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O SEGREDO DAS
FOLHAS
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Ewe folhas
A importância de Ossãe é tal que nenhuma cerimônia pode ser realizada sem sua
interferência.
ERVAS E USOS:
As ervas também tem propriedades energéticas próprias independentes dos orixás a que
pertencem, seu uso deve sempre seguir a recomendação dos guias ou dirigentes da casa.
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Empregada nos banhos de limpeza, descarrego, sacudimentos
Erva-preá
pessoais e domiciliares.
Sua resina é colhida e reduzida a pó. Este pó, misturado com benjoim,
Estoraque Brasileiro é usado em defumações pessoais. Essa defumação destina-se a
arrancar males.
Facheiro-Preto Aplicada somente nos banhos fortes de limpeza e descarrego.
A fava é usada nas cerimônias do ritual, o fruto é usado depois de ser
reduzido a pó. Este pó é aplicado em defumações ou simplesmente
Fava de Tonca espalhado no ambiente. Anula fluidos negativos, afugenta maus
espíritos e destrói larvas astrais. Propicia proteção de amigos
espirituais.
No ritual de Umbanda e Candomblé usa-se o fruto, a fava, reduzida a
pó, o qual é aplicado espalhando-se no ambiente. Aplica-se,
Fava Pichuri
igualmente, em defumações que atraem bons fluidos. É afugentador
de eguns e dissolvedor de ondas negativas, anulando larvas astrais.
Misturada a outras ervas pertencentes a Exu, o fedegoso realiza os
sacudimentos domiciliares. É de grande utilidade para limpar o solo
onde foram riscados os pontos de Exu e locais de. Esta erva é utilizada
Fedegoso Crista-de-galo em banhos fortes, de descarrego, pois é eficaz no afastamento de
Eguns causadores de enfermidades e doenças. Com flores e sementes
desta planta é feito um pó, o qual é aplicado sobre as pessoas e em
locais; é denominado “o pó que faz bem”.
Empregada, em banhos fortes para pôr fim a padecimentos de pessoa
Figo Benjamim
que esteja sofrendo obsessão.
Tem grande prestígio nas defumações, em face de ser anuladora de
eguns e destruidora de larvas astrais. Nas defumações usam-se as
Girassol
folhas e nos banhos colocam-se, também, as pétalas das flores,
colhidas antes do sol.
Usada em banhos de cabeça para desenvolver a vidência, audição e
Gitó – carrapeta
intuição.
É de costume usar galhos de guaxima em sacudimentos pessoais e
Guaxima-cor-de-rosa
domiciliares.
Ipê-amarelo Aplicada somente em defumações de ambientes.
Usada nos banhos de limpeza e descarrego dos filhos de Ogum. Os
Jabuticaba banhos devem ser tomados pelo menos quinzenalmente, para haurir
forças para a luta.
Utilizada em banhos fortes para descarregar os filhos atacados por
Lanterna Chinesa
eguns. Suas flores enfeitam a casa de Exu.
Laranjeira do Mato Seu uso se restringe a banhos fortes, de limpeza e descarrego.
Planta que simboliza a vitória, por isso pertence à Iansã. É usada nas
defumações caseiras para atrair recursos financeiros. Suas folhas
Louro – Loureiro
também são utilizadas para ornamentar a orla das travessas em que
se coloca o acarajé para arriar em oferenda a Iansã.
Maminha de Porca Somente seus galhos são usados em sacudimentos domiciliares.
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É aplicada nos banhos fortes, misturada com aroeira, pinhão-roxo,
cajueiro e vassourinha-de-relógio, do pescoço para baixo. Ao
Mangueira
terminar, vista uma roupa limpa. As folhas servem para cobrir o
terreiro em dias de festa.
Colhido e seco, sua folha previne contra raios e coriscos em dias de
Manjericão-roxo tempestades, usando o defumador. Também é usada como
purificador de ambiente.
Utilizada nos banhos fortes, nos descarregos, nas limpezas pessoais e
Manjerioba domiciliares e nos sacudimentos pessoais, sempre do pescoço para
baixo.
Muito utilizado para afugentar eguns e destruir larvas astrais. As
Mata Cabras pessoas que a usam não devem tocá-la sem cobrir as mãos com pano
ou papel, para depois despachá-la na encruzilhada.
Pertence a Oxóssi; as espigas de milho em casa propiciam despensa
Milho
farta.
Tem aplicação nos banhos de descarrego e nas defumações pessoais,
Musgo-da-pedreira que são feitas após o banho. A defumação se destina a aproximar o
paciente do bem.
Seu uso ritualístico se limita à utilização do pó que, espalhado ao
Noz-moscada (Dandá da ambiente, exerce atividade para melhoria das condições financeiras.
Costa) É também usado como defumador. Este pó, usado nos braços e mãos
ao sair à rua, atrai fluidos benéficos.
Ora-pro-nobis Afasta eguns e destrói larvas astrais.
É utilizado por filhos de Xangô. Pois esta propicia melhores condições
Pessegueiro
mediúnicas, destruindo fluidos negativos e afastando Eguns.
Aplicada em banhos fortes misturadas com aroeira. Esta planta possui
Pinhão Branco
o grande valor de quebrar encantos.
No ritual tem as mesmas aplicações descritas para o pinhão branco. É
Pinhão Roxo poderoso nos banhos de limpeza e descarrego, e também nos
sacudimentos domiciliares, usando-se os galhos.
Taquaruçu – Bambu-
Os galhos finos, com folhas, servem para realizar sacudimentos
amarelo – Bambu-
pessoais ou domiciliares.
dourado
Aplicada em banhos fortes, somente em casos de invasão de eguns. O
Urtiga-mamão banho emprega-se do pescoço para baixo. Esse banho destrói larvas
astrais e afasta influências perniciosas.
Vassourinha de Botão Muito empregada nos sacudimentos pessoais e domiciliares.
Vassourinha de Relógio Ela somente participa nos sacudimentos domiciliares.
Entra nos sacudimentos de domicílio, de local onde o homem exerce
Vassourinha-de-igreja
atividades profissionais
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FOLHA DA HONRA
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Etipolá "Erva-tostão", "Bredo-de-porco", "Pega-pinto" ou "Tangaraca"
Boerhavia diffusa, Nyctaginaceae
Teteregun "Cana-do-brejo"
Costus spicatus, Costaceae
Tótó "Água-de-alevante" ou "Colônia"
Renealmia brasiliensis, Zimgiberaceae
Igi opé "Dendezeiro"
Elaeis guineensis,Arecaceae
Ogbó "Orelha-de-macaco"
Niervillia umbrosa, Orchidaceae
Ewe Abebé "Capitãozinho"
Hydrocotyle bonariensis,Araliaceae
Ewe jeje "Jequiriti"
Abrus precatorius, Fabaceae
Alukeresé "Dama-da-noite"
Ipomea bona-nox, Convolvulaceae
Ewê boyí funfun "Bétís-branco"
Piper rivioides, Piperaceae
Jogbo "Neves-folha" ou "Neves"
Hyptis pectinata, Lamiaceae
Efirin "Manjericão"
Ocimum basilicum, Lamiaceae
Sunkawa "Arrozinho"
Zornia reticulata, Fabaceae
Ifin funfun "Malva-branca" ou "malva"
Abutilon x. hybridus, Malvaceae
Tamande "Arnica-do-campo"
Solidago microglossa, Asteraceae
Ewe odon "Erva-silvina" ou "Erva-fetos"
Polypodiumvulgare, Polypodiaceae
Amunimuye "Balainho-de-velho"
Centhratherum punctatum, Asteraceae
Solé "Maria-preta"
Eupatorium ballotaefolium , Asteraceae
Iyabeyin "Mãe-boa"
Ruellia geminiflora, Acanthaceae
Ewe ajé "Erva-da-riqueza"
Alternanthera tenella, Amaranthaceae
Godogbodó "Trapoeraba"
Commelina diffusa, Cammelinaceae
Ewe Iyá "Caapeba"
Potomorphe umbellata, Piperaceae
Wuê mimolé "Brilhantina"
Pilea microphylla, Urticaceae
Ejá Omodé "Aguapé"
Eichornia crassipes, Pontederiaceae
Teté ou ewe tetê "Bredo" ou "Caruru-sem-espinho"
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Amaranthus viridis, Amaranthaceae
Makasá ou Macassá, "Catinga-de- crioula" ou "Catinga-de-mulata"
Hyptis mollissima benth, Lamiaceae
Eré tuntún "Levante-miúda" ou "Levante"
Mentha citrata, Lamiaceae
Tanaposó "Bonina"
Mirabilis jalapa, Nyctaginaceae
Ewe mesan "Pára-raio" ou "Cinamomo"
Melia azedarach, Meliaceae
Ewe diji ou Ewe ojé"Erva-prata"
Solanum argenteum, Solanaceae
Okpá oro "Capianga"
Vismia guyanensis, Clusiaceae
Botujé"Pinhão-branco"
Jatropha curcas, Euphorbiaceae
Ewê inon "Folha-de-fogo"
Clidemia hirta, Melastomataceae
Ajagbao "Tamarineiro"
Tamarindus indica, Fabaceae
Gbji "Capim-de-burro"
Cynodon dactylon, Poaceae
Okowo "Erva-vintém"
Drymaria cordata, Caryophyllaceae
Ogbe akunko "Crista-de-galo"
Heliotropium indicum, Boraginaceae
Ajobi funfun "Aroeira-branca"
Schinus molle, Anacardiaceae
Ipeson ou ipesanhe "Birrero ou Bilreiro"
Guarea trichilioides, Meliaceae
Omun "Samambaia-de-poço"
Lygodium polimorphum, Schyzacaceae
Peregun ko "Dracena-listrada"
Dracaena fragrans var. massangeana, Ruscaceae
Pèrègún "Peregun" ou "Nativo"
Dracaena fragrans var. typica, Ruscaceae
Ewe bajutoná "Erva-pombinho" ou Quebra-pedra
Phyllanthus niruri, Phyllanthaceae
Kunkundukunku "Batata-doce"
Ipomoea batatas, Convolvulaceae
Alukpayidá "Língua-de-galinha"
Uraria picta, Fabaceae
Awian "Cascaveleira" ou xiquexique
Crotalaria retusa, Fabaceae
Afon "Espelina-falsa"
Clitoria guyanensis, Fabaceae
Atorinon "Sabugueiro"
Sambucus australis, Adoxaceae
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Bujè "Jenipapo" , "Genipapero" ou "Janipapeiro"
Genipa americana, Rubiaceae
Igba ajá "Jurubeba"
Solanum paniculatum, Solanaceae
Iteté "Janaúba" ou "Agoniada"
Plumeria rubra var. lancifolia, Apocynaceae
Etítáré "Maricotinha" ou "Alfavaca-de-cobra"
Monnieria trifolia, Rutaceae
Odé okosu "Caiçara"
Solanum erianthum, Solanaceae
Ewê lará "Mamona-branca"
Ricinus communis, Euphorbiaceae
Ewe Odé "Carrapicho-beiço-de-boi"
Desmodium adscendens, Fabaceae
Ojusaju "Guiné-tipi"
Petiveria alliacea, Phytolaccaceae
Okikákika "Cajazeira"
Spodia mombin, Anacardiaceae
Ewure "Alumon"
Vernonia bahiensis, Asteraceae
Atoribé "Milhomens ou Milomens"
Aristolochia gigantea, Aristolochiaceae
Ida orisá "Espada-de-ogun"
Sansevieria zeilanica, Ruscaceae
Labelabe "Tiririca"
Fuirena umbellata, Cyperaceae
Elexu "Arrebenta-cavalo"
Solanum capsicoides, Solanaceae
Falákálá "Corredeira"
Chamaescyce hirta, Euphorbiaceae
Esisi "urtiga graúda"
Laportea aestuans, Urticaceae
Jojofá "Cansanção (planta)"
Urera baccifera, Urticaceae
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Ábitólá = Cambará
Àgbá = Romanzeiro
Àgbàdó = Milho
Àgbaó = Imbaúba
Àgbon = Coqueiro
Akòko = Acoco
Jokonije = Jarrinha
Àlùbósà = Cebola
Apáòká = Jaqueira
Àrìdan = Aridan
9
Atopá Kun = Arruda
Àtòrìnà = Sabugueiro
Bàlá = Taioba
Bàrà = Melancia
Bejerekun = Pindaíba
Bujè = Jenipapeiro
Dandá = Junquinho
Dankó = Bambu
Efínfín = Alfavaca
Ègé = Mandioca
Ègúsi = Melão
Èkèlegbara = Perpétua
Ekun = Sapê
Elégédé = Abóbora
Èpà = Amendoim
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Ewé Bàbá = Boldo
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Oripepe (erva-de-bicho)- Polygonum hydropiper L.
Aproveito a postagem para pedir que as pessoas que mandarem alguma dpuvida sobre as ervas,
ou qualquer outra coisa no blog, deixem um endereço de email para resposta, ok?
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Nome popular: BARBATIMÃO
Nome científico: Stryphnodendron barbatimam Mart.
Sinonímia popular: uabatimô, casca da virgindade, paricarana
Sinonímia científica: Acácia adstringens Mart
Parte usada: Cascas
Propriedades terapêuticas: Adstringente das gengivas, hemostática, emética, depurativa, anti-
séptica, antidiarréica, vulnerária, tônica, antileucorréica, antiblenorrágica, antiescorbútica,
antiasmática
Indicações terapêuticas: Úlceras, leucorréia, catarro uretrais e vaginais, blenorragia, diarréia,
hemorragia
Uso medicinal:
As cascas de barbatimão têm grande poder adstringente. Externamente, reduzidas a pó,
empregam-se no tratamento de úlceras e, em banhos e injeções, atuam contra a leucorréia,
catarro uretrais e vaginais. Internamente utiliza-se seu decocto nas afecções escorbúticas, na
blenorragia, na diarréia, na hemorragia, nas hemoptises e também na leucorréia.
Dosagens indicadas:
Pele oleosa: coloque 1 colher (sobremesa) de casca picada em 1 xícara (chá) de água. Ferva por
5 minutos. Espere esfriar, coe e acrescente o suco de meio limão e 1 colher (chá) de mel. À
noite, aplique na pele do rosto, com um chumaço de algodão,deixando agir por 20 minutos.
Após lave com água morna.
Hemorragias uterinas: coloque 1 xícara ( chá ) de casca picada, 1 xícara (chá) da raiz de
algodoeiro e 1 xícara (chá ) de quiabo ainda não maduro, em 1 litro de água. Ferva durante 15
minutos e coe em tecido fino. Faça 1 ou 2 lavagens ao dia com esse líquido. Não obtendo
melhora procure orientação médica.
Inflamação da garganta, corrimento vaginal, diarréias, hemorragias: coloque 2 colheres (sopa)
de casca picada em 1 xícara (chá ) de álcool de cereais a 50%. Deixe em maceração por 3 dias e
coe em tecido fino. Tome 1 colher (café), diluído em um pouco de água, de 2 a 3 vezes ao dia.
Feridas ulceradas: coloque 1 colher (sopa) de casca picada e 2 folhas fatiadas de confrei em 1/2
litro de água em fervura. Desligue o fogo, espere esfriar e coe. Aplique na ferida, com um
chumaço de algodão, 2x ao dia.
Corrimento vaginal: coloque 2 colheres (sopa) de casca picada em 1/2 litro de água fervente.
Espere amornar, coe e acrescente 1 colher (sopa) de vinagre branco ou suco de limão. Faça
banhos locais, de 1 a 3x ao dia, até que o sintoma desapareça. Contra-
indicações:
Não foram encontradas referências sobre efeitos tóxicos.
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Curiosidades:
O nome deriva do termo indígena Iba Timo que significa a árvore que aperta. É uma planta
utilizada na indústria de curtumes e outrora muito procurada por prostitutas, daí o nome casca
da virgindade, que até hoje lhe é aplicada.
A casca do barbatimão produz matéria tintorial vermelha que, quando precipitada
convenientemente, produz tinta de escrever. Foi portanto muito utilizada na respectiva
indústria em tempos passados.
Uso litúrgico:
Também é considerada uma erva dedicada a Xangô, utilizada nos banhos e abôs dos filhos desse
Orixá.
arruda
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(pulgas, percevejos e ratos), reumatismo, sarna, varizes, vermes (oxiúros e ascárides).
CONTRA INDICAÇÕES/CUIDADOS: CUIDADO: TÓXICA. É VENENOSA E ABORTIVA. Contra
indicada para gestantes, lactantes, hemorragias, cólica mesntrual e sensibilidade na pele.
Efeitos colaterais: doses elevadas do chá podem causar vertigens, tremores, gastroenterites,
convulsões, hemorragia e aborto em mulheres grávidas, hiperemia dos órgãos respiratórios,
vômitos, salivações, edema na língua, dores abdominais, náuseas, secura na garganta, dores
epigástricas, cólicas, arrefecimento da pele, depressão do pulso, contração da pupila e
sonolência. Pode causar fitodermatites, através de um mecanismo fototóxico que torna a pele
sensível à luz solar. Nas mulheres pode levar a hemorragias graves do útero.
Uso litúrgico: Planta aromática usada nos rituais porque Exu ( o Orixá, não o catiço) a indica
contra maus fluidos e olho-grande. Suas folhas miúdas são aplicadas nos ebori, banhos de
limpeza ou descarrego, o que é fácil de perceber, pois se o ambiente estiver realmente
carregado a arruda morre. Ela é também usada como amuleto para proteger do mau-olhado.
Alecrim
alecrim
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de sobremesa de folhas picadas e adicione água fervente. Abafe por 10 minutos e coe. Tome 1
xícara de chá antes ou após as principais refeições.
Problemas respiratórios:
Xarope: para 1/2 litro de xarope adicionar o suco de 4 xíc. de cafezinho de folhas frescas, tomar
1 colher de sopa a cada 3 horas.
Infusão: 1 xíc. de cafezinho de folhas secas em 1/2 litro de água, tomar xíc. de chá a cada 6
horas.
Tintura: 10 xíc. de cafezinho de folhas secas em 1/2 litro de álcool de cereais ou aguardente,
tomar 1 colher de chá 3 vezes ao dia em um pouco de água; para a maioria das indicações,
inclusive hemorróidas.
Pó - as folhas secas reduzidas a pó têm bom efeito cicatrizante.
Outros usos: Usam-se ramos em armários para afugentar insetos.
IMPORTANTE
Toxicologia: Em altas doses pode ser tóxico e abortivo.
Uso litúrgico: O alecrim é uma folha consagrada a Oxalá. Largamente utilizada em banhos de
limpeza e descarrego, e em defumações. Junto com a arruda e a guiné, é muito utilizada por
pretos-velhos em benzimentos e em remédios naturais.
Carnauba
carnauba
Nome científico: Copernicia prunifera (Miller) H.E. Moore
Utilidade: É voz corrente entre a população nordestina que da carnaubeira tudo se aproveita.
O caule (tronco), de madeira moderadamente pesada (densidade 0,94 g/cm3), é muito
empregado na construção das casas da região, principalmente para vigamentos. Trabalhado ou
serrado pode ser utilizado na construção de móveis, na construção civil como caibros, barrotes
e ripas, na confecção de artefatos torneados como bengalas, utensílios domésticos, caixas, etc.
É considerada muito durável quando em contato com a água salgada. No Pantanal
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Matogrossense é muito utilizado para construção de cercas e porteiras, para postes e pontes,
onde se acredita que sua durabilidade seja eterna se utilizada de troncos completamente
maduros. Entretanto, sua principal riqueza está na cera que recobre as folhas, principalmente
as mais jovens, e conhecida internacionalmente como “cera-de-carnaúba”. No passado foi
muito empregada na iluminação de residências na forma de velas e atualmente é utilizada
industrialmente na confecção de graxas de sapato, vernizes, ácido pícrico, lubrificantes,
sabonetes, fósforos, isolantes, discos, etc. Suas folhas secas, além da utilização local para
cobertura de construções rústicas é muito utilizada na confecção artesanal de chapéus, cestas,
esteiras, bolsas, cordas, colchões, etc. Suas amêndoas (sementes) contém óleo. A palmeira é
muito elegante e vem sendo muito utilizada no paisagismo nas cidades nordestinas e na
arborização urbana, principalmente em Fortaleza, Teresina e Iguatu. Suas folhas verdes são
largamente utilizadas durante o período de estiagem prolongada no Nordeste como forrageira
para o gado.
(Fonte:http://www.plantarum.com.br/copernicia.html)
Uso Litúrgico: Planta dedicada à Oxalá. Tem aplicação em banhos feitos com as folhas, depois
do qual não se deve deixar a cabeça descoberta por pelo menos meio dia, e não se deve tomar
sol. É usada para fortalecomento da aura e alimento do ori. As velas feitas com sua cera são
consideradas as ideais para iluminar o Orixá.
Manjericão
alfavaca manjericao
Nome científico: Ocimum basilicum
Partes usadas: Folhas e sementes.
Família: Labiadas (Lamiaceae).
Características: Herbácea composta, de caule ereto, folhas de coloração verde-clara, opostas,
flores brancas, rosas ou púrpuras dispostas em espiga.
Nomes populares: É também conhecida como alfavaca-cheirosa, alfavaca-da-américa, basílico-
grande, erva-real, manjericão-das-cozinhas, manjericão-de-folhas, manjericão-de-folhas largas,
manjericão-de-molho e manjericão-grande.
Princípios Ativos: Rica em óleos essenciais (estragol, linalol e alcânfora) e tanino.
Propriedades: Diurética, cicatrizante, digestiva, hipotensora, inseticida e anti-biótica.
Indicações: Uso aconselhado em casos de tosse. Combate contrações musculares bruscas e
afecções das vias respiratórias. Como tempero agrada muito, principalmente a paladares
europeus. A alfavaca de cheiro, de folhas mais largas e grossas, pode ser usada em leite de soja,
cremes de coco e mel. Fornece um sabor semelhante ao da canela.
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Uso litúrgico: Planta consagrada a Oxalá. Utilizada nos banhos de purificação dos filhos que
entram em obrigação ou são recolhidos. Considerado um excelente banho de limpeza e
proteção para qualquer pessoa, e principalmente crianças, por ter o axé de Oxalá.
O banho de leite com manjericão é utilizado para espantar kiumbas e fazer limpeza forte, tanto
que não se aconselha o uso repetido desse banho. Suas folhas não devem nunca ser cozidas ou
fervidas, mas apenas maceradas.
Folha da fortuna
folha fortuna
Indicações: o suco das folhas é usado para combater frieiras, queimaduras, cicatrizar feridas,
aftas, erisipelas, úlceras gástricas e nervosas. Fazer emplasto de suas folhas elimina impurezas
da pele. Muitos usam para combater doenças dos pulmões e dos rins.
Uso litúrgico: Existe uma confusão entre três plantas: a coirama ou folha da costa (Kalanchoe
pinnata), a folha da fortuna (Kalanchoe brasiliensis) e a folha grossa ou pirarucú (Bryophylum
pinnatum). Algumas pessoas nomeiam a todas como folha da fortuna, ou trocam a folha da
costa com a folha da fortuna. Na verdade, a folha da costa é consagrada a Oxalá e a folha da
fortuna a Oxumarè. Há que se prestar atenção a pequenas diferenças entre as duas, como a
aparência "denteada" mais acentuada na folha da costa, assim como a borda arroxeada de sua
folha quando madura. Quanto ao seu uso medicinal todas as três têm propriedades parecidas.
Já quanto ao uso litúrgico, desconheço a utilidade da folha grossa ou pirarucú.
Folha da Costa
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folhacosta
Nome científico: Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers.
Uso litúrgico: A folha da costa é tida como sendo uma folha consagrada a Oxalá, mas oferecida
a todos os Orixás. Diz-se que é a única folha que se pode utilizar para qualquer pessoa, sem o
risco de kizila com o seu Orixá, ainda que este não seja conhecido. É utilizada nas obrigações de
cabeça, banhos de limpeza e defesa
ABITÓLÁ
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Sinonímia: 1) Lantana undulata Schr.
2)Eupatorium hecatanthus Baker.
Elementos: fogo/feminino
ABÉRÉ
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ajísomobíàlá, sendo empregada tanto em trabalhos benéficos - "proteção contra a ganância",
quanto para malefício - "trabalho para fazer alguém ter pesadelos (Verger 1995:638,495,415).
O picão é uma planta largamente utilizada, sob a forma de chá, na medicina popular, no
combate à hepatite; todavia, seu uso se estende aos casos de febre, males do fígado, rins e
bexiga, beneficiando a função hepática e normalizando a diurese.
Comentário: O Picão preto (Bidens pilosa) é uma planta que, desde 2009, foi reconhecida
oficialmente pelo Ministério da Saúde do Brasil como possuidora de propriedades fitoterápicas.
A erva não tem nenhuma contra-indicação. Ferva o equivalente a uma colher de sopa de picão
em ½ litro d'água e toma de 2 a 3 xícaras por dia. Os benefícios são magníficos e aparecem em
pouco tempo.
ÁBÈBÈ ÒSÚN
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cânticos para, posteriormente, servirem a comida ritualística de Oxum, o ipeté.
ÁBÈBÈ KÒ
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ÀBÀRÁ ÒKÉ
ÀBAMODÁ
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Nativa das regiões tropicais asiáticas, foi introduzida há muito na América tropical, ocorrendo
em todo o território nacional.
Em Ilê-Ifé, terra de Ifá, em território yorubá no sudeste africano, nas cerimônias para Obatalá e
Yemowo, após os sacrifícios, as imagens desses Orixás são lavadas com uma mistura de folhas,
sendo uma delas o àbamodá (Verger1981.255), que também é conhecida pelos nomes yorubás
erú òdúndún, kantí-kantí e kóropòn. (Verger1995.641)
Ábámodá, segundo Dalziel (1948:28), em dialeto yorubá significa "o que você deseja, você faz";
todavia, quando chamada de erú òdúndún (escravo de odundun), é considerada como folha
subordinada e afim, que pode eventualmente substituir o òdúndún (Kalanchoe crenata (Andr.)
Haw), segundo a cosmovisão jêje-nagô.
No Brasil, "alguns zeladores de santo consideram que a folha-da-fortuna pertence a Xangô";
todavia, uma grande maioria faz uso desse vegetal para diversos outros Orixás, confirmando,
desse modo, a tradição africana de que ela pertença aos orixás-funfun (originais), pois, quando
um vegetal é usado para vários Orixás é porque, com raras exceções, normalmente ele está
ligado a Ifá ou Oxalá.
Uma característica dessa planta, é o surgimento de muitos brotos nas bordas das folhas, fato
associado à prosperidade; por isso sua utilização é freqüente nos rituais de iniciação, àgbo,
banhos purificatórios, sacralização dos objetos rituais dos orixás, "lavagem dos búzios e das
vistas e para assentar Exu de mercado".
No campo medicinal, a folha-da-fortuna funciona como refrigerante, diurética e sedativa.
Combate encefalias, nevralgias, dores de dente, coqueluche e afecções das vias respiratórias.
É, ainda, utilizada externamente contra doenças de pele, feridas, furúnculos, úlceras e
dermatoses em geral.
ABÀFÈ
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no Àgbo e banhos para os filhos de Obaluaiê (branca) e a de Oiá (púrpura), em algumas casas
de santo.
A Bauhínia perpurea, que possui rosas escuras ou púrpura, segundo alguns usuários, não são
indicadas para combater a glicosúrea; todavia, tem aplicação litúrgica.
Como fitofármaco, tanto a B. forticata (flores brancas e pétalas finas) quanto a B. candicans
(flores brancas de pétalas largas) são amplamente conhecidas não só nos terreiros, como
também pela população geral, pois as duas são morfológicamente muito semelhantes, sendo
usadas para combater a diabetes.
Em outras indicações, sempre sob a forma de chá, ou de decocção, as folhas dessas leguminosas
são usadas internamente contra infecções renais, incontinência urinária e poliúria, e,
externamente, no combate a elefantíase.
Planta africana muito bonita e extremamente ornamental, conhecida como dracena bambú e
de nome científico Dracaena surculosa. Pertence a mesma família do nosso perégún (Dracaena
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fragans), ou seja, é uma Liliaceae. Nas casas de Candomblé é chamada por ètó. Folha ligada ao
Senhor da Justiça, sua utilização nos garante vida longa e nos afasta das armadilhas de Ikú (a
morte). Ètó nos traz saúde e vida próspera. Guardo sempre uma muda junto comigo. Que o
fogo de Sàngó possa arder sempre em nossos corações, aquecendo nossa vida e nos
resguardando do frio de Ikú!
Awáyémákùú kì í tètè kú
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Chacrona (Psychotria viridis)
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Folha da fortuna- A vida sempre se renova..
A folha de ogbó (Periploca nigrescens) é uma das mais importantes, dentro das casas de
Candomblé, sendo considerada uma folha de orò (utilizada para todos). Assim como a folha do
Amúnimúyè (Centratherum punctatum- balainho de velho) é utilizado junto com outras folhas
para facilitar o transe, principalmente em casos em que o orixá tem dificuldade em “tomar a
cabeça” do filho.
Conta um itan que quando Oyá espalhou as folhas que Ossanyìn guardava dentro de sua cabaça,
essa foi a primeira folha que Odé (Osossi) pegou pra si. Sendo assim ela representa um dos seus
principais fundamentos. Tradicionalmente o Ogbó está associado a todos os orixás masculinos
(oboró) e a terra (é um ewé igbó), sendo por excelência atribuída a Ossanyìn. Suas folhas
costumam ser empregadas nas casas de culto aos orixás em trabalhos específicos para a cura
de casos de epilepsia, o que vem sendo estudado no meio científico, onde há relatos da sua
ação no mecanismo de contração muscular. Devido sua importância cantamos sempre para
essa folha, fato que é constatado em seus korin ewé:
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Ewé ogbó Iroko Ewé gbogbo orisá Ewé ogbó Iroko Babá Ewé gbogbo orisá
A folha de ogbó que abraça Iroko Folha de todos os orixás
Folha que se enrosca no Iroko, Pai
Folha de todos os orixás
Ewé ogbó Iroko Ewé ogbó sé ó gbèje Ewé ogbó Iroko Babá Ewé ogbó sé ó gbèje
A folha de ogbó que abraça Iroko
É a folha que ele aceitou (comer)
Folha que se enrosca no Iroko, Pai
É a folha que ele aceitou
Ewé ogbó àsà ki ó kójé Ewé gbogbo orisá Ewé ogbó àsà ki ó jé Babá Ewé gbogbo orisá
A folha de ogbó conhece a tradição
Folha que é para todos os orixás
A folha de ogbó conhece a tradição, Pai
Folha que é para todos os orixás
Orisa wérewére Ewé ogbó t’a w’ esè Ewé ogbó t’a ewé awo Ewé ogbó t’a w’esè
Lentamente, orixá
Folha com que nós lavamos os pés
Folha ligada ao nosso culto (segredo)
Folha com que nós lavamos os pés
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Kalanchoe brasiliensis- ewé òdúndún/ folha da costa (saião)
Pé de milho
Dentro do Candomblé, embora não seja de origem africana, o milho apresenta uma posição de
destaque. Podemos dizer que uma casa de candomblé não funciona se não tiver milho no ilé
ìdáná (cozinha). Isso não é um exagero quando lembramos que alguns dos principais adimús
(oferendas) são a base de milho. A exemplo, podemos citar o doburú (pipoca), o ebô (canjica),
o axoxô, o eko e o akasá. Acredita em mim agora?
Pois é, existem dois tipos de àgbàdo: o funfun (branco) e o pupa (vermelho). Com cada um deles
podemos preparar diversas iguarias, que são apreciadas pelos mais diferentes orixás: Omulú,
Ogún, Odé, Ossayin, Ewá, e por aí vai… Ndandalunda, inkicie ligada ao cultivo das raízes e ao
ciclo lunar, cultuada nas casas de ritual Angola e muito confundida com Osun, também aprecia
o àgbàdo.
Com relação ao cabelo de milho, ele costuma ser oferecido para Ode, junto com a espiga, em
trabalhos para obter prosperidade e fartura. Já vi pessoas que o ofereciam para Oyá, com o
mesmo objetivo. Outra forma interessante que eu já tive a oportunidade de observar é a
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utilização de bonecos “voodoo”, feitos com a palha e os cabelos de milho. Nesse caso o intuito
era de aproximar duas pessoas. Por fim, com a palha do milho é feito um cigarro que é muito
apreciado por uma entidade pertencente à Umbanda e o Catimbó, denominada Zé Pelintra. O
cabelo de milho também é utilizado como um fitofármaco que auxilia nas doenças dos rins,
tendo efeito diurético e ajudando a baixar a pressão arterial
Cabelo do milho
Vamos aproveitar o momento e recitar um ofózinho para folha do milho dar sorte? Ofo é o
termo genérico empregado pelos iorubás para designar encantamento. Pode ser definido como
“a palavra falada que se acredita possuidora de força mágica ou capaz de produzir efeitos
mágicos quando recitada ou cantada sobre objetos mágicos ou na ausência destes.” O ofo pode
ser pronunciado em voz alta, sussurrado ou dito de forma que só você entenda.
ONÍIRE NI T’AGBÀDO.
ÀGBÀDO RÌN HÓHÒ D’ÓKO.
Ó KÓ RE BÒ WÁ LÉ.
KÍNI ÀGBÀDO Á MÚ BÒ? IGBA OMO.
KÍNI ÀGBÀDO Á MÚ BÒ? IGBA ASO.
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O milho tem boa sorte
O milho vai nú para o campo.
Ele pega a boa sorte e volta para casa com ela
O que o milho traz para casa? Duzentas crianças.
O que o milho traz para casa? Duzentas roupas
Uma variação:
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O Akòko é uma das minhas folhas preferidas, sendo que costuma ser associada sempre a
prosperidade, tanto de dinheiro (owo) como de filhos (omo). Essa árvore não é uma espécie
nativa do Brasil, sendo introduzida aqui pelos africanos, onde se adaptou perfeitamente.
Entre os iorubas, é considerada um sinal de prosperidade, pois seus troncos eram muito
empregados nas feiras, locais onde o comércio era intenso. Era comum que, após serem
utilizadas como estacas seus troncos brotassem, gerando novas árvores. Dentro das casas de
Candomblé Ketu costuma estar associada principalmente a Ogun e Ossayin, embora na verdade
costume ser empregada para todos os orixás.
Já no culto Egúngun, o akòko desempenha um papel fundamental na união dos seres do Ayé
(mundo dos vivos) e Orun (mundo dos espíritos). Seu tronco, que geralmente não é muito
ramificado, lembra um grande opó ixé, que ligaria o Céu a Terra. Nesse caso, sua principal
relação se dá com a iyagbá Oyá, Senhora dos Ventos e dos eguns, que recebe o título de
Alakòko, Senhora do Akòko. Constatamos assim dois aspectos importantes dessa árvore: sua
ligação com a ancestralidade e com o elemento ar.
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Entre os Jeje, recebe o nome de Ahoho (pelos Mahí) e Hunmatin (pelos Mina). O ahoho é um
huntingomé/jassú (árvore sagrada) consagrado ao vodún Gun (Togbo) que costuma tê-la como
seu principal atín sa. Segundo a tradição Mahí os galhos do Ahoho devem ser levados junto ao
corpo, em viagens longas, ou que ofereçam algum tipo de risco. Durante a execução de
obrigações difíceis também. Essa medida teria como finalidade atrair a proteção de Togbô, que
é um guerreiro terrível e que sempre luta pelos seus filhos.
Dizem os antigos que esse ewé está ligado ao final do ciclo da iniciação, quando uma nova etapa
na vida do iniciado começará. Por isso é uma folha muito empregada durante cerimônias de
festejo dos sete anos (Odu Ige) de iniciado, principalmente quando ocorre entrega de oye
(cargo). Segundo alguns, nenhum rei é considerado rei se não tiver levado no seu orí a folha do
akòko.
Quem quiser plantar o akóko não precisa de muito espaço, pois o seu tronco não é muito
grosso, porém o seu porte é majestoso, fica bem alta. Suas flores também são bem bonitas,
lembram bastante a de um ipê rosa, pois pertence a mesma família botânica (Bignoniaceae). Só
cuidado, pois eu já vi gente vendendo akosí (Polyscias guilfoylei) como se fosse akòko. Salve o
novo Rei! Árvore forte e imponente, esse é o akoko. Vamos cantar para ele:
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Dágunró (Chifre-de-carneiro)
É incrível como muitas folhas, que algumas vezes passam desapercebidas por muitos, carregam
consigo uma força imensa. Um exemplo é o dágunró (Acanthospermum hispidum), planta
invasora muito conhecida pelo nome carrapicho-de-carneiro ou só carrapicho. Seu nome
popular vem do fato das suas sementes lembrarem muito um chifre de carneiro (àgbò/agutan).
Outro nome que recebe é o de chifre-de-veado. Esses dois nomes nos remetem a dois animais
ligados a orixás que costumam apreciar esse ewé: Sangó e Odé.
O dágunró é uma folha quente, ligada a guerra, a confusão, ao lorogún. Seu nome em iorubá já
diz tudo, significando “para guerra”. Daí algumas vezes ser utilizada para esquentar Ogún contra
alguém. Entretanto da mesma forma que ela pode trazer o calor da briga e a ela que podemos
recorrer para amenizar a confusão e as cabeças quentes. Dizem que funciona muito bem com
o povo iniciado para Afonjá, que é confusão na certa e cujo chifre do carneiro (agutan) é um de
seus símbolos.
Outra coisa boa é que, como todo bom carrapicho, também pode ser usado para vários tipos
de amarração. Isso é bom, pois quem faz amor não faz guerra. Só precisa ter cuidado com a
hora de apanhar… Na medicina popular suas folhas são ótimas para tratar pessoas com sérios
problemas pulmonares, pois possuem propriedades broncodilatadoras. Motumbá irmãos!
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Obá Ibarú e o quiabo
Diziam os antigos que Ibarú foi um obá (rei) muito destemido e que adorava fazer emboscadas
e conquistar novos reinos. Todos temiam a sua presença, pois o mesmo possuía um
temperamento muito instável e agressivo, e qualquer coisa o deixava furioso. Diziam até que
era louco e que não merecia estar usando a coroa de rei. Em uma de suas batalhas conquistou
a cidade de Sobo, no reino do antigo Dahomé. Ao chegar vitorioso seu povo gritou alegremente:
- Ibarú de sobo ada,se ké èré,se ké èré de Sobo ada! Barú faz emboscada em Sobô com seu
facão. Faz gritar e é vitorioso!
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Ibarú adorava mesmo era um bom amalá
quente e regado com epó pupa (azeite de dendê). Porém, toda vez que lhe era servido esse
prato ficava com um cansaço que lhe deixava com muito sono. Seus inimigos logo descobriram
sua fraqueza e sempre que queriam levar vantagem sobre o seu reino mandavam que alguém
lhe oferecesse um amalá bem bonito e com muito ilá (quiabo). Dessa forma conseguiam sair
vitoriosos nas negociações, uma vez que o rei quando não estava dormindo também não
conseguia raciocinar corretamente.
Um dos seus súditos mais fiéis e que sempre acompanhava Ibarú era Inã (o fogo). Preocupado
com as freqüentes perdas sofridas por seu senhor e amigo resolveu procurar um oluwo
(adivinho) para saber o que fazer, pois temia que o rei fosse a ruína. Chegando a casa do oluwo
o mesmo informou que o motivo de tantas perdas era que Ibarú havia quebrado um de seus
interditos (èèwò). Ele deveria deixar de comer ilá (quiabo), pois do contrário só sofreria perdas
consecutivas.
Inã foi correndo contar a seu senhor o que o oluwo havia lhe dito. Após ouvir seu inseparável
amigo atentamente Ibarú logo protestou:
-Mas Inã como posso deixar de comer o meu prato predileto, amalá bom é com ilá!
Inã que já conhecia o seu senhor sabia que ele iria contestar a ordem do oluwo, e já tinha se
informado qual a melhor forma de substituir o ilá do seu amalá.
Pediu que Oyá, a maior quituteira do palácio, preparasse dois amalás diferentes substituindo o
ilá pelas folhas de gburé e de óyó. Assim Oyá fez. Refogou as folhas com bastante alobaça
(cebola), camarão e epo pupa. Despejou sobre a gamela forrada com ebá (pirão de farinha de
mandioca) e foi correndo servir ao rei, que só gostava de comida bem quente.
Quando viu Oyá chegando com duas gamelas Ibaru ficou curioso em saber qual era o prato que
Oyá havia lhe trazido. No começo achou estranho, pois nunca havia comido tal iguaria. Porém
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logo que provou o primeiro amalá, feito de gburé , lambeu os beiços e adorou a novidade. Como
era muito guloso logo foi experimentar o segundo amalá, com as folhas de oyó. Comeu tudo.
Após se fartar com as iguarias se sentiu cheio de energia, nem sinal do cansaço de outrora. Sua
mente estava a mil. Dizem que desde esse dia Ibarú nunca mais comeu ilá e seu reino voltou a
prosperar como nunca. Segundo alguns, o rei deixou até de ser chamado de louco, pois nunca
mais perdeu a sua lucidez. Seu reinado durou longos anos, até que, cansado do trono, Ibarú
abriu um grande buraco na terra e nunca mais foi visto por ninguém.
Korin ewé:
Awede ó ti móòkè kún
Awede ó ti móòkè kún
SAUDANDO AS DIFERENÇAS
No Candomblé existe uma estreita relação entre a Natureza e todos os ritos a serem seguidos.
Cada elemento está devidamente representado, uma cantiga muito interessante é a seguinte:
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Agbè lo laró Ki raun aro
Outra versão:
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Agbè que colhe azul (wají) dificilmente ficará sem azul (wají)
Essa cantiga (que era uma das preferidas de Mãe Senhora) costuma ser associada à
Osun, orixá que por excelência rege a maternidade e o nascimento. Osun foi a primeira a realizar
a iniciação de um iyawo, pintando seu corpo com diversos elementos retirados da natureza:
Osùn (de cor vermelha), wàji (de cor azul) e efun (de cor branca). Cada cor é revestida de um
simbolismo, que revela o que se deseja para o novo iniciado: o vermelho indica boas notícias, o
azul a bondade e o branco a paz.
Os desenhos também revelam que a partir daquele momento aquele iniciado faz parte
daquele Egbé (comunidade), estando submetido às regras e tabus instituídos para todos.
Através dessas pinturas podemos identificar a qual Nação pertence o novo iniciado: Ketu, Jeje,
Angola, por exemplo.
A cantiga que iniciamos o nosso texto pode ser entendida de diversas formas: ela nos
diz que Olorun criou cada um diferente do outro azul, vermelho ou branco. Não devemos ter
inveja de nossos irmãos, pois se agbé tem penas azuis, que nunca lhe faltem penas azuis. Se
Àlùkò possui penas vermelhas que elas nunca sejam perdidas. Que Leke-leke possa sempre
ostentar as suas penas brancas. Cada iniciado dentro do Egbé possui características e virtudes
que são suas. Não devemos querer parecer com quem não somos, pois somos únicos.
Ainda, poderíamos substituir as cores por suas atribuições: Agbé terá sempre o azul (a
bondade), pois sempre procurou por ela. Dessa forma fica entendido que devemos sempre
alimentar boas notícias, bondade e a paz, para que elas estejam sempre presentes em nossas
vidas. Se seguirmos o exemplo de Agbé, Àlùkò e Leke-leke ficaremos sempre acima de nossos
inimigos, evitando que esses possam nos fazer qualquer tipo de mal. Asé!!!
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Barba de velho – Ewé Irùngbòn (Tillandsia usneoides)
Conhecida por todos como barba de velho (Tillandsia usneoides) , devido a sua aparência
peculiar, esta espécie de bromélia costuma ser observada crescendo em cima de árvores e fios
de eletricidade. Embora muitos pensem que é um tipo de parasita, trata-se na verdade de uma
planta epífeta, ou seja, utiliza outras plantas apenas para sua sustentação. Devido a isso, dentro
das casas de Candomblé, costuma ser classificada como um ewé àfòmón (parasita),
pertencendo ao orixá Omolú/Obaluaye. É bastante utilizada para defumadores e alguns tipos
de sacudimentos para filhos desse orixá, que é chamado carinhosamente por muitos como o
“O Velho”.
Outros nomes que recebe são barba-espanhola, camambaia, samambaia, barba-de-pau e
barba-de-macaco. Pode alcançar até 6 metros de comprimento, se alimentando apenas da
umidade do ar e de alguns nutrientes carregados pelo vento. É interessante que quando passa
por longos períodos de seca entra em dormência, voltando a se desenvolver apenas quando as
chuvas retornam.
Já foi muito empregado para empacotar frutas, para fazer assentos de carros, colchões e
mobília. Na década de 1939 mais de 10 mil toneladas de barba de velho foram utilizados na
Flórida e na Louisiana, fazendo com que fosse praticamente erradicado de algumas de suas
regiões nativas.
Seus principais constituintes químicos são: compostos fenólicos, flavonóides, esteróides
triterpênicos, cumarina, ácido resinoso aromático e resina mole preto-esverdeada. No campo
fitoterapêutico é utilizado como adstringente, anti-hemorroidal, anti-reumático, combate de
hérnias, dor e inflamação do reto e ulcera varicosa.
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OBS: A coleta está fixada para começar em 1º de agosto de 2010 e o início da divulgação dos
resultados em dezembro do mesmo ano. As principais informações sobre o andamento da
pesquisa serão divulgadas no site do IBGE
CEN
Trepadeira nativa da Mata Atlântica e de Florestas do Caribe, essa folha possui imenso prestígio
entre os adeptos do Candomblé, pois é uma das principais folhas de Esú e Osaiyn. Algumas
pessoas costumam brincar que enquanto Ogún se veste com o mariwo, Ossaiyn se veste com o
owérenjèjé. Outro nome que recebe é Ewé Àse (folha do poder), denotando assim sua grande
força e motivo pelo qual merece destaque. Embora seja considerada a primeira folha do orò,
durante o ritual da Asà Òsányìn é a folha que deixamos para cantar por último, momento em
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que, logo após, se canta para Esú Odara. O tento miúdo guarda muitos mistérios consigo pois,
ao mesmo tempo que permite que o Esú individual (Bara) dê caminhos aos homens também
pode trazer muita confusão e discórdia, quando empregada de forma incorreta.
É muito usado dentro da Santeria na forma de Omí eró, os negros cabinda a chamam pelo nome
de Nfingu e utilizam suas folhas para acalmar a tosse, maceradas com vinho de palma ou
simplesmente mastigando-as. Entretanto, o jequiriti é extremamente tóxico, uma vez que de
suas sementes é extraída uma grande quantidade de proteínas venenosas, entre elas a abrina,
que possui ação parecida com o veneno da víbora. Por isso está incluída entre as plantas mais
venenosas do mundo. Suas propriedades toxicológicas e fisiológicas são capazes de aglutinar
hemácias impedindo assim a circulação do sangue, sendo altamente letais em pequenas
quantidades. Essa planta ficou muito conhecida no filme “A Lagoa Azul”, pois teria sido a “planta
proibida” que após ser ingerida pelo casal de amantes levou os mesmos a morte.
Na fitoterapia, suas folhas costumam ser aplicadas em solução sobre a pele, em caso de
eczemas cutâneos e para tratar conjuntivite (1 mL de líquido da semente em 100 mL de água).
As sementes servem como contraceptivo oral, misturadas com outros ingredientes. É
importante observar que a ingestão de suas sementes cruas pode causar dor abdominal,
náusea, vômito, diarréia, calafrios, vertigem, desmaios e sangramento retal. Alguns estudos
revelaram que a abrina quando aplicada na forma de injeção subcutânea pode causar convulsão
e morte devido à paralisia cardíaca. Por isso devemos ter muito cuidado com a utilização desse
poderoso ewe, que é extremamente quente (gún).
Owérenjèjé Owérenjèjé
Ìbà ni bàbá
Ìbà ní yèyé
S’omo mà ‘rò
K’orò ko ba
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Bàbá Àjàlé Oba Aláyé
Owérenjèjé Owérenjèjé
A benção é do pai
A benção é da mãe
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Ewêronjejê, ewêronjejê
Maladiorixá Baracobatalá
Ewe si ewapegi
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RAÍZES: Você conhece a sua?
Jonatas Gunfaremí
”Por mais que os galhos cresçam, o tronco sempre será maior, e quem sustenta o tronco é a
raiz”.
Mestre Ataliba
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OBS: As informações aqui contidas são fruto de pesquisa do autor em diversos meios de mídia:
livros, revistas, jornais e sites de internet. Algumas podem gerar discordâncias, uma vez que as
fontes são variadas e nem sempre há um concenso a cerca das mesmas. Procurarei postar aqui
as principais casas de matriz africana.
Iniciarei com a Casa Branca do Engenho Velho, pela mesma ser minha casa matriz. Sua origem
é polêmica, existindo diversas versões para explicar quem foram os seus (suas) fundadores (as).
Em seguida cito o Terreiro do Bogun e o Sejá Hundé, tradicionais casas de culto Jeje Mahí, que
teriam em comum sua fundadora. Segundo relatos Ludovina de Ogun (Gún) teria sido a
responsável pela fundação de ambas. Em breve postarei outras casas como o Bate Folha, o
Alaketú, a Casa de Osumre e as casas filhas do Engenho Velho.
A folha de ogbó (Periploca nigrescens) é uma das mais importantes, dentro das casas de
Candomblé, sendo considerada uma folha de orò (utilizada para todos). Assim como a folha do
Amúnimúyè (Centratherum punctatum- balainho de velho) é utilizado junto com outras folhas
para facilitar o transe, principalmente em casos em que o orixá tem dificuldade em “tomar a
cabeça” do filho.
Conta um itan que quando Oyá espalhou as folhas que Ossanyìn guardava dentro de sua cabaça,
essa foi a primeira folha que Odé (Osossi) pegou pra si. Sendo assim ela representa um dos seus
principais fundamentos. Tradicionalmente o Ogbó está associado a todos os orixás masculinos
(oboró) e a terra (é um ewé igbó), sendo por excelência atribuída a Ossanyìn. Suas folhas
costumam ser empregadas nas casas de culto aos orixás em trabalhos específicos para a cura
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de casos de epilepsia, o que vem sendo estudado no meio científico, onde há relatos da sua
ação no mecanismo de contração muscular. Devido sua importância cantamos sempre para
essa folha, fato que é constatado em seus korin ewé:
Orisa wérewére
Ewé ogbó t’a w’ esè
Ewé ogbó t’a
ewé awo
Ewé ogbó t’a w’esè
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Lentamente, orixá
Folha com que nós lavamos os pés
Folha ligada ao nosso culto (segredo)
Folha com que nós lavamos os pés
Cantemos para o Ojúoró (Pistia stratiotes- erva de santa luzia), para que ele permita que nossos
olhos estejam sempre muito abertos, e que assim possamos nos defender dos nossos inimigos
e ajudar os que nos amam. Asé!!!
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Canta-se para Osun, mas serve para outras Iyagbás também.
Tradução:
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Os irmãos Karê e o obí
Iyemonjá foi mãe de diversos orixás, possuindo seios fartos e cheios de leite, o que lhe concedeu
o título de “Mãe dos Seios Chorosos”. Como era extremamente maternal teve diversos filhos
adotivos, a exemplo de Omulú (filho de Nanan) e Logun Edé (filho de Iyá Ipondá).
Quando o jovem Logun voltou a morar com sua mãe verdadeira, Iyemonjá ficou muito triste, e
foi procurar Orunmilá, o adivinho, pois queria um filho igual ao pequeno encantado. Orunmilá
irformou que ela deveria pegar um obi, passar pelo seu ventre e então atirar nas águas. Assim
ela o fez, porém quando arremessou o obi este atingiu uma pedra e se partiu em dois. Uma
parte caiu no rio e outra foi parar no mato.
Nove meses depois Iyemonjá deu à luz um casal de gêmeos que foram chamados Odé Karê e
Osun Karê. Como eram muito parecidos, sua mãe muitas vezes se confundia na hora de vesti-
los, de forma que Odé usava as roupas com as cores de Osun e vice-versa. Osun Karê sempre
trazia consigo um ofá (arco de caça), pois adorava caçar. Quando ela chegava aos lugares todos
logo cantavam felizes:
Odé Káre era conhecido não só por sua beleza, mas principalmente pelo seu gênio esquentado,
freqüentemente era visto dentro do rio, pescando. Quando o viam pescando todos os outros
pescadores se aproximavam, pois ele sempre escolhia os locais com maior abundância de
peixes. Por isso entoavam a cantiga:
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O Intercâmbio de Folhas na diáspora
É um tema que merece a reflexão de todos nós que pertencemos às religiões afro-brasileiras
(negro brasileira ou de matriz africana). A utilização de espécies vegetais por essas comunidades
é vital, e ocorre desde os seus primórdios. Em África, eram utilizadas uma grande variedade de
plantas, que tinham funções bem específicas no culto as diferentes divindades. Algumas dessas
espécies só eram encontradas nesse continente, sendo muitas endêmicas, ou seja, só cresciam
em determinadas cidades ou regiões.
A partir do inicio do período escravocrata, diversas etnias africanas são levadas ao resto do
mundo na condição de escravos. Uma dessas rotas teve como destino o Brasil. Pois bem, ao
chegarem a terras tupiniquins os africanos se deparam com um mundo novo, uma fauna e flora
bem diferente daquela a que estavam habituados. Na sua nova condição tiveram que se
adaptarem as condições que lhe foram impostas. Dessa maneira o Candomblé vai sendo
moldado, novas folhas vão sendo incorporadas à ritualística.
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Podemos exemplificar o culto a Opaoká, divindade ligada aos orixás Odé e Inlé, e as Iyami Eleye.
Em terras africanas o seu culto se fazia através do mogno africano
Para o africano, cultivar a memória de seus ancestrais foi vital. A ancestralidade permitiu a
manutenção da sua identidade enquanto povo diante da diáspora. O saber ancestral que
cultivamos hoje nas diferentes casas de Candomblé é fruto da formidável capacidade de
assimilação e recriação do saber de diversas etnias que aqui se encontraram. A partir desse
olhar podemos dizer que houve uma hibridização desses conhecimentos, o que fez com que
fosse possível a sincretização das diferentes divindades. Assim o culto de Sogbò é confundido
com o de Sango, Oyá e Onira, Osún e Dandalunda, etc. Observamos muitas vezes uma tentativa
de uniformização no culto dos mesmos, que passam a receber oferendas e folhas semelhantes.
É interessante ressaltar que essas trocas já aconteciam em território africano, porém foram
catalisadas quando em nosso país. Para tornar ainda mais complexa essa história devemos nos
lembrar dos povos que habitavam o Novo Mundo, os índios. Esses povos também possuíam um
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amplo conhecimento a cerca das diferentes espécies vegetais brasileiras. Com a aproximação
entre africanos e indígenas, a exemplo das comunidades Quilombos, houve uma forte troca de
conhecimentos. Esses conhecimentos foram incorporados no Candomblé, principalmente os
que cultuam os encantados conhecidos como Caboclos.
Basta observarmos algumas similaridades entre Ossayin, orixá das folhas, e os Caboclos
(entidades das matas). Um elemento muito utilizado no culto das duas divindades é a folha do
tabaco (Nicotiana tabacum). Entre os Krahô de Tocantins, é comum durante o ritual de cura, se
fumar através de um cachimbo as folhas do tabaco e da maconha (Cannabis sativa). Canabis
esta que é originária da Ásia e que é conhecida nos candomblés Ketú como Ewé Igbó, sendo
atribuída a Esú. Um caso interessante é o do àgbàdó (ioruba) ou milho (Zea mays), embora já
fosse utilizado antes do conhecimento oficial das américas tem como origem esse continente.
Para os Incas, Maias e Astecas tinha um cunho religioso fortíssimo. Os Maias possuíam um Deus
do milho, de nome Yuin Kax, que trazia em sua cabeça o número 8. Essa divindade era tida
como Deus dos bosques, regendo a prosperidade e abundância, estando também relacionada
à morte. Ora, o milho é a comida predileta de Oxossi, Deus da caça, aquele que habita as matas,
quem traz a prosperidade para a cidade. Oxossi também tem estreita relação com a morte,
sendo saudado de forma especial durante o asese (ritual fúnebre). É com o milho que se prepara
o doburu (pipoca) servido ao vodun Sakpatá, intimamente ligado a Ikú (a morte). Nossos índios
guaranis também associavam o milho à figura do caçador, à chegada da prosperidade e também
a transformação advinda da morte. Para eles o milho era um presente de Nhandeyara (o grande
espírito), sendo chamado de Avaty (que foi um caçador). Trata-se de uma egrégora, ou seja esse
conhecimento ancestral de certa forma acabou convergindo, se entrelaçando entre os
diferentes povos.
Com base no que foi dito fica a pergunta: Será que realmente podemos afirmar que
determinados orixás, voduns ou inkicies não podem mais ser “feitos” porque não existem folhas
aqui no Brasil para os mesmos? Da mesma forma fica no ar o questionamento do irmão Jorge:
Será assim que o waji será substituído pelo anil , o efun pela tabatinga , o osun pelo urucum, o
ekodidé pela pena de arara , a palha da costa (iko) pelas fibras da bananeira e a pasta de orí
pelo babaçu ou da carnaúba?
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Tentar responder essas perguntas não me parece tarefa muito fácil, principalmente porque
nenhuma religião se mantém estática, as mudanças ocorrem. O Candomblé não é diferente,
adaptações são feitas a todo o momento. Talvez a maior dificuldade seja se adaptar sem perder
a essência, preservando ao máximo as tradições que herdamos de nossos ancestrais.
Por fim fica o pensamento de Mestre Ataliba da Mangueira: ”Por mais que os galhos cresçam,
o tronco sempre será maior, e quem sustenta o tronco é a raiz”.
“Minha alma transpira o verde, meu espírito pertence à terra. Cada árvore guarda a memória
de infinitos ancestrais, que penetraram por suas raízes e se fazem presentes através de suas
folhas, seus frutos, suas sementes… Preservando o verde eu mantenho viva a minha memória
ancestral, minha descendência Divina…”
A CABAÇA DO SEGREDO
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O nome cabaça é utilizado para designar pelo menos duas espécies distintas. Existem dois tipos
de cabaça, um que nasce em árvores, também chamado cuité (Crescentia cujete), e uma outra
com o hábito de trepadeira (Lagenaria vulgaris). Os índios tupis já a utilizavam, denominando
a mesma de Ku ‘ ya, nome que foi incorporado por nós como cuia
A cabaça redonda (Crescentia cujete) é chamada nas casas de Candomblé por igbá, nome que
faz alusão a sua forma. Durante muito tempo seus frutos foram utilizados como principal
assentamento dos orixás, sendo substituído atualmente por tigelas de materiais diversos como
porcelana e vidro. Entretanto, algumas casas ainda preservam essa tradição.
No culto de Ifá é usada como morada de Odú, esposa de Orunmilá, recebendo o nome de
Igbàdú. É nessa cabaça que céu e terra se unem, constituindo toda a existência e o equilíbrio
entre a representação masculina e feminina, o frio e o quente. Esse fato liga o seu uso aos cultos
de Obatalá, Oduduwá e Orunmilá.
A cabaça representa o Segredo (Awo), fato que é atestado durante uma cerimônia conhecida
por “Ideká”, ou mais popularmente, como “Entrega de Cuia”. O termo ideká significa
“transmissão de segredo”, fazendo parte do fechamento do ciclo de iniciação. Durante essa
cerimônia, que só pode ser realizada após sete (7) anos de feitura, o iniciado ascende ao grau
de Egbomí (irmão mais velho), podendo participar ativamente de uma série de cerimônias e
atividades que antes lhe eram vetados. É nesse momento também que o mesmo pode receber
(ou não) um Oye (cargo), que pode ser de Iya(Babá)lorisá ou outro qualquer (Iya Kekere,
Iyábasé, Runsó (Jeje)). É interessante ressaltar que, passar pelo Ideká é um direito de todo
aquele que possua sete (7) anos de iniciado e esteja com as obrigações em dia. Entretanto, em
casas tradicionais, o recebimento de Oye (cargo) não é para todos, e vai depender do odú
individual. Ou seja, nem todos os iniciados nascem para ocupar cargos, nem tão pouco para
abrirem ilês.
É a cabaça também que ocupará lugar de destaque, durante o ritual do Asèsè, representando a
cabeça do falecido. Local onde todos depositarão moedas. Durante o Ìpàdé, ritual de
homenagem a Esú e todos os ancestrais masculinos e femininos (Iyá Mí), novamente lá estará
a cabaça recendo diversas oferendas.
As folhas de Lagenaria vulgaris, extremamente amargas, são utilizadas para apressar o parto,
porém seu uso freqüente e em grande quantidade pode causar hemorragias sérias. A espécie
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Crescentia cujete também possui capacidade de induzir a contração uterina, sendo considerada
abortiva. Isso faz com que sejam consideradas folhas quentes (ewe gún). A cabaça é também
utilizada na confecção de berimbaus e outros instrumentos musicais.
A cabaceira é considerada um dos atin (atinsá) do vodun Legba, sendo o mesmo assentado aos
seus pés. A principal ferramenta de Esú é o ógó, que representa o próprio pênis de Senhor dos
Caminhos Que Se Encontram. Nesse caso o ógó é enfeitado com duas cabaças, que representam
os seus testículos, reiterando a sua função de procriador do mundo.
O seu fruto também está intimamente ligado a Esú e Ossayin. É no seu interior que esses orixás
carregam seus ofós, preparados mágicos. Nesse caso costuma receber o nome de adò. São
esses orixás os responsáveis pelo transporte do erù iyawo (carrego do iyawo), momento que
cantamos ao final da Sassayin:
Órùn a f’Èsù
Òdàrà kó ba l’ayo
Órùn a f’Èsù
Ase lè be kó ba l’O
Erù dà
Dá nise
Bó re adá
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O carrego (rito final)
Sozinha e cansada
Libertando-se dele
Ewe o! Laroye!
Aqui estão alguns nomes de folhas em Iorubá com tradução para o portugues.
Amú - sete sangrias
Atori Guiabá - goiabeira
Ataparí Óbuko - anis
Aferê - mutamba
Alapá - folha de capitão
Awô Pupa - cipó-chumbo
Arusò - alfazema
Asikuta/Efim - malva branca
Ata - pimenta malagueta
Ataare - pimenta da costa
Atopá Kun - arruda
Atórinà - sabugueiro
Awurèpèpè - agrião do Pará/pimenta d'água
Utilizamos nos rituais de iniciação os vegetais classificados como ÈRÒ. Eles tem a função de
abrandar o transe, apaziguar o orixá ou acalmar o iniciado. Servem também para facilitar a
possessão e excitar o orixá.
Eis as folhas sagradas:
Abafé - pata de vaca
Abamodá - folha de fortuna
Abará okê - baunilha de Nicuri
Abebé Kó - tira teima
Abebé Osun - erva capitão
Aberé - picão preto/picão da praia
Àbitolá - cambará
Àfomon - erva de passarinho
Àgbá - romanzeiro
Àpaoká - jaqueira
Àgbadò - milho
Àgbaò - imbaúba
Àgbeyè - melão d'água
Àgbon - coqueiro
Àgogo - figueira do inferno
Àjobi Oilé - aroeira comum
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Àjobi Pupá - aroeira vermelha
Àjobi Funfun - aroeira branca
Akan - cará moela
Alèkesi - São Gonçalinho
Alukerese - dama da noite
Alumon - boldo paulista
Bujé - jenipapeiro
Bejerekun - pidaíba
Bàrà - melância
Bàlá - taioba
Balaba - lírio do campo
Bánjókó - bem me quer
Dandá - junquinho
Efinfin - alfavaca
Efinrin - manjericão
Efinrin Kékéré - manjericão da folha miúda
Efin - malva branca
Ejinrin ( wéwé ) - Ewerepèpé - jambo
Ewé Bábá - boldo
Ewé Boyi - beti cheiroso
ewé Lará Pupa - mamona vermelha
Ewé Lará Funfun - mamona branca
Erúyánntefé - afavaca - erva doce
Eru Oridundun - folha de fortuna
Ewé Mesan - espada de Iansã
Ewé Legbá - patchouli
Ewé Asá - louro
Ewé Danda - alfazema
Ewé Kaiá - algas marinhas
Ègé - mandioca
Ègusi - melão
Èkèlegbara - perpétua
Ekun - sapé
Elégédé - abóbora
Èpá - amendoim
Eré Tuntun - levante miúda
Eró igbin - erva de bicho
Esísí - cansa
Etába ou Asá - fumo, tabaco
Etípónilá - erva tostão
Ewé Omí Ojú - vitória régia
Ewé Bíyemi - quebra pedra
Ewé Gbúne - bredo
Ewé idá orixá - espada de São Jorge
Ewé inón - folha de fogo
Ewé isinisini - mastruz
Ewe Òwú - algoodão
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Ewé iyá - pariparoba
Ewé kúkúndúnkú - batata doce
Ewé lorogum - abre caminho
Fitiba - cana fita
Gunoco - língua de galinha
Gúrófá - araçá
Ipòlerim, Ipê Erin - babosa (aloe vera)
Igí Mésàn - para raio
Irokó - gameleira branca
Irum-perlêmin - capim cabeludo
Ilerim - folha de vintém
Jamim - cajá
Jacomijé - jarrinha
Junçá - espada de OgunJá - capeba
Kaia - beti branco
Kánieri - carqueja
Kiôiô - louro
Mariwô - folha de palmeira de dendê
Makasà - Catinga de mulata
Òdundún - folha da costa óu saião
Ójuóró - erva de Santa Luzia
Òjé dúdú - guapo ou guaco
Orógbo - orobo
Obí - noz de cola
Osè Obá - abre caminho
Òsibàtà - lótus
Omin-ojú - golfo branco
Obó - rama de leite
Òmum - Samambaia de poço ou pente de cobra
Omum - bredo
Ojusaju - guiné
Olatorije - levante
Owérénjéjé - dormideira
Obaya - beti cheiroso
Oicô - folha de caruru
Péregun - pau d`agua ou pau de d`alho
Pepe - malmequer branco
Sawéwé - alecrim
Tété - bredo sem espinho
Teterégun - cana do brejo
Tepola - pega pinto
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Folha muito apreciada pela Senhora das Águas, Òsún. Erva de muito asé e que traz muita
prosperidade. Sua aparência lembra o abebe de Òsún (e também Iyemonjá) sempre traz
consigo, e que utiliza tanto para se admirar, como para se proteger dos seus inimigos. Outros
nomes que recebe são erva-tostão e folha-de-dez-réis, sugerindo que suas folhas lembram
moedas, dinheiro. É interessante observarmos que essa denominação vai de encontro a sua
utilização nas casas de candomblé, que a utilizam para atrair a prosperidade dessa iyagbá, que
ama o ouro. Ainda chamamos o abebê de acariçoba, lodagem, erva-capitão e em Portugal é
conhecida como chupa-chupas (pirulitos)
Por isso cantamos para essa folha, que dá poder para quem canta:
Ábèbè ni gbo wa
Ábèbè ni n’bó
Ewe ábèbè
Ábèbè ni gbo wa
Ábèbè ni n’bó
Ewe ábèbè
Tradução livre
É a folha de Abebe que iremos ouvir
Folha que cultuamos sobre a ení
Folha do Abebe
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Na língua Yorùbá, freqüentemente existe uma relação direta entre os nomes das plantas e suas
qualidades, e seria importante saber se receberam tais nomes devido às suas virtudes ou se
devido a seus nomes, determinadas características foram a elas atribuídas. ” (meu grifo).
Nesta preparação encontramos referência a uma folha, conhecida pela maioria de nós: o
Pèrègún, cujo nome é a contração do verbo “PÈ”, que significa chamar, com a palavra “EGÚN”,
que significa espírito, ancestral, etc. Percebe-se então que esta folha tem a finalidade de
“chamar (invocar) espíritos”, e que a própria pronúncia de seu nome já funciona como um ofò!
No caso da receita acima, a sabedoria daqueles nossos ancestrais yorubanos que a elaboraram
fez esse trocadilho: se Pèrègún pode chamar espíritos, pode chamar a riqueza! Certa vez ouvi
de meu “bàbá” que o negro yorubano tem sobre nós a vantagem do uso corrente do idioma,
enquanto nós aqui no Brasil ficamos presos a textos prontos, que nos foram transmitidos ao
longo do tempo.
Para algumas pessoas, principalmente para aquelas que não estão ligadas aos cultos de matriz
africana, pode parecer um tanto “primitivo” pensar dessa maneira, digo, esperar resultados a
partir da utilização de certas plantas, de sementes, etc., enfim de elementos da natureza,
aparentemente inanimados. No entanto, repetimos, existe por traz da utilização desses
elementos uma questão cultural. Eles se utilizam desses elementos da natureza acreditando
que eles expressam as suas necessidades perante o “Criador”, o destino final de seus pedidos:
“…Uma composição mágica parece ser considerada como uma coleção de coisas materiais, às
quais é dado um valor simbólico; juntas constituem uma mensagem…” (Ewé, Pierre Verger,
1995)
Entre os Yorùbá, os ofò são frases curtas nas quais muito freqüentemente o “verbo” que define
a acão esperada, chamado de “verbo atuante”, é uma das sílabas do nome da planta ou do
ingrediente empregado. No entanto, o elo entre o nome da folha e a ação esperada, invocada
através do ofò, não se limita apenas ao verbo, mas pode aparecer em uma frase curta ou longa,
nesse caso estabelecendo uma relação simbólica entre algumas “características naturais”
daquela planta a as “necessidades” do homem.
Vejamos alguns exemplos:
Este ofò faz referência a uma folha conhecida popularmente por Bredo ou Caruru de porco, e
cujo nome Yorùbá é Tètè. É uma folha facilmente encontrada, tanto no meio urbano, nas
margens de calçadas, como no meio rural, e confesso que antes de conhecer o seu valor ritual,
passava-me despercebida, assim com muitas folhas que não conhecemos! Percebemos pela
tradução que é uma planta resistente às variações da natureza, permanecendo sempre
saudável, e não é este tipo de força que queremos para nossa vida?
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OJÚ ORÓ NI Ó N’LÉKÈ OMI, TÈMI Ó L’Á LÉ
Ojú oró é conhecida popularmente por Erva de Santa Luzia, é uma planta aquática, encontrada
em rios ou lagoas. Percebemos que nesse ofò evoca-se o poder dessa planta de conseguir
manter-se sempre por cima da água!
Em território Yorùbá, na preparação dos trabalhos ligados à obtenção de todo tipo de sorte, ou
para afastar algum mal, esses vegetais são pilados e misturados ao sabão africano Ose (oxé)
Dudu, com o qual toma-se banho, ou então são torrados, até a obtenção de um pó, que poderá
ser misturado à comida, a bebidas destiladas, ou até mesmo esfregado em incisões feitas no
corpo, particularmente nos punhos.
Essas práticas quase não sobreviveram aqui no Brasil, por ocasião da reestruturação do culto
aos Òrìsà, no entanto há uma prática viva entre nós: o Oro Asa Òsónyìn ou Sassanha, como é
mais conhecido, umritual realizado nas casas de raízes Yorùbá, que significa basicamente: Ritual
de proteção de Òsónyìn. Utilizamos o recurso dos “cânticos das folhas” para determinar que as
oferendas sejam cobertas de realizações, uma vez que esses cânticos possuem “verbos
atuantes” que facilitam a comunicação entre o povo e os Ancestrais Divinizados. No caso de
uma Iniciação para Òrìsà ou “Feitura de Santo”, este ritual é realizado para preparar a “esteira”,
onde ficará deitado o iniciado e o “banho” para lavar todos os seus objetos rituais, bem como
para os seus banhos matinais diários.
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Ewe Itá/ Ewe Étipónlá
Aí vai o korin ewe para a folha do ewe itá (pitanga – Eugenia pitanga). Na verdade, essa cantiga
também serve para a folha de étipónlá, conhecida como erva-tostão ou agarra-pinto (Boerhaavia
difussa).
A fí pa burúrú,a fí pa burúrú
Etiponlá wa fi pá burúrú
Ita owó, ita omo
Etiponlá wa fi pá burúrú
Nós utilizamos para acabar com as complicações
Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações
A folha de Ita atrai dinheiro, Ita atrai filhos
Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações
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Quando cantamos essa cantiga é costume se arrastar as folhas desses ewe no chão da entrada do
barracão até a ení do iyawo, para trazer prosperidade e proteção para todos da casa. Também é
comum espalhar suas folhas pelo chão do barracão durante o sirè, demonstrando assim a sua
importância.
O ewe ítá é uma folha de muita força, utilizada para atrair felicidade e sorte (asé odara),
pertencendo a Ossayin e Osun. É uma folha quente, devendo ser usada com cuidado,
principalmente pelos filhos do orisá dos Caminhos (Ogun)…
As folhas de étipónlá, assim como o pèrègún (Dracaena fragans) são um ótimo remédio contra
feitiços mandados e aproximação de égun. É facilmente encontrada, crescendo espontaneamente
em calçadas e vias públicas. Deve ser utilizada em pouca quantidade, pois pode causar ardencia
e irritação na pele (coceira). Costuma ser atribuída a dois orixás quentes: Sango e Oyá, sendo em
alguns casos também ligada a Ifá.
Não confundir com a cantiga abaixo, que é do ataare (pimenta da costa- Aframomum melegueta):
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Orixá Oxaguiã
Oxaguiã é um Orixá funfun (Orixás cujo principal emblema é a cor branca), é a forma “jovem”
de Oxalá, ele é guerreiro, apresentando essa qualidade no tocante as discuções filosóficas.
Lekelekê
Metais de Oxalá / Oxalufã e Oxaguiã são todos metais brancos, em especial a prata e o chumbo.
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Minério de chumbo
Oxaguiã/Azul e Branco
As pedras corespondentes, são todas as pedras brancas, marmore, cristal de quartzo, diamante.
Cristal de Quartzo/Oxaguiã
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As folhas (ewe) de Oxaguiã são as mesmas de Oxalá.
ewe oxaguiã/algodoeiro
ewe oxaguiã/alecrim
ewe oxaguiã/baunilia
ewe oxaguiã/camélia
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ewe oxaguiã/camomila
ewe oxaguiã/carnauba
ewe oxaguiã/colonia
ewe oxaguiã/estoraque
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ewe oxaguã/funcho
ewe oxaguiã/guaco
ewe oxaguiã/laranjeira
ewe oxaguiã/mangericão
ewe oxaguiã/pichuri
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ewe oxaguiã/salvia
ewe oxaguiã/saião
ewe oxaguiã/obí
ewe oxaguiã/patchuli
oxaguiã/inhame
Um dos principais emblemas de Oxaguiã é o pilão, usado para fazer o seu prato favorito!
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pilão/emblema de oxaguiã
Waji, corante azul indigo retirado das folhas do Lonchucarpus sp, sendo esta cor ligada a
Oxaguiã.
waji/anil
Oxaguiã e Ogum, andam juntos transformando o mundo, Oxaguiã fornecendo as idéias e Ogum
fornecendo as ferramentas para a concretização destas transformações!
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Oxaguiã é a Luz do Dia!
Oxaguiã, o amanhecer, os primeiros raios de luz!
Oxaguiã é o Guerreiro Branco que desconhece a derrota!
Exeu ê, epâ babá, kabiesy Oxaguiã!
Axé a Todos!
Alexandre de Yemanjá
Oxaguiã é o Senhor da Vida, aonde ele entra, a vida se renova!
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Boldo do chile - Peumus boldus Molina
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Boldo do chile - Peumus boldus Molina
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Boldo Brasileiro - Plectranthus barbatus
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Boldo? Qual boldo?
Falar sobre o boldo é um assunto e tanto: apesar de ser uma planta muito conhecida, é comum
a confusão entre os vários tipos de boldo.
Planta originária do Chile, é considerada uma árvore, pois quando adulta atinge de 12 a 15
metros de altura. Apresenta propriedades estomáquicas, diuréticas e hepáticas. Efeitos
colaterais: pode ser abortivo e provocar hemorragias internas. Deve ser usado com cautela. No
Brasil, é possível encontrar o boldo-do-chile (produto importado) em farmácias.
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Arbusto também originário da África, chega a alcançar de 2 a 5 metros de altura e pode se
quebrar facilmente com o vento. Apresenta efeito carminativo e alivia os sintomas de úlceras e
gastrite. Efeitos colaterais: ainda não foram verificados.
Aquele do quintal
Desta vez, vamos tratar do cultivo daquele boldo mais comum, provavelmente aquele que a
maioria tem no quintal, no vaso ou na jardineira: o Boldo-da-terra (Coleus barbatus ou
Plectranthus barbatus), também conhecido como falso boldo, boldo africano, boldo-do-reino e
malva-santa. Pertencente à família das Labiadas, é uma planta herbácea perene que apresenta
folhas pilosas, isto é, coberta de pequenos pêlos que dão uma aspecto aveludado. As flores
pequenas nascem em espigas, na ponta dos ramos, em tons que vão do azul ao violeta.
Cultivo: O boldo-da-terra pode ser cultivo em todas as regiões do Brasil e é muito resistente,
sendo sensível apenas às geadas. Propaga-se por meio de estacas retiradas da planta-matriz,
sendo recomendável manter um espaçamento de 1 metro entre as mudas. Para o cultivo em
vasos ou jardineiras, é preciso garantir pelo menos 30 cm de profundidade. Desenvolve-se
melhor a pleno sol, em locais sombreados a produção é menor. Como as folhas são as partes
utilizadas com finalidades medicinais, o ideal é fazer a poda das inflorescências (pendões
florais), um pouco antes da colheita, para obter uma planta volumosa.
Colheita: Cerca de seis meses após o plantio já é possível fazer a colheita das folhas.
Uso: O chá, que geralmente é maceração* das folhas, é um tônico amargo que facilita o
trabalho da vesícula biliar, estimulando a secreção da bílis e favorecendo a digestão de
gorduras. É indicado nos combates às dores estomacais, males do fígado, diarréia e desconforto
causado por gases intestinais. Porém, como foi citado acima, deve ser usado com cautela pois,
em excesso, pode provocar irritação gástrica. É preciso ter cuidado para não confundir o boldo
com algumas plantas ornamentais, que são aparentemente semelhantes.
Receitas:
Essas duas receitas foram divulgadas pelo Prof. Sylvio Panizza, no Programa Dia-a-Dia da TV
Bandeirantes:
Coloque para ferver 1 xícara (chá) de água filtrada, 1 colher (sobremesa) de boldo e 1 colher
(sobremesa) de carqueja. Desligue o fogo e abafe durante 10 minutos e coe. Não tomar mais
de 3 xícaras por dia.
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Infuso hepático
Ferva 1 xícara (chá) de água filtrada e desligue o fogo. Coloque imediatamente 1 colher
(sobremesa) de boldo, 1 colher (sobremesa) de losna e 1 colher (sobremesa) de menta. Abafe
por 10 minutos e coe. Ideal é consumir 1 xícara antes das principais refeições, para tratar males
do fígado e vesícula.
* A maceração das folhas obtém-se, espremendo as folhas com um socador de madeira (ou
vidro) e adicionando-se apenas um pouco de água fria filtrada. O resultado é um suco
altamente concentrado, que deve ser ingerido com cautela pois apresenta os componentes
químicos do boldo-da-terra (óleo essencial, flavonóides e saponinas) em grande quantidade.
Tenho colocado nesta etiqueta, algumas informações de cultivo do manjericão ou basílico, mas como
existem diversas variedades, que penso terem os mesmos requisitos de cultivo, e que vou passar a
enumerar:
- Manjericão ararat
- Manjericão dark opal
- Manjericão purple delight
- Manjericão Siam Queen
- Manjericão genovês
- Manjericão grande
- Manjericão pequeno
- Manjericão canela
- Manjericão limão
- Manjericão lima
- Manjericão anis
- Manjericão tailandês picante
- Manjericão exótico mexicano
Estas são as que consegui descobrir, na net e em livros, mas penso que existirão muitas mais.
Já consegui sementes de algumas e já germinaram, mas estão ainda muito pequeninas.
O basílico é extremamente aromático e fica delicioso em qualquer prato de massas, peixe ou saladas e
não só.
Experimentem
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Vários tipos de manjericão.
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Basílico lima
81
Basílico Genovês
82
Basílico Grande
Basílico limão
Só a ultima foto é que é de uma planta minha, todas as outras vieram do site da Thompson and Morgan.
Assim que os meus basílicos tenham tamanho de jeito colocarei aqui as suas fotos.
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" SASSANHA "
* EXÚ
FOLHA: ARRUDA ( ADEGUE), FOLHA DE LIMÃO E FOLHA DE
LARANJA ( AFORIN E AFORA)
********************************************************************
* OGUN
FOLHA: MARWO, FOLHA DE COQUEIRO
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TANA BÊO
********************************************************************
* ODÉ
FOLHA: AKOKO, KITIKO ( FUMO CHEIROSO), VASSOURINHA (
VAROLENIN)
*********************************************************************
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* OSOIYN
FOLHA: PEREGUM
*********************************************************************
* OBAOLUAIYÊ
FOLHA: MAMONA ( SARAN, SARAN)
************************************************************
* OSÚMARÉ
FOLHA: FARA ( GIBOIA)
******************************************************
* OYÁ
FOLHA: PARA-RAIO ( AFULELE), BALAINHO,
BAMBU
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KIKA KIKA YÁ BALÉ ( BIS) OROBICOSÚ
OROKODIDÉ KIKAKIKA YÁ
BALÉ
********************************************************
*******************************************************
* ÓSÚN
FOLHA: OXIBATÁ, BOTO, MARIA PRETINHA, SAMBAMBAIA,
TREVO, BREDO, CARURU
********************************************************
* OLOGUNEDÉ
FOLHA: PEREGUM COM LISTA AMARELA
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***********************************************************
* OBÁ
FOLHA: FOLHA DE QUIABO, FOLHA VEU DE NOIVA,
FOLHA DA BABA
***********************************************************
* YEWA
FOLHA: CAPIM GORDURA, MARMELA, PÉ DE GALINHA
*********************************************************
* NANÃ
FOLHA: VASSOURA DE BRUXA, PINHÃO ROXO, SANGUE LAVO
**************************************************************
* YEMONJÁ
FOLHA: COLONIA, JASMIM, DINHEIRO EM PENCA YASINSE, YASINSE (
BIS)
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YAMASEMALE YAMASEORUM
YASINSE, YASINSE
******************************************************************
* OBATALÁ
FOLHA: ALGODÃO, MANJERIÇÃO, ORIRI, PATCHULI, FOLHA DA COSTA,
ORIPEPE
*********************************************************************
* LOUVAR A SASSANHA
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