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ANÁLISE SWOT
Inserção de Oficiais Bombeiros nos Corpos de Bombeiros
Lisboa, 2017
IV CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL
UNIDADE CURRICULAR DE SOCIOLOGIA DA EMERGÊNCIA
ANÁLISE SWOT
Inserção de Oficiais Bombeiros nos Corpos de Bombeiros
Lisboa, 2017
"People are the Key!"
Sam Waltson
SIGLAS E ABREVIATURAS
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 6
1. RESENHA LEGAL DA INSERÇÃO DOS OFICIAIS BOMBEIROS NOS CORPOS DE
BOMBEIROS................................................................................................................................. 8
2. ANÁLISE SWOT À INSERÇÃO DE OFICIAIS BOMBEIROS NOS CORPOS DE
BOMBEIROS............................................................................................................................... 10
2.1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA ANÁLISE SWOT....................... 10
2.2.4. AMEAÇAS....................................................................................... 24
CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 28
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1. Análise SWAT da importância dos Oficiais Bombeiros nos Corpos de Bombeiros ..11
5
INTRODUÇÃO
6
7
1. RESENHA LEGAL DA INSERÇÃO DOS OFICIAIS BOMBEIROS
NOS CORPOS DE BOMBEIROS
8
categoria de supranumerários, com parecer favorável da entidade detentora, sendo atribuída
a categoria de Oficial Bombeiro consoante o número de comissões que cumpriu. Esta
possibilidade abre portas a que, não titulares de licenciatura ingressem e possam progredir
na carreira, uma vez que a designação de supranumerários é uma designação meramente
administrativa, tal como consta de nota explicativa da Direcção Nacional de Bombeiros n.º
01/09 (ANPC, 2009).
Atualmente, a carreira de Oficial Bombeiro é composta pelas seguintes categorias:
Estagiário, Oficial Bombeiro de 2ª, Oficial Bombeiro de 1ª, Oficial Bombeiro Principal e
Oficial Bombeiro Superior
Assim, analisando as competências atribuídas pela lei aos Oficiais Bombeiros,
podemos verificar que os mesmos desempenham funções técnicas superiores de chefia nos
Corpos de Bombeiros, remetendo o quadro legal do Modelo Organizativo dos Corpos de
Bombeiros, para o Despacho n.º 20915/2008 de 11 de agosto do Presidente da Autoridade
Nacional de Proteção Civil, que estabelece as funções dos Oficiais Bombeiros na estrutura
hierárquica do Corpo de Bombeiros, devendo os Oficiais Bombeiros de 1ª ou de 2ª ser os
Comandantes e Adjuntos de Companhias, ou seja, comandar o conjunto de duas ou três
secções de Bombeiros (ANPC, 2009).
Ainda no decorrer das missões e responsabilidades atribuídas por Lei aos Oficiais
Bombeiros encontramos as atividades de Estado Maior, através do Núcleo de Apoio e Estado
Maior, que é a unidade orgânica de estado maior, de apoio logístico e administrativo ao
Comando do Corpo de Bombeiros, dividindo-se nas áreas de: Planeamento, Operações e
Informações; Pessoal e Instrução; Logística e Meios Especiais e ainda a área de
Comunicações, sendo chefiada por um Oficial Bombeiro, à imagem da chefia de cada área
também atribuída a um Oficial Bombeiro (ANPC, 2009).
Dentro das competências atribuídas aos Oficiais Bombeiros e caminhando
paralelamente com os seus deveres para com os Corpos de Bombeiros, encontramos na
Portaria n.º 32-A/2014 do Ministério da Administração Interna, que define o regime
aplicável ao serviço operacional das várias carreiras de Bombeiro Voluntário do quadro
ativo, a clarificação de que ao Oficial Bombeiro competem as funções de comando, de
chefia, de estado-maior e ainda a competência de ministrar formação ao Corpo de
Bombeiros, devendo para isso cumprir 200 horas de serviço operacional por ano, sendo que
40 horas correspondem à atividade de instrução (Diário da República, 2014).
9
2. ANÁLISE SWOT À INSERÇÃO DE OFICIAIS BOMBEIROS NOS
CORPOS DE BOMBEIROS
10
PONTOS FORTES – FORÇAS PONTOS FRACOS – FRAQUEZAS
Possibilidade de criação de uma estrutura de Falta de aproveitamento de skills e
chefia superior nos Corpos de Bombeiros; competências pelos Comandos dos Corpos de
Adaptabilidade aos diferentes contextos Bombeiros;
organizacionais e operacionais; Rejeição pelas Chefias Intermédias dos
Criação de uma dinâmica sectorial eficiente. Corpos de Bombeiros;
Inadequação das competências ao exercício
das funções;
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
Oferta de recursos qualificados para o Ordenamento Jurídico impreciso quanto às
Sistema Integrado de Operações de Proteção e competências técnicas dos Oficiais Bombeiros;
Socorro; Falta de difusão e divulgação de resultados;
Aumento da credibilidade institucional junto Falta de aproveitamento dos recursos pelos
da sociedade civil; Comandos de Operações;
Incremento do conhecimento e da produção
científica na área de Proteção e Socorro.
Quadro 1. Análise SWAT da importância dos Oficiais Bombeiros nos Corpos de Bombeiros
11
saber, onde, sem receios, se construam visões partilhadas da realidade e que façam a
organização, os decisores e os seus colaboradores remarem na mesma direção.
Percorrendo os caminhos históricos dos Bombeiros Portugueses, podemos constatar
que grande parte dos processos de decisão e de cooperação foram estabelecidos numa
perspetiva empírica, adequando o desenvolvimento ao que anteriormente já se fazia ao nível
da gestão humana, influenciados em grande parte pela cultura das pessoas que constituíam
os Corpos de Bombeiros e pelo próprio ordenamento material das sociedades que sempre
serviram.
Associada à necessidade de coordenação das ações a serem desenvolvidas pelos
Corpos de bombeiros, a hierarquia funcional derivou das ciências organizacionais militares,
à imagem de grande parte dos processos de evolução e de gestão humana. Assim, sempre
houve espaço para lideranças e correspondentes líderes, sendo que a sua presença nunca foi
pressentida como necessária e desejada como o é nos dias de hoje (Fleury et al., 2010).
É com base na necessidade sentida no mundo contemporâneo de ter lideranças
eficientes, onde o foco é a pessoa, que a introdução dos Oficiais Bombeiros nos Corpos de
Bombeiros ganha mais força e tende a ser uma mais-valia.
A Liderança é entendida como fundamental nas relações de trabalho, sendo que os
colaboradores de qualquer organização identificam a liderança e os estilos de liderança como
a principal causa de conflitos no local de trabalho. Sendo fundamental que a liderança seja
orientada para as pessoas, sendo também ela feita de e para pessoas (Lameiras, 2010).
Fruto daquilo que é o percurso académico de cada individuo, ao longo do seu ciclo
de estudos, transversalmente a todas as áreas de ensino verificamos a existência de unidades
curriculares que se dedicam à gestão de pessoas e a questões que diretamente se relacionam
com Liderança, mesmo nas áreas mais científicas e onde os seus processos de investigação
além de obrigarem a adoção de determinada metodologia, obriga por sua vez à adoção de
uma estrutura de liderança.
Estas são as ferramentas adquiridas no contexto de um ciclo de estudos no Ensino
Superior, e que facilmente um Oficial Bombeiro transporta para a organização interna de um
Corpo de Bombeiros. Objetivando claramente o papel determinante dos Oficiais Bombeiros,
enquanto líderes dentro dos seus Corpos de Bombeiros, estes posicionam-se sem dificuldade
nos seus papeis de chefia e liderança. Esta premissa é defendida numa investigação de
Mumford et al. (2000), quando este refere que a proficiência das competências de liderança
aumenta à medida que se evolui na cadeia hierárquica (Coutinho, 2014).
12
A existência de uma visão de corresponsabilização ao nível dos Corpos de Bombeiros
permite aos elementos de Comando obterem mais tempo para aquilo de facto devem ser as
suas funções, deixando os assuntos do Núcleo de Apoio e Estado Maior na direta
responsabilidade dos seus Oficiais, limitando-se o Comando a emitir pareceres sobre o
trabalho desenvolvido.
Este conceito instituído por força da lei em 2007 aos Corpos de Bombeiros, permite,
nos dias de hoje, incrementar os níveis de gestão operacional, uma vez que grande parte do
tempo despendido pelos elementos do Quadro de Comando é referente à gestão do dia dos
seus quarteis, evidenciando por isso uma deficiente adoção de doutrina organizacional.
Este mecanismo de organização permite, entre outras atribuições que os Oficiais
Bombeiros tenham na gestão operacional dos Corpos de Bombeiros, a monitorização do
serviço, a realização de pareceres técnicos, a gestão da formação e instrução do Corpo de
Bombeiros e ainda a resolução das questões logísticas, tais como as relacionadas com a
reparação e manutenção de veículos e equipamentos.
Assim e dispersos pela Lei, encontramos instrumentos que, adotados, convergem
para aumentar a capacidade dos Corpos de Bombeiros incrementando capacidade de
resposta, níveis de operacionalidade e, acima de tudo, faz emergir a qualidade de todos os
serviços que prestam.
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Reconhecimento e Avaliação de Situação no decorrer das atividades regulares de Proteção
e Socorro e que recorrentemente veem elevados os seus graus de complexidade, pela
diversidade e multiplicidade de ocorrências a que os Bombeiros respondem.
Mais uma vez importa referir que um dos grandes problemas dos Corpos de
Bombeiros se reflete, na sua esmagadora maioria, no princípio do voluntariado.
Assim, é assumido que hoje, um elemento do Quadro de Comando obrigatoriamente
tem de ter uma disponibilidade quase que permanente para o Corpo de Bombeiros. Mais uma
vez, os Oficiais Bombeiros apresentam-se como uma solução, podendo e devendo estes
assumir uma escala de prevenção em que em conjunto com os elementos do Quadro de
Comando partilham a responsabilidade para fazer face ao Comando de Operações de
Socorro dentro das suas áreas de atuação.
Na mesma proporção e ao abrigo do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios
Florestais (DECIF), prevê-se que exista um Comandante de Permanência às Operações,
verificando-se por diversos anos que esta figura tem quase que, em regime de exclusividade,
sido realizada por Comandantes e 2º’s Comandantes, deixando em alguns distritos até os
Adjuntos de Comando fora de escala. Do ponto de vista da gestão operacional, significa
vezes sem conta que os Comandantes dos Corpos de Bombeiros, que são os responsáveis
máximos pela sua Área de Atuação, se encontram empenhados em ocorrências fora destas.
Se o intuito desta figura é fazer a monitorização ao nível distrital das ocorrências em
curso, devendo este decidir os meios a empenhar, e tendo os Oficiais Bombeiros a mesma
formação de base, poderiam estes representar a solução, sendo projetados para os Teatros de
Operações com o intuito de auxiliarem na sua gestão e na respetiva montagem do Posto de
Comando.
Verifica-se assim que existem um sem número de tarefas que podem e devem ser
realizadas pelos Oficiais Bombeiros, representando 10 anos depois do seu surgimento por
força da lei, recursos indispensáveis, insubstituíveis e de inestimável valor para todo o
Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro.
O Regime Jurídico dos Corpos de Bombeiros cria uma estrutura organizativa rígida
e que muitas vezes não reflete as reais necessidades de cada Organização, competindo aos
14
quadros de Comando a definição de uma estrutura funcional, que dê resposta às áreas que
de acordo com a complexidade operacional, melhor se adequem.
Os Oficiais Bombeiros devem possuir uma Licenciatura que, preferencialmente, se
adeque às tarefas que irão exercer- Neste sentido, compete aos Quadros de Comando
selecionar os recursos de acordo com a sua real necessidade.
Sabemos que grande parte da casuística diz respeito ao Transporte de Doentes Não
Urgentes e à Emergência Pré-Hospitalar. Se nos reportarmos a uma empresa, analisando o
Core Business de um Corpo de Bombeiros, faria todo o sentido recrutar para a gestão do
transporte de doentes uma pessoa com formação em Logística. Esta visão empresarial é hoje
mais do que uma necessidade, uma obrigação de todas as instituições.
Analisando ainda outras instituições no seio do Sistema de Proteção e Socorro, os
mesmos tratam as questões logísticas com elevado grau de profissionalismo, recorrendo a
profissionais com curso superior na área para fazerem a gestão da logística do quotidiano da
organização.
Este tipo de raciocínio e dinâmica esbarra no pressuposto de Voluntariado em que
grande parte do sistema assenta. No entanto, voluntariado jamais terá de significar gestão
arcaica, amadora e benevolente, antes pelo contrário. Numa sociedade em constante
mudança, exige-se uma gestão de excelência assente nos conhecimentos e no domínio
técnico e científico daqueles que ocupam o seu tempo, dando um pouco de si aos outros.
Os Oficiais Bombeiros no seu papel de Voluntários podem assim contribuir para a
criação e manutenção de uma estrutura hierárquica funcional, onde todos se perspetivam ao
mesmo nível e onde o foco são os resultados obtidos. Um bom exemplo deste tipo de
organização encontra-se em Corpos de Bombeiros que já apostaram na criação de clínicas
de prestação de cuidados médicos e de enfermagem, e outros que, inclusivamente, lançaram
serviços de apoio e assistência domiciliária e onde os Oficiais Bombeiros da área da Saúde
assumem não só o apoio a estas atividades, como garantem a gestão da área de emergência
Pré-Hospitalar.
A legislação atribui também aos Corpos de Bombeiros, a responsabilidade no que
concerne à fiscalização da legislação de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (SCIE),
competindo aos Corpos de Bombeiros a realização de vistorias técnicas, sendo que os
Licenciados em Proteção Civil que hoje são Oficiais Bombeiros, desempenham nesta área
um papel de excelência.
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Em suma, a criação de uma estrutura funcional deve ter em linha de conta as reais
necessidades do Corpo de Bombeiros mediante a avaliação não só das necessidades atuais,
mas explorando novas e emergentes áreas de intervenção que poderão representar
sustentabilidade económica e servirão para fazer face às despesas das restantes atividades
onde não existem dividendos.
Devem assim os Oficiais Bombeiros colaborar na criação de uma instituição mais
competitiva, mais proativa e preparada para os desafios de uma sociedade em vertiginosa
mudança.
Quando abordamos as dinâmicas sectoriais, falamos daquilo que ao nível dos Corpos
de Bombeiros está previsto na lei, os Corpos de Bombeiros de facto detêm pequenas
estruturas operacionais para responder às ocorrências, mas que no fundo não possam de
estruturas previstas, planeadas e organizadas nos regulamentos internos e nos respetivos
quadros de pessoal homologados pela Autoridade Nacional de Proteção Civil. Cada Unidade
Orgânica de um Corpo de Bombeiros, seja ela a equipa que assume o piquete operacional, à
mobilização de uma secção para uma prevenção, deve ser dotada de autonomia dentro
daquilo que é a sua capacidade de intervenção, ou seja, até ao limite da sua capacidade de
resposta.
Nos últimos anos, e concretamente com a exposição das deficiências ao nível da
resposta dos Corpos de Bombeiros no presente ano de 2017, podemos em primeira instância
verificar um problema de doutrina, uma vez que um Comandante de um Corpo de Bombeiros
é visto a assumir o Comando de Operações de Socorro logo na primeira fase do Sistema de
Gestão de Operações, colocando em causa todos os princípios da cadeia de comando, ao não
conferir aos seus subordinados qualquer espaço de manobra para desenvolverem as suas
competências dentro do que se espera ser uma chefia intermédia.
Ao nível do próprio Corpo de Bombeiros, a lei prevê que os Oficiais Bombeiros
ocupem os lugares de Comandantes de Companhia, devendo para tal encarregarem-se da
dinamização das atividades das respetivas secções mantendo os seus elevados níveis de
operacionalidade e, consequentemente, responsabilizando as chefias intermédias pela
dinamização das secções e das brigadas e respetivas equipas.
16
Esta linha de pensamento é tanto mais importante, quando nos reportamos, por
exemplo, à complexidade da avaliação de desempenho dos Bombeiros Portugueses. Uma
cópia, em nada adaptada daquilo que é o SIADAP (Sistema Integrado e Gestão e Avaliação
de Desempenho na Administração Pública) e para a qual as Chefias Intermédias não têm
qualquer tipo de formação, e por norma não possuem aptidão para a sua realização, devendo
os Oficiais Bombeiros dinamizar e apoiar a execução ao nível das suas companhias da
correta gestão da avaliação de desempenho de todos os Bombeiros.
Os Oficiais Bombeiros devem, assim, assumir a função de mediadores, apostando na
sua proximidade com as Chefias Intermédias para dotá-las das ferramentas necessárias para
que, no âmbito operacional, possam dar uma resposta cabal que evite a constante necessidade
destes se socorrem dos Oficiais ou dos elementos de Comando.
Os Oficiais Bombeiros são responsáveis por ministrar formação e instrução e devem-
no fazer, preferencialmente, na capacitação das suas chefias intermédias, possibilitando
assim a criação de um ambiente de confiança e de verdadeira liderança, onde todas as
estruturas e todos os agentes respeitam os patamares existentes entre si, não porque são um
patamar, mas essencialmente porque reconhecem competência e capacidade nas pessoas que
se encontram nas estruturas imediatamente acima das suas. Estes conceitos de liderança,
orientados para as pessoas, optam por estruturas cada vez menos em pirâmide e cada vez
mais lineares.
Compete assim aos Oficiais Bombeiros o papel de fazer sentir em todos os elementos
da sua Companhia, não apenas um número, não apenas a ocupação de uma posição numa
hierarquia rígida, mas cada vez mais fazê-los sentirem-se como as pessoas mais importantes
dentro da estrutura, orientando o seu trabalho para suprir as suas necessidades quando estes
se encontram a prestar serviço. Este passo, quando assumido representa um incremento sem
precedentes de motivação pessoal e coletiva aproximando as pessoas ainda mais dos seus
quarteis, aumentando consideravelmente a sua disponibilidade para servir.
17
2.2.2. PONTOS FRACOS OU FRAQUEZAS
18
vislumbra entre eles, é que os profissionais sentem-se comprometidos com a instituição em
função daquilo que é a sua retribuição (Boezeman & Ellemers, 2007; Liao-Troth, 2001).
Assume-se, assim, que quando os Voluntários sentem orgulho no seu trabalho e têm
noção de que a Associação a que pertencem é respeitada, os níveis do seu comprometimento
com a instituição são muito maiores, mantendo-se estes voluntários durante mais tempo nas
organizações e trabalhando afincadamente para atingir os objetivos preconizados (Oliveira,
2017).
Assim, verifica-se que a falta de aproveitamento das competências dos Oficiais
Bombeiros nos Corpos de Bombeiros tem empurrado muitos destes para uma posição de
inércia, onde não realizam trabalho efetivo dentro destas estruturas. Perceciona-se, em
muitos casos, uma blindagem pelos elementos do Quadro de Comando ao desempenho das
funções que estão previstas na lei, levando ao afastamento que maioritariamente dita a saída
destes elementos proficientes das estruturas, perdendo-se com isto a oportunidade da
instituição Bombeiros se adaptar aos emergentes desafios das suas comunidades.
Por fim, um dos problemas que os Oficiais Bombeiros enfrentam prende-se com a
atual passagem na função de supranumerários de elementos que não gozando da renovação
da sua Comissão enquanto elementos dos Quadros de Comando, regressem ao quadro ativo
na qualidade de Oficiais Bombeiros (Diário da República, 2012a, 2012b).
Esta transição, na maior parte das vezes, não é pacífica uma vez que as nomeações
para as estruturas dos quadros de Comando estão diretamente associadas a dinâmicas e
interesses entre os Órgãos Colegiais, e as pessoas que são nomeadas, não sendo bem aceites
e entendida com pacificidade a permanência dos ex elementos de Comando em função
hierarquicamente inferior àquela onde já prestaram serviço (Murphy & Greenhalgh, 2017).
A criação de uma estrutura de Chefia Superior nos Corpos de Bombeiros acabou por
trazer uma crispação das chefias intermédias na aceitação dos elementos estagiários da
carreira de Oficial Bombeiro, à imagem do que já tinha sucedido anteriormente com a
questão dos “equiparados” nos Corpos de Bombeiros, figura que prevalecia antes da entrada
em vigor dos Decretos Lei 247/2007 e 248/2007.
Tal situação, resulta das relações humanas em estruturas onde tipicamente a estrutura
é extremamente rígida e onde a ocupação de um determinado cargo resulta única e
19
exclusivamente da sua antiguidade na organização e de algumas capacidades técnicas
adquiridas no tempo, sem que exista uma correta avaliação do seu desempenho e assumindo
estas pessoas que o seu lugar foi conquistado e representa uma pertença pessoal,
intransmissível e intransponível por outros, como se de uma cadeia alimentar muitas vezes
se tratasse (Luthans, 2011; Mumford, Marks, Connelly, Zaccaro, & Reiter-Palmon, 2000).
Apesar do tempo que passou desde a criação da carreira de Oficial Bombeiro, ainda
nos dias de hoje, estes são objetivados pelas estruturas imediatamente inferiores, como uma
ameaça e uma limitação naquilo que é encarado como o sentido de poder e de governança
de um Corpo de Bombeiros por parte de alguns elementos afetos às chefias intermédias.
Concorre para esta linha de pensamento o facto de muitos Oficiais Bombeiros serem
oriundos do exterior, sem experiência na área dos Bombeiros, valendo-se esta premissa
como uma das principais justificações para a sua não-aceitação, uma vez que não se entende
o propósito dos Oficiais Bombeiros nem das tarefas diferenciadas que lhes estão acometidas.
20
que mune os estudantes das ferramentas necessárias, que lhes permite gerir e tornarem-se
líderes de processos, bem desenvolve a capacidade de gerir pessoas (Coutinho, 2014).
2.2.3. OPORTUNIDADES
21
Controlo nas suas próprias áreas de atuação por parte dos elementos do quadro de comando
que sistematicamente operam comandando desde Grupos de Reforço, à sua participação nas
EPCO e até pasme-se, na constituição das ERAS.
É este incremento que objetivamente se vislumbra como uma mais-valia para todo
um sistema que os Oficiais Bombeiros devem ver reconhecida a sua capacidade, importância
e excelência nas missões de Comando e Controlo.
22
c) Incremento do conhecimento e da produção científica na área de Proteção e Socorro
Uma das áreas menos exploradas pelos Corpos de Bombeiros e mesmo pela própria
Escola Nacional de Bombeiros tem sido ao longo dos anos a criação de conhecimento e a
sua afirmação enquanto Instituições de reconhecido desenvolvimento técnico cientifico de
áreas tão distintas como a Emergência Pré-Hospitalar, a Gestão dos Riscos, o Comando e
Controlo enquanto ciência, passando por todas as áreas onde globalmente os Corpos de
Bombeiros têm necessidade de se socorrer de capacidades e conhecimentos.
As oportunidades que os Corpos de Bombeiros representam, como por exemplo no
campo de investigação, são tão vastas, que deviam obrigar a uma aproximação concreta e
precisa com as Instituições de Ensino Superior. Desta forma seriam partilhados necessidades
e recursos, em que as Instituições de Ensino criariam oportunidades aos seus estudantes para
realizarem os seus estágios profissionais, e aos Corpos de Bombeiros aproveitando os
trabalhos realizados para alterarem processos e se adaptarem às necessidades emergentes de
uma forma progressiva e efetiva.
É, sem dúvida, um processo de transformação ousado, que quebra com pensamentos
clássicos do saber técnico, da gestão quotidiana e que perspetivam os Corpos de Bombeiros
no Sec. XXI como instituição de referência ímpar.
Aos Oficiais Bombeiros deve competir, não só a progressão dos seus percursos
académicos, como aproveitar os seus Corpos de Bombeiros como oportunidades para
realizarem esses mesmos percursos. A teoria de que as instituições onde se presta
voluntariado representam mais-valias no crescimento pessoal, deve ser encarada como
promotora de oportunidades para obtenção de novos diplomas académicos pelos seus
voluntários.
Tal capacidade pode, inclusive, representar um incremento da visão do Oficial
Bombeiro como um exemplo para todos os elementos que compõem o Corpo de Bombeiros,
uma vez que hoje os programas de formação de adultos se encontram preparados para
valorizar o trabalho de voluntariado e a exemplo disso encontramos os programas +23
(Oliveira, 2017; Ramos, 2004).
23
2.2.4. AMEAÇAS
Aos Oficiais Bombeiros existentes nos Corpos de Bombeiros, tanto aos que
transitaram do regime de equiparações previsto até 2007 e como os que ingressam após esta
data, reconhece-se um trabalho meritório em nome dos seus Corpos de Bombeiros, bem
como das comunidades que servem. Sucede-se que este minucioso e relevante trabalho não
é expressado em conhecimento e muitas vezes em primeira instância, na divulgação pública
do Relatórios de Atividades dos próprios Corpos de Bombeiros.
A necessidade de uma maior transparência e comunicação com a comunidade é um
problema transversal às organizações de Corpos de Bombeiros, numa perspetiva
internacional, uma vez que representam uma real aproximação e abertura sem dogmas a uma
sociedade que exige cada vez mais ser informada dos resultados das instituições locais
(Murphy & Greenhalgh, 2017).
A não divulgação de resultados, a ausência de produção de conhecimento, a falta de
comunicação institucional com recurso às novas tecnologias e principalmente com recurso
24
às redes sociais representa uma oportunidade perdida de abertura, reconhecimento e
aproximação do Corpo de Bombeiros para com as sociedades que protegem e defendem.
A perca de voluntariado nos Corpos de Bombeiros nos últimos anos tem sido clara,
colocando em causa a sustentabilidade de todo um sistema de proteção e socorro. Para este
princípio concorre também o afastamento de grande parte dos Oficiais Bombeiros dos seus
Corpos de Bombeiros, sem que se aproveite a oportunidade de se comunicar resultados
obtidos, como uma forma de cativar cidadãos cada vez mais capazes e cada vez mais
competentes que podem colocar ao serviço de todos, os seus mais variados conhecimentos.
25
CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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