Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Roteiristas
A sala potencializa essa escuta e é importante que ela seja diversa. Estar numa, sem
dúvidas, auxilia na construção de bons roteiristas e, consequentemente, na construção
de boas histórias.
CAROL RODRIGUES – DIRETORA E ROTEIRISTA
Depurador de ideias
A Sala de Roteiristas é um sistema de depuração de boas ideias. Acho maravilhoso.
Você dá uma ideia e ela é péssima, acontece. Só que a outra pessoa vai ter uma ideia
a partir da sua ideia, que vai ser um pouco melhor. E assim você consegue avançar
cinco passos em um único dia. É o princípio de que você consegue desenvolver
melhor em conjunto.
Coisas que você sozinho em casa sentado olhando a página em branco até
conseguiria fazer, mas demoraria dez dias. Na dala, você consegue em uma tarde
avançar o que não funcionaria nestes dez dias.
A gente não falava disso na faculdade, era como algo muito distante, mas não
pensava no funcionamento do cotidiano de trabalho. Deveria haaver mais editais de
desenvolvimento que permitissem que um autor, para criar a série, pudesse pagar
pessoas para montar uma Sala de Roteiro de desenvolvimento, partindo do zero,
porque isso garante uma qualidade maior até para produção vindoura.
Quando trabalhei em uma Sala, uma das pessoas presentes era a produtora, o que
achei bem positivo, porque ela já trazia algumas estipulações de mercado. Isso é bom.
No momento inicial, é bom ser livre, mas também é importante pensar na produção e
nas limitações financeiras que certas ideias de roteiro podem trazer.
Diferente de cinema, que você tem uma dramaturgia coesa, que cabe bem na mente
de uma pessoa, normalmente tem um tempo maior para escrever, o show de TV é
uma coisa muito maior, suporta mais que a dramaturgia. É o conceito de um universo
e quais são os personagens e suas trilhas. Normalmente o prazo para esscrever é
curto para o volume de trabalho que uma série traz. E a quantidade de plot não cabe
bem numa cabeça só. A ideia é que é uma série é grande demais para uma pessoa.
Mas, se você colocar cinco cérebros em uma sala para interagirem, consegue ir mais
longe. Mas para isso eles precisam estar realmente conectados. O líder da Sala, que
conduz as reuniões, tem que ter um papel muito forte, ele tem que conduzir para ir em
uma direção. Existem momentos de os caminhos continuarem e os momentos de
cortar e dizer que não.
Vários depoimentos falam que a Sala ideal tem quadros brancos na parede, para
trabalhar com fichas. Além disso, é muito comum ficar se discutindo o caminho mais
natural, a aplicação do storydrive, a continuação de cada história. A partir destes
processos, os caminhos dos personagens vão sendo fabulados, pois eles têm que
evoluir ao longo dessa storydrive.
Depois que a equipe desenhou isso no papel, a jornada de cada personagem, como
ele evoluiu, vira um jogo de “corta-corta” e realmente é possível escrever uma história.
O que eu mais vejo acontecer em uma dinâmica de Sala de Roteiristas é se chegar e
fazer a estrutura juntos, na Sala. O mais importante de haver um conjunto de cérebros
pensando juntos é pensar a estrutura da série. As várias mentes são uma grande
máquina calculadora de muitas camadas.