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Como a sociedade é constantemente mutável, a legislação deve se manter atualizada no tempo.

Princípios da sucessão de leis no tempo, lei posterior revogando antiga: 1. da cronologia(pode revogar), 2. da
hierarquia(não revoga), 3. da especialidade(não revoga).

1. vigência, validade e eficácia


A vigência começa mediante a publicação de uma lei e o prazo exposto nela, o prazo entre publicação e início de
vigência é chamado vacatio legis. Quando não tiver na lei o vacatio legis o prazo padrão é de 45 dias, segundo a LINDB.
A lei pode ter a vigência revogada, mesmo implicatamente, ou suspensa pelo Senado e pelo Supremo.

A validade depende da constitucionalidade da norma, podendo haver vigência sem validade - situação que deve ser
respeitada em norma favorável ao réu porque não é obrigação de todos saber a constitucionalidade de todas as normas
e sim aos tribunais.

A eficácia é relacionada ao grau de aplicabilidade de uma lei na prática, não significando que normas incriminadoras
não tenham eficácia porque são frequentemente violadas. Isso porque uma norma é ineficaz quando não só é
sistematicamente violada, mas também inutilizada pelo Judiciário.

2. Irretroatividade e retroatividade da lei penal


Retroagir é voltar ao passado, que depende de a lei ser mais rigorosa ou mais favorável. Caso não houvesse retroação
de normas favoráveis haveria violação do princípio da igualdade.
2.1 aplicação parcial de leis no tempo
Caso uma lei nova tenha pontos positivos e negativos em relação à anterior e não se saiba se ela vai ser mais boa que
ruim, é melhor evitar misturar a parte boa da nova com a parte boa da antiga e definir como irretroativa; pelo princípio
da legalidade não tem como ser criada uma terceira lei.

2.2 leis mistas(penais e processuais) no tempo


Caso haja lei nova contendo disposições penais e também disposições processuais penais, aplica-se imediatamente as
processuais, estando as penais irretroativas. Para resolver essa questão não nos emabasaremos somente na
impossibilidade de surgir uma terceira lei, mas também na subordinação lógica: se a aplicação de uma estiver
condicionada à outra, não retroage.

3. Abolitio criminis
Abolitio criminis significa que uma conduta foi descriminalizada, e sendo assim não há pena reincidente, investigação
ou antecedentes criminais sob o indivíduo que exerceu a conduta antes proibida. Essa descriminalização pode ser
devido a fatores culturais, político-criminais e sociais. Inclusive, caso a jurisprudência, principalmente do STF, decidir
muito que tal conduta não é crime, ela pode ser usada para diminuir as consequências criminais porque se trata de
aplicar a norma jurídica, com o mesmo peso do ato de legislar.

4. Leis temporárias e leis excepcionais: a ultratividade


As leis temporárias possuem previsão de tempo de vigência, enquanto as excepcionais não. Com as leis excepcionais o
que acontece é que, mesmo criminalizando uma conduta e não podendo punir ela por causa da situação de
emergência, após essa situação passar haverá punição das condutas passadas. Isso se chama ultratividade, no futuro se
pune atos do passado. É o contrário da abolitio criminis, ao invés de descriminalizar, criminaliza o que ocorreu antes.

5. Vacatio legis
É o período posterior à publicação da lei e anterior ao começo de sua vigência. Leis de menores repercussão têm prazos
menores de vacatio legis, enquanto as de maiores repercussão têm prazos mais amplos. Caso não se tenha colocado o
período de vacância na lei será considerado o de 45 dias. A contagem do prazo de vacatio legis inclui o dia da
publicação e o último dia do prazo, portanto ela será vigente somente no dia após o último.

6. Revogações/alterações parciais e a unidade do sistema


As interpretações legislativas precisam ter coerência no tocante às leis penais no tempo, pois o sistema requer unidade
lógica. No entanto, existem diversas intepretações que ignoram a coerência. Tais interpretações podem desconsiderar
a possibilidade de prisão preventiva antes de sentença condenatória, as contagens de prazo ou a necessidade de
julgamento em segundo grau para que haja prisão do réu.
7. Tempo do crime
Art. 4o Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.

É necessário saber com precisão o tempo do crime, tentado ou consumado, para 1. afirmar existência de adequação
típica, 2. medir sua punibilidade, 3. haver critérios diferenciados para tempo e lugar do crime.

Nesse sentido, o critério para tempo é a teoria da atividade: o tempo do crime pode ser tanto durante alguma ação ou
omissão; o critério de lugar do delito considera onde ocorreu a ação e onde ocorreu o resultado como lugares do crime.
Justifica-se a eleição da teoria da atividade. Se se pudesse considerar também como tempo do crime o momento de sua
consumação, o risco de abusos punitivos seria inevitável, seja pela prorrogação do prazo prescricional, seja pela
modificação legislativa da matéria, quando anteriores ao resultado final da conduta (imagine-se o resultado morte
ocorrido muito tempo depois da ação causadora da lesão).

A consideração do tempo como sendo o momento da ação ou da omissão respeita o elemento anímico que orientou o
comportamento e, via de consequência, consolida a compreensão geral da ilicitude do fato e, assim, o conhecimento da
matéria proibida à época de seu cometimento.

8. Prazos do Direito Penal


Código Penal. Art. 10 – O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam- se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.

Os prazos de D.P. são diferentes do Processo Penal: um inclui o primeiro dia no prazo e o outro não. A justificativa é de
que “quaisquer minutos passam a ter importância para a mais adequada tutela da liberdade individual, por isso a
inclusão do primeiro dia do tempo do crime”; “em processo penal, o raciocínio é o inverso: exclui-se o primeiro dia, para
que a prática dos atos não seja reduzida pelos diferentes horários em que se noticiam as movimentações processuais
(citações, intimações e notificações) - imagina se o prazo começasse às 23h e quando desse meia-noite aquele dia já
tivesse sido computado/perdido.

Quando ao calendário comum, “não há lugar para as referências tradicionais, que computam o mês como o intervalo
de 30 (trinta) dias e o ano como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. O ano no calendário comum vai do dia inicial
ao dia correspondente no ano seguinte (de 1o de abril de um ano ao mesmo 1o de abril do outro)”, o mesmo ocorre
com os meses.

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