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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL DA LUSOFONIA AFRO-BRASILEIRA


IEAD – Instituto de Educação a Distância

Otávila Gomes
Atividade 1

O cinema e o romance: leituras cruzadas

Após assistir ao filme Terra Sonâmbula (2007), de Teresa Prata, compare com a
passagem do romance homônimo do moçambicano Mia Couto.

Quais as semelhanças e diferenças entre a obra no cinema e na literatura? Escreva ao


menos dois parágrafos com suas observações.

Instituto de Educação a Distância - IEAD - UNILAB - Campus dos Palmares, Bloco II, 1º Andar, Sala 112, Rodovia
CE-060, Km 51, S/n.– Acarape, Ceará CEP: 62.785-000, CNPJ: 12.397. 930/0001-00.
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IEAD – Instituto de Educação a Distância

A fome, a solidão, o crime, a dor e outros elementos afetavam o modo de pensar


e agir daquele povo moçambicano. Através da guerra, o ambiente se transmutava em
algo único e adaptado a tal realidade. Para cada leitura de trechos do livro Terra
Sonâmbula, o filme homônimo apresenta um flashback ilustrativo, que destaca a
questão literária e da transposição em imagens. Entretanto, é desse segmento de registro
do passado que residem as principais deficiências do filme.
A fidelidade ao romance de Mia Couto, que aprovou e elogiou a adaptação
fílmica, acaba tornando o filme preso demais à matriz literária e à sua estrutura
interligada com viradas emocionais já esperadas. O único trabalho de imagem, para
além da transposição direta, está na tentativa de criação de um clima de estranhamento
através da neblina e dos tons amarelados que preenchem o quadro, mas, ainda assim,
acaba por criar certa apatia e não o envolvimento com os personagens, que permanecem
ali distantes e sem vida.
A escolha da nebulosidade imagética também é óbvia, já que as situações que o
senhor e o jovem passam no caminho são estranhas: um homem, falando em dialeto,
quer enterrá-los com enxada, pois eles representariam as sementes do mal; um pai leva a
filha amarrada, porque quer que ela se assemelhe a uma cobra. Tudo tange ao lado
"fantástico" nesse road-movie a pé em que os personagens andam em círculos até que o
mar os carregue. "Se você não soubesse ler, estaríamos vivendo na solidão", reflete o
senhor para o menino. Este tem uma visão pessimista sobre o futuro, e é o idoso quem
crê que a guerra um dia vai acabar; uma perspicaz inversão de perspectivas, aqui, mérito
da qualidade narrativa de Mia Couto.

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