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Belo Horizonte
2008
Renata de Oliveira Braga dos Santos
Belo Horizonte
Universidade Federal de Minas Gerais / Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Julho de 2008
2
A Dagmar Braga, Erasto Santos e Fernanda de Oliveira, minha família, meu chão.
Agradeço.
3
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................... 9
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11
3.3 Federalismo.............................................................................................................. 45
4
3.4 Liberalismo e Democracia........................................................................................ 50
Estar Social..................................................................................................................... 64
5
6.4 Norma Operacional Básica do Suas – 2005........................................................... 125
HORIZONTE
6
CAPÍTULO IX – CASA DO BRINCAR – AVALIAÇÃO DO SERVIÇO
APÊNDICE.................................................................................................................. 195
ANEXOS...................................................................................................................... 200
7
ÍNDICE REMISSIVO DE QUADROS E TABELAS:
tamanho........................................................................................................................ 158
8
RESUMO
A assistência social como campo de políticas públicas passou em sua história recente
Horizonte e em seguida, avalia uma política pública de assistência social para a criança
9
ABSTRACT
The public policy refered to social assistance have been through a great change in its
recent history. The unified system of social assistance – Sistema Único de Assistência
Social (SUAS) changes the directions of public policy in social assistance. In Belo
Horizonte, the pioneer actions in social assistance take up beforehand the instructions
given by the SUAS. This monograph intends to trace the scene of Social Assistance in
Brazil and in Belo Horizonte, and in a second moment, evaluates a social assistance
10
INTRODUÇÃO
deste processo são cruciais para o fortalecimento do campo de Assistência Social, uma
vez que trazem informações relevantes para a reestruturação de políticas vigentes e para
políticas.
plano nacional como nos entes subnacionais. A legislação produzida para este campo de
11
consideradas como fomentadoras ou dificultadoras da efetivação da formulação e da
Brincar.
ocorreram durante o mês de junho de 2008. Foi realizada entrevista face a face com os
12
Contemplou-se o planejamento da política em questões referentes às suas características
política.
para a prática.
O serviço Casa do Brincar está em processo de avaliação por uma equipe, da qual faço
13
Ciência Política (DCP) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A avaliação
• Visitas Surpresas realizadas às Casas do Brincar. Nas Visitas Surpresa foi utilizado o
tal e procediam a uma observação, guiada por roteiro específico, seguida de relatório da
• Arrolamento dos entornos das Casas do Brincar. Os entornos das Casas do Brincar
• Grupos focais realizados com o público alvo do serviço – dividido entre usuários
atuais, usuários egressos e não usuários. Foram realizados onze grupos focais no total,
subdivididos em: quatro grupos para usuários atuais e não usuários e três grupos para
serviço.
14
• Pesquisa de Clima Organizacional. A pesquisa de clima organizacional foi realizada
• Survey nos entornos das Casas do Brincar. Esta etapa encontra-se em andamento.
atuais, usuários egressos, e não usuários), num total de 1200 casos a serem analisados.
Brincar coletadas através dos relatórios de observação durante as visitas surpresa foram
dos Estados de Bem Estar Social e modelos históricos de administração pública, assim
Brasil.
As principais referências de legislação produzidas desde 1988 até os dias atuais e que
serviram como base para a criação do marco legal da presente pesquisa foram:
15
• Constituição Federal de 1988
um direito de todo cidadão e que cabe ao Estado o dever de ofertá-la. Ela estabelece
também que a assistência social brasileira será regida por um princípio não contributivo
composto pelo tripé das áreas de Saúde, Previdência Social e Assistência Social. O
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) de 1993 reafirma que a assistência social
é direito de todos e dever do Estado, sendo por isto uma política de cunho não
contributivo. A assistência social deve ser responsável por prover os mínimos sociais e
16
privada. A LOAS regulamenta a necessidade de participação popular na formulação da
política de assistência social, criando conselhos referentes aos três níveis de governo.
Social Básica e da Proteção Social Especial, esta última subdividida em ações de média
e alta complexidade.
A Proteção Social Especial destina-se a indivíduos que tenham sofrido violação de seus
que, ainda que tenham sofrido violação de direitos, mantenham vínculos familiares e
17
sociais, mesmo que estremecidos. A alta complexidade destina-se aos indivíduos cujos
foco de ação da assistência social do indivíduo para a família. A família torna-se centro
qual uma esfera de governo mais ampla só deve intervir nas ações níveis locais quando
o nível local não for capaz de, sozinho, lidar com os problemas que surgirem.
Para o nível municipal, define-se que as ações de Proteção Social Básica devem ser
distribuídas pelo território e ter abrangência local. No caso das ações da Proteção Social
Especial, algumas delas podem ser ofertadas de forma regional, abrangendo mais de um
território local.
18
A participação popular é instituída no SUAS principalmente através dos conselhos de
19
da definição de políticas públicas e políticas sociais e do histórico de avaliação destas
contexto institucional do país, trazendo o debate sobre a forma como os tipos ideais de
demandas pelo sistema político instituído. O capítulo quatro discute o Estado de Bem-
Estar Social, destacando seu surgimento histórico, tipologia de acordo com os tipos
Brasil. O capítulo cinco traz o marco teórico utilizado. Ele aponta as perspectivas de
Brincar, realizado nos capítulos oito e nove. O capítulo oito destina-se à caracterização
do serviço. O capítulo nove faz uma breve avaliação dos itens caracterizados no
capítulo anterior.
20
PARTE 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO E DEBATE TEÓRICO-METODOLÓGICO
Para os fins deste trabalho, identifica-se a política pública por uma ação ou intervenção
conjunto das decisões e ações relativas à alocação imperativa de valores por parte do
governo.
A política pública é formada por ações rotineiras do Estado, e que estão ligadas a uma
estrutura burocrática própria, seja para a prestação direta do serviço público, seja para o
controle das condições desta prestação1. As políticas públicas podem ser divididas em
1
SILVA, 2005
2
SIMAN, 2005
21
para si mesmo o mínimo necessário para sua própria sobrevivência3. Em uma sociedade
capitalista e inteiramente monetarizada, cada indivíduo deve ser capaz de gerar para si
uma renda mínima necessária ao consumo de bens básicos para a própria sobrevivência.
As políticas públicas que têm como objetivo a garantia do mínimo social passam a ter
social será aqui considerada como uma política pública que tenha como objetivo o
3
DUPAS, 1998
22
1.2 AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PERSPECTIVA HISTÓRICA
A avaliação de políticas públicas teve seu boom na década de 1960, com início
públicas, realizado nos Estados Unidos da década de 1960, teve como desenho
execução das políticas a partir desta absorção, realizada pelos diferentes atores. A
das políticas públicas implementadas pelo governo dos Estados Unidos garantisse a
4
FARIA, 2005
5
ALBAEK, 1998. In FARIA, 2005
23
Na década de 70 o otimismo inicial da primeira onda de avaliações de políticas públicas
realizadas foi sendo, aos poucos, substituído por uma visão mais realista acerca das
dominado as avaliações feitas até então, foi aos poucos sendo substituído pelo
atores, com localização institucional dada e lógica de ação diferenciada a partir desta
mais precisa da literatura a este respeito acaba fazendo com que o campo de estudos de
6
Idem
7
ROSEMBERG, Fúlvia, 2000
24
públicas e mais especificamente das políticas sociais dependem amplamente do
processo de escolhas são muitas e incluem setores da sociedade civil, segmentos sociais,
implantado define pouco a pouco o formato das políticas que serão estabelecidas. O
8
ABRANCHES, 1987, p.11. Citado em ROSEMBERG, 2000
25
CAPÍTULO II – CONTEXTO INSTITUCIONAL
FEDERALISTAS
periódicas e competitivas como regra de ocupação de cargos públicos, quadro legal bem
26
2.2 LIBERALISMO E DEMOCRACIA
27
O Executivo é a instância responsável pela rotina do governo. A ele cabe a tarefa de
organizar rotineiramente suas ações e colocá-las em prática. No entanto sua prática está
pautada em leis, que lhe fornecem o quadro institucional no qual deve inscrever suas
ações. Estas leis são produzidas na esfera do Legislativo. Além da definição do marco
Portanto, ainda que caiba ao Executivo a organização rotineira da política, suas ações
prática, o foco do poder político, no que se refere à iniciação de políticas, está na esfera
enquadramento dos indivíduos: são todos eles indivíduos eleitos em eleições livres,
eleitos neste processo representam grupos de interesse, que, por sua vez, se organizaram
distribuem seus votos aos partidos que mais se aproximam de seus próprios interesses.
28
Na esfera do Executivo encontramos atores de três categorias distintas, com papéis
indivíduos indicados pelos eleitos para os chamados cargos confiança (os atores
a partir deste quadro, uma vez que a lógica de ação de cada tipo de ator será diferente,
organização do Estado.
liberal-democrático, que as funções do Estado sejam definidas por lei. Os governos não
podem atuar livremente, mas têm suas ações amparadas e limitadas por um quadro
legal, que expressa as regras do jogo e define, por exemplo, o que é considerado
9
SIMAN, 2005
10
BOBBIO, 2007
29
obrigação de Estado e o que pode ser opção de governo. O princípio constitucionalista
heterogênea nas posições a partir das quais os indivíduos se associam para interferir
podem fazer escolhas e ter motivações para mobilizar-se na esfera pública, em busca de
mudanças – e que eles não atuam sozinhos, mas em grupos. A sociedade é formada por
30
2.3 FEDERALISMO E DESCENTRALIZAÇÃO
utilização.
Em primeiro lugar, o autor define o termo como “um processo nitidamente político,
poder decisório a governos subnacionais, que adquirem autonomia para a) escolher seus
elaborar uma legislação referente às competências que lhe cabem e, por fim, d) para
11
ABRÚCIO, 2006
31
população local em relação ao governo local, o surgimento de conflitos étnicos que
terceira onda, nas quais em geral a democracia se relaciona intimamente com o processo
a de que a proximidade dos governos com seus cidadãos cria maior possibilidade de
campo das políticas públicas, por permitir um maior campo de movimentação dos
gestores.
32
A primeira dessas questões refere-se à capacidade de sustentação da unidade do Estado
segunda questão refere-se à questão das desigualdades entre as regiões, trazendo à tona
eficaz para lidar com as novas funções repassadas aos entes subnacionais. A criação de
Por fim, cabe destacar o papel da interação entre os vários níveis de governo e do
governo.
uma federação deriva de uma situação federalista. Uma situação federalista pode ser
descrita como aquela em que uma enorme heterogeneidade divide o território nacional –
sejam quais forem os tipos de diferença que o marquem – e ao mesmo tempo uma
33
tentativa de resguardar autonomias locais, sem que para isto a esfera central seja negada
ou prejudicada.
deve ser gerida pelo nível central de governo. Para este autor, existem alguns tipos de
política pública que são “grandes problemas” que os estados ou municípios não seriam
política deve ser organizada no nível central e coordenada por este nível de governo,
uma vez que este é o nível de governo responsável por estabelecer a gestão
realizar a coordenação das ações das várias esferas de governo. Segundo o autor, as
políticas públicas que têm maior integração e atividades coordenadoras – que são de
34
responsabilidade do nível central de governo – são aquelas que têm as características
partes que compõem o pacto aceitem que o nível central de governo – governo federal –
seja responsável pela coleta da maior parte dos tributos e por sua devida redistribuição,
recursos.
O modelo federativo, como já se disse, pressupõe uma situação federativa do país. Esta
prevê que o nível central de governo seja responsável pela administração e recolhimento
da maior parte dos tributos cobrados. A distribuição dos recursos não segue a lógica de
35
As políticas públicas são financiadas, em cada nível de governo, pelos tributos
ressaltar que toda política pública necessita de financiamento público e que, portanto, a
disputa pelos recursos que permitirão a implantação e execução das políticas torna-se
36
CAPÍTULO III – O CONTEXTO INSTITUCIONAL BRASILEIRO
A noção de desenvolvimento político proposta por REIS (2000) envolve três aspectos
dominante, cuja resolução seja crucial para que a convivência permaneça possível. O
reconhecimento deste governo é uma questão crucial, que requer uma unanimidade e
coloca em segundo plano outros conflitos, principalmente porque estes outros conflitos
37
levam à desagregação – princípio oposto ao desejado no período de afirmação da
existência legítima de um Estado. A luta pela unificação não é e não pode ser uma luta
de classe ou de grupos sociais específicos, mas é uma luta de elites políticas que
Na segunda etapa, também chamada de etapa ideológica, Fábio Wanderley Reis chama
atenção para o fato de que as demandas dominantes passam a ter um caráter distributivo
intervencionismo.
38
disputas e problemas distributivos podem surgir a qualquer momento, retornando-se
39
3.2 ESTADO BRASILEIRO
O Brasil da década de 1930 até os dias atuais se coloca na etapa ideológica de seu
da massa de eleitores.
Estado brasileiro neste período atua como pólo positivo de dois processos fundamentais:
BOSCHI e LIMA (2002) defendem a idéia de que o Estado no Brasil, desde a década de
30, é caracterizado por uma presença forte do poder executivo, principalmente federal.
capitalismo brasileiro. É ele quem planeja e elabora estratégias para viabilizar tal
planejamento estatal inclui também uma antecipação de conflitos possíveis entre grupos
conflitos, se adequasse a eles de modo a não permitir que eles eclodam. A principal
40
maneira utilizada pelo Estado para lidar com as demandas que surgiam foi o
corporativismo, que cria uma comunicação direta dos grupos com o poder executivo,
escapando do debate aberto do poder legislativo. Abre-se um novo campo legítimo para
Embora aparentemente este novo arranjo retire poder regulatório das mãos do
executivo, uma vez que coloca a maior parte das funções anteriormente realizadas por
ele nas mãos de empresas privadas e cria agências reguladoras para acompanhá-las,
Boschi e Lima defendem que o poder executivo permanece com grande capacidade de
legislativo e agências reguladoras), o que acaba por fazer com que as ações destas
41
MARTINS (1991) identifica algumas transformações do Estado brasileiro ocorridas
em países periféricos a função do Estado vai além: não só ele deve criar condições de
manutenção desta forma de organização da economia, mas ele deve ser capaz de induzir
ter o papel indutor do sistema econômico vigente fez com que o Estado brasileiro
O Estado acaba por adotar uma lógica de atuação tipicamente empresarial. Aqui fica
evidente que a preocupação central deste Estado não é a sociedade e seu bem-estar, mas
panorama amplo sobre as possíveis interpretações do tema feitas até então para, em
42
seguida, propor uma forma de interpretação que procure trazer à cena a importância
meramente pólo aglutinador dos interesses sociais de grupos específicos. A política não
Para Schwartzman o que ocorre no Brasil é uma luta pela conquista de posições de
política, que leva a grupos políticos diferenciados com base em uma classe de origem.
como campo privado das elites. Isto quer dizer que a política para o autor tem como
compreender a lógica das alianças entre elites sob a tutela do Estado e a evolução do
43
VELHO (1976) tem como foco de sua análise a relação entre o campesinato e a
Estado enquanto núcleo deste processo de transformação. Mais uma vez reaparece a
que não impliquem em grandes rupturas com o passado. O Estado atua simultaneamente
promoção de mudança.
fraqueza da sociedade civil no país. Dado este cenário, o Estado se beneficia através de
seu papel estratégico de mediação entre grupos e entre o país e o cenário internacional, e
interno. Mais uma vez ressalta-se a característica antecipatória do Estado brasileiro, que
classes na política.
44
3.3 FEDERALISMO
pressupõe uma divisão, tanto administrativa quanto de poder regulatório, entre unidades
consociativo entre elites dirigentes que optaram por um formato de divisão regional do
anos teve um movimento pendular de maior centralização do poder nas mãos da União
federadas.
centralizador. Neste sentido o federalismo era visto como uma solução para libertar o
país de uma situação de centralismo exacerbado, que era visto como impeditivo de uma
45
autonomia mais racional para a promoção do crescimento do Estado e para a resolução
unidas.
dias de hoje, sua dinâmica real, bastante variada no tempo, esteve diretamente
centralização foram as que trouxeram a preocupação com uma direção global dos
A crise política e econômica que marcaram os anos 1980 no Brasil teve grande
a crise econômica, causada pelas duas crises internacionais do petróleo, foi responsável
por uma grande elevação do endividamento do Estado brasileiro. Esta crise econômica,
no intuito de balancear as próprias contas. A crise vivida nos anos 1980 foi definida por
uma situação de desequilíbrio fiscal, alto endividamento externo, desordem das contas
46
públicas, além de altos índices de inflação, recessão e desemprego na conjuntura
econômica interna. CERQUEIRA (1997, p. 20) define que esta era uma crise estrutural
caracterizada pela “[...] corrosão da ordem pregressa, dado o acirramento das tensões
entre seus elementos constitutivos”. Para a autora a crise era devido ao desgaste do
sua última instância, levaria o Estado a perder sua capacidade de atuar como o principal
teve também que ser revista. O caráter centralizador, com benefício da esfera da União
em detrimento das esferas estaduais e municipais teve que ser revisto e a organização do
Estado reformada.
aparecem, neste momento, como uma necessidade para um novo federalismo que se
47
formava no país. A correspondência entre descentralização e democracia feita neste
momento fez com que fosse produzido um novo arranjo federativo de caráter
de serviços públicos seriam mais eficientes e que, portanto, elevariam os níveis reais de
12
ARRETCHE, 1996
48
O novo federalismo brasileiro instaurado em 1988 apresenta o princípio da
ser executadas pela instância de governo mais próxima do cidadão. É definida, assim, a
primazia do município sobre os entes estaduais e destes sobre o governo federal no que
49
3.4 LIBERALISMO E DEMOCRACIA
Para a Teoria da Escolha Racional, todo ator político se guia por objetivos a serem
de acordo com o aparato técnico e burocrático disponível para utilização, o ator político
traça seus passos para que se chegue à meta definida. Uma das estratégias de atores
brasileira, ainda que a mesma não fizesse parte das escolhas que as elites políticas
O liberalismo no Brasil, como aponta Santos, não nasceu de uma sociedade que se
pública. A opção pelo liberalismo no Brasil tem origem nas elites políticas que usaram a
50
políticos. Para Santos a opção pelo liberalismo é também uma opção pela cidadania
regulada.
sociedade composta por indivíduos, possa ser interpretado como uma idéia fora de lugar
escravidão, ainda que esta estivesse sendo largamente contestada. Assim, para que todos
Ainda segundo Bolívar Lamounier, a elite política brasileira se difere da elite política do
de conflitos e impasses. Para este autor a elite política do Brasil tem um comportamento
de nossas elites políticas é o que explica a opção tanto pelo liberalismo como pelo
ideologicamente.
relacionada ao tipo de formatação do Estado que seria necessário ter para que se
51
efetuasse uma inserção no mercado internacional de forma civilizada e que garantisse
52
3.5 MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA
dos modos de desenvolvimento político brasileiro, nosso estado é responsável por uma
modernização que, no entanto, não permite que haja uma revolução burguesa. A
passiva.
operário – logo teve que ser alterada. Nos anos 30, com o surgimento do Estado Novo,
percebe-se uma ampla incorporação destas demandas. Esse tipo de processo ilustra o
ocorre de acordo com certo modo. Desta forma, podemos dizer que o modo de
país é capitalista e que existe uma classe – a classe média – responsável pelo setor de
empresariamento e que deve ter seus interesses reconhecidos politicamente, embora sob
mobilizada para a política através de discursos, educação moral e cívica, etc. Esse tipo
53
poder tradicional, apenas limitando parcialmente as oligarquias, ou seja, o estado amplia
O Brasil não possui uma elite burguesa e portanto não pode ter uma revolução burguesa.
Ele tem, no entanto, elites que são territoriais, ligadas à produção em grandes
história de um transformismo que não contém revoluções e não destrói o antigo regime,
mas persiste segundo uma lógica de revolução passiva e conservadora. Werneck Vianna
Ibéria, ou seja, a existência de uma visão de ordem que corresponde à direção das elites
mudanças radicais.
ênfase aos processos de mudança dos regimes e dos modos de incorporação dos
54
países da América Latina. O conceito de modo de desenvolvimento, tal como este autor
aqui recai sobre os atores sociais que se articulam na esfera política visando à
Um regime político pode ser visto como um padrão de distribuição de poder político
com uma estrutura constitucional que serve de base para a criação das instituições
mundo. Inicialmente se encontra ligada ao capitalismo, mas passa a se impor para além
que a gênese desta mudança seja social. Ele parte da premissa de que as pressões
políticas não ocorrem no plano político e sim no plano social, que está sofrendo
55
econômica. O modo de organizar uma sociedade, que se reflete no padrão de
distribuição de bens sociais e do poder político têm sua gênese na estrutura econômica
que dá lógica de organização e relação dos atores sociais. O modo como a base
econômica se articula será definidor dos atores sociais que se tornarão atores políticos
nacional civil, que pode ser central (como a Grã Bretanha e o EUA) ou jacobino
(França); o modo estatizante, que pode ser bismarckiano (Alemanha e Japão) e pós
compreensão deste modelo faz-se necessária a distinção entre a classe dominante – que
aqui será entendida como uma categoria social econômica importante – e a elite
dirigente – que aqui será vista como uma categoria política importante. A elite dirigente
através da virtude de atores sociais que já estavam, por meio de suas iniciativas
promovida por atores sociais e que acabam por se refletir em uma transformação destes
modo nacional civil jacobino tem como processo originário de modernização a esfera
uma elite dirigente, com funções políticas relevantes mas com funções econômicas
56
pouco definidas e sem vinculação de classes. Aqui quem promove a modernização é um
de estado, com classes dependentes deste. Para o modo estatizante pós revolucionário
percebe-se a formação de uma elite dirigente que alcança poder por via revolucionária e
no modo colonial – que pode evoluir, como é o caso do Brasil, para dar lugar a modos
principal ator, refletido como elites dirigentes e não como classes sociais. As elites
uma fragilidade das classes sociais, associada com uma situação de exclusão não
coletiva nesses casos que é complicada por causa dos constantes processos migratórios
57
plano cultural, a partir da origem territorial. A mobilização cultural de origem religiosa
Para Touraine, os indivíduos na América Latina têm uma lógica dos interesses que é
A modernização brasileira, para Touraine, foi resultado da ação de atores políticos e não
58
3.6 SISTEMA PARTIDÁRIO
ampliação do eleitorado. Tal ampliação fez com que fosse necessário uma
Vale ressaltar também que vários tipos de sistemas partidários são possíveis e se
o período de 1979 a 1996. A tese deste autor é a de que o sistema partidário brasileiro é
na verdade pouco institucionalizado. Ele pode ser caracterizado como volátil, pouco
O sistema é volátil uma vez que não consegue fidelizar um eleitorado, que se torna
então estável. A falta de identificação entre eleitores e partidos apresenta relação com a
59
volatilidade do sistema: a falta de identificação é tida como um dos incentivos à
voto faz com que a instituição partidária perca força enquanto referência para a
concorrência eleitoral. A falta de legitimidade dos partidos se relaciona não apenas com
à falta de identificação entre partido e eleitor, mas traz à tona também o problema da
imagem de partidos e políticos que foi construída no Brasil. Esta imagem permanece
negativa e aponta-se que tanto partidos quanto políticos estão entre as categorias menos
60
3.7 GRAMÁTICAS POLÍTICAS BRASILEIRAS
formas. NUNES (2003) propõe que existem diversas gramáticas da política brasileira,
possibilidades, para alcançar os fins planejados. Para este autor o Estado brasileiro não é
uma estrutura homogênea e não está dominado por algum grupo exclusivo. O Estado no
liberal, Nunes procura compreender a interação dos atores políticos e sua apropriação
brasileira é a leitura que os diversos atores têm da política, das instituições e das formas
de apropriação do espaço estatal para defesa dos próprios interesses. São quatro os tipos
O clientelismo é uma troca que envolve partes que têm uma relação assimétrica – uma
parte tem algo para oferecer. O clientelismo, segundo Nunes, aparece no Brasil seja em
sua forma mais tradicional, de oferta de pequenas benesses para o eleitorado, em troca
de votos, seja em sua forma política dentro do liberalismo. Em um sistema político que
61
político inserido no legislativo pode receber em troca concessões orçamentárias que
O corporativismo pode ter também uma origem social. Um grupo social pode decidir se
utilizado quando a elite dirigente tem por objetivo a promoção de mudanças do Estado e
62
é a de proporcionar o insulamento em relação à diversidade de interesses locais na
forte que serve para justificar a aplicação da lei no país, que, segundo esta lógica, não
poderia ser interpretada de acordo com os interesses que estão em jogo, mas deveria ser
formatação do Estado brasileiro como democracia liberal, que obedece aos princípios
63
CAPÍTULO IV – O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL
como partidos socialistas e sua evolução histórica leva a uma organização de partidos
Estar social.
ser enfrentado. Uma decisão importante deve ser tomada por este movimento:
64
Podemos perceber que a primeira dificuldade encontrada pelo movimento socialista foi,
portanto, estabelecer-se dentro de um sistema capitalista moderno, uma vez que este
sistema era exatamente o alvo que se pretendia atacar e possibilitar sua suplantação
criação dos partidos socialistas. Por mais paradoxal que possa ser a criação de um
65
sustenta em sociedades modernas, esta escolha se tornou, segundo Przeworski, um
própria ideologia, mas que não utilizasse da máquina eleitoral como forma de alcance
anteriores, ficaria difícil utilizar a máquina eleitoral para fins apenas de divulgação da
ideologia, uma vez que não havia outros espaços políticos instituídos que
possibilitassem lutar pelo socialismo. A segunda grande decisão, realizada por parte dos
66
A concepção inicial dos integrantes do movimento socialista previa que a revolução
socialista era inevitável. O tempo era a única coisa necessária para fazê-la surgir no seio
das sociedades capitalistas modernas. O tempo também faria com que a massa de
se dirigia para tal público. A experiência histórica, contudo, mostrou que, embora tenha
havido um crescimento expressivo da massa eleitoral operária, este crescimento não foi
reformas que visassem à melhoria da qualidade de vida dos operários, enquanto ainda
estivessem vivendo sob o sistema capitalista. Assim, a partir da atuação dos membros
sociedade.
logo fez com que membros do partido socialista passassem a considerar o exercício da
democracia surge como valor entre membros dos partidos socialistas e passa a ser
67
As reformas implantadas pelos partidos socialistas tiveram um efeito real na melhoria
capitalista será suplantado e substituído por um sistema socialista passa a ser, aos
de vida proporcionada pelas reformas implantadas, faz com que haja uma busca pela
Para que seja possível colocar em prática o novo plano político – ampliação das
O discurso dos partidos socialistas esteve, até então, voltado para a classe dos operários,
passava necessariamente por uma expansão do público para o qual se fala. Portanto, se a
A mobilização dos operários para o voto nos partidos socialistas, no entanto, provinha,
ampliação do público para o qual se fala pudesse trazer novos eleitores aos partidos
68
socialistas, esta ampliação era também responsável por um processo de perda de
Para que fosse possível a mobilização dos operários pelos partidos social-democratas a
partir de então, dever-se-ia partir de outras características, uma vez que ser operário não
se constituía mais como aspecto identificador do grupo. Por outro lado, uma vez perdida
esta identidade, os próprios operários podem ser mobilizados por outras características
que lhe sejam relevantes, defendidas por outros partidos, como a etnia ou a religião.
Cabe ressaltar, a este ponto da explanação, que um discurso reformista não traz em si o
opção pelo reformismo, segundo Przeworski, significava uma aceitação, por parte dos
69
O processo político democrático, unido às reformas implantadas pelos partidos social-
para Przeworski, fazem com que os partidos social democratas aceitem, ao longo do
são concebidas como uma forma de lidar com as mazelas trazidas pelo funcionamento
estes partidos tivessem uma alteração no foco de seus objetivos políticos que de
70
4.2 ESTADO DO BEM ESTAR SOCIAL – FORMATAÇÃO E TIPOLOGIA
democracia, segundo JESSOP (1990b), cabe afirmar que a função primordial do Estado
economia estável.
torna-se cada vez mais complexa. Principalmente a acelerada e elevada urbanização dos
trabalho13. Cada indivíduo não pode mais ser responsável por prover para si e para sua
família tudo quanto seja necessário para a própria sobrevivência. Neste sentido, cabe ao
Estado o provimento de bens e serviços básicos que permitam ao indivíduo destinar seu
O Estado é a estrutura organizada responsável, entre outras coisas, por prover serviços e
bens necessários para que os indivíduos estejam livres para destinar seu tempo a
13
WILENSKY, 1975; WILENSKY e LEBEAUX, 1965. Citado em ARRETCHE, 1995.
71
atividades produtivas altamente especializadas. O Estado de Bem-Estar Social (EBES) é
população.”14
beveridgeano.
século XIX, sob o governo de Bismarck, e previa seguros diversos, referidos aos
democracia. Seu princípio geral é de que o Estado tem que ter burocracias
garantido.
14
MEDEIROS, 2001. p. 6.
72
4.3 O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL NO BRASIL
seguridade social. No Brasil a história do Estado de Bem-Estar Social nos mostra uma
Social no Brasil, apontando as diversas fases pelas quais ele passa – início da década de
1930, 1937 a 1945, 1945 a 1964, 1964 a 1985, 1985 a 1993 e 1993 até os dias atuais.
15
Citado em MEDEIROS, 2001
73
O aumento da relevância da indústria na economia brasileira e o processo de migração
das zonas rurais para as zonas urbanas acabavam por pressionar a formulação e adoção
de políticas sociais. Cabe ressaltar que as políticas implementadas neste período tinham
formuladas e implantadas de forma autoritária. Além disto, eram marcadas pelo traço
força de negociação com o governo. Por outro lado, o Estado de Bem Estar Social teve
74
O desenvolvimento do capitalismo brasileiro segundo o autor era o objetivo principal do
proporcionar este desenvolvimento. Para que fosse possível este aumento do papel do
Estado, era necessária a despolitização das relações de trabalho – com a manutenção das
relações autoritárias entre governo e sindicato –, o que impediria também que os grupos
de oposição fizessem uso das forças sindicais. Além disto, pretendia-se que os
para suas decisões. Estas foram as linhas marcantes do início da década de 30 sob o
O período posterior, de 1937 a 1945, ainda sob o governo Getúlio Vargas, é marcado
O período que vai de 1945 a 1964 é, por sua vez, marcado ainda por um modelo de
fizeram com que o Estado nacional tivesse que alterar a forma de lidar com os
75
trabalhadores e com suas instâncias de representação. Foi permitida uma organização e
bismarckiana.
ressaltar que o regime militar pressupunha que a divisão de riquezas na sociedade seria
compensação deste processo, a fim de manter uma relação estável entre governo e
76
O período de 1985, fim do regime militar, até os dias de hoje – a chamada Nova
República – traz para a cena novamente a participação popular para a constituição dos
Contudo, durante os anos de 1985 até 1993 as políticas sociais brasileiras foram
cuidado das políticas sociais sofreram diminuição importante. A partir de 1993, com o
ganha novo fôlego. Os conceitos que baseiam as políticas implantadas a partir deste
instituídos. A assistência social passa então a ser uma política de Estado e não de
77
CAPÍTULO V – MARCO TEÓRICO
provisão de serviços sociais fosse assegurada como direito pelos Estados Nacionais16.
políticas sociais.
públicas e mais especialmente das políticas sociais que o mesmo produz. Neste sentido,
o estudo das políticas sociais traz à discussão a efetivação da cidadania nos contextos de
das abordagens utilizadas para o estudo das políticas sociais, para o autor, não tiveram
16
ARRETCHE, 1995
17
Para a discussão do conceito moderno de cidadania, vide MARSHALL, 1967
78
várias vertentes e perspectivas de análise, sem, no entanto, propor uma tipologia ou
caracteriza por uma forte orientação para a prática e por uma fraca teorização. Segundo
histórica. O serviço social, surgido nos EUA e na Inglaterra, no século XIX, firmou-se
como reação contra a teoria liberal ortodoxa e extremada que reinava à época. O
liberalismo do século XIX propunha a não intervenção do Estado e admitia que fossem
deixados à própria sorte aqueles que não conseguissem, por si só, realizar-se no
contexto, menos como uma teorização sobre o liberalismo e mais como uma tentativa
econômica e política.
visto no surgimento, nos EUA, do próprio serviço social. O serviço social surgiu na
vida da população. Para efetivação do seu objetivo, a perspectiva do serviço social tende
79
a concentrar seus esforços no estudo de programas de governo e de empresas
único e próprio do que seja a política social. Embora seja uma perspectiva que possa ser
traz para o debate a preocupação com problemas socialmente relevantes e uma adesão a
valores humanitários. Vem daí sua maior contribuição para a teorização sobre políticas
sociais.
A teoria da cidadania tem como maior expoente T. H. Marshall (1967) e sua definição
da idéia de cidadania. Para este autor a cidadania é um conjunto de direitos, que podem
candidatando-se aos cargos políticos, seja votando para escolher os eleitos aos cargos –
segurança, garantindo uma qualidade de vida minimamente digna. Para este autor
haveria uma “ordem natural dos fatos” segundo a qual as sociedades progrediriam e
sociais, nesta ordem de aparecimento. A cidadania integral seria dada apenas a partir da
A principal contribuição de Marshall para o estudo de políticas sociais não está em uma
definição clara do que seriam as políticas sociais, mas na colocação em evidência de sua
80
importância como forma de garantia dos direitos sociais e, consequentemente, da
cidadania integral. Este autor pode ser considerado responsável, como aponta Coimbra,
por “trazer a discussão das políticas sociais para a “sala de visitas” da sociedade
a partir daí, a ser pensada e respeitada para além dos círculos de profissionais
Se para Marshall é clara a conexão entre a garantia dos direitos sociais e a formulação
de políticas sociais, não é tão clara assim a definição do que seriam exatamente esses
questionado sobre o que significa este mínimo a ser assegurado, Marshall responde de
este mínimo tivesse conteúdo diferenciado. Desta forma permanece indefinida não
a obra de Marx, os marxistas até a década de 1970, e os marxistas com produção nos
problema do estado do bem-estar social e das políticas sociais. Esta pouca dedicação ao
tema deve-se ao fato de que o autor considerava que o capitalismo seria o responsável
pelo acirramento da má qualidade de vida dos indivíduos e pela exploração de uns pelos
18
COIMBRA, 1987
81
outros, sendo o bem-estar e a verdadeira qualidade de vida alcançados apenas através de
uma revolução no sistema que desse origem à ordem socialista. Fazia pouco sentido,
seriam reconhecidas as necessidades básicas do ser humano e haveria, por este motivo,
No entanto, contrariando textos nos quais apresentava visão mais militante, Marx não
próprio curso. Elas deveriam ser conquistadas pelos trabalhadores. A política social
para que se chegasse a resultados favoráveis à classe operária. Além disto, para Marx as
políticas sociais eram forçosamente limitadas, uma vez que, por um lado, eram
incapazes de oferecer o bem-estar global dos trabalhadores – que somente seria possível
82
Os autores marxistas, que vão até meados dos anos 1970, procuraram demonstrar,
negando esta última característica da obra de Marx, que a política social estaria
Para esses autores, portanto, o estudo aprofundado de políticas sociais tinha pouca
importância, uma vez que estas eram apenas atributos de manutenção de um sistema,
integrantes da direita, foi necessária uma reformulação de sua interpretação sobre estas
políticas. Se à direita não interessava a manutenção das políticas sociais, como forma de
direita. Uma nova preocupação com o estudo de políticas sociais surgiu, ainda que tenha
surgido no momento em que estas iniciavam seu período de decadência. Essa nova
corrente propôs a revisão da corrente marxista pré anos 70, assim como da conceituação
83
de industrialização levaria a que todas as sociedades industrializadas tivessem situações
tecnológica das situações dos países, ignorando a dimensão cultural e política, que são
importantes para a passagem de uma situação para uma problemática e, enfim, para uma
solução.
considerada como uma arena, onde uma pluralidade de atores e grupos de atores, a
é vista como esfera autônoma. O Estado é um conjunto não articulado de focos de poder
em compreender a forma pela qual os agentes públicos tomam suas decisões e não
teorias liberais, de autores como Friedman, não procuram compreender a política social
em si, mas defendem sua drástica diminuição. Segundo este autor a política social pode
84
ser no máximo inócua e muitas vezes prejudicial, por conduzir a uma perda de
execução das políticas sociais é conflitante nas várias vertentes, apontando para o
Para a presente análise nos apoiaremos especialmente nas discussões apontadas pela
discussão a respeito dos direitos sociais do indivíduo. Os direitos sociais são definidos
pelo autor como a garantia de um mínimo de bem-estar e segurança para o cidadão. Este
mínimo varia de acordo com a sociedade à qual se refira. As políticas sociais são
construídas de forma prover este mínimo social e por isso também têm conteúdo
85
5.2 CONCEITOS EM POLÍTICA PÚBLICA
O estudo das políticas públicas tem relação direta com as concepções de política que lhe
refere ao sistema político em si, buscando compreender qual a melhor forma de governo
e de Estado para garantir a felicidade dos cidadãos e da sociedade. Estas foram, por
do mesmo. Por fim, uma terceira abordagem sobre o estudo da política foca a análise
surgiram.
política.
19
Citado em FREY, 2000
86
foco sobre os atores e o processo de barganha, que dá origem às decisões políticas. Por
para o estudo de políticas públicas. No entanto, cabe a ressalva de que as três esferas
conflituoso e produz decisões de conteúdo concreto que podem ser avaliadas. Parece,
sobre outro.
pública é o de policy networks. Para HECLO (1978)20 entende-se por policy network “as
(1994)21 aponta que as policy networks são redes de relações sociais que se repetem de
20
Citado em FREY, 2000.
21
Citado em FREY, 2000.
87
SCHUBERT (1991)22 aponta para o fato de que, em democracias modernas, é crescente
atenção para o fato de que as redes de relações entre os atores das policy networks tem
Vale ressaltar, que embora as policy networks sejam de fácil acesso para grande parte
das políticas públicas, alguns setores destas políticas possuem uma rede de atores
exemplo, à política monetária, têm normalmente uma estrutura pouco acessível, com
network.
invés de abarcarem um setor de política pública como um todo, são denominadas issue
compreensão de uma política pública. FREYRE (2000) releva o fato de que os membros
“sua política”. Desta forma, as redes de atores agem de forma conjunta e solidária para
88
A policy arena foi um conceito introduzido no debate a respeito de políticas públicas
por LOWI (1972). Ela diz respeito às antecipações, realizadas pelos atores do processo
pelas políticas a serem implantadas têm efeito direto sobre o processo decisório destas
área de política a que se refere. As políticas públicas podem ser distinguidas, nesse
por serem as mais conflituosas, uma vez que envolvem a inclusão de alguns setores e a
ordens, decretos e portarias. Neste tipo de política é difícil prever os efeitos de custos e
25
LOWI, 1972, Citado em FREY, 2000.
89
processo decisório, seus consensos e conflitos, podem mudar a configuração da política
analisada.
É importante notar que os aspectos da polity, mesmo tendo um grande impacto efetivo
nas políticas públicas produzidas, não são normalmente alvos de debate público. Em
sociedade fica referida ao debate a respeito das policys, ou seja, do conteúdo específico
ter alterações em suas redes de atores, ao longo do tempo, torna-se relevante a discussão
da complexidade temporal das políticas públicas. A divisão por ciclos pode ser uma
ferramenta bastante útil para a investigação completa da vida de uma política pública,
90
FREYRE (2000) propõe a seguinte divisão dos ciclos de política pública: percepção e
e benefícios das linhas de ação possíveis, assim como a capacidade dos atores
possíveis de ação. Em geral estas escolhas estão pautadas no processo de barganha entre
barganha e tem seu formato razoavelmente delimitado quando chegam aos órgãos
decisórios.
91
A implementação de políticas refere-se à fase em que se colocam em prática as decisões
tomadas na fase de elaboração dos programas. Um aspecto relevante desta fase refere-se
A avaliação das políticas é o último policy cycle proposto por Freyre e se refere aos
impactos dos programas já estabelecidos. A avaliação destes impactos pode ter como
definidos anteriormente. Esta fase torna-se relevante para a adaptação das políticas às
mudanças da sociedade.
burocrática institucional do Estado, por atores nela situados. SIMAN (2005) destaca três
Os atores políticos são aqueles que ocupam cargos eletivos, que foram escolhidos
indicados pelos atores políticos para a ocupação de tais cargos e seu período no cargo
não pode ser determinado a priori; os atores técnicos são aqueles que fazem parte do
92
A lógica de ação de cada tipo de ator identificado pela autora é diferenciada e os
estímulos para estas ações também são diferentes. Os atores políticos obedecem à lógica
eleitoral ou após seu término. Seus compromissos são delimitados a partir dos pactos
Os atores técnico-políticos, por terem seu cargo vinculado a uma indicação de um ator
político, vinculam-se aos interesses deste último. Pode ocorrer, muitas vezes, que o
indivíduo que ocupe o cargo técnico-político não possua interesse nem formação
suficiente para o exercício eficaz de sua função, uma vez que o critério para sua escolha
A lógica de ação dos atores técnicos diferencia-se, ao serem divididos por técnicos
têm uma característica conservadora de suas ações, além de pouco estímulo à execução
uma linha de ação proposta por um ator político ou técnico político não se torna viável,
dos atores políticos faz com que haja também uma rotatividade das concepções que
servem como pano de fundo para a execução das políticas. O caso de uma identificação
93
políticas públicas pode definir uma situação política complexa, quando esta concepção
Os atores técnicos contratados têm ainda uma outra lógica de ação. A sua permanência
contratados não têm estadias de longa permanência em cada instituição. Eles aderem
mais facilmente às concepções políticas vigentes, uma vez que são contratados pelos
94
5.3 MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
se por ser auto-referente. Ele enfatiza o componente regulatório das políticas públicas,
possa significar a ineficiência da política. A falta de outros objetivos claros, para além
do controle dos procedimentos a serem utilizados, faz com que a administração pública
para o cidadão e de que os políticos, por si só, não são merecedores de um grande grau
95
de descentralização e de participação popular e na criação de instrumentos de
accountability26.
cidadãos são mais ativos e atentos na cobrança de resultados dos serviços públicos
oferecidos do que os próprios políticos. O nível local é a instância privilegiada para que
“agents”. Os principals são aqueles atores com poder de impor regras e controlar como
o poder público irá guiar suas ações. Os agents são os atores que executam as ordens
dos principals e cuidam da rotina da política pública. A definição do papel de cada ator
enquanto principal ou agent pode variar de situação para situação. Assim, por exemplo,
lugar dos agents – uma vez que terá a prerrogativa da ação – enquanto os candidatos
invertem e os agents passam a ser os políticos que ocupam os cargos eletivos, enquanto
96
desta implementação. Além disto, a identificação dos atores que têm o papel de agents
ou principals a cada momento pode ser relevante para indicar a forma adequada de
97
5.4 MODELOS DE ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS
SIMAN (2005) apresenta alguns modelos analíticos úteis para a análise e o estudo de
modos de produção de decisões de política pública, sendo estas vistas como um output
que define a forma como os ocupantes dos cargos públicos são escolhidos e a forma
como são criadas e executadas as políticas públicas. Conhecer o modo como está
98
importantes. Em primeiro lugar, reconhece-se que as políticas públicas são entendidas
como uma ação contínua do Estado em algum setor, sendo elas produto de decisões
resultam. Qualquer política pública resulta de um processo decisório político que lhe dá
origem. Este modelo analítico propõe o estudo de como a política pública em questão,
O modelo de teoria de grupos é o terceiro abordado pela autora. Este modelo entende a
neste sentido, é percebida como uma luta entre grupos, mediada por um arcabouço
modernas, ressaltando as formas através das quais esta pluralidade é absorvida pelo
sistema político.
preferências e valores de uma elite constituída. Para os estudiosos que utilizam este tipo
informação a respeito de política pública. Por outro lado, existe uma elite constituída,
com fortes interesses, que é capaz de moldar a opinião pública e forçar a tomada de
99
conservador das políticas públicas. Se as demandas não surgem das massas para o
governo, mas tem um movimento de cima para baixo – down-ward –, elas serão
modificadas apenas por decisões da própria elite política. Além disto, parte-se do
princípio de que as elites têm caráter predominantemente conservador, o que faria com
que as mudanças realizadas nas políticas públicas seguissem um caráter mais reformista
Vale a pena ressaltar que o modelo elitista não apenas deixa de lado a participação da
para o estudo dos conflitos dentro deste grupo. Nesta abordagem, a elite é tratada como
instituições democráticas têm aqui pouco valor e o processo de escolha dos governantes
é aparentemente simbólico, tendo pouco ou nenhum valor para a alteração efetiva das
política deve ser vista enquanto cumprimento de metas estabelecidas pelos governos. A
planejamento da política entende que a razão entre valores alcançados e recursos gastos
100
Esta abordagem segue a lógica do pensamento da Teoria da Escolha Racional, e por isso
para que seja possível falar em valores e importância destes valores para a “sociedade” e
não para cada grupo dentro dela. Além de bem informados, os atores são vistos como
indivíduos capazes de realizar cálculos que lhes dêem substância teórica para
modelo altamente prescritivo, que considera que os resultados serão ótimos, uma vez
O sexto modelo é o incrementalista. Ele entende que a política tem um caráter mais
condições nem sempre estão à disposição dos governantes, que, tendo que tomar
101
manutenção das políticas anteriores do que a proposição de novas políticas, que
O sétimo modelo de análise explicitado por Siman é o da teoria dos jogos. Este modelo
nas quais dois ou mais participantes têm que escolher entre as opções dadas. As
como qualquer condição externa ao sistema político. O sistema é dado pelo conjunto de
estruturas, instituições e processos que são utilizados na produção das políticas públicas.
As forças que afetam este sistema são consideradas inputs. Os outputs do sistema
político são justamente as políticas públicas. Embora esta seja uma abordagem eficiente
podem se expressar na produção e manutenção das políticas públicas, ela deixa de fora
composição.
102
Como é possível perceber, cada modelo explicitado valoriza certos aspectos na
Para fins deste estudo, procurou-se considerar ambas as formas de abordagem dos
No entanto, cabe ressaltar que no que se refere à ação dos atores, a presente análise
103
CAPÍTULO VI – MARCO LEGAL DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
federais:
dos rumos a serem implementados para a política de assistência social a partir de então;
104
• A Norma Operacional Básica do SUAS, de 2005, que regulamenta o funcionamento
105
6.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A legislação recente que regula o campo de assistência social no Brasil inicia-se pela
Constituição Federal de 1988, que, em seu artigo 203, assim assegura: “A assistência
neste caso, é definido pela necessidade à assistência, e não por algum critério
106
social no Brasil, um aspecto também típico do modelo beveridgeano de Estado de Bem-
Estar Social.
seguridade social.
demais rendimentos pagos a pessoas físicas ou jurídicas, por serviços prestados; através
áreas que lhe formam o tripé: saúde, previdência social e assistência social. No caso da
saúde, a seção II da Constituição Federal de 1988 prevê que as ações de saúde são de
107
cada nível de governo, da arrecadação de determinadas taxas e impostos, com vistas a
financiar o sistema público de saúde. A previdência social, por sua vez, está
regulamentada na seção III de nossa constituição. Seu caráter é definido, nesta seção,
da Constituição, que prevê que: “As ações governamentais na área da assistência social
serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195,
além de outras fontes (...)”. O orçamento da seguridade social, citado no artigo 195, não
define percentuais ou mínimos a cada uma das áreas que compõem seu tripé. Tampouco
mesmo depois de sua definição enquanto dever do Estado e direito de todo cidadão. No
assistência social como dever do Estado e direito de todo cidadão, altera a concepção a
social – juntamente com as áreas de saúde e previdência social – traz à tona sua
108
6.2 LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL - 1993
assistência social:
direitos sociais.
controle das ações e políticas de assistência social. São criados Conselhos Municipais
109
Política Nacional de Assistência Social é o Ministério do Bem-Estar Social, atualmente
da implantação de Conselhos referentes aos vários níveis de governo e que têm poder
deliberativo.
110
I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do
emergência;
Social;
28
BRASIL, Lei Orgânica da Assistência Social, 1993
111
A lógica de divisão de responsabilidades entre os níveis de governo mantém-se também
civil. São eles: o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, referente ao nível
Social e atual MDS, mas não elenca responsabilidades e atribuições dos Conselhos
112
– FNAS, entre outros. No que se refere à definição de diretrizes e ações por nível de
governo, a LOAS aponta o nível central como responsável pelo apoio técnico e
diretrizes elaboradas.
efetivação dos conselhos de assistência social – o que ressalta o caráter participativo que
Assistência Social. O FNAS é dirigido pelo órgão responsável pela direção da Política
Constituição de 1988, uma vez que define a existência e utilização do Fundo Nacional
política pública. O FNAS é a nova denominação, dada pela LOAS, para o Fundo
1990.
113
O FNAS é criado pela LOAS, como substituição ao antigo FNAC, em 1993. O Decreto-
• O FNAS “tem por objetivo proporcionar recursos e meios para financiar o benefício
CNAS.
do sistema de seguridade social no Brasil, uma vez que define novas fontes de
É importante notar que a partir da LOAS, passa a ser condição de repasse de recursos do
de assistência social, dos fundos de assistência social, sob orientação e controle dos
condição para repasse de recursos constitui-se como passo relevante para a criação da
29
Decreto-lei nº. 1605-95
114
6.3 POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – 2004
inovações para o campo teórico da assistência social como política pública no Brasil. Os
conceitos-chave que orientam este plano de ação, desenvolvido a partir de reuniões nas
de territorialidade.
da assistência social passa do indivíduo isolado para o grupo familiar no qual este
de indivíduos que estão unidos por laços consangüíneos, afetivos e/ou de solidariedade.
públicas de assistência social diz respeito à idéia de que a família é o núcleo primordial,
para que a família possa ser protegida e para que possa promover a inclusão efetiva de
seus membros na sociedade, é necessário que esta família seja capaz de ter, em primeiro
115
No que se refere ao conceito de territorialidade, a PNAS/2004 defende a idéia de que a
capilaridade dos territórios. O território é definido por referência aos níveis de governo.
política, são os municípios. Estes, por sua vez, podem se organizar internamente em
geral estes municípios têm forte presença de população rural, com cerca de 45 % da
social necessário a municípios com este porte, dadas suas características gerais de
116
dos municípios de porte pequeno 1. A concentração de população rural é de
aproximadamente 30%.
A rede de proteção social básica deste tipo de município necessita ser maior, em relação
• Municípios grandes: entre 100.001 até 900 mil habitantes, aproximadamente 25 a 250
exige uma ampla rede de oferta de políticas públicas em geral, e de assistência social
complexidade.
• Metrópoles: mais de 900 mil habitantes, média de famílias superior a 250 mil. A
117
grande. No entanto, as metrópoles possuem um forte agravante de suas condições
sociais, que são as regiões de fronteiras. A área que limita a região metropolitana é
normalmente caracterizada por uma forte ausência do Estado, agravando a situação dos
social, educação, saúde, emprego, etc. – assim como perpassa diferentes setores da
sociedade.
118
Ainda que a Constituição Federal de 1988 estabeleça que a assistência social seja direito
de todo cidadão, sendo dever do Estado provê-la, a PNAS/2004 introduz uma maior
exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias
pessoal e social.”30 Desta maneira há uma primeira especificação do público alvo para o
proteção social em dois tipos: proteção social básica e proteção social especial. Os
serviços de proteção social básica são aqueles responsáveis por garantir a prevenção às
30
BRASIL, Política Nacional de Assistência Social, 2004. p. 18
119
às famílias cujos direitos não foram violados e os vínculos familiares e sociais não
foram rompidos.
Os serviços que compõem a proteção social básica devem agir de forma integrada, tanto
entre si quanto em relação aos serviços da proteção social especial e outras políticas
públicas implantadas no nível local. A proteção social básica deve ter capilaridade nos
dos CRAS, que têm distribuição no território, por grau de vulnerabilidade da população
e número de famílias atendidas. Os CRAS têm a meta de atendimento a mil famílias por
ano.
identitária e de vínculos para seus integrantes e ser mediadora das relações com
atendida aos outros serviços que compõem a rede de assistência social. Eles devem
120
disponibilizar, em sua estrutura, os serviços de proteção social básica. Estes serviços são
amparar indivíduos cujos direitos tenham sido violados, mas que não tenham sido
Assistida (LA).
ocorrendo uma situação de rompimento destes vínculos. Fazem parte deste nível de
121
trabalho protegido e as medidas sócio-educativas restritivas e privativas de liberdade –
âmbito nacional. Os serviços que o integram têm foco prioritário nas famílias e se
a partir das funções que executam, do número de pessoas que referenciam e do grau de
social;
122
Os serviços sócio-assistenciais do SUAS se organizam como vigilância social, proteção
estabelecimento e divulgação, aos usuários do sistema, dos direitos que lhe são
interesses.
como de responsabilidade dos três níveis de governo, através dos fundos de assistência
Social – FNAS – criado pela LOAS e regulamentado pelo decreto-lei 1605/95. O FNAS
123
sociedade na definição da alocação dos recursos. Os municípios ficam responsáveis pela
em seu território.
de lidar de forma eficiente com os novos desafios colocados para a área de assistência e
assistência social no Brasil, que se caracteriza por uma superposição de políticas e uma
124
6.4 NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SUAS – 2005
Assistência Social, definida pela Constituição Federal de 1988, pela Lei Orgânica de
Assistência Social de 1993 e pela Política Nacional de Assistência Social de 2004, com
participantes, para que o acesso aos direitos de assistência seja garantido a todos os que
deles necessitarem;
• Ação em rede;
125
• A assistência social é parte do tripé da seguridade social, que inclui também a
previdência social e a saúde e cujas partes devem manter diálogo entre si para a
programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão
Assistência Social prevê seu ordenamento em rede, de acordo com os níveis de proteção
como ações continuadas.”33 Por fim, os projetos “Definidos nos arts. 25 e 26 da LOAS,
126
acordo com a PNAS/2004, esses projetos integram o nível de proteção social básica,
amplas não devem realizar as ações que as esferas menores estiverem aptas a realizar. A
intervenção das esferas federativas mais amplas deve respeitar a autonomia das esferas
locais, devendo ocorrer intervenção somente no caso de as esferas locais não serem
programas e projetos por conta própria. Além disto, os consórcios públicos possibilitam
estes municípios não têm estrutura suficiente para a manutenção dos serviços. A oferta
encontrem habilitados em nenhum tipo de gestão têm seus recursos geridos diretamente
34
BRASIL, Norma Operacional Básica / SUAS – página 22
127
Os municípios que não se habilitem para a gestão básica ou plena serão considerados
com recursos próprios para as ações de proteção social básica. Na gestão inicial as
Assistência Social – CRAS – de acordo com o porte do município e nas áreas de maior
• Médio Porte – mínimo de 2 CRAS, cada um para até 5.000 famílias referenciadas;
• Grande Porte – mínimo de 4 CRAS, cada um para até 5.000 famílias referenciadas;”
35
BRASIL, Norma Operacional Básica / SUAS – página 27
128
garantir a prioridade de acesso, de acordo com as necessidades das famílias, realizar um
que devem ter todos os municípios, com atenção à alimentação dos bancos de dados da
A gestão plena é aquela na qual o município tem gestão total das ações de Assistência
prestadora de serviços.
129
rede prestadora de serviços e de consórcios públicos, de realização da alimentação de
articular as políticas sociais dos diversos setores, propor, pactuar e coordenar o sistema
130
CAPÍTULO VII – POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
EM BELO HORIZONTE
7.1 O BH CIDADANIA
específicas dos usuários e não mais unicamente por modelos e pela capacidade de
A segunda definição diz respeito aos NAFs – Núcleo de Apoio às Famílias. Neste
36
Proposta de Avaliação do Programa Criança Pequena, p. 1
131
existentes na comunidade; planejamento participativo fundamentado nas prioridades
Mapa da Exclusão Social de Belo Horizonte. Este mapa foi construído a partir dos
Vulnerabilidade à Saúde.
população ali situada. A referência à população alvo do serviço é dada pelo recorte
educação. Outras áreas como cultura, esportes e abastecimento podem integrar sua
132
Comissões Locais (esferas de intermediação entre governo e comunidade local) e
– NAF’s, como serviço da política municipal de assistência social, de base local, nas
seguintes locais:
133
• Regional Leste: Alto Vera Cruz / Vila Cruzeirinho
ocupados pelo piloto do programa como para novos territórios e obedeceu a seguinte
configuração territorial:
134
• Regional Noroeste - Conjunto Califórnia
de sua expansão.
135
A organização da Assistência Social sob os moldes de um Sistema Único de Assistência
mínimo que lhe garanta qualidade de vida, e da noção de que cabe ao Estado a garantia
ações de média complexidade são aquelas voltadas para um público que sofreu alguma
violação de direitos, mas que mantém, ainda que fragilizados, os vínculos familiares e
comunitários. As ações de alta complexidade têm como objetivo lidar com o público
comunitários.
A política de assistência social em Belo Horizonte é marcada por inovações. Muitas das
inovações estabelecidas por este campo foram mais tarde implantadas nacionalmente,
136
mais tarde será transformado nos CRAS de Belo Horizonte, denominados NAF/CRAS –
137
7.2 POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL PARA A CRIANÇA
PEQUENA
significa dizer também que é criada a responsabilidade estatal sobre sua oferta.
A prefeitura de Belo Horizonte passou, em sua histórica recente, por uma série de
2001, altera a lógica de divisão das secretarias de políticas públicas. Até então, a gestão
prática, uma vez que “Trata-se de uma grande responsabilidade, mas sem contar com a
legitimidade e os meios para efetivar a tarefa árdua de colocar para operar juntos setores
138
consolidados (educação e saúde) com outros menos consolidados (assistência),
abastecimento. Este novo desenho traz a assistência social para o lugar de secretaria
para o mesmo nível hierárquico das secretarias de Educação e Saúde, o que não ocorria
anteriormente.
por este campo de políticas públicas, de 2000 até os dias atuais. Além das várias
a constituição das secretarias, pouco a pouco, passa de uma divisão por ciclo de vida e
deficiência, etc., são substituídas pelas gerências de proteção social básica, proteção
social de média e alta complexidade, etc. Ainda que a abordagem prática mantenha
37
VEIGA e CARNEIRO, 2005
139
referências às características de ciclo de vida e conjunturais e/ou estruturais, os
integrada.
que tinham financiamento público parcial. As ações para a criança pequena – zero a seis
desta rede.
Social em direção à Secretaria de Educação38. Uma vez que a criança pequena era
Educação, houve um vazio de políticas voltadas para esta faixa etária na secretaria de
assistência social.
pertinente, é definido pelo ciclo de vida – crianças, jovens e idosos – e de acordo com
38
Projeto e Objetivo do Programa Criança Pequena
140
Neste sentido a criança pequena é parte da definição de público alvo da Assistência
Social, por enquadrar-se na definição de ciclos de vida mais vulneráveis. Além disto, o
Uma vez estabelecido que a criança pequena é parte obrigatória do público alvo da
Assistência Social, fez-se necessário que pensar uma maneira diferenciada de inserir os
indivíduos desta faixa etária nas políticas públicas de Assistência Social. Até então as
ações destinadas a esta faixa etária resumiam-se à oferta de creches. Com o início do
uma forma alternativa de abordagem a este público, que suprisse espaço aberto por esta
migração.
Com o intuito de elaborar e organizar as ações direcionadas a este público, assim como
objetivo principal a discussão das novas frentes de ação para o público de zero a seis
anos de idade. Este seminário surgiu como uma recomendação da III Conferência
com o Estatuto da Criança e do Adolescente, faz parte dos direitos desta faixa etária:
39
Este estabelecimento foi dado pela Constituição Federal de 1988 e mais especificamente através do
Estatuto da Criança e do Adolescente, datado de 1990.
141
• A proteção à vida e à saúde;
seu cuidado – o que inclui alimentação, higiene, proteção, sono –, a estimulação de seu
Como resultado do seminário, foi criado o Programa Criança Pequena, com três
anos, Se essa praça fosse minha e a Casa do Brincar. O programa trazia concepções
142
Na formulação do Programa Criança Pequena, é possível notar um fortalecimento da
sentido defendia-se, já em 2002, que ”Em Belo Horizonte, a política municipal para a
criança pequena está baseada nesta perspectiva. A família deve contar com o apoio e a
de sua família na sociedade. A Casa do Brincar, obedecendo esta diretriz, surge como
uma tentativa de promoção da qualidade das relações entre as crianças e entre estas e
nível local, para o atendimento às crianças pequenas e suas famílias, com o objetivo de
40
Projeto e Objetivo das Casas do Brincar
41
Idem
143
PARTE 2 – ESTUDO DE CASO
PNAS/2004 E LOAS, segundo a qual os serviços são atividades que têm por objetivo a
melhoria da qualidade de vida da população e cujas ações estejam voltadas para suas
Pequena, criado pela Prefeitura de Belo Horizonte no ano de 2000. O Programa Criança
Pequena é composto por mais dois serviços, além do serviço Casa do Brincar: a
“Orientação Familiar”, voltada às famílias de crianças de zero a seis anos, e o “Se essa
praça fosse minha”, que possui o objetivo de preparar espaços ao ar livre, em local
coordenado pela Gerência de Proteção Social Básica, montada sob os novos moldes do
42
Criança Pequena – Publicação da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – Novembro de 2002.
144
Gerência de Proteção Social, que está subordinada à atual Secretaria Municipal Adjunta
Municipal de Políticas Sociais, que abarca também as áreas de cultura, esporte, lazer e
A definição do formato das políticas para criança pequena que seriam realizadas no
Social do Município para Criança Pequena: Formulando Novas Ações”, que ocorreu em
2000, quando tinha início também o processo de discussão da migração das creches
para a Secretaria de Educação. O debate a respeito das concepções que serviram de base
à construção da política para a criança pequena foi feito de forma participativa, através
145
8.2 CARACTERÍSTICAS DA CASA DO BRINCAR – ATORES RELEVANTES
Além dos cargos previstos acima cabe ressaltar também os cargos de supervisores,
serviço.
146
8.3 CARACTERÍSTICAS DA CASA DO BRINCAR – OBJETIVOS
O Serviço Casa do Brincar atua na esfera preventiva, da atual Proteção Social Básica,
comunitário.”43
das famílias, pretendendo agir também como um fortalecimento dos vínculos de seus
membros.
43
Proposta e Objetivo das Casas do Brincar
44
Idem
147
8.4 CARACTERÍSTICAS DA CASA DO BRINCAR – REGRAS –
PLANEJAMENTO INICIAL
política45:
vulnerabilidade, para que seja respeitada a definição de entorno como distância que se
• Permanência dos usuários do serviço por uma hora por dia, de duas a três vezes na
semana;
45
Projeto e Objetivo das Casas do Brincar
148
• Entorno previsto é definido como a distância que a família / o usuário do serviço
Brincar, as crianças e seus familiares brincam, duas a três vezes por semana,
acompanhados por um brincante.”47 Cada criança poderia permanecer por uma hora, a
cada dia, na Casa do Brincar. A delimitação de uma hora por dia obedecia ao
espaço.”48
46
Projeto e Objetivo das Casas do Brincar
47
Criança Pequena – Publicação da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – Novembro de 2002.
48
Projeto e Objetivo das Casas do Brincar
149
8.5 CARACTERÍSTICAS DA CASA DO BRINCAR – PLANEJANDO A
IMPLANTAÇÃO
O planejamento inicial de implantação das Casas do Brincar previa que esta fosse
• Ter dimensões do espaço amplas o suficiente para suportar guardar o acervo das
49
Projeto e Objetivo das Casas do Brincar
150
8.6 CARACTERÍSTICAS DA CASA DO BRINCAR – METAS PLANEJADAS
151
8.7 CARACTERÍSTICAS DA CASA DO BRINCAR – EXECUÇÃO
A Casa do Brincar é uma política de execução indireta, o que significa que existe uma
relação com a Prefeitura de Belo Horizonte é regida pela Lei Municipal de Parcerias, de
1997, e por um convênio, firmado entre as partes, válido por dois anos, e que pode ser
juridicamente, o que inclui estar em dia com todos os impostos e com certidão negativa
podem levar ao não repasse dos recursos previstos. De acordo com o entendimento da
152
Além disto, é responsabilidade da entidade executora o monitoramento do pessoal
existentes.
153
8.8 CARACTERÍSTICAS DA CASA DO BRINCAR – IMPLANTAÇÃO
REALIZADA
Brincar do Castanheiras foi fechada. Além das quatro Casas que permaneceram, outras
154
O horário de funcionamento das Casas do Brincar é extremamente variável. Segue
Casa de Brincar do Rua 281, Nº. 310 4ªs, 5ªs e 6ªs de 13h às 17h
Bairro Independência Bairro Independência
Barreiro
Casa de Brincar do Rua 281, Nº. 491– Bairro 2ªs, 3ªs e 5ªs de 8h às 12h e
Petrópolis Petrópolis de 2ª a 6ª de 13 às 17h
Casa de Brincar do Rua Diniz Dias, 145 2ªs a 6ªs de 13h às 17h
Abrigo Granja de Alto Vera Cruz
Freitas
Casa de Brincar da Rua Americano, 07 - Vila 2ª a 6ª de 13h às 17h e
Vila Fazendinha Fazendinha - Santa sábados de 9h às 13h
Efigênia
Casa de Brincar da Rua Melo Franco, 189 - 2ªs, 4ªs, 5ªs e sábados de 8h às
Vila Arthur de Sá Bairro União 12h e
Nordeste
Casa do Brincar Av. José Bonifácio, Nº. 2ªs, 4ªs e 6ªs de 13h às 17h e
Pedreira Prado Lopes 189 3ªs, 5ªs e sábados de 9h às 13h
São Cristóvão
Casa de Brincar do Rua Sessenta, 27 - 2ª à sábado de 8h às 12h e
Norte
Casa de Brincar da Av. Silva Lobo, 2379 2ªs, 4ªs e 6ªs de 13h às 17h e
Vila São José II- 3ªs, 5ªs e sábados de 8h às 12h
Oeste
Cascalho
Casa de Brincar da Rua Viana do Castelo, S/N 2ªs, 3ªs, 4ªs, 6ªs e sábados de 8h
Pampulha
Casa de Brincar da Rua Humberto de Campos, 2ªs, 4ªs e 6ªs de 13h às 17h
Vila Apolônia 60 Jardim Leblon 3ªs, 5ªs e sábados de 8h às 12h
Venda Nova
155
Ao todo doze Casas do Brincar têm funcionamento aos sábados e quatro funcionam
dez das doze Casas com funcionamento no sábado tendo horário matutino. Uma das
Casas do Brincar permanece aberta aos sábados durante a manhã e a tarde e uma delas
• Nove Casas funcionam nos turnos da manhã e da tarde. Dentre estas apenas duas
funcionam em todos os dias da semana nos dois turnos. As outras sete variam o horário
156
das condições de conservação das Casas do Brincar a partir das observações
A avaliação dos locais de implantação das Casas do Brincar foi parcialmente realizada
Casa do Brincar. A nota atribuída obedeceu a seguinte escala: ótimo, bom, regular,
ruim, péssimo.
O estado geral de conservação da entrada do lote foi considerado ótimo ou bom em sete
das dezesseis Casas do Brincar visitadas. Outras sete Casas tiveram o estado de
conservação da entrada de seu lote considerado como regular ou ruim. Duas Casas do
portanto não poderiam ser avaliadas em relação a este quesito. Estas Casas do Brincar
157
da Casa foi considerado ótimo ou bom. Em sete casos este estado foi considerado
regular ou ruim, com a ressalva de que apenas uma Casa do Brincar teve o estado de
No que se refere à estrutura interna das Casas do Brincar, destaca-se também seu caráter
maioria dos imóveis é composto por apenas uma sala – onze dos dezesseis casos. Em
158
O tamanho das Casas do Brincar foi definido de acordo com a capacidade de
em cada localidade. Optou-se por esta forma de mensuração uma vez que era
Foram criadas categorias para agrupar os tamanhos encontrados: até quatro crianças, de
cinco a oito crianças, de nove a doze crianças e mais que doze crianças. Vale ressaltar
definidas, por exemplo, na categoria até quatro crianças são capazes de suportar,
Em relação ao tamanho as Casas do Brincar, nota-se que boa parte das Casa do Brincar
têm capacidade de atendimento para até oito crianças, somando sete dos dezesseis
simultaneamente somam dez dos dezesseis casos. Em seis Casas do Brincar percebeu-se
159
CAPÍTULO IX – CASA DO BRINCAR – AVALIAÇÃO DO SERVIÇO
foi pensada e está atualmente organizada a política pública em questão. Interessa saber,
• Objetivos do serviço
160
• Regras do serviço
• Público alvo
• Entorno
do Serviço”. Será dada atenção às características de faixa etária dos usuários do serviço,
contemplada uma pequena análise a respeito das metas propostas pelo planejamento
inicial do serviço.
Vale a pena ressaltar que o caráter participativo da política não será analisado na
formatos que estas recebem a partir da interação entre governo e sociedade. No entanto,
a falta de tempo e de instrumentos adequados fez com que não fosse possível realizar
161
esta avaliação. Fica, portanto, a ressalva de que um aspecto relevante da formulação e
162
9.2 AVALIAÇÃO DA CASA DO BRINCAR – AMBIENTE INSTITUCIONAL
ano de 1992, por prefeitos do Partidos dos Trabalhadores (PT). Esta continuidade
continuidade dos serviços propostos pela prefeitura, assim como seu aperfeiçoamento
no tempo.
Criança Pequena foi estimulada a partir do processo político que ocorria na época –
migração das creches para a Secretaria de Educação. Ao mesmo tempo, havia uma
163
trabalho para a assistência social, em relação à criança pequena, com a mobilização dos
Belo Horizonte.
164
9.3 AVALIAÇÃO DA CASA DO BRINCAR – ATORES RELEVANTES
No que se refere aos atores diretamente ligados à execução do serviço Casa do Brincar e
que estão localizados na estrutura da Prefeitura de Belo Horizonte, percebe-se que todos
eles têm como característica serem funcionários públicos concursados. São eles os
atores em uma instituição pública. O fato de que os atores responsáveis pela Casa do
técnicos concursados – e da coordenação do serviço ter sido sempre realizada por este
escassamente coletadas. Por este motivo não será empreendida uma análise de suas
necessárias.
165
9.4 FORMULAÇÃO DO SERVIÇO CASA DO BRINCAR
SERVIÇO
A política pública municipal Casa do Brincar utiliza o lúdico como veículo para o
166
identificado casos de violação de direitos em relação a essas
política.”50
Em outra entrevista, percebe-se que o papel da Casa do Brincar está mais fortemente
novo. Então assim, o que que, qual que é a lógica, vamos dizer
ele não poder, porque não é esse o objetivo do serviço, ele não
Brincar ela tenta, pelo menos ela tenta garantir isso. Trabalhar o
50
Entrevista realizada em 19.06.2008
167
brincar pelo brincar. Porque se você entra, se a criança entra na
vai pra além. Ele vai pra onde? Porque quando eu falo de vínculo
adolescência (...)”51
regras básicas de utilização, para o caso de serviços – é necessária para fazer com que
51
Entrevista realizada em 17.06.2008
168
9.4.2 AVALIAÇÃO DA CASA DO BRINCAR – FORMULAÇÃO: REGRAS DO
SERVIÇO
ao serviço por uma hora por dia, de duas a três vezes por semana e ao acompanhamento
A permanência dos usuários por apenas uma hora, durante três vezes por semana,
exclusivo em apenas um dos turnos – que ocorre em sete das dezesseis Casas – pode
Por outro lado, o usuário desacompanhado, embora possa usufruir dos benefícios que a
brincadeira traz para o seu desenvolvimento psíquico e social, terá o objetivo de criação
169
9.4.3 AVALIAÇÃO DA CASA DO BRINCAR – FORMULAÇÃO: PÚBLICO-ALVO
documentos e entrevistas é aquela que define a faixa etária de referência dos usuários –
crianças de zero a seis anos. No entanto, a definição de quais crianças, nesta faixa etária,
Segundo o Projeto e Objetivo das Casas do Brincar, o serviço atenderia a uma demanda
Famílias, pela rede de serviços de saúde, educação, e por pastorais da igreja católica.
• Crianças que não têm em casa brinquedos, espaço ou companhia para brincar;
mais apurada da população alvo. Uma das entrevistas realizadas ilustra o debate de
170
focalização empreendido no campo da assistência social e traz à tona a dificuldade para
deveria ser universal de fato, porque traz a criança pra cena da política
criança de fato, então eu acho que ela proporciona que o adulto comece
expressa. Mas ela não é. Não é até porque o recurso que vem, que
vinha até então, porque esse ano mudou, vinha carimbado pelo
ministério, atende x crianças, então você tem que atender, e aí tem uma
(...) e é a incoerência que a gente vive hoje, você tem uma proteção
social básica que é preventiva e que deveria ser então daquele que
52
Entrevista realizada em 19.06.2008
171
9.4.4 AVALIAÇÃO DA CASA DO BRINCAR – FORMULAÇÃO: ENTORNO
Assim como ocorre com a definição da população alvo, a definição do entorno das
O projeto inicial das Casas do Brincar definia como território de atendimento a distância
que se poderia percorrer a pé para ir até o serviço e utilizá-lo. Este entorno se modifica
abrangência do NAF – e posteriormente passa por uma nova mudança, com a inserção
do SUAS e dos NAF/CRAS – quando passa a se definir pelo território dos NAF/CRAS
proteção social. Dentro dos serviços oferecidos para a Proteção Social Básica, inclui-se
o serviço Casa do Brincar. Portanto, as Casas do Brincar que estão situadas dentro ou
nas proximidades dos territórios dos NAF/CRAS foram aderidas ao seu equipamento.
No entanto, nem todas as Casas do Brincar estão situadas nestes territórios. As Casas do
Regional Leste – não estão situadas em territórios NAF/CRAS. Por outro lado, não
houve uma redefinição da noção de território para estes casos, para que a delimitação da
área a ser abrangida pela execução do serviço em locais não referenciados pelos
172
9.5 IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO CASA DO BRINCAR
FUNCIONAMENTO
metros quadrados para o local de instalação, a realidade dos contextos e entornos onde
Casas foram instaladas fez com que esta regra tivesse que ser flexibilizada, uma vez que
proposta da política fez com que algumas Casas do Brincar terminassem por ser
instaladas em locais de tamanho menor do que o mínimo previsto em seu projeto inicial.
As Casas do Brincar tinham sua implantação prevista em locais amplos, arejados, com
banheiros, instalação para bebedouros, de fácil acesso e que fossem seguros. As Casas
173
tamanho, à proximidade da população de alta vulnerabilidade social e às instalações de
banheiro e hidráulica.
conservação da entrada do lote das Casas do Brincar traz uma concentração relevante –
Casas do Brincar tem a conservação da entrada do seu imóvel avaliada como regular ou
ruim. Estes dados apontam para a dificuldade na oferta de locais apropriados para o
A utilização dos dados referentes à estrutura interna das Casas do Brincar, coletados
Gerais não puderam ser disponibilizados e, portanto, não será possível realizar a
Casa do Brincar.
53
A este respeito, ver capítulo 8, subitem 8.8.
174
9.5.2 AVALIAÇÃO DA CASA DO BRINCAR – IMPLANTAÇÃO: PRÁTICA DO
SERVIÇO
estabelece a presença de apenas um brincante por Casa do Brincar durante seu turno de
funcionamento.
proposição de atividades conjuntas para a família, ou sozinhas, o que fará com que o
brincante procure desenvolver atividades que envolvam as outras crianças que também
por Casa, durante seu funcionamento. As principais atividades deste brincante seriam:
175
A delimitação de apenas um monitor/brincante por Casa do Brincar e o acúmulo de
tarefas sobre este ator é problemática para a execução eficaz da política. As principais
cadastramento de usuários.
A faixa etária da população alvo do serviço – zero a seis anos – pode ser considerada
bastante heterogênea, no que diz respeito às suas necessidades de atenção por parte do
são direcionadas aos bebês – zero a três anos – e às crianças pequenas – quatro a seis
idéia de que a família constitui o foco de planejamento da política. Neste sentido, a Casa
do Brincar é uma política pública que, através das crianças de zero a seis anos de idade,
busca alcançar o núcleo familiar e atuar sobre seus vínculos afetivos. Um aspecto
serviço Casa do Brincar freqüentemente são compostas também por crianças de outras
176
familiar, e que seja apenas um acompanhante por usuário, dificulta a dinâmica de
cuidado com as próprias crianças dentro de famílias onde a faixa etária das crianças é
mais ampla. De fato, pode ocorrer que famílias com crianças com mais de seis anos
tenham que destinar um familiar, que seria acompanhante do usuário do serviço, para o
cuidado da criança maior de seis anos que não pode freqüentar o serviço. Neste sentido,
do Brincar.
177
9.6 AVALIAÇÃO DA CASA DO BRINCAR – FOCALIZAÇÃO
O debate referido à focalização das políticas de assistência social é relevante para o caso
Embora haja concordância de que o ideal seria o provimento dos serviços de assistência
social a todos os cidadãos, a focalização é vista, por alguns técnicos da PBH, como a
tamanho da população a ser abarcada. Por outro lado, a idéia de que a assistência social
deva ser garantida para quem dela necessite, traz divergências quanto à interpretação da
direito à assistência para quem dela necessitar foi interpretado tanto como uma
de focalização aparece mais fortemente nos atores que estão diretamente ligados à
da política.
Brincar foram avaliadas neste quesito através de sua localização em seu território de
178
Os aspectos avaliados para a focalização do serviço foram os referentes ao padrão do
da vila de referência.
Nesta pesquisa, definiu-se o padrão do entorno das Casas do Brincar a partir das
características físicas das residências deste entorno, assim como de suas condições de
Por outro lado, avaliou-se também a estrutura das construções do entornos das Casas do
estrutura era avaliada em cada entorno, para que este fosse classificado em uma das
179
TABELA 6. Estrutura das construções dos domicílios do entorno
Dos quatorze entornos onde houve a classificação das estruturas como precárias, oito
casas sem acabamento, convivendo lado a lado com outras com acabamento ou não.
180
Os pesquisadores, em seus relatórios das visitas surpresa, procuravam também
entorno. Percebe-se, neste sentido, que apenas duas Casas do Brincar não apresentam
predominância da classe baixa em seu entorno – o que pode indicar um problema de sua
Nota-se, em primeiro lugar, que três das dezesseis Casas do Brincar não ficam próximas
à sua vila de referência. Este é claramente um problema para sua localização, uma vez
181
TABELA 9. Proximidade da Casa em relação à Vila
localizassem dentro das vilas de referência. Pode-se notar que isto ocorreu em nove dos
treze casos nos quais a Casa do Brincar se situa pelo menos próximo de sua vila de
referência.
eficiente. No entanto, cabe ressaltar que dois entornos foram caracterizados como de
classe média e classe média baixa, e o mesmo número de entornos teve a estrutura das
construções das casas caracterizada como boa, com a presença de casas com
uma deficiência no que diz respeito à focalização do serviço para três das dezesseis
Casas.
182
9.7 AVALIAÇÃO DA CASA DO BRINCAR – AVALIAÇÃO DAS METAS
alcance do serviço a um atendimento de 240 crianças por mês, em cada Casa do Brincar
hora. Como foi possível perceber através da caracterização das Casas do Brincar, apenas
nove das dezesseis Casas do Brincar teriam um suporte físico apropriado para o alcance
destas metas. Há que se notar também, que em três dos nove casos que suportariam as
doze crianças por hora, este seria o limite máximo de sua capacidade.
As metas de atendimento das Casas do Brincar – doze crianças por hora – levaram em
Casas do Brincar eram, no mais das vezes, insuficientes para o atendimento à meta.
Para além das dificuldades já levantadas, ressalta-se que a heterogeneidade etária das
183
CONSIDERAÇÕES FINAIS
políticas públicas, amparado pela noção de direitos sociais que devem ser assegurados
pelo Estado, fazem com que as experiências de formulação destas políticas seja árdua e
conflituosa.
ampliado e o campo de assistência social ganhe cada vez mais legitimidade, perante os
assistência social, mostra o caráter conflituoso e status ainda indefinido deste campo. O
esbarra, muitas vezes, na legitimação precária que ela ainda detém. A precariedade de
dos direitos sociais enquanto direitos do cidadão e do Estado como provedor obrigatório
184
A Casa do Brincar espelha uma política pública municipal que está imersa neste
conta ainda com a difícil tarefa de lidar com um Estado enxuto, que privilegiou a
Por fim, cabe ressaltar que as pesquisas de avaliação das políticas públicas e das
185
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Novembro de 2002
Horizonte.
Horizonte
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IPEA
de 2000. IPEA
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Município para Criança Pequena: Formulando Novas Ações, 2000. Belo Horizonte.
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• SILVA, Vera Alice Cardoso, 2005. Reflexões sobre Aspectos políticos de políticas
• SOUZA, Maria do Carmo Campello de. 1976. Estado e Partidos Políticos no Brasil,
• VEIGA, Laura da. CARNEIRO, Carla Bronzo Ladeira, 2005. Desafios, possibilidades
193
• WILENSKY H. L. , 1975. The welfare state and equality, University of California
Bibliográfico – BIB, nº 39
194
APÊNDICE
→ Cargos e responsabilidades
• A política pública é:
ð Universal
195
• A política pública tem caráter:
ð Redistributivo
ð Distributivo
ð Institucional
196
FORMULAÇÃO / IMPLANTAÇÃO
o Destacar atores
• A política foi formulada para resolver qual problema? (TEORIA SOBRE O MUNDO)
→ Centralização / descentralização
→ Órgãos
→ Atores
→ Cargos relevantes
→ Conceitos relevantes
alternância de poder?
197
• E no estímulo para o trabalho?
governo?
→ Há integração?
→ Atores / Cargos
198
CONCEITOS POSSIVELMENTE RELEVANTES:
• Anéis burocráticos
• Insulamento burocrático
• Redes sociais
• Atores:
→ Políticos
→ Técnico-políticos
→ Técnicos
• Atores:
→ Formuladores
→ Implementadores
→ Executores
→ Público-alvo da política
→ Burocrático
→ Gerencial
199
ANEXO 1
outros contextos da vida, o que promove comportamentos que vão além das
desenvolvimento.
Fátima Camargo
200
O SERVIÇO “CASA DO BRINCAR”
1 - INTRODUÇÃO
discutir e conhecer algumas propostas que a Assistência Social em nosso país, já vinha
§ Assegurar que o brincar fosse aceito como parte integrante da seguridade social.
social da criança e sua família. É neste contexto, que o brincar, por sua importância
54
Nesse período, em cumprimento à diretrizes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, as creches antes
conveniadas e supervisionadas pela Assistência social, são integradas ao Sistema Municipal de
Educação.e a gerencia de convênios transferida, em 2001, para a Secretaria Municipal de Educação.
201
A implantação da Casa do Brincar ganha corpo a partir de então, como um Serviço da
da promoção da qualidade das relações entre as crianças e entre estas e seus familiares,
Naquele momento acreditávamos ainda, que era importante trazer a criança pequena
para o olhar social, de forma que esse olhar, não ficasse restrito apenas, ao posto de
saúde e, em alguns casos, à creche. Trazer a criança para o olhar social é uma forma de
gestão administrativa dos serviços, ele é definido como de base local, ou seja, atendem
em áreas próximas às residências dos usuários. Por essa razão, integram o BH Ci-
prevenção e promoção.
55
A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de
potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina−se à população que
vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo
acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos − relacionais e de pertencimento
social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).
202
2 - AS CONCEPÇÕES
processo de construção de sua cidadania, que ainda precisa ser plenamente realizada na
prática. Muito se avançou desde que o desenvolvimento infantil era considerado natural
sociedade autoritária.
um marco nessa evolução, reconhecendo a criança-cidadã, que deve ter assegurado com
familiar e comunitária.
higiene e a proteção;
o conhecimento;
203
Assegurar esse direito não é função atribuída apenas à família, mas também ao Estado,
direitos, que muitas vezes seja efetiva, através da criação de uma rede serviços sociais.
lei, estudos vêm nos mostrando que a linguagem do brincar é universal e tão antiga
nas brincadeiras das crianças fazem. As brincadeiras são uma forma das crianças
penetrarem no mundo adulto. Então, se esse mundo muda, isso interfere nas
brincadeiras.
natural. A criança, desde o seu nascimento está inserida num quadro social e seus
que integra a vida social das crianças. Caracteriza-se por ser transmitida de forma
204
expressiva de uma geração a outra ou aprendida nos grupos infantis, na rua, nos
parques, escolas, festas etc., e incorporada pelas crianças de forma espontânea, variando
as regras de uma cultura a outra (ou de um grupo a outro) ; muda a forma mas não o
dividiu-os em homo sapiens (o que conhece e aprende), homo faber (o que faz, produz)
e homo ludens (o que brinca, o que cria) e isso nos mostra que os antigos já sabiam da
favorecer o desenvolvimento dos vínculos afetivos e sociais, condição básica para que
Pelo brincar, simbolicamente a criança pode entender o mundo ao seu redor, testar
habilidades físicas como correr, saltar; sociais como ser arquiteta, engenheiro,
entendimento do lado positivo e negativo de suas ações, como ganhar, perder, cair.
Brincar é criar, partir para a ação, é descobrir valores, aprender a conviver, trabalhar a
205
Sabe-se ainda que é na família que a criança tem o seu primeiro referencial de brincar. É
no corpo, nos gestos e nas atitudes de quem cuida que ela vai descobrindo seu próprio
"o espaço potencial entre o bebê e a mãe, entre a criança e a família, entre o indivíduo
visto como sagrado para o indivíduo porque é aí que experimenta o viver criativo".
(Winnicott,1975 p.142)
elemento da cultura, que favorece o desenvolvimento global da criança, bem como a sua
interação social, é que faz com que ele se destaque na Assistência Social, como
estratégia dentro do nosso serviço - especialmente no que diz respeito a ser facilitador
206
2 - AS CASAS DO BRINCAR E SUA METODOLOGIA
ao mesmo tempo trabalhar com as suas famílias a importância desse brincar para o seu
§ Valorizar a cultura das famílias e das comunidades, pelo resgate de seus brinquedos e
brincadeiras;
lúdicas significativas.
207
2.3 - IMPLANTAÇÃO E FUNCIONAMENTO
próprios ou alugados pela Prefeitura. Busca-se um local de acesso fácil e seguro para as
crianças pequenas e suas famílias. Que seja bem amplo56 - com dimensões que
comportem todo o acervo e ainda com espaço suficiente para que as brincadeiras
aconteçam ali mesmo. Além disso, o espaço deve ser iluminado, arejado, com banheiro
Seu acervo possui brinquedos, livros, cd’s e outros objetos que incentivem a brincadeira
diversidade e a possibilidade do brincar pelo puro prazer de brincar, além de ter como
56
Recomenda-se cerca de 45 m2
208
As Casas do Brincar funcionam de segunda à sábado, atendendo a uma demanda
§ Crianças que não têm em casa brinquedos, espaço ou companhia para brincar;
Temos, porém como regra que um familiar, preferencialmente um dos pais, acompanhe
57
A experiência vem nos mostrando, que esse tempo é suficiente e resguarda um brincar saudável. Além
de ser o período apontado como possível, para que os acompanhante, permaneçam no espaço.
209
O serviço oferece ainda às crianças e suas famílias, duas vezes por semestre uma
responsável por:
§ Disponibilizar materiais como tinta, giz de cera, fantoches, instrumentos musicais, que
58
Para ser selecionado e ingressar no serviço é exigido, o mínimo nível médio de formação, além de
alguma experiência anterior com trabalho social e com criança, além de um repertório mínimo de
brincadeiras.
210
contribuam para a experimentação de linguagens diversas;
imediata;
Além disso, é importante que esses profissionais tenham clareza de que se tornam
modelo, tanto para as crianças como para os acompanhantes e que na sua prática
do papel que exercem como agente mediadores das relações estabelecidas no espaço
Casa do Brincar.
Para assegurar a efetivação dessas funções e capacidades, o serviço conta com uma
211
Esta coordenação é responsável ainda por criar outros espaços de escuta e orientação
aos brincantes, bem como criar estratégias para troca e socialização das experiências
3.1 - QUALITATIVOS
de atividades lúdicas;
§ Acesso a brinquedos e brincadeiras bem como a interação com outras crianças e entre
3.2 - QUANTITATIVOS
212
4 - ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO:
provocar nele um movimento que o possibilite sair de um lugar para outro, onde possa
se entende por atendimento para criança pequena. Se ainda levarmos em conta que ele
privilegia o brincar como estratégia de trabalho e que o brincar na nossa cultura ainda
está muito ligado a “um ato fútil, inútil, coisa de quem não tem responsabilidade” –
como fazer com que um familiar se disponha a estar junto com a criança, acreditando
futuro delas?
Tudo isso nos faz constatar a necessidade de um mobilizar constante, que inclui além
Mobilizamos para:
§ Divulgar o Serviço;
213
§ Resgatar e manter a freqüência no Serviço.
algumas comunidades conta com a parceria de outros serviços. Ali, durante 3 horas, são
convidam a comunidade a conhecer a Casa do Brincar - Acontece duas vezes por ano
crianças infreqüêntes. Após um mapeamento das mesmas, elas são visitadas por uma
porta”, as famílias são abordadas inicialmente com uma serenata, que é feita em frente
de suas casas.
A partir daí acontece um diálogo com aquela família, no sentido de obter informações
214
possam existir com relação a Casa do Brincar. Posteriormente, é feito um convite para
momento e que se inicia a parti de um ponto de encontro combinado com essas famílias
do Brincar ou bem próximo dela), as famílias são convidadas para, junto com a equipe
O cortejo segue até um ponto pré-estabelecido onde as pessoas podem se sentar, beber
água e descansar e após alguns minutos tem início às brincadeiras de roda, a construção
§ Mobilização de parceiros
59
composta pelos músicos anteriormente citados, pelo auxiliar de coordenação e por um grupo de até quatro
brincantes.
60
Consideramos entorno da Casa, uma área que circunda o serviço e que pode ser percorrida a pé pelas crianças
pequenas e seus familiares.
215
Após um primeiro contato, feito através dos NAF/CRAS, são agendados as seguintes
primeira infância. São realizadas atividades lúdicas com esse grupo e agendadas a
participação dos profissionais da Casa do Brincar nas reuniões de pais, onde é feita a
uma hora brincando e construindo um brinquedo que levam para casa junto como um
convite para que as famílias as inscrevam, para juntas participarem das atividades da
Casa do Brincar.
Essa mobilização é feita de forma a apresentar o serviço, como mais uma possibilidade
de espaço lúdico cultural e social a ser freqüentado pelas crianças além da escola.
Centos de Saúde
abrangência, propondo uma discussão sobre a importância do brincar para a saúde das
216
O serviço é apresentado ainda nos grupos já constituídos da Saúde (nutrição, gestante,
convivência e realiza uma atividade lúdica com uma “Roda de Versos”, depois é feita a
mobilização está centrada em duas possibilidades, a de que os avós levem seus netos
para freqüentar os serviços e que eles também possam contribuir com o serviço
desenvolvendo atividades lúdicas com as crianças que remontam a sua memória, tais
alguns casos mediadas junto com a coordenação e/ou técnicos de referência do Serviço
dos NAF/CRAS.
217
A Casa do Brincar dá também apoio às Oficinas com Famílias61, quando um brincante é
designado para brincar com as crianças que acompanham as mães aos encontros.
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
brasileira adaptada por Gisela Wajskop.São Paulo, Cortez, 2001. (Coleção Questões da
Nossa Época).
1975.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Livraria Martins Fontes
Editora Ltda.,!984
Novembro de 2002
http://pt.wikipedia.org/
61
Espaço de discussão, onde as famílias refletem juntas, sobre a criação dos filhos pequenos.
218
ANEXO 2
Objetivo: Obter uma descrição densa, a mais completa possível, sobre o que um grupo
particular de pessoas faz e o significado das perspectivas imediatas que eles têm do que
eles fazem.
olhar dos pesquisadores. Será realizada nas 16 Casas do Brincar e no entorno das
respectivas casas.
por isso tentar dar conta de aspectos perceptivos sensoriais (odores, sonoridades, etc.) e
também cognitivos (as informações pertinentes que são muitas vezes transpostas sob a
219
que há sempre coisas que são apenas fixadas e não registradas na altura; e os registros
de notação podem ser múltiplos (gráficos, desenhos, esboços, notas, fotos, filmes, etc.).
Registro escrito:
2) indicar nome da casa, dia, hora, local, duração, se foi horário de maior fluxo ou
outro, etc.;
220
5) Ao escrever a narrativa, colocar os atores como eles se apresentam sob a
Entorno:
presumida)?
d) Onde fazem as atividades? (Em comércio/em bares /nas ruas/nas igrejas) e com quem
Serão percorridos dois raios de 500 metros cada um, tendo como ponto de referência a
Casa do Brincar (norte/sul/leste ou oeste). Será anotado o percurso percorrido rua a rua,
221
Observar o entorno considerando aspectos físicos – obstáculos para chegar à casa,
etc.).
Entrada na Casa: descrever. Foi abordado por alguém, quem/como? Se não abordado,
222
etária, sexo, acompanhantes); atividades desenvolvidas; comportamento das crianças e
utensílios, condições, etc. Observar o estado geral dos brinquedos utilizados (avaliar
durante as atividades.
Saída da Casa: Como ocorre, crianças saem como e com quem? Saem antes da
atividade terminar?
223
ANEXO 3
CASA DO BRINCAR
Casa:
Endereço:
Regional:
Brincante:
Pesquisador:
Data da Visita:
Dia da Semana:
224
ENTORNO:
(O Relato deve ser feito a partir das questões contidas no roteiro de observação,
Raio 1: 500 m
envolvimento das crianças e como é este envolvimento – trabalho infantil, lúdicas etc)
Raio 2: 500 m
225
d) As atividades das crianças no entorno: (caracterizar as atividades em que há
envolvimento das crianças e como é este envolvimento – trabalho infantil, lúdicas etc)
A CASA DO BRINCAR
(O Relato deve ser feito a partir das questões contidas no roteiro de observação,
A CASA:
A ENTRADA NA CASA:
DENTRO DA CASA
A SAÍDA DA CASA
o Programa:
226
ANEXO 4 – MAPAS DAS CASAS DO BRINCAR
62
1- Casa do Brincar Petrópolis / Sede do NAF Petrópolis
2- Escola Municipal – ensino fundamental
3- Campo de futebol
4- CESCAM
5- Casa do Brincar Independência
6- NAF Independência
63
A Capacidade aproximada de atendimento das Casas considera o número máximo de
crianças acompanhadas que seria possível manter simultaneamente em seu espaço
227
4.2 CASA DO BRINCAR DO BAIRRO PETRÓPOLIS
64
7- Casa do Brincar Petrópolis / Sede do NAF Petrópolis
8- Escola Municipal – ensino fundamental
9- Campo de futebol
10- CESCAM
11- Casa do Brincar Independência
12- NAF Independência
228
4.3 CASA DO BRINCAR VILA SANTA RITA DE CÁSSIA
FONTE: Google Earth – Vila Santa Rita (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
Endereço: Rua São Tomaz de Aquino, nº. 486 – Vila Santa Rita.
Regional: Centro Sul
Dias e Horário de Funcionamento: 2ª, 3 ª e 5ª de 13h às 17h; 4ª e 6ª de 9h às 13h;
sábados de 9h às 13h.
Capacidade aproximada de atendimento: 9 a 12 crianças acompanhadas
229
4.4 CASA DO BRINCAR ABRIGO GRANJA DE FREITAS
230
4.5 CASA DE BRINCAR DO ABRIGO POMPÉIA
FONTE: Google Earth – Abrigo Pompéia (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
231
4.6 CASA DE BRINCAR DO CRUZEIRINHO
FONTE: Google Earth – Alto Vera Cruz (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
232
4.7 CASA DE BRINCAR FAZENDINHA
FONTE: Google Earth – Fazendinha (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
233
4.8 CASA DO BRINCAR PAULO VI
234
4.9 CASA DO BRINCAR DA VILA ARTHUR DE SÁ
Fonte: Google Maps - Melo Franco, 189 – União. (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
235
4.10 CASA DO BRINCAR PEDREIRA PRADO LOPES
FONTE: Google Earth – Pedreira Prado Lopes (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
65
Na lista oficial de endereços e horários de funcionamento das Casas do Brincar consta essa informação de
funcionamento aos sábados, mas o brincante informou que as Casas não abrem mais aos sábados.
236
4.11 CASA DE BRINCAR DA VILA SENHOR DOS PASSOS
237
4.12 CASA DE BRINCAR DO CONJUNTO FELICIDADE
FONTE: Google Earth – Conjunto Felicidade (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
238
4.13 CASA DO BRINCAR DA VILA SÃO JOSÉ II – CASCALHO
FONTE: Google Earth – Vila São José (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
239
4.14 CASA DE BRINCAR DA VILA SANTA ROSA E VILA REAL II
FONTE: Google Earth – Vila Santa Rosa (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
240
4.15 CASA DO BRINCAR DO BAIRRO MANTIQUEIRA
FONTE: Google Earth – Bairro Mantiqueira (Em destaque o local aproximado da Casa do Brincar)
241
4.16 CASA DO BRINCAR DA VILA APOLÔNIA
242