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Funçoes Hiperbolicas Com Numeros Complexos
Funçoes Hiperbolicas Com Numeros Complexos
E A TRANSMISSÃO DE ENERGIA
RESUMO
Este artigo mostra e analisa as relações entre as funções hiperbólicas e o fenômeno de transmissão de
energia elétrica. Faz breves considerações sobre as concepções dos números complexos, das funções
trigonométricas, das funções hiperbólicas e, principalmente, da identidade de Euler, estabelecendo as
relações complexas entre esses tipos de funções. Mostra como os estudos físicos da eletricidade e da
energia elétrica apontaram para expressões matemáticas que resultaram em relações complexas. Na
transmissão de energia essas relações envolvem as funções hiperbólicas e trigonométricas, reais e
complexas, que permitem avaliar as tensões e as correntes, assim como a capacidade de transporte de
energia das linhas transmissão. Os resultados encontrados deram contribuições significativas para o
desenvolvimento da engenharia elétrica de potência.
ABSTRACT
This article shows and analyzes the relations between hyperbolic functions and the phenomenon of
electric power transmission. He makes brief remarks about the conceptions of complex numbers,
trigonometric functions, hyperbolic functions, and especially Euler's identity, establishing the complex
relationships between these types of functions. Shows how physical studies of electricity and electric
power pointed to mathematical expressions that resulted in complex relationships. In the transmission
of energy these relations involve the hyperbolic and trigonometric functions, real and complex, that
allow to evaluate the tensions and currents, as well as the transmission capacity of transmission lines.
The results found have made significant contributions to the development of electrical power
engineering.
1
M.Sc. em Engenharia Elétrica, Professor da Faculdade ÁREA1 Wyden. E-mail: luiz.aguiar@area1.edu.br ou
lbaguiar@outlook.com.br.
Cientefico. V. 18, N. 37, Fortaleza, jan./jun. 2018
INTRODUÇÃO
A fórmula de Euler estabelece uma relação complexa entre a função exponencial e as funções
trigonométricas e também, de forma indireta, com as funções hiperbólicas, apresentando como
resultados relações complexas entre as funções hiperbólicas e as funções trigonométricas, com
importantes aplicações na Engenharia Elétrica, particularmente na transmissão de energia.
2 OBJETIVO
São abordados, também, alguns aspectos físicos sobre a eletricidade e energia elétrica, com
análise de suas variáveis, as tensões e as correntes, assim como os seus parâmetros associados,
dando-se destaque para as equações das linhas de transmissão da energia em estado permanente
e sua capacidade de transporte.
Este item trata das funções trigonométricas e das funções hiperbólicas, suas definições e
representações, especialmente suas relações complexas, com indicações de possíveis
aplicações.
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Cientefico. V. 18, N. 37, Fortaleza, jan./jun. 2018
Nessas condições, com o centro do círculo na origem dos eixos coordenados, a equação da
circunferência é dada pela seguinte expressão:
𝑥2 + 𝑦2 = 𝑟2
As funções trigonométricas básicas, o cosseno e o seno, são definidas como as relações entre
os respectivos catetos e a hipotenusa, da seguinte forma:
𝑥 𝑦
cos 𝜑 = 𝑟 sen 𝜑 = 𝑟
Considerando o círculo de raio unitário, isto é, para o caso de ser o raio r = 1, tem-se apenas
que cos φ = x e sen φ = y. Daí resulta a seguinte identidade básica relacionando essas funções:
𝑐𝑜𝑠 2 𝜑 + 𝑠𝑒𝑛2 𝜑 = 1
Outras funções trigonométricas, definidas como tangente, cotangente, secante e cossecante não
são aqui abordadas.
Um ponto da circunferência ou o vetor afim associado, pode ser expresso pelas seguintes
formas:
A Figura 3 mostra um gráfico relativo a uma hipérbole, representada num plano (x, y), com
indicação dos seus principais elementos (assíntotas, semieixo etc.), assim como as funções
hiperbólicas básicas definidas.
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Cientefico. V. 18, N. 37, Fortaleza, jan./jun. 2018
Nessas condições, com o centro na origem dos eixos coordenados, a equação da hipérbole é
dada pela seguinte expressão:
𝑥2 − 𝑦2 = 𝑟2
𝑐𝑜𝑠ℎ2 𝜃 − 𝑠𝑒𝑛ℎ2 𝜃 = 1
Outras funções hiperbólicas, também como tangente, cotangente, secante e cossecante, assim
como algumas de suas propriedades, não são aqui abordadas.
Um ponto da hipérbole pode ser expresso, portanto:
a) Na forma cartesiana: (x, y)
b) Na forma exponencial: 𝑧𝑒 𝑗𝜃
c) Na forma polar: 𝑧/θ
d) Na forma paramétrica: 𝑥 = 𝑟𝑐𝑜𝑠ℎ𝜃 𝑦 = 𝑟𝑠𝑒𝑛ℎ𝜃
A fórmula de Euler estabelece uma relação entre a função exponencial complexa e as funções
trigonométricas básicas, conforme a expressão:
𝑒 𝑗𝑥 = 𝑐𝑜𝑠𝑥 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝑥
Sendo e a base dos logaritmos neperianos e j a raiz da equação x2+1 = 0, dados por:
1 𝑛
𝑒 = lim (1 + 𝑛) 𝑗 = √−1
𝑛→∞
Observa-se que a fórmula de Euler pode ser determinada partindo-se de certas operações
envolvendo a função exponencial e as funções trigonométricas. De fato, considerando uma
função f (x) definida pela seguinte expressão e determinando-se a sua derivada f” (x), tem-se:
1
𝑒 𝑗𝑥 = = 𝑐𝑜𝑥 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝑥
(𝑐𝑜𝑥 − 𝑗𝑠𝑒𝑛𝑥)
De outra forma, a fórmula de Euler pode ser derivada a partir dos desenvolvimentos das funções
ejx, cosx e senx, conforme segue:
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𝑒 𝑗𝑥 = 𝑐𝑜𝑠𝑥 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝑥
Igualmente, tem-se:
𝑒 𝑥 +𝑒 −𝑥 𝑒 𝑥 −𝑒 −𝑥
𝑐𝑜𝑠ℎ𝑥 = 𝑠𝑒𝑛ℎ𝑥 =
2 2
Usando os resultados obtidos a partir da fórmula de Euler, as funções hiperbólicas podem ser
expressas relacionadas com as funções trigonométricas, da seguinte forma:
𝑒 𝑥 +𝑒 −𝑥 𝑒 𝑥 −𝑒 −𝑥
𝑐𝑜𝑠ℎ𝑥 = = 𝑐𝑜𝑠𝑗𝑥 𝑠𝑒𝑛ℎ𝑥 = = −𝑗𝑠𝑒𝑛𝑗𝑥
2 2
RELAÇÕES COMPLEXAS ENTRE AS FUNÇÕES HIPERBÓLICAS E A TRANSMISSÃO DE ENERGIA
São importantes nas aplicações as expressões das funções de somas, tanto para as funções
trigonométricas como para as funções hiperbólicas, sejam reais ou complexas. Têm-se os
seguintes resultados (DALLA VERDE, 1953):
Com a utilização dos números complexos sob a forma x + jy, têm-se para as funções
hiperbólicas:
Portanto, as funções hiperbólicas de números complexos são funções complexas que envolvem
funções trigonométricas e funções hiperbólicas de número reais.
A eletricidade é entendida como o movimento dos elétrons nos elementos condutores, mas,
efetivamente, representa o movimento da onda dos campos elétricos e magnéticos resultantes
das cargas e correntes elétricas correspondentes; às cargas estão associadas as tensões elétricas.
O produto da tensão pela corrente resulta na potência elétrica que, no tempo, determina a
energia elétrica, utilizável nas diversas aplicações.
A utilização prática da eletricidade só foi concretizada por volta do ano 1880, particularmente
devido a Thomas Edison (1847-1931) e Nicolas Tesla (1856-1943). Atualmente, pouco mais
de 135 anos, a eletricidade está presente, praticamente, em todas as atividades humanas
(HALLIDAY; RESNICK, 1966).
A lei de Coulomb estabelece uma relação entre as cargas elétricas e as forças resultantes dessas
cargas e, como consequências, relações entre campos elétricos e potenciais ou tensões elétricas.
A lei de Ohm estabelece uma relação entre a tensão e a corrente elétrica, sendo a tensão
diretamente proporcional à corrente, para os componentes resistivos; para os componentes
indutivos e capacitivos, vale também essa lei, considerando os valores eficazes das tensões e
correntes e as correspondentes reatâncias indutivas e capacitivas.
A lei de Ampère estabelece relações entre a corrente elétrica e o campo magnético, ou seja, a
corrente determina um campo magnético e a variação do campo magnético determina uma
corrente elétrica.
𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )
RELAÇÕES COMPLEXAS ENTRE AS FUNÇÕES HIPERBÓLICAS E A TRANSMISSÃO DE ENERGIA
As tensões e correntes nas linhas de transmissão de energia podem ser expressas como funções
do tempo e como fasores, conforme as seguintes correspondências:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑀 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑀 cos(𝜔𝑡 − 𝛼)
Nessas expressões, têm-se os valores máximos VM e IM, os valores eficazes Vef e Ief e as fases
00 e α0, correspondentes às tensões e correntes, respectivamente. Os valores podem ser para
circuitos monofásicos e circuitos equivalentes monofásicos de um circuito trifásicos, com
grandezas de linha ou de fase.
𝑝 = 𝑣𝑖 = 𝑉𝑀 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡𝐼𝑀 cos(𝜔𝑡 − 𝜃)
Desenvolvendo, resulta:
𝑉𝑀 𝐼𝑀 𝑉𝑀 𝐼𝑀
𝑝= 𝑐𝑜𝑠𝜃(1 + cos 2𝜔𝑡) + 𝑠𝑒𝑛𝜃sen2𝜔𝑡
2 2
𝑉𝑀 𝐼𝑀
𝑝𝑅 = 𝑐𝑜𝑠𝜃(1 + cos 2𝜔𝑡)
2
𝑉𝑀 𝐼𝑀
𝑝𝑋 = 𝑠𝑒𝑛𝜃sen2𝜔𝑡
2
A potência média, da segunda parcela, é nula e a potência média total resulta na potência média
da primeira parcela, isto é:
𝑉𝑀 𝐼𝑀
𝑝𝑚 = 𝑐𝑜𝑠𝜃
2
Em correspondência aos valores funções do tempo, para as tensões e correntes, estão associados
os valores fasoriais:
𝑉𝑀 𝑉𝑀
𝑽= ∠00 𝑉𝑒𝑓 =
√2 √2
𝐼𝑀 𝐼𝑀
𝑰= ∠(−𝛼 0 ) 𝐼𝑒𝑓 =
√2 √2
Em termos de fasores, a composição das potências ativa e reativa forma uma potência aparente.
Dessa forma, sendo P a potência a ativa e Q a potência reativa, fica definida uma potência
aparente S, complexa, da seguinte forma:
𝑉𝑀 𝐼𝑀
𝑃= 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠𝜃
2
𝑉𝑀 𝐼𝑀
𝑄= 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑉𝐼𝑠𝑒𝑛𝜃
2
𝑺 = 𝑃 + 𝑗𝑄 = 𝑆∠𝜃
A grandeza S apresenta, portanto, um módulo S dado pelo produto dos módulos da tensão e da
corrente, isto é, S = VI.
Essas grandezas podem ser representadas através dos fasores das tensões e correntes e do
triângulo de potências ativa, reativa e aparente, conforme mostra a Figura 8. O ângulo θ é o
mesmo entre a tensão e a corrente, em atraso, e entre a potência ativa e a aparente, em avanço.
RELAÇÕES COMPLEXAS ENTRE AS FUNÇÕES HIPERBÓLICAS E A TRANSMISSÃO DE ENERGIA
A energia elétrica é transportada das fontes de geração até os pontos de utilização através das
linhas de transmissão.
As equações gerais das linhas de transmissão, em estado permanente, com os valores das
tensões e correntes no terminal emissor VS e IS, como funções dos valores no terminal receptor
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Cientefico. V. 18, N. 37, Fortaleza, jan./jun. 2018
𝑽𝒔 = 𝑨𝑽𝑹 + 𝑩𝑰𝑹
𝑰𝒔 = 𝑪𝑽𝑹 + 𝑫𝑰𝑹
𝑑𝑉 𝑑𝐼
= 𝐼𝑧 = 𝑉𝑦
𝑑𝑥 𝑑𝑥
Ou ainda, através da passagem para equações lineares de segunda ordem, em que resultam
equações com as tensões e com as correntes independentes, conforme segue:
𝑑2 𝑉 𝑑2 𝐼
= 𝑧𝑦𝑉 = 𝑧𝑦𝐼
𝑑𝑥 2 𝑑𝑥 2
𝛾 = √𝑧𝑦
Pode-se verificar que as soluções dessas equações são as seguintes, na forma exponencial:
𝑉𝑅 + 𝑍𝑐 𝐼𝑅 𝛾𝑥 𝑉𝑅 − 𝑍𝑐 𝐼𝑅 −𝛾𝑥
𝑉𝑥 = 𝑒 + 𝑒
2 2
RELAÇÕES COMPLEXAS ENTRE AS FUNÇÕES HIPERBÓLICAS E A TRANSMISSÃO DE ENERGIA
Resulta em:
𝑒 𝛾𝑥 + 𝑒 −𝛾𝑥 𝑒 𝛾𝑥 − 𝑒 −𝛾𝑥
𝑉𝑥 = 𝑉𝑅 + 𝑍𝑐 𝐼𝑅
2 2
𝑒 𝛾𝑥 − 𝑒 −𝛾𝑥 𝑒 𝛾𝑥 + 𝑒 −𝛾𝑥
𝐼𝑥 = 𝑉𝑅 + 𝐼𝑅
2𝑍𝑐 2
Sabendo-se que:
𝑒 𝛾𝑥 +𝑒 −𝛾𝑥 𝑒 𝛾𝑥 −𝑒 −𝛾𝑥
𝑐𝑜𝑠ℎ𝛾𝑥 = 𝑠𝑒𝑛ℎ𝛾𝑥 =
2 2
𝑉𝑥 = 𝑐𝑜𝑠ℎ𝛾𝑥𝑉𝑅 + 𝑍𝑐 𝑠𝑒𝑛ℎ𝛾𝑥𝐼𝑅
𝑠𝑒𝑛ℎ𝛾𝑥
𝐼𝑥 = 𝑉𝑅 + 𝑐𝑜𝑠ℎ𝛾𝑥𝐼𝑅
𝑍𝑐
𝐴 = 𝑐𝑜𝑠ℎ𝛾𝑥 𝐵 = 𝑍𝑐 𝑠𝑒𝑛ℎ𝛾𝑥
𝑠𝑒𝑛ℎ𝛾𝑥
𝐶= 𝐷 = 𝑐𝑜𝑠ℎ𝛾𝑥
𝑍𝑐
𝑧
𝑍𝑐 = √
𝑦
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Cientefico. V. 18, N. 37, Fortaleza, jan./jun. 2018
𝛾 = 𝛼 + 𝑗𝛽
Como β está expresso em por unidade de km, utilizando-se de valores específicos dados,
encontra-se que o comprimento de onda calculado é próximo de 5000 km.
𝑢 = 𝜆𝑓
Na frequência usual dos sistemas de energia, 60 Hz, tem-se que a velocidade de propagação da
energia nas linhas de transmissão é próxima de 300000 km/s, velocidade da luz.
Resulta:
𝑉𝑆 = 𝑐𝑜𝑠𝛽𝑙𝑉𝑅 + 𝑍𝑐 𝑗𝑠𝑒𝑛𝛽𝑙𝐼𝑅
Para linhas de meia onda, em que l = 2500 km tem-se que cos βl = 1 e sen αl = 0. Admitindo
-se VR = 1 pu, tem-se que VS = 1 pu, isto é, as tensões no início e no final são iguais,
independentemente do valor da carga.
Considerando cargas na linha de meia onda, expressando-as através da sua potência natural Pn,
tendo-se na carga a corrente IR e a tensão VR, a potência da carga é SR = k Pn, isto é, k vezes a
potência natural. Com VR = 1 pu tem-se em cada ponto da linha, distante x km da carga, o
seguinte:
𝑉𝑥 = 𝑐𝑜𝑠𝛽𝑥𝑉𝑅 + 𝑍𝑐 𝑗𝑠𝑒𝑛𝛽𝑥𝐼𝑅
𝑉𝑥 = 𝑐𝑜𝑠𝛽𝑥 + 𝑗𝑘𝑠𝑒𝑛𝛽𝑥
Como resultado interessante, pode-se observar que para k = 1, ou seja, com a potência natural,
o módulo da tensão ao longo da linha é constante.
CONCLUSÃO
Analisou como a eletricidade e a energia elétrica, com seus primórdios há menos de duzentos
anos, puderam utilizar-se dessas ferramentas matemáticas, mostrando que os números
concebidos como imaginários e complexos, apresentam-se efetivamente com aplicações
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REFERÊNCIAS
LEHMANN, Charles H. Analytic Geometry. J. Wiley & Sons, Inc., N.Y. 1942.
HALLIDAY, D.; RESNICK. R. Física. 1. ed. Editora: Livros Técnicos e Científicos, Rio de
Janeiro, 1966.