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Semiologia pediátrica
O MÉTODO ANTROPOMÉTRICO disso, o local de instalação dos equipamentos deve ser escolhido
de modo a:
O método antropométrico permite a avaliação do peso, da
estatura e de outras medidas do corpo humano. Ele representa 1) oferece claridade suficiente para que se possa
um importante recurso para a avaliação do estado nutricional do fazer uma boa leitura da escala de medidas;
individuo e ainda oferece dados para o acompanhamento do 2) permitir a privacidade do individuo e de sua
crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. família
3) proporcionar conforto térmico, evitando-se
Neste item, descrevem-se os procedimentos comumente
correte de ar que podem afetar
utilizados para a correta tomada das medidas antropométricas.
especialmente, os bebês e as pessoas idosas;
A Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN recomenda a
4) ter espaço suficiente para permitir o trabalho
coleta de peso e da estatura para todos os indivíduos (crianças,
dos profissionais e a presença da mãe e/ou
gestantes, adolescentes, adultos e idosos) e da circunferência da
familiares.
cintura no caso de adultos.
Esse conjunto de cuidados e procedimentos é fundamental para
Pesar e medir são atividades de rotina nos serviços de saúde, e
a confiabilidade da classificação e do diagnóstico nutricional em
por serem atividades relativamente simples, a maioria das
todas as faixas etárias avaliadas em uma unidade de saúde.
pessoas julga-se apta a realizá-las. No entanto, erros nos
procedimentos, na leitura ou na anotação da medida são INDICES ANTROPOMÉTRICOS
frequentes. Estas situações podem ser evitadas com um bom
treinamento das equipes, uma revisão constante dos conceitos e Peso para idade: Expressa a relação entre a massa corporal e a idade
procedimentos e uma manutenção frequente dos equipamentos. cronológica da criança. É o índice utilizado para a avaliação do estado
nutricional, contemplado na Caderneta de Saúde da Criança,
Para a correta tomada de peso e da estatura, deve-se garantir, principalmente para avaliação do baixo peso. Essa avaliação é muito
previamente, o perfeito funcionamento dos equipamentos. A adequada para o acompanhamento do ganho de peso e reflete a
manutenção dos equipamentos é muito importante a fim de situação global da criança; porém, não diferencia o comprometimento
evitar erros causados por problemas ou defeitos deles. Dentre os nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos. Por isso, é
importante complementar a avaliação com outro índice
equipamentos citados, a balança é o que gera mais problemas
antropométrico.
ao adquirir este equipamento, o EAS (Estabelecimento de
Assistência à Saúde) deve solicitar um exame pelos órgãos Peso para estatura: Este índice dispensa a informação da idade;
responsáveis por este serviço. expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e
estatura. É utilizado tanto para identificar o emagrecimento da
Recomenda-se que o infantômetro (antropômetro horizontal criança, como o excesso de peso.
para medir o comprimento de crianças menores de 2 anos) e a
balança pediátrica estejam apoiados em mesa ou bancada, Índice de Massa Corporal para idade: expressa a relação entre o peso
da criança e o quadrado da estatura. É utilizado para identificar o
confeccionadas em material firma e resistente. O estadiômetro
excesso de peso entre crianças e tem a vantagem de ser um índice
(antropômetro vertical) deve ser colocado em parede lisa e sem
que será utilizado em outras fases do curso da vida.
rodapé e a balança plataforma em superfície lisa e nivelada.
O SISVAN recomenda a classificação do Índice de Massa Corporal - IMC
Um bom antropometrista deve conferir os equipamentos que proposta pela Organização Mundial da Saúde, tanto para menores de
utiliza, rotineiramente, antes de cada pesagem ou medição. Além 5 anos (WHO, 2006), como para crianças a partir dos 5 anos (WHO
,2007). As curvas de avaliação do crescimento para crianças dos 5 aos
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19 anos foram lançadas recentemente pela OMS. Trata-se de uma Estatura para idade: Expressa o crescimento linear da criança. É o
reanálise dos dados do NCHS de 1977 (Hamill et al. 1977), além de um índice que melhor indica o efeito cumulativo de situações adversas
alisamento das curvas no período de transição entre os menores de 5 sobre o crescimento da criança. É considerado o indicador mais
anos de idade, avaliados segundo o estudo-base dos dados lançados sensível para aferir a qualidade de vida de uma população. Trata-se
em 2006, e os indivíduos a partir dos 5 anos. de um índice incluído recentemente na Caderneta de Saúde da
Criança.
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EQUIPAMENTOS ANTROPOMÉTRICOS b) balança plataforma: pesa crianças maiores de 2 anos,


adolescentes, adultos, idosos, gestantes e nutrizes; pode ser
1) BALANÇA
mecânica ou eletrônica
É o instrumento utilizado para medir a massa corporal total. O c) balança de campo ou tipo pêndulo: esta balança é assim
equipamento deverá ter precisão necessária para informar o peso de denominada porque é portátil e foi idealizada para utilização
um indivíduo da forma mais exata possível. em atividades externas ao serviço da saúde
d) balança de campo tipo eletrônica: esta balança é também
A precisao da escala numérica das balanças varia de acordo com o portátil, apropriada para o trabalho de campo com pesquisas
tipo ou fabricante. É recomendável que as balanças pediátricas populacionais.
tenham precisão mínima de dez gramas e, as balanças tipo
plataforma, de cem gramas. Isso porque pequenas alterações no peso ANTROPÔMETRO HORIZONTAL OU VERTICAL
são indicadores nutricionais importantes para as crianças de 2 anos.
A medida da estatura pode ser obtida na posição deitada, em sentido
horizontal, quando se trata do comprimento e, na posição em pé, no
sentido vertical, para o que se denomina altura.

O infantômetro é o equipamento utilizado para medir o comprimento


de crianças menores de dois anos. Pode ser denominado de
antropômetro infantil, horizontal; régua antropométrica, ou
pediômetro.

Para crianças maiores de 2 anos, adolescente, adultos, idosos e


gestantes, a altura é aferida utilizando-se o antropômetro vertical ou
estadiômetro.

2) FITA MÉTRICA

A fita métrica deve ser utilizada somente para medir a circunferência


da cintura em adultos. Utilize, de preferência, uma fita métrica de
material resistente, inelástica e flexível, com precisão 0,1 cm.

AFERIÇÃO DO PESO
em crianças menores de dois anos
As crianças menores de 2 anos devem ser pesadase medidas
sempre completamente despidas e no presença do mãe ou do
responsável, pois estes devem auxiliar no retirada do roupa do
criança e no tornado do medida Lembre-se que uma fralda
a) a balança pediátrica utilizada para criança menores de 2 molhada pode representar até 20% do peso de uma criança.
anos ou até com 16kg, pode ser mecânica ou eletrônica
Se for utilizar a balança pediátrica

A balança pediátrica ou “tipo bebê” e o equipamento apropriado para


crianças menores de 2 anos que ainda não ficam de pé com
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segurança. É preciso ainda ter muito cuidado para pesar crianças equipamento.
pequenas, a fim de se evitar acidentes. Certifique-se de que a balança
7º Passo: Mover o cursor maior sobre a escala numérica para marcar
está apoiada sobre uma superfície plano, lisa e firme. Forre o prato
os quilos.
com uma proteção antes de calibrar a balança para evitar erros na
pesagem. 8º Passo: Depois mover o cursor menor para marcar os gramas.
1º Passo: Destravar a balança. 9º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
2º Passo: Verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o 10º Passo: Travar a balança, evitando, assim, que sua mola desgaste,
fiel devem estar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá- assegurando o bom funcionamento do equipamento.
la, girando lentamente o calibrador.
11º Passo: Realizar a leitura de frente para o equipamento com os
3º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados. olhos no mesmo nível da escala para visualizar melhor os valores
apontados pelos cursores.
4º Passo: Após constatar que a balança está calibrada, ela deve ser
travada. 12º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e
Nutricional/ prontuário.
5º Passo: Despir a criança com o auxílio da mãe ou responsável.
13º Passo: Retirar a criança e retornar os cursores ao zero na escala
6º Passo: Colocar a criança sentada ou deitada no centro do prato, de
numérica.
modo a distribuir o peso igualmente. Destravar a balança, mantendo
a criança parada o máximo possível nessa posição. Orientar a mãe ou 14º Passo: Marcar o peso na Caderneta de Saúde da Criança.
responsável a manter-se próximo, sem tocar na criança, nem no
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Se for utilizar balança pediátrica eletrônica (digital) mãe/responsável a manter-se próximo, sem tocar na criança, nem no
equipamento.
1º Passo: A balança deve estar ligada antes de a criança ser colocada
sobre o equipamento. Esperar que a balança chegue ao zero. 4º Passo: Aguardar que o valor do peso esteja fixado no visor e realizar
a leitura.
2º Passo: Despir totalmente a criança com o auxílio da
mãe/responsável. 5º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e
Nutricional - SISVAN/prontuário. Retirar a criança.
3º Passo: Colocar a criança despida no centro do prato da balança,
sentada ou deitada, de modo que o peso fique distribuído. Manter a 6º Passo: Marcar o peso na Caderneta de Saúde da Criança.
criança parada (o máximo possível) nessa posição. Orientar a

em crianças Maiores de dois anos, adolescentes e adultos 7º Passo: Mover o cursor maior sobre a escala numérica, para marcar os
quilos.
As crianças maiores de 2 anos devem ser pesadas descalças e com roupas
8º Passo: Depois mover o cursor menor para marcar os gramas.
bem leves. Idealmente, devem usar apenas calcinha, short ou cueca, na
presença da mãe ou do responsável. Os adultos e adolescentes devem ser 9º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.
pesados descalços e usando roupas leves. Devem ser orientados a retirarem
objetos pesados tais como chaves, cintos, óculos, telefones celulares e 10º Passo: Travar a balança, evitando, assim que sua mola desgaste,
quaisquer outros objetos que possam interferir no peso total. assegurando o bom funcionamento do equipamento.

Se for utilizar balança mecânica de plataforma 11º Passo: Realizar a leitura de frente para o equipamento, para visualizar
melhor os valores apontados pelos cursores.
Inicialmente certifique-se de que a balança plataforma está afastada da
parede. 12º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional
– SISVAN e no prontuário.
1º Passo: Destravar a balança.
13º Passo: Retirar a criança, adolescente ou adulto.
2º Passo: Verificar-se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel
devem estar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá-la, girando 14º Passo: Retornar os cursores ao zero na escala numérica.
lentamente o calibrador,
15º Passo: Marcar o peso das crianças na Caderneta de Saúde da Criança.
3º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados.

4º Passo: Após a calibração da balança, ela deve ser travada e só então a


criança, adolescente e adulto deve subir na plataforma para ser pesado.

5º Passo: Posicionar o indivíduo de costas para a balança, descalço, com o


mínimo de roupa possível, no centro do equipamento, ereto, com os pés juntos
e os braços estendidos ao longo do corpo. Mantê-lo parado nessa posição.

6º Passo: Destravar a balança.


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AFERIÇÃO DO COMPRIMENTO braços estendidos ao longo do corpo, com a cabeça erguida, olhando para um
ponto fixo na altura dos olhos.
EM CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS
2º Passo: A cabeça do indivíduo deve ser posicionada no plano de Frankfurt
O comprimento é a distância que vai da sola (planta) dos pés descalços, ao (margem inferior da abertura do orbital e a margem superior do meatus
topo da cabeça, comprimindo os cabelos, com a criança deitada em superfície auditivo externo deverão ficar em uma mesma linha horizontal).
horizontal, firme e lisa. Deve-se retirar os sapatos da criança. Deve-se,
3º Passo: As pernas devem estar paralelas, mas não é necessário que as
também, retirar toucas, fivelas ou enfeites de cabelo que possam interferir
partes internas das mesmas estejam encostadas. Os pés devem formar um
na tomada da medida.
ângulo reto com as pernas.
1º Passo: Deitar a criança no centro do infantômetro, descalça e com a cabeça
Idealmente, o indivíduo deve encostar os calcanhares, as panturilhas, os
livre de adereços.
glúteos, as escápulas e parte posterior da cabeça (região do occipital) no
2º Passo: Manter, com a ajuda da mãe/ responsável: estadiômetro ou parede. Quando não for possível encostar esses cinco pontos,
devem-se posicionar no mínimo três deles.
- a cabeça apoiada firmemente contra a parte fixa do equipamento, com o
pescoço reto e o queixo afastado do peito, no plano de Frankfurt (margem
inferior da abertura do orbital e a margem superior do meatus auditivo
externo deverão ficar em uma mesma linha horizontal).;

- os ombros totalmente em contato com a superfície de apoio do infantômetro;

- os braços estendidos ao longo do corpo.

3º Passo: As nádegas e os calcanhares da criança em pleno contato com a


superfície que apoia o infantômetro.

4º Passo: Pressionar, cuidadosamente, os joelhos da criança para baixo, com


uma das mãos, de modo que eles fiquem estendidos. Juntar os pés, fazendo
um ângulo reto com as pernas. Levar a parte móvel do equipamento até as 4º Passo: Abaixar a parte móvel do equipamento, fixando-a contra a cabeça,
plantas dos pés, com cuidado para que não se mexam. com pressão suficiente para comprimir o cabelo. Retirar o indivíduo, quando
tiver certeza de que o mesmo não se moveu.

5º Passo: Realizar a leitura da estatura, sem soltar a parte móvel do


equipamento.

6º Passo: Anotar o resultado no formulário da Vigilância Alimentar e


Nutricional - SISVAN e no prontuário. Para crianças, marcar a altura na
Caderneta de Saúde da Criança.

5º Passo: Realizar a leitura do comprimento quando estiver seguro de que a


criança não se moveu da posição indicada.

6º Passo: Anotar o resultado no formulário da Vigilância Alimentar e


CAPURRO SOMÁTICO
Nutricional - SISVAN e no prontuário e retirar a criança. Marcar a medida da
Ao longo do tempo diversos escores clínicos foram confeccionados
estatura na Caderneta de Saúde da Criança.
com o objetivo de se avaliar a idade gestacional, sendo os mais
AFERIÇÃO DA ALTURA utilizados os métodos de Dubowitz, Capurro e New Ballard.

O escore de Dubowitz (1970) utiliza 11 critérios físicos externos e 10


EM CRIANÇAS MAIORES DE DOIS ANOS,ADOLESCENTE E ADULTOS
critérios neurológicos para estimar a idade gestacional ao
A estatura é a medida do indivíduo na posição de pé, encostado numa parede nascimento. Pode ser realizado até o 5º dia de vida e tem boa acurácia.
ou antropômetro vertical.
Entretanto, sua extensão limita seu emprego na prática clínica. Então,
1º Passo: Posicionar a criança, adolescente ou adulto descalço e com a cabeça Capurro e colaboradores criaram outro método a partir da
livre de adereços, no centro do equipamento. Mantê-lo de pé, ereto, com os simplificação do método de Dubowitz, utilizando para isso apenas
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cinco (Capurro Somático) ou seis características clínicas (Capurro


Somatoneurológico) que deveriam ser analisadas idealmente nas 4-6
primeiras horas de vida em neonatos a partir de 29 semanas de vida.

O método de Capurro é simples, fácil e difusamente empregado na


prática clínica neonatal. Entretanto, devemos ressaltar que não é um
escore tão fidedigno quanto aquele que o originou, mas, na maioria das
vezes, presta-se bem à avaliação geral do bebê a termo.

Cada uma das características tem várias opções e cada opção, uma
pontuação que foi determinada através de diferentes estudos. Será, ao
final, a soma desses pontos o que vai determinar a idade gestacional.
As características utilizadas desse método são: 3) Formação do mamilo

1) Forma da orelha Observe ambos os mamilos e com uma fita métrica meça se o diâmetro
é apenas visível, < que 7,5mm, > 7,5mm com aréola pontilhada e sem
Trata-se de observar (sem tocar) a encurvação do pavilhão da orelha. elevação de bordo, > 7,5mm com aréola pontilhada e bordos elevados.
O observador deve ficar de frente para a criança e observar em
particular se o bordo superior do pavilhão auricular forma uma
cobertura pelos lados. A seguir, avalie o grau de encurvamento
observado em cada pavilhão virando a face da criança de um lado para
outro. Se pela posição ao nascimento o recém-nascido permanece com
uma orelha achatada, não avalie esta. Se nenhuma das duas orelhas
encontra-se achatada, avalie as duas. Assinale a pontuação de 0, 8, 16
ou 24 dependendo da encurvação.

4) Textura da pele

Palpe e examine a pele e os antebraços, mãos, pernas e pés e veja se


no dorso das mãos e pés existem zonas de descamação ou rachaduras.
Dependendo da profundidade das rachaduras ou da presença de
descamação, pontue em 0, 5, 10, ou 20.

2) Tamanho da glândula mamária

Antes de palpar a zona correspondente ao nódulo mamário, pince


suavemente o tecido celular subcutâneo adjacente para que seja
possível avaliar se o que se mede é ou não tecido mamário. Utilize uma
fita métrica e, com a outra mão, palpe o tecido que se encontra debaixo
e em volta do mamilo. Especifique se é possível palpar tecido mamário
ou não, e se seu diâmetro é < 5mm, de 5mm a 10mm ou > que 10mm.

5) Pregas plantares

Observe a planta de ambos os pés e logo hiperestenda ambas de


maneira que se mantenha tensa a pele da planta. A diferença entre
pregas e sulcos plantares é que os primeiros tendem a desaparecer
quando se estende a pele, os sulcos continuam marcados claramente.
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Dependendo da quantidade de sulcos e pregas, pontua-se 0, 5, 10, 15


ou 20. CÁLCULO
Somam-se os pontos das 5 características. Ao resultado
acrescenta-se a constante 204 para Capurro Somático. O
resultado divide-se por 7, que é o número de dias
transformados em semanas.
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Para o cálculo mais rápido, sem ter que se fazer operações positivos (APGAR baixo com ausência de asfixia neonatal) e falso-
matemáticas, utiliza-se o gráfico seguinte. A soma dos 5 parâmetros negativos (APGAR alto com asfixia neonatal).
busca-se na coluna horizontal e, a seguir, siga a linha até encontrar a
coluna vertical das semanas de gestação. A confecção do boletim de APGAR é derivada da avaliação de cinco
parâmetros clínicos – respiração, frequência cardíaca, cor, resposta a
estímulos e tono – sendo que cada um recebe uma pontuação variando
entre 0, 1 e 2. Sendo assim, a pontuação mínima é 0 e a máxima é 10.

Rotineiramente, calculamos o APGAR no 1º e 5º minutos. Sempre que a


pontuação for menor ou igual a 6, o escore continua a ser calculado
com intervalos de cinco minutos (ex.: 10º, 15º, 20º minutos) até que se
obtenha uma nota maior ou igual a 7.

O APGAR no passado foi desenvolvido para avaliar aqueles neonatos


que necessitariam de reanimação e para avaliar a sobrevida. Por
exemplo, um APGAR baixo no primeiro minuto indica que aquele
neonato necessitou e ainda necessita de cuidados de reanimação
imediata.

Mais uma vez ressaltamos que NÃO é necessário aguardar o primeiro


minuto para calcular o APGAR e somente então iniciar as manobras de
ESCALA DE APGAR ressuscitação. Estas devem ser começadas o mais precocemente
possível, e o cálculo do escore é, na prática, feito retrospectivamente
O boletim APGAR é um escore de avaliação da vitalidade neonatal a estabilização do RN.
precoce e foi criado pela anestesista Virgínia APGAR, em 1952, e que
atribui uma pontuação de 0 a 2 a cada um dos seguintes parâmetros: Contudo, o APGAR não tem o “poder” de determinar ou predizer o
respiração, frequência cardíaca, tono, resposta reflexa e cor. Sua prognóstico neurológico em longo prazo. Por exemplo, muitas crianças
simplicidade e confiabilidade asseguraram sua ampla difusão na com paralisia cerebral apresentaram escore APGAR normal ao
prática clínica neonatal, garantindo uma utilização irrestrita até os nascimento, e nem todas com APGAR baixo evoluirão com sequela
dias de hoje. neurológica. Além disso, verificou-se que um APGAR de 0-3 no 5º
minuto ou pH no sangue do cordão umbilical < 7.0 estavam associados
Um dos objetivos do boletim APGAR é identificar o RN deprimido, que à morte neonatal precoce.
possivelmente necessitou de manobras de reanimação. Entretanto, ele
NÃO pode ser o fator que determinará o início das manobras de A nota do primeiro minuto se correlaciona com o pH do cordão
reanimação, até porque sua primeira aferição acontece apenas no umbilical e é um índice de depressão intraparto, não estando
primeiro minuto de vida. relacionado com resultados a longo prazo. Por exemplo, um APGAR
menor ou igual a 4 no primeiro minuto está associado à acidose e
Perceba que a decisão de começar a reanimação é tomada mediante PaCO2 alta. Por outro lado, a permanência de pontuação baixa além
a avaliação da respiração e da frequência cardíaca ANTES deste do 1º minuto está vinculada a consequências deletérias em longo
primeiro minuto de vida. O APGAR é uma medida de vitalidade, que prazo. Um APGAR baixo no 20º minuto é altamente compatível com um
deve e pode ser calculada depois que as medidas de cuidado inicial
forem tomadas. Não se recomenda perder tempo calculando o APGAR
somente para então decidir se há ou não necessidade de reanimar o
bebê.

O tempo é precioso e uma assistência adequada e rápida na sala de


parto faz toda diferença para manutenção da vida e preservação
neurológica do RN. Teoricamente, um escore baixo indica a presença
de asfixia neonatal; e um escore alto (normal), sua ausência. Contudo,
estudos recentes demonstraram que o valor do escore não traz a
“verdade absoluta”, havendo uma proporção considerável de falso-
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mau prognóstico neonatal (mortalidade e disfunção neurológica


permanente).

CAPURRO NEUROLÓGICO PIG E BAIXO PESO AO NASCER


Definimos que RN PIG são aqueles com o peso de nascimento abaixo do
percentil 10 da curva em relação à idade gestacional. Como
mencionado anteriormente, nem todo RN PIG sofreu CIUR (Crescimento
intrauterino restrito). Alguns PIG podem ser constitucionalmente
pequenos, e alguns AIG podem não ter atingido seu total potencial de
crescimento intraútero e ter sofrido uma restrição ao crescimento.

Incidência: cerca de 5% no Nordeste

ETIOLOGIA

FATORES MATERNOS

Causas genéticas, condições demográficas (ex.: extremos da idade


reprodutiva) raça, desnutrição materna, doença crônica (ex.:
cardiopatia, pneumopatia, nefropatia, hipertensão, tabagismo, uso de
cocaína, doenças do colágeno, diabetes, pós-maturidade),
multiparidade, exposição ao álcool e radiação.

FATORES PLACENTÁRIOS

Malformações, corioangioma (proliferação anómala de vasos


provenientes do tecido coriónico), infartos, placenta prévia,
descolamento prematuro de placenta.

Constitucional (RN “geneticamente” pequeno), cromossomopatias,


malformações de SNC e sistema esquelético, infecções congênitas (ex.:
rubéola e CMV).

De qualquer forma, os RN PIG que sofreram processo patológico


intraútero (CIUR) estão sujeitos a algumas alterações típicas:

Asfixia
Aspiração de mecônio – pode ocorrer durante o parto ou
antes do parto
Hemorragia pulmonar
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Hipertensão pulmonar persistente. hipocalcemia


Hipotermia. hiperbilirrubinemia
Hipoglicemia: há diminuição da gliconeogênese, menor acidose metabólica
reserva de glicogênio hepático, além de uma resposta h) dificuldade de sucção e/ou deglutição (menor de 34
inadequada das catecolaminas à hipoglicemia. semanas)
Policitemia: consequente à elevação da eritropoietina fetal i) maior risco de infecção (imaturidade do sistema
pela hipóxia crônica intraútero, levando ao aumento do imunológico)
hematócrito e da viscosidade sanguínea, que acabam
RECÉM-NASCIDO COM CIUR
perpetuando a hipoglicemia.
Hipocalcemia. a) Dependentes da Etiologia
Infecção intra-uterina;
O baixo peso ao nascer (BPN) é considerado um dos grandes problemas
Anormalidades cromossômicas
de saúde pública, especialmente no Brasil, devido ao impacto sobre a
Outras malformações.
morbidade e mortalidade infantil. A prematuridade e a restrição do
b) Independentes da Etiologia
crescimento intra-uterino (RCIU) têm sido apontadas como as maiores Sofrimento fetal
responsáveis por essa condição. A inter-relação dessas variáveis Síndrome de aspiração de mecônio;
forma um quadro significativo de riscos às doenças, além de poder Síndrome hipóxico-isquêmica.
levar a morte no primeiro ano de vida. Hipotermia
Distúrbios metabólicos
A definição de BPN pela Organização Mundial da Saúde é o peso ao
Hipoglicemia;
nascimento a termo (> 37 semanas de gestação) abaixo de 2,5Kg. Hipomagnesemia.
Mesmo com o peso e o comprimento adequados para a idade Policitemia
gestacional, muitas crianças prematuras entram na definição de BPN.
Uma das alterações cruciais em bebês de baixo peso ocorre no
É considerado recém-nascido de baixo peso, todo aquele que nasce desenvolvimento motor. A literatura tem referido atrasos e problemas
com peso inferior a 2.500g. Neste critério estão incluídos tanto os motores específicos, embora eles se originem de uma variedade de
prematuros quanto os RN de termo com retardo do crescimento avaliações motoras diferentes. Na maioria dos estudos, é possível
intrauterino. Estes neonatos apresentam alguns problemas comuns e notar diferenças no desenvolvimento entre recém-nascidos de muito
outros que os diferenciam entre si. baixo peso e os de peso adequado.

Varia de acordo com o país ou região em função das condições sócio- COMPLICAÇÕES DOS PREMATUROS
econômicas. No Brasil a média é de 10,2% variando de acordo com a
região de 8,6% a 12,2%. Em 1961 a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu que prematuro
é todo RN que nasce com menos de 37 semanas completas (< 259 dias
RECÉM-NASCIDO PREMATURO ou 36 semanas e 6 dias) a partir do primeiro dia da última
menstruação, considerando-se como limite inferior o tempo de 22
a) regulação da temperatura
hipotermia semanas. RN prematuro não é sinônimo de RN de baixo peso (< 2.500
hipertermia g). Embora haja um percentual considerável de prematuros com peso
b) apnéia de nascimento menor que 2.500 g, muitos bebês de baixo peso
c) problemas hematológicos possuem idade gestacional a termo, sendo então classificados como
anemia PIG ou CIUR.
sangramento
d) problemas neurológicos Os RN prematuros AIG têm o peso ao nascer adequado à idade
hemorragia intracraniana gestacional. Contudo, muitos prematuros também são PIG (Pequenos
e) problemas respiratórios para a Idade Gestacional), agravando ainda mais seu prognóstico
Membrana hialina; futuro.
Insuficiência respiratória transitória;
Displasia broncopulmonar; 1. Alimentação e aporte hídrico
f) problemas cardiovasculares Os prematuros perdem cerca de 15% do peso de nascimento na
hipotensão primeira semana de vida e recuperam seu peso por volta de 14ª-21ª
hipovolemia dia de vida. A partir daí suas taxas de crescimento aproximado são:
g) problemas metabólicos 10-20 g/kg/dia de peso, 1 cm/semana de comprimento e 0,5-1
hipoglicemia
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cm/semana de perímetro cefálico. Portanto, percebemos que os A fototerapia profilática é iniciada para todos os bebês com menos de
prematuros apresentam reservas nutricionais insuficientes, um 1.000 g nas primeiras 24 horas de vida, independente dos níveis de
sistema digestivo imaturo e uma alta demanda metabólica de bilirrubina.
crescimento (120-130 Kcal/kg/dia). Estes fatores reunidos justificam o
desafio de estabelecer uma nutrição adequada para este grupo de
crianças.

2. Controle respiratório

Quanto menor a idade gestacional, maior será a perda insensível de


água pela pele e maior deverá ser o volume hídrico oferecido
inicialmente. Com o amadurecimento progressivo da pele, durante os
primeiros dias de vida, as perdas insensíveis diminuem. Os RN
prematuros extremos geralmente permanecem em incubadoras
umidificadas, o que acaba diminuindo a perda insensível, permitindo a
oferta de líquidos de forma mais restrita. As taxas hídricas (em
ml/kg/dia) são sugeridas por faixas.

3. Controle infeccioso

Prematuros com menos 1.000 g têm risco muito aumentado para sepse
com estreptococos do grupo B e Gram-negativos entéricos. Para estes
bebês, recomenda-se o uso de antibióticos profiláticos, geralmente

4. Controle Cardiovascular

Pressão Arterial. Geralmente uma pressão arterial média de 26 a 28


mmHg para prematuros de 24-26 semanas de idade gestacional é o
suficiente para garantir uma boa perfusão orgânica. O tratamento
inicial da hipotensão é feito com a infusão de salina fisiológica 10-20
ml/kg/dia, seguido da administração de aminas (ex.: dopamina,
norepinefrina) e hidrocortisona (1 mg/kg EV 12/12h) para os casos
refratários.

Persistência do canal arterial. O ducto arterial costuma ter seu fluxo


reduzido nas primeiras 10h de nascimento, fechando-se
completamente entre o 3º e o 10º dia de vida. O fechamento é
decorrente da queda abrupta nos níveis de PGE2 e aumento da PO2.
Nos prematuros, especialmente aqueles com menos de 30 semanas ou GIG E MACROSSÔMICO
com disfunção respiratória, o ducto tende a permanecer aberto por
RN GIG é todo RN que nasce com peso e comprimento acima do
mais de quatro dias e, se for calibroso, gera um shunt esquerda-
percentil 90 ou com mais de dois desvios padrões para idade
direita, provocando hiperfluxo pulmonar e ICC (cardiomegalia, edema
gestacional. Como o peso máximo correspondente ao P90 para 42
pulmonar, disfunção respiratória, hipoperfusão orgânica). O PCA em
semanas é próximo de 3.800 g, como regra prática, podemos inferir
prematuro aumenta o risco de hemorragia pulmonar, displasia
que todo bebê com mais de 4.000 g será invariavelmente um GIG. Mas
broncopulmonar, hemorragia intraventricular e enterocolite
cuidado, isso é apenas uma dica. Formalmente, termo GIG é
necrosante. O diagnóstico é confirmado pelo ecocardiograma. Controle
determinado pelo peso/ comprimento em relação à idade gestacional,
infeccioso
e não apenas pela medida do peso isolada.
4. Controle da Hiperbilirrubinemia
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ETIOLOGIA estes bebês e monitorizar os níveis glicêmicos periodicamente nas


primeiras horas de vida.
1. Constitucionalmente grandes.
NEW BALARD
Filhos de mães com diabetes mellitus (classes A, B e C). Mecanismo:
passagem de glicose em excesso pela placenta provoca hiperglicemia O NBS é um método de avaliação da idade gestacional (IG) de recém-
fetal que, por sua vez, determina maior produção de insulina pelo nascido (RN) através da análise de 6 parâmetros neurológicos
pâncreas fetal (hiperinsulinemia fetal). A insulina tem efeito trófico, (postura, ângulo de flexão do punho, retração do braço, ângulo
acelerando o crescimento do feto. É a causa mais importante e mais poplíteo, sinal do xale, calcanhar-orelha) e 6 parâmetros físicos (pele,
frequente! lanugo, superfície plantar, glândula mamária, olhos/orelhas, genital
masculino, genital feminino), a cada um dos quais se atribui uma
2. Pós-termo.
pontuação que na somatória determinará a estimativa da idade
• Obesidade materna.
gestacional. Este é um método modificado da versão original sendo
• Síndromes genéticas (ex.: Síndrome de Beckwith-Wiedeman).
agregados alguns itens, permitindo assim a avaliação de RN com IG a
CONSEQUÊNCIAS partir de 20 semanas. A correlação entre o NBS e a IG calculada pela
amenorréia é de 0,97; para o RN < 26 semanas, esta correlação foi
Parto de feto macrossômico: distocias, parto prolongado, necessidade mantida quando o método foi aplicado nas primeiras 12 horas de vida.
de cesárea, tocotraumatismos (ex.: fratura de clavícula, lesão de plexo
nervoso). O New Ballard é bastante preciso quando aplicado até 12-20 horas
após o nascimento, pode ser aplicado em prematuro extremo, requer
RN de mãe diabética: polidrâmnio, hipoglicemia neonatal (pela pouca manipulação e sofre pouca influência por depressão
hiperinsulinemia fetal), hipocalcemia neonatal, icterícia neonatal, neurológica. Atualmente, é o escore de avaliação de idade gestacional
policitemia, morte intrauterina, malformações cardíacas e mais utilizado em prematuros e neonatos a termo.
neurológicas. É importante iniciar dieta o mais precocemente para
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EXAME NEUROLÓGICO
POSTURA

Com o RN em repouso, observar a atitude dos 4 membros.

O. Deflexão total dos 4 membros.

1. Flexão ligeira dos quadris e joelhos.

2. Flexão moderada ou acentuada dos membros inferiores e discreta


flexão do antebraço.

3. Membros inferiores em flexão, quadris abduzidos, com membros


superiores com alguma flexão (posição de batráquio).

4. Os quatro membros apresentam flexão igual e forte.

ÂNGULO DE FLEXÃO DO PUNHO

Flexionar a mão sobre o punho, exercendo pressão suficiente para


obter o máximo de flexão possível. Medir o ângulo entre a iminência
hipotenar e a face anterior do antebraço.

RETRAÇÃO DO BRAÇO

Flexionar ao máximo o antebraço durante 5 segundos, em seguida


estender ao máximo através de 185 tração das mãos, soltando em
seguida observando o ângulo entre o braço e antebraço.

ÂNGULO POPLÍTEO

Com o RN em decúbito dorsal e a pelve apoiada na superfície da mesa


de exame, a perna é flexionada por completo sobre a coxa com uma
das mãos, e com a outra mão a perna é estendida, observando-se o
ângulo obtido.

SINAL DO XALE

Com o RN em decúbito dorsal, segurar umas das mãos e levá-la o


máximo possível em direção ao ombro do lado contralateral. Permite-
se levantar o cotovelo sobre o corpo. A contagem de pontos se faz
segundo a localização do cotovelo.

-1: cotovelo ultrapassa a linha axilar do lado oposto.

O: cotovelo atinge a linha a linha axilar anterior contralateral.

1: permanece entre a linha axilar contralateral e a linha média.

2: cotovelo na linha média do tórax. 3: cotovelo não chega à linha


média do tórax.

MANOBRA DE CALCANHAR-ORELHA

Levar um dos pés ao máximo possível em direção à cabeça, mantendo


a pelve sobre a mesa. Atribua os pontos conforme a figura.
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exame clínico baixo:1 a 2 mortes por 1.000 gravidezes em curso, entre 41 e 43


semanas.
No item superfície plantar medir o comprimento dos pés, da
extremidade do primeiro artelho até a extremidade do calcanhar. Vários riscos fetais podem ser enumerados, porém os mais relevantes
Atribuir pontuação menos 1 quando a medida obtida estiver entre 40 e são: crescimento fetal e placentário inadequado após 41 semanas,
50 mm e pontuação menos 2 quando a medida encontrada for inferior alterações degenerativas placentárias crescentes, incidência
a 40 mm. progressiva de líquido meconial, volume reduzido de líquido amniótico,
oxigenação e nutrição fetal deficientes, unidade fetoplacentária
No item olhos-orelhas avaliar o grau de dificuldade encontrado para a gradualmente lesada, índices aumentados de sofrimento fetal, asfixia
abertura forçada das pálpebras. Frouxamente aderidas no caso de intrauterina, aspiração de mecônio (a mais temida complicação),
uma ou ambas poderem ser separadas com leve tração. Fortemente fratura óssea, paralisia nervosa periférica, pneumonia, septicemia e
aderidas quando ambas as pálpebras não são separadas por leve mortes perinatais.
tração.
ABORTO
macrossômicos
O abortamento é definido como a interrupção da gravidez antes de
O termo macrossomia é usado para descrever recém-nascidos (RN) atingida a viabilidade fetal. A Organização Mundial da Saúde
com peso ao nascimento superior a determinado limite, não estabelece como limite para caracterizá-lo a perda de conceptos de
consensual na literatura.1 Estudos prévios têm usado como definição até 22 semanas ou 500 gramas. Os termos “abortamento” e “aborto”
de macrossomia neonatal peso ao nascimento superior a 4000, 4500 algumas vezes são empregados como sinônimos, porém
ou 5000 g, independentemente da idade gestacional.2,3 O relatório do “abortamento” refere-se ao processo e “aborto”, ao produto eliminado.
Consenso sobre Diabetes e Gravidez de 2011, publicado pela Direção-
O abortamento é a mais comum intercorrência obstétrica. Até 20% das
Geral da Saúde (DGS), define macrossomia neonatal como peso ao
gestações evoluem para aborto antes de 20 semanas, sendo que,
nascimento igual ou superior a 4000 g.4 A prevalência de RN com peso
destas, 80% são interrompidas até a 12ª semana. A perda de gestações
superior a 4000 g varia em diferentes populações entre 5 e 20%. A
subclínicas ou não diagnosticadas é ainda maior, podendo chegar a
maior proporção foi encontrada nos países nórdicos.1 Com o aumento
30%. A frequência diminui com o avançar da idade gestacional, sendo
da prevalência de diabetes mellitus e obesidade das mulheres em
que o risco geral de abortar depois da 15ª semana é baixo (0,6%). O
idade reprodutiva, é expectável um aumento paralelo dos RN
abortamento é dividido em precoce e tardio, respectivamente, se
macrossómicos.
ocorre antes ou após a 12ª semana de gestação.
A macrossomia aumenta o risco de complicações para a mãe e para o
FATOR DE RISCO
RN. Desproporção feto-pélvica, maior necessidade de parto por
cesariana, traumatismo perineal, aumento do tempo de internamento • Idade: o risco de aborto aumenta com o avançar da idade
após o parto e necessidade de transfusão sanguínea são as materna, chegando a 40% aos 40 anos e 80% aos 45 anos;
complicações maternas mais frequentes.5,7,9 A distócia de ombros é • Antecedente de aborto espontâneo: aumenta após duas ou mais
uma complicação neonatal bem estabelecida, podendo ocorrer, perdas;
associadas ou não a esta, fratura da clavícula ou lesão do plexo • Tabagismo: o consumo de mais de 10 cigarros por dia aumenta
braquial.16,17 Recém-nascidos macrossómicos apresentam maior em cerca de 1,5 a 3 vezes a chance de abortar. O tabagismo
risco de baixo índice de Apgar ao 5º minuto, síndrome de aspiração paterno também pode ser prejudicial. Dessa forma, os casais
meconial, hipoglicemia ou doença das membranas hialinas devem ser encorajados a abandonar o hábito;
• Consumo de álcool e drogas;
PÓS-TERMO • Uso de anti-inflamatórios não hormonais: pode aumentar o risco
de abortar se usados próximos à concepção. O uso de
Dados de grandes registros mostram que o risco de morte perinatal, acetaminofeno, no entanto, constitui opção segura;
especialmente de natimortalidade pré-parto, aumenta com o avançar • Cafeína: alguns estudos mostram associação entre alto consumo
da idade gestacional. Se o risco é calculado com base no número de de cafeína (mais que quatro xícaras de café expresso por dia) e
casos de gravidez em curso, a idade gestacional de alto risco fetal abortamento, mas os dados ainda são um pouco controversos;
específico atinge um ponto mais baixo em 37-38 semanas e depois • Extremos de peso: IMC < 18,5 ou > 25.
começa a aumentar lentamente; depois de 41 semanas, os riscos
aumentam substancialmente; no entanto, o risco absoluto ainda é
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ETIOLOGIA

Anormalidades cromossômicas: são as causas mais comuns,


responsáveis por até 50% das perdas gestacionais precoces. Decorrem
de gametas anormais, fertilização anômala ou irregularidades na
divisão embrionária. A maioria acontece por acaso, não sendo
decorrentes de “defeitos herdados” da mãe ou do pai. A alteração
cromossômica mais frequente no aborto é a Trissomia do cromossomo
16. Só podem ser confirmadas quando o material de aborto é enviado
para análise citogenética.

Alterações uterinas: podem ser congênitas ou adquiridas. Dentre as


congênitas, temos as malformações uterinas – útero bicorno, septado,
didelfo e unicorno. São alterações na forma do útero que podem piorar
o sítio de implantação e a vascularização, aumentando o risco de
perda gestacional. A mais comum delas é o útero septado, também o
único passível de correção cirúrgica. Nos demais casos, devem ser
oferecidos apenas orientação e segmento. Dentre as alterações
adquiridas, temos os leiomiomas e as sinéquias (aderências). Sugere-
se que sejam corrigidas cirurgicamente quando são de grande
dimensão e deformam a cavidade uterina.

Fatores endócrinos: alterações na produção de progesterona e dos


hormônios tireoidianos podem, a rigor, prejudicar o desenvolvimento
de um embrião normal, mas sua relação exata com o abortamento
ainda permanece controversa. O diabetes insulino-dependente mal
controlado também aumenta o risco de perda.

Fatores imunológicos: são causas de abortamento de repetição, não


devendo ser pesquisados na perda precoce eventual.

Infecções: os principais processos infecciosos que podem levar ao


abortamento são rubéola, toxoplasmose, parvovirose,
citomegalovírus, HIV, sífilis e listeriose. Sem causa aparente: na
maioria das vezes não se determina a etiologia da perda gestacional.

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