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• APRESENTAÇÃO

• MÓDULO 1
• MÓDULO 2
• CONCLUSÃO

DESCRIÇÃO
Conceitos gerais da parasitologia: relações parasita-hospedeiro, ciclos parasitários,
habitats dos parasitos e políticas públicas de saúde contra as parasitoses.

PROPÓSITO
Compreender os conceitos da parasitologia para o entendimento de diferentes
formas de relações parasito-hospedeiro e de doenças parasitárias, assim como de
políticas públicas na área da saúde, a fim de criar melhores ações de prevenção e
combate às parasitoses.

OBJETIVOS
Módulo 1
Descrever o parasitismo, os principais grupos de parasitas, seus vetores, as
políticas públicas de Saúde e o papel do SUS no combate às parasitoses
Módulo 2
Reconhecer os ciclos parasitários, os principais tipos de habitat dos parasitos e os
processos patológicos relacionados ao parasitismo

INTRODUÇÃO
A grande diversidade de seres vivos e as relações que eles estabelecem sempre
foram motivo de fascínio pela humanidade. Se pararmos para pensar, até alguns
séculos atrás, os estudiosos ainda discutiam a origem de muitos organismos pela
teoria da geração espontânea.
Os defensores dessa teoria se baseavam na observação do surgimento de larvas
na matéria orgânica em decomposição e acreditavam que os organismos eram
gerados a partir de matéria orgânica, inorgânica ou da combinação de ambas.
Atualmente, sabemos que as larvas são colocadas por moscas adultas que
encontram na matéria orgânica uma boa fonte de nutrientes para a sua progênie.
Essa teoria foi derrubada pelas incríveis descobertas de Louis Pasteur.
Felizmente, as teorias e hipóteses avançaram e hoje podemos compreender melhor
os mecanismos evolutivos dos microrganismos em seus diferentes hospedeiros e
ambientes. Por exemplo, no início do século XX, mais precisamente em 1909, que o
médico brasileiro Carlos Chagas identificou o parasito responsável pela
tripanossomíase americana ou, como ficou conhecida depois, doença de Chagas.
Atualmente, muito se conhece sobre a doença, a transmissão, o parasita, o
diagnóstico, a prevenção e o tratamento. Entretanto, ainda sabemos muito pouco
sobre outras doenças parasitárias, como a angiostrongilíase e a oncorcercose.
Muito além da visão antropocêntrica ou voltada apenas para a doença, as relações
parasito-hospedeiro definem aspectos das interações entre todos os seres vivos,
do mais simples ao mais complexo. Dos milhares de seres unicelulares e
multicelulares, alguns encontram no homem as condições ideais para sua
sobrevivência e podem ser capazes de gerar ou não doença.
Assim, vamos iniciar o nosso estudo sobre a parasitologia, uma ciência que estuda
os parasitas e suas relações com o hospedeiro, vamos lá?

MÓDULO 1

Descrever o parasitismo, os principais grupos de parasitas do homem, seus


vetores, as políticas públicas de saúde e o papel do SUS no combate às
parasitoses

INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE PARASITISMO


Conceitualmente, podemos chamar de parasito todo aquele ser vivo que encontra
no outro o seu nicho ecológico. Entretanto, para entendermos o conceito de
parasitismo, precisamos compreender o complexo e equilibrado ambiente ecológico
e evolutivo das relações parasito-hospedeiro e alguns conceitos ecológicos que
serão importantes, são eles:
Habitat: área geográfica e ecológica em que determinada espécie é encontrada e
pode exercer suas características comportamentais, se alimentar e reproduzir.
Existem diferentes tipos de habitat, entre eles terrestre, marinho, urbano, extremos,
artificiais etc., onde cada um abriga uma ou mais espécies vivendo em comunidade.

Ecossistema: meio em que os elementos físicos (água, luz solar, temperatura)


interagem com os seres vivos, formando uma complexa rede de interações,
associações e de sobrevivência. Existem desde microecossistemas, como o
encontrado na água acumulada nas bromélias, até macroecossistemas, como
florestas e ecossistemas marinhos.

Nicho ecológico: tem relação com o papel ou com o modo de vida daquele
organismo na comunidade em que ele vive.
Dentro de uma mesma comunidade, existem diferentes espécies que possuem
características próprias e que, por habitarem o mesmo espaço, acabam
estabelecendo interações ecológicas que são complexas e delicadas. Muitos fatores
podem desequilibrar essa balança ecológica e afetar a harmonia entre as espécies,
como o desmatamento, a introdução de espécies exóticas, as mudanças climáticas
etc.
Uma forte corrente de estudiosos da Ecologia defende que estudar um organismo
sem considerar o meio em que ele vive e as interações que ele estabelece é falho e
pode levar a interpretações ecológicas equivocadas.
A questão do desequilíbrio ecológico se tornou fundamental para a saúde do
planeta, principalmente desde o final do século XVIII, quando a Revolução Industrial
provocou profundas mudanças no estilo de vida da humanidade.
Mas qual a relação disso com o parasitismo?
Os animais interagem com outros animais e com o meio em que habitam, então
qualquer interferência antrópica, ou seja, de ação humana, nesse harmônico
ambiente pode ter consequências graves. Por exemplo, várias pragas agrícolas são
também resultantes do desequilíbrio ambiental e climático.
Estudos indicam que o coronavírus, conhecido pela sigla SARS-CoV-2, tem sua
origem muito provavelmente relacionada a morcegos e que o local dos primeiros
relatos de casos, a província de Wuhan, na China, é um território com grande ação
antrópica. Sérias alterações ambientais na região são provocadas pelo
desmatamento, pela caça e pelo consumo de animais silvestres.

Atenção
Acredita-se que o coronavírus emergiu dos morcegos, passou por um hospedeiro
intermediário e depois encontrou os humanos. Esse é um excelente exemplo para
pensamos nas relações e intervenções entre o homem e o ambiente e seus reflexos
para a saúde individual e coletiva.
Formas de associação entre os seres vivos
Na natureza, os organismos estabelecem relações entre si que podem ser
intraespecíficas ou interespecíficas. No primeiro caso, indivíduos de uma mesma
espécie interagem uns com os outros, para garantir a sua sobrevivência. São muitos
os exemplos, porém é mais fácil de entendermos citando o caso das abelhas e
formigas.
Esses seres vivos vivem em intensa intrarrelação com uma organização social bem
definida.
Já as relações interespecíficas são mais complexas, existindo muitas tentativas de
classificar e estabelecer os limites entre os benefícios e malefícios das relações
entre os seres vivos.
Didaticamente, os estudiosos da Ecologia dividiram essas relações em vários tipos,
a depender do grau de vínculo metabólico. Antes, é preciso esclarecer que toda
forma de associação entre espécies é uma simbiose. Posto isso, classificou-se a
simbiose em variadas formas que veremos a seguir:
Parasitismo
O parasitismo é uma associação de unilateralidade, onde somente o parasito é
beneficiado. O nível de dependência pode ser tanto que alguns parasitos só
encontram as condições ideais de sobrevivência em uma única espécie de
hospedeiro. A Entamoeba histolytica é um exemplo clássico, pois obtém seus
nutrientes a partir da digestão enzimática das células epiteliais da mucosa intestinal
do hospedeiro, o que pode provocar necrose, apoptose e inflamação local.
Mutualismo
No mutualismo, há o convívio mútuo e benéfico de duas espécies diferentes.
Entretanto, apesar de vantajosa para os dois lados, essa relação não é de
dependência, podendo o hospedeiro sobreviver sem o parasito. Podemos citar,
como exemplo, a microbiota rica de bactéria e protozoários presentes no rúmen, um
dos quatro compartimentos gástricos dos ruminantes, que auxiliam na digestão da
celulose. Do mesmo modo que o animal se beneficia da quebra da celulose, os
microrganismos ganham alimento e um excelente habitat para a sua sobrevivência.
Comensalismo
O comensalismo é caracterizado pela associação entre duas espécies, onde
apenas uma delas é beneficiada, entretanto, sem que a outra saia prejudicada
desta relação. O parasitismo comensal da Entamoeba coli no intestino grosso é um
exemplo.
A seguir, vemos um resumo dessas interações:

Principais
formas de associação entre parasitos e seus hospedeiros.
Por meio do seu modo de vida, os parasitos influenciam no desenvolvimento, na
produção de hormônios, na reprodução, no estado nutricional e até mesmo no
comportamento de seus hospedeiros. Vejamos um exemplo:
Exemplo
Os parasitos que habitam cavidades ou tecidos internos necessitam exclusivamente
dos nutrientes fornecidos pelo hospedeiro.
Muitos cestóides perderam, ao longo de sua evolução, a capacidade de sintetizar
enzimas, fato que os mantém na dependência do suco gástrico e das enzimas
digestivas dos animais que são parasitados.
Vamos a um outro exemplo, dessa vez não relacionado à nutrição, mas ao
metabolismo endócrino.
Exemplo

O protozoário ciliado Opalina ranarum, parasito de anfíbios, consegue sincronizar o


seu ciclo biológico com o ciclo sexual do hospedeiro. Desse modo, o protozoário
produz os seus cistos no período reprodutivo dos anfíbios, quando esses procuram
a água, assegurando aos ciliados uma grande chance infectar as gerações de
girinos (filhotes de sapos). Em laboratório, pesquisadores descobriram que os
elevados níveis de hormônios sexuais dos anfíbios induzem o processo de
encistamento do parasito.
O impacto do parasitismo pode ser positivo, negativo ou neutro, dependendo da
relação que estabelecem. A capacidade de um parasito em proliferar é dependente
de seu sucesso em também encontrar um equilíbrio vantajoso entre o custo
energético e o nutricional, vinculado à sua presença no organismo do hospedeiro.
Nos casos do parasitismo acidental, onde a virulência e a patogenicidade são
elevadas, o hospedeiro geralmente morre antes do parasito completar o seu ciclo. A
relação evolutiva ideal é aquela em que ambos são beneficiados, como é o caso
das bactérias da nossa microbiota.

FATORES LIMITANTES PARA O CRESCIMENTO DOS ORGANISMOS


Para que uma espécie possa se manter e gerar descendentes, é preciso que
condições ideais sejam encontradas para a sua sobrevivência. Existem elementos
que são limitantes para o crescimento e a reprodução das espécies. Determinadas
bactérias não crescem no meio de cultura se alguns nutrientes e as condições
ambientais necessárias não forem encontrados, por exemplo.
Já as bactérias anaeróbias estritas só conseguem sobreviver em ambientes com
pouca ou nenhuma concentração de oxigênio, pois este é extremamente tóxico para
elas. Além disso, um mesmo organismo pode precisar de uma alta temperatura para
o crescimento, mas também baixa concentração de oxigênio.
Pode-se dizer que um organismo tolera de modo qualitativo e quantitativo uma série
de elementos necessários para seu desenvolvimento. Os organismos podem tolerar
mais ou menos determinado elemento e, nas espécies que são mais tolerantes, as
variações conseguem habitar espaços diferentes.
Os principais elementos físicos limitantes são: temperatura, disponibilidade de água,
umidade – relacionada com a água e a temperatura – e a biodisponibilidade de
elementos químicos fundamentais, como o ferro e o zinco.
Nas regiões tropicais do planeta, onde existe maior biodiversidade, a temperatura
oscila dentro de uma faixa maior.

No bioma Pantanal, existem dois períodos bioclimáticos bem definidos: seca e


chuva. Os animais são bem adaptados às enchentes e secas anuais e essa
variação é importante para a manutenção daquele ecossistema. Se a temperatura e
o nível de precipitação (de chuvas) ficassem constantes ao longo do tempo, certas
espécies de plantas e animais teriam suas populações drasticamente diminuídas, o
chamado efeito depressor.
Muitas bactérias e muitos protozoários são sensíveis à variação de umidade e
temperatura e podem dessecar no ambiente externo.
Exemplo
As bactérias anaeróbias e os fungos que podem passar por um processo de
esporulação em condições ambientais adversas ao seu crescimento e, assim,
resistir às dificuldades nutricionais e ambientais. Caso encontrem um estado de
ótimas condições, podem retornar ao estado vegetativo. Alguns protozoários
passam por um processo semelhante, denominado de encistamento.

PRINCIPAIS GRUPOS DE PROTOZOÁRIOS E METAZOÁRIOS PARASITOS DO


HOMEM E SEUS VETORES
Os principais parasitas estudados pela Parasitologia são os protozoários
(organismos eucariotos, unicelulares e heterotróficos) do reino Protista e os
metazoários (organismos eucariotos, multicelulares e heterotróficos) Nematoda e
Platyhelminthes (platelmintos), além de Arthropoda (artrópodes), do reino Animalia,
todos contidos no domínio Eukarya.
A classificação taxonômica, uma importante ferramenta de identificação, dos
parasitas é baseada em fatores morfológicos, genéticos, bioquímicos e fenotípicos,
tendo sido alterada ao longo dos anos, principalmente, pelo avanço das técnicas
moleculares e de sequenciamento genético.
Nessa classificação, são adotadas algumas terminologias que têm importância na
descrição e localização zoológica do parasito. Vamos adotar a classificação
recomendada pelo Comitê de Sistemática e Evolução da Sociedade de
Protozoologia, conforme o quadro a seguir.
EXEMPLOS
CATEGORIA SUFIXOS PROTOZOÁRIOS HELMINTOS
Reino ... Protista Animalia
Sub-reino -a Protozoa Metazoa
Filo -a Sarcomastigophor -
a
Subfilo -a Sarcodina Platoda
Superclasse -a Rhizopoda Acercomermorpha
Classe -ea Lobosea Digenea
Subclasse -ia Gymnamoebia -
Superordem -idea - Fasciolidea
Ordem -ida Amoebida Schistosomatida
Subordem -ina Tubulina Schistosomatina
Superfamília -oidea - Schistosomatoidea
Família -idae Entamoebidae Schistosomatidae
Subfamília -inae - Schistosomatinae
Gênero ... Entamoeba Schistosoma
Espécie ... E. histolytica S. mansoni
Quadro: Categorias taxonômicas de protozoários e helmintos.
Extraída de Rey, L., 2008. p. 133.
Podemos encontrar algumas terminologias que não seguem o proposto no quadro
acima, pois a classificação atual pode entrar em conflito com denominações
utilizadas há muito tempo pelos estudiosos da área.
Saiba mais
Na taxonomia, todas as categorias, como reino, filo, família, gênero e espécie, são
escritas em latim. Para os protozoários, gênero e espécie são as únicas categorias
que devem ser escritas em itálico ou em texto corrido sublinhado. As bactérias
fogem à regra e as categorias acima de gênero (família, ordem etc.) também são
escritas em itálico.

O gênero deve ser sempre escrito com a primeira letra em maiúsculo e, para
designar a espécie, basta escrever o epíteto específico em minúsculo (exemplo:
Entamoeba histolytica). Se você quiser abreviar uma espécie, basta escrever a
primeira letra do gênero e o ponto de abreviação, seguido do epíteto por extenso
(exemplo: E. histolytica).

Quando a espécie não for identificada, o nome do gênero será seguido de sp. (para
uma espécie) ou de spp. (para mais de uma espécie).
Tome cuidado, sp. e spp. não são grafados em itálico!
O domínio Eukarya é dividido em seis subclassificações chamadas de supergrupos.
Dentro desses subgrupos apenas Amoebozoa, Chromalveolata, Excavata e
Opisthokonta possuem parasitas capazes de infectar os humanos. A seguir vamos
conhecer cada um deles.

Relações
filogenéticas gerais entre os grupos de parasitos de humanos.
O supergrupo Excavata é dividido em quatro subgrupos: Fornicata (subdivisão
Eopharyngia), Parabasalia (subdivisão Trichomonadida), Heterolobosea (subdivisão
Vahlkampfiidae) e Euglenozoa (subdivisão Kinetoplastea).
Excavata:
Giardia duodenalis.
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EOPHARYNGIA
A subdivisão Eopharyngia é caracterizada por apresentar indivíduos com um ou
dois núcleos, cada um com seu sistema locomotor. A principal espécie de interesse
médico dessa subdivisão é a Giardia duodenalis, que pode causar quadros de
diarreia sanguinolenta (giardíase). A transmissão ocorre quando cistos são ingeridos
a partir de água ou alimentos contaminados. Outros parasitos comensais
esofaríngeos podem ser encontrados no intestino, como Chilomastix mesnili e
Retortamonas intestinalis.

TRICHOMONADIDA
Os flagelados da subdivisão Trichomonadida (tricomonadídeos ou
parabasilídeos), gêneros Dientamoeba, Pentatrichomonas e Trichomonas,
parasitam a luz intestinal humana. Este último gênero tem importância médica, pois
nele está presente a Trichomonas vaginalis. A infecção por T. vaginalis é
assintomática em cerca de 20 a 50% das mulheres, mas pode evoluir para um
quadro de corrimento e prurido vaginal (tricomoníase). A grande maioria dos casos
tem prognóstico favorável, se seguidas as recomendações de higiene e tratamento,
geralmente metronidazol ou secnidazol. Assim como qualquer outra infecção
sexualmente transmissível, a melhor maneira de prevenir a tricomoníase é usando
preservativos.

VAHLKAMPFIIDAE
A subdivisão Vahlkampfiidae reúne protozoários de núcleo único que podem ter
flagelos ou forma ameboide, a maioria de vida livre. Dois gêneros são associados a
doenças em humanos: Vahlkampfia e Naegleria. Até recentemente acreditava-se
que o primeiro não era um patógeno humano, entretanto pesquisadores
conseguiram identificar uma espécie (Allovahlkampfia spelaea) causando ceratite.
Naegleria é o agente etiológico da meningoencefalite amebiana primária, doença do
sistema nervoso central (SNC), de alta letalidade e incidente no hemisfério norte.

EUGLENOZOA
A última divisão do supergrupo Excavata é a Euglenozoa, que, por sua vez, é
subdividida em Kinetoplastea. As espécies desse grupo são parasitos obrigatórios
com um flagelo localizado anterior ou lateralmente. Trypanosoma e Leishmania são
os gêneros de maior importância em saúde pública, responsáveis pela
tripanossomíase americana (doença de Chagas) e africana (doença do sono), e
pelas leishmaníases (tegumentar e visceral), respectivamente.

Ambas são doenças incidentes no Brasil, ainda endêmicas em algumas regiões do


país e transmitidas por vetores. A doença de Chagas é transmitida a partir da picada
de triatomíneos, já a leishmaniose pela picada de flebotomíneos.
Do supergrupo Amebozoa derivam quatro divisões sistemáticas:

Amebozoa.
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TUBILINEA
O gênero Hartmannella (divisão Tubilinea) tem como principal representante a
Hartmannella veriformis, causadora de meningoencefalite e broncopneumonia de
evolução rápida e alta letalidade. A transmissão está associada ao contato com
água poluída.

ACANTHAMOEBIDAE
O gênero Acanthamoeba pertence à divisão Acanthamoebidae e reúne alguns
protozoários associados à doença em humanos. A. polyphaga, A. castellanii, A.
divionensis, A. lugdunensis são associados com lesões granulomatosas na pele,
conjuntiva ocular (conjuntivite) e córnea (ceratoconjuntivite), podendo invadir o SNC.
Indivíduos imunodeprimidos podem evoluir rapidamente para um quadro de
meningite amebiana. A contaminação geralmente ocorre durante o contato com
fonte de águas contaminadas com cistos ou trofozoítos.
ENTAMOEBIDAE
A divisão Entamoebidae possui como principal representante patogênico a
Entamoeba histolytica. Estima-se que cerca de 40 mil a 100 mil óbitos anuais em
todo o mundo sejam relacionados com a amebíase por E. histolytica, principalmente
em crianças e indivíduos malnutridos ou imunodeprimidos. A contaminação ocorre
pela ingestão de cistos a partir de alimentos e água impróprios para consumo.
Apesar de morfologicamente semelhante à E. histolytica, E. dispar é um organismo
não patogênico e comum na microbiota intestinal.

MASTIGAMOEBIDAE
A divisão Mastigamoebidae engloba muitas amebas de vida livre ou endobióticas,
algumas comensais de humanos, outros mamíferos, além de aves e anfíbios.
Endolimax nana é parasito comensal do cólon, mas pode ser encontrado em outras
partes do intestino. E.nana se alimenta de bactérias da microbiota, sem agredir a
mucosa intestinal.
O supergrupo Chromalveolata é um dos maiores grupos de protozoários da
natureza, tendo representante com ou sem flagelos e com ou sem cílio. Duas
subdivisões são de interesse médico:

Chromalveolata:
Plasmodium spp.
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APICOMPLEXA
O filo Apicomplexa recebe esse nome pela presença nos parasitos, em pelo menos
um estágio de sua vida, de um complexo apical anterior composto por organelas
especializadas. A malária é provocada pela infecção dos apicomplexos do gênero
Plasmodium - P. falciparum, P. ovale, P. vivax e P. simium – a partir da picada de
mosquitos do gênero Anopheles. A babesiose (Babesia spp.), sarcocistose
(Sarcocystis hominis), isosporíase (Isospora belli) e toxoplasmose (Toxoplasma
gondii) também são doenças provocas por apicomplexos.

CILIOPHORA
Os organismos ciliados têm como principal característica a presença de cílios que
recobrem todo o corpo do protozoário e são utilizados principalmente para a
locomoção. A única espécie de ciliado conhecida por causar doenças em humanos
é Balantidium coli. A balantidiose, como é chamada a doença, é transmitida pela
ingestão de cistos presentes em alimentos e água contaminada. O quadro clínico é
marcado por uma diarreia intensa semelhante à amebíase por E. histolytica.
O supergrupo Opisthokonta, que inclui os Reinos Animalia e Fungi, além de outros
grupos de metazoários, é muito importante em Saúde Pública e engloba várias
doenças humanas.
Alguns metazoários podem ser parasitos comensais ou oportunistas, como o fungo
Rhinosporidium seeberi. A rinosporidiose é incidente na América do Sul e em outras
regiões do mundo e manifesta-se pelo aparecimento de pólipos na cavidade nasal e
faringe ou na pele (forma cutânea).

Reinos Fungi.
No reino Animalia, os parasitos do homem e seus vetores apresentam como
principais filos de interesse médico os Platyhelminthes, Nemathelminthes,
Arthropoda e Mollusca, que são divididos em várias Ordens e Famílias, conforme
observamos no esquema a seguir:

Alguns parasitos
do homem e seus vetores compreendidos no Reino Animalia.
Filo Platyhelminthes
Composto por organismos com corpo achatado dorso-ventralmente, habitando
ambientes aquáticos, solo ou interior de outros animais, como o homem. Os
trematódeos digenéticos (classe Trematoda) possuem estruturas de fixação
chamadas ventosas e sistema digestório incompleto (não há ânus). O representante
mais conhecido por causar doença em humanos é Schistosoma mansoni, agente
etiológico da esquistossomose. O homem pode se infectar ao entrar em contato
com a água contaminada pelas cercárias, que são a forma infectante que penetra
na pele.
Fasciola hepatica também ganha importância, principalmente pelo impacto
econômico na ovinocultura, sendo o homem hospedeiro infectado quando ingere
acidentalmente água e verduras contaminadas com as formas larvais do parasito,
as metacercárias.
Atenção
Outros parasitos também encontram no homem ambiente propício, mesmo que
eventualmente acidental, para o parasitismo, como Paragonimus westermani,
Heterophyes heterophyes e Gastrodiscoides hominis.
Os cestódeos (classe Cestoidea) não têm sistema digestório, possuem ventosas e
corpo segmentado em três partes: escólex, colo e proglotes. Quatro famílias são
importantes por causarem doenças distribuídas mundialmente: Diphyllobothriidae,
Taeniidae, Hymenolepididae, Dilepididae.

Taenia saginata aderida à


mucosa intestinal. A escólex apresenta cinco ventosas.
A difilobotríase ocorre após o consumo de peixe cru ou malcozido que esteja
contaminado com a forma infectante do Diphyllobothrium latum. O homem é
hospedeiro definitivo por propiciar a maturidade sexual do parasito no trato
intestinal. Taenia solium e Taenia saginata infectam o homem (hospedeiro definitivo)
após o consumo de carne suína ou bovina malpassada, respectivamente,
contaminada com ovos do parasito. A teníase é uma doença bastante incidente e
negligenciada que ainda apresenta quadros graves, principalmente em crianças
malnutridas e imunodeprimidos.
Hymenolepis nana é uma espécie cosmopolita, parasitando com maior prevalência
crianças em áreas sem saneamento básico. As infecções são, em sua maioria,
assintomáticas. A dipilidiose é uma doença majoritariamente de cães e gatos,
entretanto o homem pode ser infectado pela ingestão acidental de pulgas contendo
cisticercoides. Os casos humanos são raros, mas têm sido reportados em todos os
continentes.
Os nematelmintos (filo Nemathelminthes)
São organismos de corpo cilíndrico e afilado nas duas pontas. São amplamente
distribuídos e prevalentes na população em geral. Dentre as doenças causadas por
nematódeos e transmitidas pela ingestão de ovos, podemos citar: ascaridíase
(Ascaris lumbricoides), toxocaríase (Toxocara canis), oxiuríase (Enterobius
vermicularis) e tricuríase (Trichuris trichiura).
Atenção
Outro grupo de doenças causadas por nematódeos são aquelas transmitidas pela
larva infectante, como a estrongiloidíase (Strongyloides stercoralis), ancilostomíase
ou amarelão (Ancylostoma duodenale) e a angiostrongilíase (Angiostrongylus
costaricensis). Com exceção dessa última, todas as demais são doenças
associadas à falta de hábitos de higiene e de saneamento básico.
Apesar de rara, a angiostrongilíase tem sido relatada no Brasil, sendo transmitida
pela ingestão de larvas infectantes que são liberadas por moluscos (hospedeiro
intermediário). A filariose (Wuchereria bancrofti) e a oncorcercíase (Oncocerca
vulvulus) são as únicas transmitidas por vetores, o Culex quinquefasciatus e
Simulium sp., respectivamente.

Perna de uma pessoa com


filariose linfática, conhecida popularmente como elefantíase.
Filo Arthropoda
Reúne uma grande diversidade de organismos, que compartilham a característica
principal de possuir o corpo protegido por um exoesqueleto de quitina. Seis famílias
de insetos hematófagos são extremamente importantes para a transmissão de
parasitos e vírus aos humanos.
Os gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylus são compostos por triatomíneos
conhecidos popularmente por barbeiros e estão envolvidos na transmissão do T.
cruzi. Diferentemente dos mosquitos, os triatomíneos não inoculam o parasito
através do aparelho sugador. O parasito é eliminado pelas fezes do vetor durante o
repasto sanguíneo.
Os flebotomíneos são os transmissores das leishmanioses tegumentar e visceral e
apresentam ampla distribuição geografia. Aedes e Culex estão implicados na
transmissão de diversas arboviroses endêmicas no Brasil e são mosquitos muito
bem adaptados ao ambiente urbano. Como citado anteriormente, Culex também é o
vetor do agente da filariose linfática. Os ceratopogonídeos (gênero Culicoides) são
mosquitos bem pequenos transmissores de algumas filarias (Mansonella) e do vírus
Oropouche. Algumas espécies do gênero Chrysops são transmissoras da filaria Loa
loa na África.

O carrapato Amblyomma cajennense é principal transmissor da febre maculosa no


Brasil.
A febre maculosa é uma importante zoonose transmitida pelo carrapato-estrela
(Amblyomma) no Brasil. O último gênero de artrópodes associados a doença em
humanos é composto por ácaros causadores da escabiose, conhecida como sarna.
Filo Mollusca
Reúne animais de corpo mole, em geral protegido por uma concha calcária rígida.
Os gêneros Oncomelania, Biomphalaria, Lymnaea e Sarasinula possuem
importância médica por serem hospedeiros de alguns parasitos de humanos.
Espécies do gênero Biomphalaria são hospedeiras intermediárias do parasito
causador da esquistossomose. Lymnaea columella e Sarasinula marginata são
hospedeiros intermediários do trematódeo Fasciola hepatica e nematódeo
Angiostrongylus costaricensis, respectivamente.

O HOMEM E SEUS PARASITOS


Assista ao vídeo em que o especialista irá Helver Dias falará sobre a relação entre o
parasitismo e os principais grupos de protozoários do homem.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E O PAPEL DO SUS NO COMBATE ÀS


PARASITOSES
Os parasitos intestinais estão entre os patógenos mais frequentes em humanos,
constituindo importante agravo à saúde. O Brasil é endêmico para diversas doenças
parasitárias e muitas delas são consideradas negligenciadas. São escassos os
inquéritos coproparasitológicos que investigam a real amplitude e distribuição
geográfica das infecções parasitárias no Brasil. Os grandes estudos realizados nas
décadas passadas não refletem com fidelidade o cenário epidemiológico atual.
A incidência (novos casos) de doenças parasitárias está relacionada à pobreza e às
péssimas condições sanitárias, como ausência de esgotamento sanitário, condições
de moradia, ausência de água encanada e potável, além de solos contaminados.
Nesse contexto, as populações mais afetadas são as mais carentes, como
indivíduos de quilombos, assentamentos, favelas, áreas rurais e indígenas.
A desigualdade social no Brasil favorece a marginalização dessas pessoas e adia a
consolidação de políticas públicas necessárias para o enfrentamento das
parasitoses.
Atualmente, os parasitas, como Ascaris lumbricoides, Toxoplasma gondii,
Entamoeba histolytica, Giardia duodenalis, Trypanosoma cruzi, Leishmania spp. e
Schistosoma spp. contribuem enormemente para o quantitativo global de doenças.
Entretanto, parasitos intestinais, como a enterobiose, são negligenciados, mesmo
tendo contribuição para o déficit de crescimento e aprendizagem de crianças nos
países mais pobres.

Atenção
É preciso destacar que o conceito de saúde não é aquele apenas relacionado à
ausência de doença, mas também à manutenção e melhora do próprio estado de
saúde física e psicossocial do indivíduo.
Nesse sentido, faz-se necessária a implementação de políticas públicas que
integrem universalização da saúde, habitação, saneamento básico, planejamento
urbano e promoção da saúde. O enfrentamento parte de um olhar holístico da
questão.
E você, sabe o que são as Políticas Públicas de Saúde?
Políticas públicas de saúde podem ser entendidas como um conjunto de
disposições que fazem parte do campo de ação social do Estado, orientado para
organizar e nortear a promoção, recuperação e proteção da saúde da população.
Com a redemocratização do país no final da década de 1980, a promulgação da
Constituição Federal trouxe um novo horizonte para as políticas públicas em Saúde
no Brasil.
A Constituição adota um modelo de seguridade social para a saúde norteada por
três diretrizes:
• Descentralização
• Atendimento integral
• Participação da comunidade
Atenção
Todas as demais leis e políticas públicas têm ação infraconstitucional, ou seja, estão
hierarquicamente abaixo do texto constitucional.
As conquistas do povo em relação à saúde foram asseguradas na Constituição por
meio de uma intensa luta e movimentação social ocorridas nos anos anteriores. O
Movimento Sanitário e outros movimentos políticos e sociais debateram
profundamente as temáticas da saúde a partir de um olhar amplo e voltado para a
construção de uma política de saúde includente para toda a população brasileira.

O sanitarista Sérgio Arouca foi uma das vozes mais atuantes para organizar e
consolidar as ideias e concepções amplas de saúde, consagradas pela
Constituição. Arouca participava ativamente do movimento sanitarista brasileiro,
sendo suas ideias ainda muito atuais e indispensáveis para se estudar a saúde no
Brasil, no cenário de transição democrática do final da década de 1980.
No Artigo 196, a Constituição define “a saúde como um direito de todos e dever do
Estado” e o Artigo 198 dispõe sobre a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O
SUS é a materialização da vontade e esforço nacional para assegurar o acesso
universal de seus cidadãos aos cuidados em Saúde. Muitos autores definem o SUS
como a própria política de saúde brasileira.
A seguir vamos entender um pouco do histórico das Políticas Públicas em Saúde no
Brasil.
Clique na barra para ver as informações.

POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE


Ainda que o SUS tenha sido criado em 1988, sua regulamentação e
operacionalização efetiva-se apenas com a aprovação da Lei Orgânica (LO) nº
8.080, de 19 de setembro de 1990, e da LO nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990.

A primeira LO do SUS normatiza em seu texto: os objetivos e as atribuições; os


princípios e diretrizes; a organização, direção, gestão, competências e atribuições
de cada esfera de governo (federal, estadual e municipal); a participação
complementar da iniciativa privada; o financiamento e a gestão financeira dos
recursos.

A LO nº 8.142/90 dispõe sobre a participação popular na própria gestão do SUS e


sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros. O Artigo 1
democratiza e institucionaliza a participação popular na saúde, a partir da
composição dos Conselhos de Saúde e das Conferências de Saúde. A instituição do
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de
Secretários Municipais de Saúde (Conasems) têm importante papel na formulação
de estratégias e no controle de execução da política de saúde no país.
A Constituição Federal em sua seção II, juntamente com as LO nº 8.080/90 e nº
8.142/90, compõe o arcabouço jurídico do SUS.

Em 1993, foi publicada a Norma Operacional Básica do SUS (NOB-SUS 93), que
definiu estratégias operacionais que assegurassem o compromisso de
implementação do sistema único. De modo simultâneo, a NOB-SUS-93 aperfeiçoou
a gestão do SUS e reafirmou a descentralização político-administrativa na saúde
pública. A definição do papel dos estados e municípios, saindo da lógica de
prestadores de serviços e passando a assumir o papel de gestores, é importante
para o pleno exercício da gestão em Saúde.

Os mecanismos criados pelas Leis Orgânicas e pelas NOB’s permitiram a


sistematização da implementação do SUS em suas esferas administrativas e
incorporaram a participação do usuário no processo decisório de formulação da
política de saúde.

Em 1994, é criado pelo Governo Federal o Programa Saúde da Família (PSF), hoje
conhecido como Estratégia Saúde da Família (ESF), que consistia na proposta de
implementação da Atenção Primária nos municípios. O programa tinha como
estratégia central a substituição da visão assistencial vigente à época – ou seja,
voltada para o doente e ao atendimento hospitalar de emergência –, a incorporação
da lógica de promoção da saúde e a participação popular.

A implementação do PSF é facilitada pela existência do Programa de Agentes


Comunitários de Saúde (PACS), oficializado em 1991, pelo Ministério da Saúde. Ao
longo das últimas três décadas, o PACS se consolidou como o maior programa de
Atenção Primária à Saúde do Brasil, englobando atualmente mais de 260 mil
Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Por ser membro da comunidade em que
atua, o ACS é o vínculo indispensável entre o cidadão e a equipe da unidade de
saúde.

A Atenção Básica fortaleceu um aspecto fundamental da política de saúde


brasileira, a descentralização. A capilaridade alcançada pelas Unidades Básicas de
Saúde (UBS), presentes no próprio território, permitiu a obtenção de dados sobre as
condições de vida e saúde das populações.
No Rio de Janeiro, por exemplo, as UBS alcançam territórios marginalizados dentro
de favelas e em locais historicamente negligenciados pelo poder público. A adoção
de um modelo de territorialidade permite melhorar o planejamento com base na
identificação de vulnerabilidades e seleção de problemas prioritários para a
população daquele determinado território.

A ESF tem papel central no combate e na prevenção das doenças parasitárias,


principalmente por proporcionar fácil acesso à saúde, pelos aspectos de promoção
e educação em saúde e prevenção de agravos. Diferentes municípios têm adotado
estratégias de enfrentamento das parasitoses com base no conhecimento da
dinâmica territorial e sanitária aliada à educação em saúde. Campanhas de
educação sanitária em escolas e conscientização realizada pelos ACS, durante
visitas domiciliares, resultam na incorporação de hábitos de higiene, tais como o
simples hábito de lavar as mãos e higienização correta dos alimentos, e a
consequente redução da incidência das parasitoses.

A Secretaria de Vigilância em Saúde, órgão do Ministério da Saúde, lançou em 2005


o Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses, tendo como
objetivo geral a definição de estratégias para a redução da prevalência, morbidade e
mortalidade por enteroparasitoses no país. A partir da análise epidemiológica de
cada localidade, pode-se criar estratégias de controle para serem adotadas nos
diferentes níveis administrativos. O Plano integrava ações da vigilância
epidemiológica, educação em saúde, diagnóstico e assistência e saneamento
básico. Esse ponto é importante, pois no contexto brasileiro as políticas de saúde
são indissociáveis das políticas ambientais e de saneamento.
1988
Promulgação da Constituição.

1990
Lei Orgânica da Saúde 8.142/90.

1990
Lei Orgânica da Saúde 8.080/90.

1991
Programa de Agentes Comunitários de Saúde.
1994
Programa Saúde da Família.

2005
Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses.
O Ministério da Saúde determina que algumas doenças ou agravos sejam
notificados compulsoriamente, ou seja, quando feito o diagnóstico clínico e/ou
laboratorial ou identificada a situação-problema, o profissional da unidade de saúde
deve obrigatoriamente notificar o sistema de vigilância em saúde sobre a ocorrência.
Atenção
O sistema não é apenas para a notificação de doenças, mas também para agravos
à saúde, como tentativas de suicídio, violência doméstica e acidente de trabalho.
Dentre as doenças listadas, apenas a doença de Chagas, esquistossomose,
toxoplasmose gestacional e congênita, malária e leishmaniose cutânea e visceral
são causadas por parasitos. Todas as enteroparasitoses não são listadas, portanto
não são de notificação compulsória.
Assim, o SUS tem, por meio da ESF, o papel central no controle das parasitoses
enquanto doenças negligenciadas. A rede de atenção primária ainda é muito
deficiente em alguns estados, principalmente nas regiões Nordeste e Norte do país.
A falta de infraestrutura, de profissionais qualificados e de recursos compromete a
consolidação da ESF e põe em xeque políticas de controle de doenças endêmicas.
Saiba mais
O diagnóstico de parasitoses intestinais é feito pelo exame parasitológico de fezes
(EPF), a partir da coleta de uma amostra de fezes frescas ou amostras consecutivas
coletadas em frascos contendo soluções conservantes, como o MIF. Para as
parasitoses sanguíneas, como a malária e doença de Chagas, o exame
parasitológico de sangue é o recomendado.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Aprendemos que existem diferentes tipos de interação entre os seres vivos, como
o mutualismo, o comensalismo e o parasitismo. Abaixo citamos algumas
características dessas interações. Assinale a alternativa que apresenta uma
característica correta dessa interação.
No comensalismo, há o convívio mútuo e benéfico do parasita e seu hospedeiro.
O comensalismo é caracterizado pela não dependência metabólica do parasita.
O mutualismo é uma associação de unilateralidade, onde somente o hospedeiro é
beneficiado.
No parasitismo, o parasito procura apenas abrigo, proteção e locomoção.
No comensalismo, apenas uma delas é beneficiada, mas sem prejudicar a outra.
Responder
Comentário
2. O SUS tenta olhar o paciente não somente pelo lado da doença, mas entender
que aquele indivíduo é inserido dentro de um contexto social. Nesse sentido, qual
alternativa contempla um fator associado à ocorrência de enteroparasitoses e qual
doença é de notificação compulsória no Brasil?
Diminuição da desigualdade social e giardíase
Diminuição das condições de higiene da população e enterobiose
Diminuição da desigualdade social e ascaridíase
Baixo índice de esgotamento sanitário e toxoplasmose
Diminuição das condições de higiene da população e ascaridíase
Responder
Comentário

MÓDULO 2

Reconhecer os ciclos parasitários, os principais tipos de habitat dos parasitos


e os processos patológicos relacionados ao parasitismo

CICLOS PARASITÁRIOS
O ciclo biológico de um parasito compreende os mecanismos, as etapas e os
fenômenos aos quais ele é submetido ao longo de suas fases de vida, passando por
um ou mais hospedeiros (nome dado ao organismo que habita o parasita em seu
interior).
A complexa série de acontecimentos físicos, químicos e bioquímicos é ordenada por
fatores ambientais e genéticos, dependendo das características fisiológicas e
biológicas de cada grupo de parasito.
Grande parte do conhecimento adquirido sobre os ciclos parasitários vem de
estudos com parasitos que causam doenças de importância em saúde pública e
saúde animal. O caráter negativo ou patogênico do parasitismo é muito baseado na
concepção de doença e pode levar a interpretações científicas prematuras. Isso
também gera uma grande lacuna no conhecimento de aspectos do ciclo de
inúmeros parasitos que não têm o homem como hospedeiro.
A amebíase enquanto doença é causada pela Entamoeba histolytica ou por
variedades semelhantes. Entretanto, existem outras espécies, como a E. coli, E.
hartmani, Endolimax nana que não parecem causar nenhum processo patogênico.
Conhecemos muito mais da E. histolytica do que das demais espécies simbiontes
do nosso intestino. Como veremos a seguir, o intestino humano é um excelente
habitat para diferentes grupos de parasitos, como os nematelmintos, platelmintos e
as amebas.
Parasito
intestinal Entamoeba histolytica presente nas fezes humanas.
Atenção
É preciso destacar que infecção parasitária não é o mesmo que doença
parasitária. São fenômenos diferentes. A infecção por um parasito não leva
necessariamente ao aparecimento de sinais e sintomas que caracterizam o estado
de doença. A interação entre o parasito, o hospedeiro e o ambiente definem
condições evolutivas e biológicas dinâmicas que podem passar por momentos de
equilíbrio e desequilíbrio.

Ainda não são claros os mecanismos, mas em alguns casos o parasitismo intestinal
por E. histolytica pode desencadear uma forte ação patogênica, levando ao quadro
de amebíase - doença.
Na fase aguda de algumas infecções parasitárias, o organismo do hospedeiro
consegue tolerar e controlar a carga parasitária, principalmente a partir de
mecanismos imunológicos e celulares. Deste modo, a infecção torna-se contida e
assintomática. O retorno dos sintomas clínicos pode ocorrer em casos de estados
transitórios ou crônicos de diminuição da imunidade no hospedeiro, como no caso
da AIDS ou em pacientes que tomam altas doses de corticoides.
Em seu ciclo de vida, os parasitos podem infectar mais de um hospedeiro, causando
ou não dano ao mesmo. Em geral, quanto mais branda e harmônica é a relação de
parasitismo, maior é o tempo decorrido de evolução biológica. Do ponto de vista
evolutivo, não é interessante para o parasito levar o seu hospedeiro à morte.
Relações de parasitismo que resultam em infecção grave são, em sua maioria,
provocadas por relações evolutivas mais recentes.
Os hospedeiros se dividem em 5 características. Veja a diferença entre eles.
Hospedeiro natural
O hospedeiro que não sofre com o parasitismo e garante a multiplicação e
dispersão do parasito.
Hospedeiro terminal
Já os hospedeiros que adoecem com o parasitismo, podendo até mesmo evoluir
para a morte, são denominados de hospedeiros anormais. Esses animais também
são conhecidos como hospedeiros terminais, pois interrompem o ciclo de
transmissão do parasito.
Hospedeiro definitivo
É aquele que habita o parasita na sua forma sexuada, como é o caso do S. mansoni
com o homem.
Hospedeiro intermediário
É aquele que habita o hospedeiro em sua fase larvária ou assexuada, relação do S.
mansoni com o caramujo.
Hospedeiro de transporte
É aquele que serve de ponte a um novo hospedeiro definitivo, mas o parasito não
sofre desenvolvimento ou reprodução e permanece viável.
Esses conceitos são importantes para o estudo das doenças transmitidas ao
homem por animais. O termo zoonose refere-se exatamente a esse grupo de
doenças, como a raiva, a febre maculosa e a toxoplasmose.
Alguns animais são hospedeiros naturais, contudo, por também manterem uma alta
carga parasitária, acabam atuando como fonte de infecção para outros animais,
incluindo o homem.
Os morcegos são reservatórios de diversos parasitos, como vírus, bactérias, fungos
e protozoários (como novas espécies de Leishmania e Trypanosoma), daí o grande
interesse em estudá-los para o entendimento da ecologia de algumas doenças
infecciosas.
CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITAS

Os parasitos podem ser classificados de acordo com diferentes características,


entre elas a quantidade de hospedeiros que infectam (especificidade parasitária) e
em relação ao tipo de ciclo biológico. Entenda a diferença dessas características.
Eurixenos
Há parasitos que apresentam uma especificidade parasitária ampla, podendo
parasitar diferentes espécies de animais, como o Toxoplasma gondii e a Leishmania
spp.
Estenoxenos
Por outro lado, também há um grupo de especificidade reduzida que admite apenas
uma única espécie de hospedeiro ou espécies próximas. É o caso do Ascaris
lumbricoides e do Enterobius vermicularis, os quais têm o homem como hospedeiro
definitivo.
Monoxenos
Existem ainda os parasitos que necessitam de apenas um hospedeiro para
completar o seu ciclo biológico.
Heteroxenos
Por fim, existem os parasitos heteroxenos que necessitam de mais de um
hospedeiro para completar o seu ciclo, como a Taenia solium.
Atenção
Tome cuidado para não confundir os conceitos, alguns parasitos, apesar de
exigirem ou necessitarem de apenas um único hospedeiro para completar o seu
ciclo, podem também infectar outras espécies, mas não concluindo nelas seu ciclo.
Veja a seguir a classificação de acordo com o grau de especificidade parasitária.

Parasito que apresenta especificidade parasitária ampla, parasitando diferentes


hospedeiros.
Parasito que apresenta especificidade parasitária reduzida ou estrita,
parasitando uma única espécie ou espécies próximas do hospedeiro.

Parasito que necessita/exige apenas um hospedeiro para completar o seu ciclo


biológico.

Parasito que necessita/exige mais de um hospedeiro para completar o seu ciclo


biológico.
De acordo com as suas características biológicas alguns parasitos podem pertencer
a mais de uma classificação. Eles admitem infectar várias espécies, mas
necessitam de apenas um hospedeiro para completar o seu ciclo biológico.
Toxoplasma gondii é eurixeno e monoxeno, pois pode parasitar diferentes
grupos de animais, mas apenas nos felinos consegue completar o seu ciclo.
Trypanosoma cruzi é um exemplo de grande adaptabilidade parasitária, dada a
sua capacidade de infectar diferentes hospedeiros. O seu ciclo biológico é
classificado como heteroxeno e eurixeno, tendo a participação de hospedeiros
intermediários e definitivos. T. cruzi desenvolve-se no tubo digestivo de triatomíneos
(pode ser em mais de uma espécie – ex.: gêneros Rhodnius e Triatoma) e no
sangue e nos tecidos de várias espécies de mamíferos. Em cada um desses
hospedeiros, completa uma etapa do seu ciclo biológico. Portanto, o parasitismo em
mais de um hospedeiro é requerido para a sua sobrevivência.
Ciclo biológico do
Trypanosoma cruzi.
Caso parecido é o da Taenia solium que apresenta um ciclo heteroxeno e
estenoxeno, isto é, necessita de somente um hospedeiro intermediário (porcos) e
um outro definitivo (homem) para completar seu ciclo. Diferente do T. cruzi, neste
exemplo só é requerida uma única espécie de hospedeiro para cada etapa do ciclo.
Os parasitos intestinais Ascaris lumbricoides e Enterobius vermicularis são
monoxenos, pois necessitam de somente um hospedeiro para completar seu ciclo
(os humanos) e estenoxenos, pois só conseguem parasitar os próprios humanos
ou espécies muito próximas.
Ciclo biológico do
Enterobius vermicularis.
A seguir entenda as classificações dos parasitos.
Parasitismo facultativo
Os parasitos acidentais, também chamados de parasitos facultativos são aqueles
microrganismos que podem eventualmente infectar hospedeiros que não pertencem
ao seu ciclo biológico, podendo ou não causar doença, por exemplo, o adulto de
Dipylidium caninum parasitando humanos.

A partir de 2010, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados


Unidos começou a identificar casos raros de meningoencefalite relacionados à
infecção acidental por um parasito de vida livre, a ameba Naegleria fowleri. Esse
microrganismo é facilmente encontrado habitando fontes termais e a infecção ocorre
quando banhistas entram na água. A ameba consegue penetrar pela mucosa nasal
e invadir o sistema nervoso central e, por isso, ficou conhecida como “ameba
comedora de cérebros”.
Meningoencefalite associada ao parasitismo
acidental por Naegleria fowler.
Parasitismo obrigatório
É aquele em que o parasito depende integralmente de sua relação com o
hospedeiro, seja para nutrição, replicação ou reprodução. A maioria dos helmintos
mantém seu ciclo de vida dividido em uma fase saprófita e outra de parasitismo
obrigatório.

Um exemplo é o Ancylostoma duodenal que causa a ancilostomose. Ao atingirem o


solo, os ovos desse parasita eclodem, liberando pequenas larvas que depois vão
adquirir a capacidade de penetrar ativamente a pele do pé de indivíduos que andam
descalços. Após a penetração, as larvas se estabelecem definitivamente no
intestino e atingem a maturidade sexual, concluindo o seu ciclo de vida. Nesse caso,
as larvas adultas precisam obrigatoriamente do hospedeiro para completar o seu
ciclo sexual e eliminar seus ovos nas fezes iniciando um novo ciclo.
Parasitismo proteliano
Por outro lado, existem espécies que são essencialmente parasitos na fase larvária
inicial de suas vidas. Você já deve ter ouvido falar na mosca do berne ou nas larvas
causadoras da miíase, esta última comum em animais com feridas abertas. A
mosca deposita as larvas jovens na pele lesionada e estas últimas se alimentam do
tecido necrosado. Esse tipo de parasitismo, obrigatoriamente da fase larvária, é
conhecido como parasitismo proteliano.
Parasitismo errático
Já o parasitismo errático é quando um parasita se encontra fora do habitat natural,
como o isolamento de Enterobius vermicularis na cavidade vaginal.
Endoparasitismo
Parasitam as cavidades naturais ou tecidos.
Ectoparasitismo
Quando se instalam fora do corpo do hospedeiro, como é o caso de piolhos, ácaro,
pulgas etc.
PRINCIPAIS TIPOS DE HABITAT DOS PARASITOS
Os animais vertebrados superiores apresentam uma enorme diversidade estrutural,
histológica, funcional e fisiológica. As propriedades funcionais do fígado são
completamente diferentes do intestino, o que também confere aos parasitos que ali
residem características distintas de adaptabilidade ao meio.
O sistema digestivo abriga grande parte dos parasitos que costumamos estudar,
mas outros órgãos podem ser parasitados transitoriamente ou definitivamente, como
as glândulas anexas, o sistema vascular sanguíneo, o sistema linfático e outros
tecidos.
Vejamos agora as espécies de parasitos que habitam cada parte do sistema
digestivo
Ao longo da evolução da espécie humana, é possível que nossos ancestrais tenham
entrado em contato com muitos parasitos por meio da alimentação. Essa talvez seja
a provável rota de contaminação e de origem adaptativa da maioria dos parasitos
intestinais. Aqueles que conseguiram resistir às adversidades do ambiente
intestinal, foram se instalando, adaptando e reproduzindo. A relação parasito-
hospedeiro provavelmente levou centenas de anos para encontrar o equilíbrio
necessário para ambas as espécies coevoluírem harmonicamente.
O grau de adaptação é tanto que para alguns parasitos a especificidade de habitat
se dá por segmentos estritos do intestino, como o duodeno, o íleo ou o reto.
Determinadas espécies podem viver nesses ambientes temporariamente ou
indefinidamente, levando, inclusive, a quadros de gastroenterite no hospedeiro.
Essa preferência por ambientes não é por acaso, cada parasito tem interesse por
condições físico-químicas específicas.
Exemplo
A concentração de oxigênio é maior na porção mais superior do sistema digestivo e
diminui conforme se aproxima do estômago, então as espécies que parasitam a
cavidade oral são bem adaptadas à exposição ao oxigênio e demais gases
presentes no ar. De forma diferente, o intestino delgado é altamente anaeróbio,
abundante em gás carbônico e metano, estando presentes ali apenas as espécies
capazes de sobreviver a essas condições. Além disso, as espécies têm que
conseguir sobreviver e suportar o pH do trato gastrointestinal e obter seus
nutrientes.
No esquema a seguir, vemos a enorme diversidade de protozoários e helmintos que
encontraram no trato digestivo um ambiente ótimo para a sua sobrevivência.
Clique nos textos abaixo.
1 - Cavidade oral2 - Fígado3 - Duodeno4 - Cólon ascendente5 - Intestino
delgado6 - Cólon descendente7 - Reto
Os diferentes parasitas no sistema digestivo.
Vejamos as espécies de parasitas que habita em cada parte do sistema
digestivo.
Clique nas barras para ver as informações.

CAVIDADE BUCAL
Encontramos duas espécies principais de protozoários: Entamoeba gengivalis e
Trichomonas tenax. A primeira é uma ameba não patogênica de distribuição
cosmopolita e que pode ser transmitida pelo beijo. Já T. tenax também apresenta
ampla distribuição e está associada a infecções periodontais em indivíduos com
precária higiene bucal.

ESÔFAGO E ESTÔMAGO
Nenhuma espécie de parasita permanentemente é encontrada, principalmente em
virtude do baixo pH e das condições hostis a sua sobrevivência. No estômago, o pH
pode chegar a 1,5, condição não tolerada pela maioria das larvas e vermes adultos.
No entanto, devido à proteção conferida pela resistente casca ou cutícula, os ovos
de parasitos conseguem resistir ao ambiente ácido.

INTESTINO DELGADO - DUODENO


Posterior ao estômago, é o primeiro segmento do intestino delgado e serve de
importante sítio de desencistamento de protozoários e eclosão de ovos de
helmintos. Dois importantes fluidos digestivos são lançados no duodeno, a bile e o
suco pancreático o que torna o meio mais básico. Além disso, as enzimas presentes
em ambos podem modificar a permeabilidade da membrana dos cistos e ovos e
estimular a movimentação das larvas. Nesse ambiente é que são encontrados
Ancilostoma duodenale, Giardia dudenalis e Necator americanus.
Saiba mais: No intestino, o valor de pH varia em cada segmento. Por exemplo,
o pH no duodeno está atrelado à abertura do piloro – esfíncter localizado na
porção final do estômago – que permite a passagem do suco gástrico e deixa
o meio mais ácido em relação a porções mais terminais do intestino.

INTESTINO DELGADO – JEJUNO E ÍLEO


Nos dois segmentos consecutivos do intestino delgado, o jejuno e o íleo, encontram-
se Giardia duodenalis, Taenia solium, Taenia saginata, Necator americanus, Ascaris
lumbricoides, Strongyloides stercoralis, entre outros. A intensa atividade mecânica
provocada pelos movimentos peristálticos pode dificultar a fixação inicial de alguns
helmintos.

INTESTINO GROSSO
Na porção descendente do intestino grosso, há intensa absorção de água e
eletrólitos pela mucosa, o que diminui significativamente a concentração osmótica.
Ademais, outras condições ambientais também são encontradas, o peristaltismo é
reduzido e a mucosa apresenta pregas, muco e células especializadas na
reabsorção. Ao longo dos segmentos, é possível encontrar helmintos e protozoários
fixados na mucosa. Os ancilostomídeos sugam sangue dos pequenos vasos e as
giárdias ficam aderidas à mucosa por meio do disco suctorial. As amebas e alguns
protistas ciliados tendem a invadir a mucosa e submucosa, provocando
sangramentos e inflamação local.

Por fim, em sua porção mais terminal, o intestino grosso pode abrigar no sigmoide e
no reto espécies como Entamoeba histolytica, Schistosoma mansoni, Schistosoma
japonicum, além de ovos e cistos que serão eliminados nas fezes.
Fígado e vias biliares
O fígado é considerado a maior glândula do corpo humano e desempenha funções
vitais para a homeostase. Pode-se destacar a secreção de bile – importante função
digestiva, a degradação e excreção de hormônios, regulação do metabolismo de
carboidratos, proteínas e lipídios, e metabolização de drogas e bilirrubina.
Por ser um ambiente altamente vascularizado e rico em nutrientes, o fígado é
frequentemente parasitado por algumas espécies, como:
As formas esporozoíticas do gênero Plasmodium spp. infectam as células do
fígado (hepatócitos), dando início ao ciclo pré-eritrocítico. O P. ovale e o P. vivax
podem apresentar formas dormentes, chamadas de hipnozoítos, que podem ficar
latentes por meses ou até anos no órgão. Ao completar a fase tecidual, os
esquizontes provocam intensa lise dos hepatócitos, liberando milhares de parasitos
na corrente sanguínea que irão invadir as hemácias e iniciar o ciclo eritrocítico.
Outro exemplo é a forma larval do cestoide Echinococcus granulosus responsável
pela hidatidose cística.

Cisto hidático de
Echinococcus granulosus no fígado.
O ciclo biológico é mantido entre cães (hospedeiro definitivo), suínos, ovinos,
caprinos e bovinos (hospedeiros intermediários), mas o homem pode ser
acidentalmente contaminado pela ingestão de ovos do parasito. A grande maioria
dos casos é assintomático, mas alguns indivíduos podem apresentar sintomas e
complicações decorrentes.
Em humanos, as localizações mais frequentes dos cistos são fígado e pulmões,
além de cérebro, músculos e rins. O acometimento hepático dependerá de alguns
fatores, como tamanho e número de cistos, e da localização dentro do órgão. Cistos
grandes e profundos podem levar à obstrução porta, estase biliar e icterícia.
Ascaris Lumbricoides geralmente habita a luz intestinal, mas as larvas podem ser
encontradas em locais atípicos, como as vias biliares e pancreáticas. A invasão
desses locais pode provocar quadros graves e agudos de colangite, abcesso
hepático, pancreatite e apendicite.
Saiba mais
Dezenas de outros parasitos podem habitar o fígado, como Fasciola hepatica,
Clonorchis sinensis, Opisthorchis viverrini, Schistossoma mansoni e Leishmanis
donovani.
Sistema fagocítico mononuclear
As células do Sistema Fagocítico Mononuclear (SFM) têm origem nas células
hematopoiéticas mieloides e apresentam características em comum, tais como
presença de enzimas no citoplasma e forte capacidade de realizar fagocitose. São
os componentes da imunidade inata responsáveis pela primeira linha de defesa do
organismo. O SFM compreende promonócitos, monócitos, histiócitos e macrófagos
residentes dos tecidos.
Saiba mais
Fagocitose é o processo pelo qual uma célula usa sua membrana plasmática para
englobar partículas grandes, dando origem a um compartimento interno chamado
fagossoma. No sistema imunológico de organismos multicelulares, a fagocitose é
um dos principais mecanismos usados para remover patógenos e restos celulares.

Fagocitose.
A internalização de alguns parasitos ocorre através da fagocitose mediada por
células do SFM. O habitat das formas amastigotas de Leishmania spp. no homem
são as células do SFM, principalmente os macrófagos. Alguns parasitos conseguem
modular e resistir às defesas do organismo, escapando eficientemente do sistema
imune. Nesse caso, as células fagocíticas profissionais conseguem fagocitar os
parasitos, mas não conseguem destruí-los nos fagolisossomos. Mecanismo similar
de interação do parasito com as células fagocíticas ocorre na infecção por
Trypanosoma cruzi e Toxoplasma gondii.
Sangue e linfa
Os protozoários parasitos podem viver livres no plasma, como o Trypanosoma cruzi
ou instalados no interior das hemácias como o Plasmodium spp. Entre os helmintos
de habitat sanguíneo estão o Schistosoma mansoni e as microfilárias de vários
filarídeos.

Os parasitos da malária durante a fase em que evoluem no interior dos eritrócitos,


digerem a hemoglobina, assimilando os aminoácidos da fração globina e deixando
um resíduo insolúvel de hemossiderina, rico em ferro, que se conhece também
como pigmento malárico. A linfa é o habitat de filarias, como a Wuchereria bancrofti.

PARASITISMO E PROCESSOS PATOLÓGICOS


As múltiplas interações entre parasitos e hospedeiros, baseadas nas relações
ecológicas e metabólicas, podem resultar no desenvolvimento de mecanismos
nocivos para um ou para ambos os organismos. Assim, para entender um pouco
mais sobre os processos patológicos desenvolvidos pelos parasitas, estudaremos
alguns mecanismos de agressão e lesão provocadas pelos parasitas.
Normalmente, essas desordens são provocadas pela ação direta do parasito, como
o processo de invasão tecidual, ou por ação protetiva do sistema imune do
hospedeiro, como as respostas inflamatórias agudas e granulomatosa que podem
ser desencadeadas durante às infecções parasitárias.
Patogenicidade x virulência
Denomina-se de patogênicos os parasitos capazes de estimular ou causar dano
(doença) no hospedeiro. Esse prejuízo pode ser local ou sistêmico, levando a
disfunções fisiológicas importantes para o hospedeiro. A patogenicidade não é
sempre presente, sendo determinada por fatores como carga parasitária, estado
imune do hospedeiro e sítio anatômico de parasitismo. Convencionalmente, chama-
se de não patogênicos os parasitos que não causam doenças.
O conceito de virulência relaciona-se com o grau de dano que o parasito pode
provocar em determinado hospedeiro. Parasitos muito virulentos provocam doenças
graves, geralmente com alta mortalidade. Acredita-se que a alta virulência seja um
estágio primitivo do parasitismo, sem o tempo evolutivo decorrido para a adaptação
de ambos. A virulência pode variar em função das condições ambientais do
hospedeiro, como imunidade e estado nutricional, de características genéticas e
fenotípicas do parasito, como tipo de linhagem e cepa, e da capacidade invasiva.
Mecanismos parasitários de invasão do hospedeiro
Cada parasito possui um mecanismo próprio de invasão ou penetração do
hospedeiro, mas podemos dividi-los em ativos ou passivos. Os ovos e cistos, tais
como de Ascaris lumbricoides, Taenia solium e Tania saginata, entram no
organismo a partir da ingestão de água ou alimentos contaminados, portanto,
passivamente. Também penetram de modo passivo os parasitos inoculados por
intermédio de insetos vetores hematófagos, como Leishmania spp., Trypanosoma
sp. e Plasmodium spp.
A transmissão passiva também pode ocorrer de forma congênita (transplacentária)
ou transmamária, ou ainda por transfusão de sangue. Além disso, um indivíduo
parasitado pode aturar como o seu próprio veículo de contaminação, de forma
direta, quando ele mesmo leva as mãos ao ânus e depois à boca (principalmente
crianças e idosos), ou indireta, quando os ovos presentes na poeira, fômites ou
alimentos atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou.
A penetração ativa é aquela observada na infecção por esquistossomos,
estrongiloides e ancilostomídeos. As cercárias de Schistosoma mansoni lançam
mão de mecanismos mecânicos e líticos (como secreção de enzimas proteolíticas),
para penetrar na pele e ganhar a corrente sanguínea. No caso da esquistossomose,
após concluídas as primeiras horas da penetração das cercárias, é possível
observar a presença de forte infiltrado inflamatório, composto principalmente por
células mononucleares e polimorfonucleares.
A manifestação cutânea associada é chamada de dermatite cercariana e apresenta
erupções pruriginosas:
Dermatite provocada pela
penetração de cercárias de Schistosoma mansoni na pele.
Atenção
É importante ressaltar que, para entrar no organismo, os parasitas têm que ser
capazes de passar por todos os mecanismos de defesa inicial do organismo, como
as barreias epiteliais (epiderme), presença da microbiota, de substâncias
microbicidas etc.
Os danos gerados podem ser diretos, ou seja, pela presença dos parasitas ou por
substâncias secretadas por eles, ou indiretos, quando acarretados pela a reação
no hospedeiro. Podem ainda causar uma série de prejuízos, tendo diferentes ações,
como:
• Obstrutivas
• Compressivas
• Destrutivas
• Tóxicas
• Pungitiva (causa dor)
• Alergizante
• Espoliativas (ocorre perda de substâncias nutritivas pelo hospedeiro, caso
que ocorre na teníase, por exemplo)
• Enzimáticas (liberação de secreções enzimáticas que geram uma destruição
tecidual, caso comum nas infecções por e. Hystolitica)
Todos esses mecanismos levam a uma inflamação, que constitui o principal
mecanismo de lesão tecidual observado nas doenças parasitárias. Inicialmente, a
inflamação tem papel importante para o controle da disseminação do parasito, mas
seus efeitos adversos podem representar disfunções locais e sistêmicas para o
organismo.
Podemos definir inflamação como a reação fisiológica protetora do tecido
conjuntivo vascularizado a partir de algum mecanismo de lesão ou agressão.
Atenção
Observa-se nos animais vertebrados, complexos mecanismos inflamatórios, com
reações em cascata com a participação de diferentes moléculas e tipos celulares.
Entretanto, a inflamação também ocorre em organismos invertebrados e
avasculares, com mecanismos mais simples de migração de células e fagocitose.
Agora veremos resumidamente as etapas da resposta inflamatória contra parasitos
e suas consequências locais e sistêmicas. Vamos lá?
Clique nas informações a seguir.
Etapa 1
Etapa 1
Após a entrada dos parasitas, como no caso das cercárias de S. mansoni através da
pele, ocorre a liberação de histamina e moléculas vasodilatadoras, que levam ao
aumento do calibre das arteríolas e do fluxo de sangue local. Consequentemente, há
uma diminuição da pressão intravascular e o aumento da permeabilidade endotelial,
resultando no extravasamento plasmático e no acúmulo de líquido no tecido
(exsudato inflamatório). A partir desse momento, ocorre a liberação de mediadores
que têm por função a atração e migração de células fagocíticas do sangue por
quimiotaxia ao tecido.

Etapa 2
Etapa 2
As células endoteliais começam a expressar receptores de membranas que servirão
de âncora para os leucócitos durante o processo de migração dos vasos
sanguíneos para o tecido parasitado. Os macrófagos residentes e células
dendríticas atuam fagocitando e apresentando antígenos para os linfócitos,
liberando citocinas que atrairão outros tipos celulares.

Nas infecções por protozoários, os macrófagos assumem papel importante pela


alta capacidade fagocítica, mesmo que alguns parasitos consigam fugir dos
mecanismos de defesa.
Etapa 3
Etapa 3
Após a fagocitose, os macrófagos liberam a interleucina 12 (IL-12) que permite a
ativação e migração de células natural killer (NK) que possuem forte ação citotóxica,
induzindo a apoptose das células infectadas.
Na infecção por helmintos, a presença de eosinófilos é acentuada, sendo marca
importante das lesões imunopatológicas.

Etapa 4
Etapa 4
Os antígenos parasitários estimulam a produção de IL-4 e IL-5, que induzem à
síntese de imunoglobulinas da classe IgE e forte ativação de eosinófilos. A
eosinofilia é detectada em indivíduos com quadros de parasitoses agudos e
crônicos, tendo por função o controle da infecção pela liberação de espécies
reativas de oxigênio e liberação de seus grânulos citoplasmáticos – processo
conhecido como degranulação. É frequente encontrarmos infiltrado eosinofílico ao
redor de ovos e larvas nos tecidos e no plasma de indivíduos infectados. A secreção
de IL-4 e IL-13 estimula a produção de muco na mucosa do intestino grosso e o
aumento do peristaltismo na tentativa de expulsar os parasitos da luz intestinal.
Etapa 5
Etapa 5
A inflamação aguda é limitada e deve resolver-se dentro de um curto período,
porém, podem evoluir para um quadro crônico com eventos longos que podem
persistir por toda a vida do hospedeiro. Na inflamação crônica, misturam-se
mecanismos vasculares, de reparo (fibrose) e formação de exsudato. O exsudato da
inflamação aguda é composto principalmente por fagócitos e líquido extravasado.
Já na inflamação crônica, predomina o infiltrado mononuclear (linfócitos,
plasmócitos e macrófagos). A inflamação crônica granulomatosa é um importante
mecanismo imunopatogênico presente nas infecções por alguns protozoários e
helmintos, com destaque para a esquistossomose.
Etapa 6
Etapa 6
A deposição dos ovos maduros do S. mansoni no parênquima hepático desencadeia
um processo inflamatório importante e organizado. A reação inflamatória
granulomatosa é considerada uma reação de hipersensibilidade tardia mediada
principalmente por linfócitos TCD4. As células TCD4 podem ser divididas em duas
populações (Th1 e Th2), de acordo com o tipo de citocinas e respostas que
desencadearam.
Etapa 7
Etapa 7
Os linfócitos do subgrupo Th1 secretam as citocinas (IL-2 e fator de necrose
tumoral e interferon) que induzem à ativação da resposta inflamatória e à formação
e deposição de colágeno no local da lesão, contribuindo para a formação da fibrose,
característica nos granulomas. Já os linfócitos do subgrupo Th2 secretam IL-4, IL-5,
IL-10 e IL-13 que medeia a produção de anticorpos IgE e aumenta a proliferação dos
eosinófilos. O equilíbrio entre a resposta do tipo Th1 e Th2 determina a evolução da
lesão tecidual.

Pesquisas já demonstraram que na esquistossomose, a IL-13 estimula os


fibroblastos hepáticos a sintetizarem proteínas da matriz extracelular, aumentando
a fibrinogênese e a disfunção hepática.

A fibrose, também chamada de cicatrização patológica, é caracterizada pela


abundante geração de tecido conjuntivo cicatricial, em detrimento da regeneração
do tecido parenquimatoso – no caso da esquistossomose, o hepático. Em estado de
homeostase, a destruição das células do parênquima é seguida da regeneração
celular que resulta na volta integral das funções daquele órgão.
Entretanto, dependendo da extensão da lesão e dos estímulos (antígenos e
liberação de citocinas), a formação do tecido cicatricial pode ser muito intensa e
difusa, resultando em alterações orgânicas do órgão.
A biópsia de uma lesão granulomatosa na esquistossomose, observada no
microscópio óptico, revela arcos concêntricos de tipos celulares diferentes ao redor
do ovo do parasito.
Confuso? Calma vamos entender melhor!
Mais próximos aos ovos podem ser observados eosinófilos, seguidos de
macrófagos e fibroblastos produtores de colágeno. Marginalmente estão localizados
os linfócitos B – produtores de anticorpos – e os linfócitos TCD4.

Esquema de
inflamação crônica granulomatosa induzida por ovos de S. mansoni.
A quantidade e intensidade dos granulomas no parênquima hepático determinam a
gravidade e o comprometimento do fígado. Casos avançados podem resultar em
graves disfunções hepáticas irreversíveis, como cirrose e consequente hipertensão
portal.
Vamos agora pensar em outra doença parasitária: a doença de Chagas.

Essa doença pode seguir dois cursos clínicos possíveis: aguda e crônica. A fase
aguda geralmente é assintomática e pode durar de 4 a 8 semanas. Cerca de 60 a
70% dos indivíduos infectados evoluem para um quadro benigno, sem
manifestações clínicas.
No entanto, em alguns casos, eles podem evoluir para a forma crônica, com
manifestações digestivas ou cardíacas que aparecem depois de alguns anos ou
décadas. Para os indivíduos crônicos, a cardiomiopatia é a manifestação mais
incidente, seguido do megaesôfago ou megacólon.
O megacólon é caracterizado pela destruição dos plexos nervosos da musculatura
entérica, aumento do tamanho e do número de células o que leva à perda ou
diminuição do peristaltismo, desregulação dos esfíncteres e constipação.
Os mecanismos imunopatogênicos da cardiomiopatia chagásica são complexos e
têm relação com a resposta inflamatória. Ainda durante a fase aguda, os
cardiomiócitos são infectados pela forma amastigota do parasito, o que induz à
formação de forte infiltrado inflamatório. Além disso, a apoptose das células
infectadas gera mais estímulos de migração celular para o tecido cardíaco. As
citocinas e quimiocinas liberadas recrutam primeiramente macrófagos e neutrófilos
e, em seguida, linfócitos T e B.
O infiltrado inflamatório, dependendo de sua extensão, pode gerar disfunções como
a hipertrofia dos cardiomiócitos (aumento do volume ou tamanho celular), que
caracteriza o coração chagásico, também chamado de “coração grande”.

Corte
transversal de um coração chagásico, evidenciando a hipertrofia do ventrículo
esquerdo.
Em estágios mais avançados, denominados clinicamente de cardiomiopatia
chagásica crônica, além do infiltrado inflamatório, há aparente destruição de fibras
miocárdicas com redução da quantidade de parasitos e deposição de colágeno. A
formação da fibrose tecidual pode levar ao comprometimento contrátil do músculo e
disfunções sistólicas e/ou ventriculares.

DIARREIA E PARASITOS: QUAL A RELAÇÃO?


Assista ao vídeo em que o especialista Helver Dias falará sobre os principais
parasitos causadores de diarreia e as modificações fisiológicas que desencadeiam
esse quadro.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Os parasitos apresentam diferentes estratégias para penetrar no hospedeiro,
alguns possuem mecanismos ativos, outros passivos. Acerca desse assunto,
analise as afirmativas a seguir:

I. Ascaris lumbricoides e Taenia saginata penetram no organismo ativamente.


II. Parasitos dos gêneros Leishmania, Trypanosoma e Plasmodium penetram no
organismo passivamente.
III. As cercárias de Schistosoma mansoni penetram na pele ativamente.

Está correto o que se afirma em:


I
II
III
I e II
II e III
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Comentário
2. Os animais podem assumir diferentes papéis no ciclo de vida dos parasitos.
Alguns hospedeiros, apesar de parasitados, não sofrem nenhum dano ou prejuízo,
outros, entretanto, podem manifestar sintomas leves e graves. Acerca desse
assunto, assinale a alternativa que traz a correta relação dos hospedeiros nos ciclos
dos parasitas.
Hospedeiro natural não sofre com o parasitismo e garante a multiplicação e
dispersão do parasito.
Hospedeiro natural sofre profundamente com o parasitismo, resultando na morte
dele antes do parasito completar o seu ciclo.
Hospedeiro anormal é aquele que não sofre com o parasitismo e garante a
multiplicação e dispersão do parasito.
Hospedeiros naturais são aqueles em que a relação parasito-hospedeiro tem, do
ponto de vista evolutivo, pouco tempo decorrido.
Zoonoses são doenças que o homem transmite para os animais.
Responder
Comentário

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desse tema, aprendemos os conceitos gerais do parasitismo, visitando os
principais parasitas, os tipos de habitat, os ciclos parasitários e os processos
patológicos associados ao parasitismo em humanos, que levam ao desenvolvimento
de doenças e ações preventivas adotadas pelo SUS. Com posse desses conceitos,
conseguiremos avançar na Parasitologia, entendendo a partir daqui, de forma
isolada, cada grupo de parasita, suas doenças, manifestações clínicas e,
principalmente, que medidas tomar para evitar as parasitoses.
Assim, como futuros profissionais da área de Saúde, ofereceremos à população
uma assistência adequada, seja no tratamento e acompanhamento dos pacientes
seja com orientações sobre as ações educativas e preventivas. Bem-vindo à
Parasitologia!

PODCAST
Agora, o especialista Helver Dias encerra o tema falando sobre amebas de vida livre
na saúde e na doença.
0:02
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, R.F et al. Parasitoses intestinais: prevalência e aspectos
epidemiológicos em moradores de rua. In: RBAC, 2020. Consultado em meio
eletrônico em: 19 fev. 2021.
NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.
REY, L. Parasitologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Ministério da Saúde. Brasil. Guia de
Vigilância Epidemiológica. Brasília (DF), 2009.

EXPLORE+
Para aprofundar os conhecimentos sobre o tema:
LEIA
• O livro O tapete de Penélope, do escritor Walter Boeger, que mostra como
as associações podem influenciar intensamente a evolução das espécies que
habitam o planeta.
• Sobre os fundamentos do sistema imunológico, no artigo “Sistema
Imunitário – Parte I Fundamentos da imunidade” inata com ênfase nos
mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória.
ASSISTA
• Ao vídeo “O SUS do Brasil”, do canal Fiocruz, que levanta discussões sobre
a conquista de direitos na saúde, no contexto de redemocratização do Brasil,
além de ressaltar a atuação do sanitarista Sergio Arouca.
• Ao vídeo “Doenças negligenciadas”, do canal Fiocruz, revisita alguns
conteúdos importantes sobre as doenças negligenciadas.
• Ao vídeo “Amebas de Vida Livre: Naegleria fowleri, Acanthamoeba e
Balamuthia mandrillaris” e aprenda mais sobre as amebas de vida livre e
sobre as doenças causadas por elas.
PESQUISE
• Sobre a ecologia da doença de Chagas, no site da Fiocruz.
• Sobre os testes parasitológicos, visite Norma Brasileira: “laboratórios clínicos
– Exame parasitológico de fezes” e “Técnicas básicas: Exame parasitológico
de fezes”.

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