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IMUNOLOGIA

DOS

TRANSPLANTES
James Blundell e a primeira tentativa de transfusão sangüínea-1818
PRIMEIRO TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS SÓLIDOS BEM SUCEDIDIO DO MUNDO

Primeiro transplante renal bem sucedido em 1954 - Dr. Murray


– Boston/USA.
O primeiro transplante (renal) no
Brasil foi realizado em 1964 no
Hospital Servidores do Estado, no
Rio de Janeiro.

O receptor tinha 18 anos e vinha em


diálise peritoneal, por pielonefrite
crônica.

O doador foi uma criança de 9


meses, portadora de hidrocefalia,
tendo realizado nefrectomia seguida
de derivação ventriculovesical -
denominado free kidney.

Equipe médica chefiada pelo professor Zerbini durante o transplante de coração de


João Boiadeiro, no Hospital das Clínicas – Reprodução.
https://impa.br/noticias/ha-50-anos-brasil-fazia-seu-primeiro-transplante-cardiaco/
Cinquenta e cinco anos do primeiro transplante no Brasilhttps://www.sbn.org.br ›
Primeiro Transplante de Coração do Mundo
Realizado em Cape Town, na África do Sul em 1967, pelo Dr. Christiaan Barnard, com uma
sobrevida de 18 dias.
Em 1968 era realizado o primeiro transplante de
coração do Brasil

No dia 26 de maio de 1968, a equipe do


Dr. Euryclides Zerbini entrava para a
história da medicina mundial. Cinco
meses após o primeiro procedimento do
gênero no mundo, era realizado o
primeiro transplante de coração do
Brasil.
Entre 1968 e 1969, mais dois pacientes se
submeteram aos transplantes cardíacos,
porém, como aconteceu com João
Boiadeiro, sobreviveram por pouco
tempo.
Primeiro transplante de rim do Paraná,
em junho de 1973.

https://www.gazetadopovo.com.br/curitiba/falecimentos/lauro-brandina-a-simplicidade-e-o-primeiro-
transplante-de-rim-do-parana Professor Lauro Brandina
Antígenos HLA

• São conhecidos como antígenos de histocompatibilidade.

• São glicoproteínas de superfície celular que se expressam em todas as


células nucleadas (moléculas de Classe I) ou em células
imunocompetentes (moléculas de Classe II).

• Sua função biológica é apresentar peptídeos às células T CD8+ ou


CD4+.
MOLÉCULAS DE MHC CLASSES: I e II

FUNÇÃO das moléculas MHC:

Apresentação de Determinantes Antigênicos

Envolvimento na Rejeição à transplantes

OBS: O linfócito B pode reconhecer um antígeno em sua forma livre.


O linfócito T só reconhece antígenos processados em forma peptídica e associados a
moléculas MHC (via APC).
MOLÉCULAS DE MHC CLASSES: I e II

leucócitos, células epiteliais, células mesenquimais

células dendríticas, macrófagos, células B


Enxertos de pele entre permitiram a identificação de um “locus” no cromossomo 7
chamado de H-2 responsável pela aceitação ou rejeição de tecidos transplantados.
Diversidade Alélica dos Genes HLA
Este material foi adaptado (com autorização) do site da Central de Transplantes de São Paulo, a
qual traduziu e adaptou a partir da University of Michigan Medical Center.
Department of Pathology - Histocompatibility Laboratory.
3232 Medical Science - 1150 W Medical Center Drive.
Ann Arbor, MI 48109-0602 - USA
Este material foi adaptado (com autorização) do site da Central de Transplantes de São Paulo, a
qual traduziu e adaptou a partir da University of Michigan Medical Center.
Department of Pathology - Histocompatibility Laboratory.
3232 Medical Science - 1150 W Medical Center Drive.
Ann Arbor, MI 48109-0602 - USA
HLA compatível
Expressão co-dominante:

Os alelos do pai e da
mãe de cada gene do
MHC são expressos.
Tipos de Transplante

• Autólogo: no mesmo indivíduo


(autoenxerto)

• Isólogo: entre indivíduos


geneticamente idênticos (isoenxertos)

• Homólogo: entre indivíduos da mesma


espécie (aloenxertos)

• Heterólogo: entre indivíduos de


espécies diferentes (xenoenxertos)
Tipos de Transplante

Podem ser doados em vida:

✓ Rins
✓ Parte do Fígado
✓ Medula óssea
Tipos de Transplante
Tipos de Transplante

A córnea raramente é rejeitada porque não necessita de irrigação sanguínea própria


(recebe oxigénio e outros nutrientes de tecidos e fluidos adjacentes).

Dado que os anticorpos (proteínas fabricadas em resposta a antígenos, que neste


caso são tecido estranho) e as células do sistema imunitário, que circulam no sangue,
não chegam à córnea transplantada, a rejeição é menos provável que a de um tecido
com uma irrigação sanguínea rica.
Tipos de Transplante
Rejeição ao Enxerto
Rejeição ao Enxerto

➢ Transplantes autólogos: ausência de rejeição

➢ Transplantes isólogos: ausência de rejeição

➢ Transplantes homólogos: presença de rejeição

- Rejeição Hiperaguda
- Rejeição Aguda
- Rejeição Crônica
Tipos de Rejeição

A REJEIÇÃO HIPERAGUDA é caracterizada por oclusão trombótica da vasculatura do enxerto.


➢ Mecanismo: Anticorpos do Hospedeiro + Antígenos Endoteliais do Doador → Ativação do Complemento →
Lesão Endotelial → Adesão e Agregação de Plaquetas → Trombose → Oclusão Vascular → Lesão Isquêmica
Irreversível.

A REJEIÇÃO AGUDA é caracterizada por lesão no parênquima do enxerto.


➢ Pode ser classificada em celular, quando mediada por células T → morte mediada por Linfócito T Citotóxico,
levando a necrose do parênquima do enxerto, ou humoral, quando mediada por anticorpos, que se ligam ao HLA
levando a uma trombose intravascular.

A REJEIÇÃO CRÔNICA é caracterizada por vasculopatia, principalmente uma arteriosclerose acelerada, que leva a
oclusão arterial, causando dano isquêmico.
➢ Mecanismo: Secreção de citocinas → Proliferação de células vasculares endoteliais e células da musculatura lisa
→ Comprometimento do fluxo sanguíneo do parênquima do órgão (isquemia) → Dano Tecidual → Fibrose.
Tipos de Rejeição

REJEIÇÃO HIPERAGUDA:
➢ Caracterizada pela formação de trombos no enxerto imediatamente após o transplante. Mediada por Ac preexistentes na
circulação do hospedeiro que se ligam aos Ag endoteliais do hospedeiro.
➢ O padrão histológico de rejeição hiperaguda – oclusão trombótica sem necrose

✓ Minutos, horas ou dias após o transplante.

✓ Ocorre devido a reação entre os anticorpos IgG (receptor) contra os antígenos HLA I do órgão
transplantados (doador).

✓ Perda da função do órgão: Ação direta dos IgG, complemento e destruição vascular.

✓ Transplantes renais são mais pré-dispostos a rejeição hiperaguda.


Tipos de Rejeição

REJEIÇÃO AGUDA:
➢ Caracterizada pela lesão vascular e parenquimatosa mediada por LT e Ac que geralmente se inicia após a primeira semana de
transplante.
➢ Tanto Cél. T CD4 e CD8 podem contribuir para a rejeição aguda.

✓ Mais comum. Ocorrendo até 6 meses após o transplante.

✓ Mediada por Linfócitos T que infiltram no órgão transplantado e atacam suas células causando destruição
tecidual (perda do enxerto).

✓ Neste caso, a utilização das terapias imunossupressores é eficiente.


Tipos de Rejeição

REJEIÇÃO CRÔNICA:
➢ Os enxertos vascularizados que sobrevivem durante mais de 6 meses desenvolvem lentamente oclusão arterial como
resultado da proliferação das células musculares lisas da íntima, e eventualmente entram em insuficiência devida à lesão
isquêmica.

✓ Ocorre lentamente, geralmente 6 a 12 meses após o transplante.

✓ A etiologia não é muito clara e não há um tratamento padrão.

✓ Pode levar a:
Fibrose/Hipertrofia
Coração: Doença da artéria coronária
Rins: Fibrose intersticial
Fígado: Destruição do Epitélio biliar
Reconhecimento do Aloantígeno

APC do doador

APC do receptor

Aloantígenos: São moléculas reconhecidas como estranhas ao organismo, derivadas de um indivíduo geneticamente diferente.
Reconhecimento do Aloantígeno
AC Pré-formado Receptor

AG do Doador

AC Pré-formado Receptor

Linfócito infiltrado

MHC Transplantado

Rejeição ao
Enxerto
Controle da Rejeição ao Enxerto
Controle da Rejeição ao Enxerto
Rejeição ao Enxerto - DECH

Doença do Enxerto Contra Hospedeiro ( DECH )


GVHD (graft-versus-host disease)

Células do doador (enxerto) reagem contra o organismo do paciente recebedor.

Pode se manifestar de forma aguda ou crônica.

A forma aguda costuma acorrer nos primeiros sessenta dias e pode comprometer a pele, fígado ou
trato gastrointestinal.

A forma crônica pode surgir até um ano após o transplante e comprometer vários órgãos, como olhos
ou pulmão.
Rejeição ao Enxerto - DECH

Doença do Enxerto Contra Hospedeiro ( DECH )


GVHD (graft-versus-host disease)

Incidência Mediana: 60%


• Febre
• Rash Cutâneo
• Náusea
Quadro Clínico • Diarréia
• Alteração da Função Hepática
• Endotelite e Microangiopatia Trombótica
• Trombocitopenia e Aplasia da Medula
Mortalidade 35%
Doença do Enxerto
Contra Hospedeiro
( DECH )
GVHD (graft-
versus-host
disease)
Rejeição ao Enxerto - DECH

Doença do Enxerto Contra Hospedeiro ( DECH )


GVHD (graft-versus-host disease)

Tratamento:

Forma crônica e aguda: Cortisona, imunossupressores como a ciclosporina e γ-


globulina.
Solicitação de Exames para Transplantes

• Compatibilidade ABO

• Avaliação imunogenética pré transplante:

Tipificação HLA

Provas cruzadas (cross match)

Reatividade contra painel


TIPAGEM ABO
TIPAGEM HLA
• Identificação dos Antígenos HLA presentes na membrana celular.
• Biologia Molecular associado a Citometria de Fluxo.
TIPAGEM HLA
Reatividade Contra Painel - PRA

➢ Utilizado para a detecção de anticorpos pré-formados.

➢ O soro de um potencial receptor é testado contra um painel


de antígenos HLA representativos (pré-estabelecido).

➢ O percentual de reatividade determina o PRA e define o grau


de sensibilização do paciente.

➢ Vários estudos mostraram uma forte correlação entre os


níveis de PRA e a frequência de rejeição humoral e a perda do
enxerto.
Reatividade Contra Painel

– reatividade normal <10%


– reatividade baixa <20%
– reatividade média <50%
– reatividade alta <80%
– Reatividade muito alta >80% TX CONTRA-INDICADO

• Causas de sensibilização : transplante, gestações e transfusões


sanguíneas.
• O PRA que deve ser repetido em 15 dias após a transfusão de
papa hemácias.
Prova Cruzada – cross match

• Patel e Terasaki – 1968

• Determina a presença de anticorpos pré-formados (anti-HLA) no sangue do receptor contra


as células do possível doador.

• Para se realizar a prova cruzada, coloca-se uma pequena quantidade de soro do receptor em
contato com linfócitos do doador.

• A prova cruzada positiva representa uma possível contraindicação à realização do


transplante, pois indica que o receptor tem condições para atacar as células do doador e,
consequentemente, o órgão ou tecido a ser transplantado.
https://portalhospitaisbrasil.com.br/no-brasil-a-cada-milhao-de-pessoas-menos-de-20-sao-doadoras-de-orgaos/
https://www.gov.br/
De janeiro a novembro de 2021,
foram realizados mais de 12 mil
transplantes de órgãos no Brasil
pelo Sistema Único de Saúde
(SUS).

Em 2020, foram cerca de 13 mil


procedimentos.

03/02/2022 -- https://www.gov.br/
Atualmente, há 53.218 pacientes
na fila de espera por um novo
órgão ou tecido, sendo que

31.125 estão aguardando por um


novo rim e

1.905, por um fígado.

27/09/2021 -- https://www.gov.br/
Agência Brasil
explica: como é o
transplante de
órgãos no Brasil

Quem tem interesse em ser doador


deve informar os familiares

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-02/agencia-
brasil-explica-como-e-o-transplante-de-orgaos-no-brasil

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