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Forrageiras

Alimentação Animal - 2021/2

O que são?
A forragicultura é a área de estudo das plantas forrageiras e sua interação com
o animal, solo e ambiente. No Brasil, as plantas forrageiras têm extrema importância
dentro dos sistemas de produção. Isso deve-se ao fato de serem a mais barata e a
principal fonte de alimentação para os animais de produção. Além disso, as pastagens
integram um dos maiores ecossistemas do Brasil, colaborando com o sequestro de
carbono atmosférico e o armazenamento de matéria orgânica no solo. Entretanto,
dados indicam que o pasto nem sempre é utilizado da maneira mais eficiente ou
racional, e que se isso ocorresse, os ganhos produtivos poderiam ser maiores.

Quais as Vantagens?
As vantagens da alimentação animal com utilização das pastagens vão além do
baixo custo e incluem a interação animal com a forragem, realizando a colheita desta
sem os gastos com colheita ou processamento desse. Além disso, há a menor geração
de resíduos orgânicos e proporcionam melhores condições de bem-estar animal,
consequentemente há a possibilidade de produtos finais de melhor qualidade. No
entanto, é necessário atenção a fatores que podem diminuir a produtividade do
sistema, como a seca, pragas, doenças ou o manejo inadequado.

Como se Classificam?

As plantas forrageiras frequentemente utilizadas pertencem a duas grandes


famílias: Poaceae (Gramíneas) e Fabaceae (Leguminosas), tendo as outras famílias
interesse de menor proporção. Sendo as gramíneas mais utilizadas em regiões
tropicais, em razão de possuírem potencial de produção em média de duas a três
vezes superior em relação às leguminosas.
Gramíneas:
A família Poaceae é uma das famílias de maior importância para a
agricultura e economia dos seres humanos. Isso porque inclui espécies
utilizadas para consumo humano (grãos) e espécies utilizadas como pastagem
na alimentação de ruminantes. No Brasil, ocorrem cerca de 180 gêneros e
1500 espécies. Os principais gêneros de gramíneas forrageiras de clima
tropical estão classificadas na tribo Paniceae, da subfamília Panicoideae. Já
os principais gêneros de clima temperado pertencem a subfamília Festucoidae.

Leguminosas:
A família Fabaceae é a terceira maior família de Angiospermae, sendo
considerada uma das maiores famílias botânicas, e tem vasta distribuição,
ocorrendo por quase todo o mundo. No Brasil existem cerca de 220 gêneros e
2736 espécies.
Escolha e Manejo
A determinação da espécie a ser utilizada é um fator fundamental para o
sucesso do sistema e da manutenção da forragem. Para isso é necessário conhecer o
potencial de adaptação dos cultivares e as suas características. Dentre as gramíneas,
destacam-se como alternativa forrageiras os gêneros Brachiaria, Pennisetum,
Panicum e Cynodon. Dentre as leguminosas, as espécies com maior potencial de uso
são Arachis pintoi, Stylosantes guianensis, Desmodium ovalifolium, Pueraria
phaseoloides e Calopogonio muconoides.
Para a obtenção do máximo rendimento das pastagens é imprescindível a
atenção aos efeitos que fatores, como o manejo (tipo e sistema de pastejo), clima
(temperatura, umidade, chuvas) e o solo podem causar sobre as forragens.
Normalmente, dois tipos sistemáticos de pastejo são frequentemente utilizados: o
pastejo contínuo (em que os animais permanecem na área de pasto) e o rotacionado
(em que de acordo com a forragem disponível os animais são transferidos para outros
piquetes, permitindo o descanso e a reestruturação do pasto). Para o uso e escolha
adequado é determinante o conhecimento de conceitos como a taxa de lotação, a
capacidade de suporte e a pressão de pastejo, sendo esse último um fator essencial
para o sucesso do manejo.
Consórcio de Pastagens
A consorciação de pastagens tem a redução de inconvenientes relacionados à
qualidade da forragem e a baixa produção. Nesse sistema as leguminosas colaboram
para o aumento do nível de fertilidade do solo e controle da erosão, incrementando a
produtividade. Nesse contexto, o consórcio entre gramíneas e leguminosas eleva a
qualidade nutricional da forragem.

Pastejo Racional Voisin

Criada por André Voisin em 1970, é uma designação que associa o método de
manejo dos pastos, a partir do cumprimento das quatro leis universais do pastoreio
racional:
1. Lei do Repouso: para que o fornecimento da pastagem seja capaz de dar sua
máxima produtividade, é necessário que haja um período de tempo suficiente
entre dois cortes, que a planta possa armazenar em suas raízes, reservas
necessárias para um início de rebrote vigoroso e; realizar a grande produção de
pasto por dia e por hectare;
2. Lei da Ocupação: quanto menor o tempo de ocupação necessário para que todo
o pasto da área seja consumido, melhor;
3. Lei do Rendimento Máximo: é necessário ajudar os animais de exigências
alimentícias mais elevadas para que possam colher a maior quantidade de pasto
e que este seja da melhor qualidade possível, ou seja, quanto menos trabalho
tenha o animal para pastar a fundo uma pastagem, maior será a quantidade de
pasto que o mesmo colherá e;
4. Lei do Rendimento Regular: Para que uma vaca possa dar rendimentos regulares
é preciso que não permaneça por mais de três dias em uma mesma parcela, pois
quanto mais tempo o animal permanecer no piquete, menor será a quantidade
de pasto disponível para o consumo. Sendo assim, o animal sentirá fome, que é
um dos piores fatores de estresse.
Forrageiras - Bovinos de Leite
Variações na capacidade de suporte de algumas forrageiras em épocas de chuva e/ou
temperatura e luminosidade elevadas, com boas condições de manejo e adubação

Forrageira Capacidade de suporte (UA/ha)


Pennisetum purpureum — Capim-elefante 3—7
Panicum maximum — Capim-colonião 3—5
Panicum maximum — Mombaça, Tanzânia 3—7
Melinis minutiflora — Campim-gordura 0,6 — 1,0
Cynodon nlemfuensis — Estrela-africana 3—6
Cynodon dactylon — Coast-cross 3—6
Cynodon spp. — Tifton 85 3—6
Brachiaria decumbens — Cultivar Basilisk 1—3
Brachiaria brizantha — Marandu, Xaraés 1,5 — 4
Andropogon gayanus — Andropogon 1—3

Valor Nutritivo das Forragens

Para determinar os parâmetros nutritivos das forragens usam-se de análises


bromatológicas. O valor nutritivo das forragens manifesta-se por meio da composição
química e concentração de nutrientes.
O sistema de Weende ou sistema de Van Soest são utilizados para determinar a
composição química. O sistema proximal (Weende) é chamado assim devido ao
extrativo não nitrogenado (ENN) ser obtido por meio de cálculos o que eleva as
chances de erro, fazendo o alimento parecer mais nutritivo do que é de fato. Já o
sistema de Van Soest caracteriza melhor a fração de carboidrato do alimento,
solubilizando as frações em soluções detergentes. Destes dois sistemas, atualmente
o segundo é mais utilizado.

Matéria Seca (ms): as análises bromatológicas precisam ser realizadas


com os teores de nutrientes com base na MS, devido a variação de
umidade entre as forragens. A análise do teor de MS é efetuada a
partir da secagem da amostra e é feita em duas etapas.
Carboidratos Fibrosos ou Estruturais (CF ou CE):
o sistema de Van Soest usa detergentes para solubilizar a fração fibrosa do
conteúdo celular. Sendo classificadas como fibra em detergente neutro
(FDN) e fibra em detergente ácido (FDA).
FDN: solubiliza o conteúdo celular e gera como resíduo insolúvel a fibra em
detergente neutro, que é composto por hemicelulose, celulose e lignina.
Considerando que a fibra é a porção indigestível, essa é a melhor opção
para estimar a fibra presente no alimento.
FDA: solubiliza o conteúdo celular e a hemicelulose, gerando como resíduo
insolúvel a fibra em detergente ácido, que é composto por celulose e
lignina. Essa análise permite estimar o teor de hemicelulose do alimento,
por meio da diferença entre FDN e FDA.

Lignina: o sistema de Van Soest usa detergentes para solubilizar a fração fibrosa do
conteúdo celular. Sendo classificadas como fibra em detergente neutro
(FDN) e fibra em detergente ácido (FDA).

Extrato etéreo (EE): é a fração lipídica da amostra da forragem. Para sua


determinação é realizada a solubilização em éter etílico. No entanto durante esse processo
também são solubilizados compostos não lipídicos que não contribuem com a energia para a
digestão animal, o que consequentemente pode superestimar a fração lipídica da pastagem.

Proteína bruta (pb): é calculado por meio do teor de nitrogênio multiplicado


por 6,25. Os métodos convencionais são o método de combustão de Dumas e macro e micro
Kjeldahl. Para análise detalhada é realizado seu fracionamento em nitrogênio ligado à fibra,
nitrogênio não proteico e proteína verdadeira.
Carboidratos não fibrosos ou estruturais
(CNF ou CNE):
No sistema de Soest são determinados por meio da equação a baixo e representam a energia
mais digestível aos micro-organismos ruminais.

%CNF = 100 – (% PB + % EE + %FDN livre de PB + % CZ)

Nutrientes digestíveis totais (ndt):


Representa a soma das frações digestíveis dos alimentos de acordo com o sistema proximal. É
medido em ensaios de digestibilidade, realizando a pesagem e análise do alimento consumido e
das fezes produzidas. É uma das formas mais empregadas para expressar a energia da forragem.

Digestibilidade
A digestibilidade é a quantidade útil da pastagem aos animais, geralmente é
determinada por meio de quatro métodos, que podem ser incubação in situ, incubação
in vitro, digestão enzimática e produção de gás.

Autoras:
Kássia Martins Machado

Luiza Dalcin Faria

Thaís Fasolo Sobreira

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