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PLANO DE PESQUISA – ROTEIRO / PROJETO

PROFESSOR(A): Fellipe Fernandes Cavallero da Silva

Aluno(a): EXEMPLO DE DOCUMENTO PREENCHIDO matrícula: XXXXXXXX

Turma: XXXXXXX

TEMA O PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA FALANTES DE INGLÊS


(Fato ou Fenômeno a
ser estudado)

TÍTULO DIFERENÇAS ASPECTUAIS ENTRE O PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO (PPC) DO PORTUGUÊS E O


(Nome do estudo de
PRESENT PERFECT CONTINUOUS (PPCont) DO INGLÊS
acordo com o
conteúdo;
delimitação do tema)
Nas gramáticas tradicionais para o ensino de língua materna, encontramos basicamente as
informações referentes aos paradigmas de conjugação dos tempos compostos (Rocha Lima,
2006, p. 137; Bechara, 2011, p. 256) ou a simples fórmula para construção do Pretérito Perfeito
Composto (PCC): “presente do indicativo do verbo ter com o particípio do verbo principal”
(Cunha e Cintra, 2010, p. 416).
Em vista dessas informações, um Falante Nativo de Língua Inglesa (FNLI) seria levado a crer
PROBLEMA que um tempo verbal estruturalmente semelhante em seu idioma seria o Present Perfect
(Questão central a Simple (PPS), haja vista sua configuração dar-se pela combinação do “auxiliar have [no presente
ser enfocada em seu
estudo escrita sob a do indicativo] com o particípio passado do verbo principal” (Sellen, 2000, p.62; Murphy, 2004,
forma de pergunta) p.16). E é exatamente esta simples associação direta uma das principais dificuldades com que
se deparam os FNLIs, pois embora “a construção em português do presente do indicativo do
verbo ter com o particípio passado de um verbo (tenho feito) seja formalmente semelhante em
inglês (I have done), seu significado é diferente” (Perini, 2002, p. 249), ou seja, existem,
inicialmente, perspectivas aspecto-interpretativas distintas. Portanto, questionamos: como
trabalhar o ensino do PPC para falantes de inglês como língua materna?

A premissa em que este pré-projeto se fundamenta refere-se à possibilidade de intercâmbio


entre o PPC e o PPCont sob uma ótica semântico-funcional. Assim, levantamos as seguintes
hipóteses:

Hipótese1: Existe, em termos pragmáticos e semânticos, uma aproximação significativa


HIPÓTESE
entre o PPC e o PPCont;
(Possível resposta ao
problema acima Hipótese2: A semelhança formal entre o PPC e o PPS constitui um desafio imposto ao FNLI
formulado)
ou
para o entendimento correto sobre a ambiência do PPC, principalmente no que tange à
QUESTÕES ocorrência de adjuntos e quantificação de sintagmas nominais que podem gerar
SECUNDÁRIAS agramaticalidade no PPC, mas não no PPS em alguns casos;
(Em caso de estudo
exploratório)
Hipótese3: As características aspectuais do lexema verbal representam um fator vital na
semântica do verbo, no que tange à iteratividade e/ou à duratividade em ambos os idiomas
em questão;

OBJETIVO GERAL Objetivo Geral: Apresentar os usos do PPC do indicativo em língua portuguesa no Brasil e as
possíveis intercambialidades com o PPCont.
(Propósito central de
seu estudo)

Objetivo Específico1: Caracterizar os aspectos iterativos e durativos inerentes ao PPC e os


OBJETIVOS contextos específicos de sua utilização, ou seja, determinar o(s) tipo(s) de Estado de Coisas
ESPECÍFICOS que favorecem os aspectos iterativo ou durativo do PPC buscando-se, paralelamente,
possíveis similaridades com o PPCont;
(Outros objetivos que
seu trabalho
pretenda) Objetivo Específico2: Verificar as condições semânticas e pragmáticas que permitem o
intercâmbio entre o PPC e o PPCont;
Nosso interesse pelo tema proposto surgiu ao cursarmos a cadeira de Aspectos de uma
Gramática do Português como Segunda Língua durante o curso em Estudos da Linguagem na
PUC-Rio no ano de 2010. As reflexões propostas sobre a importância da língua portuguesa no
cenário internacional, uma visão mais funcional sobre o papel da gramática no ensino de
português para estrangeiros e nossa própria experiência no ensino de línguas estrangeiras
JUSTIFICATIVA
funcionaram como motivadores para uma investigação mais aprofundada sobre a complexa
(Razão ou motivo do questão envolvendo os tempos verbais em língua portuguesa, especialmente o PPC.
trabalho) Uma última consideração trata justamente sobre os materiais para o ensino de português
língua materna (PLM) ou segunda língua (PL2) que carecem de maiores informações sobre o
PPC. Albuquerque (2006, p. 1) afirma que “muitas vezes o professor não encontra informações
suficientes ... para explicar a (im)possibilidade de uso do referido tempo verbal”. Assim,
esperamos que nossa pesquisa possa contribuir de forma significativa, além de facilitar o
entendimento do PPC por falantes não-nativos de língua portuguesa, especialmente os FNLIs.

PROCEDIMENTOS Conforme nossa proposta de pesquisa tenha como objetivo central a busca de
METODOLÓGICOS
possibilidades de intercâmbio entre o PPC e o PPCont, faz-se imperioso que, inicialmente,
empreendamos uma revisão da literatura sobre esses dois objetos. Nesse sentido, propomos
(Como pretende
desenvolver o como primeira instância uma análise do tratamento dado ao PPC em obras clássicas de
trabalho? Enfocar referência para o ensino de português como língua materna, tais como Cueta e da Luz, (1971),
detalhes da amostra,
metodologia
Bechara (2009), Cunha e Cintra (2010), Castilho (2010), Mira Mateus (2004), Neves (2010) e
empregada) Rocha Lima (2006). Em seguida, pretendemos verificar como esse assunto se situa nas
gramáticas para o ensino de português como segunda língua/língua estrangeira (PL2E), a saber:
Whitlam (2011), Perini (2002), Hutchinson e Lloyd (2003) e Masip (2000).
Em um segundo momento, devemos verificar as informações concernentes aos usos e
contextos em que o PPCont se insere. Nesse sentido, uma análise dos trabalhos de Quirk et al.
(1985), Murphy (2004), Hewings (1999), Sellen (2000), Carter e McCarthy (2010) e Celce-Murcia
(1999) serão de grande valia.
Finalmente, contribuições recentes sobre o assunto poderão trazer à lume descobertas
recentes sobre as questões aspectuais do PPC, como também seu status de gramaticalização na
língua portuguesa. Portanto, os trabalhos de Albuquerque (2006), Vannier (2003), Akerberg
(2007, 2008), Barbosa (2006), Cockwell (2010), El-Dash e Busnardo (2003), Mendes (2005),
Osório e Fradique (2008), Schmitt (2001) e Stolova (2009).
Entretanto, como bem nos lembra Grosso (2008), é pelo funcionamento real da língua que
o processo de produção de sentido se torna significativo, dependendo este de parâmetros
linguísticos, sociais e culturais na língua-alvo que vão sendo descobertos pelo aprendiz. Ou seja,
ao refletir sobre o conhecimento linguístico em uso da língua-alvo, o aprendiz faz comparações
com a própria língua.
Assim sendo, pensamos na aplicação de um questionário investigativo para coleta de dados
informacionais sobre a compreensão que FNLIs possuam com relação aos usos do PPC, além de,
paralelamente, averiguarmos as hipóteses sobre as quais esse pré-projeto se constrói. Com o
intuito de dinamizar e otimizar esse processo, pretendemos lançar mão de um recurso on-line
para coleta, armazenamento, tabulação e análise estatística viabilizado pelo site
http://www.surveymonkey.com. Essa opção permitirá com que:

1) Os participantes sintam-se à vontade para participarem da pesquisa, uma vez que essa
atmosfera on-line lhes garantirá confidencialidade;
2) As informações imediatamente coletadas serão automaticamente armazenadas no
servidor, tabuladas e organizadas quantitativamente, favorecendo uma análise prévia dos
dados;
3) Uma vez que o questionário estiver disponível on-line, os interessados em participar da
pesquisa poderão acessá-lo a qualquer hora, de qualquer lugar, sem se sentirem pressionados a
fazê-lo. Entendemos a praticidade como um fator importante e, ao mesmo tempo, motivador
para os participantes interessados;
4) Falantes não-nativos de língua portuguesa pertencentes a instituições fora do Brasil
poderão contribuir para nossa pesquisa.

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