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Teoria Geral do Direito Civil

Professor Ms: Vanderlei Ferreira de Lima

APOSTILA III

Código Civil - lei 10406/2011


1. DAS PESSOAS
O Código Civil menciona/trata em sua parte geral das pessoas, que é
o gênero, cujas espécies são:
1.1 Pessoas Naturais
1.2 Pessoas Jurídicas

2. DAS PESSOAS NATURAIS


2.1 Conceito (art. 1º CC)
Pessoas naturais são os seres humanos independentemente de seu
estado de saúde, situação econômica, religião, etnia, etc. Tanto é verdade,
que o Código Civil em seu art. 1º menciona “Toda pessoa” de forma a
abranger todos os seres humanos indistintamente (principio da igualdade).
O Código Civil se aplica a todos sem qualquer distinção. O conceito de
pessoa já era concebido no Direito Romano, todavia, naquela oportunidade,
esta concepção se aplicava a apenas uma parcela de pessoas, posto que a lei
vigente a época permitia a escravidão, ou seja, uma parcela de pessoas
eram consideradas com bens/patrimônio.

2.2 PERSONALIDADE (art. 2º CC)


Personalidade é a aptidão que as pessoas possuem para figurar no
polo ativo ou passivo de uma relação jurídica. Essa aptidão somente as
pessoas a possui, de forma que estão excluídos do conceito de
personalidade os animais, as coisas inanimadas, entes religiosos, etc.

2.2.1 Começo da personalidade


O Código Civil dispõe em seu art. 2º que “a personalidade civil da
pessoa natural começa do seu nascimento com vida”. Para verificar se a
pessoa nasceu com vida, o Código Civil adota o critério da respiração, ou
seja, se a pessoa nascer e morrer logo a seguir e tiver respirado ainda que
por um instante mínimo, terá adquirido personalidade e, em consequência,
contraído direitos e obrigações na ordem civil.
Para verificar se a pessoa respirou, realiza-se o exame clínico
denominado Docimásia Hidrostática de Galeno que ira constatar se no
pulmão daquela pessoa que nasceu e morreu logo a seguir tem oxigênio. Se
tiver oxigênio, ela respirou e, como consequência, adquiriu personalidade.

A verificação se o nascituro respirou ou não também é importante na


seara criminal para tipificar se houve crime de aborto, infanticídio, ou
homicídio.
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Teorias sobre o começo da personalidade:


a) Natalista: para os adeptos dessa teoria, o começo da personalidade civil
da pessoa natural se da com o seu nascimento com vida (art. 2º primeira
parte do CC).

b) Concepcionista: para os adeptos dessa teoria, quando o Código Civil


dispõe que “a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a sua
concepção”, ele adotou a teoria concepcionista posto que assegura direitos
à pessoa natural desde o momento em que ela é concebida, ou seja, desde o
momento da concepção (art. 2º segunda parte do CC).
Atualmente, a teoria concepcionista vem ganhando espaço posto que
alguns órgãos do poder judiciário vêm admitindo algumas ações ajuizadas
pelo nascituro com a finalidade de proteger seus direitos, dentre elas a ação
de alimentos (alimentos gravídicos – alimentos para o feto).

2.3 CAPACIDADE
A capacidade é a medida da personalidade e se divide em:

2.3.1 Capacidade de direito, de gozo ou de aquisição.


É a aptidão que todas as pessoas possuem para figurar no polo ativo
ou passivo de uma relação jurídica.

2.3.2 Capacidade de fato ou de exercício.


Trata-se da aptidão que a pessoa possui para, por si só, exercer os
atos da vida civil. Esta espécie de capacidade nem todas as pessoas a
possuem. Os absolutamente incapazes (art. 3º) e os relativamente incapazes
(art. 4º) não possuem essa espécie de capacidade.
Quando a pessoa possui a capacidade de direito ou de gozo, e a
capacidade de fato ou de exercício, afirma-se que ela possui a capacidade
plena. Quando ela possui apenas a capacidade de direito ou de gozo e não
possui a capacidade de fato ou de exercício que é o caso dos incapazes (art.
3º e 4º do CC), afirma-se que ela possui a capacidade limitada.

2.4 Dos incapazes (art. 3º e 4º CC)

Estas pessoas são consideradas absolutamente incapazes e qualquer


negócio jurídico celebrado por elas sem a devida representação é
considerado nulo.
2.4.1 Absolutamente incapazes (art. 3º CC)
Art. 3º inciso I, neste caso o legislador adotou o critério cronológico
e fixou que os menores de dezesseis anos são absolutamente incapazes
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independentemente de seu desenvolvimento intelectual e grau de


maturidade. Esta incapacidade prova-se por documento, todavia, se a
pessoa não tiver documentos, admite-se a realização de exames periciais.

Obs: Os Livros: Medicina Legal de Odon Ramos Maranhão e


Medicina Legal - Delton Croce; apresentam alguns exames
clínicos pelos quais se pode aferir a idade de uma pessoa.

Art. 3º inciso II, pessoas privada de qualquer discernimento


decorrente de enfermidade ou deficiência mental. Neste caso, o legislador
utilizou-se de formas genéricas “enfermidade ou deficiência mental”, de
forma que abrange toda e qualquer enfermidade e deficiência mental. Ex:
oligofrênica, esquizofrenia, mal de Alzheimer, amnesias, síndrome de
Dawn, etc. Estas causas devem ser permanentes e duradouras.
Art. 3º inciso III. Ébrios não habituais, usuários de substancias
entorpecentes, pessoa sob hipnose, etc. Neste caso, o fato que deu origem a
incapacidade absoluta é transitório. Qualquer negócio celebrado pela
pessoa em situação de incapacidade absoluta, ainda que a causa seja
transitória, é nulo.

2.4.2 Relativamente incapazes (art. 4º CC)

Estas pessoas são consideradas relativamente incapazes e o negócio


jurídico por elas celebrados sema devida assistência é considerado anulável
Art. 4º inc. I, estas pessoas também são denominadas de menores
púberes. Na pratica de negócios jurídicos, elas são assistidas. Embora estas
pessoas somente possam praticar negócios jurídicos mediante assistência, a
lei concede a elas o direito de celebrar alguns negócios jurídicos sem a
assistência. Exemplo: podem receber mandato (outorga de poderes -
representação contratual), fazer testamento, podem votar, podem ser
testemunhas, podem contrair matrimonio desde que autorizado pelos pais
(a idade núbil é a partir de dezesseis anos).

Art. 4º inc. II, neste caso, o alcoólatra deve ser habitual, bem como o
uso de substâncias entorpecentes e a deficiência mental devem
reduzir/diminuir a capacidade de entendimento da pessoa.
Art. 4º inc. III, neste caso, são pessoas portadoras de paralisias,
mutilações, portadores de síndrome de Dawn, etc. Desde que estas causas
reduzam-lhe a capacidade de entendimento.
Art. 4º inc. IV, pródigo é a pessoa que gasta imoderadamente,
dilapida seu patrimônio, de forma a prejudicar a própria subsistência e de
sua família.

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O prodigo, quando for interditado, não perde a administração dos


bens, todavia, não poderá aliena-los sem autorização judicial.
*Alienação – disposição de bens, transferência gratuita ou onerosa de bens.

*Obs.: A capacidade dos índios é regulamentada pelo Estatuto do Índio


(Lei 6001/73). O índio poderá ser considerado absolutamente incapaz ou
relativamente incapaz dependendo de seu grau de inclusão à nossa cultura.
É importante ressaltar que os índios são representados e defendidos pela
FUNAI (Fundação Nacional do Índio), bem como em todas as ações
judiciais que envolver interesses dos índios os representantes do Ministério
Público Federal ( procuradores da República) deverão manifestar-se nos
autos (Art. 22, inc. XIV C/C Art. 231/232 da CF/88).

2.4.3 Do processo de interdição (art. 1177 seguintes do CPC)


Trata-se de uma ação judicial ajuizada por qualquer parente próximo,
pelo cônjuge, ou pelo representante do Ministério Público que tem por
finalidade verificar o grau de incapacidade da pessoa, decretar a sua
interdição e nomear lhe um representante legal ou assistente legal.
Nesta ação, o juiz interroga o interditando indagando-lhe sobre sua
pessoa, sua família e seus bens. Se o juiz entender que a pessoa não possui
qualquer incapacidade, extingue a ação. Se o juiz entender que a pessoa
possui incapacidade, ainda que por indício, nomeia lhe um perito médico
para examiná-lo e emitir seu parecer.
Com a juntada do laudo, o advogado do autor da ação, e o advogado
do réu (interditando), bem como o representante do Ministério Público,
manifestam-se sobre todo o processo.
Após a conclusão de todos os atos referidos, o juiz proferirá sua
sentença julgando extinto o processo por improcedência da ação se
entender que o réu não possui qualquer incapacidade.
Se o juiz entender que o réu é incapaz, julgara a ação procedente
decretando-lhe a interdição e nomeando lhe um representante legal.
A sentença que decreta a incapacidade da pessoa produz efeito Ex
tunc retroagindo até a data em que ocorreu a causa que tornou a pessoa
incapaz. Esta sentença devera ser registrada no cartório de registro de
pessoas naturais onde foi emitida a certidão de nascimento do interditando
(Art. 9º CC).

*Efeito Ex nunc – dali para frente


*Efeito Ex tunc – para o passado, retroage ate certa data

2.4.4 Da Proteção dos incapazes (art. 115/120 CC)


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São instituto de proteção dos incapazes:


a)Representação
b)Assistência

O Código Civil criou um sistema de proteção dos incapazes de forma


que, o negócio jurídico celebrado pelo absolutamente incapaz (art. 3º) ou
relativamente incapaz (art. 4º), sem a devida representação ou assistência,
são nulos (art. 166, inc. I) ou anuláveis (art. 171 inc. I).
Para a validade do negócio jurídico celebrado pelo incapaz tem que
haver obrigatoriamente a representação ou a assistência. Essa representação
decorre da lei sendo portanto uma representação legal “ex legi” e constitui-
se num encargo público “munus público”, assumido pelo representante
legal que tem a obrigação de agir com zelo e presteza na administração da
pessoa do incapaz e de seus bens do incapaz, sob pena de ser chamado a
indenizar com seus próprios bens todos os prejuízos que der causa ao
incapaz.
*Obs.: A representação legal decorre da lei e é aquela deferida aos
incapazes (art. 115, primeira parte do CC). Enquanto a representação
contratual decorre de acordo de vontade entre as partes e está
consubstanciada num contrato de mandato (art. 115, segunda parte C/C art.
653/692 do CC).
*Intervalo lúcido: a pessoa declarada incapaz, às vezes, durante a sua
incapacidade, pode ter intervalos de normalidade, ou seja, age como uma
pessoa normal, com discernimento, é o denominado intervalo lúcido.
O nosso ordenamento jurídico não admite o intervalo lúcido de
forma que, celebrado negócio jurídico pelo incapaz, ainda que durante o
intervalo lúcido, este negócio jurídico será nulo ou anulável (art. 166, inc. I
e 171 inc. I).

CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE (art. 5º CC)


1. Introdução
Cessa a incapacidade desaparecendo a causa que a determinou. Estas
causas estão arroladas nos artigos 3º e 4º do Código Civil. Exemplo: se a
incapacidade decorre da menoridade, enfermidade ou doença mental,
desaparecendo estas causas, cessa a incapacidade.

2. Maioridade
O Código Civil, em seu art. 5º estabelece que a maioridade adquire-
se aos 18 anos, ficando a pessoa apta para praticar todos os atos da vida
civil.
O Código Civil unificou a maioridade civil com a maioridade penal,
que também se adquire aos 18 anos.
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Segundo o art. 932 do CC, os pais respondem civilmente por todos


os danos que seus filhos menores, que estiverem sob sua guarda, causarem
a terceiros. Desta forma, aos 18 anos cessa essa responsabilidade civil dos
pais por atos danos praticados pelos filhos menores.

3. Emancipação (tornar a pessoa capaz)


A emancipação trata-se de um ato que antecipa a maioridade.

Espécies de emancipação:

3.1 Voluntária: é aquela que decorre de ato de vontade dos pais que,
verificando que seu filho, maior de 16 anos e menor de 18 anos possui
maturidade suficiente, se dirigem ao cartório e lavram um instrumento
público de emancipação.
A emancipação voluntária torna a pessoa capaz para todos os efeitos
jurídicos, menos para isentar a responsabilidade civil dos pais por atos
danosos praticado por seus filhos em relação a terceiros (art. 932 inc. I do
CC).

3.2 Judicial: é aquela que decorre de decisão judicial, a


requerimento do tutor que, entendendo que o tutelado tem maturidade
suficiente, pleiteia ao juiz o deferimento de uma decisão judicial tornando-
o capaz.

3.3 Legal: é aquela que decorre da pratica de atos previstos na lei


que tornam o relativamente incapaz plenamente capaz. São eles:
a)O casamento. A idade núbil adquire-se aos 16 anos, ficando a
pessoa apta a, mediante autorização dos pais ou representante legal, para
contrair matrimônio. O relativamente incapaz que contrai casamento nestas
condições torna-se, pelo casamento, plenamente capaz.
Neste caso, o legislador entendeu que, se o relativamente incapaz
tem aptidão suficiente para constituir uma nova família, também tem
aptidão para ser considerado plenamente capaz. Além do que, se o
relativamente incapaz, após o casamento, continuasse sob a
responsabilidade dos pais, isto poderia levar a ingerências indevidas destes
pais na nova familiar.
O relativamente incapaz que se torna capaz pelo casamento, mantém
essa condição ainda que venha posteriormente a se separar ou se divorciar.
Por outro lado, se o casamento do relativamente incapaz for declarado nulo
(art. 1521 e seguintes do CC), este incapaz que se emancipou pelo
casamento volta à condição de relativamente incapaz, posto que o ato nulo
não gera efeito. É importante ressaltar que se o casamento for putativo, que
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é o casamento nulo ou anulável, mas que foi contraído de boa fé por um ou


ambos os nubentes, o relativamente incapaz, em face de sua boa fé, não
perde a condição de emancipado pelo casamento.
b)O exercício de cargo público efetivo. Neste caso, o legislador
entendeu que se a pessoa tem maturidade suficiente para exercer um cargo
público representando o Estado, também tem maturidade para ser
considerada capaz.
c)Colação de grau em nível superior. Art. 5º, IV do CC, este inciso
aplica-se aos gênios que são pessoas que, dado o seu grau de
intelectualidade, ingressam no ensino superior muito jovem e acabam
colando grau antes de completar 18 anos, fato que demonstra a sua
maturidade.
Art. 5º, V, primeira parte, neste caso, o adolescente com mais de 16 e
menos de 18 anos abre estabelecimento comercial ou civil com economia
própria e dele retira recursos suficientes para a própria subsistência.
Art. 5º, V, segunda parte. Neste caso, o relativamente incapaz
ingressa no mercado de trabalho através de relação de emprego. É uma
hipótese muito comum de acontecer.
Embora a relação de emprego torne o adolescente com mais de 16
anos e menos de 18 capaz, é importante ressaltar que este adolescente não
pode trabalhar no período noturno, que é o período que se estende das 22
horas de um dia às 5 da manhã do outro dia; também não pode trabalhar em
atividades insalubres, perigosas ou penosas, ou em locais que prejudiquem
a sua formação moral ou sua frequência à escola.

MORTE (art. 6º CC)


1. Introdução
A pessoa natural adquire personalidade do seu nascimento com vida
(teoria natalista) ou desde a sua concepção (teoria concepcionista), todavia,
extingue-se a personalidade da pessoa natural com a sua morte.
A morte é um fato natural ordinário, contudo, em face dos efeitos jurídicos
relevantes que produz, torna-se um fato jurídico.

a)Efeitos
São efeitos da morte:
a)extingue a personalidade da pessoa natural;
b)transmite automaticamente os bens do falecido a seus herdeiros
(principio de saisine, que afirma que os bens são transmitidos logo após a
morte do autor da herança – principio copiado do direito francês);
c)extingue o vinculo matrimonial de forma que o cônjuge
sobrevivente passa a ostentar a condição de viúvo, ficando habilitado
inclusive para contrair novo matrimonio;
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d)extingue as obrigações personalíssimas, também chamadas de


intuitu personae, que são aquelas que somente podem ser realizadas pelo
contratado, posto que, na celebração do contrato, foi levado em
consideração as qualidades pessoais do contratado;
e)extingue a obrigação de prestar alimentos quando o credor falecer;
f)extingue a punibilidade do crime provocando o arquivamento do
processo criminal se a morte for do acusado.

b)Justificação (art. 88 da Lei 6015/73)


A morte constata-se por uma declaração de óbito emitida por um médico,
que é levada ao cartório de registro de pessoas naturais, possibilitando,
desta forma, a expedição da certidão de óbito. Contudo, pode ocorrer que o
corpo do falecido tenha desaparecido em uma catástrofe ou situação de
risco que não possa ser resgatado, embora tenham sido realizadas todas as
diligências/buscas necessárias. Neste caso, o interessado ajuíza uma ação
judicial de justificação (art. 88 da lei 6015/73), na qual, constatado pelo
juiz o desaparecimento do corpo do falecido em uma situação de risco e a
impossibilidade de seu resgate, o juiz emite uma sentença que é levada ao
cartório de registro de pessoas naturais permitindo, desta forma, a emissão
da certidão de óbito para que se produza todos os efeitos peculiares à
morte.

2. Espécies de Morte
2.1 Morte Real
É a morte decorrente da paralisia da atividade cerebral, respiratória, e
cardiovascular. Esta espécie de morte é constatada por médico que, apos
examinar o corpo, emite uma declaração de óbito que é levada ao cartório
de registro de pessoas naturais onde é emitida uma certidão de óbito,
permitindo desta forma que o falecido seja enterrado.

2.2 Morte Civil


Existem algumas situações em que a pessoa esta viva, mas é
considerada como se morta estivesse para a prática de determinado ato. São
casos de morte civil:
a)O declarado indigno para suceder, sendo que neste caso, ele é
considerado como se morto estivesse para receber aquela herança. Seus
herdeiros são chamados para representa-lo nessa sucessão de bens
(art.1814, 1815 e 1816 do CC).
b)Militar declarado indigno do oficialato, caso em que ele perde a
patente militar e deixa de receber salario e, seu cônjuge e dependentes
passam a receber pensão.

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2.3 Morte Presumida


Existem algumas situações em que a pessoa está viva, todavia, a lei
faz presumir como se ela estivesse morta. São casos de morte presumida:
a)Com declaração de ausência (art. 6º caput, segunda parte C/C
art. 22/39 CC)
Neste caso, a pessoa desaparece de seu domicílio, não retorna e não
dá notícias de seu paradeiro. O cônjuge ou qualquer parente próximo,
ajuíza uma ação declaratória de ausência na qual o juiz nomeia um curador
para administrar os bens do ausente. Este curador arrecada os bens do
ausente e publica editais de dois em dois meses convocando o ausente para
reaparecer. Decorrido um ano sem que o ausente reapareça, o juiz
determina a abertura da sucessão provisória dos bens do ausente.
Decorridos dez anos da abertura da sucessão provisória, sem que o ausente
reapareça, o juiz determina a abertura da sucessão definitiva (art. 22/39 do
CC). No momento em que se determina a abertura da sucessão definitiva
(art. 37 do CC), a lei presume que o ausente tenha falecido (art. 6º caput,
segunda parte do CC).

b)Sem declaração de ausência (art. 7º CC)


No inciso I, presume-se a morte da pessoa que esteja em “perigo de
vida” que se trata de uma expressão genérica de forma a abranger toda e
qualquer catástrofe, tais como desaparecimento da pessoa em incêndio,
inundação, desastre aéreo, etc.
No inciso II, presume-se morto aquele que tiver desaparecido em
uma guerra ou for feito prisioneiro e, terminado o conflito bélico, passam-
se dois anos e essa pessoa não retorna ou dá notícias de seu paradeiro.
Nos incisos I e II, não há a certeza da morte, posto que o corpo não
foi encontrado para a realização do exame necroscópico (morte real),
assim, presume-se a morte devendo o interessado (cônjuge ou parente
próximo) ajuizar a ação judicial de justificação (art. 88 da lei 6015/73).

2.4 Comoriência ou morte simultânea (art. 8º CC)


Se duas pessoas falecerem no mesmo momento, ainda que em
eventos diferentes, e não houver condições de saber quem faleceu primeiro,
a lei faz presumir simultaneamente mortos, ou seja, que faleceram ao
mesmo tempo.
Este artigo tem aplicabilidade no direito sucessório e desde que os
comorientes sejam cônjuges, de forma que, a morte simultânea evita que
um herde o patrimônio do outro e, falecendo logo a seguir, transmita esses
bens a seus ascendentes.

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Em face da lei presumir simultaneamente mortos, essa situação não


ocorre, sendo que os bens do marido falecido vão para os seus ascendentes
e os bens da esposa falecida vão para os ascendentes dela.

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