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QUE PROTEGE
CONTRA A
VIOLÊNCIA
Sumário
09
Realização
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
A violência contra crianças
Florence Bauer – Representante do UNICEF no Brasil
Paola Babos – Representante adjunta do UNICEF no Brasil
e adolescentes
Michael Klaus – Chefe de Comunicação e Parcerias do UNICEF no Brasil
Ítalo Dutra – Chefe de Educação do UNICEF no Brasil
Rosana Vega – Chefe de Proteção à Criança do UNICEF no Brasil
19
Núcleo Editorial
A Educação como fator
Augusto Souza, Daniella Rocha Magalhães, Gustavo Heidrich Oliveira, Ítalo Dutra
de proteção contra as
e Júlia Ribeiro (Educação); Elisa Meirelles Reis (Comunicação); Boris Diechtiareff violências
e William Wives (Dados Estatísticos); Luiza Teixeira, Rosana Vega e Stephanie
Schwarz (Proteção à Criança); Maysa Provedello e Miriam Krenzinger.
Produção Editorial
31
As iniciativas do UNICEF
Produção de conteúdo: Augusto Souza, Daniella Rocha Magalhães, Elisa Meirelles
Reis, Gustavo Heidrich Oliveira, Maysa Provedello, Miriam Krenzinger. para o enfrentamento das
Projeto gráfico e capa: Vinícius Correa/Cidade Escola Aprendiz violências contra crianças
Diagramação: Gláucia Cavalcante/Cidade Escola Aprendiz
e adolescentes
Fotos
Capa: ©UNICEF/BRZ/Raoni Libório
49
www.unicef.org.br Referências e fontes
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www.twitter.com/unicefbrasil
Instagram: @UnicefBrasil
A Qual é a Educação que protege
contra a violência?
Educação Toda criança e todo adolescente têm direito a um ambiente seguro em casa, na
que escola e na comunidade. Mas nem todos têm esse direito garantido. Em diferentes
partes do mundo, crianças e adolescentes estão expostos a diversas formas de
protege violência, que os afastam da escola e colocam suas vidas em risco. No Brasil, a
cada dia, 32 meninas e meninos de 10 a 19 anos são vítimas de homicídio. O País
contra a
é o primeiro em número absoluto de assassinatos de adolescentes no mundo.
violência tos que afeta um perfil específico de crianças e adolescentes. As vítimas, em geral,
são meninos, negros, de famílias de baixa renda. São crianças e adolescentes que
vivem em territórios vulneráveis e violentos, sem acesso adequado a serviços de
saúde, assistência social, educação, esporte e lazer. Parte deles é também vítima
de discriminação racial, violência baseada em gênero, homofobia e transfobia.
Como você verá, nas próximas páginas, é preciso que a escola seja um espaço
seguro e esteja pronta para acolher e valorizar as diferenças, garantindo trajetórias
de sucesso escolar a cada menina e menino. Mas é fundamental, também, que a
Educação não caminhe sozinha. Há que se olhar para os territórios mais vulnerá-
veis em sua complexidade, e unir esforços para a criação de uma verdadeira rede
intersetorial de proteção.
Boa leitura!
Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil
4 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 5
Nós exigimos: Forneçam instalações seguras nas escolas
Exigimos ambientes de aprendizagem seguros, incluindo edifícios e terre-
nos, campos, quadras e equipamentos em plenas condições de funcio-
namento. Queremos que os corredores, salas de aula e banheiros (com
Que nos levem a sério opções de gênero neutro) sejam adequadamente iluminados. Esperamos
medidas de segurança como portões, câmeras e profissionais de segu-
Nós exigimos que nossos pais e mães, cuidadores, responsáveis, escolas,
rança devidamente treinados, quando apropriado. Além disso, a equipe
enquanto instituições, formuladores de políticas e comunidades reconhe-
escolar e os alunos precisam ter instruções claras sobre o que fazer no
çam a nossa essência de ser, nossa igualdade, nossa dignidade e nosso
caso de uma emergência.
direito de existir em um ambiente harmonioso livre de todas as formas de
violência. Nós exigimos que a violência seja combatida onde quer que ela
exista, com a urgência necessária, sem revitimizar a criança e o adolescente.
Capacitem a comunidade escolar
Exigimos que os professores e demais integrantes da comunidade escolar
Que estabeleçam regras claras realizem treinamentos contínuos e sejam capazes de identificar, respon-
der, apoiar e encaminhar para os serviços apropriados os alunos que são
Exigimos a proteção e a prevenção de todas as formas e níveis de vio-
afetados por questões de violência na escola. O treinamento deve capaci-
lência nas escolas. Exigimos que as escolas sejam regidas por regras,
tar os professores e outros para agir de forma emocionalmente inteligente,
regulamentos e planos de ação claros para permitir mudanças e orientar
para lidar com questões de inclusão e diversidade e para promover a
um ambiente de aprendizagem seguro para todos.
disciplina positiva para todas as crianças e adolescentes.
6 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 7
A violência
contra crianças
e adolescentes
QUANTIDADE
11.804
11.100 11.351
11.000
10.633
10.076 10.370
10.000
9.000
8.613 8.782
8.307
8.013
8.000 8.230 ANO
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
8 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 9
©UNICEF/BRZ/Raoni Libório
Os homicídios, no entanto, são apenas o cada dez meninas adolescentes que foram
capítulo final de uma longa história de viola- vítimas, relatam que o autor da primeira
violação foi alguém próximo ou conhecido.
ções e privações de direitos de crianças
e adolescentes.
Embora as vítimas de violência sexual se- . Principais formas de violência
jam, em sua maioria, meninas, é importante
Violência contra criança e adolescente: todas as formas de violên-
Milhões sofrem, em todo mundo, com a ressaltar que os meninos também sofrem
cia física ou mental, ofensas ou abusos, negligência ou tratamento
violência física dos castigos, agressões desse tipo de ocorrência.
verbais, abusos sexuais, exploração do tra- displicente, maus-tratos ou exploração, inclusive abuso sexual, en-
No Brasil, 70% das notificações de vítimas quanto a criança e o adolescente estiver sob a custódia da mãe, do
balho, abandono e negligência, entre outros
de estupro referem-se a crianças e adoles-
tipos de ocorrências. pai, do tutor legal ou de qualquer outra pessoa responsável por ela9
centes8. É o tipo de violência mais atendido
De todas as formas de violência, a mais co- nas unidades de saúde na faixa de 0 a 13
mum contra as crianças, sobretudo as mais anos. E em 70% dos casos, os agressores
Física10
novas, são as agressões físicas e verbais. são amigos, conhecidos da vítima ou mes-
Entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que
Aproximadamente 300 milhões de crianças mo familiares mais próximos como pais,
de 2 a 4 anos em todo o mundo - três em ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause so-
padrastos e irmãos.
cada quatro - sofrem, regularmente, disci- frimento físico. Compreende as chamadas Disciplina Violenta11,
Diante desse quadro, crescente e extremo,
plina violenta por parte de seus cuidadores Punição Física12 e Corporal, além da Tortura13.
de violências, pretendemos apresentar nes-
e 250 milhões - cerca de seis em cada dez
te material caminhos, por meio da Educa-
- são punidas com castigos físicos4.
ção e da constituição de uma rede de pro-
A exposição à disciplina violenta começa teção e garantia de direitos nos territórios, Psicológica14
em uma idade ainda mais precoce para que possam proteger crianças e adolescen-
Qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em
muitas crianças. Com base em dados de tes dos diferentes tipos de violência.
relação à criança ou ao adolescente mediante ameaça, constran-
30 países5, seis em cada dez crianças entre
12 e 23 meses de idade estão submeti- gimento, humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e
das a ela. Entre crianças muito pequenas, xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação
quase metade sofre castigo físico e uma sistemática (bullying) que possa comprometer seu desenvolvimento
proporção similar está exposta ao abuso psíquico ou emocional. Compreende também ato de alienação pa-
verbal. No Brasil, segundo dados de 2016
do então Ministério de Direitos Humanos, o
Os homicídios, no rental, assim entendido como a interferência na formação psicológica
da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos ge-
País registrou 396 ocorrências por dia, ou entanto, são apenas
nitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda
16 a cada hora, de maus-tratos a crianças o capítulo final de ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo
e adolescentes6.
uma longa história de ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este e, por fim,
Já a violência sexual, uma das que mais violações e privações qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou
deixa marcas psicológicas danosas, atinge de direitos de crianças indiretamente, a crime violento contra membro de sua família ou de
em todo o mundo, cerca de 15 milhões de
meninas adolescentes de 15 a 19 anos7.
e adolescentes. sua rede de apoio, independentemente do ambiente em que cometi-
do, particularmente quando isto a torna testemunha.
Dados de 28 países indicam que, nove em
10 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 11
Negligência ou Abandono15 Trabalho infantil18
Omissão pela qual se deixa de prover as necessidades e cuidados Toda atividade econômica e/ou de sobrevivência, com ou sem fi-
básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social da pes- nalidade de lucro e remuneração, executada por crianças e adoles-
soa atendida/vítima. O abandono é uma forma extrema de negli- centes menores de 16 anos - o que é proibido. Acima de 14 anos,
gência, sendo o tipo mais comum de violência contra crianças. os adolescentes de ambos os sexos podem ser admitidos no em-
prego somente na condição de aprendizes, desde que em funções
que não ofereçam risco à sua saúde, segurança e integridades físi-
ca e mental. É proibido ainda o trabalho ou emprego noturno, peri-
Sexual 16
goso e insalubre para adolescentes que não completaram 18 anos.
Entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou o
adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer
outro ato libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo
por meio eletrônico ou não, que compreenda: abuso sexual, en- Financeira19
tendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente É o ato de violência que implica dano, perda, subtração, destrui-
para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, rea- ção ou retenção de objetos, documentos pessoais, instrumentos
lizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação de trabalho, bens e valores da vítima. Consiste na exploração im-
sexual do agente ou de terceiro ou exploração sexual comercial, própria ou ilegal, ou no uso não consentido de recursos financei-
entendida como o uso da criança ou do adolescente em atividade ros e patrimoniais de meninos e meninas.
sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de com-
pensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou in-
centivo de terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico.
Institucional20
É cometida por agente legal público (polícia ou outro servidor
público no exercício de sua função). Pode ocorrer com abuso
Tráfico17 de autoridade, discriminação, uso de armas de fogo, explosivos,
Recrutamento, transporte, transferência e alojamento de crianças gás, objetos contundentes, empurrão, golpe, murro, podendo
ou adolescentes recorrendo à ameaça, ao rapto, ao engano, ao resultar em ferimento, agressão física e verbal, constrangimento
abuso de autoridade, ao uso da força ou outras formas de coação, e até a morte.
ou à situação de vulnerabilidade para exploração sexual ou trabalho
sem remuneração, inclusive o doméstico, escravo ou de servidão. O
casamento servil ou o tráfico para a remoção e comercialização de
órgãos, com emprego ou não da força física, também são conside-
rados formas de tráfico humano.
12 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 13
Países da América Latina e Raio X da violência contra
Caribe com maiores taxas de crianças e adolescentes
homicídios de adolescentes
A América Latina e Caribe é a única região do planeta que registrou
o crescimento dos índices de homicídio de adolescentes de 10
a 19 anos desde 2007. A região abriga cerca de 10% de todos os
adolescentes do mundo, mas quase a metade de todos os homicídios
desse grupo registrados em 2015 ocorreram nela21.
TRABALHO INFANTIL
1º Venezuela 2º Colômbia
96,7 mortes por 100 mil 70,7 mortes por 100 mil
MUNDO BRASIL
10 milhões
submetidos à escravidão23
5º Brasil
59 mortes por 100 mil
14 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 15
TRÁFICO28
As crianças representam 30% de todos os
VIOLÊNCIA SEXUAL25
indivíduos traficados em 142 países. Em
Entre 2011 e 2017, foi registrado no Brasil 2016, quase 25.000 pessoas foram traficadas
um aumento de 83% nas notificações no planeta — 20% eram meninas vítimas de
de violências sexuais contra crianças e exploração sexual.
adolescentes. No total, foram 184.524
casos. Mais da metade deles (51,2%) foram
contra crianças entre 1 e 5 anos. Vale
ressaltar que há subnotificação desse tipo PRIVAÇÃO DE DIREITOS29
de violência no País.
Em 2015, um quinto dos brasileiros com
idade entre 4 e 17 anos de idade teve o direito
à Educação violado por estarem fora da
escola, em atraso escolar ou em situação de
analfabetismo após os 7 anos.
16 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 17
A Educação como
fator de proteção
contra as violências
sas condições que garantem uma Educa- • Imbuir na criança o respeito por seus
ção inclusiva, com respeito à diversidade pais, sua própria identidade cultural,
cultural e religiosa de crianças, adoles- seu idioma e seus valores, pelos valo-
centes e suas famílias e na qual sejam res nacionais do país em que reside,
aplicados os princípios básicos de saúde e do país de origem, quando for o caso,
de nutrição. As crianças e os adolescentes e das civilizações diferentes da sua;
têm também o direito de ser protegidos
• Preparar a criança para assumir uma
contra a exploração econômica e contra a
vida responsável em uma sociedade
realização de qualquer trabalho que possa
livre, com espírito de entendimento,
ser perigoso ou interferir em sua Educa- paz, tolerância, igualdade de gênero e
ção, ou que seja prejudicial para sua saúde amizade entre todos os povos, grupos
ou para seu desenvolvimento físico, men- étnicos, nacionais e religiosos, e popu-
tal, espiritual, moral ou social. lações autóctones;
18 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 19
©UNICEF/BRZ/Raoni Libório
Tripé da Educação pelo Diante dessas definições, o UNICEF ressal-
A violência e a escola A evasão escolar e o baixo número de
UNICEF ta o papel da escola frente ao aprendizado anos de estudo colaboram para a vulne-
e à proteção de crianças e adolescentes. A violência e as violações de direitos de rabilização de crianças e adolescentes,
Para o UNICEF, são três as principais É nessa instituição que eles vivem longos meninas e meninos perpassam a escola aumentando suas chances de vitimização.
características que devem estar presentes períodos de suas vidas. Além de espaço de muitas maneiras, que pode tanto ser Segundo o pesquisador Daniel Cerqueira,
como garantia da qualidade da Educação: de aprendizagem, a escola é também de produtora desse fenômeno como pode ser indivíduos que alcançaram, pelo menos, o
ela deve ser integral, contextualizada e relações, de afetos, de valores, de cultura impactada por ele. segundo ciclo do Ensino Médio, têm uma
com atenção individualizada33. e de direitos, que devem estar refletidos redução substancial na probabilidade de
Mais de 2,8 milhões de crianças e ado-
em seu projeto pedagógico, seu currículo, sofrer homicídio37.
• Integral - considera, no seu desen- lescentes de 4 a 17 anos estavam fora da
suas práticas e seus sujeitos.
volvimento, as dimensões dos tem- escola no País, em 201534. Uma exclusão Esses dados indicam a importância do pa-
pos, práticas, conteúdos e territórios A escola pode se constituir, dependendo que tem rosto e endereço: trata-se de me- pel da Educação na proteção de crianças e
das ações educativas, na escola e em de sua estrutura e outras condições, como ninas e meninos que vivem em domicílios de adolescentes contra as violências. Con-
outros lugares de aprendizagem. Leva um locus protetivo e protegido dentro do com renda per capita de até ½ salário mí- tudo, a Educação por si só não consegue
em conta também as articulações território e fora dele. Contudo, sozinha não nimo (53%), a maioria negra e que possui enfrentar a complexidade desse fenôme-
intersetoriais entre políticas públicas, consegue avançar muito, sobretudo em direitos violados também em outras áreas, no, que reivindica a participação de diver-
a participação contínua e ativa da áreas marcadas pela dinâmica das violên- como Saúde, Assistência Social e Proteção. sas políticas públicas, como da Assistência
comunidade e dos próprios estudan- cias. Para isso, ela precisa reconhecer-se Social, da Saúde, da Segurança Pública, da
A exclusão escolar faz com que muitas
tes. Envolve principalmente o foco no e ser reconhecida como parte do território Cultura, dentre outras.
delas e muitos deles, quando conseguem
direito de cada criança e cada ado- e de uma rede de proteção de meninos,
retornar para a escola, estejam em situação
lescente a ter acesso, a permanecer meninas e adolescentes.
e aprender e a concluir cada etapa da
de atraso escolar. Quase 6,5 milhões de Dados sobre violência na
Educação Básica.
E como parte dessa rede, deve se desafiar estudantes da Educação Básica pública escola e no seu entorno
a avançar cada vez mais como institui- estavam, em 2018, em distorção idade-sé-
Globalmente, cerca de 150 milhões de
• Contextualizada – leva em conta a ção participativa e democrática. Desafio, rie no País, ou seja, possuiam dois ou mais
adolescentes entre 13 e 15 anos tiveram
realidade das pessoas, do lugar, da contudo, que não é só da Educação, mas anos de atraso escolar35. O perfil de vulne-
alguma experiência de violência, entre
cultura e das relações sociais onde se também das outras políticas públicas, para rabilidade se fortalece e milhões de crian-
pares, dentro ao ou redor da escola38. No
desenvolvem as ações educativas. que o Sistema de Garantia de Direitos seja ças e adolescentes ficam atados ao ciclo do
Brasil, o entorno dessa instituição nem
de fato implementado. fracasso escolar.
• Individualizada - reconhece cada sempre é considerado seguro para as e os
criança e adolescente como sujeito Estudo do UNICEF sobre homicídios de estudantes. A Pesquisa Nacional de Saúde
do processo de aprendizagem, refor- adolescentes no estado do Ceará36 veri- do Escolar (PeNSE, 2015)39, do IBGE,
çando e valorizando sua cultura, seus ficou que mais de 70% dos adolescentes focada em estudantes do nono ano do
conhecimentos e suas possibilidades, que foram assassinados em 2015, nas sete Ensino Fundamental, indicou que 14,8%
apoiando-os no enfrentamento de cidades cearenses pesquisadas, estavam de estudantes declararam deixar de ir à
seus desafios. fora da escola há pelo menos seis meses. escola, pelo menos um dia, nos 30 dias
20 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 21
anteriores à pesquisa, por não se sentirem destes declararam ter se envolvendo em
seguros no caminho de casa para a escola brigas e/ou lutas físicas pelo menos uma
ou da escola para casa e 9,5% porque não vez nos últimos 12 meses que antecede-
se sentiram seguros no ambiente escolar. ram a pesquisa. E 12,3% responderam
que foram seriamente feridos, pelo menos
A percepção das/os diretoras/es sobre a
uma vez, nos últimos 12 meses que ante-
violência no bairro em que a escola está
cederam a pesquisa.
localizada também é um fator preocupan-
te. Peres40 investigou 99 escolas em São As escolas têm sido também, de forma
Paulo e apontou diferenças significativas crescente, alvo de ataques armados global-
entre os estabelecimentos públicos e pri- mente. Entre 2013 e 2017, foram registra-
vados. Enquanto 41,2% das/os diretoras/ dos 12.700 atentados a unidades de ensino
es de escolas públicas percebem como em todo mundo, com danos a mais de
alta a violência em volta dos estabeleci- 21.000 estudantes e educadoras e educa-
mentos, somente 22,6% das/dos direto- dores. Em zonas de conflito em 29 países, ©UNICEF/BRZ/Fred Borba
ras/es das escolas particulares avaliam o escolas também têm sido usadas com
mesmo. Já a violência testemunhada pelas fins militares, impedindo ou restringindo o
e pelos diretoras/es das escolas públicas acesso à Educação e expondo crianças e
foi 39,7%, contra 12,9% das/dos direto- profissionais a riscos elevados44. Em 2015, bairros que formam o entorno escolar é de reflexão e de aperfeiçoamento em
ras/es das escolas privadas. a situação levou à criação de uma coalizão fundamental para a garantia de um espaço competências sociais direcionadas a es-
internacional com 89 países, entre eles o de aprendizagem seguro. A violência ar- tudantes, docentes e demais funcionários,
Em termos mundiais, pouco mais de um
Brasil, com o objetivo de garantir a seguran- mada que atinge as comunidades impacta ou ações que articulam o binômio “segu-
a cada três estudantes entre 13 e 15 anos 45
ça nas escolas em todo mundo . a escola e seus estudantes. rança e participação”.
sofrem bullying e, na mesma proporção, se
envolvem em brigas com lutas físicas41. No Os dados globais, mas sobretudo os O Comitê das Nações Unidas sobre os Uma premissa importante observada nes-
Brasil, a PeNSE42 indicou que 7,4% de estu- nacionais, nos levam a refletir sobre a lo- Direitos da Criança declara: a criança não sas experiências é o estabelecimento de
dantes sofreram bullying na maior parte do calização simbólica e material da escola: perde seus direitos humanos ao passar relações mais democráticas na escola,
tempo ou sempre, nos 30 dias anteriores à ela está inserida dentro do território, com- pelos portões da escola46. Ao se refletir favorecendo a convivência entre seus in-
pesquisa e 19,8% afirmaram já ter praticado partilha com ele sua cultura, sua dinâmica sobre a Educação que protege, é necessá- tegrantes e o respeito às diferenças, o que
rio discutir o caminho que o estudante faz confere um maior grau de efetividade às
bullying nos 30 dias anteriores à pesquisa. social, seus sujeitos e suas práticas. Assim,
experiências. As propostas são centradas
Dentre os que se sentiram humilhados pelas a violência que afeta aquele território, tam- de casa até a escola.
no cotidiano escolar e apresentam estraté-
provocações, os principais motivos foram a bém afeta a escola. E sozinha ela dificil-
E quando a violência está dentro da esco- gias direcionadas aos estudantes, docen-
aparência do corpo (15,6%) e a aparência mente consegue garantir a proteção de
la, como é o caso do bullying? Estudos e tes e responsáveis, com foco na promoção
do rosto (10,9%). seus estudantes.
algumas experiências brasileiras (citadas
47
de práticas democráticas e restaurativas e
As brigas também são comuns entre Nenhuma criança ou adolescente deveria ao final desta publicação) têm apostado na administração pacífica de conflitos.
estudantes. Segundo a PeNSE43, 23,4% de ter medo de ir à escola. A segurança nos em diferentes ações, como de formação,
22 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 23
As violências na, da e contra
a escola48
24 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 25
• Competência 7
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis,
Objetivos de Desenvolvimento
para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e deci- Sustentável (ODS)
sões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a
Em agosto de 2015, foram concluídas as negociações que culminaram na
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
adoção, em setembro do mesmo ano, dos Objetivos de Desenvolvimento
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
Sustentável (ODS), por ocasião da Cúpula das Nações Unidas para o Desen-
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
volvimento Sustentável. Os ODS deverão orientar as políticas nacionais e as
• Competência 8 atividades de cooperação internacional até 2030.
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocio-
nal, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo Dentre os 17 objetivos destacamos:
suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade
para lidar com elas.
• Competência 9 Objetivo 4
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a coope- Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e
ração, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida
aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversi- para todas e todos.
dade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades,
culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 4.1 Até 2030, garantir que todas 4.3 Até 2030, assegurar a igualdade
as meninas e meninos completem de acesso para todos os homens e
• Competência 10
o ensino primário e secundário mulheres à educação técnica, profis-
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade,
livre, equitativo e de qualidade, que sional e superior de qualidade, a pre-
flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com conduza a resultados de aprendizagem ços acessíveis, incluindo universidade.
base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis relevantes e eficazes.
e solidários.
4.2 Até 2030, garantir que todos as 4.4 Até 2030, aumentar substancial-
Fica evidente, portanto, o papel do currículo escolar como um
meninas e meninos tenham acesso a mente o número de jovens e adultos
importante elemento dentre as diversas ações que precisam ser um desenvolvimento de qualidade na que tenham habilidades relevantes,
tomadas para a prevenção de todas as formas de violência contra primeira infância, cuidados e educação inclusive competências técnicas e
crianças e adolescentes. pré-escolar, de modo que eles estejam profissionais, para emprego, trabalho
prontos para o ensino primário. decente e empreendedorismo.
26 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 27
4.5 Até 2030, eliminar as disparidades 4.b Até 2020, substancialmente ampliar Objetivo 16
de gênero na educação e garantir a globalmente o número de bolsas de es-
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvi-
igualdade de acesso a todos os níveis de tudo para os países em desenvolvimen-
mento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos
educação e formação profissional para to, em particular os menos desenvol-
e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em
os mais vulneráveis, incluindo as pessoas vidos, pequenos Estados insulares em
todos os níveis.
com deficiência, povos indígenas e as desenvolvimento e os países africanos,
crianças em situação de vulnerabilidade. para o ensino superior, incluindo progra-
mas de formação profissional, de tecno- 16.1 Reduzir significativamente todas as 16.8 Ampliar e fortalecer a participação
4.6 Até 2030, garantir que todos os logia da informação e da comunicação, formas de violência e as taxas de mortali- dos países em desenvolvimento nas insti-
jovens e uma substancial proporção dos técnicos, de engenharia e programas dade relacionadas em todos os lugares. tuições de governança global.
adultos, homens e mulheres, estejam científicos em países desenvolvidos e
16.2 Acabar com abuso, exploração, 16.9 Até 2030, fornecer identidade
alfabetizados e tenham adquirido o co- outros países em desenvolvimento.
tráfico e todas as formas de violência e legal para todos, incluindo o registro de
nhecimento básico de matemática.
tortura contra crianças. nascimento.
4.c Até 2030, substancialmente aumen-
4.7 Até 2030, garantir que todos os tar o contingente de professores qua- 16.3 Promover o Estado de Direito, em 16.1 Assegurar o acesso público à
alunos adquiram conhecimentos e habi- lificados, inclusive por meio da coope- nível nacional e internacional, e garantir a informação e proteger as liberdades
lidades necessárias para promover o de- ração internacional para a formação de igualdade de acesso à justiça para todos. fundamentais, em conformidade com a
senvolvimento sustentável, inclusive, en- professores, nos países em desenvolvi- legislação nacional e os acordos inter-
16.4 Até 2030, reduzir significativamente
tre outros, por meio da educação para mento, especialmente os países menos nacionais.
os fluxos financeiros e de armas ilegais,
o desenvolvimento sustentável e estilos desenvolvidos e pequenos Estados
reforçar a recuperação e devolução de 16.a Fortalecer as instituições nacionais
de vida sustentáveis, direitos humanos, insulares em desenvolvimento.
recursos roubados e combater todas as relevantes, inclusive por meio da coope-
igualdade de gênero, promoção de uma
formas de crime organizado. ração internacional, para a construção
cultura de paz e não violência, cidadania
de capacidades em todos os níveis, em
global e valorização da diversidade cul- . 16.5 Reduzir substancialmente a cor-
particular nos países em desenvolvimento,
tural e da contribuição da cultura para o rupção e o suborno em todas as suas
para a prevenção da violência e o combate
desenvolvimento sustentável. formas.
ao terrorismo e ao crime.
28 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 29
As iniciativas do
UNICEF para o
enfrentamento das
violências contra
crianças e adolescentes
30 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 31
©UNICEF/BRZ/Raoni Libório
para garantir que as escolas sejam • Garantir o atendimento integral no
espaços seguros de aprendizado. sistema de medidas socioeducativas;
A campanha #ENDviolence in Schools gem seguros e sensíveis aos gêneros mas de violência;
Como oferecer uma
definiu cinco áreas de atuação: que promovam a disciplina positiva, o • Ampliar a rede de programas e proje-
Educação que protege
ensino centrado na criança e no ado- tos sociais de prevenção para adoles-
• Implementar políticas e leis: Os go- contra a violência?
lescente, a proteção e a melhoria do centes vulneráveis ao homicídio;
vernos nacionais, regionais e locais
bem-estar físico e mental de todas as Muitas foram as lições aprendidas com a
devem desenvolver, financiar e apli- • Promover a qualificação urbana dos
crianças e adolescentes. campanha #ENDviolence in Schools no
car leis e políticas que protegem as territórios vulneráveis aos homicídios;
mundo e com as estratégias desenvolvi-
crianças e adolescentes de todas as • Mudar as normas sociais e compor- • Realizar busca ativa para a inclusão de
das pelo UNICEF no Brasil. Assim, como
formas de violência dentro e em tor- tamentos: Pais, mães, professoras e adolescentes no sistema escolar;
forma de estabelecer os próximos passos
no das escolas, incluindo a violência professores, crianças e adolescentes,
• Prevenir a experimentação precoce de e colaborar com governos e sociedade ci-
on-line. governo local e líderes comunitários
drogas e promover apoio às famílias; vil no enfrentamento das violências contra
• Fortalecer a prevenção e a resposta a devem reconhecer o impacto devas-
• Promover a mediação de conflitos e crianças e adolescentes, elencamos um
nível escolar: Funcionários da escola, tador da violência nas escolas e tomar
a proteção a ameaçados de violência conjunto de recomendações.
alunos e comitês de gestão devem medidas para promover normas so-
e morte;
proporcionar ambientes de aprendiza- ciais positivas e igualdade de gênero
32 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 33
1 2
Gerar e usar evidências Elaborar políticas e programas
públicos para garantir a
O trabalho conjunto das instituições da rede de proteção efetividade da legislação e das
social pode potencializar e aprimorar os sistemas de informa-
ções sobre crianças e adolescentes, de forma a possibilitar o
normas relativas à proteção de
mapeamento de evidências que indiquem que determinado crianças e adolescentes
indivíduo esteja em situação de vulnerabilidade e/ou de risco.
as necessidades e as demandas do território onde vivem as que precisam de ações e de estratégias de estados e de municípios
crianças e adolescentes descritos nos números é essencial para o seu sucesso. Por exemplo, o Brasil construiu um Plano Na-
para o desenvolvimento das políticas, programas e ações cional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção
públicos que sejam efetivos para a realidade de cada territó- ao Adolescente Trabalhador, no qual as ações educacionais são
rio. Humanizar os dados envolve a escuta dos sujeitos e das fundamentais para o atingimento das metas propostas. Para o seu
instituições atuantes nos territórios. sucesso é fundamental ações que aconteçam em nível territorial e
que efetivamente produzam resultados.
.
.
34 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 35
3
Leis e planos nacionais para crianças e Promover a intersetorialidade
adolescentes para a prevenção da violência
O Brasil conta, dentre outras, com as seguintes legislações e planos: e para a segurança dentro e
• Constituição Federal: artigo 227, que define crianças e adolescentes fora do ambiente escolar
como sujeitos de direitos específicos e que devem ser protegidos
tanto pelo Estado quanto pela sociedade e pela família;
• Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que regulamenta a prote- Para garantir a efetividade da rede de proteção de crianças e
ção prevista na Constituição; adolescentes é imprescindível que a gestão pública trabalhe, no
território, na perspectiva da intersetorialidade para o enfrenta-
• Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE (Lei
mento das violências. As políticas de Educação, de Assistência
12.594/2012, que regulamenta a execução das medidas socioeduca-
tivas para adolescente que pratiquem ato infracional); Social, de Saúde, de Segurança Pública, do Esporte, da Cultura,
da Juventude, dentre outras, precisam estabelecer fluxos de
• Lei Menino Bernardo (Lei 13.010/2014, que estabelece o direito da
comunicação e de atendimento de meninas e meninos. É im-
criança e do adolescente ser educado sem o uso de castigos físicos);
portante também envolver as organizações da sociedade civil,
• Lei da Escuta Protegida (Lei 13.431/17, que estabelece parâmetros sobretudo, aquelas atuantes nos territórios.
para a escuta de crianças e adolescentes vítimas de violência, evitan-
do sua revitimização); Os conselhos Municipal e Estadual dos Direitos da Criança e do
Adolescente são fundamentais para a efetivação da interseto-
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96, que estabelece
rialidade das políticas públicas. Eles devem elaborar planos com
as diretrizes e bases da educação nacional);
metas e ações, definindo as atribuições e responsabilidade de
• Planos nacionais: Plano Nacional de Educação; Prevenção e Erradi- cada setor da administração pública, com a participação da so-
cação do Trabalho Infantil e Proteção aos Adolescentes; Promoção,
ciedade civil e das/os adolescentes.
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivên-
cia Familiar e Comunitária; Enfrentamento da Violência Sexual contra Uma estratégia pode ser a constituição de Grupos de Trabalho
Crianças e Adolescentes; Educação em Direitos Humanos. intersetoriais nos municípios e estados que possam contemplar
ações em diversas frentes, tais como: proteção contra as violên-
cias, acesso à educação, atendimento nos serviços de saúde e de
assistência social, apoio socioeconômico às famílias, segurança
pública que garanta proteção em casa, na escola e no território.
36 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 37
4 5
Fortalecer as capacidades da
Quebrar o ciclo da produção e da
escola, da comunidade e da rede
reprodução da violência nas escolas
de proteção para a prevenção
Os conflitos que surgem na escola têm potencial para gerar diferentes atos
e resposta às violências contra
de violência, como bullying, brigas entre pares e entre estudantes e corpo crianças e adolescentes
funcional, manifestações de racismo e sexismo, preconceitos etc.
Nos territórios especialmente vulneráveis, marcados em seu cotidiano pelas
Lidar com essas variáveis requer da escola diferentes estratégias, sobretudo
violências, como os conflitos entre grupos rivais e por incursões policiais,
aquelas relacionadas ao currículo e ao projeto pedagógico. Práticas como a
a escola sofre de modo direto com a troca de tiros, eventuais invasões ou
Mediação de Conflitos e a Justiça Restaurativa são potentes para trabalhar
com a suspensão das aulas. Sofre de modo indireto também em razão dos
essas questões, principalmente contando com a participação ativa dos pró-
efeitos de curto, médio e longo prazos produzidos pelas circunstâncias trau-
prios adolescentes.
máticas a que são expostos não só os estudantes, como familiares, vizinhas/
Um passo para lidar de modo dialógico e construtivo com os conflitos é tra- os, amigas/os, docentes e outros trabalhadoras/es da educação.
balhar a ideia de que diferenças entre as pessoas enriquecem o grupo, são
São muitas as tarefas e os desafios que a escola pode assumir e dar uma
bem-vindas e não devem ser tratadas como um obstáculo ao convívio, mas
contribuição à comunidade e ao seu próprio funcionamento saudável.
como um desafio estimulante, destinado a qualificar a vida coletiva.
Contudo, ela não resolve essas questões sozinha. Aberta à participação da
O conflito possibilita a ampliação do repertório de recursos para identificar, comunidade, das/dos estudantes e atuando sobretudo em rede, a escola
em si mesmo e no outro, as emoções mobilizadas, as responsabilidades pode colaborar para discutir um modelo de segurança das ruas e de outros
devidas, os interesses e as necessidades que precisam ser atendidos e as ambientes onde crianças e adolescentes circulam, bem como a ocupação
possibilidades de resolução, em momentos de discordância ou impasse. criativa dos espaços de convivência e dos territórios.
A mediação dos conflitos entre os muros escolares e projetos dessa natureza Internamente, pode desenvolver debates e orientações para seus profissio-
possibilitam desenvolver habilidades de comunicação e de negociação, pro- nais numa série de temas, como violência sexual, urbana, racismo, sexismo,
piciadoras de atitudes mais colaborativas; expandir a consciência de autoria e dentre outros, preparando-os para atuar em parceria com as famílias. Pode
coautoria nos eventos dos quais se participa; aprimorar a capacidade de ouvir também se aproveitar de programas já existentes, como o Programa Saúde
e ser ouvido; aprender a manejar de maneira positiva as divergências e os im- na Escola, bem como realizar outros.
passes; aperfeiçoar a capacidade de criar soluções criativas e recíprocas; utilizar
Para atuar nessa perspectiva, é preciso fortalecer as capacidades das esco-
adequadamente o poder hierárquico, de conhecimento ou de outra natureza;
las, garantindo condições institucionais, como a formação dos profissionais
reduzir o nível de conflito intra e extraclasse – problemas de disciplina e inci-
da educação, maior disponibilidade e efetividade na aplicação de recursos
dentes de violência; melhorar o aproveitamento pedagógico e revisar critica-
e troca de experiência com outras escolas. Tais condições devem ser ofere-
mente as atitudes violadoras dos direitos das crianças e dos adolescentes; apri-
cidas para todos os serviços – assistência social, saúde, segurança pública,
morar a comunicação e o entendimento entre todos os segmentos do universo
cultura – a fim de que também tenham condições institucionais para se
escolar; incorporar essas habilidades, levando-as para fora do contexto escolar.
estruturar e atuar em rede e na perspectiva da proteção.
38 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 39
Iniciativas UNICEF
6
O UNICEF conta com iniciativas, estratégias e documentos que podem apoiar e inspirar
Ressignificar o currículo e estados e municípios na implementação das recomendações elencadas.
Temas como mediação de conflitos, cultura do diálogo, igualdade A Busca Ativa Escolar pode colaborar na efetivação das recomendações: 1.Gerar
de gênero, enfrentamento ao racismo, valorização da diversidade e usar evidências e 3. Promover a intersetorialidade para a prevenção da violência
e da participação, promoção da saúde mental e habilidades para a e para a segurança dentro e fora do ambiente escolar. Para saber mais acesse:
vida são importantes como práticas curriculares e precisam estar buscaativaescolar.org.br.
presentes de forma integrada em todos os componentes curricula-
res (Língua Portuguesa, Matemática, Arte, Geografia, História etc.).
Trajetórias de Sucesso Escolar
40 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 41
des de ensino54. A estratégia visa apoiar municípios e estados na implementação de Competências para vida – trilhando caminhos de cidadania
projetos e ações de superação do fracasso escolar e de enfrentamento da distorção
Guia58 que funciona como uma ferramenta para colaborar na abordagem con-
idade-série, convocando-os a uma reflexão e uma revisão dos currículos e práticas,
tra a violência dentro e fora da escola. O material traz alguns conceitos sobre
de forma com que sejam mais inclusivos e garantam o aprendizado.
as adolescências e o ensino-aprendizagem por competências, além de um
A estratégia pode auxiliar em especial a recomendação: 6. Ressignificar o currículo e conjunto de vinte fichas temáticas com dicas de práticas que podem contri-
o projeto pedagógico para enfrentar a cultura da violência e do fracasso escolar. Para buir para um trabalho eficiente com adolescentes. O conteúdo desenvolvido é
saber mais acesse: trajetoriaescolar.org.br. potente para colaborar com a recomendação: 5. Fortalecer as capacidades da
escola, da comunidade e da rede de proteção para a prevenção e resposta às
violências contra crianças e adolescentes. Para saber mais acesse: unicef.org/
Projeto Portas Abertas para a Inclusão brazil/relatorios/competencias-para-vida-trilhando-caminhos-de-cidadania
42 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 43
Cipave61 – Rio Grande do Sul
conflitos no ambiente escolar e a garantia dos direitos da criança e do adolescen-
As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave) te. O projeto também visa a proteção da comunidade escolar, contribuindo, assim,
foram criadas em 2015 como uma das principais iniciativas de combate à violên- para o desenvolvimento de uma cultura de paz entre as crianças e adolescentes.
cia no ambiente escolar do Rio Grande do Sul. Sob a coordenação da Secretaria Como parte do programa, foi criada em 2010, a ação do PMEC – Professor Me-
da Educação, a iniciativa conta com um banco de dados alimentado pelas escolas diador Escolar e Comunitária, cujo foco de atuação é a resolução de conflitos por
com tipos e casos de violências identificadas junto aos estudantes e que interfe- meio de práticas colaborativas e restaurativas, com ênfase no diálogo entre as
rem no andamento escolar. Com esse mapeamento, foram criadas ações preven- partes envolvidas e a aproximação de familiares e da comunidade escolar.
tivas, materiais de orientação sobre o assunto e parcerias com outros entes públi-
cos para enfrentar o problema. Redução da evasão escolar e queda dos casos de
violência nas escolas são alguns dos indicadores positivos registrados. APOIA65 e NEPREs66 - Santa Catarina
Professor Mediador Escolar e Comunitário (PMEC)63 e Sistema de Proteção Escolar Aluno Presente67 – Rio de Janeiro
(SPEC)64 – SÃO PAULO
O projeto Aluno Presente, vinculado à Associação Cidade Escola Aprendiz, foi
O Sistema de Proteção Escolar, projeto implementado em 2009 pela Secretaria de realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro
Estado da Educação de São Paulo, é composto por um conjunto de ações, méto- e a Fundação Education Above All, entre os anos de 2013 e 2016. Nasceu com
dos e ferramentas direcionadas à divulgação de práticas voltadas à prevenção de um desafio triplo: identificar as crianças e adolescentes fora da escola, conse-
44 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 45
guir articular o retorno desse público ao ambiente escolar e encontrar estratégias Programas Federais
para evitar novas evasões. Utilizando uma metodologia inédita, o Aluno Presente O Governo Federal conta com alguns Programas voltados para a melhoria da qua-
localizou mais de 23.000 crianças e adolescentes fora da escola ou em risco de lidade da Educação, o incentivo à permanência das crianças e adolescentes na
evasão, apresentando diferentes escalas e linhas de atuação. O projeto teve como escola e à promoção e à atenção da saúde no ambiente escolar. Destaca-se, en-
base três frentes principais: um serviço de inteligência tecnológica para captação, tre eles, o Bolsa Família70, que teve início em 2006 e que transfere renda a famí-
cruzamento e interpretação de dados; constituição de equipe de campo com lias que tenham em casa crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos matriculados
gestores e articuladores treinados em lidar com questões sociais da cidade do Rio na escola. Em 2018, a taxa de frequência de crianças e adolescentes beneficia-
de Janeiro; esforço de articulação com poderes públicos para fortalecer a rede dos pelo Bolsa Família foi de 93,8%, o equivalente a 13,1 milhões dos mais de 14
de proteção necessária para o atendimento de crianças e famílias em situação de milhões de beneficiários em idade escolar, o melhor resultado da série histórica.
vulnerabilidade, com garantia de direitos básicos. Dentre os outros programas federais, podem ser citados o Benefício de Prestação
Continuada (BPC) na Escola71 e o Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas do Pro-
grama Saúde nas Escolas72.
Escola da Escolha - Recife
68
46 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 47
Referências
e fontes
1 UNICEF. A Familiar Face: Violence in the lives of children and adolescents, 2017
4 UNICEF. A Familiar Face: Violence in the lives of children and adolescents, 2017
5 UNICEF. A Familiar Face: Violence in the lives of children and adolescents, 2017
7 UNICEF. A Familiar Face: Violence in the lives of children and adolescents, 2017
8 IPEA. Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde – Nota Técni-
ca, 2014
10 Lei Federal nº. 13431, de 04/04/2017 que estabelece o sistema de garantia de di-
reitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente)
11 UNICEF. Violent discipline. New York, 2017. Disponível em: data.unicef.org/ topic/
child-protection/violence/violent-discipline
48 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 49
©UNICEF/BRZ/Raoni Libório
12 Lei Federal nº. 4.898/65, que define o crime de abuso de autoridade e estabelece as 22 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2016
punições para esta prática
23 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2016
13 Lei Federal nº 12015, de 07/08/2009. Altera o Título VI da Parte Especial do De-
creto-Lei no 2.848, de 07/12/1940 - Código Penal, e o art. 1o da Lei no 8.072, de 24 IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, 2015
25/07/1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do
25 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim Epidemiológico, 2018.
art. 5o da Constituição Federal e revoga a Lei no 2.252, de 01/06/1954, que trata
de corrupção de menores
26 MINISTÉRIO DA SAÚDE. SIM-TabNET DataSus, 2017. Disponível: tabnet.datasus.
gov.br
14 Lei Federal nº. 13431, de 04/04/2017 que estabelece o sistema de garantia de di-
reitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei
27 IPEA. Atlas da violência 2019, Rio de Janeiro, 2019
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente)
18 Artigo 7°, inciso XXXIII, da Constituição Federal; Convenção 138 da OIT, adotada a 32 FACULDADE LATINO-AMERICANA DE CIÊNCIAS SOCIAIS. Mapa da Violência: os
partir de 1973 e ratificada pelo Brasil em 2002 e que trata da idade mínima para o jovens do Brasil, 2014
trabalho; artigo 67, do Estatuto da Criança e do Adolescente, e Lei 10.097/2000,
decreto 5.598/2005, que trata da aprendizagem 33 UNICEF. O Direito de Aprender: Potencializar avanços e reduzir desigualdades. Brasí-
lia, DF, 2009
19 MINAYO, Cecília. O impacto da violência na saúde dos brasileiros. Ministério da Saú-
de, 2005 34 IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, 2015
20 Lei nº 13.344/2016, de 06/10/2016, que dispõe sobre prevenção e repressão ao 35 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/Inep. Censo Escolar, 2018
tráfico interno e internacional de pessoas
36 O estudo Trajetórias Interrompidas – Homicídios na Adolescência em Fortaleza e em
21 UNICEF. A familiar face: Violence in the lives of children and adolescents. Genebra, Seis Municípios do Ceará foi parte da estratégia de enfrentamento à violência contra
2017. World Health Organization, Global Health Estimates 2015: Deaths by cause, o adolescente do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência.
age and sex, by country and by region, 2000–2015, WHO, Geneva, 2016, recalcula- Realizada em 2016/2017, a iniciativa surgiu de uma articulação entre UNICEF, a
ted by UNICEF.
50 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 51
Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e o Governo do estado e envolve ainda 48 CHARLOT, Bernard. Violência na Escola: como sociólogos franceses abordam essa
outros parceiros, tanto do poder público como da sociedade civil. questão. Revista Sociologias, Porto Alegre. 2002
37 CERQUEIRA, D. R. C. et al. Indicadores multidimensionais de educação e homicídios 49 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. Acesse em: basenacionalcomum.mec.gov.
nos territórios focalizados pelo Pacto Nacional pela Redução de Homicídios. Rio de br/abase
Janeiro: Ipea, 2016. (Nota Técnica, n. 18). Trajetórias Individuais, Criminalidade e o
Papel da Educação. Ipea, 2017. Acesse em: ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/ 50 A Organização Mundial da Saúde (OMS) deu início à preparação do conjunto de
boletim_analise_politico/160908_bapi9_4_reflexao2.pdf estratégias INSPIRE em colaboração com: Centros dos EUA para Controle e Pre-
venção de Doenças (CDC); Parceria Global pelo Fim da Violência contra Crianças e
38 UNICEF. An Everyday Lesson #ENDViolence in Schools, September 2018. Division Adolescentes; Organização Pan-americana da Saúde (OPAS); Plano de Emergência
of Communication, Programme Division/Child Protection and Education. do Presidente dos EUA para Alívio da AIDS (PEPFAR); Programa Together for Girls
[Juntos pelas meninas]; Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef); Escritó-
39 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2015. rio das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC); Agência dos Estados Uni-
Acesse em: saude.gov.br/saude-de-a-z/pense dos para o Desenvolvimento Internacional (USAID); e Banco Mundial (agências com
longa história de estímulo a abordagens consistentes e apoiadas em evidências para
40 PERES, M.F.T. et al. (2018). Violência, bullying e repercussões na saúde: resultados
a prevenção da violência contra crianças). As sete estratégias são: Implementação
do Projeto São Paulo para o desenvolvimento social de crianças e adolescentes (SP-
e vigilância no cumprimento das leis; normas e valores; segurança do ambiente;
-PROSO). Departamento de Medicina Preventiva/FMUSP. 156 p.
pais, mães e cuidadores recebem apoio; incremento de renda e fortalecimento eco-
nômico; resposta de serviços de atenção e apoio; educação e habilidades para a
41 UNICEF. An Everyday Lesson #ENDViolence in Schools, September 2018. Division
vida. INSPIRE: seven strategies for ending violence against children. © Organização
of Communication, Programme Division/Child Protection and Education.
Mundial da Saúde 2016. Tradução INSPIRE: sete estratégias para pôr fim à violência
42 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2015. contra crianças © Núcleo de Estudos da Violência 2018. Acesse em: apps.who.int/
43 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2015. 51 As 12 Recomendações indicadas foram baseadas em evidências do estudo Trajetó-
Acesse em: saude.gov.br/saude-de-a-z/pense rias Interrompidas – Homicídios na Adolescência em Fortaleza e em Seis Municípios
do Ceará. UNICEF, Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, Governo do Estado
44 GLOBAL COALITION TO PROTECT EDUCATION FROM ATTACK. Education Under do Ceará, Fortaleza, 2017
Attack 2018. New York, 2018. Acesse em: eua2018.protectingeducation. org/#title.
52 UNICEF. Selo UNICEF. Acesse em: selounicef.org.br. Mais de 1.900 municípios do
45 SAFE SCHOOLS DECLARATION. Acesse em: protectingeducation.org/sites/default/ Semiárido e da Amazônia Legal aderiram ao Selo na atual de edição (2017-2021),
files/documents/safe_schools_declaration-final.pdf. assumindo o compromisso de manter a agenda de suas políticas públicas pela in-
fância e adolescência como prioridade
46 COMMITTEE ON THE RIGHTS OF THE CHILD. General Comment No. 1: The Aims of
Education (article 2917), April 2001. 53 A Busca Ativa Escolar é uma estratégia realizada em parceria entre a União Nacional
dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Colegiado Nacional dos Gesto-
47 ASSIS, S. SILVA, F. Prevenção da violência escolar: uma revisão da literatura. Dispo- res Municipais de Assistência Social (Congemas) e o Conselho Nacional de Secreta-
nível: arca.fiocruz.br/bitstream/icict/26831/2/PrevençãoViolênciaEscolar.pdf rias Municipais de Saúde (Conasems). Acesse em: buscaativaescolar.org.br.
52 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 53
54 UNICEF. Trajetórias de Sucesso Escolar. Acesse em: trajetoriaescolar.org.br ção de Conflitos (PMC). Acesse em: seguranca.mg.gov.br/2013-07-09-19-17-59/
mediacao-de-conflitos
55 A iniciativa é uma parceria entre o UNICEF, o Instituto Rodrigo Mendes e a Fundação
FC Barcelona (FCB). Acesse em: portasabertasparainclusao.org. 63 SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de proteção
Escolar e promoção da cidadania - Sistema de proteção escolar, 2009. Acesse em:
56 Indicadores de Qualidade na Educação – Relações raciais na escola, realizada pelo educacao.sp.gov.br/spec/
UNICEF, Ação Educativa, SEPPIR e Ministério da Educação em 2013. O material visa
colaborar para a efetivação da Lei nº 10.639/2003, que altera a Lei de Diretrizes e 64 Resolução SE 8, de 31-1-2018, que dispõe sobre o Projeto Mediação Escolar e Co-
Bases da Educação Nacional e a Lei nº 9.394/1996, tornando obrigatória a inclusão munitária, na rede estadual de ensino de São Paulo. Acesse em: http://siau.edunet.
no currículo da Rede de Ensino a temática História e Cultura Afro-Brasileira. Disponí- sp.gov.br/ItemLise/arquivos/8_18.HTM?Time=25/06/20182018:08:29
vel: unicef.org/brazil/sites/unicef.org.brazil/files/2019-02/indicadores_qualidade_edu-
cacao_relacoes_raciais_escola.pdf 65 SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA .Programa de
Combate à Evasão Escolar (APOIA). Acesse em: mpsc.mp.br/programas/programa-
57 O aplicativo Proteja Brasil também recebe denúncias de locais sem acessibilidade, -de-combate-a-evasao-escolar-apoia
de crimes na internet e de violações relacionadas a outras populações em situação
vulnerável. Acesse em: protejabrasil.com.br/br/ 66 SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Para saber mais
acesse: sed.sc.gov.br/conselhos-foruns-e-nucleos/16999-nucleo-de-educacao-e-
58 UNICEF. Competências para a vida: Trilhando caminhos de cidadania. Edição revisa- -prevencao-nepre
da. Brasília, 2018. Disponível: unicef.org/brazil/relatorios/competencias-para-vida-tri-
lhando-caminhos-de-cidadania. 67 SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO. Projeto Aluno Pre-
sente. Acesse em: alunopresente.org.br
59 O projeto Caretas é uma experiência de interação online que usa inteligência arti-
ficial, na qual Fabi Grossi, uma personagem fictícia, interage com adolescentes e 68 INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO. Acesse em: icebrasil.
jovens entre 13 e 24 anos por um chat na internet, contando os desafios que está org.br/escola-da-escolha/
54 A Educação que protege contra a violência A Educação que protege contra a violência 55
56 A Educação que protege contra a violência