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Considerações preliminares
Estudaremos a estrutura das normas penais e as técnicas legislativas usadas nelas.
Para Binding, as normas podem ser primárias, proibindo os cidadãos, ou secundárias, guiando os juízes a punir; lei e
norma são diferentes. Normas de Direito Público geral são para cidadãos e leis penais para os juízes, então um infrator
não vai contra à lei e sim a favor do que ela previu que ele faria, portanto contra a norma. Norma gera antijurídico e a
lei gera o crime. A lei se estrutura de pressupostos e penas; a norma se configura proibindo ou permitindo tal ato e por
causa disso ela se dirige ao [comportamento do] povo.
Binding estava errado porque não existe isso de primária e secundária, as normas são só a interpretação das leis, leis
que podem se diferenciar entre si quanto aos conceitos nelas, mas não em relação ao conteúdo, natureza ou a quando
surgiram. O conteúdo de uma lei engloba uma norma que PODE proibir, permitir, explicar, complementar ou impor,
não sendo toda norma incriminadora.
Nas normas penais não incriminadoras existe uma técnica que gera proposições jurídicas, que ajudam a entender o
conteúdo existente nas normas. Isso ajuda a evitar a repetição de palavras no enunciado ou na sanção das regras
incriminadoras.
Binding errou porque lei e norma penal são a mesma coisa, a norma é o direito objetivo e a lei é a fonte da norma, ou
seja, o código penal é onde existem todos os artigos penais e suas sanções. O todo se expressa pelas partes e as partes,
juntas, formam um todo. A teoria de Binding, contudo, repercutiu em questões como tipicidade e culpabilidade.
A jurisprudencial é resultado da interpretação harmônica de juízes, que dá origem à jurisprudência. Não tem
força vinculante, a não ser quando se torna súmula do STF. Os juízes não são obrigados a interpretar de acordo
com a jurisprudência harmônica de qualquer tribunal que seja, mesmo que de juiz superior.
A doutrinária ocorre quando se observa uma uniformidade no entendimento técnico, cultural e amplo dos
estudiosos, ajudando a adequar as condutas sociais às normas vigentes. Não tem força vinculante, e sim de
argumentação, tendo autoridade dependente de méritos científicos doutrinários, como também o grau de
cientificidade e argumentativo deles.
A histórica busca entender motivos para que a lei seja do jeito que é hoje observando o contexto de hoje, com
as leis de hoje, e comparando com o antigo. Os dados históricos na interpretação vão dar mais clareza ao que
foi exposto pelo legislador, sempre olhando as circunstâncias econômicas, sociais e políticas que os
legisladores tinham quando fizeram a lei. Isso auxilia bastante.
A lógico-sistemática vai derrubar contradições entre os conceitos penais olhando para a harmonia do sistema
penal e pensando: o conceito tal só tá desse jeito porque tem todo um sistema ao redor que é parecido, nesse
sentido isolar um preceito de todo o resto não levaria a uma clareza textual tão boa. Olhando o princípio da
legalidade, todas as interpretações são válidas.
A restritiva limita o sentido das palavras porque se supõe que o legislador se expressou de forma mais ampla
do que pretendia. Lex dixit plus potius quam voluit.
A analogia pode ser legis ou juris, a legis aplica uma norma em um caso imprevisto antes e a juris aplica princípios gerais
do direito nesses casos. Não se cria lei nova nenhuma, se usa uma que já existe. A analogia, ou seja, o uso de uma lei
em um caso semelhante, não pode ser usada em leis penais incriminadoras, exceto se beneficiar o acusado, porque
pode haver um uso de uma lei que, embora parecida, tenha sanção mais severa. Também não pode ser usada em:
excepcionais ou fiscais.
A norma penal em branco se configura em sentido lato quando o seu complemento adequado decorre da mesma fonte
formal de onde ela surgiu, tendo, portanto, fontes legislativas idênticas. Por outro lado, a norma penal em branco se
expressa em sentido estrito quando outra fonte elabora o seu complemento, acabando a lei preenchida por um órgão
legislativo diverso do original mediante atos administrativos.
Nas leis penais em branco não se pode usar analogia ou interpretação analógica justamente porque elas não se
apresentam em plenitude especificando o ato ilícito, o que é exigido pelo princípio nullum crimen nulla poena sine lege.
Além disso, quando uma lei penal em branco não tem perspectiva de que será completada por lei já existente, não tem
validade nem vigência até que se seja preenchida. Em outros termos, a conduta criminosa deve ser expressamente
desautorizada pela lei complementar.