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O capitalismo e o desenvolvimento do Terceiro Mundo

O texto de referência deste trabalho é do economista, marxista e professor de


economia indiano, Prabhat Patnaik.

De acordo com o texto do autor, o terceiro mundo nem sempre foi como o vemos hoje.
Ele passou por transformação em sua estrutura devido a intromissão do capitalismo
metropolitano, o que muitos economistas, como André Gunder Frank, classificam como o
desenvolvimento do subdesenvolvimento.

Patnaik, cita a própria Índia, como exemplo, ao falar do processo de desindustrialização,


ou seja, quando a economia não atinge toda a sua produtividade e em vez de evoluir, ela
regride a agricultura ou cai na informalidade. E a drenagem de excedente, que é o desvio de
parte da produção para fora do país, ambas provocaram uma enorme pressão sobre a terra por
parte da população, formando a pobreza em massa.

A maneira pela qual o terceiro mundo foi integrado na economia capitalista mundial, foi
a causa do subdesenvolvimento, uma maneira desses povos progredirem, na época da
descolonização, era um regime econômico alternativo, que os livrasse dessa integração. O
capital metropolitano não aceitaria isso e a burguesia, receosa em perder sua posição devido a
sua chegada tardia ao cenário histórico, era incapaz de enfrentá-lo.

Essa libertação só seria possível através de um estado baseado na aliança entre


trabalhadores e o campesinato, na época esse argumento esquerdista, exerceu vultoso controle
intelectual. Estes países podiam proceder tal libertação em etapas ao longo do tempo, na
direção do socialismo. Assim o desenvolvimento do terceiro mundo não era encarado como
ocorrendo através de um caminho capitalista de desenvolvimento, mas que isso só poderia
ocorrer através da busca de uma trajetória alternativa que levasse ao socialismo.

Na era do neoliberalismo, esse entendimento começou a ser questionado, com o


argumento de que os fatores que no passado, tinham produzido a divisão do mundo em
segmentos, desenvolvidos e subdesenvolvidos, já não operam no presente. Mas, de forma
encoberta essa divisão entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, ou seja, o fato de que o
trabalho dos subdesenvolvidos não era livre para mover-se para os desenvolvidos e o capital
dos desenvolvidos, por várias razões relutava em move-se para os subdesenvolvidos, exceto
para capturar o mercado destes ou apossar-se das matérias-primas.
Assim, apesar dos salários dos países subdesenvolvidos serem muitos baixos, não
tínhamos ali fábricas para atender ao mercado global e o metropolitano, com o capital dos
desenvolvidos. Diante deste argumento, neoliberalista, agora o capital metropolitano almejava
encontrar fábricas no terceiro mundo, para especular seus salários baixos e atender à procura
mundial.

O autor nos revela que muitas empresas (atividades manufatureiras) são relocalizadas
em países do terceiro mundo, poderiam leva-los através do capitalismo mundial do
desenvolvimento econômico.

Mas, segundo o autor, esse argumento é falho, mesmo parecendo avançar, esse
investimento que ocorre dos países desenvolvidos para os subdesenvolvidos, ou seja, terceiro
mundo, atinge bruscamente a pequena produção, atribuindo um acúmulo de capital dentro do
terceiro mundo. Gerava poucos empregos no terceiro mundo, mesmo com a taxa do PIB
crescendo, a pobreza se agravava, ao invés de aliviada.

O capitalismo mundial entrou em uma fase, que até mesmo a propagação que estava a
ocorrer no neoliberalismo, estava delimitada. Até o próprio argumento que via o terceiro
mundo desenvolvendo-se dentro do capitalismo mundial, perde sua importância.

Trump com seu protecionismo pretende limitar as atividades da metrópole para o


terceiro mundo, sinalizando que o regime neoliberal está num beco sem saída.

Patnaik fala que Trump, não pretende se desfazer do neoliberalismo, mas sim mantê-lo
como núcleo de organização, que flexibiliza o capital financeiro. Mas está a restringir onde o
capital americano seria aplicado, dentro do terceiro mundo, que atenda à procura americana.

As medidas de Trump, não são para causar danos ao capital americano, mas com certeza
impedem as atividades entre a metrópole e o terceiro mundo, que de certa forma seriam o
caminho para o desenvolvimento do terceiro mundo, mesmo com o capitalismo mundial.

Essas medidas adotadas por Trump, devem ser analisadas em meio à crise, que
acometeu o capitalismo mundial, no período neoliberal. A causa desta crise está na
relocalização das atividades das metrópoles para o terceiro mundo, que tem mantido os
salários baixos nas metrópoles. Mas também não aumentou os do terceiro mundo, pois a
oferta de trabalho é muito grande, criadas no período colonial e estão longe de esgotarem,
estão a crescer.
O vetor dos salários na economia mundial permanece constante, já o vetor da
produtividade do trabalho cresceu, aumentando o excedente da produção mundial. Criando
uma superprodução na economia mundial, e o consumo excedente é menos que os salários.
Tendência mantida pelos Estados Unidos, devido a dois booms, baseados em “bolhas”, a
primeira das “dot.com” e a “habitacional”.

Com o colapso desta última e sem nenhuma nova para substituí-la, a economia
estadunidense e a mundial, entraram em crise, provocando um descontentamento geral e uma
ameaça à estabilidade do sistema. Uma classe trabalhadora preocupada com os salários
estagnados e tendo que enfrentar o aumento do desemprego.

A solução que Trump tem buscado é o “roubo do meu vizinho”, ou seja, roubar
empregos de outros países, principalmente do terceiro mundo, para aumentar os dos Estados
Unidos. Mas não muda a situação da economia mundial. Dentro desse quadro econômico, os
Estados Unidos tentam melhorar sua situação, as custas dos outros. Essa solução pode
melhorar a situação dos Estados Unidos, por um certo tempo, até que venham as retaliações, o
que aumentará a crise e acaba por provar que o neoliberalismo chegou a um beco sem saída.

Nesta perspectiva acabam com quaisquer esperanças de o terceiro mundo, ser


beneficiado, com a propagação das atividades da metrópole e continuar a crescer.
Crescimento esse que trouxe o agravamento da pobreza em massa e não seu alívio, trajetória
que chegou ao fim.

O terceiro mundo, segundo o autor, agora tem que adotar novas medidas para se
desenvolver, que terá que confiar no mercado interno, ao invés de exportações, que são
controladas pelos Estados Unidos, com seu protecionismo. Terá que ter um crescimento da
agricultura de subsistência, igualdade de rendimentos internos, aumento dos salários de forma
generalizada, elevação do salário mínimo e ativação da despesa estatal. Tais medidas
enfrentarão a oposição da finança globalizada, fuga de capitais, crise financeira e vigor no
controle de capitais.

Essas medidas exigiram mudanças no Estado e na aliança de classe que o sustenta.


Somente uma aliança de trabalhadores-campesinato, poderá sustentar o Estado, ultrapassando
a crise e a estagnação para qual o terceiro mundo implacável, foi e está sendo empurrado, que
nada mais é que o beco sem saída do capitalismo neoliberal.
Tal trajetória de desenvolvimento divulgada por um estado, apoiado por uma aliança
será assinalada como rumo ao socialismo, seguindo aquele velho argumento de que o
desenvolvimento do terceiro mundo só poderá ocorrer pelo caminho do socialismo, retorna
nessa situação.

BIBLIOGRAFIA

PATNAIK, Prabhat. O capitalismo e o desenvolvimento do terceiro mundo, 2018.


http://resistir.info/. acesso em: 21 de outubro de 2018.
SILVIA CRISTINA VIANA

TRABALHO DE HISTÓRIA ECONÔMICA

30 DE NOVEMBRO DE 2018

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