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• MÓDULO 1
• MÓDULO 2
• CONCLUSÃO
DESCRIÇÃO
Conceitos gerais da parasitologia: relações parasita-hospedeiro, ciclos parasitários,
habitats dos parasitos e políticas públicas de saúde contra as parasitoses.
PROPÓSITO
Compreender os conceitos da parasitologia para o entendimento de diferentes
formas de relações parasito-hospedeiro e de doenças parasitárias, assim como de
políticas públicas na área da saúde, a fim de criar melhores ações de prevenção e
combate às parasitoses.
OBJETIVOS
Módulo 1
Descrever o parasitismo, os principais grupos de parasitas, seus vetores, as
políticas públicas de Saúde e o papel do SUS no combate às parasitoses
Módulo 2
Reconhecer os ciclos parasitários, os principais tipos de habitat dos parasitos e os
processos patológicos relacionados ao parasitismo
INTRODUÇÃO
A grande diversidade de seres vivos e as relações que eles estabelecem sempre
foram motivo de fascínio pela humanidade. Se pararmos para pensar, até alguns
séculos atrás, os estudiosos ainda discutiam a origem de muitos organismos pela
teoria da geração espontânea.
Os defensores dessa teoria se baseavam na observação do surgimento de larvas
na matéria orgânica em decomposição e acreditavam que os organismos eram
gerados a partir de matéria orgânica, inorgânica ou da combinação de ambas.
Atualmente, sabemos que as larvas são colocadas por moscas adultas que
encontram na matéria orgânica uma boa fonte de nutrientes para a sua progênie.
Essa teoria foi derrubada pelas incríveis descobertas de Louis Pasteur.
Felizmente, as teorias e hipóteses avançaram e hoje podemos compreender melhor
os mecanismos evolutivos dos microrganismos em seus diferentes hospedeiros e
ambientes. Por exemplo, no início do século XX, mais precisamente em 1909, que o
médico brasileiro Carlos Chagas identificou o parasito responsável pela
tripanossomíase americana ou, como ficou conhecida depois, doença de Chagas.
Atualmente, muito se conhece sobre a doença, a transmissão, o parasita, o
diagnóstico, a prevenção e o tratamento. Entretanto, ainda sabemos muito pouco
sobre outras doenças parasitárias, como a angiostrongilíase e a oncorcercose.
Muito além da visão antropocêntrica ou voltada apenas para a doença, as relações
parasito-hospedeiro definem aspectos das interações entre todos os seres vivos,
do mais simples ao mais complexo. Dos milhares de seres unicelulares e
multicelulares, alguns encontram no homem as condições ideais para sua
sobrevivência e podem ser capazes de gerar ou não doença.
Assim, vamos iniciar o nosso estudo sobre a parasitologia, uma ciência que estuda
os parasitas e suas relações com o hospedeiro, vamos lá?
MÓDULO 1
Nicho ecológico: tem relação com o papel ou com o modo de vida daquele
organismo na comunidade em que ele vive.
Dentro de uma mesma comunidade, existem diferentes espécies que possuem
características próprias e que, por habitarem o mesmo espaço, acabam
estabelecendo interações ecológicas que são complexas e delicadas. Muitos fatores
podem desequilibrar essa balança ecológica e afetar a harmonia entre as espécies,
como o desmatamento, a introdução de espécies exóticas, as mudanças climáticas
etc.
Uma forte corrente de estudiosos da Ecologia defende que estudar um organismo
sem considerar o meio em que ele vive e as interações que ele estabelece é falho e
pode levar a interpretações ecológicas equivocadas.
A questão do desequilíbrio ecológico se tornou fundamental para a saúde do
planeta, principalmente desde o final do século XVIII, quando a Revolução Industrial
provocou profundas mudanças no estilo de vida da humanidade.
Mas qual a relação disso com o parasitismo?
Os animais interagem com outros animais e com o meio em que habitam, então
qualquer interferência antrópica, ou seja, de ação humana, nesse harmônico
ambiente pode ter consequências graves. Por exemplo, várias pragas agrícolas são
também resultantes do desequilíbrio ambiental e climático.
Estudos indicam que o coronavírus, conhecido pela sigla SARS-CoV-2, tem sua
origem muito provavelmente relacionada a morcegos e que o local dos primeiros
relatos de casos, a província de Wuhan, na China, é um território com grande ação
antrópica. Sérias alterações ambientais na região são provocadas pelo
desmatamento, pela caça e pelo consumo de animais silvestres.
Atenção
Acredita-se que o coronavírus emergiu dos morcegos, passou por um hospedeiro
intermediário e depois encontrou os humanos. Esse é um excelente exemplo para
pensamos nas relações e intervenções entre o homem e o ambiente e seus reflexos
para a saúde individual e coletiva.
Formas de associação entre os seres vivos
Na natureza, os organismos estabelecem relações entre si que podem ser
intraespecíficas ou interespecíficas. No primeiro caso, indivíduos de uma mesma
espécie interagem uns com os outros, para garantir a sua sobrevivência. São muitos
os exemplos, porém é mais fácil de entendermos citando o caso das abelhas e
formigas.
Esses seres vivos vivem em intensa intrarrelação com uma organização social bem
definida.
Já as relações interespecíficas são mais complexas, existindo muitas tentativas de
classificar e estabelecer os limites entre os benefícios e malefícios das relações
entre os seres vivos.
Didaticamente, os estudiosos da Ecologia dividiram essas relações em vários tipos,
a depender do grau de vínculo metabólico. Antes, é preciso esclarecer que toda
forma de associação entre espécies é uma simbiose. Posto isso, classificou-se a
simbiose em variadas formas que veremos a seguir:
Parasitismo
O parasitismo é uma associação de unilateralidade, onde somente o parasito é
beneficiado. O nível de dependência pode ser tanto que alguns parasitos só
encontram as condições ideais de sobrevivência em uma única espécie de
hospedeiro. A Entamoeba histolytica é um exemplo clássico, pois obtém seus
nutrientes a partir da digestão enzimática das células epiteliais da mucosa intestinal
do hospedeiro, o que pode provocar necrose, apoptose e inflamação local.
Mutualismo
No mutualismo, há o convívio mútuo e benéfico de duas espécies diferentes.
Entretanto, apesar de vantajosa para os dois lados, essa relação não é de
dependência, podendo o hospedeiro sobreviver sem o parasito. Podemos citar,
como exemplo, a microbiota rica de bactéria e protozoários presentes no rúmen, um
dos quatro compartimentos gástricos dos ruminantes, que auxiliam na digestão da
celulose. Do mesmo modo que o animal se beneficia da quebra da celulose, os
microrganismos ganham alimento e um excelente habitat para a sua sobrevivência.
Comensalismo
O comensalismo é caracterizado pela associação entre duas espécies, onde
apenas uma delas é beneficiada, entretanto, sem que a outra saia prejudicada
desta relação. O parasitismo comensal da Entamoeba coli no intestino grosso é um
exemplo.
A seguir, vemos um resumo dessas interações:
Principais
formas de associação entre parasitos e seus hospedeiros.
Por meio do seu modo de vida, os parasitos influenciam no desenvolvimento, na
produção de hormônios, na reprodução, no estado nutricional e até mesmo no
comportamento de seus hospedeiros. Vejamos um exemplo:
Exemplo
Os parasitos que habitam cavidades ou tecidos internos necessitam exclusivamente
dos nutrientes fornecidos pelo hospedeiro.
Muitos cestóides perderam, ao longo de sua evolução, a capacidade de sintetizar
enzimas, fato que os mantém na dependência do suco gástrico e das enzimas
digestivas dos animais que são parasitados.
Vamos a um outro exemplo, dessa vez não relacionado à nutrição, mas ao
metabolismo endócrino.
Exemplo
O gênero deve ser sempre escrito com a primeira letra em maiúsculo e, para
designar a espécie, basta escrever o epíteto específico em minúsculo (exemplo:
Entamoeba histolytica). Se você quiser abreviar uma espécie, basta escrever a
primeira letra do gênero e o ponto de abreviação, seguido do epíteto por extenso
(exemplo: E. histolytica).
Quando a espécie não for identificada, o nome do gênero será seguido de sp. (para
uma espécie) ou de spp. (para mais de uma espécie).
Tome cuidado, sp. e spp. não são grafados em itálico!
O domínio Eukarya é dividido em seis subclassificações chamadas de supergrupos.
Dentro desses subgrupos apenas Amoebozoa, Chromalveolata, Excavata e
Opisthokonta possuem parasitas capazes de infectar os humanos. A seguir vamos
conhecer cada um deles.
Relações
filogenéticas gerais entre os grupos de parasitos de humanos.
O supergrupo Excavata é dividido em quatro subgrupos: Fornicata (subdivisão
Eopharyngia), Parabasalia (subdivisão Trichomonadida), Heterolobosea (subdivisão
Vahlkampfiidae) e Euglenozoa (subdivisão Kinetoplastea).
Excavata:
Giardia duodenalis.
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EOPHARYNGIA
A subdivisão Eopharyngia é caracterizada por apresentar indivíduos com um ou
dois núcleos, cada um com seu sistema locomotor. A principal espécie de interesse
médico dessa subdivisão é a Giardia duodenalis, que pode causar quadros de
diarreia sanguinolenta (giardíase). A transmissão ocorre quando cistos são ingeridos
a partir de água ou alimentos contaminados. Outros parasitos comensais
esofaríngeos podem ser encontrados no intestino, como Chilomastix mesnili e
Retortamonas intestinalis.
TRICHOMONADIDA
Os flagelados da subdivisão Trichomonadida (tricomonadídeos ou
parabasilídeos), gêneros Dientamoeba, Pentatrichomonas e Trichomonas,
parasitam a luz intestinal humana. Este último gênero tem importância médica, pois
nele está presente a Trichomonas vaginalis. A infecção por T. vaginalis é
assintomática em cerca de 20 a 50% das mulheres, mas pode evoluir para um
quadro de corrimento e prurido vaginal (tricomoníase). A grande maioria dos casos
tem prognóstico favorável, se seguidas as recomendações de higiene e tratamento,
geralmente metronidazol ou secnidazol. Assim como qualquer outra infecção
sexualmente transmissível, a melhor maneira de prevenir a tricomoníase é usando
preservativos.
VAHLKAMPFIIDAE
A subdivisão Vahlkampfiidae reúne protozoários de núcleo único que podem ter
flagelos ou forma ameboide, a maioria de vida livre. Dois gêneros são associados a
doenças em humanos: Vahlkampfia e Naegleria. Até recentemente acreditava-se
que o primeiro não era um patógeno humano, entretanto pesquisadores
conseguiram identificar uma espécie (Allovahlkampfia spelaea) causando ceratite.
Naegleria é o agente etiológico da meningoencefalite amebiana primária, doença do
sistema nervoso central (SNC), de alta letalidade e incidente no hemisfério norte.
EUGLENOZOA
A última divisão do supergrupo Excavata é a Euglenozoa, que, por sua vez, é
subdividida em Kinetoplastea. As espécies desse grupo são parasitos obrigatórios
com um flagelo localizado anterior ou lateralmente. Trypanosoma e Leishmania são
os gêneros de maior importância em saúde pública, responsáveis pela
tripanossomíase americana (doença de Chagas) e africana (doença do sono), e
pelas leishmaníases (tegumentar e visceral), respectivamente.
Amebozoa.
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TUBILINEA
O gênero Hartmannella (divisão Tubilinea) tem como principal representante a
Hartmannella veriformis, causadora de meningoencefalite e broncopneumonia de
evolução rápida e alta letalidade. A transmissão está associada ao contato com
água poluída.
ACANTHAMOEBIDAE
O gênero Acanthamoeba pertence à divisão Acanthamoebidae e reúne alguns
protozoários associados à doença em humanos. A. polyphaga, A. castellanii, A.
divionensis, A. lugdunensis são associados com lesões granulomatosas na pele,
conjuntiva ocular (conjuntivite) e córnea (ceratoconjuntivite), podendo invadir o SNC.
Indivíduos imunodeprimidos podem evoluir rapidamente para um quadro de
meningite amebiana. A contaminação geralmente ocorre durante o contato com
fonte de águas contaminadas com cistos ou trofozoítos.
ENTAMOEBIDAE
A divisão Entamoebidae possui como principal representante patogênico a
Entamoeba histolytica. Estima-se que cerca de 40 mil a 100 mil óbitos anuais em
todo o mundo sejam relacionados com a amebíase por E. histolytica, principalmente
em crianças e indivíduos malnutridos ou imunodeprimidos. A contaminação ocorre
pela ingestão de cistos a partir de alimentos e água impróprios para consumo.
Apesar de morfologicamente semelhante à E. histolytica, E. dispar é um organismo
não patogênico e comum na microbiota intestinal.
MASTIGAMOEBIDAE
A divisão Mastigamoebidae engloba muitas amebas de vida livre ou endobióticas,
algumas comensais de humanos, outros mamíferos, além de aves e anfíbios.
Endolimax nana é parasito comensal do cólon, mas pode ser encontrado em outras
partes do intestino. E.nana se alimenta de bactérias da microbiota, sem agredir a
mucosa intestinal.
O supergrupo Chromalveolata é um dos maiores grupos de protozoários da
natureza, tendo representante com ou sem flagelos e com ou sem cílio. Duas
subdivisões são de interesse médico:
Chromalveolata:
Plasmodium spp.
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APICOMPLEXA
O filo Apicomplexa recebe esse nome pela presença nos parasitos, em pelo menos
um estágio de sua vida, de um complexo apical anterior composto por organelas
especializadas. A malária é provocada pela infecção dos apicomplexos do gênero
Plasmodium - P. falciparum, P. ovale, P. vivax e P. simium – a partir da picada de
mosquitos do gênero Anopheles. A babesiose (Babesia spp.), sarcocistose
(Sarcocystis hominis), isosporíase (Isospora belli) e toxoplasmose (Toxoplasma
gondii) também são doenças provocas por apicomplexos.
CILIOPHORA
Os organismos ciliados têm como principal característica a presença de cílios que
recobrem todo o corpo do protozoário e são utilizados principalmente para a
locomoção. A única espécie de ciliado conhecida por causar doenças em humanos
é Balantidium coli. A balantidiose, como é chamada a doença, é transmitida pela
ingestão de cistos presentes em alimentos e água contaminada. O quadro clínico é
marcado por uma diarreia intensa semelhante à amebíase por E. histolytica.
O supergrupo Opisthokonta, que inclui os Reinos Animalia e Fungi, além de outros
grupos de metazoários, é muito importante em Saúde Pública e engloba várias
doenças humanas.
Alguns metazoários podem ser parasitos comensais ou oportunistas, como o fungo
Rhinosporidium seeberi. A rinosporidiose é incidente na América do Sul e em outras
regiões do mundo e manifesta-se pelo aparecimento de pólipos na cavidade nasal e
faringe ou na pele (forma cutânea).
Reinos Fungi.
No reino Animalia, os parasitos do homem e seus vetores apresentam como
principais filos de interesse médico os Platyhelminthes, Nemathelminthes,
Arthropoda e Mollusca, que são divididos em várias Ordens e Famílias, conforme
observamos no esquema a seguir:
Alguns parasitos
do homem e seus vetores compreendidos no Reino Animalia.
Filo Platyhelminthes
Composto por organismos com corpo achatado dorso-ventralmente, habitando
ambientes aquáticos, solo ou interior de outros animais, como o homem. Os
trematódeos digenéticos (classe Trematoda) possuem estruturas de fixação
chamadas ventosas e sistema digestório incompleto (não há ânus). O representante
mais conhecido por causar doença em humanos é Schistosoma mansoni, agente
etiológico da esquistossomose. O homem pode se infectar ao entrar em contato
com a água contaminada pelas cercárias, que são a forma infectante que penetra
na pele.
Fasciola hepatica também ganha importância, principalmente pelo impacto
econômico na ovinocultura, sendo o homem hospedeiro infectado quando ingere
acidentalmente água e verduras contaminadas com as formas larvais do parasito,
as metacercárias.
Atenção
Outros parasitos também encontram no homem ambiente propício, mesmo que
eventualmente acidental, para o parasitismo, como Paragonimus westermani,
Heterophyes heterophyes e Gastrodiscoides hominis.
Os cestódeos (classe Cestoidea) não têm sistema digestório, possuem ventosas e
corpo segmentado em três partes: escólex, colo e proglotes. Quatro famílias são
importantes por causarem doenças distribuídas mundialmente: Diphyllobothriidae,
Taeniidae, Hymenolepididae, Dilepididae.
Atenção
É preciso destacar que o conceito de saúde não é aquele apenas relacionado à
ausência de doença, mas também à manutenção e melhora do próprio estado de
saúde física e psicossocial do indivíduo.
Nesse sentido, faz-se necessária a implementação de políticas públicas que
integrem universalização da saúde, habitação, saneamento básico, planejamento
urbano e promoção da saúde. O enfrentamento parte de um olhar holístico da
questão.
E você, sabe o que são as Políticas Públicas de Saúde?
Políticas públicas de saúde podem ser entendidas como um conjunto de
disposições que fazem parte do campo de ação social do Estado, orientado para
organizar e nortear a promoção, recuperação e proteção da saúde da população.
Com a redemocratização do país no final da década de 1980, a promulgação da
Constituição Federal trouxe um novo horizonte para as políticas públicas em Saúde
no Brasil.
A Constituição adota um modelo de seguridade social para a saúde norteada por
três diretrizes:
• Descentralização
• Atendimento integral
• Participação da comunidade
Atenção
Todas as demais leis e políticas públicas têm ação infraconstitucional, ou seja, estão
hierarquicamente abaixo do texto constitucional.
As conquistas do povo em relação à saúde foram asseguradas na Constituição por
meio de uma intensa luta e movimentação social ocorridas nos anos anteriores. O
Movimento Sanitário e outros movimentos políticos e sociais debateram
profundamente as temáticas da saúde a partir de um olhar amplo e voltado para a
construção de uma política de saúde includente para toda a população brasileira.
O sanitarista Sérgio Arouca foi uma das vozes mais atuantes para organizar e
consolidar as ideias e concepções amplas de saúde, consagradas pela
Constituição. Arouca participava ativamente do movimento sanitarista brasileiro,
sendo suas ideias ainda muito atuais e indispensáveis para se estudar a saúde no
Brasil, no cenário de transição democrática do final da década de 1980.
No Artigo 196, a Constituição define “a saúde como um direito de todos e dever do
Estado” e o Artigo 198 dispõe sobre a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O
SUS é a materialização da vontade e esforço nacional para assegurar o acesso
universal de seus cidadãos aos cuidados em Saúde. Muitos autores definem o SUS
como a própria política de saúde brasileira.
A seguir vamos entender um pouco do histórico das Políticas Públicas em Saúde no
Brasil.
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Em 1993, foi publicada a Norma Operacional Básica do SUS (NOB-SUS 93), que
definiu estratégias operacionais que assegurassem o compromisso de
implementação do sistema único. De modo simultâneo, a NOB-SUS-93 aperfeiçoou
a gestão do SUS e reafirmou a descentralização político-administrativa na saúde
pública. A definição do papel dos estados e municípios, saindo da lógica de
prestadores de serviços e passando a assumir o papel de gestores, é importante
para o pleno exercício da gestão em Saúde.
Em 1994, é criado pelo Governo Federal o Programa Saúde da Família (PSF), hoje
conhecido como Estratégia Saúde da Família (ESF), que consistia na proposta de
implementação da Atenção Primária nos municípios. O programa tinha como
estratégia central a substituição da visão assistencial vigente à época – ou seja,
voltada para o doente e ao atendimento hospitalar de emergência –, a incorporação
da lógica de promoção da saúde e a participação popular.
1990
Lei Orgânica da Saúde 8.142/90.
1990
Lei Orgânica da Saúde 8.080/90.
1991
Programa de Agentes Comunitários de Saúde.
1994
Programa Saúde da Família.
2005
Plano Nacional de Vigilância e Controle das Enteroparasitoses.
O Ministério da Saúde determina que algumas doenças ou agravos sejam
notificados compulsoriamente, ou seja, quando feito o diagnóstico clínico e/ou
laboratorial ou identificada a situação-problema, o profissional da unidade de saúde
deve obrigatoriamente notificar o sistema de vigilância em saúde sobre a ocorrência.
Atenção
O sistema não é apenas para a notificação de doenças, mas também para agravos
à saúde, como tentativas de suicídio, violência doméstica e acidente de trabalho.
Dentre as doenças listadas, apenas a doença de Chagas, esquistossomose,
toxoplasmose gestacional e congênita, malária e leishmaniose cutânea e visceral
são causadas por parasitos. Todas as enteroparasitoses não são listadas, portanto
não são de notificação compulsória.
Assim, o SUS tem, por meio da ESF, o papel central no controle das parasitoses
enquanto doenças negligenciadas. A rede de atenção primária ainda é muito
deficiente em alguns estados, principalmente nas regiões Nordeste e Norte do país.
A falta de infraestrutura, de profissionais qualificados e de recursos compromete a
consolidação da ESF e põe em xeque políticas de controle de doenças endêmicas.
Saiba mais
O diagnóstico de parasitoses intestinais é feito pelo exame parasitológico de fezes
(EPF), a partir da coleta de uma amostra de fezes frescas ou amostras consecutivas
coletadas em frascos contendo soluções conservantes, como o MIF. Para as
parasitoses sanguíneas, como a malária e doença de Chagas, o exame
parasitológico de sangue é o recomendado.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Aprendemos que existem diferentes tipos de interação entre os seres vivos, como
o mutualismo, o comensalismo e o parasitismo. Abaixo citamos algumas
características dessas interações. Assinale a alternativa que apresenta uma
característica correta dessa interação.
No comensalismo, há o convívio mútuo e benéfico do parasita e seu hospedeiro.
O comensalismo é caracterizado pela não dependência metabólica do parasita.
O mutualismo é uma associação de unilateralidade, onde somente o hospedeiro é
beneficiado.
No parasitismo, o parasito procura apenas abrigo, proteção e locomoção.
No comensalismo, apenas uma delas é beneficiada, mas sem prejudicar a outra.
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Comentário
2. O SUS tenta olhar o paciente não somente pelo lado da doença, mas entender
que aquele indivíduo é inserido dentro de um contexto social. Nesse sentido, qual
alternativa contempla um fator associado à ocorrência de enteroparasitoses e qual
doença é de notificação compulsória no Brasil?
Diminuição da desigualdade social e giardíase
Diminuição das condições de higiene da população e enterobiose
Diminuição da desigualdade social e ascaridíase
Baixo índice de esgotamento sanitário e toxoplasmose
Diminuição das condições de higiene da população e ascaridíase
Responder
Comentário
MÓDULO 2
CICLOS PARASITÁRIOS
O ciclo biológico de um parasito compreende os mecanismos, as etapas e os
fenômenos aos quais ele é submetido ao longo de suas fases de vida, passando por
um ou mais hospedeiros (nome dado ao organismo que habita o parasita em seu
interior).
A complexa série de acontecimentos físicos, químicos e bioquímicos é ordenada por
fatores ambientais e genéticos, dependendo das características fisiológicas e
biológicas de cada grupo de parasito.
Grande parte do conhecimento adquirido sobre os ciclos parasitários vem de
estudos com parasitos que causam doenças de importância em saúde pública e
saúde animal. O caráter negativo ou patogênico do parasitismo é muito baseado na
concepção de doença e pode levar a interpretações científicas prematuras. Isso
também gera uma grande lacuna no conhecimento de aspectos do ciclo de
inúmeros parasitos que não têm o homem como hospedeiro.
A amebíase enquanto doença é causada pela Entamoeba histolytica ou por
variedades semelhantes. Entretanto, existem outras espécies, como a E. coli, E.
hartmani, Endolimax nana que não parecem causar nenhum processo patogênico.
Conhecemos muito mais da E. histolytica do que das demais espécies simbiontes
do nosso intestino. Como veremos a seguir, o intestino humano é um excelente
habitat para diferentes grupos de parasitos, como os nematelmintos, platelmintos e
as amebas.
Parasito
intestinal Entamoeba histolytica presente nas fezes humanas.
Atenção
É preciso destacar que infecção parasitária não é o mesmo que doença
parasitária. São fenômenos diferentes. A infecção por um parasito não leva
necessariamente ao aparecimento de sinais e sintomas que caracterizam o estado
de doença. A interação entre o parasito, o hospedeiro e o ambiente definem
condições evolutivas e biológicas dinâmicas que podem passar por momentos de
equilíbrio e desequilíbrio.
Ainda não são claros os mecanismos, mas em alguns casos o parasitismo intestinal
por E. histolytica pode desencadear uma forte ação patogênica, levando ao quadro
de amebíase - doença.
Na fase aguda de algumas infecções parasitárias, o organismo do hospedeiro
consegue tolerar e controlar a carga parasitária, principalmente a partir de
mecanismos imunológicos e celulares. Deste modo, a infecção torna-se contida e
assintomática. O retorno dos sintomas clínicos pode ocorrer em casos de estados
transitórios ou crônicos de diminuição da imunidade no hospedeiro, como no caso
da AIDS ou em pacientes que tomam altas doses de corticoides.
Em seu ciclo de vida, os parasitos podem infectar mais de um hospedeiro, causando
ou não dano ao mesmo. Em geral, quanto mais branda e harmônica é a relação de
parasitismo, maior é o tempo decorrido de evolução biológica. Do ponto de vista
evolutivo, não é interessante para o parasito levar o seu hospedeiro à morte.
Relações de parasitismo que resultam em infecção grave são, em sua maioria,
provocadas por relações evolutivas mais recentes.
Os hospedeiros se dividem em 5 características. Veja a diferença entre eles.
Hospedeiro natural
O hospedeiro que não sofre com o parasitismo e garante a multiplicação e
dispersão do parasito.
Hospedeiro terminal
Já os hospedeiros que adoecem com o parasitismo, podendo até mesmo evoluir
para a morte, são denominados de hospedeiros anormais. Esses animais também
são conhecidos como hospedeiros terminais, pois interrompem o ciclo de
transmissão do parasito.
Hospedeiro definitivo
É aquele que habita o parasita na sua forma sexuada, como é o caso do S. mansoni
com o homem.
Hospedeiro intermediário
É aquele que habita o hospedeiro em sua fase larvária ou assexuada, relação do S.
mansoni com o caramujo.
Hospedeiro de transporte
É aquele que serve de ponte a um novo hospedeiro definitivo, mas o parasito não
sofre desenvolvimento ou reprodução e permanece viável.
Esses conceitos são importantes para o estudo das doenças transmitidas ao
homem por animais. O termo zoonose refere-se exatamente a esse grupo de
doenças, como a raiva, a febre maculosa e a toxoplasmose.
Alguns animais são hospedeiros naturais, contudo, por também manterem uma alta
carga parasitária, acabam atuando como fonte de infecção para outros animais,
incluindo o homem.
Os morcegos são reservatórios de diversos parasitos, como vírus, bactérias, fungos
e protozoários (como novas espécies de Leishmania e Trypanosoma), daí o grande
interesse em estudá-los para o entendimento da ecologia de algumas doenças
infecciosas.
CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITAS
CAVIDADE BUCAL
Encontramos duas espécies principais de protozoários: Entamoeba gengivalis e
Trichomonas tenax. A primeira é uma ameba não patogênica de distribuição
cosmopolita e que pode ser transmitida pelo beijo. Já T. tenax também apresenta
ampla distribuição e está associada a infecções periodontais em indivíduos com
precária higiene bucal.
ESÔFAGO E ESTÔMAGO
Nenhuma espécie de parasita permanentemente é encontrada, principalmente em
virtude do baixo pH e das condições hostis a sua sobrevivência. No estômago, o pH
pode chegar a 1,5, condição não tolerada pela maioria das larvas e vermes adultos.
No entanto, devido à proteção conferida pela resistente casca ou cutícula, os ovos
de parasitos conseguem resistir ao ambiente ácido.
INTESTINO GROSSO
Na porção descendente do intestino grosso, há intensa absorção de água e
eletrólitos pela mucosa, o que diminui significativamente a concentração osmótica.
Ademais, outras condições ambientais também são encontradas, o peristaltismo é
reduzido e a mucosa apresenta pregas, muco e células especializadas na
reabsorção. Ao longo dos segmentos, é possível encontrar helmintos e protozoários
fixados na mucosa. Os ancilostomídeos sugam sangue dos pequenos vasos e as
giárdias ficam aderidas à mucosa por meio do disco suctorial. As amebas e alguns
protistas ciliados tendem a invadir a mucosa e submucosa, provocando
sangramentos e inflamação local.
Por fim, em sua porção mais terminal, o intestino grosso pode abrigar no sigmoide e
no reto espécies como Entamoeba histolytica, Schistosoma mansoni, Schistosoma
japonicum, além de ovos e cistos que serão eliminados nas fezes.
Fígado e vias biliares
O fígado é considerado a maior glândula do corpo humano e desempenha funções
vitais para a homeostase. Pode-se destacar a secreção de bile – importante função
digestiva, a degradação e excreção de hormônios, regulação do metabolismo de
carboidratos, proteínas e lipídios, e metabolização de drogas e bilirrubina.
Por ser um ambiente altamente vascularizado e rico em nutrientes, o fígado é
frequentemente parasitado por algumas espécies, como:
As formas esporozoíticas do gênero Plasmodium spp. infectam as células do
fígado (hepatócitos), dando início ao ciclo pré-eritrocítico. O P. ovale e o P. vivax
podem apresentar formas dormentes, chamadas de hipnozoítos, que podem ficar
latentes por meses ou até anos no órgão. Ao completar a fase tecidual, os
esquizontes provocam intensa lise dos hepatócitos, liberando milhares de parasitos
na corrente sanguínea que irão invadir as hemácias e iniciar o ciclo eritrocítico.
Outro exemplo é a forma larval do cestoide Echinococcus granulosus responsável
pela hidatidose cística.
Cisto hidático de
Echinococcus granulosus no fígado.
O ciclo biológico é mantido entre cães (hospedeiro definitivo), suínos, ovinos,
caprinos e bovinos (hospedeiros intermediários), mas o homem pode ser
acidentalmente contaminado pela ingestão de ovos do parasito. A grande maioria
dos casos é assintomático, mas alguns indivíduos podem apresentar sintomas e
complicações decorrentes.
Em humanos, as localizações mais frequentes dos cistos são fígado e pulmões,
além de cérebro, músculos e rins. O acometimento hepático dependerá de alguns
fatores, como tamanho e número de cistos, e da localização dentro do órgão. Cistos
grandes e profundos podem levar à obstrução porta, estase biliar e icterícia.
Ascaris Lumbricoides geralmente habita a luz intestinal, mas as larvas podem ser
encontradas em locais atípicos, como as vias biliares e pancreáticas. A invasão
desses locais pode provocar quadros graves e agudos de colangite, abcesso
hepático, pancreatite e apendicite.
Saiba mais
Dezenas de outros parasitos podem habitar o fígado, como Fasciola hepatica,
Clonorchis sinensis, Opisthorchis viverrini, Schistossoma mansoni e Leishmanis
donovani.
Sistema fagocítico mononuclear
As células do Sistema Fagocítico Mononuclear (SFM) têm origem nas células
hematopoiéticas mieloides e apresentam características em comum, tais como
presença de enzimas no citoplasma e forte capacidade de realizar fagocitose. São
os componentes da imunidade inata responsáveis pela primeira linha de defesa do
organismo. O SFM compreende promonócitos, monócitos, histiócitos e macrófagos
residentes dos tecidos.
Saiba mais
Fagocitose é o processo pelo qual uma célula usa sua membrana plasmática para
englobar partículas grandes, dando origem a um compartimento interno chamado
fagossoma. No sistema imunológico de organismos multicelulares, a fagocitose é
um dos principais mecanismos usados para remover patógenos e restos celulares.
Fagocitose.
A internalização de alguns parasitos ocorre através da fagocitose mediada por
células do SFM. O habitat das formas amastigotas de Leishmania spp. no homem
são as células do SFM, principalmente os macrófagos. Alguns parasitos conseguem
modular e resistir às defesas do organismo, escapando eficientemente do sistema
imune. Nesse caso, as células fagocíticas profissionais conseguem fagocitar os
parasitos, mas não conseguem destruí-los nos fagolisossomos. Mecanismo similar
de interação do parasito com as células fagocíticas ocorre na infecção por
Trypanosoma cruzi e Toxoplasma gondii.
Sangue e linfa
Os protozoários parasitos podem viver livres no plasma, como o Trypanosoma cruzi
ou instalados no interior das hemácias como o Plasmodium spp. Entre os helmintos
de habitat sanguíneo estão o Schistosoma mansoni e as microfilárias de vários
filarídeos.
Etapa 2
Etapa 2
As células endoteliais começam a expressar receptores de membranas que servirão
de âncora para os leucócitos durante o processo de migração dos vasos
sanguíneos para o tecido parasitado. Os macrófagos residentes e células
dendríticas atuam fagocitando e apresentando antígenos para os linfócitos,
liberando citocinas que atrairão outros tipos celulares.
Etapa 4
Etapa 4
Os antígenos parasitários estimulam a produção de IL-4 e IL-5, que induzem à
síntese de imunoglobulinas da classe IgE e forte ativação de eosinófilos. A
eosinofilia é detectada em indivíduos com quadros de parasitoses agudos e
crônicos, tendo por função o controle da infecção pela liberação de espécies
reativas de oxigênio e liberação de seus grânulos citoplasmáticos – processo
conhecido como degranulação. É frequente encontrarmos infiltrado eosinofílico ao
redor de ovos e larvas nos tecidos e no plasma de indivíduos infectados. A secreção
de IL-4 e IL-13 estimula a produção de muco na mucosa do intestino grosso e o
aumento do peristaltismo na tentativa de expulsar os parasitos da luz intestinal.
Etapa 5
Etapa 5
A inflamação aguda é limitada e deve resolver-se dentro de um curto período,
porém, podem evoluir para um quadro crônico com eventos longos que podem
persistir por toda a vida do hospedeiro. Na inflamação crônica, misturam-se
mecanismos vasculares, de reparo (fibrose) e formação de exsudato. O exsudato da
inflamação aguda é composto principalmente por fagócitos e líquido extravasado.
Já na inflamação crônica, predomina o infiltrado mononuclear (linfócitos,
plasmócitos e macrófagos). A inflamação crônica granulomatosa é um importante
mecanismo imunopatogênico presente nas infecções por alguns protozoários e
helmintos, com destaque para a esquistossomose.
Etapa 6
Etapa 6
A deposição dos ovos maduros do S. mansoni no parênquima hepático desencadeia
um processo inflamatório importante e organizado. A reação inflamatória
granulomatosa é considerada uma reação de hipersensibilidade tardia mediada
principalmente por linfócitos TCD4. As células TCD4 podem ser divididas em duas
populações (Th1 e Th2), de acordo com o tipo de citocinas e respostas que
desencadearam.
Etapa 7
Etapa 7
Os linfócitos do subgrupo Th1 secretam as citocinas (IL-2 e fator de necrose
tumoral e interferon) que induzem à ativação da resposta inflamatória e à formação
e deposição de colágeno no local da lesão, contribuindo para a formação da fibrose,
característica nos granulomas. Já os linfócitos do subgrupo Th2 secretam IL-4, IL-5,
IL-10 e IL-13 que medeia a produção de anticorpos IgE e aumenta a proliferação dos
eosinófilos. O equilíbrio entre a resposta do tipo Th1 e Th2 determina a evolução da
lesão tecidual.
Esquema de
inflamação crônica granulomatosa induzida por ovos de S. mansoni.
A quantidade e intensidade dos granulomas no parênquima hepático determinam a
gravidade e o comprometimento do fígado. Casos avançados podem resultar em
graves disfunções hepáticas irreversíveis, como cirrose e consequente hipertensão
portal.
Vamos agora pensar em outra doença parasitária: a doença de Chagas.
Essa doença pode seguir dois cursos clínicos possíveis: aguda e crônica. A fase
aguda geralmente é assintomática e pode durar de 4 a 8 semanas. Cerca de 60 a
70% dos indivíduos infectados evoluem para um quadro benigno, sem
manifestações clínicas.
No entanto, em alguns casos, eles podem evoluir para a forma crônica, com
manifestações digestivas ou cardíacas que aparecem depois de alguns anos ou
décadas. Para os indivíduos crônicos, a cardiomiopatia é a manifestação mais
incidente, seguido do megaesôfago ou megacólon.
O megacólon é caracterizado pela destruição dos plexos nervosos da musculatura
entérica, aumento do tamanho e do número de células o que leva à perda ou
diminuição do peristaltismo, desregulação dos esfíncteres e constipação.
Os mecanismos imunopatogênicos da cardiomiopatia chagásica são complexos e
têm relação com a resposta inflamatória. Ainda durante a fase aguda, os
cardiomiócitos são infectados pela forma amastigota do parasito, o que induz à
formação de forte infiltrado inflamatório. Além disso, a apoptose das células
infectadas gera mais estímulos de migração celular para o tecido cardíaco. As
citocinas e quimiocinas liberadas recrutam primeiramente macrófagos e neutrófilos
e, em seguida, linfócitos T e B.
O infiltrado inflamatório, dependendo de sua extensão, pode gerar disfunções como
a hipertrofia dos cardiomiócitos (aumento do volume ou tamanho celular), que
caracteriza o coração chagásico, também chamado de “coração grande”.
Corte
transversal de um coração chagásico, evidenciando a hipertrofia do ventrículo
esquerdo.
Em estágios mais avançados, denominados clinicamente de cardiomiopatia
chagásica crônica, além do infiltrado inflamatório, há aparente destruição de fibras
miocárdicas com redução da quantidade de parasitos e deposição de colágeno. A
formação da fibrose tecidual pode levar ao comprometimento contrátil do músculo e
disfunções sistólicas e/ou ventriculares.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desse tema, aprendemos os conceitos gerais do parasitismo, visitando os
principais parasitas, os tipos de habitat, os ciclos parasitários e os processos
patológicos associados ao parasitismo em humanos, que levam ao desenvolvimento
de doenças e ações preventivas adotadas pelo SUS. Com posse desses conceitos,
conseguiremos avançar na Parasitologia, entendendo a partir daqui, de forma
isolada, cada grupo de parasita, suas doenças, manifestações clínicas e,
principalmente, que medidas tomar para evitar as parasitoses.
Assim, como futuros profissionais da área de Saúde, ofereceremos à população
uma assistência adequada, seja no tratamento e acompanhamento dos pacientes
seja com orientações sobre as ações educativas e preventivas. Bem-vindo à
Parasitologia!
PODCAST
Agora, o especialista Helver Dias encerra o tema falando sobre amebas de vida livre
na saúde e na doença.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, R.F et al. Parasitoses intestinais: prevalência e aspectos
epidemiológicos em moradores de rua. In: RBAC, 2020. Consultado em meio
eletrônico em: 19 fev. 2021.
NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.
REY, L. Parasitologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Ministério da Saúde. Brasil. Guia de
Vigilância Epidemiológica. Brasília (DF), 2009.
EXPLORE+
Para aprofundar os conhecimentos sobre o tema:
LEIA
• O livro O tapete de Penélope, do escritor Walter Boeger, que mostra como
as associações podem influenciar intensamente a evolução das espécies que
habitam o planeta.
• Sobre os fundamentos do sistema imunológico, no artigo “Sistema
Imunitário – Parte I Fundamentos da imunidade” inata com ênfase nos
mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória.
ASSISTA
• Ao vídeo “O SUS do Brasil”, do canal Fiocruz, que levanta discussões sobre
a conquista de direitos na saúde, no contexto de redemocratização do Brasil,
além de ressaltar a atuação do sanitarista Sergio Arouca.
• Ao vídeo “Doenças negligenciadas”, do canal Fiocruz, revisita alguns
conteúdos importantes sobre as doenças negligenciadas.
• Ao vídeo “Amebas de Vida Livre: Naegleria fowleri, Acanthamoeba e
Balamuthia mandrillaris” e aprenda mais sobre as amebas de vida livre e
sobre as doenças causadas por elas.
PESQUISE
• Sobre a ecologia da doença de Chagas, no site da Fiocruz.
• Sobre os testes parasitológicos, visite Norma Brasileira: “laboratórios clínicos
– Exame parasitológico de fezes” e “Técnicas básicas: Exame parasitológico
de fezes”.