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Você já ouviu falar da tríade liberdade, igualdade e fraternidade?

O movimento iluminista que iniciou em meados do século XVII, defendia o domínio


da razã o sobre a visã o teocêntrica que predominava na Europa. Acreditavam que o
pensamento racional deveria se sobrepor à s crenças religiosas e ao misticismo, e
que o progresso deveria ocorrer pelo uso crítico e construtivo da razã o, sendo o
homem o detentor de seu pró prio destino.

O movimento ganhou força e recepçã o na França, a qual passava por violentas


crises econô micas, religiosas, políticas e sociais – desencadeando no processo
revolucioná rio de 1789, que culminou na elaboraçã o da Declaraçã o dos Direitos do
Homem e do Cidadã o.

Liberdade, igualdade e fraternidade passaram a ser o slogan desse período


histó rico e se tornaram palavras de ordem daqueles que se rebelavam contra as
opressõ es do Estado Absolutista.

Desde entã o, liberdade e igualdade foram princípios recorrentes nas diversas


esferas políticas, econô micas e sociais de todo o mundo ao longo dos séculos. Seus
conceitos e interpretaçõ es foram adaptados conforme correntes dominantes
vigentes, tornando-se princípios constitucionais e diretrizes de movimentos
políticos hodierno.

Mas... e a Fraternidade?

Seu conceito geral nã o é recente, data desde a antiguidade e transcorre pelas


tradiçõ es cristã s, como concepçã o de amor ao pró ximo, o amor fraterno, a partir da
comum filiaçã o de todos os seres humanos.

Na Revoluçã o Francesa de 1789 a fraternidade é recolocada como elemento


conectivo entre a liberdade e a igualdade, distinguindo-se destes por sua fundaçã o
relacional em favor de um projeto moderno de sociedade.

Antonio Baggio (2008) retoma esse elemento conectivo acrescentando um


dinamismo à trilogia principioló gica e atuaçã o preponderante da fraternidade:

Assim, a “trilogia” é enunciada não de forma estática, mas


mediante uma relação dinâmica entre os três princípios,
baseada no papel fundamentador da fraternidade, entendida
não como simples sentimento, mas como racionalidade
fraterna, ou seja, como interpretação correta da igualdade e
da diversidade humanas.

Apó s o frenesi ocasionado pelas revoluçõ es conseguintes, a categoria fraternal da


tríade cai em desuso e só é retomada em meados do século XX, apó s a Segunda
Guerra Mundial e ao surgimento daqueles direitos difusos e coletivos, os chamados
direitos de Terceira Geraçã o.
Professor Dr. Reynaldo da Fonseca (2019) resgata o princípio da fraternidade
como categoria constitucional, no reconhecimento de que as Constituiçõ es sã o
estatutos jurídico-políticos de promoçã o de direitos fundamentais:

Nesse contexto, premissa inexorável é a adoção do imaginário


fraternal em categoria constitucional, haja vista que se concebe a
Constituição como aquisição evolutiva representada pelo estatuto
jurídico do político, cuja finalidade é não só a limitação do poder
pelo poder, mas também a promoção de direitos fundamentais
materialmente incorporados pela comunidade política. Assim,
concebe-se o princípio da fraternidade como fonte constitucional e
moral para a construção de uma cultura de conciliação.

Vamos conhecer este novo olhar?

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