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A importância de videoaulas na

educação
Leonardo Senna Zelinski
Silvia Leticia Ludke

Resumo: Este artigo apresentará análise da necessidade da produção de videoaulas


para divulgação online, visando principalmente alunos de ensino médio na, disciplina
de física. Também serve como conclusão da disciplina de Produção de Textos
Acadêmicos do curso de Licenciatura em Física do Instituto Federal do Paraná,
campus Foz do Iguaçu. Para entender melhor se há ou não demanda para produção
de videoaulas foi feita uma pesquisa quantitativa com alunos do ensino médio de uma
escola pública de Foz do Iguaçu e o resultado será apresentado no decorrer deste
artigo. O interesse não é apenas produzir o artigo como conclusão de disciplina, mas
apresenta-lo também na forma de projeto para que, com o apoio do Instituto, seja
realizado a partir do ano de 2015, visto que não será proveitoso apenas para as
pessoas que acessarem as aulas, mas também para que possa ajudar na praxe dos
acadêmicos do curso de Licenciatura de Física que participarão do projeto.
Palavra-chave: Videoaulas, Ensino Médio, Física.

1 INTRODUÇÃO

Na sociedade em que vivemos a tecnologia faz parte de nós assim como


nossas vestimentas sempre fizeram. Mesmo antes de sair da cama já estamos
conectados aos nossos smartphones com acesso à internet, cuja qual é o caminho
para qualquer pergunta nesses novos tempos. Nada mais natural que a educação
ocupe esse espaço tecnológico também.
A educação a distância não é nenhuma novidade, muito menos são as
videoaulas, que podem ser localizadas facilmente através de uma busca simples pela
internet. Mas será que essa metodologia pode realmente trazer uma aprendizagem
significativa?
Segundo Santos a educação a distância (EAD) é uma modalidade de
ensino/aprendizagem “[...] onde as ações do professor e do aluno estão separadas no
espaço e/ou no tempo” (SANTOS e RODRIGUES, 1999).
A EAD desenvolveu modelos simultaneamente em vários lugares, mas na
Inglaterra em 1970 ocorreu de maneira mais eficaz sendo referência para o mundo
todo. Este novo formato democratiza o conhecimento, pois possibilita a inserção de
pessoas que não teriam condições de assistir aulas todos os dias ou se locomoverem
até uma instituição de ensino.
Assim, “um sistema de educação a distância é formado por todos os processos
componentes que operam quando ocorre o ensino e o aprendizado à distância. Ele
inclui aprendizado, ensino, comunicação, criação e gerenciamento”. (MOORE e
KEARSLEY, 2007, p. 9).
A EAD no Brasil se consolidou com o decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de
205, onde definiu como

modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de


ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de
informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo
atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (Decreto 5.622/05, 2005)

Para promover-se, o EAD utiliza de diferentes métodos e mídias, como


apostilas, rádio, televisão, vídeo, multimídias de computador, etc. Esses materiais
didáticos são a forma como o conteúdo é transmitido, sendo que a sua produção
envolve processos que seguem um fluxo bem definido, visando a qualidade do
produto.
Videoaulas são um dos métodos mais utilizados, pois, principalmente, em seus
demais estilos, pode promover uma interação parecida com a de uma sala de aula.
Apesar destes diversos estilos de videoaula, todos seguem uma mesma ideia: um
apresentador (geralmente um professor) expondo o conteúdo para uma câmera, seja
em frente a ela, como num programa de televisão ou como se estivesse dando aula
para a câmera, seja através de demonstrações que estão sendo filmadas
individualmente.
Hoje em dia, a internet é usada diariamente como ferramenta de transmissão
de informação e entretenimento. Neste vasto mundo cibernético, existem diversas
plataformas prontas para receber conteúdo. Uma das grandes plataformas, se não a
maior, é o YouTube, site que hospeda vídeos para reprodução online e que dispões
de milhões de horas de videoaulas prontas para serem usufruídas, produzidas por
corporações ou de forma autônoma.
2 ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO USO DE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

A sociedade está em constante mutação, principalmente na área tecnológica,


com isso a educação não pode ficar parada no tempo, deve-se buscar novas
possiblidades para ensinar e aprender.
Computadores e smartphones fazem parte da vida da maioria das pessoas e
pode ser uma ferramenta fundamental para quando há uma dúvida, tanto para achar
a padaria mais próxima quanto para revisar aquele conteúdo que não foi bem
compreendido em sala de aula. Até as Universidades mais renomadas já estão se
adaptando a essa era tecnológica. Na página da internet da Coursera, empresa de
tecnologia educacional, são disponibilizados cursos com videoaulas sobre Algoritmos,
Teoria dos Jogos e Mitologia; as aulas são dadas por professores de Princeton,
Stanford, Universidades da Califórnia, de Michigan, da Pensilvânia, entre outras de
renome internacional. E o Coursera não é o único a fazer isso.
A ideia deste projeto é de desenvolver, dentro do campus Foz do Iguaçu do
Instituto Federal do Paraná, um estúdio onde seriam produzidas, num primeiro
momento, videoaulas de física, voltadas para o Ensino Médio. Essa iniciativa se
justifica pelo fato de que elas não servirão apenas para quem vai assistir a aula mas
também para os acadêmicos do curso de Licenciatura em Física praticarem
metodologias de ensino e ter uma aprendizagem significativa sobre os conteúdos
abordados em aula.
As videoaulas no formato de monólogos, onde há apenas um professor com
vontade de ensinar falando para uma câmera, estão incorporadas na educação. Em
1994 quando a internet começou a fazer parte das universidades, percebia que a
educação teria que se adaptar.

A educação a distância se diferencia da educação clássica, chamada de educação


presencial, oferecida dentro de um prédio escolar. Pode ser entendida como uma
educação que liberta os envolvidos na ação educativa das rígidas determinações
dos espaços tempos da educação escolar tradicional. Caracteriza pela possibilidade
de deslocalização espaço temporal. (KENSKI, 2012)

É necessário nesse momento entender o que é educação a distância e o que


é educação on-line. Para isso recorremos a (ALMEIDA, 2003) que define que a
educação a distância se realiza por diversos meios, como rádio, correspondência,
telefone, fax, e-mail, computador e internet e está baseada na flexibilidade do tempo
e da localização do aluno. Enquanto a educação on-line está centrada na internet
podendo ser síncrona ou assíncrona. Assim a internet pode rapidamente distribuir
informações e até mesmo tirar dúvidas. Um bom vídeo pode produzir um efeito
positivo, tornando o assunto abordado mais interessante e até mesmo provocar um
aprofundamento do assunto por parte do educando.
Pensando também sobre a sociedade moderna, a educação tem como
obrigação explorar as tecnologias para a divulgação do conhecimento, diminuindo
assim as desigualdades sociais encontradas em nosso país. No Brasil segundo texto
no site O Globo (JANSEN, 2014), em 2013 o número de pessoas com mais de 10
anos e que tem acesso a internet chegou a 85,9 milhões, cerca de 51% da população,
o que é um avanço, e com as promessas de futuros investimentos para que todos
tenham acesso, temos um futuro promissor para videoaulas em plataformas online.

3 PESQUISA JUNTO A ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SOBRE A UTILIZAÇÃO


DE VIDEOAULAS

Pensando em como seria a produção dessas videoaulas, uma pesquisa


quantitativa em forma de questionário foi realizada com cerca de 102 alunos de 1º, 2º
e 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Ulysses Guimarães, em Foz do Iguaçu.
Basicamente, a pesquisa busca saber dos alunos a frequência com que
assistem, que estilo preferem e quanto tempo acham que devem ter as videoaulas
para que se tornem agradáveis e proveitosas. A seguir, o questionário usado:

Produção de Videoaulas para


Plataformas Online
Leia as perguntas e assinale a alternativa que você escolher.

Você costuma assistir videoaulas?


( ) Sim ( ) Não
Com que frequência?
( ) Sempre, para complementar os estudos.
( ) Quando tem dificuldade na matéria.
( ) Antes de provas.
( ) Outro. __________________________________________________
Por quais disciplinas você mais pesquisa? Pesquisa por dificuldade ou por
gosto? Quais as mais difíceis de encontrar?
( ) Artes ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) Biologia ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) Filosofia ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) Física ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) Geografia ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) História ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) Matemática ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) Português ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) Química ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
( ) Sociologia ( ) Dificuldade ou ( ) Gosto ( ) Difícil encontrar
Como gostaria que as vídeo-aulas fossem desenvolvidas? Qual estilo?
( ) Professor com um quadro falando com a câmera. (Uma aula comum)
( ) Imagem do quadro (lousa, folha, computador) e voz.
( ) Imagem da explicação/resolução (lousa, folha, computador), sem voz.
( ) Experimento e explicação do fenômeno através do experimento.
( ) Outro. __________________________________________________
Na sua opinião quanto tempo uma videoaula deve ter?
( ) 5 a 10 min – “Resumão” ( ) 10 a 20 min
( ) 20 a 40 min ( ) mais de 40 min

Já de posse dos 102 questionários respondidos os dados foram organizados


para uma melhor análise. Destes 102 alunos, 74 (72,5%) responderam que costumam
assistir videoaulas e 28 (27,5%) que não.

3.1 SOBRE A FREQUÊNCIA


Nesta amostra, cerca de 61 alunos afirmam que assistem videoaulas quando
tem dificuldade de entender a matéria passada pelo professor. Apenas 3 alunos
afirmaram assistir as mesmas antes das provas. Havia a opção “outro”, no qual o aluno
poderia marcar e dizer o porquê, e uma das opções era como para “fazer um curso
ou quando o assunto interessa e não está sendo trabalhado no momento”.
Com que Dificuldade na Complementar Antes de Outro
frequência? disciplina estudos prova

Alunos 61 8 3 13

3.2 QUANTO AS DISCIPLINAS


Perguntamos também quais as disciplinas que o aluno mais pesquisa por
videoaulas, se eles pesquisavam por gostar ou por ter dificuldade na matéria e se
havia dificuldade em encontrar as que queriam.

Disciplina Quantos alunos Dificuldade Gosto Difícil encontrar


assistem?
Artes 28 4 24 9
Biologia 48 23 25 1
Filosofia 23 9 14 6
Física 73 51 22 8
Geografia 24 6 18 3
História 30 12 18 5
Matemática 78 53 25 5
Português 32 17 15 6
Química 49 23 26 6
Sociologia 20 10 10 10

Podemos observar que matemática e física são disciplinas que têm, disparado,
alunos que procuram por aula, principalmente por dificuldade. Para todas as
disciplinas, há alunos com dificuldade em encontrar videoaulas, isso pode ocorrer por
dois motivos: ainda não encontraram um modelo que os satisfaça completamente, ou
não procuram da forma correta.
Matemática e física costumam ser as mais procuradas pois há muitas formulas
e demonstrações, as quais os alunos têm dificuldade de se adequar e encontram em
videoaulas macetes e formas de lembrar e desenvolver estas formulas. Química e
biologia, assim como física e matemática, costumam ser os carrascos dos
vestibulandos. Durante a nossa pesquisa, a mesma quantidade de pessoas costumam
ter dificuldade em biologia e química e são as segundas disciplinas mais procuradas
e mais “gostadas”.
Artes, filosofia, geografia e história sãos as disciplinas que, em disparado, são
pesquisadas mais por gosto que por dificuldade. Cerca de 60 a 80% dos alunos mais
gostam que têm dificuldade nestas disciplinas.

3.3 TIPO
Quanto ao tipo de videoaulas que gostariam de assistir, temos o seguinte:

Tipo Aula Quadro e Quadro sem Experimento Todos


comum voz voz
Alunos 38 37 8 18 1

O tipo Aula comum, refere-se a opção “professor num quadro falando com a
câmera (aula comum)”. Quadro e voz, para a opção “imagem do quadro (lousa, folha,
computador, etc) e voz” fazendo a explicação. Quadro sem voz, seria apenas a ideia
do quadro, com explicação direto pela resolução, de forma escrita. “Experimento e
explicação do fenômeno através do experimento”. A última opção era “Outro” e neste,
um único aluno marcou dizendo que gosta de todas.
Muitos alunos gostam do estilo de aula comum. Porém, uma mesma
quantidade gosta de um estilo em que o professor não aparece, aparecem apenas
suas demonstrações. Os experimentos seriam parte integrante das aulas comuns, que
devem sempre mostrar os vários lados da moeda para agradar a todos. Só a
demonstração sem voz, é viável apenas para algumas disciplinas.

3.4 QUANTO TEMPO


Tempo 5 a 10 min “resumão” 10 a 20 min 20 a 40 min Mais de 40 min
Alunos 18 37 29 12

Percebemos que não há nada concreto em relação a duração dos vídeos. Há


uma concentração de alunos que preferem aulas com cerca de 10 a 20 min, sendo
que muitos não se importariam se este tempo fosse ultrapassado. As aulas tipo
“resumão’ tem adeptos, mesmo não sendo unanimidade, assim como as aulas com
mais de 40 minutos. Podemos pensar até que estes 12 alunos que escolheram a
opção mais longa seriam os alunos que, se pudessem, trocariam a presença física do
professor por um computador com um vídeo rolando.

4 CONCLUSÃO

Através da pesquisa percebemos que aproximadamente 73 % das pessoas


pesquisadas costumam acessar videoaulas, sendo matemática e física as disciplinas
que mais procuram por ter mais dificuldade e gostarem. Levaremos para a prática a
preferência dos alunos pelos tipos de aula, que deveriam ser tanto de um professor a
frente de um quadro (38% dos alunos marcaram essa opção) quanto a imagem do
quadro apenas com a voz (37% dos alunos escolheram essa opção); quase um
empate, então sugerimos que seja feito das duas formas. Em relação ao tempo, que
tenha entre 10 e 20 minutos, ultrapassando até, no máximo, 40 minutos.
Estes são os princípios básicos que seguiremos para que a produção se dê de
forma mais direcionada. Sempre visando aperfeiçoar os processos através da
experiência obtida e pesquisar e aprender cada vez mais para melhorar e obter
destaque com uma ideia diferenciada, que promete muito ajudar todos os lados.

5 BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, M. E. B. Educação a distância na internet: Abordagens e contribuições


dos ambientes digitais de aprendizagem. 2. ed. [S.l.]: Educação e Pesquisa, v. 29,
2003.
COURSERA INC. Coursera. Coursera, 2014. Disponivel em:
<https://www.coursera.org/>.
DECRETO 5.622/05, 19 Dezembro 2005. Disponivel em:
<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/dec_5622.pdf>.
JANSEN, T. O Globo. Sociedade, 2014. Disponivel em:
<http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/numero-de-internautas-no-brasil-
alcanca-percentual-inedito-mas-acesso-ainda-concentrado-13027120>. Acesso em:
24 novembro 2014.
KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. 8ª. ed.
Campinas SP: Papirus, 2012.
SANTOS, E. T.; RODRIGUES, M. Conceitos, tecnologias, constatações,
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YOUTUBE, LLC. YouTube. YouTube, 2014. Disponivel em:
<https://www.youtube.com/>.

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