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Autorreflexão sobre o Envelhecimento

O envelhecimento faz parte da natureza e da dinâmica dos ecossistemas. Todos os


organismos vivos possuem um tempo limitado de vida, sofrendo várias modificações
até ao término do seu tempo, sendo que os seres humanos não são, naturalmente,
exceção, como animais que somos.

Nos últimos anos, e especialmente nas últimas décadas do século passado, tem-se
observado um incremento exponencial, de um modo geral, do número de idosos,
especialmente nos países ditos ocidentais, transformando as sociedades desenvolvidas
em sociedades envelhecidas. Tal acontece devido ao aumento da esperança de vida,
devido ao melhoramentos das condições de vida assim como avanços científicos e
tecnológicos no âmbito da saúde, e, também, a um grande decréscimo da taxa de
natalidade. Portugal é, sem dúvida, um desses exemplos, sendo um dos países mais
envelhecidos do mundo.

De um modo geral, a vida de um ser vivo encontra-se dividida em três grades fases, o
crescimento e desenvolvimento, a fase da sua maturação e reprodução e por fim o
envelhecimento, caracterizado pelo declínio do funcionamento orgânico. Este é,
portanto, um processo altamente biológico.

No entanto, nos seres humanos, o envelhecimento vai mais além do que um simples
processo fisiológico, sofrendo a influência das várias trajetórias de vida do individuo, e
também de fatores socioculturais, como é o caso do acesso à educação, dos cuidados de
saúde, da alimentação, do lazer, de uma boa alimentação, de boas condições
habitacionais, de lazer e de uma rede de relações familiares e sociais estáveis. Deste
modo, posso afirmar que o envelhecimento nos seres humanos não segue um padrão,
como acontece noutras espécies animais, mas sim, constitui-se numa experiência
heterogénea mais ou menos bem-sucedida, dependendo da influência, então, de diversas
variáveis.

Há também que referir que, apesar de em muitas sociedades, especialmente nas


orientais, como a chinesa e a japonesa, os idosos serem altamente respeitados, pela sua
experiência e sabedoria, de um modo geral, nos países desenvolvidos, os papeis dos
idosos são altamente desvalorizados e reduzidos, pondo em causa o seu estatuo social,
existindo muitas representações negativas acerca do envelhecimento. Por exemplo,
existe uma indústria milionária de produtos e procedimentos antienvelhecimento,
vendendo a ideia de juventude eterna e despreciando o envelhecimento.

Estas representações negativas são responsáveis por várias limitações e obstáculos a


quem é idoso originando limitações em termos de oportunidades e também limitações
socioeconómicas. Assim, o que se pode observar é que velhice é vista como um período
difícil para a maior parte das pessoas mesmo que o idoso tenha boas condições
individuais.

O isolamento social é um dos principais flagelos relacionados com o envelhecimento,


sendo uma realidade que muitos dos idosos vivem sozinhos, com uma quase total
ausência de relações sociais, sentindo-se tristes, desacompanhados, estando, muitas
vezes, em situações de grande precariedade, esperando pela finitude dos seus dias. No
entanto, e apesar desta realidade, são muitos os idosos que dão uma especial
importância às suas relações sociais, estreitando laços com os seus amigos de sempre,
como se pode ver em muitos dos jardins do país sendo que esta interação com amigos se
encontra positivamente correlacionada com o bem-estar emocional.

O envelhecimento pode ser uma fase com grande potencial para a sociedade, devido à
própria experiência de vida e a sabedoria que os idosos encerram, sendo urgente
repensar no papel destes. O envelhecimento deve, então, ser encarado como mais uma
fase, com as suas limitações e os seus pontos fortes, devendo-se fazer esforços para que
os nossos idosos envelheçam de forma saudável e ativa, promovendo a saúde destes, e
a manutenção das suas competências sociais e psicológicas.

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