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UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

LEANDRO SILVA SANTOS

AÇÃO DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE

SALVADOR

2021
Ação de dissolução parcial da sociedade abrange principalmente os contratos
formais de médias e pequenas empresas.

Tais ações visam regular a saída e motivos imputados a um dos sócios para saída
de seus contratos permanecendo outros sócios no contrato.

O Código civil de 2002 regulou como se desfazer desse problema e uma das
possibilidades é a destituição do socio em razão de fatos a ele imputados em seu
art.:

Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser
excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no
cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

O ART. 600 do CPC estabelece os sujeitos que podem requererem esse tipo de
ação.

Mas quem são? Conforme o CPC:

Art. 600. A ação pode ser proposta:


I - pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar
na sociedade;
II - pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido;
III - pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio
ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do
contrato social;
IV - pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido
providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando
o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito;
V - pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou
VI - pelo sócio excluído.
Parágrafo único. O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união
estável ou convivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres na
sociedade, que serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio.
.

Nesse caso já podemos entender que não a possibilidade de sócios com os mesmos
parâmetros ou o mesmo quinhão social, solicitar a exclusão de um dos sócios do
contrato e manter o contrato social validado.

Podemos entender também que essa ferramenta visa imputar causa a saída do
socio finalista ao seu contrato socio, sendo por morte, com o espolio sendo a causa
da ação jurídica, pelos sucessores, ou caso os outros sócios rejeitem a entrada dos
sucessores no contrato social após a morte do socio.

Segundo o art. 1029 do C.C. menciona que ninguém é obrigado a ficar associado ou
permanecer associado.
Logo a retirada da sociedade deve ser promovida pelo socio retirante respeitando
logicamente o art. 187 do C.C. onde relata que o socio desistente deve respeitar os
limites impostos pela boa fé e bons costumes.

[…] a orientação segundo a qual a denominada ação de dissolução parcial deve ser
promovida pelo sócio retirante contra a sociedade e os sócios remanescentes, em
litisconsórcio necessário, pela singela razão de que o pagamento dos haveres
deverá ser feito com o patrimônio da empresa (Recurso Especial 77.122/PR, relator
Ministro Rui Rosado de Aguiar, e Recurso Especial 44.132/SP, relator Ministro
Eduardo Ribeiro)

O socio desistente deve notificar ao quadro societário com 60 dias de antecedência


o seu pedido de retirada, mesmo senda mera formalidade.

Jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL CUMULADA COM PEDIDO


DE APURAÇÃO DE HAVERES. QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETATIS.
RECONVENÇÃO. DECLARADA A DISSOLUÇÃO TOTAL DA SOCIEDADE. – […]
Do mérito. Caso em que a notificação prévia dos apelados, a que alude o art. 1029
do Código Civil, foi procedida em 26-02-2008 (fl. 20), nos mesmos endereços em
que citados (fls. 46-48). E o fato de terem sido recebidas por pessoas que não os
sócios não implica, de forma alguma, concluir que dela não tiveram ciência,
evidenciando-se pelos sobrenomes dos recebedores tratarem-se de parentes dos
demandados. Ademais, a mera ausência de notificação não constitui óbice à
dissolução parcial da sociedade, sendo tal requisito suprido pela citação, ato
que dá inequívoco conhecimento aos demais sócios da pretensão da sócia
retirante de deixar de fazer parte do quadro societário da empresa. […]
(Apelação Cível Nº 70033038274, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Romeu Marques Ribeiro Filho, Julgado em 14/12/2011) 

Para não demora no processo de retirada do socio, o CPC instituiu o prazo de 10


dias para o quadro societário permanecente faça, de forma consensual, a
modificação do contrato.

Em caso de exclusão dos sócios, no que tange a sua saída de forma litigiosa, cabe
aos demais, conforme legislado no art .1.030 usar da dissolução parcial da
sociedade, solicitado assim a retirada do socio rejeitado do seu quadro. Mesmo este
socio tenho o maior quinhão de cotas, os demais sócios em sua maioria farão a
ação ser procedente.

Jurisprudência:

“Dissolução Parcial de sociedade. Exclusão de sócio (Art. 1.030 do CC).


Ilegitimidade ativa da sociedade. Quebra da affectio societatis e prática de falta
grave no cumprimento das obrigações sociais não demonstrados. (…) 1. A maioria
dos sócios é que tem legitimidade para requerer a exclusão de outro sócio, e não a
sociedade. 2. (…) 3. Recurso parcialmente provido no tocante à demanda principal
(vencido)”. (TJPR – 18ª C.Cível – AC 0462759-2 – Assaí – Rel.: Des. José Carlos
Dalacqua – Por maioria – J. 30.04.2008).

Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto:

I - a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio


falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e
II - a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de
retirada ou recesso; ou
III - somente a resolução ou a apuração de haveres.

Logo pelo que já foi explanado, em nenhum momento podemos notar a previsão
legitima dos demais sócios propor a lide para uma ação de dissolução parcial de
sociedade, logo a solicitação de exclusão da sociedade é ação de autonomia
singular de um dos sócios, cabendo a ele produção de provas.

Podemos dividir a dissolução parcial em duas etapas:

 Resolver a sociedade em relação a um sócio


 apurar haveres do sócio morto ou que exerceu seu direito de recesso/retirada
ou que foi excluído.
Sendo assim o processo será divido em etapas para tratar a delação do sócio com o
quadro societário e após isso verificar os haveres do socio retirante.

Em caso de exclusão por lide, haverá primeiramente uma fase de apuração e logo
após os ritos para tratamento do processo em si.

Contudo o rito do procedimento especial só será interposto após o rito do processo


comum do CPC, tendo este primeiro passado pela exclusão do socio.

Este rito é apenas em caso de dissolução parcial solicitada pelos demais sócios em
sua maioria, pois caso este, seja solicitado pelo socio que por sua livre e espontânea
vontade deseje sair do quadro, respeitando os princípios da boa fé e boa conduta
legislado no art. 1.030 do C.C. nada precisa provar, tendo este apenas que solicitar
formalmente a sua retirada ou caso sendo os herdeiros, provar através de atestado
de óbito o falecimento do socio excludente. Sendo processo tratado de forma ágil e
rápida.

Contudo ainda existem lides mal resolvidas, tendo essas corridos ao STJ para
analises.

Jurisprudência:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – Dissolução de sociedade para exclusão de


sócio cumulada com pedido de apuração de haveres e indenização em favor da
sócia remanescente e sociedade – Tutela antecipada deferida para afastar a
agravada da administração – Após oferta da contestação e réplica, feito saneado
com declaração de ilegitimidade ativa das sociedades e determinação de emenda à
inicial para que as sociedades figurem no polo passivo – Descabimento – Matéria
não unânime na doutrina e jurisprudência – Situação entretanto, que os
pedidos são cumulativos, envolvendo a exclusão da sócia agravada, apuração
de haveres e de práticas apontadas como incorretas realizadas pela recorrida,
cujo ressarcimento às sociedades e à pessoa natural agravante se pretende –
Decisão de emenda afastada – Legitimidade ativa reconhecida – Agravo provido.
Dispositivo: Deram provimento.” (Agravo de Instrumento nº 2036606-
08.2014.8.26.0000, 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Rel. Des. Ricardo
Negrão, j. em 22/09/2014)

Logo, fica resolvida que o rito de exclusão da sociedade ainda é um processo que
continua dando margens para comuns decisões divergentes.

Como aponta Marinoni, “o processo não pode ser um fim em si mesmo, devendo
buscar dar vezo aos direitos materiais: “Não basta, realmente, que o procedimento
viabilize a participação efetiva das partes. E necessário que as normas processuais
outorguem ao juiz e às partes os instrumentos e as oportunidades capazes de lhes
permitir a tutela do direito material e do caso concreto, bem como viabilizem um
processo capaz de promover a unidade do direito”[10].

Em qualquer caso, seja qual for o procedimento adotado (comum ou especial), o que
não se pode é privar os demais sócios do exercício do direito material.

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