Você está na página 1de 3

O RESUMO

Resumo de textos: consiste numa recolha fiel das ideias ou dados


essenciais contidos em determinado texto. Por isso, o resumo deve:
• dar o devido destaque às opiniões do autor;
• reproduzir a ordem das ideias e dos dados coligidos de modo a não alterar
as articulações lógicas do texto;
• ser uma síntese objectiva dos elementos essenciais e nunca uma
reprodução ou colagem de frases ou partes de frases do texto original.
Maneira de proceder:
• fazer, pelo menos, duas leituras;
• identificar a ideia central e o género do texto (panfleto, relato, discurso
político, etc.);
• destacar as articulações e o movimento do texto;
• anotar as ideias secundárias;
• redigir o resumo.
Exemplo:
“Lasar Segall: Um museu de portas abertas
É bem provável que grande parte dos frequentadores de museus
no Brasil não procure voluntariamente essa instituição cultural. Ao
contrário, as visitas a museus, no Brasil, parecem estar invariavelmente
associadas a trabalhos e obrigações escolares, em excursões “protegidas”
por uma escolta de professores e funcionários em missão obrigatória.
É compreensível então que, nessas circunstâncias, reste pouca
simpatia de parte do estudante para com o acervo dos museus; o resto
dessa disposição vai ser pulverizado por todo um aparato que sugere quais
devem ser as atitudes e comportamentos adequados ao ambiente. Ao
visitante dos museus é transmitida a noção de que nesse local, carregado de
respeitabilidade, se deve ter uma atitude de “muito respeito”, “pouca
conversa”, sem nunca esquecer que se trata de “um lugar de contemplação”:
atitude semelhante à que se tem numa igreja. Com esta conotação, o
conjunto de normas contribui decisivamente para criar preconceitos em
relação à obra de arte que dificilmente serão eliminados.
Com a autoridade institucional de que foi investido, o museu de
arte representou, pela sua condição privilegiada, uma oportunidade única
para sacralizar os objectos seleccionados segundo os sonhos e fantasias de
uma classe dominante. O museu, na sua forma tradicional, serviu como
elemento mistificador da criação artística, além de local onde as pessoas
vão à procura de obras “consagradas” feitas por uma elite da qual a maioria
da população se sente afastada.
Tornou-se, então, uma tarefa obrigatória dos museus de arte a
luta para desmistificar certos conceitos que distanciam o trabalho artístico
do “homem comum”. É o que vem sendo feito, de várias formas, por várias
instituições brasileiras, entre as quais o Museu de Arte Moderna (do Rio de
Janeiro), o Museu de Arte Contemporânea da USP (SP) e o Museu Lasar
Segall (SP).”
“Lasar Segall: Um museu de portas abertas” (fragmento), Movimento nº 93

Vejamos como se poderia resumir este texto:


• A ideia central do texto é clara: trata-se de definir o papel dos museus
de arte na sociedade.
• Para desenvolvê-la, o autor procede da seguinte maneira:
•1º parágrafo: caracteriza as circunstâncias que, no Brasil, mais
comummente levam ao museu os seus frequentadores habituais;
•2º parágrafo: afirma que as circunstâncias geram atitudes negativas
por parte dos frequentadores em relação aos museus;
•3º parágrafo: mostra que o museu, enquanto instituição, estabeleceu
tradicionalmente um distanciamento entre ele mesmo e o grande
público;
•4º parágrafo: conclui que um novo relacionamento entre o museu de
arte e a população deve nascer a partir da iniciativa dos próprios
museus.
• Identificado o conteúdo de cada parágrafo, procede-se depois à
elaboração do resumo:
• “É sabido que a maioria dos frequentadores de museus no Brasil é
constituída por alunos que lá vão por obrigação e sob rigorosa vigilância.
Em consequência disto, a atitude comum deste público, em relação aos
museus, é um misto de má-vontade e de respeito excessivo. Por
outro lado, o museu enquanto instituição constitui-se tradicionalmente
em altar de consagração da arte de grupos restritos, inalcançável ao
cidadão comum. Cabe, então, aos museus de arte promover o encontro
entre a população e o trabalho artístico, como o vêm fazendo o MAM
(RJ), o MAC da USP (SP) e o Museu Lasar Segall (SP)”.

Em conclusão, o resumo:
• pressupõe uma síntese (distinção entre o acessório e o principal,
guardando só o principal) e uma organização lógica (introdução,
desenvolvimento e conclusão);
• deve:
• respeitar a ordem por que o autor apresenta as suas ideias;
• manter o fio condutor do texto;
• ser um quarto do texto fonte (a não ser que haja outras
instruções);
• ser claro e com um estilo neutro;
• não repetir as frases do autor (se se quiser retomar alguma
expressão mais significativa, deve-se colocá-la entre aspas);
• procurar-se as equivalências de frases e vocábulos;
• usar-se a nominalização na construção da frase;
• não utilizar o diálogo (mesmo que ele exista no texto fonte).

Você também pode gostar