, pressupõe a
infalibilidade da Igreja. São contrários a este dogma os que, ao rechaçar a
hierarquia (Papa), rechaçam também o Magistério da autoridade da Igreja.
Sagradas Escrituras:
A razão intrínseca da infalibilidade da Igreja se apoia na assistência do Espírito
Santo, que Cristo prometeu a Seus Apóstolos para desempenho de sua missão de
ensinar em Jo 14,16: “Eu rezarei ao Pai e os darei outro Advogado que estará
convosco para sempre. O Espírito da Verdade.”
Cristo exige a obediência absoluta à fé e faz depender disto a salvação eterna em
Mc 16,16: “Aquele que crer se salvará…e aquele que não crer se condenará.” e em
Lc 10,16: “Aquele que a vós ouve, a Mim ouve; Aquele que a vós deprecia, a Mim
deprecia”.
Os Apóstolos e seus sucessores (a Igreja) se acham livres do perigo de errar ao
pregar a fé (Dz. 1793-1798).
Estão sujeitos à infalibilidade:
O Papa, quando fala ex catedra.
O episcopado pleno, com o Papa cabeça do episcopado, é infalível quando reunido
em concílio universal ou disperso pelo rebanho da terra, ensina e promove uma
verdade de fé ou de costumes para que todos os fiéis a sustentem.
Obs: cada Bispo em particular não é infalível ao anunciar a verdade revelada (ex.:
Nestório caiu em erro e heresia). Mas cada bispo em sua diocese, por razão de seu
cargo, é mestre autorizado da verdade revelada enquanto esteja em comunhão
com a Sé Apostólica e professe a doutrina universal da Igreja.

Dogmas sobre o Papa e a Igreja

1. A Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo


2. Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e
como cabeça visível de toda Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente
o primado de jurisdição
3. O Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda Igreja, não
somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo
da Igreja
4. O Papa é infalível sempre que se pronuncia ex catedra
5. A Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes

Dogmas sobre os Sacramentos

1. O Batismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo


2. A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento
3. A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o
Batismo
4. A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é
necessária para a salvação
5. A Eucaristia é verdadeiro Sacramento instituído por Cristo
6. Cristo está presente no sacramento do altar pela Transubstanciação de toda a
substância do pão em seu corpo e toda substância do vinho em seu sangue
7. A Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
8. A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
9. O matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento

1 - O Batismo é Verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo


O Concílio de Trento (1545-1563), sob Paulo III (1534-1549), afirma:

“Se alguém disser que os Sacramentos da Nova Lei não foram instituídos
por Jesus Cristo, a saber: Batismo, Confirmação… e que algum destes
não é verdadeira e propriamente Sacramento, seja excomungado.”

Sagradas Escrituras:

Cristo explica a Nicodemos a essência e necessidade do Batismo, em Jo 3,5:


“Aquele que não nascer pela água e pelo Espírito não entrará no Reino de Deus”.

Antes de subir aos céus, ordenou a Seus Apóstolos que batizassem a todas as
pessoas, cf. Mt 28,19: “Me foi dado todo poder no céu e na terra; ide então e ensinai
todas as pessoas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Escreve São Boaventura:

“O Batismo foi instituído, quanto a sua matéria, quando Cristo se fez


batizar, e quanto à sua forma quando o Senhor ressuscitou e nos deu
essa forma (cf. Mt. 28,19); quanto a seu efeito: quando Jesus padeceu,
pela paixão, o Batismo recebe toda sua virtude, e a seu fim, quando
predisse sua necessidade e suas vantagens: ‘Respondeu Jesus: – Em
verdade, em verdade vos digo, aquele que não nascer da água e do
Espírito não entrará no Reino de Deus’ (cf. Jo 3,5).”
O Batismo pela água pode ser substituído, em caso legítimo, pelo Batismo de
Sangue.

2 - A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento

O Concílio de Trento (1545-1563), sob Paulo III (1534-1549), diz:

“Se alguém disser que a Confirmação dos batizados é cerimônia ociosa,


e não um verdadeiro e próprio Sacramento…, seja excomungado.” (Dz.
871).

Diz São Tomás de Aquino:

“Este Sacramento concede aos batizados a fortaleza do Espírito Santo


para que se consolidem interiormente em sua vida sobrenatural e
confessem exteriormente com valentia sua fé em Jesus Cristo.

Sagradas Escrituras:

Jesus promete enviar o Espírito e se cumpre no dia de Pentecostes: “Ficaram todos


cheios do Espírito Santo” (At 2,4).
“Pedro e João são enviados à Samaria, para que recebam ao Espírito Santo, pois
ainda não havia vindo sobre nenhum deles” (At 8,14).
“E impondo-lhes Paulo suas mãos, desceu sobre eles o Espírito Santo” (At 19,6).
Os Apóstolos eram conscientes que efetuavam um rito sacramental, consistente
na imposição das mãos e a oração que tinha como efeito a comunicação do
Espírito Santo.

3. A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o


Batismo

A Igreja recebeu de Cristo o Poder de perdoar os pecados cometidos após o


Batismo
Define o Concílio de Trento (1545-1563), sob Júlio III (1550-1565):
“…foi comunicada aos Apóstolos e a seus legítimos sucessores o poder
de perdoar e de reter os pecados para reconciliar aos fiéis caídos depois
do Batismo.” (Com. 3; Dz. 894).
Sagradas Escrituras:
 Mt 16,19: “Eu te darei as chaves do reino de os céus.” – O possuidor das
chaves do Reino dos céus tem a plena potestade para admitir ou excluir
qualquer pessoa deste Reino.
 Jo 20,21: “… a quem perdoares os pecados, lhes serão perdoados, a quem
não perdoares, lhes serão retidos…”.
 Assim como Jesus tinha perdoado os pecados durante sua vida terrena (cf.
Mt 9,2; Mc 2,5; Lc 5,20), assim também agora participa a seus Apóstolos
esse poder de perdoar.
As palavras de Jesus Cristo se referem ao perdão real dos pecados pelo
Sacramento da Penitência (Dz. 913).
O poder de perdoar não foi concedido aos Apóstolos como carisma pessoal,
mas sim à Igreja como instituição permanente para passá-lo aos sucessores
dos Apóstolos.
4. A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito
Divino e é necessária para a salvação

A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é


necessária para a Salvação
Diz o Concílio de Trento (1545-1563), sob Júlio III (1550-1555):
“Se alguém disser que a Confissão Sacramental não foi instituída ou
não é necessária para a salvação, por direito divino, ou disser que o
modo de confessar secretamente apenas com o sacerdote, como a Igreja
Católica sempre observou desde o princípio e segue observando, é
alheio à instituição e mandato de Cristo e é uma intervenção humana,
seja excomungado.” (Dz. 916).
Os reformadores, negaram que a Confissão particular dos pecados
fosse de instituição Divina e necessária para a salvação.

Sagradas Escrituras:
Não se expressa diretamente a instituição Divina da Confissão particular,
mas se deduz: o poder para reter ou perdoar não se pode exercer
devidamente se aquele que possui tal poder não conhece a culpa da
disposição do penitente. Para ele é necessário que o penitente se acuse.
O Papa Leão Magno, contra os abusos da confissão pública declarou: “basta
indicar a culpa da consciência apenas aos sacerdotes mediante confissão
secreta.” (Dz. 145).
5. A Eucaristia é verdadeiro Sacramento instituído por Cristo
A Eucaristia é Verdadeiro Sacramento Instituído por Cristo
 O Concílio de Trento (1545-1563), sob Paulo III (1534-1549), expressa:
“Se alguém disser que os Sacramentos da nova Lei não foram instituídos
todos por Jesus Cristo, e que são sete: Batismo, Eucaristia… e que
algum destes não é verdadeiro e propriamente Sacramento, seja
excomungado.”
Sagradas Escrituras:
O feito de que Cristo instituiu a Eucaristia se vê em suas palavras:
“Fazei isto em memória de Mim…” (Lc 22,19).
Nelas se cumprem todas as notas essenciais da definição do Sacramento:
A matéria: o pão e vinho.
A forma: as palavras da consagração.
A graça interna: indicada e produzida pelo signo é a união com Cristo e a
vida eterna:
 “Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue permanece em Mim e Eu
nele” (Jo 6,56).
 “Aquele que come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a vida eterna.” (Jo
6,54).
6. Cristo está presente no sacramento do altar pela Transubstanciação
de toda a substância do pão em seu corpo e toda substância do vinho
em seu sangue
Cristo está presente no Sacramento do Altar pela transubstanciação do pão
em seu Corpo e toda Substância do vinho em Seu Sangue
O Concílio de Trento (1545-1563), sob Júlio III (1550-1555), declara:
“Se alguém disser que no sacrossanto Sacramento da Eucaristia
permanece as substâncias do pão e do vinho, juntamente com o Corpo e
o Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, e negar aquela maravilhosa e
singular conversão de toda a substância do pão e do vinho em Corpo e
Sangue, permanecendo apenas as espécies de pão e vinho, conversão
essa que a Igreja muito corretamente chama ‘Transubstanciação’, seja
excomungado.” (Dz. 884-877).
“Transubstanciação” é uma conversão no sentido passivo; é o trânsito de
uma coisa à outra. Cessam as substâncias de Pão e Vinho, pois sucedem em
seus lugares o Corpo e o Sangue de Cristo. A Transubstanciação é uma
conversão milagrosa e singular diferente das conversões naturais, porque
não apenas a matéria como também a forma do pão e do vinho são
convertidas; apenas os acidentes permanecem sem mudar: continuamos
vendo o pão e o vinho, mas substancialmente já não o são, porque neles está
realmente o Corpo, o Sangue, Alma e Divindade de Cristo.

Sagradas Escrituras:
 Mc 14,22: “Tomai, este é Meu Corpo…”.
 Lc 22,19: “Tomou o pão, e dando graças o deu a seus discípulos dizendo:
Este é Meu Corpo…”.
7. A Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído
por Cristo
A Unção dos Enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por
Cristo
O Concílio de Trento (1545-1563), sob Júlio III (1550-1555), declara:
“Se alguém disser que a Extrema Unção não é verdadeira e propriamente
um Sacramento instituído por Cristo, nosso Senhor, e promulgado pelo
bem-aventurado São Tiago Apóstolo, mas apenas um rito aceito pelos
padres ou uma invenção humana, seja excomungado.” (Dz. 926).
Pio X condenou a sentença modernista que pretende que o Apóstolo São
Tiago tenha, em sua carta, apenas recomendado uma prática piedosa (Dz.
2048).
Sagradas Escrituras.
 Mc 6,13: “Expulsavam muitos demônios e ungiam com azeite a muitos
enfermos e os curavam”.
 Tg 5,14: “Existe algum enfermo entre nós? Façamos a unção do mesmo em
nome do Senhor…”
Esta última passagem expressa as notas essenciais do Sacramento:
Sinal exterior da graça: óleo.
Matéria e forma: oração dos presbíteros.
Efeito interior da graça expresso no perdão dos pecados.
A instituição por Cristo: “no nome do Senhor”, “por encargo e autoridade do
Senhor.” cf. Tg 5,10.
8. A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
O Concílio de Trento 1545-1563, sob Pio IV (1559-1565), afirma:
“Se alguém disser que no Novo Testamento não existe um sacerdócio
visível e externo, ou que não se dá poder algum de consagrar e oferecer
o verdadeiro Corpo e Sangue do Senhor e de perdoar os pecados, mas
sim, apenas o dever e mero ministério de pregar o Evangelho…seja
excomungado.” (Dz. 961).
Existe na Igreja um sacerdócio visível e externo:
“Se alguém disser que na Igreja católica não existe uma hierarquia
instituída por ordenação Divina, que consta de Bispos, Presbíteros e
Ministros, seja excomungado.” (Dz. 966). E é uma hierarquia instituída
por ordenação divina.
Sagradas Escrituras:
 At 6,6: “Os quais (7 varões) foram apresentados aos Apóstolos, os quais,
orando, lhes impuseram as mãos” – Instituição dos diáconos.
 At 14,22: “Os constituíram presbíteros pela imposição das mãos”.
9. O matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento
O Matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
O Concílio de Trento (1545-1563), sob Pio IV (1559-1565), declara:
“Se alguém disser que o matrimônio não é verdadeiro e propriamente um
dos sete Sacramentos da Lei do Evangelho, e instituído por Cristo
Senhor, mas sim inventado pelos homens da Igreja, e que não confere a
graça, seja excomungado” (Dz. 971).
Sagradas Escrituras:
 Mt 19,6: “Assim, pois, já não são dois, mas apenas uma só carne”.
 Gn 2,23: “Pelo qual, abandonará o homem a seu pai e a sua mãe, e se
juntará a sua mulher, e serão dois em uma só carne”.
 Mc 10,9: “O que Deus uniu o homem não o separe”.
 Ef 5,32: “Este Sacramento é grande mais em Cristo e na Igreja”.

O Matrimônio, como instituição natural, é de origem divina. Deus criou os


seres humanos varão e fêmea (cf. Gn. 1,27) e depositou na mesma natureza
humana o instinto de procriação. Deus abençoou o primeiro casal e lhes
ordenou que se multiplicassem: “crescei e multiplicai, e povoai a terra” (Gn
1,28).
Cristo restaurou o matrimônio instituído e bendito por Deus, fazendo
que recobrasse seu primitivo ideal da unidade e indissolubilidade e
elevando-o a dignidade de Sacramento.

Dogmas sobre os Sacramentos

1. O Batismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo


2. A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento
3. A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o
Batismo
4. A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é
necessária para a salvação
5. A Eucaristia é verdadeiro Sacramento instituído por Cristo
6. Cristo está presente no sacramento do altar pela Transubstanciação de toda a
substância do pão em seu corpo e toda substância do vinho em seu sangue
7. A Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
8. A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
9. O matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento
Dogmas sobre as Últimas Coisas (Escatologia)

1. A Morte e sua origem


2. O Céu (Paraíso)
3. O Inferno
4. O Purgatório
5. O Fim do mundo e a Segunda Vinda de Cristo
6. A Ressurreição dos Mortos no Último Dia
7. O Juízo Universal

A Morte e sua origem


A Morte e sua origem

A morte, na atual ordem de salvação, é consequência primitiva do pecado. O


Concílio de Trento (1545-1563), sob Paulo III (1534-1549), ensina:
“Se alguém não confessa que o primeiro homem, Adão, ao transgredir o
mandamento de Deus no paraíso, perdeu imediatamente a Santidade e
Justiça em que havia sido constituído e incorreu por ofensa… na morte
com que Deus antes havia amenizado… que toda pessoa de Adão foi
mudada para pior, seja excomungado.”
Ainda que o homem seja mortal por natureza, já que seu ser é composto de partes
distintas, por revelação sabemos que Deus dotou o homem, no paraíso, do Dom
pré-natural da imortalidade do corpo. Mas por castigo, ao quebrar a ordem Divina,
ficou condenado a morrer.
Sagradas Escrituras:
Gn 2,17: “Adão havia sido ameaçado: ‘O dia que comeres daquele fruto,
morrerás…'”.
Rm 5,12: “Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte…”

2. O Céu (Paraíso)

O Céu (Paraíso)

As almas dos justos que no instante da morte se acham livres de toda culpa e
pena de pecado entram no céu.

Benedito XII (1334-1342), pela Constituição “Benedictus Deus”, de 29 de Janeiro de


1336, proclama:

“Por esta constituição que há de valer para sempre e por autoridade


apostólica definimos… que segundo a ordenação de Deus, as almas
completamente purificadas entram no céu e contemplam
imediatamente a essência divina, vendo-a face a face, pois a referida
Divina essência lhes é manifestada imediata e abertamente, de maneira
clara e sem véus, e as almas em virtude dessa visão e esse gozo, são
verdadeiramente ditosas e terão vida eterna e eterno descanso” (Dz.
530).

Também o Símbolo apostólico declara: “Creio na vida eterna” (Dz. 6 e 9).

Sagradas Escrituras:

Jesus representa a felicidade do céu sob a imagem de um banquete de bodas: “…


enquanto iam comprá-lo, chegou o noivo, e as que estavam preparadas entraram
com o noivo ao banquete de boda, e a porta foi fechada” (Mt. 25,10).
A condição para alcançar a vida eterna é conhecer a Deus e a Cristo: “Esta é a vida
eterna, que te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro e a Teu enviado Jesus Cristo.”
(Jo 17,3).

“Bem-aventurados os limpos de coração porque eles verão a Deus.” (Mt 5,8).


“Nem o olho viu e nem o ouvido ouviu segundo a inteligência humana, o que Deus
preparou para os que Lhe amam.” (1Cor 2,9).

A vida eterna consiste na visão de Deus: “Seremos semelhantes a Ele porque O


veremos tal qual é…” (Jo 5,13).

Os atos que integram a felicidade celestial são de entendimento, e este por um Dom
sobrenatural “lumen gloriae” é capacitado para o ato da visão de Deus (Sl 35,10; Ap
22,5) de amor e gozo.

3. O Inferno
O Inferno

As almas dos que morrem em estado de pecado mortal vão ao inferno.

Benedito XII (1334-1342), na Constituição “Benedictus Deus”, de 29.01.1336,


declara:

“Segundo a comum ordenação de Deus, as almas dos que morrem em


pecado mortal, imediatamente depois da morte, baixam ao inferno, onde
são atormentadas com suplícios infernais.” (Dz. 531).

O inferno é um lugar de eterno sofrimento onde se acham as almas dos


réprobos. Negam a existência do inferno aqueles que não acreditam na imortalidade
pessoal (materialismo).

Sagradas Escrituras:

Jesus ameaça com o castigo do inferno: “Se teu olho direito é causa de pecado,
retira-o e afasta-o de ti; muito mais te convém que percas um de teus membros do
que tenhas todo o corpo jogado na geena…” (Mt 5,29).
“E não temais aos que matam o corpo e não podem atingir a alma; temais bem mais
àquele que pode levar a alma e o corpo à perdição, destinando-os à geena…” (Mt
10,28).
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que percorreis mar e terra para fazer um
prosélito, e quando chegais a fazê-lo, o fazeis filho da condenação ao dobro de vós
mesmos!” (Mt 23,15).
Trata-se de fogo eterno: “Então dirá também aos de sua esquerda: ‘Afastai-vos de
mim, malditos, ao fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos…'” (Mt 25,41).
E de suplício eterno: “E irão estes a um castigo eterno, e os justos a uma vida
eterna.” (Mt 25,46).
São Paulo, em 2Ts 1,9, afirma: “Serão castigados à eterna ruína, longe da face do
Senhor e da glória de Seu poder…”
São Justino, funda o castigo do inferno na idéia da Justiça Divina, a qual não pode
deixar impune aos transgressores da Lei.

4. O Purgatório

O Purgatório
As almas dos justos que no instante da morte estão agravadas por pecados veniais
ou por penas temporais devidas pelo pecado vão ao purgatório. O purgatório é
estado de purificação.
O II Concílio de Leão (1274), sob Gregório X (1271-1276), afirma:

“As almas que partiram deste mundo em caridade com Deus, com
verdadeiro arrependimento de seus pecados, antes de ter satisfeito com
verdadeiros frutos de penitência por seus pecados de atos e omissão,
são purificadas depois da morte com as penas do purgatório…” (Dz. 464).

Sagradas Escrituras:
Ensinam indiretamente a existência do purgatório concedendo a possibilidade da
purificação na vida futura.
Os judeus oraram pelos caídos, aos quais se haviam encontrado objetos
consagrados aos ídolos, afim de que o Senhor perdoasse seus pecados: “Por isso
mandou fazer este sacrifício expiatório em favor dos mortos para que ficassem
liberados do pecado…” (2Mc 12,46).
“Quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado nem neste tempo nem no
vindouro…”.

Para São Gregório Magno, esta última frase indica que as culpas podem ser
perdoadas neste mundo e também no futuro. A existência do Purgatório se prova
especulativamente pela Santidade e Justiça de Deus. Esta exige que apenas as
almas completamente purificadas sejam exibidas no céu; Sua Justiça reclama que
sejam pagos os restos de penas pendentes, e por outro lado, proíbe que as almas
unidas em caridade com Deus, sejam atiradas ao inferno. Por isso se admite um
estado intermediário que purifique e de duração limitada.

5. O Fim do mundo e a Segunda Vinda de Cristo

O Fim do Mundo e a Segunda Vinda de Cristo


No fim do mundo, Cristo, rodeado de majestade, virá de novo para julgar os
homens.

O Símbolo Niceno-Constantinopolitano, aprovado pelo I Concílio de Constantinopla


(381), sob São Dâmaso (366-384), declara:

“…e outra vez deverá vir com glória para julgar aos vivos e aos mortos…
” (Dz. 86).

Sagradas Escrituras:

Jesus predisse muitas vezes sua segunda vinda: “porque o Filho do homem há de
vir na glória de Seu Pai, com seus anjos, e então cada um pagará segundo sua
conduta…” (Mt 16,27).
“Porque quem se envergonhar de Mim e de Minhas palavras nesta geração adúltera
e pecadora, também o Filho do Homem dele se envergonhará quando vier na glória
de Seu Pai com os Santos Anjos…” (Mc 8,38; Lc. 9,26).
“O Filho do homem há de vir na glória de Seu Pai com Seus anjos, e então julgará a
cada um segundo suas obras…” (Mt 24,30; cf. Dn 7,13).
“A finalidade da Segunda vinda será ressuscitar os mortos e dar a cada um o que
merece…” (2Ts 1,8).
“Por isso devemos ser encontrados ‘irrepreensíveis’…” (1Cor 1,8; 1Ts 3,13).
Sinais precursores da segunda vinda:

Pregação do Evangelho por todo o mundo: “Esta Boa Nova do Reino deverá ser
proclamada no mundo inteiro, para dar testemunho a todas as nações. E então, virá
o fim…” (Mt 21,14). “E é preciso que antes seja proclamada a Boa Nova a todas
as nações…” (Mc 13,10).
A conversão dos judeus: “Então não quero que ignoreis, irmãos, este mistério,
que não ocorra que vos presumais de sábios, o amadurecimento parcial que
sobreveio a Israel, perdurará até entre a totalidade dos gentios, e assim todo Israel
será salvo, como diz a Escritura: Virá de Sion o Libertador, afastará de Jacó as
impiedades. E esta será Minha Aliança com eles quando tenham apagado seus
pecados… ” (Rm 11,25-27; totalidade moral).

A apostasia da fé: “Jesus lhes respondeu: Olhai para que ninguém vos engane,
porque virão muitos usurpando Meu nome e dizendo ‘Eu sou o Cristo’, e enganarão
a muitos…” (Mt 24,4; falsos profetas). “Que ninguém os engane de nenhuma
maneira. Primeiro deverá vir a apostasia e manifestar-se o homem ímpio, o filho de
perdição, o adversário que se eleva sobre tudo o que leva o nome de Deus, ou é
objeto de culto, até o extremo de sentar-se ele mesmo no Santuário de Deus e
proclamar que ele mesmo é Deus…” (2Ts 2,3; apostasia da fé Cristã).

Antes da apostasia, manifestar-se-á o Anticristo: “Antes da apostasia, se


manifestará o homem com iniquidade…” (2Ts 2,3; pessoa determinada a ser o
instrumento de Satã).

Grandes calamidades: enchentes, calamidades ou catástrofes naturais serão o


prelúdio da vinda do Senhor: “Imediatamente depois da tribulação daqueles dias, o
sol se escurecerá, a lua não dará seu resplendor, as estrelas cairão do céu e as
forças dos céus serão sacudidas…” (Mt 24,29, cf. Is 13,10: “Quando as estrelas do
céu e a constelação de Orion já não iluminarem, e o sol estiver obscurecido, e não
brilhe a luz da lua…”).

6. A Ressurreição dos Mortos no Último Dia


A Ressurreição dos Mortos no Último Dia

É declarado pelo Símbolo “Quicumque” (chamado também “Atanasiano”). De fato,


este símbolo alcançou tanta autoridade na Igreja, ocidental como oriental, que
entrou no uso litúrgico e deve ser tida por verdadeira a definição de fé:

“…É pois, a fé certa que cremos e confessamos que … e à Sua vinda,


todos os homens deverão ressuscitar com seus corpos…” (Dz. 40).
Também o Símbolo Apostólico confessa: “creio … na ressurreição da
carne…”

Sagradas Escrituras:

Jesus contesta aos saduceus: “na ressurreição nem se casarão nem se darão em
casamento, pois serão como anjos…” (Mt 22,29).
“E sairão, os que tiveram bons trabalhos, para a ressurreição da vida, e os que
trabalharam mal, para a ressurreição do juízo…” (Mt 22,29).
“Aos que crêem em Jesus e comem de Seu corpo e bebem de Seu sangue, Ele lhes
promete a ressurreição…” (Jo 6,39).
“Eu sou a ressurreição e a vida…” (Jo 11,25).

A razão iluminada pela fé prova a conveniência da ressurreição:

Pela perfeição da Redenção obrada por Cristo.


Pela semelhança que tem com Cristo os membros de seu Corpo místico.
O Corpo humano Santificado pela Graça, especialmente pela Eucaristia.

7. O Juízo Universal

O Juízo Universal

Cristo, depois de seu retorno, julgará a todos os homens. É o que expressa o


Símbolo “Quicumque”:

É, pois a fé certa que cremos e confessamos que … dali haverá de vir a


julgar os vivos e os mortos…”

Sagradas Escrituras:
Jesus toma a miúdo como motivo de sua pregação o dia do juízo: “por isso vos digo
que no dia do Juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidon que para vós…” (Mt 11,
22).
“O Filho do homem há de vir em toda glória de seu Pai, com seus anjos, e então
julgará a cada uno segundo sus obras.” (Mt 16,27).
“Jesus Cristo foi instituído por Deus como juiz dos vivos e dos mortos.” (At 10,42).

Dogmas sobre as Últimas Coisas (Escatologia)

1. A Morte e sua origem


2. O Céu (Paraíso)
3. O Inferno
4. O Purgatório
5. O Fim do mundo e a Segunda Vinda de Cristo
6. A Ressurreição dos Mortos no Último Dia
7. O Juízo Universal

As leis da Igreja 

As leis da Igreja são praticamente o mesmo que as leis de Deus, porque são a sua
aplicação. 
Uma das razões pelas quais Jesus estabeleceu a sua Igreja foi precisamente esta: a
promulgação de todas as leis necessárias para corroborar os seus ensinamentos em bem
das almas. Assim, violar deliberadamente uma lei da Igreja é tão pecado como violar
um dos Dez Mandamentos. 

Quantas leis da Igreja há?


Apesar de serem numerosas, apenas seis delas são as fundamentais, e por isso as
chamamos habitualmente os Mandamentos da Igreja:

1) assistir à Missa inteira todos os domingos e festas de guarda;


2) confessar os pecados mortais ao menos uma vez ao ano e em perigo de morte ou se tem
de comungar;
3) comungar pela Páscoa da Ressurreição;
4) jejuar e abster-se de comer carne quando manda a Santa Madre Igreja;
5) ajudar a Igreja nas suas necessidades; e
6) observar as leis da Igreja sobre o matrimônio. 

1) A obrigação de assistir à Missa aos domingos e festas de guarda

Na sua função de guia espiritual, a Igreja tem o dever de procurar que a nossa fé seja uma
fé viva, de tornar vivas e reais para nós as pessoas e os eventos que constituem o Corpo
Místico de Cristo. Por essa razão, a Igreja marca uns dias por ano e declara-os dias
sagrados. Neles recorda-nos acontecimentos importantes da vida de Jesus, da sua Mãe e
dos santos, e realça essas festas periódicas equiparando-as ao dia do Senhor e obrigando-
nos, sob pena de pecado mortal, a ouvir Missa e abster-nos do trabalho quotidiano na
medida em que nos seja possível. 
O calendário da Igreja fixou dez desses dias, que são guardados na maioria dos países
católicos.
No Brasil são santos de guarda:
A solenidade da Santíssima Mãe de Deus (1° de janeiro), que comemora o dogma da
Maternidade divina de Maria;
O dia do Corpus Christi, solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo;
A Imaculada Conceição de Maria (8 de dezembro);
O dia de Natal (25 de dezembro).

Algumas solenidades que, no calendário geral da Igreja, têm uma data que não costuma
coincidir com um feriado, foram transferidas para o domingo mais próximo,
normalmente para o domingo seguinte.

2) confessar os pecados mortais ao menos uma vez ao ano e em perigo de morte ou


se tem de comungar;
A lei relativa à confissão anual significa que todo aquele que deva confessar explicitamente
um pecado mortal torna-se réu de um novo pecado mortal se deixa passar mais de um ano
sem receber outra vez o sacramento da Penitência. Evidentemente, a Igreja não quer dizer-
nos com isso que seja suficiente uma confissão por ano para os católicos praticantes.
O sacramento da Penitência reforça a nossa resistência à tentação e faz-nos crescer em
virtude, se o recebermos com frequência. É um sacramento tanto para os santos como
para os pecadores. 
No entanto, a Igreja quer garantir que ninguém viva indefinidamente em estado pecado
mortal, com perigo para a sua salvação eterna. Por isso, exige de todos aqueles que
tenham consciência de ter cometido um pecado mortal, que o confessem explicitamente,
recebendo o sacramento da Penitência dentro do ano. 

3) comungar pela Páscoa da Ressurreição;


A mesma preocupação pelas almas faz com que a Igreja estabeleça um mínimo absoluto de
uma vez por ano para receber a Sagrada Eucaristia.
“Com que frequência devo comungar?”, e Cristo, por meio da sua Igreja, responde-nos:
“Com a frequência que você puder; semanal ou diariamente. Mas a obrigação absoluta é
receber a Comunhão uma vez por ano, por ocasião da Páscoa”. Se não damos a Jesus
esse mínimo de amor, tornamo-nos culpados de pecado mortal. 

4) jejuar e abster-se de comer carne quando manda a Santa Madre Igreja;


A Igreja, cumprindo a sua obrigação de ser guia e mestra, fixou um mínimo para todos,
uma penitência que todos – com certos limites – devemos fazer. Este mínimo estabelece
uns dias de abstinência (em que não podemos comer carne) e outros de jejum e abstinência
(em que devemos abster-nos de carne e tomar uma só refeição completa). 
Como Cristo Nosso Salvador morreu numa Sexta-feira, a Igreja estabeleceu todas as
sextas-feiras do ano – e também a Quarta-feira de Cinzas – como dias obrigatórios de
penitência. O preceito geral da Igreja obriga a abster-se de carne todas as sextas-feiras do
ano, mas o papa Paulo VI, na constituição Paenitemini, deu às Conferências episcopais dos
diversos países a faculdade de trocar a abstinência de carne por outras práticas de
penitência cristã, como a oração, a esmola, outras mortificações, etc. Os bispos do Brasil,
determinaram que nas sextas-feiras do ano, mesmo nas da Quaresma e incluídas a
Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, a abstinência de carne pode ser
substituída, à escolha de cada um, por outras formas de penitência, principalmente
por obras de caridade e exercícios de piedade, isto é, por algumas orações. Para
quem optar pelo cumprimento da obrigação do jejum e da abstinência nesses dias, basta
que tome uma só refeição completa, e até duas outras desde que, juntas, não formem uma
refeição completa; além disso, nenhuma dessas refeições deverá incluir carne. 
Tomar deliberadamente carne ou caldo de carne num dia de abstinência é pecado
grave, se envolve desprezo do preceito e a quantidade que se toma é considerável. Mesmo
uma quantidade pequena, tomada de modo deliberado, seria um pecado venial. Também
seria pecado quebrar voluntariamente o jejum, fazendo – nos dias em que deve ser
observado – duas ou mais refeições completas. 
Os doentes que precisam de alimento, os que se ocupam em trabalhos pesados ou os que
comem o que podem ou quando podem (os muito pobres) estão dispensados das leis de
jejum e abstinência. Aqueles para quem jejuar ou abster-se de carne possa construir
um problema sério, podem obter dispensa do seu pároco. A lei da abstinência obriga os
que tenham completado catorze anos, e dura toda a vida; a obrigação de jejuar começa
quando se fazem dezoito anos e termina quando se entra nos sessenta. 

5) ajudar a Igreja nas suas necessidades; e Contribuir para a sustentação da Igreja:


É outra das obrigações que surgem da nossa natureza de membros do Corpo Místico de
Cristo. Não seríamos verdadeiramente de Cristo se não tratássemos com sinceridade
de ajuda-lo – com meios econômicos tanto como com obras e orações – a levar a cabo a
sua missão. 

6) observar as leis da Igreja sobre o matrimônio. 


É importante que nos demos conta de que as leis da Igreja que governam a recepção do
sacramento do Matrimônio não são leis meramente humanas: são preceitos do próprio
Cristo, dados pela sua Igreja. 
A lei básica que rege o sacramento do Matrimônio é que se deve recebê-lo na
presença de um sacerdote autorizado e de duas testemunhas. Por sacerdote
“autorizado” entendemos o bispo, o pároco ou um sacerdote que tenha obtido delegação do
pároco. Um diácono ou outra “testemunha qualificada”, sem essa delegação do bispo ou
de um pároco, não pode oficiar um casamento católico; O sacramento do Matrimônio pode
ser celebrado em qualquer tempo litúrgico, mas a Igreja admoesta os esposos a evitarem
demasiada pompa quando se celebra nos tempos de Advento e Quaresma, que não
são os mais apropriados. 
Para a recepção válida do sacramento do Matrimônio, o esposo deve ter pelo menos
dezesseis anos de idade e a esposa catorze. No entanto, se as leis civis estabelecem
uma idade superior, a Igreja as respeita, ainda que não esteja estritamente obrigada a
fazê-lo.
Quanto aos efeitos civis do casamento, a Igreja reconhece o direito do Estado de
estabelecer a necessária legislação. Além de contar com a idade suficiente, os futuros
esposos não devem ser parentes com laços de sangue mais próximos que os de
primos em segundo grau (cf. CDC, cân. 1091).
No entanto, se há graves razões, a Igreja concede que primos irmãos possam contrair
matrimônio.
1) assistir à Missa inteira todos os domingos e festas de guarda;
2) confessar os pecados mortais ao menos uma vez ao ano e em perigo de morte ou se tem
de comungar;
3) comungar pela Páscoa da Ressurreição;
4) jejuar e abster-se de comer carne quando manda a Santa Madre Igreja;
5) ajudar a Igreja nas suas necessidades; e
6) observar as leis da Igreja sobre o matrimônio. 

A Doutrina Social da Igreja


Transformar a sociedade com a força do Evangelho sempre foi um desafio para
os cristãos e para nós que nos dispomos a ser os arautos de Cristo.

Porém, quais critérios podemos usar, para aplicar e fazer ter ressonância a Boa
Nova de Jesus Cristo nas questões sociais?

A expressão “doutrina social da Igreja” designa o conjunto de orientações da


Igreja Católica para os temas sociais, reúne os pronunciamentos do
magistério católico sobre tudo que implica a presença do homem na
sociedade e no contexto internacional. Trata-se de uma reflexão feita à luz da
fé e da tradição eclesial.

A função da doutrina social é o anúncio de uma visão global do homem e da


humanidade e a denúncia do pecado de injustiça e de violência que de vários
modos atravessa a sociedade.

Sendo assim, não é uma ideologia, nem se confunde com as várias doutrinas
políticas construídas pelo homem. Ela poderá encontrar pontos de concordância
com as diversas ideologias e doutrinas políticas quando estas buscam a verdade e
a construção do bem comum, mas irá denunciá-las sempre que se afastarem
destes ideais.

A doutrina social da Igreja:


“Situa-se no cruzamento da vida e da consciência cristã com as
situações do mundo e exprime-se nos esforços que indivíduos,
famílias, agentes culturais e sociais, políticos e homens de Estado
realizam para lhe dar forma e aplicação na história” (João Paulo II,
Carta encicl. Centesimus annus, 59).

Ela busca o desenvolvimento humano integral, que é “o


desenvolvimento do homem todo e de todos os homens” (Paulo VI,
Carta encicl. Populorum Progressio, 42; Bento XVI, Carta encicl.
Caritas in veritate, 8).

Ao anunciar o Evangelho à sociedade em seu ordenamento político,


econômico, jurídico e cultural, a Igreja quer atualizar no curso da história a
mensagem de Jesus Cristo. Ela busca colaborar na construção do bem
comum, iluminando as relações sociais com a luz do Evangelho.

A expressão “doutrina social” remonta a Pio XI (Carta encicl. Quadragesimo anno,


1931). Designa o corpus doutrinal referente à sociedade desenvolvido na Igreja a
partir da encíclica Rerum novarum (1891), de Leão XIII. Em 2004, foi publicado o
Compêndio de Doutrina Social da Igreja.

Apresenta de forma sistemática o conteúdo da doutrina social da Igreja


produzido até aquela ocasião, e assim, se tornou o documento de referência
obrigatório para quem deseja aprofundar-se neste campo.

Considerado o primeiro grande documento da doutrina social da Igreja, a Rerum


novarum aborda a questão operária no fim do século XIX. Leão XIII denuncia a
penosa situação dos trabalhadores das fábricas, afligidos pela miséria, num
contexto profundamente transformado pela revolução industrial.

Depois da Rerum novarum, apareceram diversas encíclicas e mensagens referentes


aos problemas sociais.

A Igreja, deseja fornecer critérios de discernimento para a orientação e


formação das consciências. Não entra em aspectos técnicos nem se apresenta
como uma terceira via para substituir sistemas políticos ou econômicos.
Seu propósito é religioso, sendo matéria do campo da teologia moral. Sua finalidade
é interpretar as realidades da existência do homem, examinando a sua
conformidade com as linhas do ensinamento do Evangelho. É uma doutrina dirigida
em especial a cada cristão que assume responsabilidades sociais, para que atue
com justiça e caridade.

Por isso, a doutrina social implica “responsabilidades referentes à construção, à


organização e ao funcionamento da sociedade: obrigações políticas,
econômicas, administrativas, vale dizer, de natureza secular, que pertencem
aos fiéis leigos, não aos sacerdotes e aos religiosos” (CDSI, 83).

Os direitos humanos, o bem comum, a vida social, o desenvolvimento, a justiça, a


família, o trabalho, a economia, a política, a comunidade internacional, o meio
ambiente, a paz. Todos esses são campos sobre os quais a Igreja dirige a sua
reflexão no contexto da doutrina social.

Qualquer conteúdo da doutrina social encontra seu fundamento na dignidade da


pessoa humana. Outros princípios básicos do ensinamento social são: o bem
comum, a subsidiariedade e a solidariedade.

1 Dignidade da pessoa humana

A Igreja não pensa em primeiro lugar no Estado, no partido ou no grupo étnico.


Pensa na pessoa como ser único e irrepetível, criado à imagem de Deus. Uma
sociedade só será justa se souber respeitar a dignidade de cada pessoa.
Portanto, a ordem social e o progresso devem ordenar-se segundo o bem das
pessoas, pois a organização das coisas deve subordinar-se à ordem das
pessoas e não o contrário (Gaudium et spes, 26).

O respeito à dignidade humana passa necessariamente por considerar o


próximo como outro eu, sem excetuar ninguém. A vida do outro deve ser levada
em consideração, assim como os meios necessários para mantê-la
dignamente.

2 Bem comum

O bem comum é o “conjunto das condições da vida social que permitem, tanto
aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria
perfeição” (GS, 26). Não se trata de simples soma dos bens particulares de
cada sujeito. É um bem indivisível, porque somente juntos se pode alcançá-lo,
aumentá-lo e conservá-lo (CDSI, 164).

Para se colocar autenticamente ao serviço do ser humano, a sociedade deve


colocar como meta o bem comum, enquanto bem de todos os homens e do
homem todo (CIC, 1912).

O bem comum refere-se, por exemplo, a serviços essenciais ao ser humano:


Acesso a alimentação,
Habitação,
Trabalho,
Educação,
Cultura,
Transporte,
Saúde,
Informação,
Liberdade.
Implica também o empenho pela paz, a organização dos poderes do Estado, um
sólido ordenamento jurídico, a proteção do meio ambiente.

3 Subsidiariedade

O princípio da subsidiariedade:

Indica que, na sociedade, as instituições e organismos de ordem


superior devem se colocar em atitude de ajuda (‘subsidium’) – e,
portanto, de apoio, promoção e incremento – em relação às menores
(CDSI, 186).

Por nível superior se entende por exemplo, o governo federal em relação aos
governos regionais e estes em relação aos municipais e os organismos
estatais em relação às organizações não-governamentais.

É importante notar que o princípio da subsidiariedade inverte a lógica dos


governos muito centralizadores e assistencialistas. Para estes governos, o
Estado deve organizar e controlar os serviços sociais e as organizações não
governamentais apenas o ajudam nesta tarefa. Pelo princípio da subsidiariedade,
as pessoas, ao se organizarem, devem procurar, a partir de sua história, de
seus valores e princípios, as melhores soluções para seus problemas e o
Estado deve ajudá-las a viabilizar estas soluções na busca do bem comum.

O objetivo fundamental deste princípio é garantir o protagonismo da pessoa


na sua vida pessoal e social.

Ele protege as pessoas dos abusos das instâncias sociais superiores – por
exemplo, do Estado – e solicita que as instâncias superiores ajudem os indivíduos e
grupos intermediários a desempenhar suas próprias funções (CDSI, 187).

A subsidiariedade não prega formas de centralização, de burocratização, de


assistencialismo, de presença injustificada e excessiva do Estado e do aparato
público, pois considera que tirar a responsabilidade da sociedade provoca a
perda de energias humanas e o aumento exagerado do setor estatal.

De forma positiva, indica a necessidade de se dar suporte às pessoas, famílias,


associações, iniciativas privadas, promovendo “uma adequada responsabilização
do cidadão no seu ‘ser parte’ ativa da realidade política e social do País” (CDSI
187).

4 Solidariedade

A solidariedade não é um simples sentimento de compaixão pelos males sofridos


por tantas pessoas próximas ou distantes. É a determinação firme e perseverante
de se empenhar pelo bem de todos e de cada um, porque “todos nós somos
verdadeiramente responsáveis por todos” (Sollicitudo rei socialis, 38).

A solidariedade se apresenta sob dois aspectos complementares:

o de princípio social – ordenador das instituições – e


o de virtude moral – responsabilidade pessoal com o próximo (CDSI, 193).
A solidariedade se manifesta antes de tudo na distribuição dos bens e na
remuneração do trabalho.

O ensinamento social católico defende que os problemas socioeconômicos:


“só podem ser resolvidos com o auxílio da solidariedade: solidariedade
dos pobres entre si, dos ricos e dos pobres, dos trabalhadores entre si,
dos empregadores e dos empregados na empresa, solidariedade entra as
nações e entre os povos” (CIC, 1940).

5 A integração entre subsidiariedade e solidariedade

Na aplicação da doutrina social da Igreja, os princípios da subsidiariedade e


solidariedade sempre devem ser vistos e aplicados em conjunto, pois:

“o princípio de subsidiariedade há-de ser mantido estritamente ligado com


o princípio de solidariedade e vice-versa, porque, se a subsidiariedade
sem a solidariedade decai no particularismo social, a solidariedade sem a
subsidiariedade decai no assistencialismo que humilha o sujeito
necessitado” (Bento XVI, Carta encicl. Caritas in veritate, 58).

Outros temas da doutrina social são:

1 Família

A Igreja considera a família “como a primeira sociedade natural, titular de direitos


próprios e originários, e a põe no centro da vida social”. Ela é “a célula primeira e
vital da sociedade”, fundamento da vida das pessoas e base de todo
ordenamento social (CDSI, 211).

A família tem o seu fundamento na livre vontade dos cônjuges de se unirem em


matrimônio. Ela é um ambiente de vida, de doação recíproca do homem e da
mulher, e de bem para as crianças. É comunidade natural na qual se experimenta a
sociabilidade humana. Contribui “de modo único e insubstituível para o bem da
sociedade” (CDSI, 213).

2 Trabalho

O trabalho humano tem uma dupla dimensão.

Em sentido objetivo, é “o conjunto de atividades, recursos, instrumentos e técnicas


de que o homem se serve para produzir”.
Em sentido subjetivo, é “o agir do homem enquanto ser dinâmico, capaz de
realizar as várias ações que pertencem ao processo do trabalho e que
correspondem à sua vocação pessoal” (CDSI, 270).
O trabalho é um dever do homem. Mas nunca deve ser considerado simples
mercadoria ou elemento impessoal da organização produtiva. O trabalho é
expressão essencial da pessoa, sendo a própria pessoa o parâmetro da
dignidade do trabalho (CDSI, 271).

3 Economia

O objeto da economia “é a formação da riqueza e o seu incremento progressivo, em


termos não apenas quantitativos, mas qualitativos”. Tudo isso “é moralmente
correto se orientado para o desenvolvimento global e solidário do homem e da
sociedade em que ele vive e atua” (CDSI, 334).

O ensinamento social católico considera a liberdade da pessoa no campo


econômico como um valor fundamental, reconhece a justa função do lucro,
harmonizada com a capacidade da empresa de servir à sociedade. Defende o
livre mercado, prega que o Estado assuma o princípio da subsidiariedade,
valoriza a co-presença de ação pública e privada, defende a obtenção de um
desenvolvimento integral e solidário para a humanidade.

4 Política

A comunidade política é “a unidade orgânica e organizadora de um verdadeiro


povo”. Seu dever é perseguir o bem comum, atuando em vista de um ambiente
humano em que seja oferecida aos cidadãos “a possibilidade de um real
exercício dos direitos humanos e de um pleno cumprimento dos respectivos
deveres” (CDSI, 385, 389).

O ensinamento social católico reconhece o valor do sistema da democracia e a


validade do princípio da divisão dos poderes em um Estado. Afirma que a
comunidade política é constituída para estar ao serviço da sociedade civil.
Igreja e comunidade política são de natureza diversa, quer pela configuração, quer
pela finalidade que buscam (CDSI, 424).

5 Comunidade internacional
A convivência entre as nações “funda-se nos mesmos valores que devem
orientar a convivência entre os seres humanos: a verdade, a justiça, a
solidariedade e a liberdade”. Essa convivência tem o direito como instrumento de
garantia de sua ordem (CDSI 433, 434).

A política internacional deve ser voltada para o objetivo da paz, do


desenvolvimento e da luta contra a pobreza, mediante a adoção de medidas
coordenadas.

O Magistério da Igreja defende a instituição de uma “autoridade pública universal,


reconhecida por todos, que goze de poder eficiente, a fim de que sejam
salvaguardadas a segurança, a observância da justiça e a garantia dos direitos”
(CDSI, 441).

6 Meio ambiente

A Igreja Católica afirma que cuidar do meio ambiente é um desafio para toda a
humanidade. Trata-se de um dever, comum e universal, de respeitar um bem
que é coletivo e destinado a todos (CDSI, 466).

Perante os graves problemas ecológicos, o ensinamento católico defende uma


mudança de mentalidade, que induza a adotar novos estilos de vida. Tais
estilos devem ser inspirados na sobriedade, na temperança, na autodisciplina,
no plano pessoal e social.

7 Paz

A paz é um valor e um dever universal. Ela é fruto da justiça, entendida em


sentido amplo como o respeito ao equilíbrio de todas as dimensões da pessoa
humana. A paz é também fruto do amor, é ato próprio e específico da caridade
(CDSI, 494).

A Igreja considera como parte integrante de sua missão a promoção da paz no


mundo. Também convoca cada cidadão a essa tarefa.

Conclusão
Para a doutrina social da Igreja, o objetivo último de toda ação social é o
desenvolvimento humano integral, ou seja, permitir que o desenvolvimento de
todas as dimensões da pessoa (material, afetivo, social, espiritual) chegue
igualmente a todos na sociedade.

Em 1967, o Papa Paulo VI publicou sua encíclica Populorum progressio, na qual


apresentava o conceito de desenvolvimento humano integral. Com isto, criticava a
ideia de que o progresso das nações podia ser medido apenas por seu crescimento
econômico ou mesmo apenas pelo aumento do poder aquisitivo da população.

Assim Paulo VI se antecipava a reflexões críticas que se tornaram comuns nas


décadas seguintes, através de ideias como a de desenvolvimento sustentável,
difundida a partir de um documento de 1980 da União Internacional para a
Conservação da Natureza, ou de índices de desenvolvimento humano e
desenvolvimento como aumento das oportunidades sociais, da década de 1990. Em
2009, o Papa Bento XVI retomou o conceito, utilizando-o como base para a redação
de sua encíclica Caritas in veritate.

O desenvolvimento humano integral implica que as possibilidades criadas pelo


crescimento e desenvolvimento econômico das nações estejam igualmente ao
alcance de todas as pessoas. Além disso, considera que o desenvolvimento não
pode ser apenas material, mas deve incluir todas as dimensões da pessoa. Quem,
por exemplo, aumentou muito seu poder aquisitivo, mas se fechou numa posição
individualista e não colabora na construção do bem comum, ou não cresceu
intelectualmente ou na vida espiritual, não se desenvolveu integralmente.

Os papas e a Igreja têm trabalhado sem cessar para iluminar o vasto campo da vida
social e oferecer, à luz do Evangelho, diretrizes para iluminar o caminho de um
autêntico desenvolvimento do homem.

Apesar de ter marcado seu desenvolvimento de forma mais estruturada a partir do


final do século XIX, a doutrina social é resultado da experiência ancestral e pastoral
eclesial. “A Igreja jamais deixou de se interessar pela sociedade; não obstante, a
encíclica Rerum novarum dá início a um novo caminho” (CDSI, 87).

Etapas do ensinamento social católico:


– De 1891 até hoje, a doutrina social da Igreja foi um ensinamento constante por
parte de todos os papas.

– Leão XIII (1878-1903), na Rerum Novarum (1891), denunciou as condições


miseráveis em que vivia a classe operária, protagonista da revolução industrial.

– Pio XI (1922-1939), na Quadragesimo Anno (1931), amplia a doutrina social cristã.


Aborda o difícil tema do totalitarismo, encarnado nos regimes fascista, comunista,
socialista e nazista.

– Pio XII (1939-1958), papa durante a guerra e o pós-guerra, focaliza a atenção nos
“sinais dos tempos”. Ainda que não tenha publicado uma encíclica social, em seus
numerosos discursos há uma imensa variedade de ensinamentos políticos,
jurídicos, sociais e econômicos.

– João XXIII (1958-1963), na Mater et Magistra (1961) e na Pacen in Terris (1963),


abre a doutrina social “a todos os homens de boa vontade” e, assim, a questão
social se torna um tema universal que afeta e é responsabilidade de todos os
homens e povos.

– Com a Constituição pastoral Gaudium et spes (1965), o Concílio Vaticano II


sublinha o rosto de uma Igreja realmente solidária com o gênero humano e sua
história. Já na declaração Dignitatis humanae (1965), o Concílio enfatiza o direito à
liberdade religiosa.

– Paulo VI (1963-1978), na Populorum Progressio (1967) e na Octogesima


adveniens (1971), afirma que o desenvolvimento “é o novo nome da paz” entre os
povos. Ele cria o Pontifício Conselho “Justiça e Paz”.

– João Paulo II (1978-2005) compromete-se na difusão do ensinamento social em


todos os continentes. Escreve três encíclicas sociais: Laborem Exercens (1981),
Sollicitudo Rei Socialis (1987) e Centesimus Annum (1991). Além disso, o
Compêndio da Doutrina Social da Igreja (2004) leva a sua assinatura apostólica.

– Bento XVI (2005), em sua encíclica social Caritas in veritate (2009), defende o
desenvolvimento integral da pessoa pautado caridade e na verdade.
Os 4 princípios da Doutrina Social da Igreja Católica DOCAT

1- Dignidade da pessoa (personalidade)


Cada ser humano é único, irrepetível, e por isso tem um valor incomparável. Com o
termo “pessoa”, a Igreja quer dizer que cada ser humano possui uma dignidade que
não pode ser violada; que o homem é capaz de conhecer a si mesmo, refletir sobre
si, ter liberdade nas suas decisões e se relacionar com os outros.
“Isto mostra-nos que dignidade o homem tem e como é importante tomá-lo muito
seriamente como pessoa e tratá-lo com maior respeito. Esta exigência vale também
para os sistemas políticos e para as instituições. Elas não devem só respeitar a
liberdade e a dignidade da pessoa. Elas devem contribuir para um desenvolvimento
abrangente de cada pessoa” (DOCAT, 55).

2- Bem Comum
O conceito de “personalidade”, ou seja, dizer que cada ser humano precisa ser
respeitado na sua própria dignidade, não fere, no entanto, este segundo princípio.
Pelo contrário, por Bem Comum entende-se como um “conjunto das condições da
vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada um dos seus membros,
atingir mais plena e facilmente a própria perfeição”.
Para Igreja, a finalidade de cada pessoa é realizar o bem, e da sociedade, por sua
vez, é conquistar o bem comum, de maneira mais prática são necessárias
“condições básicas de uma ordem estatal que funcione como é próprio de um
Estado de direito. Depois deve cuidar da preservação das condições naturais da
vida. Dentro deste quadro, há o direito de cada pessoa à formação. Deve haver
também liberdade de opinião, de reunião e de religião”.

3- Subsidiariedade
Neste princípio, cada atividade da sociedade é confiada primeiramente a grupos
pequenos. Mas, quando estes precisam de ajuda, a instância superior deve oferecer
este auxílio.
"Por exemplo, quando uma família tem problemas, o Estado só pode intervir se a
família ou os pais são impotentes para encontrar a solução. Este princípio deve
fortalecer a liberdade dos indivíduos, dos grupos e das associações e impedir o
excesso de centralização. A iniciativa individual deve ser fortalecida, porque poder
ajudar-se a si mesmo representa componente significativo da dignidade da pessoa".
4- Solidariedade
Segundo o DOCAT (100), “o princípio da solidariedade exprime a dimensão social
da pessoa. Ninguém pode viver apenas para si; é sempre dependente dos outros, e
não apenas para experimentar uma ajuda prática, mas também para ter um
interlocutor e poder crescer e desenvolver plenamente a sua personalidade através
do debate de ideias, de argumentos, de necessidades e de desejos”.

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