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Sementes de Amendoim: alguns comentários

Maria Helena Fagundes


Outubro/2002
1. Introdução

O amendoim (Arachis hypogaea L.)1 adapta-se a uma larga faixa climática


dentro das regiões tropicais e subtropicais, com exceção das excessivamente úmidas.
No Brasil, 88,6% da produção nacional de amendoim realiza-se na região Sudeste
(83,2% em São Paulo); 8,3% do total é produzido na região Sul; e 2,9% na região
Nordeste.
O Brasil tem expandido a produção da cultura do amendoim nas regiões
Sudeste e Sul, graças a expressivos aumentos de produtividade, enquanto a região
Nordeste não tem sido capaz de superar os obstáculos postos ao seu
desenvolvimento, experimentando acréscimos de área e queda na produção.
As variedades mais utilizadas de sementes de amendoim nos atuais
cultivos são originárias do Instituto Agronômico em Campinas que mantém a atividade
de pesquisa e desenvolvimento de sementes, havendo registrado recentemente no
Registro Nacional de Cultivares, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, quatro novas cultivares destinadas aos mercados interno e externo.

2. Cenário internacional

O amendoim é a quarta maior cultura oleaginosa mundial, ficando atrás


apenas, na safra mundial de 2001/02, da soja (56,8% do total da safra mundial ); do
algodão (11,3% do total) e da colza (11,1% do total). Nessa safra o amendoim
participou com 10,23% do total da safra mundial de oleaginosas, com uma produção de
33,11 milhões de toneladas.
Os maiores produtores mundiais de amendoim na safra 2002 foram: a
China (43,9% da produção mundial); a Índia (22,9% do total); os Estados Unidos (5,3%
do total); a Nigéria (4,5% do total); a Indonésia (3 % do total); Senegal (2,7% do total);
ficando o Brasil em um distante 13º lugar com uma produção de 189,4 mil toneladas ou
0,6% da produção mundial (ver quadro e gráfico a seguir):

1
O amendoim é planta originária da América do Sul, da região compreendida entre as latitudes de 10º e 30º sul,
com provável centro de origem na região de Gran Chaco (Paraguai), incluindo os vales do Rio Paraná e Paraguai. A
difusão do amendoim iniciou-se pelos indígenas para as diversas regiões da América Latina, América Central e
México. No século XVIII foi introduzido na Europa. No século XIX difundiu-se do Brasil para a África e do Peru para
as Filipinas, China, Japão e Índia.
Quadro 1
Amendoim: Produção mundial e de alguns países 1996 - 2003 (prev)
(Em1000 t e %da produção total)

País 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003(prev)


Mundo 28.958 100,00% 27.289 100,00% 29.765 100,00% 29.013 100,00% 31.169 100,00% 31.120 100,00% 33.110 100,00% 33.600 100,00%
China 10.140 35,00% 9.648 35,40% 11.886 39,90% 12.639 43,60% 14.440 46,30% 14.440 46,40% 14.420 43,60% 14.750 43,90%
Índia 9.024 31,20% 7.580 27,80% 7.450 25,00% 5.500 19,00% 5.700 18,30% 5.700 18,30% 7.600 23,00% 7.700 22,90%
Estados Unidos 1.661 5,70% 1.605 5,90% 1.798 6,00% 1.737 6,00% 1.481 4,80% 1.726 5,50% 1.940 5,90% 1.790 5,30%
Nigéria 1.470 4,70% 1.490 4,50% 1.510 4,50%
Indonésia 1.040 3,30% 990 3,00% 1.000 3,00%
Senegal 1.000 3,20% 900 2,70% 900 2,70%
Brasil 140 0,50% 186 0,70% 172 0,60% 172 0,60% 196 0,60% 197 0,60% 189,4 0,60% 189,4 0,60%
Outros 7.993 27,60% 8.270 30,30% 8.459 28,40% 8.965 30,90% 9.352 30,00% 5.547 17,80% 5.581 16,90% 5.761 17,10%
Fonte: USDAe Conab.

Enquanto a Índia diminuiu sua produção entre 1996 e 2002 em 15,7%, a


China aumentou sua produção em 42,2% e os estados Unidos em 16,7%.
O Brasil aumentou sua produção no mesmo período em 35,2%, passando
de 140 mil t (0,5% da produção mundial) em 1996 para 189,4 mil t (0,6% da produção
mundial) em 2002.
A produção mundial aumentou 14,3%, passando de 28,9 milhões de t em
1996 para 33,1 milhões de t em 2002.

3. Cenário nacional

De acordo com dados da Conab, a produção de amendoim no Brasil


cresceu de 183,5 mil t, em 1998, para 189,4 mil t em 2002 (+ 3,2%), enquanto a área

2
caiu de 100 mil ha para 93,9 mil ha no mesmo período (ou - 6,1%). Acompanhando a
tendência das demais lavouras no país, o acréscimo de produção foi devido ao
aumento de produtividade, que passou de 1.835 kg/ha (em 1998) para 2.017 kg/ha (em
2002), ou seja, um crescimento de 9,9%.
A 1ª safra, safra das águas nas Regiões Sudeste e Sul, representa 83,2%
da produção nacional, enquanto a 2ª safra, safra da seca nas Regiões Sudeste e
Nordeste, representa 16,8%.

Amendoim: Produção área e produtividade


1998 a 2002
1998 1999 2000 2001 2002
Produção (em1000 t) 183,5 172,4 171,6 196,7 189,4
Área (em1000 ha) 100,0 96,7 104,0 102,4 93,9
Produtividade (emkg/ha) 1.835,0 1.782,8 1.650,0 1.920,9 2.017,0
Fonte: Conab.

A produção de amendoim, tanto na 1ª quanto na 2ª safras, concentra-se


em São Paulo, com 83,2% e 82,3% da produção, respectivamente, em 2002 (ou
83,1% da produção total do país). O restante da produção nacional está em Minas
Gerais, que produz 5,5% do total; Paraná que produz 4,5% do total; e no Rio Grande
do Sul que produz 3,8% do total.
A região Nordeste produz 5,6 mil toneladas de amendoim, ou 2,93% da
produção total do país (Bahia produz 1,79%, Sergipe 0,73% , Paraíba 0,26%; e Ceará
0,15% da produção nacional).
No que se refere às sementes de amendoim, não existe nenhuma
cultivar protegida no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério de
Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA) cuja produção exija
licença/pagamento de royalties. Existem onze cultivares registradas no Registro
Nacional de Cultivares, aptas para produção e comercialização no país: Embrapa (BR
1 e BRS 151-L7); Instituto Agronômico de Campinas (IAC 22, IAC 5, IAC 8112, IAC
Caiapó, IAC Tatú ST, Runner IAC 886 e Tatu Vermelho); Comércio e Indústria
Matsuda Importadora e Exportadora (Amarillo MG-100); e Instituto Agronômico do
Paraná (IAPAR 25 - Ticão).
As cultivares IAC 22, IAC 5, IAC 8112 e Runner IAC 886 foram
recentemente registradas (12/04/2002), estando em fase de reprodução das
sementes básicas e ainda não disponíveis para a utilização na lavoura de amendoim
da safra das águas iniciada em setembro/2002.

3.1 - Cultivares para São Paulo

Dentro do estado de São Paulo, destacam-se como regiões produtoras,


Ribeirão Preto e Marília. Em Ribeirão Preto o amendoim assume especial importância

3
por estar entre as culturas de ciclo curto, podendo ocupar áreas de reforma de
canaviais, contando ainda a região com empresas produtoras de sementes.
No estado de São Paulo, o plantio de variedades precoces permite duas
épocas de plantio:
- amendoim das águas (1ª safra): semeadura realizada de setembro a
outubro (colheita nos meses chuvosos);
- amendoim da seca (2ª safra): semeadura realizada em fins de março
(colheita nos meses secos).
A importância econômica do amendoim está relacionada ao fato de suas
amêndoas possuírem sabor agradável e serem ricas em óleo (aproximadamente
50%) e proteína (22 a 30%). Além disso, contêm carboidratos, sais minerais e
vitaminas, constituindo-se em alimento altamente energético (585 calorias/100
gramas de sementes).
As principais cultivares para o estado de São Paulo são as seguintes:

São Paulo: Principais cultivares

Variedade Ciclo (dias) Produtividade Participação no mercado de Preço R$/kg


casca kg/ha sementes fiscaliz/certificadas
em SP
IAC Caiapó 130 a 135 2.000 a 3.000 13% R$ 2,00/kg
IAC - Tatu - ST 100 a 110 1.600 a 2.500 34% R$ 2,50/kg
IAC Tatu Vermelho 110 a 110 1.600 a 2.500 53% R$ 2,50/kg
Fonte: IAC, Coplana Grãos e Sec.Agric. e Abastec. São Paulo.

A cultivar do amendoim Runner IAC 886, com novo tipo de grão, está
em fase final de reprodução pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).2 A cultivar,
de alta produtividade, tem características reconhecidas internacionalmente e destina-
se a atender o mercado externo. Provém de um antigo cultivar americano, introduzido
em 1970 no programa de melhoramento genético do IAC, tendo sido plantado, colhido
e selecionado, até se obter sua plena adaptação às condições brasileiras.
A nova variedade incrementará o agronegócio do amendoim no estado
de São Paulo, responsável por mais de 80% da produção nacional. A IAC 886 é muito
semelhante aos grãos produzidos em outros países exportadores, como os Estados
Unidos, a Argentina e a China. Seu ciclo é de 125 a 130 dias, tem cor clara e
rendimento de amêndoas de 18 a 20 kg por saca de 25 kg de amendoim em casca.
Sua colheita pode ser totalmente mecanizada, por arrancamento ou enfileiramento. A
Runner 886 é recomendada para áreas com boa distribuição de chuvas e para
lavouras tecnificadas. Requer solos bem preparados e adubados.3
Para o mercado interno, os produtores serão beneficiados com outras
três novas variedades, de maior produtividade, menor perda de grãos e precocidade:
são a IAC 5, a IAC 22 e a IAC 8112. Apresentam produtividade 20% superior à
variedade tradicional, com rendimento de 16 a 18 kg de amêndoas por saca de 25 kg
de vagens.

2
Cfe. FNP On-line, 2/8/2002.
3
Cfe. Ignácio José Godoy, pesquisador do IAC.

4
Por terem ciclos curtos, de 110 a 120 dias, a IAC 5, a IAC 22 e a IAC
8112 beneficiam o sistema de rotação de culturas, permitindo a produção em áreas
onde é importante a utilização de variedades precoces, como nos casos de renovação
de canaviais.

3.2 - Cultivares para o Nordeste

Para o Nordeste, as principais cultivares são a IAC-Tatu, mais


utilizada para esmagamento; a BR-1, consumida in natura ou para a indústria de
alimentos; e a BRS 151-L7 também para consumo in natura ou para a indústria de
alimentos (ver quadro a seguir):

Nordeste: Principais cultivares

Variedade/Utilização Ciclo (após Produtividade em Preço


emergência) casca (kg/ha) R$/kg
IAC - Tatu (esmagamento) 105 a 110 1200
BR-1(in natura e ind. alimentos) 89 1.700(seq), 3.800(irrig) R$ 4,00/kg
BRS 151 - L7(in natura e ind alim.) 87 1.850(seq), 4.500 (irrig)

O amendoim, no Nordeste, é cultivado basicamente por pequenos e


médios produtores com áreas em torno de 20 ha. Esses agricultores utilizam baixo
nível tecnológico e a produção visa a atender principalmente o consumo in natura,
sendo os restos culturais, cascas e ramos, usados para a ração animal ou
incorporação no solo como adubo orgânico. Adicionalmente, é ideal para a
diversificação da produção na pequena propriedade.4
A participação da semente no custo da lavoura de amendoim no
Nordeste situa-se em torno de 40%.
No entanto, verifica-se nessa região que, apesar de um aumento na área
plantada de 12,21%, que passou de 5,73 mil ha em 1994-96 (média dos três anos)
para 6,43 mil ha em 2000-02 (média dos três anos), houve uma queda importante na
produção de -7,45%, no mesmo período, passando de uma produção de 6,26 mil
toneladas para 5,6 mil toneladas (estimativa da Conab de julho/2002) (ver quadro a
seguir).
Am endoim : produção brasileira e das regiões produtoras
1994-96 e 2000-02(m édias)
Área em 1000 ha, produção em 1000 toneladas e produtividade em kg/ha

Região Área Produção Produtividade


1994-96 2000-02 Variação (%) 1994-96 2000-02 Variação(%) 1994-96 2000-02 Variação(%)
Sudeste 75,53 84,60 12,00% 130,90 165,63 26,53% 1.733,0 1.957,8 12,97%
Nordeste 5,73 6,43 12,21% 6,27 5,80 -7,45% 1.093,0 901,6 -17,52%
Sul 7,13 9,07 27,10% 9,70 14,47 49,14% 1.359,8 1.595,6 17,34%
Brasil 88,47 100,10 13,15% 146,97 185,90 26,49% 1.661,3 1.857,1 11,79%
Fonte: Conab.

4
Embrapa, Boletim de Pesquisa nº 32, junho de 1997.

5
A produtividade passou de 1.093,0 kg/ha em 1994-96 para 901,6 kg/ha
em 2000-02 (ou -17,52%). De acordo com esses dados, conclui-se que a região
Nordeste não conseguiu ultrapassar os entraves postos ao desenvolvimento da
cultura do amendoim naquela região.
Na região Sudeste, no mesmo período, houve um aumento na área de
12,0%, passando de 75,53 mil ha para 84,6 mil ha, e a produção aumentou 26,53%,
de 130,9 mil toneladas para 165,63 mil toneladas ( com um aumento de produtividade
de 12,97% - passando de 1,733,0 kg/ha para 1.957,8 kg/ha).
A região Sul aumentou a área cultivada em 27,10% entre o período
base e 2000-02 (de 7,13 mil ha para 9,07 mil ha) e a produção em 49,14% (de 9,7 mil
toneladas para 14,47 mil toneladas) - a produtividade cresceu de 1.359,8 kg/ha no
período base para 1.595,6 kg/ha em 2000-02.
O Brasil como um todo aumentou a área cultivada em 13,15% (de 88,47
mil ha em 1994-96 para 100,10 mil ha em 2000-02); a produção aumentou de 146,97
mil toneladas para 185,90 mil toneladas (+26,49%), com a produtividade passando de
1.661,3 kg/ha em 1994-96 para 1.857,1 kg/ha em 2002 (+11,79%).
Entre as principais dificuldades técnicas no cultivo do amendoim na
região Nordeste, destaca-se, além da escassez de sementes melhoradas, a carência
de equipamentos e máquinas agrícolas adaptadas às necessidades dos pequenos
produtores para as operações de colheita e pós-colheita, aumentando a capacidade
de trabalho do agricultor e reduzindo os custos de produção.5
A cultivar BR-1 (lançada pela Embrapa em 1994, formada pelos
genótipos CNPA 95 AM, CNPA 96 AM e CNPA Roxo), ciclo de 89 dias após
emergência, foi desenvolvida para adaptar-se às condições fisiográficas do Nordeste,
com rendimento médio em casca de 1.700 kg/ha (ou 1.250 kg/ha de amêndoas),
recomendada para consumo in natura e para a indústria de produtos alimentícios.
Tem baixo teor de óleo (45%), rendimento de amêndoas de 72% e 48% de proteína
bruta. A quantidade de sementes necessárias por hectare varia de 64 kg, 90 kg até
150 kg/ha, dependendo do espaçamento (semelhante ao da cultivar Tatu).
Já a cultivar IAC -Tatu, oriunda de São Paulo, tem ciclo mais longo (105
a 110 dias) e é suscetível à cercosporiose e com alto teor de óleo na amêndoa (49 a
50%), rendimento em casca de 1.200 kg/ha (800 kg/ha de grãos) sendo recomendada
para a indústria de esmagamento.
Como a maior demanda no Nordeste é para atender o consumo in
natura e a indústria de alimentos, a cultivar BR-1 torna-se mais adequada, produzindo
mais vagens, possuindo menor teor de óleo.
A BRS 151 - L7 (lançada pela Embrapa em 1997), ciclo de 87 dias após
emergência, rendimento em amêndoas de 71%, 46% de óleo bruto, foi obtida
através da hibridação entre as cultivares IAC Tupã, desenvolvida para clima
temperado e a Senegal 55 437, de origem africana, precoce e resistente à seca. É de
grande adaptação ao cultivo em clima semi-árido. É indicada para o mercado de
consumo in natura e para a indústria de alimentos. É tolerante ao estresse hídrico e
indicada para o cultivo de sequeiro (rendimento médio de 1.850 kg/ha) ou irrigado
(atinge até 4.500 kg/ha) no Nordeste brasileiro.

5
Embrapa, Circular Técnica nº 29, 1999; Boletins de Pesquisa nº 32, junho 1997 e nº 41, de agosto de 1999.

6
O amendoim nunca deve ser ensacado, empilhado ou armazenado com
mais de 8% de umidade nos grãos sob pena de vir a conter aflatoxina, substância
sintetizada pelo fungo Aspergillus Flavus, que se desenvolve em grãos com teor de
umidade acima daquele valor.6 O amendoim é armazenado em casca, em sacos de
nylon/aniagem de 25 kg.

4. Comércio exterior de sementes de amendoim

O quadro a seguir apresenta o comércio exterior brasileiro de sementes


de amendoim entre 1996 e 2002 (até junho):
Comércio exterior brasileiro de sementes de amendoim para semeadura
1996 a 2002 (até junho)
Quantidade (Q) em kg valor (V) em US$ Fob
(NCM 12022010)
Países V/Q 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Total
R$/kg % total R$/kg % total R$/kg % total R$/kg % total R$/kg % total R$/kg % total R$/kg % total 96-02(jun)
Exportações totais V 53.039 100,0% 211 100,0% 101 100,0% 58.060 100,0% 0 0 0 111.411
Q 83.000 100,0% 100 100,0% 70 100,0% 56.658 100,0% 0 0 0 139.828
Reino Unido V 44.299 83,5% 0 0 0 0 0
Q 54.000 65,1% 0 0 0 0 0
Uruguai V 8.740 16,5% 0 0 0 0 0
Q 29.000 34,9% 0 0 0 0 0
Paraguai V 0 211 100,0% 101 100,0% 0 0 0
Q 0 100 100,0% 70 100,0% 0 0 0
Itália V 0 0 0 58.060 100,0% 0 0
Q 0 0 0 56.658 100,0% 0 0
Importações totais V 5.274.429 100,0% 39.750 0 0 0 0 0 5.314.179
Q 7.396.320 100,0% 53.000 0 0 0 0 0 7.449.320
Argentina V 5.274.429 100,0% 0 0 0 0 0
Q 7.396.320 100,0% 0 0 0 0 0
Paraguai V 0 39.750 100,0% 0 0 0 0
Q 0 53.000 100,0% 0 0 0 0
Angola V 0 0 0 0 0 0
Q 0 0 0 0 0 0
Fonte: MDIC.

No período entre 1996 e 2002 (até junho), o Brasil exportou sementes de


amendoim, somente até 1999, no valor de US$ 111,4 mil e 139,8 toneladas: US$ 53,0
mil em 1996 (83 toneladas), sendo US$ 44,2 mil (54 toneladas) para o Reino Unido
(83,5% do valor total) e US$ 8,7 mil (29 toneladas) para o Uruguai (16,5% do valor) ;
US$ 211,00 em 1997 (100 kg) para o Paraguai; US$ 101,00 em 1998 (70 kg), também
para o Paraguai; e US$ 58,0 mil em 1999 ( 56,6 toneladas), para a Itália. Entre 2000
e 2002(até junho) o país não mais exportou sementes de amendoim.
No que se refere às importações, estas foram bastante importantes em
1996, no valor de US$ 5,2 milhões (7.396 toneladas), provenientes da Argentina; e
em 1997 foram de US$ 39,7 mil (53 toneladas), provenientes do Paraguai. A partir de
1997 até junho/2002 não houve mais importações de sementes de amendoim.7
6
A aflatoxina é considerada substância cancerígena e tem provocado intoxicações que levam à morte animais
alimentados com torta de amendoim contaminada. Pode provocar intoxicação no homem quando consumido na
forma de grãos torrados ou doces. No processo de extração de óleo, o perigo de contaminação pela aflatoxina é
eliminado. Trabalho do ITAL mostra que a aflatoxina pode ser controlada quando o amendoim é seco a 55°. As
sementes devem ser secas a uma temperatura inferior à 40°C.
7
Se for analisado o complexo amendoim, constata-se que, no que se refere ao amendoim grão, o Brasil passou de
importador líquido entre 1998 e 2000, no valor de US$ 458,9 mil em 1998; US$ 2.647 mil em 1999; e US$ 2.112 mil
em 2000, para exportador líquido de grão entre 2001 e 2002 (junho), no valor de US$ 3.0 milhões e US$ 1,3
milhão, respectivamente. Ao longo do período 1998 a 2002 (junho) houve importações líquidas de farelo: US$ 11,4

7
5. Estimativa do quadro de suprimento de sementes de amendoim para São
Paulo

A Abrasem (Associação Brasileira de Produtores de Sementes) e a


EMBRAPA (Sistema Banco de Informações de Sementes) não possuem informações
sobre a produção nacional de sementes de amendoim.
De acordo com as informações da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo/Coordenadoria de Defesa
Agropecuária/Centro de Defesa Sanitária Vegetal, os dados sobre produção
estimada de sementes de amendoim fiscalizadas/certificadas na safra 2002 (previsão
de junho/2002) são os seguintes: IAC Caiapó fiscalizada (2.328 t); IAC Tatu
fiscalizada e certificada (5.880 t); e Tatu Vermelho fiscalizada (9.186,3 toneladas) (ver
quadro a seguir).

mil em 1999; US$ 32,3 mil em 2000; US$ 26,5 mil em 2001; e US$ 11,6 mil em 2002 (junho). No que se refere ao
óleo, o país foi importador líquido em 1998 no valor de US$ 92,7 mil em 1998 e em 2000 no valor de US$ 159,5 mil.
Foi exportador líquido de óleo em 1999 no valor de US$ 2.932 mil, em 2001no valor de US$ 554,9 mil, e em 2002
(até junho) no valor de US$ 605,4 mil. No que se refere ao complexo como um todo, o Brasil foi importador líquido
em 1998 (US$ 551,6 mil), principalmente graças às importações de grão, e em 2000 (US$ 2,3 milhões), também
devido principalmente às importações de grão; passando para exportador líquido do complexo em 2001 (US$ 3,5
milhões) e 2002/junho (US$ 1,9 milhão) devido principalmente às exportações de grão e, secundariamente de óleo
(bruto e outros óleos) (ver quadro a seguir).

C o m p le x o A m e n d o im : c o m é r c io e x t e r io r b r a s ile ir o d e g r ã o , fa r e lo e ó le o
1 9 9 8 a 2 0 0 2 (ju n h o )
E m U S $
A m e n d o im E x p /Im p 1998 1999 2000 20 01 2 0 0 2 ( ju n )
G rã o E xp 3 1 1 .6 7 3 ,0 1 2 8 .0 3 3 ,0 3 0 7 .7 2 7 ,0 3 .0 4 5 .1 4 6 ,0 1 .3 8 3 .3 1 2 ,0
Im p 7 7 0 .5 7 7 ,0 2 .7 7 5 .5 8 3 ,0 2 .4 2 0 .4 3 4 ,0 42 .2 3 7 ,0 7 3 .8 4 3 ,0
S a ld o - 4 5 8 .9 0 4 ,0 - 2 .6 4 7 .5 5 0 ,0 - 2 .1 1 2 .7 0 7 ,0 3 .0 0 2 .9 0 9 ,0 1 .3 0 9 .4 6 9 ,0
F a r e lo E xp 0 ,0 0 ,0 78 0 ,0 56 7 ,0 0 ,0
Im p 0 ,0 1 1 .4 0 0 ,0 3 3 .0 9 0 ,0 2 7 .1 6 0 ,0 1 1 .6 4 0 ,0
S a ld o 0 ,0 - 1 1 .4 0 0 ,0 - 3 2 .3 1 0 ,0 -2 6 .5 9 3 ,0 - 1 1 .6 4 0 ,0
Ó le o E xp 7 5 .4 7 4 ,0 3 .1 3 3 .1 1 8 ,0 20 2 ,0 69 0 .4 0 3 ,0 6 8 0 .2 7 4 ,0
Im p 1 6 8 .1 9 3 ,0 2 0 0 .8 1 6 ,0 1 5 9 .7 2 4 ,0 13 5 .4 9 1 ,0 7 4 .8 5 0 ,0
S a ld o - 9 2 .7 1 9 ,0 2 .9 3 2 .3 0 2 ,0 -1 5 9 .5 2 2 ,0 55 4 .9 1 2 ,0 6 0 5 .4 2 4 ,0
C o m p le x o E xp 3 8 7 .1 4 7 ,0 3 .2 6 1 .1 5 1 ,0 3 0 8 .7 0 9 ,0 3 .7 3 6 .1 1 6 ,0 2 .0 6 3 .5 8 6 ,0
Im p 9 3 8 .7 7 0 ,0 2 .9 8 7 .7 9 9 ,0 2 .6 1 3 .2 4 8 ,0 20 4 .8 8 8 ,0 1 6 0 .3 3 3 ,0
S a ld o -5 5 1 .6 2 3 ,0 2 7 3 .3 5 2 ,0 - 2 .3 0 4 .5 3 9 ,0 3 .5 3 1 .2 2 8 ,0 1 .9 0 3 .2 5 3 ,0
F o n te : M D IC .

O complexo amendoim paga as seguintes tarifas de importação: grão com casca 9,5%; grão descascado 11,5%;
óleo de amendoim bruto 11,5%; óleo de amendoim outros 13,5%; e farelo de amendoim 7,5%. Não existe uma linha
tarifária específica para óleo de amendoim refinado, sendo a NCM 15081000 referente à 'óleo em bruto' e a NCM
15089000 referente à óleo 'outros'.
Em 2002, as exportações do grão dirigem-se a Marrocos (38,8% do total) e Holanda (18,6% do total). As
importações se originam na Argentina. Em 2002 não houve exportações de farelo. As importações de farelo têm
origem na Argentina. Quanto ao óleo, também em 2002, as exportações se destinam à Holanda, Cingapura e
Argentina. Em 2002 (até junho) as importações de óleo se originam da Holanda.

8
São Paulo: Produção de sementes fiscalizadas/certificadas de sem entes de amendoim 2001 e 2002
Produção em toneladas e área em hectares
Produção Produção Sementes
Cultivar Classe Área plantada Área cancelada estimada colhida aceitas
(ha) (ha) (t) (t) (t)
2002
IAC-Caiapó fisc 911,00 0 2.328,00 0 0
IAC-Tatu cert 93,50 0 212,50 0 0
IAC tau fisc 2.050,85 0 5.668,09 0 0
Tatu Vermelho fisc 3.656,49 0 9.186,38 0 0
Total 6.711,84 0 17.394,97 0 0
2001
IAC-Caiapó fisc 1.062,46 0 2.606,15 2.416,12 840,00
IAC-Tatu cert 72,60 0 187,50 122,15 80,15
IAC tau fisc 2.449,35 48,4 6.155,06 2.304,53 247,72
Tatu Vermelho fisc 5.084,96 240,88 13.072,12 8.582,33 1.280,48
Total 8.669,37 289,28 22.020,83 13.425,13 2.448,35
Fonte: Governo do estado de São Paulo/Secretaria de Agricultura e Abastecim ento/Coordenadoria de Defesa
Agropecuária/Centro de Defesa Sanitária Vegetal.

Em 2001, a relação sementes aceitas/produção estimada foi de 11,1%.


A se confirmarem estas proporções para a safra 2002, a produção de sementes
aceitas de amendoim em São Paulo será de 1.934 t para as quatro cultivares.
Por outro lado, de acordo com os dados da FAO, que não se referem a
sementes fiscalizadas/certificadas, a produção nacional de sementes de amendoim
entre 1996 e 2001 cresceu 15,7%, passando de 3.542 t em 1996 para 4.101 t em
2001.

5.1 Quadro de oferta e demanda de sementes de amendoim para São Paulo

Para o estado de São Paulo (responsável por 83,1% da produção


nacional de amendoim) considerou-se o seguinte:
(i) as informações sobre produção de sementes da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo/Coordenadoria de Defesa Agropecuária/Centro de
Defesa Sanitária Vegetal;
(ii) uma taxa de utilização de sementes fiscalizadas/certificadas
para o estado de São Paulo de 25% (demanda efetiva);
(iii) a demanda potencial considera uma taxa de utilização de
100% de sementes fiscalizadas/certificadas pelo produtores;
(iv) uma quantidade média utilizada de sementes de 130 kg/ha;
(v) os dados sobre área plantada de amendoim/grão para o
estado de São Paulo da Conab;
(vi) que a safra de amendoim em 2002/2003 deverá repetir a área
plantada da safra 2001/2002 (74 mil ha);
(vii) que a produção de sementes de amendoim de São Paulo é
destinada às lavouras no próprio estado;

9
encontra-se o seguinte quadro demonstrativo de oferta e demanda de sementes
de amendoim para São Paulo em 2001/2002 e uma estimativa de demanda para
2002/2003, desconsiderando-se a formação de estoques (em toneladas):

São Paulo: Quadro de oferta e demanda de sementes de amendoim considerando-se


uma taxa de utilização de 25% - 2000/01 a 2002/03(estimativa)
Em toneladas
Oferta/Demanda 2001/02 2002/03
Dem potencial SP 9.620,00 9.620,00
Prod (SAgricSP) Fisc/Cert -safra anterior 2.448,35 1.934,00
Dem efetiva SP 2.405,00 2.405,00
Exp sem. (2002 até jun) 0,00 0,00
Imp sem. (2002 até jun) 0,00 0,00
(Prod-Exp+Imp)-Demanda efetiva SP 43,35 -471,00
(Prod-Exp+Imp)-Demanda potencial SP -7.171,65 -7.686,00
Fonte: Conab, SAAB-SP e Cooperativas.

Dessa forma, considerando-se uma taxa de utilização de 25%, houve um


pequeno excedente de 43,35 t em 2001/2002 e estima-se um deficit de 471 t de
sementes fiscalizadas/certificadas de amendoim para a safra 2002/2003, caso se
verifique as hipóteses aqui estabelecidas (a produção prevista de 1.934 t no estado
seriaá suficiente para atender a apenas 20% da demanda de sementes
fiscalizadas/certificadas e não os 25% que é a taxa de utilização de sementes naquele
estado).
Por outro lado, considerando-se uma taxa de utilização de 100%,
verificar-se-ia um deficit importante da produção de sementes fiscalizadas/certificadas
em São Paulo, tanto na safra atual, de 7.171,65 t, como para a próxima safra, de
7.686 t.

6. Comentários finais

A produção brasileira de amendoim concentra-se em São Paulo, onde o


Instituto Agronômico de Campinas é responsável pelas cultivares utilizadas naquele
estado. O IAC lançou quatro novas cultivares que deverão ser comercializadas na
próxima safra e que são destinadas tanto ao mercado interno quanto ao externo.
A Região Nordeste, apesar de contar com cultivares apropriadas ao seu
cultivo no semi-árido, não tem sido capaz de superar os entraves postos ao
desenvolvimento da cultura naquela região, experimentando aumento de produção,
queda de área e queda de produtividade. Por ser uma região com características
propícias à lavoura do amendoim, é importante que se pesquise os fatores que
entravam o seu desenvolvimento.
A verificarem-se as hipóteses que nortearam a elaboração do quadro de
oferta e demanda de sementes de amendoim para São Paulo descritas acima, prevê-
se que a produção de sementes fiscalizadas/certificadas será suficiente para atender

10
a apenas 20% da demanda de sementes daquele estado, sendo inferior à taxa de
utilização corrente que é de 25%.

Referências

-Dalmo Henrique de Campos Lasca, Amendoim, CATI, sem data.


- Site Rural Net , Amendoim
- Site do USDA/ERS/Oil Crops Outlook
- Site da Embrapa /CNPA, textos sobre amendoim
- Site USDA/FAS - Production Estimates and Crop Assessment Division, diversas
estatísticas
- MAPA/PROAGRO, diversas portarias
- Associação Brasileira de Produtores de Sementes, anuários
- Site do MAPA/Serviço Nacional de Proteção de Cultivares
- Site do MDIC/Sistema Alice
- Embrapa, Roseane Cavalcanti dos Santos et alii, Recomendações Técnicas para o Cultivo de
Amendoim Precoce no Período das Águas, outubro/1996.
- Embrapa Algodão, Comunicado Técnico nº 88, nov/98, Roseane C. do Santos et alii, BRS
151 L7: Nova cultivar de amendoim para consumo in natura e indústria de alimentos.
- Embrapa, Boletim de Pesquisa nº 32, junho/1997 e nº 41 de agosto/1999.
- Embrapa, Circular Técnica nº 29, 1999
- Cooperativa Coplana Grãos, São Paulo
- Secretaria de Agricultura de São Paulo/MAPA
- Conab/Sistema de Avaliação de Safras
- Instituto Agronômico de Campinas (IAC)
- Instituto Tecnológico de Alimentos/São Paulo
- FNP on line, site de agropecuária
- Clovis T. Wetzel, - Concentração no Mercado de Sementes, Embrapa, abril/2001, mimeo, Brasília
- A Indústria Brasileira de Sementes – Breve Histórico, Comentários e Tendências,
Embrapa/SPSB, mimeo, Brasília, junho/1999
- O Cenário da Semente no Brasil, Brasília, Embrapa, mimeo, junho/1999
- Sementes de Algodão no Centro-Sul, 1988-2001, Brasília, Embrapa, mimeo,
fevereiro/2002
- Iwao Miyamoto, - Importância da nova lei de sementes para o agronegócio brasileiro, abril/2002,
mimeo.
- Perspectivas para o mercado de sementes: regional e nacional do trigo em
2002/03, APASEM/ABRASEM, setembro/2002, mimeo.
- Vandana Shiva, Biopirataria – A pilhagem da natureza e do conhecimento, Editora Vozes, 2001.

MARIA HELENA FAGUNDES


SUGOF/GEFIP
e-mail: mh.fagundes@conab.gov.br
Tel: (61) 312 6270
Fax: (61) 321 2029

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