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2. Cenário internacional
1
O amendoim é planta originária da América do Sul, da região compreendida entre as latitudes de 10º e 30º sul,
com provável centro de origem na região de Gran Chaco (Paraguai), incluindo os vales do Rio Paraná e Paraguai. A
difusão do amendoim iniciou-se pelos indígenas para as diversas regiões da América Latina, América Central e
México. No século XVIII foi introduzido na Europa. No século XIX difundiu-se do Brasil para a África e do Peru para
as Filipinas, China, Japão e Índia.
Quadro 1
Amendoim: Produção mundial e de alguns países 1996 - 2003 (prev)
(Em1000 t e %da produção total)
3. Cenário nacional
2
caiu de 100 mil ha para 93,9 mil ha no mesmo período (ou - 6,1%). Acompanhando a
tendência das demais lavouras no país, o acréscimo de produção foi devido ao
aumento de produtividade, que passou de 1.835 kg/ha (em 1998) para 2.017 kg/ha (em
2002), ou seja, um crescimento de 9,9%.
A 1ª safra, safra das águas nas Regiões Sudeste e Sul, representa 83,2%
da produção nacional, enquanto a 2ª safra, safra da seca nas Regiões Sudeste e
Nordeste, representa 16,8%.
3
por estar entre as culturas de ciclo curto, podendo ocupar áreas de reforma de
canaviais, contando ainda a região com empresas produtoras de sementes.
No estado de São Paulo, o plantio de variedades precoces permite duas
épocas de plantio:
- amendoim das águas (1ª safra): semeadura realizada de setembro a
outubro (colheita nos meses chuvosos);
- amendoim da seca (2ª safra): semeadura realizada em fins de março
(colheita nos meses secos).
A importância econômica do amendoim está relacionada ao fato de suas
amêndoas possuírem sabor agradável e serem ricas em óleo (aproximadamente
50%) e proteína (22 a 30%). Além disso, contêm carboidratos, sais minerais e
vitaminas, constituindo-se em alimento altamente energético (585 calorias/100
gramas de sementes).
As principais cultivares para o estado de São Paulo são as seguintes:
A cultivar do amendoim Runner IAC 886, com novo tipo de grão, está
em fase final de reprodução pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).2 A cultivar,
de alta produtividade, tem características reconhecidas internacionalmente e destina-
se a atender o mercado externo. Provém de um antigo cultivar americano, introduzido
em 1970 no programa de melhoramento genético do IAC, tendo sido plantado, colhido
e selecionado, até se obter sua plena adaptação às condições brasileiras.
A nova variedade incrementará o agronegócio do amendoim no estado
de São Paulo, responsável por mais de 80% da produção nacional. A IAC 886 é muito
semelhante aos grãos produzidos em outros países exportadores, como os Estados
Unidos, a Argentina e a China. Seu ciclo é de 125 a 130 dias, tem cor clara e
rendimento de amêndoas de 18 a 20 kg por saca de 25 kg de amendoim em casca.
Sua colheita pode ser totalmente mecanizada, por arrancamento ou enfileiramento. A
Runner 886 é recomendada para áreas com boa distribuição de chuvas e para
lavouras tecnificadas. Requer solos bem preparados e adubados.3
Para o mercado interno, os produtores serão beneficiados com outras
três novas variedades, de maior produtividade, menor perda de grãos e precocidade:
são a IAC 5, a IAC 22 e a IAC 8112. Apresentam produtividade 20% superior à
variedade tradicional, com rendimento de 16 a 18 kg de amêndoas por saca de 25 kg
de vagens.
2
Cfe. FNP On-line, 2/8/2002.
3
Cfe. Ignácio José Godoy, pesquisador do IAC.
4
Por terem ciclos curtos, de 110 a 120 dias, a IAC 5, a IAC 22 e a IAC
8112 beneficiam o sistema de rotação de culturas, permitindo a produção em áreas
onde é importante a utilização de variedades precoces, como nos casos de renovação
de canaviais.
4
Embrapa, Boletim de Pesquisa nº 32, junho de 1997.
5
A produtividade passou de 1.093,0 kg/ha em 1994-96 para 901,6 kg/ha
em 2000-02 (ou -17,52%). De acordo com esses dados, conclui-se que a região
Nordeste não conseguiu ultrapassar os entraves postos ao desenvolvimento da
cultura do amendoim naquela região.
Na região Sudeste, no mesmo período, houve um aumento na área de
12,0%, passando de 75,53 mil ha para 84,6 mil ha, e a produção aumentou 26,53%,
de 130,9 mil toneladas para 165,63 mil toneladas ( com um aumento de produtividade
de 12,97% - passando de 1,733,0 kg/ha para 1.957,8 kg/ha).
A região Sul aumentou a área cultivada em 27,10% entre o período
base e 2000-02 (de 7,13 mil ha para 9,07 mil ha) e a produção em 49,14% (de 9,7 mil
toneladas para 14,47 mil toneladas) - a produtividade cresceu de 1.359,8 kg/ha no
período base para 1.595,6 kg/ha em 2000-02.
O Brasil como um todo aumentou a área cultivada em 13,15% (de 88,47
mil ha em 1994-96 para 100,10 mil ha em 2000-02); a produção aumentou de 146,97
mil toneladas para 185,90 mil toneladas (+26,49%), com a produtividade passando de
1.661,3 kg/ha em 1994-96 para 1.857,1 kg/ha em 2002 (+11,79%).
Entre as principais dificuldades técnicas no cultivo do amendoim na
região Nordeste, destaca-se, além da escassez de sementes melhoradas, a carência
de equipamentos e máquinas agrícolas adaptadas às necessidades dos pequenos
produtores para as operações de colheita e pós-colheita, aumentando a capacidade
de trabalho do agricultor e reduzindo os custos de produção.5
A cultivar BR-1 (lançada pela Embrapa em 1994, formada pelos
genótipos CNPA 95 AM, CNPA 96 AM e CNPA Roxo), ciclo de 89 dias após
emergência, foi desenvolvida para adaptar-se às condições fisiográficas do Nordeste,
com rendimento médio em casca de 1.700 kg/ha (ou 1.250 kg/ha de amêndoas),
recomendada para consumo in natura e para a indústria de produtos alimentícios.
Tem baixo teor de óleo (45%), rendimento de amêndoas de 72% e 48% de proteína
bruta. A quantidade de sementes necessárias por hectare varia de 64 kg, 90 kg até
150 kg/ha, dependendo do espaçamento (semelhante ao da cultivar Tatu).
Já a cultivar IAC -Tatu, oriunda de São Paulo, tem ciclo mais longo (105
a 110 dias) e é suscetível à cercosporiose e com alto teor de óleo na amêndoa (49 a
50%), rendimento em casca de 1.200 kg/ha (800 kg/ha de grãos) sendo recomendada
para a indústria de esmagamento.
Como a maior demanda no Nordeste é para atender o consumo in
natura e a indústria de alimentos, a cultivar BR-1 torna-se mais adequada, produzindo
mais vagens, possuindo menor teor de óleo.
A BRS 151 - L7 (lançada pela Embrapa em 1997), ciclo de 87 dias após
emergência, rendimento em amêndoas de 71%, 46% de óleo bruto, foi obtida
através da hibridação entre as cultivares IAC Tupã, desenvolvida para clima
temperado e a Senegal 55 437, de origem africana, precoce e resistente à seca. É de
grande adaptação ao cultivo em clima semi-árido. É indicada para o mercado de
consumo in natura e para a indústria de alimentos. É tolerante ao estresse hídrico e
indicada para o cultivo de sequeiro (rendimento médio de 1.850 kg/ha) ou irrigado
(atinge até 4.500 kg/ha) no Nordeste brasileiro.
5
Embrapa, Circular Técnica nº 29, 1999; Boletins de Pesquisa nº 32, junho 1997 e nº 41, de agosto de 1999.
6
O amendoim nunca deve ser ensacado, empilhado ou armazenado com
mais de 8% de umidade nos grãos sob pena de vir a conter aflatoxina, substância
sintetizada pelo fungo Aspergillus Flavus, que se desenvolve em grãos com teor de
umidade acima daquele valor.6 O amendoim é armazenado em casca, em sacos de
nylon/aniagem de 25 kg.
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5. Estimativa do quadro de suprimento de sementes de amendoim para São
Paulo
mil em 1999; US$ 32,3 mil em 2000; US$ 26,5 mil em 2001; e US$ 11,6 mil em 2002 (junho). No que se refere ao
óleo, o país foi importador líquido em 1998 no valor de US$ 92,7 mil em 1998 e em 2000 no valor de US$ 159,5 mil.
Foi exportador líquido de óleo em 1999 no valor de US$ 2.932 mil, em 2001no valor de US$ 554,9 mil, e em 2002
(até junho) no valor de US$ 605,4 mil. No que se refere ao complexo como um todo, o Brasil foi importador líquido
em 1998 (US$ 551,6 mil), principalmente graças às importações de grão, e em 2000 (US$ 2,3 milhões), também
devido principalmente às importações de grão; passando para exportador líquido do complexo em 2001 (US$ 3,5
milhões) e 2002/junho (US$ 1,9 milhão) devido principalmente às exportações de grão e, secundariamente de óleo
(bruto e outros óleos) (ver quadro a seguir).
C o m p le x o A m e n d o im : c o m é r c io e x t e r io r b r a s ile ir o d e g r ã o , fa r e lo e ó le o
1 9 9 8 a 2 0 0 2 (ju n h o )
E m U S $
A m e n d o im E x p /Im p 1998 1999 2000 20 01 2 0 0 2 ( ju n )
G rã o E xp 3 1 1 .6 7 3 ,0 1 2 8 .0 3 3 ,0 3 0 7 .7 2 7 ,0 3 .0 4 5 .1 4 6 ,0 1 .3 8 3 .3 1 2 ,0
Im p 7 7 0 .5 7 7 ,0 2 .7 7 5 .5 8 3 ,0 2 .4 2 0 .4 3 4 ,0 42 .2 3 7 ,0 7 3 .8 4 3 ,0
S a ld o - 4 5 8 .9 0 4 ,0 - 2 .6 4 7 .5 5 0 ,0 - 2 .1 1 2 .7 0 7 ,0 3 .0 0 2 .9 0 9 ,0 1 .3 0 9 .4 6 9 ,0
F a r e lo E xp 0 ,0 0 ,0 78 0 ,0 56 7 ,0 0 ,0
Im p 0 ,0 1 1 .4 0 0 ,0 3 3 .0 9 0 ,0 2 7 .1 6 0 ,0 1 1 .6 4 0 ,0
S a ld o 0 ,0 - 1 1 .4 0 0 ,0 - 3 2 .3 1 0 ,0 -2 6 .5 9 3 ,0 - 1 1 .6 4 0 ,0
Ó le o E xp 7 5 .4 7 4 ,0 3 .1 3 3 .1 1 8 ,0 20 2 ,0 69 0 .4 0 3 ,0 6 8 0 .2 7 4 ,0
Im p 1 6 8 .1 9 3 ,0 2 0 0 .8 1 6 ,0 1 5 9 .7 2 4 ,0 13 5 .4 9 1 ,0 7 4 .8 5 0 ,0
S a ld o - 9 2 .7 1 9 ,0 2 .9 3 2 .3 0 2 ,0 -1 5 9 .5 2 2 ,0 55 4 .9 1 2 ,0 6 0 5 .4 2 4 ,0
C o m p le x o E xp 3 8 7 .1 4 7 ,0 3 .2 6 1 .1 5 1 ,0 3 0 8 .7 0 9 ,0 3 .7 3 6 .1 1 6 ,0 2 .0 6 3 .5 8 6 ,0
Im p 9 3 8 .7 7 0 ,0 2 .9 8 7 .7 9 9 ,0 2 .6 1 3 .2 4 8 ,0 20 4 .8 8 8 ,0 1 6 0 .3 3 3 ,0
S a ld o -5 5 1 .6 2 3 ,0 2 7 3 .3 5 2 ,0 - 2 .3 0 4 .5 3 9 ,0 3 .5 3 1 .2 2 8 ,0 1 .9 0 3 .2 5 3 ,0
F o n te : M D IC .
O complexo amendoim paga as seguintes tarifas de importação: grão com casca 9,5%; grão descascado 11,5%;
óleo de amendoim bruto 11,5%; óleo de amendoim outros 13,5%; e farelo de amendoim 7,5%. Não existe uma linha
tarifária específica para óleo de amendoim refinado, sendo a NCM 15081000 referente à 'óleo em bruto' e a NCM
15089000 referente à óleo 'outros'.
Em 2002, as exportações do grão dirigem-se a Marrocos (38,8% do total) e Holanda (18,6% do total). As
importações se originam na Argentina. Em 2002 não houve exportações de farelo. As importações de farelo têm
origem na Argentina. Quanto ao óleo, também em 2002, as exportações se destinam à Holanda, Cingapura e
Argentina. Em 2002 (até junho) as importações de óleo se originam da Holanda.
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São Paulo: Produção de sementes fiscalizadas/certificadas de sem entes de amendoim 2001 e 2002
Produção em toneladas e área em hectares
Produção Produção Sementes
Cultivar Classe Área plantada Área cancelada estimada colhida aceitas
(ha) (ha) (t) (t) (t)
2002
IAC-Caiapó fisc 911,00 0 2.328,00 0 0
IAC-Tatu cert 93,50 0 212,50 0 0
IAC tau fisc 2.050,85 0 5.668,09 0 0
Tatu Vermelho fisc 3.656,49 0 9.186,38 0 0
Total 6.711,84 0 17.394,97 0 0
2001
IAC-Caiapó fisc 1.062,46 0 2.606,15 2.416,12 840,00
IAC-Tatu cert 72,60 0 187,50 122,15 80,15
IAC tau fisc 2.449,35 48,4 6.155,06 2.304,53 247,72
Tatu Vermelho fisc 5.084,96 240,88 13.072,12 8.582,33 1.280,48
Total 8.669,37 289,28 22.020,83 13.425,13 2.448,35
Fonte: Governo do estado de São Paulo/Secretaria de Agricultura e Abastecim ento/Coordenadoria de Defesa
Agropecuária/Centro de Defesa Sanitária Vegetal.
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encontra-se o seguinte quadro demonstrativo de oferta e demanda de sementes
de amendoim para São Paulo em 2001/2002 e uma estimativa de demanda para
2002/2003, desconsiderando-se a formação de estoques (em toneladas):
6. Comentários finais
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a apenas 20% da demanda de sementes daquele estado, sendo inferior à taxa de
utilização corrente que é de 25%.
Referências
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