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Resumo
Introdução
contexto, consonante com o Decreto Federal n.º 5.626/2005, possui no seu quadro o professor
surdo.
Assim, com objetivo de ensinar a Libras em nível de estabelecer a comunicação com
os surdos sustentando diálogos, argumentando, opinando, enfim, interagindo em contextos
sociais, para os alunos provenientes de cursos de licenciaturas (letras, química, física);
bacharelado (Educação Fisica, Design); engenharias (eletrônica, elétrica, mecânica)
investigaram-se a inusitada atuação do professor surdo no ensino superior. Na justificativa de
que esta investigação reafirma o professor surdo como o articulador dos direitos linguísticos
conquistados e em uma instituição de ensino superior federal se firma como um elemento
cultural que irá compor a história de formar profissionais instrumentalizados para atender a
necessidade comunicativa das pessoas surdas e com elementos para construir uma sociedade
mais justa e menos segregadora.
estão reduzidos”. De forma que, o surdo poderá processar um desenvolvimento pleno se for
dada a oportunidade de utilizar e interagir por meio de linguagem gestual e visual, quer dizer,
a Língua de Sinais.
Vigotsky (1984, p.121) destaca que na perspectiva sociocultural, a linguagem constitui
o principal meio que permite o desenvolvimento cognitivo humano, permite, entre várias
ações, o acesso a visão do mundo, as interações, a construção de conhecimentos, enfim acesso
aos conhecimentos e “os gestos constitui um signo visual que traz em si a futura escrita da
criança”.
Neste cenário, Dorziat (2009) aponta para a concepção bilíngue, que elucida a
mediação do conhecimento em Libras concebida como a primeira língua dos surdos e o
aprendizado da língua portuguesa, como a segunda língua dos surdos. Também, sugere a
inserção de Libras desde a mais tenra idade, sem o distanciamento das crianças ouvintes, pelo
fato da Libras elaborar conceitos e reunir elementos para a interação social para os surdos,
selando a cultura e a identidade a partir da sua linguagem.
Face aos movimentos reivindicatórios da comunidade surda e dos movimentos pela
educação a todos, a Libras foi oficializada como meio de expressão e comunicação pela Lei
10.436/2002 regulamentada no Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que também
oficializa o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que diz: “Considera-se
pessoa surda àquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por
meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua
Brasileira de Sinais – Libras” (BRASIL, 2005).
As considerações apresentadas significam a necessidade de viabilizar as ações
afirmativas para o cumprimento das diretrizes apontadas no Decreto n.º 5.626/2005, que traz
no Capítulo III, a inclusão de Libras como disciplina curricular e no Art. 3º diz que
A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de
formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior,
e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do
sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios (BRASIL, 2005).
Federal de Santa Catarina (UFSC) deu início o curso a distância de licenciatura em Letras-
Libras, com nove pólos de ensino e 495 alunos, dando preferência às pessoas surdas. Em
2008, foi incluída a habilitação de bacharel em tradução e interpretação de língua de sinais.
Um ano depois, começou o curso presencial de Letras-Libras na UFSC. Como um fato
histórico, os alunos surdos que ingressaram neste curso concluíram a licenciatura em Letras-
Libras no ano de 2010.
A este respeito, o Artigo 7 º do Decreto Federal n.º 5.626/2005 orienta que “nos
próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto”, caso não haja docente com título de
pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de
educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um
dos seguintes perfis:
[...] III - professor ouvinte bilíngue: Libras - Língua Portuguesa, com pós-graduação
ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência
em Libras, promovido pelo Ministério da Educação.[...] § 2º A partir de um ano da
publicação deste Decreto, os sistemas e as instituições de ensino da educação básica
e as de educação superior devem incluir o professor de Libras em seu quadro do
magistério. Art. 8º O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7º deve
avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa
língua (BRASIL, 2005).
Para tanto, a UTFPR contrata o professor de surdo por meio de concurso público, para
o ensino de Libras, em conformidade do parágrafo 2o do Decreto n.º 5.626/2005 que
determina que “A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos
de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste
Decreto”, isto é, até 2015, as instituições devem atender a essa determinação.
Em relação a urgência de mais profissionais que dominem e divulguem a Libras, o
capítulo IV do Decreto elucida no Art. 14, que
Metodologia
Este estudo se caracteriza como qualitativa e adotou-se o estudo de caso simples, que
se caracteriza como técnica de pesquisa mais apropriada quando se deseja estudar situações
complexas atuais (Yin, 2005). Tal técnica permite que uma investigação mantenha as
características holísticas e significativas dos eventos da vida real.
A pesquisa desenvolveu na Universidade Tecnologia do Paraná, no campus de
Curitiba-PR, que se caracteriza em ofertar em torno de sessenta cursos superiores na área de
Tecnologia, bacharelados (entre eles Engenharias) e licenciaturas. Com abrangência no
Paraná, a UTFPR tem doze campi no Estado e pretende ampliar essa atuação. Como
instrumento de estudo investigou-se os principais procedimentos realizados pela UTFPR, a
iniciar do processo de seleção, a contratação, atuação do professor de Libras e os efeitos
causados nos cursos alunos de licenciaturas e bacharelado, com bases nos depoimentos dos
trinta e cinco alunos que participaram da disciplina.
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magnitude, que na realidade prática mostra que o papel do professor surdo vai muito além do
domínio de Libras.
Neste processo, as dificuldades iniciais, nas condições de infundas, foram sendo
solucionadas com a contratação do professor surdo e no convívio diário na UTFPR, que
historicamente, a natureza pedagógica consistia na supremacia dos professores ouvintes.
No processo de matrícula constatou-se o interesse dos universitários da UTFPR em
aprender Libras. Assim, no primeiro semestre, as vagas foram encerradas após dois dias da
abertura on line. Foram ofertadas vinte e cinco vagas (25), mas resultou em oitenta e seis (86)
inscritos e houve procura presencial dos alunos no Departamento de Educação, que
propuseram a ficar na espera, caso houvesse alguma desistência entre os alunos que
conseguiram realizar a matrículas. De vinte e cinco (25) foram ampliadas para trinta e cinco
(35) vagas, com duração de trinta (30) horas aulas.
Considera-se que a UTFPR tem ampliado os cursos de licenciaturas nos últimos anos e
bacharelado (Educação Física, Design). Todavia, alunos de outros cursos, como de
engenharias – elétrica, eletrônica, informática, mecânica – se inscreveram na disciplina de
Libras, entre outras quatro consideradas optativas presentes na grade curricular.
Reafirma o parecer de Lacerda (2000, p.18) de que o professor surdo deve valer-se do
“[...] espaço escolar para construir estratégias de identificação que possam ser vislumbradas
num processo sócio-histórico mais amplo, não fragmentado [...]” e dominam a Libras, por
constituir a sua expressão natural, mas devem por em evidência as abordagens progressistas.
A1: As aulas de Libras foram dinâmicas, porque o professor era divertido e nunca
deixou de dar atenção aos alunos e o milagre aconteceu: eu aprendi Libras. Se os
professores de cálculo ensinassem assim, ninguém reprovaria. A2: Eu achava que
um professor surdo não ia consegui ensinar um grupo de universitários, mas eu
admiro o professor, porque ele sabe ensinar e não poderia saber Libras melhor que
os ouvintes.
A3: No início eu me achava ridículo. Eu ria de mim e dos outros nas dramatizações.
Sentia dores nos dedos e pensei em desistir, depois eu vi que Libras exige muito
mais do que falar. A4: Não levava jeito. Eu não conseguia gravar os sinais, porque
ria demais nas primeiras aulas, na verdade eu ri até a última aula, mas não era mais
dos colegas, mas como o professor diz do “contexto”.
A5: Eu consigo comunicar em Libras com o professor e conversei com dois surdos
no ônibus e eles me entenderam e também entendi o que eles diziam. Foi demais,
mas sei que devo treinar mais. A6: Eu adorei aprender Libras. É muito mais do
aprender inglês ou outra língua. Achei bem difícil. Na verdade foi um desafio, pois
sou tímido e até agora ainda sou travado, eu entendo mais Libras do que faço.
Pretendo continuar com curso se tiver no próximo semestre.
Skliar e Lunardi (2000, p.18) citam a Teoria Crítica que identifica escola como espaço
em que se estabelecem as relações de poder, de inclusão e exclusão e que definem as
identidades sociais e os discursos hegemônicos produz identidade surda conveniente para seus
modelos. Constatam, os autores, que a questão do professor surdo está relacionada com um
“modelo único de sujeito surdo, que pode sintetizar-se na figura do professor surdo branco,
alfabetizado, fluente em Língua de Sinais, de classe média, [...]”.
Na descrição do professor, ainda pode-se somar ao modelo aceito pelas escolas – da
educação infantil ao ensino superior – professor surdo que tenha compreensão da linguagem
oral e da leitura labial na interação direta com os alunos, em situações de ensino e
aprendizagem, pois em termos econômicos evita o custo com o TILS contemplado pelo
Decreto n.º 5.626/2005 para mediar qualquer tipo de situações de interações entre surdos e
ouvintes. Consequentemente, o profissional surdo perde informações importantes, como por
exemplo em reuniões ou em várias situações por não ter TILS. Tradutor e Intérprete em
Língua de Sinais
Assim, os resultados apresentados constituíram elementos para a realização da
avaliação institucional. Nesta perspectiva as turmas aumentaram de um para seis turmas,
sendo três turmas para o ensino de Libras Básico e, como prosseguimento, mais três para o
ensino de Libras Intermediário, diante dos resultados promissores e o interesse dos demais
alunos.
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Considerações finais
REFERÊNCIAS
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