Manual HumanGuide

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Teste

Volume
Giselle Mueller-Roger Welter
1
Giselle Mueller-Roger Welter

Teste HumanGuide®
Manual

2
Agradecimentos

O estudo de validade e precisão da versão brasileira do Teste HumanGuide® contou com o apoio
significativo de vinte empresas do setor produtivo e de serviços, de Rolf Kenmo, autor do teste, que se dispôs a
fazer as alterações requeridas para a pesquisa, do Dr. Rodrigo Neman, no tratamento estatístico dos resultados,
dos docentes do Programa de Pós-Graduação da Universidade São Francisco, Prof. Dr. Claudio Garcia Capitão, e
Prof. Dr. Ricardo Primi, e da Profa. Dra. Sonia Regina Pasian, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP de
Ribeirão Preto. A todos que contribuíram direta e indiretamente para a coleta e análise dos dados e com
contribuições de valor inestimável ao estudo de validade e precisão, o meu especial obrigado. Agradeço, ainda, à
da Dra. Silésia M. V. Delphino Tosi, pela sua leitura crítica e atenta do presente manual.

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SUMÁRIO

Ficha Síntese 6
Apresentação.......................................................................................................7
Introdução............................................................................................................8
Fundamentação teórica do HumanGuide®.................................................. 10
O desenvolvimento do HumanGuide®........................................................... 21
Características psicométricas do HumanGuide®........................................ 23
Estudos psicométricos....................................................................................... 26
Descrição do teste.............................................................................................. 27
Participantes....................................................................................................... 28
Resultado do estudo com a primeira versão em português.................... 30
Análise dos itens da segunda versão em português.................................. 32
Análise da estrutura interna............................................................................. 32
Evidências de validade convergente.............................................................. 34
HumanGuide® e o 16PF...................................................................................... 35
HumanGuide® e o BBT....................................................................................... 37
Análise Fatorial e análise de consistência interna................................ 41
Evidências de fidedignidade....................................................................... 54
Teste-Reteste........................................................................................................ 54
Normas................................................................................................................. 56
Aplicação.............................................................................................................. 57
População alvo................................................................................................... 57

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Material necessário para a realização do teste........................................... 57
Instruções............................................................................................................. 57
Apuração do resultado..................................................................................... 58
Acesso à base de dados eletrônica e importação do resultado.............. 58
Interpretação do Perfil Pessoal........................................................................ 59
Significado dos fatores do HumanGuide®.................................................... 62
Sensibilidade....................................................................................................... 63
Força...................................................................................................................... 63
Qualidade............................................................................................................ 64
Exposição............................................................................................................. 65
Estrutura............................................................................................................... 66
Imaginação.......................................................................................................... 67
Estabilidade......................................................................................................... 67
Contatos............................................................................................................... 68
Exemplos de perfis e interpretação.............................................................. 70
Referências........................................................................................................ 81

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Ficha Síntese

Objetivo
O Teste HumanGuide® apreende o perfil motivacional do indivíduo, considerando oito fatores de
necessidades.

População
Os estudos apresentados neste manual foram realizados com adultos, profissionais e estudantes
universitários, de 18 a 60 anos. A escolaridade dos participantes incluiu Ensino Médio incompleto até
pós-graduação, sendo todos familiarizados com o computador. Assim, as normas deste instrumento estão
adequadas para indivíduos com essas características.

Material
Para aplicação é necessário dispor de computador conectado à Internet, de preferência com banda larga.

Aplicação do Teste
A aplicação é realizada via Internet, sem supervisão direta, por meio de senha de acesso e autenticação
eletrônica. As instruções previstas em Normas para aplicação devem ser fornecidas ao respondente por e-mail ou
pessoalmente, por escrito. Em geral, todo o processo de aplicação do Teste HumanGuide® não ultrapassa 15
minutos.

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APRESENTAÇÃO

A retomada do interesse pelos testes de personalidade no contexto organizacional e a relativa facilidade


com que os entrevistados identificam as respostas corretas ou esperadas, nas escalas autodescritivas usualmente
adotadas, tornou necessário desenvolver formas alternativas de construção de testes à prova de falseamento das
respostas. O avanço da tecnologia em diversas áreas da atividade humana, inclusive no campo de avaliação
psicológica (Alchieri & Nachtigall, 2003), associado à necessidade do mercado de obter uma resposta rápida e
econômica no processo de recrutamento e seleção de colaboradores e planejamento do seu desenvolvimento
(Bocato & Bergel, 2005; Dias, 2005), favoreceu a criação de instrumentos de avaliação psicológica informatizados.

Atendendo a essa dupla demanda, Rolf Kenmo (2005) elaborou o teste HumanGuide®, com o objetivo de
apreender o perfil motivacional no contexto organizacional. O HumanGuide® foi desenvolvido na Suécia, tendo
como fundamento a Análise do Destino de Szondi (1965/1987) e o BBT – Teste de Fotos de Profissões de Achtnich
(1991).

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INTRODUÇÃO

No contexto organizacional, a motivação é um tema de grande interesse, pois a ela tem sido atribuído o
resultado que se consegue no trabalho, no desenvolvimento organizacional e das próprias pessoas (Faccina,
2006). Quando se evita a desmotivação como um fator predominante no trabalho, minimiza-se as chances de o
indivíduo realizar mal suas tarefas ou até de deixar de fazê-las, comprometendo a sua qualidade, o departamento
e a organização (Monicci, 2004). Até pouco tempo atrás, as estratégias de motivação adotadas nas empresas
consideravam apenas fatores motivacionais extrínsecos, como salários, relação com o chefe, condições de
trabalho e benefícios. Embora esses fatores não constituam fatores motivacionais per se, a sua ausência pode ser
desmotivadora para o indivíduo (Herzberg, 1993). Os fatores motivadores intrínsecos correspondem aos
estímulos presentes no objeto de trabalho ou nas características da tarefa. Atualmente, no ambiente
organizacional já se reconhece que a motivação intrínseca é natural nas pessoas, decorrente de suas
necessidades ou do estilo próprio de cada um (Faccina, 2005; Monicci, 2004).

Uma vez que “motivar pessoas a atingir elevados padrões de desempenho organizacional é hoje uma
questão de sobrevivência nas organizações em um mundo de negócios altamente mutável e competitivo”
(Chiavenato, 2004, p. 229), a identificação dos determinantes da motivação passou a ser foco de interesse das
empresas. Com isso, pretendem gerenciar e administrar melhor o comportamento dos seus colaboradores para
obter um desempenho superior destes e contribuir para a melhora da qualidade de vida no trabalho (Chiavenato,
2005). Além da identificação das competências técnicas e profissionais do indivíduo, torna-se cada vez mais
necessário verificar se há correspondência entre o seu perfil motivacional e as exigências da função que exerce,
do ponto de vista da personalidade, como, por exemplo, os estilos de comportamento solicitados no cotidiano
profissional e a afinidade natural com determinadas tarefas e objetivos.

O exercício de uma atividade profissional de acordo com as próprias inclinações é a forma mais
satisfatória de trabalho, pois gera gratificação pela atividade em si, não pelos benefícios materiais que acarreta.
Dessa forma, a atividade exige que o indivíduo atue da forma como lhe é natural. Em geral, as pessoas
reconhecidas como possuidoras de um grande talento desenvolveram sua capacidade porque gostavam muito
de fazer alguma coisa e dedicaram bastante tempo para estudar, treinar e aprender. Por esse motivo, é
importante conhecer a personalidade das pessoas com um talento especial, descobrindo quem são e do que
gostam, como uma estratégia de sobrevivência em um cenário profissional em constante mudança (Seligman,
2004). As empresas estão cada vez mais interessadas em desenvolver o talento de seus colaboradores,
procurando identificar e valorizar suas características dominantes. O objetivo é incentivar a utilização adequada
dos pontos fortes e não concentrar energia na superação das fraquezas ou déficits dos profissionais.

No âmbito da psicologia organizacional, cada vez mais os testes e as avaliações da personalidade


influenciam a contratação, o desenvolvimento e o treinamento dos indivíduos. Isso significa que a qualidade dos
testes aplicados tem forte impacto sobre a vida de um número crescente de pessoas. No entanto, os testes de
personalidade, como os inventários de traços e de ajustamento, os de interesse profissional e os inventários de
autodescrição, normalmente usados no âmbito organizacional, são especialmente suscetíveis de simulação ou
mascaramento. Os inventários autodescritivos são especialmente sujeitos à simulação de respostas tidas como
desejáveis ou socialmente valorizadas, pois, como candidato a uma vaga, o respondente tem interesse em criar
uma impressão favorável. Nesses testes a maioria dos itens tem uma resposta socialmente mais conveniente ou

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Teste HumanGuide®

desejável. Assim, o respondente consegue parecer melhor do que é, escolhendo respostas que criem uma
impressão favorável em situações competitivas, como nos processos seletivos. Quando há forte motivação por
parte do testando em apresentar um bom desempenho, este pode distorcer propositadamente suas respostas
para causar uma boa impressão (Anastasi, 1975; Anastasi, 2003; Dilchert & cols., 2006; Heggestad & cols, 2006a e
b; Meade, 2004; Stark, Cherneyshenko & Drasgow, 2005; Sydell & Snell, 2003).

A questão da desejabilidade social ganha importância ao se lidar com as questões práticas enfrentadas
pelas organizações que usam inventários de personalidade para melhorar o seu processo de decisão, pois os
inventários utilizados são frequentemente autodescritivos. Portanto, eles são fortemente influenciados pela
desejabilidade social. Muitas organizações consideram essa possibilidade inevitável, diminuindo de forma
significativa o uso instrumental das medidas de personalidade como ferramentas úteis no processo de tomada
de decisão (Ellington & Heggestad, 2003). O interesse por medidas da personalidade ressurgiu nos últimos anos,
a partir de estudos que mostraram que a pontuação nos testes de personalidade consegue predizer com
segurança o desempenho e o comportamento no contexto educacional e ocupacional (Stark, Cherneyshenko &
Drasgow, 2005). Com a finalidade de resolver o problema do falseamento da resposta, a utilização de itens de
resposta forçada se revela um método bastante eficaz. Nos testes com formato de escolha forçada, o respondente
deve escolher entre dois ou mais termos ou frases descritivas, igualmente aceitáveis (Anastasi, 1975; Meade,
2004). O formato da escolha forçada é amplamente usado em seleção de pessoal e na avaliação ocupacional, por
ser considerado pouco óbvio e mais difícil de ser falseado, além de eliminar alguns vieses inerentes aos
inventários normativos (Chiavenato, 2005; Karpatschof & Elkær, 2000).

O Teste HumanGuide® tem por objetivo apreender o perfil motivacional de indivíduos adultos,
considerando oito fatores de necessidades pulsionais no formato de escolha forçada. É um instrumento de
avaliação psicológica informatizado que se realiza pela Internet. Essa característica da coleta de dados resulta dos
avanços da tecnologia da informação (TI), permitindo diminuir os custos da aplicação de testes presenciais e da
correção e apuração manual. No entanto, o aumento da demanda por testes informatizados e a crescente
sofisticação dos produtos nessa área torna cada vez mais importante o estabelecimento de diretrizes normativas
para o desenvolvimento, distribuição, uso e realização de testes por meio de aplicativos ou via Internet
(International Test Comission - ITC, 2005).

O HumanGuide® foi desenvolvido em conformidade com as diretrizes da ITC, considerando as questões


técnicas e tecnológicas, a qualidade do teste informatizado on-line, a capacitação técnica requerida para o uso
adequado da avaliação informatizada, as qualidades psicométricas do instrumento, evidências de validade,
correção, análise, interpretação e apresentação dos resultados, bem como a adequação do feedback e a
universalização do acesso a todos os grupos aos quais o teste se destina. Foram consideradas questões relativas
aos níveis de controle sobre a avaliação informatizada on-line, como a autenticidade da identidade do testando.
Também se levou em conta as questões relativas à segurança e privacidade, como o acesso ao material do teste,
transferência dos dados pessoais do testando pela Internet e garantia de confidencialidade dos resultados.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A motivação é um tema de grande interesse na psicologia quando se procura compreender os


determinantes do comportamento humano. Várias teorias interpretam e enfatizam de diferentes maneiras certos
aspectos da motivação. Seu conceito está intimamente relacionado com o comportamento e desempenho das
pessoas, envolvendo o estabelecimento de metas e objetivos. Diferenças fisiológicas, psicológicas e ambientais
entre as pessoas são fatores importantes na explicação da sua motivação, sendo que a chave para compreender
esse processo reside no significado e no relacionamento entre necessidades, impulsos e incentivos (Chiavenato,
2004). A conduta do indivíduo é multideterminada, sujeita a um conjunto indissociável de fatores, conscientes e
inconscientes, fisiológicos, intelectuais, afetivos e sociais, os quais interagem entre si (Dorsch, 2001; Sillamy,
1996). A este conjunto de fatores é atribuído o termo motivação. Trata-se de uma tensão persistente que leva o
indivíduo a alguma forma de comportamento, visando à satisfação de uma ou mais necessidades. A necessidade
é, portanto, um estado de tensão ou de desequilíbrio que resulta da falta, da ausência que sentimos dentro de
nós mesmos (Allport, 1974; Cattell, 1975; Hanns, 1999; Maslow, 1987; Szondi, 1965/1987). O sentimento de
necessidade ativa o indivíduo no sentido de sua satisfação, pois, ao buscar livrar-se da tensão resultante da falta,
ele quer alcançar ou recuperar o estado de satisfação e equilíbrio.

Os processos que ativam e encaminham alguém para uma determinada escolha ou que determinam a
intensidade das tendências comportamentais têm sido o foco de interesse de muitos pesquisadores e de
diferentes escolas psicológicas. Para Maslow (1987), os indivíduos são motivados a alcançar um determinado
objetivo por possuírem internamente a necessidade de obtê-lo. O conceito de hierarquia relativa das
necessidades, ou pirâmide das necessidades, proposto por ele, considera que as necessidades fisiológicas
preponderam sobre as psicológicas, que por sua vez são anteriores à necessidade de autorrealização. Segundo
Maslow, a relativa preponderância significa que as necessidades fisiológicas e psicológicas se estabelecem por
déficit, pela “falta de”. Já a necessidade de autorrealização busca o desenvolvimento e está orientada para o
futuro. A gratificação surge da experiência de executar coisas que realizam o potencial da pessoa, favorecendo o
seu desenvolvimento. Enquanto as necessidades fisiológicas são claras e de fácil identificação, as psicológicas e
de autorrealização têm objetivos mais flexíveis e possibilitam transferências e compensações. Toda necessidade
não satisfeita é motivadora do comportamento. Quando ela não é atendida dentro de um prazo razoável, passa
a ser a razão de frustração.

A ideia de que o bom desempenho se associa à motivação pessoal é apresentada por Allport (1974),
quando afirma que a inteligência está orientada para canais que correspondem aos interesses, sem, contudo,
determinar o seu efeito. Para ele, a eminência em determinadas profissões não se deve apenas à inteligência, pois
“os fatores de inteligência e os de personalidade se combinam para permitir a eminência”. Maslow (1987)
estabeleceu sua hierarquia de necessidades, considerando tanto a motivação por déficit, como a existência de
uma motivação independente, que se manifesta a partir da satisfação da motivação por déficit.

Quando se aborda o conceito de motivação, observa-se o surgimento de uma questão antiga, ainda não
resolvida satisfatoriamente, relativa à distinção entre impulsos inatos e impulsos secundários adquiridos,
contrapondo pulsão, instinto ou tendência inata às aspirações, mentalidades condicionadas culturalmente e
adquiridas na socialização (Dorsch, 2001).

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Teste HumanGuide®

Embora o conceito de impulso seja frequentemente empregado ao se explicar a origem dos motivos,
esse vocábulo não consta nos dicionários da Psicologia (Laplanche & Pontalis, 1967, Sillamy, 1996). O termo
impulso foi emprestado da Física, com o sentido de aplicação de uma força sobre um corpo, impelindo-o para
algum lugar. Na Psicologia, seu significado aparece associado a instinto e intuição, enquanto “impulso
espontâneo e alheio à razão” (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa 1986, pp. 926 e 953) ou à propulsão,
ímpeto, empurrão, estímulo (Dorsch, 1992).

A pulsão é um processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de
motricidade) dirigindo o organismo para um alvo, cuja fonte é uma excitação corporal (estado de tensão) e o alvo
é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional (Laplanche & Pontalis, 1967). O termo Trieb, usado por
Freud em seus textos originais, considerando o emprego na língua alemã, significa uma força impelente dos seres
viventes, manifestada em todos os níveis de existência dos seres vivos (Hanns, 1999). Nos dicionários alemães os
significados comuns de Trieb são muito parecidos. Há sempre um “núcleo básico de sentido: algo que
propulsiona, coloca em movimento, aguilhoa, toca para frente, não deixa parar e empurra” (Hanns, 1999, p. 29).
Para Freud, a raiz do conflito psíquico é o conflito pulsional, pois, para que o sistema de forças pulsionais possa
ser impelente, deve gerar tensão, ou, na linguagem afetiva, conflito.

Os termos vocação e motivação, amplamente empregados, são normalmente usados indistintamente,


embora se refiram a conteúdos diferentes. Vocação, do latim vocatio-onis, ato de chamar, tendência, aptidão,
remete à ideia de que há um chamado interior que nos leva em direção a uma atividade particular por meio de
um motivo. Evoca a ação: vocação. A palavra motivo, do latim motivus, significa algo que pode fazer mover, que
causa ou determina alguma coisa, traz a ideia de movimento em direção a algo. Portanto, motiva a ação:
motivação (Cunha, 1997).

Emoção e motivo têm a mesma origem etimológica. A emoção é o colorido subjetivo dos motivos,
sobretudo dos que são bloqueados ou entram em conflito; ou que conseguem avanços súbitos e inesperados
para o seu objetivo. As emoções nos movem da mesma maneira que os motivos. As disposições constituem
traços pessoais, dinâmicos e flexíveis, resultando, pelo menos em parte, da integração de hábitos específicos,
como sentimentos, valores, necessidades e interesses. A predisposição favorece a participação por meio do
direcionamento da atenção, do esforço ou do interesse na aquisição de habilidades e conhecimentos, sendo que
o interesse representa a participação com níveis mais profundos da motivação. Os interesses, as ambições, os
gostos, as preferências, as coerções, as fobias, as atitudes gerais, as tendências, os passatempos, os valores
constituem disposições pessoais, sendo, ao mesmo tempo, motivos (Allport, 1974).

A vocação, a motivação e a disposição impulsionam o indivíduo em direção a algo no mundo externo por
meio de suas escolhas. Embora continuamente façamos escolhas em todos os âmbitos da nossa existência, como
ao eleger o parceiro amoroso, as amizades, as atividades de lazer e as atividades profissionais, e até o estilo de vida
que adotamos, raramente temos consciência do que nos move nessa direção (Szondi, 1975). Sentimo-nos atraídos
por uma determinada pessoa ou situação sem que saibamos o porquê disso. Ou, ao contrário, sentimos aversão
por uma determinada situação profissional, sem motivo aparente. No entanto, o desconhecimento daquilo que
leva a determinada opção não altera o seu poder de influência. Dessa forma, o indivíduo é sujeito de suas
escolhas, consciente ou inconscientemente. Ele faz escolhas ativas ou passivas, embora muitas vezes se perceba
como adaptado às pressões do meio. Um exemplo é quando se adapta às necessidades do mercado de trabalho.

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Teste HumanGuide®

É possível experienciar profundo prazer e alegria no trabalho, um sentimento de ‘fluxo’, desde que se
tenha controle sobre a própria consciência, ou seja, possa direcionar a energia psíquica para objetivos
estabelecidos de forma autônoma. Embora as pessoas encarem o trabalho como algo penoso e desprazeroso, é
nele que realmente experimentam o sentimento de ‘fluxo’. Seja qual for a atividade exercida, como esporte,
trabalho braçal, intelectual ou artístico, o 'fluxo' é registrado quando há total envolvimento e satisfação com o
que está sendo feito. A possibilidade de discernir o que proporciona o ‘fluxo’ é também a capacidade de alcançar
a sabedoria de viver plenamente. A experiência do prazer resulta do especial direcionamento da atenção, da
concentração naquilo que se está fazendo. Esse direcionamento, por sua vez, acontece a partir do controle sobre
a consciência, entendido como capacidade de direcionar a atenção, volitivamente, para algo, não se dispersar e
permanecer concentrado até a conclusão da sua tarefa, e não mais que isso (Csikszentmihalyi, 1992).

Ao descrever as atividades que proporcionam o “sentimento de fluxo”, Csikszentmihalyi (1992) diferencia


atividades ligadas ao corpo (movimento, controle e coordenação motora, os cinco sentidos e o sexo), ao
pensamento (memória, reflexão, simbolização, jogo de palavras, pesquisa, busca do conhecimento), ao trabalho
(motivação intrínseca e motivação extrínseca, lazer) e ao convívio social (solidão e sociabilidade, família,
amizades e participação coletiva). A maneira como estão estruturadas é o que favorece o sentimento de ‘fluxo’,
contrário ao sentimento de tédio. As atividades que proporcionam o “sentimento de fluxo”, quando escolhidas
livremente e ligadas à sua origem, fornecem indicadores mais precisos sobre quem somos, sugerindo a paráfrase:
Diga-me o que fazes e lhe direi quem és.

Do ponto de vista organizacional, a ênfase tem sido dada a fatores motivacionais extrínsecos como o
estilo de gestão e a cultura da empresa, recursos materiais e humanos disponíveis, ao estilo de liderança adotado
e assim por diante. Esses aspectos são passíveis de controle por parte da empresa, e encabeçam temas da
literatura organizacional, ao abordar questões relativas à liderança e ao desenvolvimento de equipes de alta
performance, automotivadas e comprometidas com resultados (Chiavenato, 2005; Collins, 2001; Drucker, 1996,
1999).

O HumanGuide® está baseado na perspectiva teórica psicodinâmica de Szondi (1972), denominada


Análise do Destino ou Teoria das Pulsões. Segundo essa teoria, as escolhas que fazemos em nossa vida delineiam
nosso destino pessoal. O destino se constitui quando o indivíduo é chamado a tomar posição em face dos
grandes problemas da vida: a escolha do parceiro amoroso, do casamento (libidotropismo); a escolha dos amigos
(sociotropismo); a escolha da profissão e do hobby preferido (operotropismo); as doenças contraídas
(morbitropismo); a escolha da morte e do gênero da morte (tanatotropismo). O “destino é o conjunto das
possibilidades, herdadas e livremente elegíveis, que nossa existência oferece” (Szondi, 1975, p. 31).

O conceito de tropismo corresponde à explicação mecânica da origem da energia e do direcionamento


da conduta, em analogia aos vegetais, cujos movimentos de crescimento se orientam por fontes externas de
estímulos físicos. Szondi conferiu-lhe um novo significado, atribuindo a determinação inconsciente das escolhas
(Dorsch, 2001; Szondi, 1972). Szondi (1975), que foi bastante influenciado pela teoria biológica da personalidade
e concedia à herança genética a origem da estrutura pulsional, entendia que o homem seria feliz ao escolher os
caminhos importantes de sua vida (entre os quais se inclui a escolha profissional) em conformidade com suas
pulsões. Uma vez satisfeitas as pulsões, ele se exporia menos a complicações pulsionais inúteis e, portanto,
estaria mais defendido contra desequilíbrios psíquicos eventuais (Benko, 1955). De outra sorte, as pulsões

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Teste HumanGuide®

poderiam se manifestar de maneira patológica ou socialmente negativa. Nessa perspectiva, as escolhas visam à
satisfação de necessidades pulsionais, que atuam como matriz da motivação.

A tomada de consciência do desejo, das necessidades e da sua orientação permite que o indivíduo os
admita ou rejeite. Esta capacidade de tornar conscientes as necessidades inconscientes funde-se numa pulsão
especial, denominada Pulsão do Ego (Ichtrieb). O homem é capaz de tornar conscientes suas pulsões e de tomar
uma posição em relação a elas, visando aceitá-las ou rejeitá-las, coincidindo com as ideias de Csikszentmihalyi
(1992) sobre o “sentimento de fluxo”.

Szondi (citado por Borg, 2001, 2005) postula que a personalidade humana está estruturada sobre quatro
vetores pulsionais. Cada qual é constituído de dois fatores polares (tendências), que têm, por sua vez, uma
orientação centrífuga e centrípeta, ou seja, uma orientação para fora e uma para dentro. Ele considera que os
fenômenos psíquicos nos quais a polaridade estrutural está ausente não constituem fenômenos psíquicos
dinâmicos reais (Szondi, 1963/1998).

Não se pode determinar a quantidade e a qualidade das pulsões possíveis, pois elas representam apenas
a mistura de diferentes necessidades e não constituem unidades biológicas originais. Tendência e necessidade
constituem uma unidade pulsional, sendo, portanto, uma síntese. No entanto, sempre é possível estabelecer
mais sínteses, misturas de necessidades, do que as fontes pulsionais fisiológicas únicas. (Hanns, 1999; Szondi,
1965/1987).

Szondi desenvolveu, em 1943, um método projetivo para diagnosticar os vetores pulsionais


predominantes e as necessidades das pulsões, denominado Diagnóstico Experimental da Pulsão. É um teste
não-verbal que consiste na escolha de fotografias, cujas preferências exprimem a dinâmica pulsional do
indivíduo. As fisionomias fotografadas têm por função fazer o indivíduo reagir a elas. O modo de ação das
fotografias procede do fato de que toda percepção ou representação de um movimento desperta naquele que o
percebe a tendência ao mesmo movimento. Assim, cada face possui um caráter evocador que permite explorar a
capacidade de ressonância do indivíduo.

O termo pulsão (Trieb), concebido por Freud (Hanns, 1999), foi adotado por Szondi para explicar a
motivação humana, mantendo-se fiel ao termo psicanalítico. No entanto, “enquanto Freud conservava, em todas
as etapas da evolução da sua concepção, um dualismo das pulsões, aceitando apenas duas pulsões fundamentais
opostas, Szondi reconheceu a necessidade de admitir quatro vetores pulsionais, irredutíveis um ao outro. O
dualismo se dá antes no interior dos vetores e fatores, sendo que a manifestação socializada ou sublimada de
uma tendência não é uma mera inversão da sua polaridade” (Benko, 1955, parte I, p. 35).

Segundo Szondi (1972), as oito categorias psiquiátricas da nosologia clássica corresponderiam à


expressão doentia, extrema, de oito fatores ou “sistemas de necessidades”, cuja escolha ou rejeição expressam a
relativa tensão existente nesse sistema de necessidades, com origem nas pulsões. “A Análise do Destino
considera os doentes mentais principalmente como enfermos da Pulsão – Pulsão do Ego” (Szondi, 1975, p. 79). Os
vetores pulsionais na Análise do Destino abrangem oito tendências fatoriais polares:

Vetor Sexual (S) – Esse vetor diz repeito à relação com o corpo, suas atitudes em relação à corporeidade.

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Teste HumanGuide®

A dinâmica do Vetor S está centrada no conflito entre Eros, que rege toda união ou formação de elos, e Thanatos,
responsável pela destruição dos elos objetais, constituindo o fator geral da atividade e do investimento muscular.
Para Szondi, o pareamento fatorial Eros-Thanatos representa a sexualidade, entendida como um misto de amor e
agressão. Essa polaridade, enquanto valência aparece representada pelos sinais + (valência erótica) e – (valência
tanática). Para Szondi os fatores polares constituintes do Vetor S representam a dissociação entre passividade e
atividade, entre feminilidade e masculinidade, ternura e agressão/dominação, respectivamente. Outro binômio
presente nesse vetor trata do direcionamento em relação ao objeto, que pode ser centrípeto ou centrífugo, no
sentido de avançar para o objeto (atração) ou de recuar (aversão), e ainda, no sentido do amor pessoal, ou
egocentrismo, e do amor coletivo, altruísmo (Lekeuche & Mélon, 1990): Fator h (hermafroditismo,
homossexualidade), Eros, feminilidade, sentimento maternal, com as tendências h+, tendência para a
sensibilidade individual e h-, tendência para a sensibilidade coletiva humanizada; Fator s (sadismo), thanatos,
masculinidade, com as tendências s+, tendência para o sadismo, agressividade e atividade e s-, tendência para o
civismo, cavalheirismo, auto-sacrifício, humildade ou passividade e masoquismo. A sintomalogia desse vetor é
expressa por meio das perversões (Lekeuche & Mélon, 1990).

Vetor Paroxismal (P) – Paroxismal é o processo psíquico por meio do qual o indivíduo recebe estímulos
pelos afetos grosseiros que acumulou em virtude da experiência da frustração e da privação, como raiva, ódio, ira,
vingança, inveja e ciúme. O acúmulo desses afetos se relaciona ao comportamento de fuga/ataque, podendo,
também, fazer com que a pessoa direcione a raiva acumulada, passivamente, contra si mesmo. Dessa forma,
primeiro é atacado, para depois atacar (Szondi, 1963/1998). É concebido como um mecanismo de defesa contra
os perigos exteriores de um lado, e contra os perigos interiores, de outro. Informa sobre os elementos
constitutivos do controle emocional. Refere-se à relação com o próximo, à capacidade de aceitá-lo como singular,
seja por meio da consciência do erro (e), seja pelo que pode comprometer sua relação com o outro (hy). Este vetor
traz em seu bojo a ética e a moral, enquanto interditos fundamentais ao desejo de morte, evocando,
simbolicamente, as figuras bíblicas de Caim, Abel e Moisés. A temática básica desse vetor refere-se ao “vir a ser
humano”, à humanização das pulsões, por meio do interdito e das leis que visam garantir um espaço de
coexistência pacífica. A moral é uma espécie de reapropriação da ética, uma adaptação da lei aos diferentes
grupos e etnias no decurso da civilização. A culpa e a vergonha expressam a internalização dos interditos, da lei
(Gayral, 2006; Lekeuche & Mélon, 1991): Fator e (epilepsia), ética, com as tendências e+, Abel, tendência para fazer
o bem, a justiça coletiva e tolerância, e e-, Caim, tendência para o mal, raiva, ódio, ira, vingança, intolerância; Fator
hy (histeria), necessidade de valorização moral, exibicionismo, com as duas tendências hy+ , tendência para
exibir-se impudicamente e hy-, tendência para o pudor coletivo. A sintomatologia desse vetor é expressa por
meio das neuroses (Lekeuche & Mélon, 1991).

Vetor do Ego (Sch) – Esse vetor é a instância central, da qual a elaboração teórica é a chave da arquitetura
szondiana, à medida que estrutura os demais vetores. Tem a função de elaborar as outras pulsões, submetê-las a
seus processos e transformá-las. É o lugar dos mecanismos de defesa diante dos perigos pulsionais,
representados pelos demais vetores. Este vetor é da ordem do sujeito e exprime o estilo da pessoa no seu estar
no mundo. Trata-se do vetor da relação consigo mesmo e da relação com a realidade. A constelação desse fator
reflete a estrutura do Ego, e pode ser considerada uma resultante das pulsões parciais correspondentes aos seis
fatores que compõem os demais vetores. O conceito de Ego empregado por Szondi se inspira nos conceitos
desenvolvidos por Freud, Nunberg e Schilder, bem como no conceito de Self desenvolvido por Jung (Deri, 1949).
A função do Ego é fazer a mediação entre as exigências instintivas do Id e as demandas da realidade externa. Por

14
Teste HumanGuide®

meio do sistema motor, o Ego regula a forma de canalização das exigências instintivas do Id. E busca, ao mesmo
tempo, estabelecer uma organização coerente da personalidade ao sintetizar os conflitos advindos das várias
origens em uma resultante que satisfaça as demandas originais do Id, permitindo evitar o embate doloroso com
os limites determinados pela realidade externa ou com o Superego. O Ego dispõe de vários mecanismos para
fazer isso, como a identificação ou a repressão. O Vetor do Ego indica a força dinâmica das pulsões instintivas, o
grau em que as urgências dessas pulsões atingem a consciência ou a maneira como elas aparecem de forma
simbólica na consciência, e a maneira como são integradas coerentemente na vida mental do Ego. Assim, os dois
fatores que compõem o Vetor do Ego estão intimamente ligados funcionalmente: Fator k (esquizofrenia
catatônica), egosístole, constrição e delimitação do Ego (ter), retraimento, com as tendências k+, tendência ao
autismo, egoísmo, egocentrismo, narcisismo, introjeção e incorporação e k-, tendência para a adaptação ao
coletivo, recalcamento, negação; Fator p (esquizofrenia paranóica), inflação do Ego (ser), egodiástole, com as
tendências p+, tendência para a expansão mental dirigida ao coletivo, para a mentalização do Ego, para a
expansão do Ego, e p-, tendência para unir-se a outrem, participação e projeção. A sintomatologia desse vetor se
dá por meio das formas de esquizofrenia (Gayral, 2006; Lekeuche & Mélon, 1991).

Vetor do Contato (C) – Esse vetor traduz como o indivíduo se conduz no mundo, como ele se mantém
sem deixar-se levar pelas sensações que o habitam. É a inserção naquilo que o cerca, sua relação com os outros e
com o mundo. É o vetor do ambiente e das sensações, da união com o mundo que o rodeia (Gayral, 2006). O
termo que o designa vem do latim contactus e do verbo contingere, com os seguintes significados no uso
corrente: tocar algo, apreender, pegar; tocar alimentos, experimentar, fruir (oralidade); sujar, macular (analidade);
estar próximo de, avizinhar-se (sociabilidade); alcançar um objetivo, acertar, encontrar (carreira, profissão);
conseguir, alcançar (sucesso e fracasso, sorte ou azar). No sistema teórico da Análise do Destino o vetor do
Contato tem relação com quatro funções elementares: agarrar-se ao objeto; desprender-se do objeto; apegar-se
ao objeto; sair em busca de novos objetos. As duas primeiras representam a oralidade primária e as outras
representam a analidade pré-genital, segundo Freud.

O Vetor do Contato evidencia a pulsão social por trás da comunicação interpessoal. A pulsão social é
constituída dessas quatro funções elementares, que expressam, de uma maneira geral, a capacidade do ser
humano para se ligar a outras pessoas e permanecer ligado a elas, sem qualquer conotação sexual ou erótica,
embora essas pulsões estejam relacionadas. O Vetor do Contato é a condição sine qua non que permite às demais
pulsões se encontrarem com um objeto de canalização ou satisfação (Szondi, 1963/1998): Fator d (depressão),
necessidade de reter ou sair em busca, com as tendências d+, tendência para aquisição de novos objetos,
infidelidade, e d-, tendência para a renúncia ao novo objeto, fidelidade; Fator m (mania), necessidade de apoio,
com as tendências m+, tendência para apoiar-se nas coisas e nas pessoas, para a verbalização e hedonismo e m-,
tendência para separar-se, para a solidão (Benko, 1955; Leitão, 1984). As sintomatologias associadas a esse vetor
são as distimias (Lekeuche & Mélon, 1991).

Para Szondi (1972), a manifestação do caráter e da profissão, se esta é culturalmente baixa, são
manifestações fisiológicas das pulsões. Se a profissão é elevada, fala-se de uma forma sublimada da
manifestação, porque os oito fatores pulsionais representam as mais primitivas molas na direção das atividades
intelectuais. São fatores impulsivos originários e determinam se alguém vai consagrar as suas capacidades
intelectuais ao domínio cultural ou humanitário em geral (h); à técnica e civilização (s); à religião e à ética (e); à
arte dramática (hy); à filosofia, metafísica, matemática e à lógica (k); à poesia e à pesquisa (p); à economia

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Teste HumanGuide®

nacional, às coleções de arte (d); à arte de falar, oratória e canto (m). Estas são tendências de sublimação;
tendências espirituais, autônomas, originárias, apriorísticas, as quais são inerentes “ab ovo” a todos os homens
(com as variações individuais quantitativas e qualitativas) (Benko, 1955). A canalização adequada das pulsões por
meio da satisfação das necessidades pulsionais promove a saúde física e mental (Szondi, 1963/1998). A ideia de
que há algo permanente e passível de socialização e humanização também está presente na visão de
Csikszentmihalyi (1992), ao afirmar que não se pode negar os fatos da natureza, mas tentar encaminhá-los para
uma direção positiva.

Em conformidade com esse raciocínio, Achtnich (1991), psicólogo e orientador profissional suíço e um
dos primeiros discípulos de Szondi, desenvolveu um instrumento para avaliar o perfil pulsional da escolha
profissional, visando sua utilização na orientação profissional. Inicialmente pretendia usar indutores verbais em
seu teste, mas foi convencido pelo próprio Szondi a usar fotografias, por terem um caráter evocativo maior.

Para construir o BBT – Teste de Fotos de Profissões, Achtnich (1991) selecionou oito tendências fatoriais
dentre as 16 avaliadas no Teste de Szondi, eliminou suas conotações psicopatológicas e traduziu-as para uma
linguagem que privilegiasse a saúde. Para ele, as exigências da profissão àquele que irá exercê-la englobam, além
das aptidões e capacidades, as respectivas inclinações, interesses e necessidades, permitindo, dessa maneira, que
humanize e socialize suas pulsões. A diferença de escolhas nas diversas áreas desperta o olhar para a atividade
enquanto atmosfera profissional, pois áreas diferentes implicarão em diferentes objetos, meios, locais de
trabalho e formas de se relacionar. Isso torna necessário observar não só as inclinações, a estrutura fatorial do
indivíduo, mas reconhecer que suas tendências estarão ativas na maneira como estabelece suas relações com os
parceiros profissionais e, portanto, grande parte de suas relações futuras (Jacquemin, 2000).

Ao desenvolver o HumanGuide®, Kenmo visou simplificar os conceitos szondianos e torná-los


compreensíveis para o público leigo (respondente, profissional de Recursos Humanos, chefias), aplicando-os no
contexto organizacional, por considerá-los bastante úteis para explicar o comportamento humano e,
principalmente, a sua motivação no contexto da atividade profissional (Kenmo, 2005). Apoiando-se na própria
formação em telecomunicações, na sua experiência com a tecnologia da informação (TI) e como consultor em
Recursos Humanos, Kenmo (2005) criou o teste HumanGuide® em estreita parceria com psicólogos e psiquiatras,
procurando desenvolver um instrumento simples, rápido, econômico, seguro e acurado. Traduziu a terminologia
psicopatológica de Szondi (1965/1987) e os códigos alfabéticos de Achtnich (1991) para conceitos que
expressassem os oito fatores pulsionais no ambiente organizacional, conservou sua característica bipolar e lhes
atribuiu uma conotação positiva e de saúde. Em síntese, embora Szondi tenha desenvolvido sua teoria com base
em análises clínicas de pacientes psiquiátricos e no estudo de genealogias, Kenmo (2005) não associou os fatores
do seu teste com a psicopatologia szondiana. Ele adotou apenas os conceitos pulsionais que fundamentam a
compreensão do comportamento de escolha, e, consequentemente, o entendimento da motivação. Entende
que o seu teste é uma simplificação da teoria szondiana, sem a pretensão de constituir um instrumento
psicodiagnóstico para aplicação clínica. A Tabela 1 sintetiza os fatores do teste HumanGuide®, com as respectivas
orientações pulsionais e características típicas.

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Teste HumanGuide®

Tabela 1 - Caracterização dos fatores HumanGuide® segundo Kenmo (2005)

Fator Orientação pulsional Características típicas


Sensibilidade Empatia, sensibilidade, Complacente, atencioso, compreensivo, diplomático, amável,
adaptação. delicado, cuidadoso, receptivo, sensitivo, dedicado, sensível, terno,
tem tato.

Força Ação, determinação e Combativo, competitivo, direto, veloz, motriz, ansioso, rápido, forte,
assertividade. destemido, poderoso, impulsivo, agressivo, invasivo, duro.

Qualidade Responsabilidade, Confiável, esmerado, consciencioso, perseverante, detalhado,


perseverança e tensão. completo, altruísta, obediente, encorajador, educador, exigente.

Exposição Reconhecimento social, Carismático, bem arrumado, encantador, orgulhoso, distinto, colorido,
estar no centro das sonda o ambiente, espontâneo, na moda, sagaz.
atenções, ser valorizado.
Estrutura Objetividade, ordem, Ordeiro, lógico, metódico, sistemático, imparcial, claro, específico,
disciplina e controle. racional, disciplinado, objetivo, prudente, realista.

Imaginação Criatividade, descoberta, Versátil, curioso, artístico, imaginativo, flexível, visionário, inventivo,
desenvolvimento e criativo, progressivo, busca liberdade, sonhador.
liberdade.
Estabilidade Matéria, conservação, Conservador, apegado à tradição, pragmático, colecionador, estável,
manutenção, hábitos, econômico, cauteloso, firme, fiel, “rumina” ideias, “pé no chão”.
tradição.

Contatos Sociabilidade, comunicação, Alegre, aberto, gastrônomo, divertido, expansivo, descomplicado,


informalidade. sociável, comunicativo, bem humorado, otimista, informal.

A Tabela 2 apresenta o quadro comparativo entre os fatores pulsionais concebidos por Szondi (1972), os
adotados por Achtnich (1991) no BBT e traduzidos por Kenmo (2005) no HumanGuide®. Embora Szondi tenha
caracterizado as polaridades dos oito fatores pulsionais, resultando em 16 funções pulsionais, o quadro mostra
apenas os fatores adotados por seus seguidores, para efeito de ilustração.

Szondi (1972) construiu seu modelo teórico pulsional, considerando uma polaridade inerente a todos os
fatores. Achtnich (1991) empregou apenas as polaridades pulsionais dos fatores S (Sh e Se) – Senso Social e O (Or
e On) – Oralidade ao desenvolver o seu instrumento. Kenmo (2005), por sua vez, preferiu ater-se a uma posição
fatorial somente, cuja polaridade é evidenciada por meio da identificação de comportamentos típicos e não
típicos no HumanGuide®, enquanto atração e aversão.

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Teste HumanGuide®

Tabela 2 - Comparação dos fatores segundo Achtnich, Kenmo e Szondi

Teste de Szondi BBT HumanGuide


Szondi (1972) Achtnich (1991) Kenmo (2005)
Vetores Fatores Pulsionais Vetores Vetores

Sexual h - Eros W - Suavidade Sensibilidade

Hermafroditismo (h+)

s - Thanatos K - Força Força

Sadismo (s+)

Paroxismal e – Ética Sh– Senso social Qualidade

Epilepsia, sentido ético (e+)

E – Ética Se – Energia - -------------

Epilepsia , acúmulo de afetos (e-)

hy - Moral Z –Expor, mostrar Exposição

Histeria (hy+)

do Ego k - Egosístole V - Razão Estrutura

Catatonia (k-)

p - Egodiástole G - Espírito Imaginação

Paranóia (p+)

do Contato d - Reter M - Matéria Estabilidade

Depressão (d-)

m – Apegar-se O – Oralidade Contatos

Mania (m+) (On / Or)

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Teste HumanGuide®

No Vetor Sexual aparecem alinhados os fatores relativos ao princípio feminino (h+, Eros, suavidade e
sensibilidade), necessidade de dar e receber amor, ternura, receptividade e disponibilidade para acolher ou
adaptar-se ao outro, e os fatores relativos ao princípio masculino (s+, thanatos, força e força), necessidade de se
impor e transformar o mundo em sua volta, de conquistar tanto o outro, como territórios.

No Vetor Paroxismal aparecem alinhados os fatores relativos à atitude ética (e+, epilepsia, senso social,
qualidade), enquanto propensão a acumular afetos e a desenvolver sentimentos de culpa, e à necessidade de ser
reconhecido socialmente (hy+, histeria, expor, exposição), associada ao senso estético e à tendência de sentir
vergonha e ter receio da opinião das outras pessoas.

As funções egóicas que compõem o Vetor do Ego na teoria de Szondi (1972) estão relacionadas à
adaptação à realidade, distinguindo entre a esfera objetiva (k-, egosístole) e subjetiva (p+, egodiástole); entre o
princípio da realidade e do prazer; entre o Superego e o Id; entre a tendência à constrição, face aos limites
impostos pela realidade, e à inflação, com predomínio da imaginação. Trata-se da polaridade razão – imaginação.
Achtnich (1991) adota o termo Razão para expressar a necessidade de ter controle sobre a realidade, enquanto
Kenmo (2005) prefere adotar a expressão Estrutura ao se referir aos conteúdos relativos ao fator k-. O fator
pulsional p+ de Szondi (1972) representa o mundo das ideias. A subjetividade é denominada Fator G, Espírito
(Geist) por Achtnich (1991), para expressar o intangível, longínquo, para além da realidade dos fatos, a partir do
qual surge a fantasia, o novo, a criatividade, denominado Imaginação por Kenmo. A combinação dos fatores p e
k caracteriza o pensamento científico, na medida em que o fator p+ (mundo da ideias, expansão do Ego)
desempenha papel central no processo de criação e de elaboração de hipóteses, e o fator k- (realidade objetiva,
constrição do Ego) representa a possibilidade de realização das ideias e a verificação empírica das hipóteses.

No Vetor Contato, Szondi (1972) procurou descrever as pulsões associadas à busca de contato (m+,
Mania), de apegar-se a algo, e ao estabelecimento de vínculo, à fixação, retenção (d-, Depressão). Achtnich (1991)
preferiu adotar o termo oralidade para expressar a primeira forma de contato estabelecido com a realidade,
distinguindo a comunicação (Or) da alimentação (On), como formas de expressão dessa necessidade. Kenmo
(2005) ateve-se apenas à oralidade (Fator O), intitulando esse fator de Contatos para representar a ideia de
comunicação, informalidade, leveza e alegria. Em relação ao fator Depressão (d-), na teoria de Szondi, (1972),
Achtnich (1991) preferiu representá-lo por meio do termo Matéria (Fator M), trazendo a imagem de algo perene
e estável, cujo estado se transforma sob a ação do tempo. Esse fator apresenta em seu bojo a ideia de
conservação, manutenção e de retenção. Kenmo (2005) preferiu adotar o termo Estabilidade, explicitando, dessa
forma, a orientação básica desse fator pulsional.

Segundo a Teoria das Pulsões ou Análise do Destino (Szondi, 1972), as necessidades pulsionais são
determinantes dos traços da personalidade e motivam as escolhas que o indivíduo faz em todos os âmbitos da
sua existência. Dessa forma, a atração por determinadas atividades e a adoção de certos estilos de
comportamento permitem a apreensão de seus fatores determinantes, ou seja, dos fatores pulsionais percebidos
como necessidades que buscam satisfação.

O HumanGuide® baseia-se na premissa de que a atividade profissional permite a canalização das pulsões
de maneira socializada e humanizada, promovendo o sentimento de ‘fluxo’ (Csikszentmihalyi, 1992), ao mesmo
tempo em que faz prevenção da saúde mental (Szondi, 1975 e 1987). Como o comportamento que expressa a

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Teste HumanGuide®

motivação pode ser observado por meio da atitude, esta pode ser apreendida e medida por meio de
instrumentos de avaliação psicológica (Cattell, 1975), atendendo à necessidade de conceituar de forma
apropriada a motivação no âmbito organizacional e de medi-la adequadamente (Monicci, 2004).

A apreensão da motivação intrínseca se justifica no âmbito organizacional, enquanto determinante da


satisfação no trabalho, da produtividade no contexto organizacional, contribuindo positivamente para a
qualidade de vida do indivíduo (Abrahão, 2000; Chiavenato, 2005, Dias, 2005; Drucker, 1996, 1999; Franco, 2001;
Herzberg, 1993; Maslow, 1987; Sawickas, 2000a e 2000b; Seligman, 2004).

20
O DESENVOLVIMENTO DO HUMANGUIDE®

O desenvolvimento do HumanGuide® teve início em 1986, a partir da solicitação de uma empresa sueca,
organizadora de excursões de ônibus para os Alpes, que queria aperfeiçoar suas rotinas de recrutamento e
seleção dos seus guias. Como o trabalho de guia de turismo alpino é popular na Suécia, as vagas tiveram muita
procura. A empresa precisou fazer uma seleção criteriosa de um grande número de candidatos e de tal maneira
que não necessitasse despender muito tempo e dinheiro nesse processo.

Com essa demanda em mente, Kenmo (2005) procurou desenvolver um teste que fosse útil na avaliação
de pessoas em recrutamento e seleção, mas que também permitisse ajudá-las a ampliar seu autoconhecimento.
Para tanto, queria que o teste fosse fácil e rápido, que os resultados fossem facilmente compreensíveis pelas
pessoas e permitissem que o testando se reconhecesse neles sem dificuldade para distinguir os diferentes fatores
avaliados no teste. Os resultados não deveriam favorecer qualquer forma de discriminação, evitando formação
de estereótipos.

Para construir o HumanGuide®, Kenmo baseou-se na Análise do Destino de Szondi (1972) e no BBT - Teste
de Fotos de Profissões, desenvolvido por Achtnich na Suíça e introduzido no Brasil por Jacquemin (Achtnich,
1991), que também está apoiado na teoria de Szondi. O formato de inventário de escolha forçada foi adotado
como forma de prevenir distorções decorrentes da desejabilidade social. Considerando as peculiaridades da
avaliação psicológica no contexto organizacional e o problema da desejabilidade social presente nesse contexto,
todos os itens que compõem o HumanGuide® são socialmente desejáveis e de fácil compreensão. Pensando que
o desenvolvimento pessoal passa necessariamente pelo autoconhecimento, Kenmo buscou tornar a
apresentação dos resultados obtidos no HumanGuide® o mais simples e menos herméticos possíveis. Assim,
aquele que se submetesse ao teste e recebesse o resultado, poderia se beneficiar do conhecimento dos seus
pontos fortes e fracos, ou merecedores de desenvolvimento, como prefere chamá-los. As respostas ao
HumanGuide® são apuradas eletronicamente e representadas graficamente, permitindo, também, a realização
de análises estatísticas com os dados obtidos. Para desenvolver o HumanGuide®, Kenmo contou com a
assistência dos psicólogos Lars-Erik Liljeqvist, Bo Haglund e Mary Norman.

Em 1999, Kenmo apresentou pela primeira vez a versão em inglês do HumanGuide® à comunidade
szondiana no Congresso Internacional de Szondi, em Louvain-la-Neuf, na Bélgica, onde foi muito bem recebido.
Esse momento foi decisivo para Kenmo, na medida em que passou a contar com a preciosa contribuição de
Friedjung Jüttner, então presidente da Sociedade Internacional de Szondi, com sede em Zurique, e de Robert
Maebe, profundo conhecedor da teoria de Szondi, membro do núcleo de estudos patoanalíticos de Louvain,
Bélgica (Centre d´études pathoanalytiques, Université de Louvain). A publicação do primeiro manual em sueco
aconteceu em 2001 (Kenmo, 2001).

O teste ganhou novo impulso com a criação de uma versão em português, alemão e francês. A versão em
inglês foi introduzida inicialmente em uma empresa suíça de alta tecnologia, nos processos de recrutamento e
seleção de candidatos para suas filiais nos EUA e na Ásia. Como a aplicação do teste é feita por meio da Internet,
o HumanGuide® representou grande economia de tempo e investimento de recursos decorrentes de viagens
internacionais. A questão do fuso horário também foi contornada, na medida em que é possível acessar a página
do teste a qualquer hora e em qualquer lugar.

21
Teste HumanGuide®

A primeira versão do HumanGuide® em português foi concluída em 2002. A aplicação do piloto do teste
no Brasil contou com a participação de 191 pessoas. Ali avaliou-se questões de linguagem e analisou-se a
variabilidade dos itens que compuseram essa primeira versão do teste. Também foi avaliada a receptividade dos
testandos. A revisão dos itens contou com a colaboração de dois juízes (linguistas), que escolheram como critério
de formulação das frases constituintes dos itens do teste a adoção do presente do indicativo, referência a
comportamentos presentes no contexto profissional, facilidade de compreensão e desejabilidade social. Durante
o estudo de evidências de validade e precisão do HumanGuide®, os itens da primeira versão em português foram
revistos e reformulados, visando atender ao critério de variabilidade de 73% proposto por Anastasi (2003). Os
resultados obtidos nesse estudo serão apresentados em detalhe no capítulo Validade e Precisão do
HumanGuide®.

Paralelamente ao desenvolvimento e aprimoramento da primeira versão do teste em português, Kenmo


concluiu o livro Deixe a Personalidade Florescer, para contribuir com a construção de um espaço vital saudável
por meio de escolhas em consonância com o perfil motivacional do indivíduo. O original em sueco foi traduzido
para o inglês e depois, para o português (Kenmo, 2007).

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CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS DO HUMANGUIDE®

Diversos autores apontam o crescente otimismo em relação à possibilidade de diminuir a capacidade dos
testandos responderem de maneira socialmente desejável por meio da adoção do formato de escolha forçada
multidimensional, pois ela reduz a inflação dos escores e apresenta maior validade de critério em comparação à
escala Likert (Anastasi, 2003; Baron; 1996; Meade, 2004; Heggestad & cols. 2006). No entanto, esse tipo de medida
apresenta sérias limitações, pois os dados obtidos dessa maneira não são normativos, mas, sim, ipsativos.

Do ponto de vista matemático, os dados são considerados ipsativos quando a soma de um determinado
conjunto de respostas sempre resulta no mesmo total e é igual para todos os respondentes (Dorsch, 1992;
Meade, 2004). Embora muitos fatores possam contribuir para a criação de dados ipsativos, na prática esse termo
é usado de uma maneira genérica como sinônimo de “dados interdependentes”, característicos de testes no
formato de escolha forçada.

A interdependência de covariância dos itens se refere aos limites existentes nas matrizes ipsativas de
covariância, resultante das propriedades dos dados obtidos por meio da escolha forçada. Ela nasce do processo
cognitivo envolvido na tomada de decisão entre os itens de cada conjunto de itens (Baron, 1996; Meade, 2004).
O processo de escolha é afetado pelo nível latente dos construtos avaliados presentes no respondente.

As expectativas positivas e negativas do respondente em relação ao meio ambiente, sua percepção de


desejabilidade e suas hipóteses sobre as consequências da escolha de cada item também podem afetar a
consistência das respostas (Baron, 1996; Meade, 2004). Cabe destacar que as distorções decorrentes da
desejabilidade social são menos frequentes nas escalas interdependentes de escolha forçada, pois nelas os
respondentes são obrigados a atribuir um valor diferente aos itens, sem a possibilidade de concordar com todos
eles. Além disso, a escolha forçada resulta numa maior diferenciação dos escores no respondente, pois não é
possível lhes atribuir um valor igual (Baron, 1996). Por outro lado, o teste não fornece os dados normativos
necessários para a realização de comparações interindividuais, frequentemente presentes no contexto da
seleção de pessoal (Heggestad e cols., 2006b). Embora as medidas ipsativas sejam alvo de controvérsia no que se
refere às comparações interpessoais, o mesmo não ocorre quando utilizado para a autoavaliação e
autoconhecimento, onde a comparação das dimensões se dá em termos intrapessoais (Kayes, 2005).

O teste HumanGuide® é um teste no formato de escolha forçada, e, portanto, ipsativo, pois nele o
testando deve escolher entre oito itens diferentes e também socialmente desejáveis. No total há nove conjuntos
com oito itens cada. Essa construção pretende simular uma situação semelhante ao processo de escolha real que
a pessoa tem que fazer na vida. Os escores ipsativos obtidos no HumanGuide® refletem a força relativa dos traços
presentes no indivíduo, adotando o seu comportamento de escolha como parâmetro.

Enquanto os dados normativos atendem aos critérios psicométricos da Teoria Clássica dos Testes,
podendo ser submetidos às análises estatísticas mais frequentemente empregadas, como a análise fatorial, por
exemplo, diversos autores são unânimes ao afirmar que dados ipsativos não devem ser submetidos à análise
fatorial (Bartram, 2008; Loo, 1999; Baron, 1996; Dunlap & Cornwell, 1994; Froman, 2001). Outros autores informam
sobre as dificuldades existentes ao se submeter dados ipsativos a análises estatísticas que pressupõem uma
distribuição normal das respostas (Baron, 1996; Chan, 2003; Chan & Cheung, 2002; Hammond & Barrett, 1996;
Heggestad, 2006; Heggestad & cols., 2006a, 2006b; Karpatschof & Elkær, 2000; McCloy, Waugh & Medsker, 1999;

23
Teste HumanGuide®

McCloy, Heggestad & Reeve, 2005, Meade, 2004; Price, L. R., 2006).

As interdependências presentes nas escalas ipsativas e nos escores ipsativos referem-se ao fato de que no
momento em que o respondente é forçado a escolher um item, seu processo de decisão altera as propriedades
psicométricas da escala. Nesse caso, o item selecionado não depende só do nível de latência do traço que está
sendo medido pelo item, mas, também, do conjunto de itens do qual faz parte e das suas propriedades
específicas. O resultado é que cada escore observado no HumanGuide® seja contaminado pelos demais escores
do conjunto de itens. A interdependência artificial entre os escores ipsativas, ou seja, o fato de a rejeição de um
item forçosamente implicar na não escolha de outro item do conjunto, afeta as propriedades psicométricas do
HumanGuide®. Isso acontece na medida em que se origina uma situação de competição entre os itens de cada
conjunto de itens (Meade, 2004; McCloy, Waugh & Medsker, 1999). É necessário reconhecer que a
interdependência das escalas nas medidas ipsativas, como acontece no HumanGuide®, cria dificuldades maiores
do que as encontradas nas escalas Likert, o que traz implicações importantes para a análise estatística e dos
escores ipsativos (Baron, 1996).

O fato de os itens competirem entre si tem implicações nas suas intercorrelações e, consequentemente,
na análise de validade e da fidedignidade. Devido à baixa intercorrelação dos itens, as subescalas do teste
também tendem a apresentar baixa consistência interna. No entanto, é importante considerar que a baixa
consistência interna, a estimativa de fidedignidade, e as baixas correlações com outras medidas são decorrentes
do procedimento de obtenção dos escores por meio da escolha forçada (McCloy e cols., 2006). Nos testes
ipsativos, os valores de consistência interna são atenuados devido ao fato de a maioria das correlações inter-itens
serem negativas, fazendo com que escores elevados em uma determinada dimensão provoquem escores baixos
nas outras dimensões (Kayes, 2006). A fidedignidade dos testes com características ipsativas, obtida por meio da
consistência interna, é em geral baixa, com valores medianos ao redor de 0,20, o que pode contribuir, também,
para a redução dos índices de correlação com outros instrumentos (Greer & Dunlap, 1997; McCloy, Waugh &
Medsker, 1999). Assim, a estimativa da consistência interna a partir de fórmulas derivadas da Teoria Clássica dos
Testes não é compatível com dados ipsativos (Meade, 2004).

Embora o valor mínimo da consistência interna (alfa) recomendado seja 0,80 e 0,90 para pesquisa básica
e aplicada, respectivamente, o fato de pesquisadores contemporâneos considerarem adequados valores alfa em
torno de 0,60 e 0,70 em dados ipsativos não é incomum (Hammond & Barrett, 1996; Meade, 2004; Clark & Watson,
1995). Enquanto há divergências em relação à existência de diferenças e à fidedignidade entre as escalas ipsativas
e normativas (Baron, 1996; McCloy e cols., 2006), o mesmo não acontece na análise fatorial.

De uma maneira geral, o escore ipsativo pode ser entendido como uma pontuação normativa
controlada, equivalente ao escore total em todas as escalas. Como não há medida de escore total em todas as
escalas do HumanGuide®, ele mostra apenas quais traços são mais fortes e mais fracos no indivíduo. É possível
observar o formato do perfil, mas não os valores absolutos das oito escalas avaliadas, permitindo comparar as
diferenças intra-individuais, mas não as inter-individuais. Muitas vezes a normatização dos dados ipsativos pode
não ser apropriada, pois impossibilita comparações intra-individuais.

Ainda que a análise fatorial constitua a aproximação estatística mais importante para se demonstrar a
validade fatorial de um teste (Froman, 2001), diversos autores consideram que ela não é indicada para a análise

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Teste HumanGuide®

de dados ipsativos (Bartram, 2008; Loo, 1999; Baron, 1996; Dunlap & Cornwell, 1994; Froman, 2001). Julgam que
quando submetidos à análise fatorial, os resultados obtidos não são passíveis de análise, por apresentarem
fatores artificiais bipolares e contrastantes (Baron, 1996; Dunlap & Cornwell, 1994), e com eigenvalues muito
semelhantes, favorecendo a instabilidade na saturação das variáveis dos fatores (Moreira, 2000).

Dunlap e Cornwell (1994), em artigo no qual demonstram analiticamente os problemas fundamentais


que medidas ipsativas impõem à análise fatorial, recomendam que esta não seja realizada em dados ipsativos ou
nos quais possa haver indício de ipsatividade. Eles destacam que a ipsatividade produz fatores artificiais
bipolares, obscurecendo qualquer correlação entre as medidas. Baron (1996) também coloca que a análise
fatorial é problemática com medidas ipsativas, pois a ipsatividade cria correlações negativas na matriz de
correlação, distorcendo qualquer estrutura fatorial na medida em que resulta em fatores bipolares contrastantes.
Froman (2001), por sua vez, considera que determinadas escalas jamais deveriam ser submetidas à análise
fatorial. Ele cita, como exemplo, as medidas ipsativas, pois o fato de cada indivíduo atribuir um ranking diferente
a cada item torna os dados impróprios para o fatoriamento.

Como alternativa, Baron (1996) recomenda o emprego da análise de consistência, pois ela se apresenta
mais robusta com medidas ipsativas, embora ainda seja sujeita a distorções. No entanto, estas serão menores
quanto mais escalas fizerem parte da medida ipsativa. De um modo geral, Baron coloca que a ipsatividade tem
menos impacto sobre a robustez das escalas do que se poderia temer.

O emprego do formato de escolha forçada adotado no HumanGuide® minimizou o viés da desejabilidade


social, ao mesmo tempo em que criou dificuldades para a realização de análises psicométricas segundo a Teoria
Clássica dos Testes. A despeito das considerações e restrições descritas acima, o HumanGuide® foi submetido à
análise fatorial, por ser este um procedimento tradicionalmente adotado no Brasil. Os resultados obtidos foram
analisados com base no exposto, como sugerem McLean e Chisson (1986), Martinussen, Richardsen e Vårum
(2001), que ressaltam a importância de se ter cuidado ao interpretar resultados provenientes de medidas
ipsativas. Cattel e Brennan, citados por Bimler e Kirkland (2006), também recomendam cautela na análise dos
dados com propriedades ipsativas, como é o caso do HumanGuide®, pois qualquer fator encontrado em dados
normativos tende a desaparecer quando os mesmos são ipsatizados.

A ipsatividade, característica psicométrica do HumanGuide®, é, portanto, um efeito colateral indesejado


decorrente da utilização de mecanismos de controle de diferentes formas de viés de respostas, como o
desenvolvimento de testes no formato de escolha forçada (Bartram,1996). A controvérsia na interpretação das
propriedades psicométricas dos instrumentos de avaliação da personalidade no formato de escolha forçada é
bastante atual, constituindo objeto de debate sobre suas implicações teóricas e empíricas. Os autores
pesquisados apontam que, diante das controvérsias, é preciso considerar as limitações dos dados ipsativos ao se
determinar as propriedades internas dos instrumentos, uma vez que suas vantagens superam as limitações,
quando há risco de falseamento de resposta devido ao viés da desejabilidade social – preocupação de Kenmo
(2001) na construção do teste HumanGuide® (Anastasi, 1975; Anastasi, 2003; Baron, 1996; Chan, 2003; Chan &
Cheung, 2002; Clark & Watson, 1995; Dilchert & cols., 2006; Greer & Dunlap, 1997; Hammond & Barrett, 1996;
Heggestad, 2006; Heggestad & cols., 2006a, 2006b; McCloy & cols., 2006; McCloy, Waugh & Medsker, 1999;
McCloy, Heggestad & Reeve, 2005; Meade, 2004; Price, L. R., 2006; Stark, Cherneyshenko & Drasgow, 2005; Sydell
& Snell, 2003).

25
ESTUDOS PSICOMÉTRICOS

26
Os estudos psicométricos realizados com o Teste HumanGuide® abrangeram análise dos itens, análise da
estrutura interna, evidências de validade por meio do estudo de validade convergente com os testes 16PF –
Questionário dos 16 Fatores da Personalidade (Russell & Karol, 2002) e BBT- Teste de Fotos de Profissões
(Achtnich, 1991), análise de consistência interna e estudo de fidedignidade por meio do teste-reteste.

A análise fatorial foi realizada dentro do escopo do estudo de validade e precisão do HumanGuide®, por
constituir a aproximação estatística mais importante ao se demonstrar a validade fatorial (Froman, 2001). Os
resultados obtidos não se mostraram passíveis de análise, como esperado (Baron, 1996; Fronam, 2001, Moreira,
2000), tendo apresentado fatores artificiais bipolares e contrastantes, com correlações negativas na matriz de
correlação e com eigenvalues muito semelhantes, o que tornou a saturação das variáveis dos fatores instáveis. No
entanto, apesar disso, quando analisados em detalhe e com base nas considerações sobre dados ipsativos
encontradas na literatura pesquisada (Baron, 1996; Bartram, 2008; Bimler & Kirkland, 2006, Dunlap & Cornwell,
1994; Froman, 2001; Loo, 1999; McLean e Chisson,1986; Martinussen, Richardsen & cols., 2001; Moreira, 2000, e
interpretados sob a ótica da teoria subjacente ao teste (Achtnich, 1991; Borg, 2001, 2005; Deri, 1949; Gayral, 2006;
Lekeuche & Mélon, 1990; Szondi, 1965/1987, 1963/1998, 1972), o resultado da análise fatorial forneceu
informações bastante interessantes sobre a natureza dos agrupamentos presentes em cada componente obtido
e sobre as respectivas características globais, embora estas não correspondam diretamente às oito dimensões
propostas teoricamente, mas a quatro fatores constituídos, cada qual por fatores polares contrastantes. Em vista
do exposto, o resultado da análise fatorial será discutido com base nas considerações sobre dados ipsativos dos
diferentes autores pesquisados e interpretado sob a ótica szondiana. Como critério de validade de construto
optou-se pela análise da consistência interna, que constitui uma alternativa proposta por Baron (1996), por ser
indicador mais robusto para este fim quando se trata de dados ipsativos.

A interpretação dos fatores obtidos leva em consideração as propriedades ipsativas do HumanGuide®,


demonstrando que os resultados obtidos por meio da análise fatorial e da validade convergente apresentaram as
características descritas na literatura pesquisada sobre esse tipo de medida. As definições e a conceituação dos
fatores pulsionais de Szondi, consideram as respectivas valências e orientação (centrífuga ou centrípeta).

DESCRIÇÃO DO TESTE
O Teste HumanGuide® é um teste no formato de escolha forçada, cujas respostas podem ser de três tipos:
sim (escolha), não (rejeição) e em branco (neutra). As respostas assinaladas com “sim” são representadas pelo sinal
de mais (+), as respostas assinaladas como “não” são representadas pelo sinal de menos (-) e as respostas neutras
são assinaladas por zero (0). O resultado obtido no teste resulta da soma das respostas “sim”, cuja representação
gráfica vai de 1 a 9 no lado direito do gráfico de barras horizontais, e da soma das respostas “não”, com a
correspondente representação gráfica de 1 a 9 no lado esquerdo do gráfico de barras horizontais. Dessa forma, é
possível verificar o número de escolhas e/ou rejeições que incidiu nos itens de cada um dos oito fatores. Deve-se
atentar para o fato de as escolhas neutras resultarem em zero, não dispondo de representação gráfica. O número
de respostas neutras por fator pode ser calculado a partir da soma do número total de escolhas + e -, sendo que
a diferença para nove (9) corresponde ao número de itens do fator que ficaram em branco. Esse cálculo é
realizado eletronicamente, exigindo apenas a conversão da base de dados no gráfico de barras por meio de
programa específico.

27
PARTICIPANTES

Fizeram parte do estudo de validade e precisão do teste HumanGuide®, 815 pessoas de ambos os sexos,
com 51,3% de homens (n=418) e 48,7% mulheres (n=397). A idade média dos participantes do estudo foi de 31,1
anos (dp=8,8), variando de 18 a 60 anos. A distribuição dos participantes por idade aparece na Figura 1.

140 -

120 -

100 -
Freqüência

80 -

60 -

40 -

20 -

0-
16 21 26 31 36 41 46 51 56
,3 ,3 ,3 ,3 ,3 ,3 ,3 ,3 ,3
-1 -2 -2 -3 -3 -4 -4 -5 -5
8,8 3,8 8,8 3,8 8,8 3,8 8,8 3,8 8,8

Idade
Figura 1. Distribuição dos participantes por idade.

Considerando a escolaridade dos participantes, observou-se maior presença de profissionais com ensino
superior completo (74%), dos quais 22% com curso de pós-graduação. Apenas 11,7% dos participantes
informaram ter somente o ensino médio completo, sendo que 2,6% ainda o estava cursando. A amostra do
estudo contou com a participação de 11,5% de estudantes universitários e 0,5% de pós-graduandos.

A formação dos participantes concentrou-se na área de humanas (45,9%), com forte presença da área de
exatas (33,4%), e pouca presença da área de biológicas (6,7%). Sob a rubrica “não informado” foram classificados
13,5% dos participantes, que deixaram em branco o campo “formação” ou que registraram nele o nome do cargo
que ocupam. A Tabela 3 apresenta a distribuição dos participantes segundo área de formação e sexo.
Tabela 3 – Distribuição dos participantes considerando formação e sexo.

28
Teste HumanGuide®

Tabela 3 - Distribuição dos participantes considerando formação e sexo.

Sexo
Formação Total
Feminino Masculino

Biológicas 49 6 55

Exatas 79 195 274

Humanas 212 160 376

Não informado 53 57 110

Total 397 418 815

Os profissionais da amostra do estudo são provenientes principalmente de organizações do segmento


de navegação (27,5%) e de tecnologia da informação (16,2%). Os demais participantes atuam nos segmentos de
autopeças (3,7%), jurídico (3,3%), saneamento público (2,8%), bancário (5,9%), audiovisual (4,6%), logística
(4,6%), educacional (3,0%), saúde (1,7%), químico (2,2%) e construção civil (2,5%), totalizando 34,3% da amostra.
Não foi possível atribuir um ramo de atividade a 7,9% dos participantes, por se tratar de estudantes ou de
desempregados. Os demais participantes (30,3%) atuam em vários segmentos como aeroespacial, alimentos,
alumínio, aviação comercial, comércio, indústria moveleira, consultoria, prestação de serviços de diferentes
naturezas, mineração, energia, papel e celulose, editorial, radio e TV, organizações não governamentais, Recursos
Humanos, clínico e no serviço público.

A procedência dos participantes concentrou-se no estado de São Paulo (67%), sendo que 43,2%
trabalham na capital, 9% no Grande ABC, 10,6% no interior do estado e 4,2% no litoral. Também participaram da
pesquisa pessoas de outros estados brasileiros, que atuam nas filiais das empresas contatadas, com maior
presença de participantes de Minas Gerais (6,5%), Santa Catarina (2,3%), Rio Grande do Sul (1,6%) e Rio de Janeiro
(1,2%). Os demais são provenientes dos estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Pernambuco,
Piauí e Paraná, correspondendo a de 0,2% a 1% dos participantes em cada estado.

Com relação aos cargos ocupados nas diferentes empresas que participaram do estudo, houve
predominância dos cargos de assistente (17,1%), analista (19,4%), auxiliar (6,7%), coordenador (7,5%), gerente
(6,3%), consultor interno ou externo (3,7%) e diretor (2%), totalizando 54,9%. Há presença de 5,3% de estagiários
ou trainees. Os demais cargos tinham características mais específicas, associadas à tarefa ou a conhecimentos
técnicos, como advogado (2%), psicólogo (1,5%), engenheiro (2%), técnico (2,2%) e vendedor (1,2%),
programador (1,2%) e planejador (1,2%) ou às características próprias do ramo de atividade. 6,5% dos
participantes não informaram o cargo, por se tratarem de estudantes ou desempregados.

29
Teste HumanGuide®

Participaram do estudo de correlação com os testes 16PF e BBT 87 participantes da amostra total do
estudo, 52 do sexo feminino (59,8%) e 35 do sexo masculino (40,2%), com idade média de 29,4 anos (dp 8,2),
variando de 18 a 58 anos. Esses participantes são provenientes da cidade de São Paulo e trabalham em empresas
dos segmentos de navegação (39%), tecnologia da informação (51,7%) e químico (12,6%).

Participaram do estudo de precisão, por meio de teste-reteste, 61 pessoas de ambos os sexos, com 56,3%
de mulheres (n=35) e 43,7% de homens (n=28). A idade média dos participantes desse estudo foi de 32,1
(dp=8,9), variando de 18 a 58 anos. Esses participantes são provenientes de empresas dos segmentos de
navegação (62,5%), tecnologia da informação (26,6%) e outros (7,9%).

RESULTADO DO ESTUDO COM A PRIMEIRA


VERSÃO EM PORTUGUÊS

A primeira versão informatizada do teste HumanGuide® em português foi aplicada em uma amostra
composta por 191 testandos adultos, 51,8 % do sexo masculino e 48,2% do sexo feminino. Não há informação
sobre o nível de escolaridade ou profissão dessa amostra. O objetivo do primeiro estudo foi verificar o grau de
variabilidade dos 72 itens que compunham a primeira versão em português do HumanGuide® para, se
necessário, fazer ajustes. Foi adotado o índice de 27% superior e inferior da distribuição do critério dos itens,
como sugerido por Anastasi (2003).

A análise de variância dos itens da primeira versão em português do HumanGuide® revelou que a
atribuição positiva dos itens variava de 5,9% a 94,4%, a atribuição negativa diferenciava de 0% a 87% e a
atribuição neutra de 7% a 43%. Esse resultado mostrou que havia maior variabilidade na atribuição neutra do que
nas atribuições positiva e negativa. É necessário considerar que os testandos devem atribuir quatro “sim”, dois
“não” e dois “neutro” aos oito itens que compõem cada página do teste, fazendo com que o total de escolhas
positivas, negativas e neutras seja sempre o mesmo para todos os testandos. Há, portanto, maior probabilidade
de atribuição positiva (sim) aos itens, do que de atribuição negativa (não) ou neutra (em branco).

A análise descritiva dos dados identificou nove itens com baixa variância, ao se adotar como critério de
variância o índice de 73% (Anastasi, 2003). Nessa análise foram consideradas as características ipsativas do
instrumento, caracterizadas pela interdependência dos itens, ou seja, o fato de a seleção de um item diminuir a
probabilidade dos demais itens serem escolhidos positivamente. Assim, a rejeição ou neutralidade de um item
estava condicionada à probabilidade de atribuição positiva a quatro itens, fazendo com que a escolha positiva de
um item por mais de 73% dos testandos implique necessariamente na rejeição ou neutralidade do mesmo item
por menos de 27%.

Após a análise da variância dos itens, foram considerados problemáticos aqueles cuja variância foi
inferior a 73% ou que não estivessem em consonância com a temática subjacente a cada conjunto de itens.

30
Teste HumanGuide®

Observou-se que havia uma concentração de escolhas positivas nos itens do fator Qualidade (e+), relativo à
articipação social por meio de ações positivas e comprometidas com a ética. Como esse aspecto é bastante
valorizado socialmente, o resultado sugeria que a elevada incidência de atribuição positiva a esse fator tenha
sofrido forte influência da desejabilidade social. Para tornar a desejabilidade social menos evidente, procedeu-se
à reformulação dos itens considerados problemáticos, buscando acentuar as características de cada fator,
mantendo-os, porém, sempre o mais próximo possível do texto original.

Outro fator que apresentou itens com baixa variabilidade foi Imaginação (p+), que expressa a expansão
do Ego por meio do contato com o novo, da descoberta, da pesquisa, da busca da solução de problemas, da
criatividade e do profundo envolvimento com o que faz (Achtnich, 1991). Esse aspecto tem sido muito valorizado
pelas empresas, como condição necessária para lidar com mudanças constantes e com a imprevisibilidade,
exigindo inovação e flexibilidade dos profissionais (Chiavenato, 2005; Drucker, 1999; Franco, 2001; Herzberg,
1993). Os itens com elevado porcentual de escolha positiva correspondem a essa expectativa. A reformulação
desses itens pretendeu privilegiar a ação criativa e menos a intenção criativa ou a valorização da capacidade
criativa.

Um item do fator Estrutura (k+), que expressa necessidade de ter controle sobre a realidade, apresentou
variância abaixo do esperado, com 76,3% de atribuição positiva pelos testandos. Dois itens do Vetor Contato (d-
e m+) apresentaram variância baixa, sinalizando necessidade de corresponder a uma expectativa social no
sentido da cooperação grupal e se mostrar quase sempre alegre. As reformulações realizadas visaram conferir
maior ênfase aos aspectos representados pelos itens, aumentando sua intensidade.

Alguns itens foram muito rejeitados pelos testandos, apresentando, portanto, baixa variância da
atribuição negativa, esta superior a 73%. No Vetor Paroxismal, houve rejeição de um item do fator Exposição (hy+)

por 87,1% dos testandos. Esse item expressava a necessidade de reconhecimento e de aprovação externa,
sugerindo identificação com a valorização social atribuída a uma atitude mais modesta.

Outros itens foram reformulados, buscando a obtenção de maior correspondência com o tema de cada
página: Página 1 – Comunicação; Página 2 – Estilo de trabalho; Página 3 – Estilo de liderança; Página 4 – Estresse;
Página 5 – Leque de Recursos; Página 6 – Tomada de decisão; Pagina 7 – Atitude frente à Vida; Página 8 - Atitude
frente aos Outros; Página 9 – Expressão Máxima. Os novos itens visaram contextualizar o fator nesses temas,
sendo que os itens da página 9 deveriam servir como medida de coerência interna, no sentido em que os quatro
itens com atribuição positiva deveriam corresponder aos fatores com maior pontuação positiva.

31
ANÁLISE DOS ITENS DA SEGUNDA VERSÃO
EM PORTUGUÊS

A análise de frequência das escolhas positivas, negativas e neutras do conjunto de itens que compuseram
a segunda versão em português do HumanGuide®, após a substituição dos itens problemáticos pelos
reformulados, foi feita com base no banco de dados do estudo de validade e precisão. A análise de frequência
revelou que os novos itens atenderam ao índice de variância proposto por Anastasi (2003), com índice de
escolhas positivas inferior a 73%, exceto seis itens, sendo que todos apresentaram variância inferior a 80%.
Observou-se que os itens relativos ao fator Qualidade (e+), continuaram apresentando tendência a uma menor
variância. Os demais itens que apresentaram variância relativamente baixa estão associados à aceitação e
participação social.

ANÁLISE DA ESTRUTURA INTERNA


O principal objetivo da investigação da estrutura interna do HumanGuide® foi verificar se as correlações
entre os itens se dão em conformidade com o construto teórico no qual está baseada a interpretação dos escores
obtidos por meio deles. Como a estrutura do HumanGuide® é multidimensional, sendo constituída de oito
subescalas correlacionadas, cada qual representando uma dimensão específica do construto motivação, um
importante objetivo desse estudo foi investigar sua estrutura fatorial, considerando a teoria de Szondi (1972).

As concomitâncias entre os fatores constituintes do teste HumanGuide® foram verificadas por meio da
análise de correlação bivariada de Spearman rho. Foram considerados significantes os valores que obtiveram
nível de significância estatística menor do que 0,05, sendo muito significantes os que obtiveram níveis menores
que 0,01. Os valores acima de 0,05 foram considerados estatisticamente não significantes. As correlações
positivas e negativas muito significantes observadas em todos os fatores do teste podem ser visualizadas na
Tabela 4.

32
Teste HumanGuide®

Tabela 4 - Correlações não-paramétricas bi-caudais de Spearman rho entre os


fatores constituintes do HumanGuide®

Sens. For. Qua. Exp. Estr. Imag. Estab. Cont.

Sensibilidade r - - - - - - - -

p - - - - - - - -

Força r 0,434** - - - - - - -

p 0,000 - - - - - - -

Qualidade r -0,045 -0,169 - - - - - -

p 0,677 0,118 - - - - - -

Exposição r -0,103 0,081 -0,351** - - - - -

p 0,343 0,455 0,001 - - - - -

Estrutura r -0,386** 0,041 0,307** 0,461** - - - -

p 0,000 0,704 0,004 0,000 - - - -

Imaginação r -0,333** 0,176 -0,153 0,097 -0,027 - - -

p 0,002 0,104 0,158 0,373 0,806 - - -

Estabilidade r 0,053 -0,455** 0,072 -0,319** 0,064 0,354** - -

p 0,625 0,000 0,508 0,003 0,553 0,001 - -

Contatos r 0,166 -0,097 -0,418** 0,159 -0,513** -0,205 -0,207 -

p 0,125 0,370 0,000 0,142 0,000 0,056 0,055 -

** Correlação muito significante ao nível 0,01. * Correlação significante ao nível 0,05.

33
Teste HumanGuide®

Esses resultados mostram que o padrão de associação entre as oito subescalas do HG (fatores) covariam
em magnitude e direção, como esperado, de acordo com a teoria original de Szondi (1972), considerando suas
características ipsativas. A presença ou ausência do indicador “-” antes dos coeficientes informa se as duas
variáveis aumentam no sentido positivo (ausência do indicador) ou negativo (presença do indicador). As
correlações positivas indicam que quando o valor de uma variável aumenta, o mesmo se dá com a variável
correlacionada a ela. O inverso se dá nas correlações negativas, indicando que o valor de uma variável aumenta à
medida que o valor da variável correlacionada diminui.

As análises de concomitâncias internas dos fatores que compõem o teste HumanGuide®,


considerando-se as correlações identificadas com nível de significância estatística inferior a 0,05, permitiram
verificar a existência de consistência interna, com predominância de correlações negativas, principalmente entre
os fatores com orientações opostas (centrípetas versus centrífugas), havendo apenas uma correlação positiva
entre fatores centripetais (Qualidade e Estrutura). A associação entre o aspecto valorativo e ético (Qualidade) com
o aspecto normativo (Estrutura) parece corresponder à formalização de valores sociais enquanto balizadores do
comportamento, favorecendo a adaptação às normas e regras sociais. Essa associação pode ser interpretada
como profissionalismo, comprometimento e senso de responsabilidade, como sugerido por Achtnich (1991).

EVIDÊNCIA DE VALIDADE CONVERGENTE

A fim de verificar a validade do construto do HumanGuide® procedeu-se ao estudo de correlação


convergente com os testes 16PF– Questionário dos 16 Fatores da Personalidade (Russell & Karol, 2002) e BBT -
Teste de Fotos de Profissões (Achtnich, 1991). As relações entre essas medidas foram estudadas pela prova de
correlação bivariada de Spearman rho, com nível de significância de 0,05. Foram considerados significantes os
valores que obtiveram nível de significância estatística menor do que 0,05, sendo muito significantes os que
obtiveram níveis inferiores a 0,01. Os valores acima de 0,05 foram considerados estatisticamente não
significantes. Posteriormente, foi realizada análise fatorial heurística com inclusão total dos itens que compõem
o teste HumanGuide®.

34
HUMANGUIDE® e 16PF

Ao todo foram identificadas 35 correlações significantes, tanto positivas como negativas, entre os fatores
do HumanGuide® e os fatores do 16PF – Questionário dos 16 Fatores da Personalidade (Russell & Karol, 2002),
cujas magnitudes são baixas ou moderadas (<0,5) como previsto, considerando as características ipsativas do
teste, descritas e discutidas na página 34. A Tabela 5 apresenta os valores que tiveram maior significância na
síntese da matriz de correlação entre os fatores do HG e o 16PF.

Tabela 5 - Síntese da matriz de correlação entre os fatores do HG e 16 PF


(Spearman rho)
HumanGuide®
16PF Sens. For. Qua. Exp. Estr. Imag. Estab. Cont.

A 0248* -0,276**
Expansividade

E 0,279** -0,299**
Afirmação

F 0,223* -0,294** 0,351** 0,332** -0,223* 0,307**


Preocupação

G 0,257* 0,254* -0,329** 0,231* -0228*


Consciência

H 0,221* -0,267* 0,295** -0,351** 0,223*


Desenvoltura

M -0,219* 0,285**
Imaginação

N 0,298** 0,241* -0,318** 0,250*


Requinte

Q1 0,226* 0,447** -0,438**


Abertura a novas
experiências

Q2 0,251*
Dependente do
grupo

Q3 0,368** -0,318** 0,390** 0,221* -0,259*


Disciplina

** Correlação muito significante ao nível 0,01. * Correlação significante ao nível 0,05.

35
Teste HumanGuide®

Nos fatores que compõem o Vetor Sexual da teoria de Szondi, as correlações encontradas entre o fator
Força e os fatores do 16PF dizem respeito ao aspecto direto, dominante e afirmativo em diferentes contextos, seja
como recurso de autopreservação, seja como forma de conquistar espaços ou de estabelecer contatos sociais. Foi
observada apenas uma correlação positiva significante do fator Sensibilidade com o 16PF, sugerindo que a
empatia está associada à consciência (fator G), enquanto freio ético. A análise das concomitâncias dos fatores que
compõem o Vetor Paroxismal, Qualidade e Exposição, revelou que estes se correlacionaram com os mesmos
fatores do 16PF, porém em polaridades opostas, o que confirma a hipótese de polaridade desses fatores (Szondi,
1972).

O mesmo foi observado em relação aos fatores que compõem o Vetor do Ego, Estrutura e Imaginação,
com três correlações semelhantes, porém em polaridades opostas. De uma maneira geral, observou-se que as
correlações estabelecidas entre os fatores Estrutura e Imaginação com os fatores do 16PF estão associadas à
polaridade, adaptação à realidade versus inovação e experimentação, conformidade versus dissidência, cautela
versus experimentação, coincidindo com o construto subjacente aplicado a diferentes contextos, como atitudes,
valores, percepção da realidade e relações interpessoais (Achtnich, 1991; Borg, 2001; Cattell, 1989; Kenmo, 2005;
Núñez & Alemán, 2006; Russell & Karol, 2002; Szondi, 1972).

Verificou-se que as correlações encontradas referentes ao fator Estabilidade dizem respeito à seriedade,
ensimesmamento, conservadorismo e resistência a mudanças, enquanto as correlações observadas em relação
ao fator Contatos expressam abertura, alegria, espontaneidade e expansividade.

Levando em conta todas as correlações encontradas entre o HumanGuide® e o 16PF, O fator que
apresentou menos correlações foi o Sensibilidade, que diz respeito à capacidade de empatia, receptividade e
disponibilidade para atender e se adaptar às pessoas, com apenas duas correlações significantes, uma positiva e
uma negativa. Há maior incidência de correlações dos fatores do teste HumanGuide® com os fatores F
(Preocupação, Surgência), G (Superego), H (Desenvoltura), N (Requinte) e Q3 (Disciplina) do 16PF, com uma
média de cinco correlações encontradas por fator. Os conteúdos representados por cada um desses fatores do
16PF dizem respeito aos relacionamentos sociais, à internalização dos valores morais (participação social), ao
enfrentamento de ameaças, às máscaras sociais (aceitação social) e ao contato com a realidade, procurando
manter a congruência entre o Ego ideal e o Ego real, respectivamente. Os fatores A (Expansividade), E
(Dominância), M (Imaginação, Praxermia), Q1 (Radicalismo) e Q2 (Aderência ao grupo) apresentaram entre duas
e três correlações significantes com o HumanGuide®. Os fatores B (Inteligência), C (Estabilidade emocional), I
(Brandura, Premsia e Harria), L (Confiança), O (Apreensão) e Q4 (Tensão) não apresentaram correlações
significantes com nenhum dos fatores do HumanGuide®. Esse resultado coincide com a proposta de Kenmo
(2005) ao desenvolver um teste que privilegiasse o comportamento no contexto organizacional, sem considerar
os aspectos relativos ao dinamismo psíquico, à auto-estima, autoconfiança ou recursos cognitivos para lidar com
a realidade, dimensões estas presentes no 16PF e ausentes no HG.

Os resultados sugerem que o modus vivendi, ou seja, a forma peculiar de participação nos diferentes
contextos, apreendidos pelo 16PF, pode ser motivado por fatores de ordem mais profunda, apreendidos pelo
HumanGuide®. Esses fatores fazem com que o indivíduo “opte” inconscientemente por um determinado tipo de
comportamento, tendo em vista a satisfação de necessidades profundas. De ordem mais profunda, tais fatores
equivaleriam às necessidades pulsionais que, embora não conscientes, determinam as escolhas do indivíduo em

36
Teste HumanGuide®

todas as esferas da sua existência, inclusive o tipo de comportamento adotado e a atitude frente ao meio. Assim,
embora as dimensões apreendidas pelo 16PF não sejam diretamente as mesmas apreendidas pelo
HumanGuide®, a orientação dos fatores do 16PF coincide com a orientação presente na dimensão (fator)
correspondente. Dessa forma, a necessidade de expansão do eu por meio do contato com o novo e o
desconhecido, apreendido no HumanGuide®, aparece no 16PF nos fatores referentes à inovação,
experimentação, radicalismo e dissidência, por exemplo, podendo ser compreendidos como manifestações
diferentes ou em diferentes contextos de uma mesma necessidade pulsional. Em outras palavras, o HG indica a
necessidade e o 16PF aponta formas de satisfação dessa necessidade e esses resultados podem ser interpretados
como evidência de validade.

HUMANGUIDE® e BBT

O estudo verificou se haveria correspondência entre o HumanGuide e o BBT – Teste de Fotos de Profissões
(Achtnich, 1991), uma vez que ambos se baseiam na mesma teoria, por meio de investigações das
concomitâncias entre os fatores constituintes do teste HumanGuide e os fatores primários do BBT.

Ao todo foram identificadas nove correlações significantes, tanto positivas como negativas, entre os
fatores do HumanGuide e os fatores do BBT. As magnitudes se mostraram baixas ou moderadas (<0,5) como
previsto, considerando as características ipsativas do teste, descritas e discutidas na página 34. A Tabela 6
apresenta todos os valores das correlações na matriz de correlação entre os fatores do HG e o BBT.

37
Teste HumanGuide®

Tabela 6 - Correlação de Spearman rho bi-caudal entre os testes HG e BBT

HumanGuide®
BBT Vetor Sexual Vetor Paroxismal Vetor do Ego Vetor do Contato

Sens. For. Qua. Exp. Estr. Imag. Estab. Cont.

W r 0,066 -0,041 -0,005 0,239* -0,166 -0,130 0,054 0,043

p 0,542 0,708 0,967 0,026 0,125 0,231 0,617 0,691

K r -0,136 -0,007 -0,200 0,121 -0,037 0,200 0,023 0,055

p 0,209 0,949 0,063 0,265 0,735 0,064 0,835 0,616

S r -0,033 0,117 0,241* 0,029 0,039 0,143 -0,242* -0,163

p 0,762 0,279 0,024 0,788 0,720 0,187 0,024 0,132

Z r 0,002 0,011 0,205 0,255* -0,147 0,017 -0,219* 0,057

p 0,983 0,920 0,057 0,017 0,173 0,874 0,042 0,599

V r -0,032 -0,134 0,254* -0,043 0,191 -0,023 -0,050 -0,089

p 0,765 0,214 0,018 0,693 0,077 0,834 0,645 0,415

G r 0,016 -0,115 0,082 0,101 0,008 0,139 -0,041 -0,048

p 0,880 0,288 0,451 0,350 0,939 0,198 0,705 0,656

M r -0,027 -0,189 -0,010 0,076 -0,045 0,046 0,112 0,067

p 0,805 0,079 0,928 0,484 0,682 0,672 0,303 0,540

O r 0,103 0,016 -0,039 0,206* -0,117 0,015 -0,334** 0,235*

p 0,343 0,886 0,719 0,055 0,282 0,889 0,002 0,029

** Correlação muito significante ao nível 0,01. * Correlação significante ao nível 0,05.

38
Teste HumanGuide®

Não foram observadas correlações significantes positivas ou negativas entre os fatores que
correspondem ao Vetor Sexual na teoria de Szondi (1975), Sensibilidade e Força, e qualquer um dos fatores
primários do BBT. Esse fato provavelmente se deve a diferenças de conteúdo dos estímulos de ambos os testes.
No BBT, as fotos relativas ao fator W apresentam predominância de fotografias com crianças ou que representam
situações de intimidade física e psicológica. No HumanGuide, por sua vez, os itens referentes ao fator
Sensibilidade expressam uma atitude receptiva, empática e disposta a se adaptar às necessidades do outro, com
apenas um item em que o conteúdo expressa necessidade de contato físico.

Já em relação ao fator K do BBT, as fotos que o representam trazem imagens de pessoas talhando ou
quebrando pedras, lutando fisicamente com outras pessoas, carregando peso ou empregando a força física ou
psicológica. Os itens do fator Força do HumanGuide, por sua vez, expressam assertividade, iniciativa,
proatividade e formas mais sublimadas de canalizar a agressividade (Achtnich, 1991; Szondi, 1972).

Os fatores correspondentes ao Vetor Paroxismal, Qualidade e Exposição, apresentaram correlação


positiva significante com fatores correspondentes do BBT, S e Z, respectivamente, confirmando o construto
teórico subjacente. Também se observou a correlação positiva significante entre o fator Qualidade e o fator V, que
expressa objetividade, adaptação a normas e regras, com necessidade de disciplina e foco. A correlação desses
fatores sugere que pessoas com acentuado senso de responsabilidade tendem a exercer forte controle sobre si,
no sentido da autodisciplina, pontualidade e exatidão. Essa correlação coincide com a correlação positiva
também encontrada entre os fatores Qualidade e Estrutura na análise da estrutura interna do HumanGuide.

A correlação positiva significante observada entre o fator Exposição e o fator W (ternura, receptividade)
aponta para a associação entre a sensibilidade tátil e afetiva, expressa pela necessidade de tocar e de prestar
serviços, caracterizada pelo fator W, com a sensibilidade estética, que apresenta a necessidade de ver e expor, de
atender às expectativas externas, caracterizada pelo fator Exposição (Achtnich, 1991). Essa correlação sugere
adaptação à demanda externa, seja ela necessidade ou expectativa do meio ambiente.

Foi encontrada uma correlação marginalmente significante entre o fator Exposição e o fator O (Oralidade)
do BBT, que expressa a necessidade de ter contato com muitas pessoas, comunicando-se com elas (Achtnich,
1991). A correlação encontrada, embora marginal, aponta ao construto, na medida em que o contato com
pessoas propicia situações que favorecem a exposição e o reconhecimento externo. Quando há público, é
possível expor e mostrar, na expectativa de obter reconhecimento.

Nos fatores correspondentes ao Vetor do Ego, na teoria de Szondi (1972) não se encontraram correlações
significantes entre os fatores Estrutura e Fator V e os fatores Imaginação e Fator G, o que pode ser atribuído a
diferenças de conteúdo dos estímulos dos dois testes. Enquanto no BBT as fotos relativas ao fator V representam
pessoas manuseando máquinas e equipamentos de precisão ou de medida, os itens do fator Estrutura do
HumanGuide expressam uma atitude disciplinada, metódica e sistemática. O mesmo acontece em relação ao
fator G do BBT, cujas fotos representam pessoas desenvolvendo atividades artísticas ou de pesquisa, com forte
conotação intelectual ou científica. Já o conteúdo dos itens do fator Imaginação do HumanGuide denotam
abertura para novas experiências, flexibilidade e afinidade com situações que demandam a solução criativa de
problemas.

39
Teste HumanGuide®

O estudo realizado por Leitão (1984) mostrou que há correlação do BBT com versões do mesmo teste
usando indutores verbais, quando os itens apresentam igual conteúdo. No caso específico do estudo de
correlação do HumanGuide com o BBT, apesar de ambos os instrumentos estarem fundamentados na mesma
teoria, a diferença de conteúdo dos itens (frases e fotos, respectivamente), seria uma explicação para a ausência
de determinadas correlações, verificada em certos fatores.

Considerando o Vetor do Contato (Szondi, 1975), foram observadas correlações negativas significantes
entre o fator Estabilidade e o fator S. Enquanto o fator Estabilidade enuncia pragmatismo, necessidade de
continuidade e apego à tradição, com características mais sedentárias e estáveis, o fator S de Achtnich (1991)
revela, além do senso de responsabilidade descrito acima, caracterizado como SH, a necessidade de mobilidade
e autonomia, afinidade com diferentes formas de energia e com o movimento associados a elas, denominada de
SE. Essa correlação negativa sugere que pessoas com pontuação elevada no fator S sentem necessidade de se
deslocar e de se movimentar, de assumir responsabilidade sobre si e de correr risco, contrariando a necessidade
de segurança e estabilidade, expressa pelo fator Estabilidade do HumanGuide. A correlação negativa significante
entre o fator Estabilidade e o fator Z sugere que indivíduos com escores elevados no fator Z estejam mais
voltados para o momento presente, para o aqui e agora, para o impacto momentâneo, característico do que é
efêmero e virtual, para a imagem de uma maneira geral (Achtnich, 1991). Tal tendência contraria a orientação
para o passado e para a origem das coisas, com tendência conservadora, característica de Estabilidade (Achnich,
1991; Kenmo, 2005). Embora essas correlações não sejam esperadas, não há incompatibilidade entre elas na
perspectiva do construto, ficando caracterizada a polaridade conceitual entre os fatores S / Qualidade e Z /
Exposição, respectivamente.

Foi observada correlação negativa muito significante entre o fator Estabilidade e o fator O, oralidade,
coincidindo com o construto subjacente a esses fatores, pois correspondem aos fatores polares do Vetor do
Contato (Szondi, 1972). Escores elevados no fator Estabilidade associados a escores baixos no fator O sugerem
seriedade e sisudez, com tendência mais melancólica e voltada para a manutenção e conservação. Ao contário de
leveza, descontração e busca de contatos, próprios do fator O, quando na polaridade positiva (Achtnich, 1991;
Szondi, 1972). Por fim, foi observada correlação positiva significante entre o fator Contatos e o fator O, ambos
relativos à sociabilidade e comunicação oral, confirmando o construto teórico dos testes.

Em síntese, foram confirmadas as correspondências conceituais entre o HumanGuide e o BBT nos fatores
Qualidade, Exposição, Estabilidade e Contatos. Considerando a diversidade dos estímulos nas fotos relativas aos
fatores W e K no BBT (Achtnich, 1991) e nos itens relativos aos fatores Sensibilidade e Força no HumanGuide, é
possível atribuir a essas diferenças a divergência nos resultados. Os resultados obtidos na análise das
concomitâncias mostraram que os fatores Qualidade e Fator Sh; Exposição e Fator Z, Contatos e Fator O, no
HumanGuide e BBT respectivamente, expressam de maneira semelhante o construto latente dessas dimensões,
apesar das limitações decorrentes das diferenças entre as características dos estímulos do HumanGuide e do BBT.
As demais correlações observadas foram coerentes no que diz respeito à orientação centrífuga ou centrípeta dos
fatores, evidenciando a validade de construto referente à polaridade dos fatores. A ausência de correlações nos
demais fatores pode ser decorrente de diferenças relativas aos conteúdos expressos nos itens, como descrito
anteriormente. A baixa magnitude presente nas correlações se deve à característica ipsativa do instrumento.

40
ANÁLISE FATORIAL E ANÁLISE DE
CONSISTÊNCIA INTERNA

Na análise fatorial foi utilizado o método de extração dos componentes principais com análise da matriz
de correlação. Empregou-se rotação Varimax, com convergência na sétima rotação. A carga dos fatores foi obtida
por meio do Método de Regressão, sendo que a matriz de fatores foi obtida após a sétima iteração. A primeira
análise determinou o número de componentes a serem utilizados para explicar a variabilidade dos itens. O
gráfico scree (scree plot) demonstra a distribuição da variância observada entre os componentes. Com base nele
(Figura 2), observa-se que a variação dos autovalores decresce suavemente (a curva torna-se “flat” ou “smooth”)
após o quarto componente, indicando que depois dele os demais componentes contribuem muito pouco para
explicar a variância. Portanto, eles podem ser descartados. Esse resultado sugere que a solução de quatro
componentes seria a adequada para explicar a variância dos itens do HumanGuide, ou seja, os 72 itens do teste
seriam reduzidos a quatro componentes, caso se tratasse de dados normativos, como será discutido adiante.

6-

5-

4-
Autovalores

3-

2-

1-

0-

-1 -
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71

Número do componente

Figura 2. Gráfico scree dos autovalores de cada componente.

41
Teste HumanGuide®

Segundo a Teoria Clássica dos Testes, os quatro componentes obtidos após rotação Varimax explicariam
respectivamente 6,7%, 6,0%, 5,2% e 4,7% da variabilidade, acumulando 22,6% da variabilidade total explicada,
conforme descrito na tabela 7. No entanto, como se trata de dados ipsativos, esses resultados devem ser
relativizados.

Tabela 7 - Total da variância explicada dos componentes do teste HumanGuide®


após a rotação Varimax

Porcentagem
Componentes Porcentagem
acumulada

1 6,7 6,7

2 6,0 12,7

3 5,2 17,9

4 4,7 22,6

As cargas dos componentes dos quatro fatores extraídos serão apresentadas e discutidas a seguir,
compreendendo os respectivos itens ordenados decrescentemente, de acordo com o módulo do valor da carga.

Uma das características da análise fatorial é que nela são extraídos fatores por ordem decrescente a partir
dos autovalores (eigenvalue). Quando dois ou mais fatores apresentam valores muito semelhantes, estes são
passíveis de extração em ordens diferentes, nas sucessivas amostras de bootstrap. Em se tratando de magnitudes
idênticas, pequenas variações aleatórias tendem a dar primazia ora a um, ora a outro fator. Essa instabilidade na
ordem de extração dos fatores criou uma aparente instabilidade nas saturações das variáveis dos fatores, pois os
fatores foram automaticamente agrupados pelo número de ordem para o cálculo da média do erro padrão das
saturações (Moreira, 2000). Esse fenômeno já era esperado, tendo sido observado no HumanGuide,
independentemente da valência positiva ou negativa dos itens agrupados em um determinado componente,
como pode ser observado nas tabelas 8, 9, 10 e 11 (a seguir).

Dunlap e Cornwell (1994), analisando o impacto da análise fatorial sobre dados ipsativos, destacam que
a ipsatividade produz fatores artificiais bipolares, os quais obscurecem qualquer correlação entre as medidas.
Baron (1996) também adverte que a análise fatorial é problemática com medidas ipsativas, pois a ipsatividade
cria correlações negativas na matriz de correlação, distorcendo qualquer estrutura fatorial, pois esta resulta em
fatores bipolares contrastantes. Como previsto, esse fenômeno foi observado nos resultados da análise fatorial
do HumanGuide e também pode ser verificado nas tabelas 8, 9, 11 e 11.

Embora os autores pesquisados examinem que o agrupamento de fatores polares contrastantes nos

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Teste HumanGuide®

diferentes componentes seja artificial, verificou-se que os fatores obtidos após rotação Varimax apresentam
correlação negativa entre itens com orientação oposta (centrípeta e centrífuga), como esperado e descrito na
teoria de Szondi. Isso foi observado considerando as valências positivas e negativas na matriz de correlação dos
itens constituintes do teste. Segundo a teoria de Szondi, cada vetor pulsional é constituído de dois fatores
polares, cujas valências expressam a direção, que pode ser centrípeta (negativa) ou centrífuga (positiva). Dessa
forma, é esperado que escolhas positivas (sim) dos itens relativos aos fatores centrípetos se correlacionem com
escolhas negativas (não) dos fatores centrífugos polares correspondentes.

Tabela 8 - Matriz fatorial do primeiro componente

Posição Item Carga


1 d37 -0,615
2 d47 -0,595
3 p26 0,484
4 s84 0,483
5 d88 -0,482
6 p66 0,468
7 p74 0,468
8 d94 -0,440
9 d78 -0,432
10 d24 -0,411
11 k23 -0,390
12 h56 -0,385
13 hy98 0,384
14 hy53 0,371
15 hy16 0,366
16 p57 0,358
17 p36 0,352
18 d55 -0,311
19 p48 0,301
20 d17 -0,294
21 m58 0,267

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Fizeram parte do primeiro componente os fatores Estabilidade na polaridade negativa (itens d37, d47,
d88, d94, d78, d24, d55, d17), Imaginação na polaridade positiva (itens p26, p74, p66, p57, p36, p48), com
presença moderada de Exposição na polaridade positiva (hy98, hy53 e hy16). Houve incidência baixa de Estrutura
na polaridade negativa (k23), Força na polaridade positiva (s84), Sensibilidade na polaridade negativa (h56) e
Contatos na polaridade positiva (m58). Nesse componente observaram-se correlações negativas entre os itens
com orientação centrífuga e centrípeta, como entre os itens dos fatores centrípetos Estabilidade e Estrutura e os
demais itens dos fatores centrífugos presentes nesse componente.

O resultado correspondeu ao fenômeno descrito na literatura sobre análise fatorial de medidas ipsativas.
A característica ipsativa do HumanGuide criou, como esperado, correlações negativas na matriz de correlação,
distorcendo, portanto, a estrutura fatorial, uma vez que esta resultou em fatores artificiais bipolares contrastantes
(Baron, 1996; Dunlap & Cornwell, 1994). O mesmo fenômeno pode ser observado na matriz fatorial dos três
outros componentes obtidos (Tabelas 9, 10 e 11), apresentados a seguir.

Tabela 9 - Matriz fatorial do segundo componente


Posição Item Carga
22 k44 0,494
23 m92 -0,482
24 m18 -0,471
25 m85 -0,468
26 hy41 -0,455
27 k72 0,438
28 m46 -0,435
29 m71 -0,432
30 m25 -0,413
31 e43 0,398
32 hy28 -0,395
33 k95 0,394
34 k86 0,382
35 e91 0,369
36 k34 0,360
37 k14 0,352
38 m38 -0,314
39 e12 0,307
40 k54 0,289
41 h68 -0,204

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Neste componente houve maior incidência dos fatores Contatos na polaridade negativa (itens m92, m18,
m85, m46, m71, m25, m38), Estrutura na polaridade positiva (k44, k72, k95, k86, k34, k14, k54) e Qualidade na
polaridade positiva (e43, e91 e e12). Houve incidência baixa de Exposição na polaridade negativa (hy41 e hy28) e
Sensibilidade na polaridade negativa (h68). As correlações negativas observadas foram entre itens com
orientação centrífuga (Contatos e Exposição) e centrípeta (Estrutura, Qualidade e Sensibilidade).

Tabela 10 - Matriz fatorial do terceiro componente

Posição Item Carga


42 hy75 -0,534
43 h82 0,498
44 m61 0,475
45 hy87 -0,439
46 h13 0,439
47 hy33 -0,437
48 e51 0,416
49 h31 0,406
50 s35 -0,397
51 d67 0,353
52 e77 0,350
53 hy64 -0,308
54 h21 0,294
55 s52 -,0282
56 e22 0,259
57 h76 0,255

No terceiro componente houve maior incidência dos fatores Exposição na polaridade negativa (itens
hy75, hy87, hy33, hy64), Sensibilidade na polaridade positiva (h82, h13, h31, h21, h76), Qualidade na polaridade
positiva (e51, e77, e22), com presença marginal de Força na polaridade negativa (s35, s52), Estabilidade na
polaridade positiva (d67) e Contatos na polaridade positiva (m61). As correlações negativas examinadas foram,
mais uma vez, entre itens com orientação centrífuga (Exposição e Força) e centrípeta (Qualidade, Estabilidade e
Sensibilidade), com exceção do item m61 que aparece na polaridade positiva, em oposição aos itens de mesma
orientação, que comparecem na polaridade negativa (Exposição e Força).

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Tabela 11 - Matriz fatorial do quarto componente

Posição Item Carga


58 s73 0,517
59 s42 0,479
60 p15 -0,474
61 k65 0,441
62 h45 -0,434
63 s62 0,388
64 s11 0,373
65 p93 -0,370
66 e32 0,368
67 e83 0,348
68 p81 -0,327
69 s96 0,317
70 e63 0,300
71 h97 -0,289
72 s27 0,222

Neste componente apareceram correlacionados os fatores Força na polaridade positiva (itens s73, s42,
s62, s11, s96, s27), Imaginação na polaridade negativa (p15, p81, p93), Sensibilidade na polaridade negativa (h45,
h97) e Qualidade na polaridade positiva (e32, e83, e63). Não foram observadas correlações negativas entre itens
de fatores com orientações opostas.

Os componentes extraídos por meio de rotação Varimax para dados normativos, podem ser mais bem
visualizados na Tabela 12, na qual se observa a presença de fatores bipolares contrastantes, como descrito por
Baron (1996), Dunlap e Cornwell (1994). Os fatores bipolares são representados pela correlação negativa dos itens
com orientações opostas, ou seja, itens referentes aos fatores centrífugos e centrípetos, segundo a teoria de
Szondi. Os fatores do HumanGuide com presença marginal em cada um dos componentes aparecem entre
parêntesis. Os componentes obtidos por meio da análise fatorial correspondem, assim, a fatores artificiais,
resultantes de correlações bipolares. Eles são considerados não passíveis de interpretação, segundo a Teoria
Clássica dos Testes.

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Tabela 12 - Síntese dos componentes do HumanGuide®

Fatores HumanGuide®
Componentes Orientação centrífuga Orientação centrípeta

Pólo positivo Pólo negativo Pólo positivo Pólo negativo

1 Imaginação Estabilidade

Exposição (Estrutura)

(Força) (Sensibilidade)

(Contatos)

2 Contatos Estrutura

(Exposição) (Qualidade)

(Sensibilidade)

3 (Contatos) Exposição Sensibilidade

(Força) Qualidade

(Estabilidade)

4 Força Imaginação Qualidade Sensibilidade

Ao analisar os resultados a partir das medidas ipsativas do HumanGuide, por meio da aplicação de
procedimentos estatísticos que pressupõem dados normativos, observou-se que estes não corresponderam ao
esperado dentro da perspectiva da Teoria Clássica dos Testes, prejudicando a interpretação dos mesmos sob essa
ótica, embora tenham se apresentado como esperado por serem dados ipsativos. A distorção encontrada explica
o fato de os autores consultados serem unânimes ao afirmar que dados ipsativos não devem ser submetidos à
análise fatorial (Bartram, 2008; Baron, 1996; Dunlap & Cornwell, 1994; Froman, 2001; Loo, 1999), pois estes
apresentam muitas dificuldades quando submetidos a análises estatísticas que pressupõem uma distribuição
normal das respostas, por afetar as propriedades psicométricas do teste (Baron, 1996; Chan, 2003; Chan &
Cheung, 2002; Hammond & Barrett, 1996; Heggestad, 2006; Heggestad & cols., 2006a, 2006b; Karpatschof &
Elkær, 2000; McCloy, Waugh & Medsker, 1999; McCloy, Heggestad & Reeve, 2005, Meade, 2004; Price, L. R., 2006),
fenômeno confirmado no estudo de validade do HumanGuide.

Baseado nas observações e sugestões de Baron (1996), o HumanGuide foi submetido à análise de
consistência interna, como alternativa para a análise fatorial e como evidência de validade de construto. Como o
construto latente do HumanGuide é multidimensional, a análise de consistência interna teve por objetivo

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verificar o quão homogêneos são os itens que compõem cada uma das oito subescalas ou dimensões do teste.
Idealmente, os itens que compõem cada subescala deveriam ter correlação moderada ou alta entre si. Os
resultados obtidos se mostraram bastante positivos por tratar-se de medidas ipsativas (Tabelas 13, 14, 15 e 16).

A estrutura latente do HumanGuide é representada teoricamente por oito fatores, segundo a teoria de
Szondi (1975): Sensibilidade, Força, Qualidade, Exposição, Estrutura, Imaginação, Estabilidade e Contatos. A
consistência interna de cada fator foi calculada mediante correlações entre cada item e o total de pontos em cada
subescala a que pertence (fator), apresentadas nas Tabelas 6, 7, 8 e 9. A interpretação dos efeitos práticos da
magnitude dos coeficientes de correlação considerou os seguintes parâmetros: 1) coeficientes abaixo de 0,35
(em valores absolutos) refletem baixo nível de associação; 2) coeficientes entre 0,35 e 0,65 (em valores absolutos)
refletem associação moderada; 3) coeficientes acima de 0,65 (em valores absolutos) expressam forte associação.

Tabela 13 - Correlação entre item e escore total nos fatores Sensibilidade e


Força
Sensibilidade Força
Item Item
h13 r 0,376(**) s11 r 0,317(**)
p 0,000 p 0,000
h21 r 0,360 (**) s27 r 0,282(**)
p 0,000 p 0,000
h31 r 0,477(**) s35 r 0,472(**)
p 0,000 p 0,000
h45 r 0,545(**) s42 r 0,582(**)
p 0,000 p 0,000
h56 r 0,323(**) s52 r 0,368(**)
p 0,000 p 0,000
h68 r 0,384(**) s62 r 0,586(**)
p 0,000 p 0,000
h76 r 0,489(**) s73 r 0,510(**)
p 0,000 p 0,000
h82 r 0,479(**) s84 r 0,560(**)
p 0,000 p 0,000
h97 r 0,492(**) s96 r 0,524(**)
p 0,000 p 0,000

** Correlação muito significativa ao nível 0,01.

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Tabela 14 - Correlação entre item e escore total nos fatores Qualidade e


Exposição
Qualidade Exposição
Item Item
e12 r 0,408(**) hy16 r 0,428(**)
p 0,000 p 0,000
e22 r 0,407(**) hy28 r 0,484(**)
p 0,000 p 0,000
e32 r 0,371(**) hy33 r 0,549(**)
p 0,000 p 0,000
e43 r 0,499(**) hy41 r 0,239(**)
p 0,000 p 0,000
e51 r 0,287(**) hy53 r 0,375(**)
p 0,000 p 0,000
e63 r 0,251(**) hy64 r 0,372(**)
p 0,000 p 0,000
e77 r 0,248(**) hy75 r 0,638(**)
p 0,000 p 0,000
e83 r 0,464(**) hy87 r 0,625(**)
p 0,000 p 0,000
e91 r 0,427(**) hy98 r 0,477(**)
p 0,000 p 0,000

** Correlação muito significativa ao nível 0,001.

49
Teste HumanGuide®

Tabela 15 - Correlação entre item e escore total nos fatores Estrutura e


Imaginação
Estrutura Imaginação
Item Item
k14 r 0,396(**) p15 r 0,347(**)
p 0,000 p 0,000
k23 r 0,470(**) p26 r 0,404(**)
p 0,000 p 0,000
k34 r 0,528(**) p36 r 0,444(**)
p 0,000 p 0,000
k44 r 0,426(**) p48 r 0,513(**)
p 0,000 p 0,000
k54 r 0,431(**) p57 r 0,439(**)
p 0,000 p 0,000
k65 r 0,264(**) p66 r 0,511(**)
p 0,000 p 0,000
k72 r 0,453(**) p74 r 0,448(**)
p 0,000 p 0,000
k86 r 0,547(**) p81 r 0,445(**)
p 0,000 p 0,000
k95 r 0,583(**) p93 r 0,443(**)
p 0,000 p 0,000

** Correlação muito significativa ao nível 0,001.

50
Teste HumanGuide®

Tabela 16 - Correlação entre item e escore total nos fatores Estabilidade e


Contatos
Estabilidade Contatos
Item Item
d17 r 0,425(**) m18 r 0,530(**)
p 0,000 p 0,000
d24 r 0,461(**) m25 r 0,406(**)
p 0,000 p 0,000
d37 r 0,628(**) m38 r 0,445(**)
p 0,000 p 0,000
d47 r 0,603(**) m46 r 0,484(**)
p 0,000 p 0,000
d55 r 0,428(**) m58 r 0,340(**)
p 0,000 p 0,000
d67 r 0,421(**) m61 r 0,201(**)
p 0,000 p 0,000
d78 r 0,505(**) m71 r 0,534(**)
p 0,000 p 0,000
d88 r 0,567(**) m85 r 0,602(**)
p 0,000 p 0,000
d94 r 0,522(**) m92 r 0,571(**)
p 0,000 p 0,000

** Correlação muito significativa ao nível 0,001.

Todas as 72 correlações calculadas foram significativas ao nível de 0,001. Sete valores apresentaram
magnitudes entre 0,20 e 0,30, refletindo associação fraca entre os itens e as escala da qual fazem parte. No fator
Qualidade houve concentração de três deles, embora o nível de significância tenha se mantido menor do que
0,001. Os demais itens apresentaram correlações item-fator moderadas, entre 0,30 e 0,60, o que é bastante
expressivo considerando as características ipsativas do teste (McCloy& cols. 2006; Meade, 2004; Price, 2006), que
tendem a diminuir os valores devido à forte presença de intercorrelações inter-itens (Clark e Watson, 1995; Greer
& Dunlap, 1997; Kayes, 2006).

A consistência interna de cada um dos fatores do HumanGuide® foi avaliada mediante valores de alfa
(Cronbach), conforme pode ser observado na Tabela 17.

51
Teste HumanGuide®

Tabela 17 - Coeficientes alfa de Cronbach para os oito fatores do


HumanGuide®
Alfa de Cronbach
Fator Alfa de Cronbach
Padronizado

Sensibilidade 0,421 0,397


Força 0,570 0,561
Qualidade 0,279 0,317
Exposição 0,581 0,571
Estrutura 0,548 0,460
Imaginação 0,506 0,518
Estabilidade 0,642 0,650
Contatos 0,571 0,562

Os valores de alfa (Cronbach) de cada escala estão acima de 0,50, exceto nos fatores Qualidade (0,279) e
Sensibilidade (0,421). Tendo em conta que nos testes ipsativos os valores dos coeficientes médios de correlação
inter-itens são menores quando comparados aos testes normativos, já era esperado que estes se mostrassem
abaixo dos valores citados na literatura para testes normativos, pois a ipsatividade afeta as propriedades
psicométricas do teste (Clark & Watson, 1995). Como o alfa é parcialmente condicionado à correlação inter-item
quando as respostas são condicionalmente dependentes umas das outras, no caso dos inventários de escolha
forçada, o valor do alfa será puxado para baixo, proporcionalmente ao número de itens que compõe cada escala
(Clark & Watson, 1995; Greer & Dunlap, 1997; Kayes, 2006; McCloy & cols, 2006; Meade, 2004).

Outro aspecto a ser considerado refere-se à amplitude dos construtos subjacentes a cada escala, os quais
são bastante amplos como, por exemplo, princípio feminino (Sensibilidade), princípio masculino (Força) e ética
(Qualidade). Como os valores de alfa obtidos estão abaixo dos valores esperados para dados normativos, estes
devem ser relativizados em virtude das propriedades ipsativas do HumanGuide® e da amplitude dos conceitos
apreendidos por cada escala (Clark & Watson, 1995; Greer & Dunlap, 1997; Kayes, 2006; McCloy & cols, 2006;
Meade, 2004). Assim, os valores de alfa obtidos no HumanGuide® podem ser aceitos como evidência de
consistência interna e de construto.

Os autores pesquisados colocam que, diante das controvérsias existentes quanto à interpretação
apropriada das propriedades psicométricas dos instrumentos de avaliação da personalidade no formato de
escolha forçada, devem-se considerar as limitações dos dados ipsativos ao se determinar as propriedades
internas dos instrumentos, uma vez que suas vantagens superam suas limitações quando há risco de
falseamento de resposta devido ao viés da desejabilidade social – preocupação de Kenmo (2001), autor do
HumanGuide® (Anastasi, 1975; Anastasi, 2003; Baron, 1996; Chan, 2003; Chan & Cheung, 2002; Clark & Watson,
1995; Dilchert & cols., 2006; Greer & Dunlap, 1997; Hammond & Barrett, 1996; Heggestad, 2006; Heggestad & cols.,

52
Teste HumanGuide®

2006a, 2006b; McCloy & cols., 2006; McCloy, Waugh & Medsker, 1999; McCloy, Heggestad & Reeve, 2005; Meade,
2004; Price, L. R., 2006; Stark, Cherneyshenko & Drasgow, 2005; Sydell & Snell, 2003). No caso específico do
HumanGuide®, os resultados obtidos na análise fatorial e na análise de consistência interna corresponderam ao
descrito na literatura consultada.

53
EVIDÊNCIA DE FIDEDIGNIDADE

Teste-Reteste
A análise de fidedignidade por meio do reteste verificou a estabilidade dos resultados do Teste
HumanGuide® ao longo do tempo, mediante a aplicação do mesmo teste nas mesmas pessoas após um período
de tempo, permitindo avaliar a magnitude da influência de fontes de erros aleatórias (ruído). O intervalo
considerado apropriado para a realização do reteste depende da estabilidade das variáveis que determinam a
medida, sendo que o intervalo típico adotado nesse tipo de análise costuma ser de algumas semanas. A redução
do intervalo entre as aplicações tende a reduzir o efeito da instabilidade temporal sobre as correlações do reteste,
pois diminui a quantidade de variação entre as aplicações (Garson, 1998/2007; Heise, 1969). No estudo da
precisão do HumanGuide® foi adotado o intervalo superior a um ano. Buscou-se, assim, diminuir o efeito da
experiência sobre os resultados, pois os participantes poderiam dar respostas levando em conta a primeira
aplicação. Também se considerou o construto do teste, segundo o qual os traços da personalidade são
relativamente estáveis.

O reteste foi realizado com um intervalo médio de 14,5 meses (dp=0,8) entre a primeira e a segunda
aplicação on-line, com um intervalo mínimo de 13 meses e máximo de 17 meses com os participantes descritos
anteriormente. Para investigar a precisão dos oito fatores do instrumento, foi utilizado o Alfa de Cronbach, cujo
valor padronizado também é conhecido como Coeficiente de Spearman-Brown, e representa uma medida de
não conformidade das variâncias entre itens pareados. Os resultados dessa análise estão na Tabela 18.

Tabela 18 - Índice de precisão por fatores

Coeficiente de
Fator Alfa de Cronbach
Sperman-Brown

Sensibilidade 0,74 0,74


Força 0,84 0,84
Qualidade 0,87 0,87
Exposição 0,62 0,63
Estrutura 0,79 0,80
Imaginação 0,82 0,83
Estabilidade 0,75 0,75
Contatos 0,80 0,80

54
Teste HumanGuide®

Os índices de precisão foram considerados bons para cinco dos oito fatores (Força, Exposição, Estrutura,
Imaginação e Contatos), que variaram entre 0,80 e 0,87. Os fatores Sensibilidade e Estabilidade apresentaram
índices de precisão adequados, entre 0,74 e 0,75, sendo que apenas o fator Qualidade revelou precisão moderada
de 0,63. Tendo em vista o intervalo de tempo superior a um ano entre as aplicações e a natureza ipsativa do
questionário, os resultados podem ser considerados ótimos indicadores de precisão do instrumento.

55
NORMAS

56
APLICAÇÃO

Para poder fazer o teste, o respondente receberá um email-convite (criptografado) contendo um link
exclusivo que permitirá sua entrada no sistema HumanGuide®. O convite terá sido enviado por um psicólogo
licenciado e cadastrado no site do teste, www.humanguide.com.br. Ao entrar no sistema, primeiramente serão
apresentadas as condições para realização do teste e o termo de confidencialidade ao respondente. Após o seu
consentimento, será apresentada uma tela com os dados pessoais do respondente (nome, data de nascimento,
sexo, escolaridade e formação), para que sejam corrigidos e/ou complementados. Após a confirmação do
cadastro, avança-se para a primeira de nove telas, com oito opções de escolha cada, dando início ao teste
propriamente dito. O tempo médio necessário para responder a todas as páginas do questionário on-line é de 10
minutos. O tempo máximo permitido para a responder a todas as questões é de 20 minutos. Caso esse limite seja
ultrapassado, a aplicação será interrompida automaticamente, obrigando o respondente a reiniciar o
procedimento. Somente o usuário (psicólogo licenciado) responsável pelo envio do convite terá acesso ao
resultado, que estará disponível na web, imediatamente após a conclusão do inventário pelo respondente.

POPULAÇÃO ALVO
O Teste HumanGuide® pode ser respondido por qualquer pessoa, indiferentemente de sexo e idade,
desde que tenha ao menos o Ensino Médio incompleto e esteja familiarizada com o uso do computador. Os
estudos com o instrumento focaram pessoas com idades que variavam de 18 a 60 anos, incluindo estudantes
universitários, do Ensino Médio, além de profissionais com formação superior completa e pós-graduação.

MATERIAL NECESSÁRIO PARA REALIZAÇÃO


DO TESTE
Para fazer o teste é necessário dispor de um computador com acesso à Internet, preferencialmente de
banda larga. O questionário Perfil Pessoal consiste de nove telas na Internet. O aplicativo de computação das
respostas encontra-se embutido no sistema HumanGuide®.

INSTRUÇÕES
O teste é realizado individualmente, por meio de um convite eletrônico, via e-mail, enviado pelo
psicólogo responsável pela avaliação. O convite contém uma chave de acesso à página on-line, que dá acesso às
instruções para a realização do teste. As instruções do teste são simples e por escrito, e serão visíveis no ato do
aceite do convite eletrônico. O respondente deverá completar seus dados pessoais antes de iniciar o teste. Ele
terá, no máximo, 20 minutos para assinalar nas nove telas as frases que melhor o descrevem e aquelas que menos
o descrevem.

57
Teste HumanGuide®

As questões são apresentadas em nove telas sucessivas. Cada alternativa de resposta corresponde a um
fator ou necessidade pulsional, segundo a teoria de Szondi (1972), totalizando setenta e duas frases afirmativas
no presente do indicativo. No topo de cada página eletrônica aparecem as instruções sobre como proceder para
responder ao questionário. O respondente deverá posicionar-se frente a cada afirmação, por meio de escolha
forçada, escolhendo obrigatoriamente quatro frases positivamente (SIM), duas frases negativamente (NÃO) e
ignorando duas frases (EM BRANCO). Se o respondente assinalar uma opção a mais ou a menos, receberá uma
mensagem acusando o erro e solicitando que reveja suas respostas. Ao concluir a nona página aparecerá uma
tecla virtual de envio. Ao clicar sobre essa tecla virtual, a página do teste é fechada e os dados passam a ser
processados eletronicamente na central de operações do sistema.

APURAÇÃO DO RESULTADO
A apuração do resultado do teste é feita eletronicamente por meio de um aplicativo instalado no sistema,
bem como a conversão da base de dados das respostas em um perfil gráfico. Esse aplicativo efetua a soma das
respostas “SIM” e “NÃO” atribuídas aos itens de cada fator. Imediatamente após o envio das respostas pelo
respondente, o responsável pela interpretação do teste (psicólogo licenciado e responsável pelo envio do
convite eletrônico ao respondente) tem acesso a uma página que lhe permite verificar se o teste foi concluído.
Todos os acessos, tanto do psicólogo, quanto do testando, acontecem eletrônica e automaticamente, com total
garantia de confidencialidade dos dados. A base de dados é convertida eletronicamente em gráficos mediante
comando específico e convertido em arquivo fechado, ou seja, não passível de violação ou alteração.

ACESSO À BASE DE DADOS ELETRÔNICA E


IMPORTAÇÃO DO RESULTADO
Ao acessar a página específica na Internet e feito o login, o profissional licenciado (usuário) tem acesso ao
resultado do teste. O resultado é obtido eletronicamente, a partir da soma das escolhas do respondente,
atribuindo 1(um) ponto positivo para as escolhas positivas (SIM) ou típicas, 1 (um) ponto negativo para as
escolhas negativas (NÃO) ou atípicas, e 0 (zero) para as respostas que foram deixadas em branco (NEUTRO) ou
indiferente, para cada fator.

O resultado aparece sob três formas: 1) Relatório Analítico do Perfil Pessoal, que consiste de um gráfico
de barras (ver exemplos adiante), resultante da soma das escolhas positivas (SIM) e negativas (NÃO) do
respondente para cada fator, acompanhado de uma síntese descritiva das principais tendências do lado direito;
2) Relatório Sintético, que ilustra o Perfil Pessoal por meio de ícones gráficos; 3) Relatório descritivo, sob a forma
de texto editável, que descreve as características do respondente, iniciando com os fatores predominantes
(típicos), até chegar aos fatores menos presentes (atípicos). Há espaço para redação de conclusão, a qual é de
responsabilidade do profissional responsável pela avaliação (usuário).

58
INTERPRETAÇÃO DO PERFIL PESSOAL

A interpretação do Perfil Pessoal, resultado do teste, apoia-se integralmente nos pressupostos teóricos de
Szondi (Achtnich, 1991; Borg, 2001, 2005; Deri, 1949; Gayral, 2006; Lekeuche & Mélon, 1990; Szondi, 1965/1987,
1963/1998, 1972). Como se trata de um teste ipsativo, ele permite somente a apreensão das diferenças
intrapessoais em relação aos oito fatores, não permitindo comparações interpessoais no sentido de mais ou
menos intenso, melhor ou pior, mas apontando apenas diferenças intrapessoais quanto aos fatores
motivacionais. Dessa forma, não é possível estabelecer valores normativos. A análise do perfil deve considerar,
primordialmente, a intensidade e a valência dos fatores, uns em relação aos outros.

O Perfil Analítico do Perfil Pessoal é constituído um gráfico de barras horizontais, com oito linhas de
diferentes cores. Cada linha, ou cor, corresponde a um fator ou necessidade pulsional. No centro do gráfico
encontra-se uma linha vertical, que corresponde à valência zero. O campo à direita da linha central é denominado
típico. Nele são representados os fatores predominantes, ou determinantes das escolhas positivas (SIM). No
campo atípico, à esquerda da linha central ou valência zero, são representados os fatores que determinaram as
escolhas negativas (NÃO). Os fatores, cujas barras se encontram no campo típico expressam o comportamento
usual do respondente, ou seja, sempre que tiver oportunidade de buscar a satisfação da necessidade
correspondente a esse fator, muito provavelmente o respondente irá fazê-lo. Os fatores que obtiveram valência
negativa ocupam o campo atípico, e representam os fatores com menor probabilidade de determinar as ações e
as escolhas do respondente. Assim, quando a barra maior estiver do lado direito, típico, significa que há
acentuada necessidade desse fator e que o indivíduo irá apresentar os comportamentos correspondentes
sempre que tiver oportunidade de fazê-lo. O oposto se aplica quando a barra tender para o lado esquerdo. Nesse
caso, é pouco provável que o indivíduo apresente o comportamento correspondente.

Se uma barra aparecer, ao mesmo tempo, no campo típico e atípico, trata-se de uma ambivalência em
relação ao fator correspondente. Isso significa que o indivíduo está ambivalente a respeito dessa necessidade
específica, fazendo com que, às vezes, expresse essa necessidade e, às vezes, não. Por exemplo, se isso acontecer
no fator Força, pode ser que, às vezes, o respondente se incumba de uma tarefa e, às vezes, simplesmente “deixe
estar”.

Quando não houver praticamente presença de um determinado fator no gráfico, ou seja, quando a barra
for muito pequena ou inexistente em um determinado fator, significa que ele recebeu a valência neutra nas
escolhas efetuadas. Tal situação expressa que esse fator não determina as escolhas do indivíduo e tampouco
representa um aspecto aversivo para ele. Tal resultado pode ser interpretado como grande probabilidade de que
o indivíduo não irá empreender esforços no sentido de buscar a satisfação dessa necessidade, mas tampouco
evitará situações que o confrontem com esse aspecto. É provável que tenha disponibilidade para expressar os
comportamentos associados a esse fator, quando solicitado ou necessário, lidando bem com as situações
correspondentes, mas sem constituir o foco dos seus interesses. O fator neutro pode ser considerado um fator
acessório, como um recurso interno adicional, ao qual se recorre quando tiverem sido esgotadas as
possibilidades representadas pelos seus comportamentos habituais, fatores típicos.

A cada fator foi atribuída uma cor: o fator Sensibilidade é representado pela cor laranja; o fator Força é
representado pela cor cinza; Qualidade é representada pela cor verde; Exposição é representada pela cor
magenta; Estrutura é representada pela cor azul; a cor amarela representa o fator Imaginação; Estabilidade é
representada pela cor marrom; vermelho representa o fator Contatos.

59
Teste HumanGuide®

Do lado direito do gráfico aparece, ainda, uma breve descrição das características do respondente, de
acordo com o resultado obtido. Do lado esquerdo de cada barra há um ícone na cor correspondente a cada fator,
representando sua valência e intensidade:

Quadrado grande preenchido com a cor de um determinado fator: fator típico


Típico predominante. O resultado da soma das respostas é superior a cinco.

Quadrado pequeno preenchido com a cor do fator no centro do quadrado


Moderado grande em branco: fator típico moderado. O resultado da soma das respostas
SIM e NÃO é superior a dois e inferior a cinco.

Dois quadrados pequenos, lado a lado, um preenchido com a cor do fator e o


outro em branco, dentro do quadrado grande em branco: fator ambivalente,
Ambivalente resultado da soma das respostas varia de -1 a +1, sem clara definição de
tendência. A barra encontra-se equilibrada entre os dois campos: típico e
atípico.

Quadrado totalmente em branco, com a moldura na cor do fator: fator neutro,


Neutro resultado de praticamente ausência de escolhas SIM e NÃO desse fator,
indicando indiferença ou neutralidade em relação a ele.

Quadrado grande de uma cor com um quadrado branco no centro, o se


estivesse vazado: fator atípico, as respostas correspondentes a esse fator
Atípico
foram majoritariamente NÃO.

Fatores nucleares: a cor externa corresponde ao fator típico mais forte, e a cor no
centro do quadrado representa o segundo fator mais forte no perfil do
Nuclear respondente. A combinação desses fatores caracteriza as principais
características do respondente.

60
Teste HumanGuide®

Esses ícones aparecem, novamente, no Perfil Sintético, pareados verticalmente, segundo os vetores
pulsionais da teoria de Szondi. O quatro fatores na parte de cima são ativadores do comportamento: Força,
Exposição, Imaginação e Contatos. Os quatro fatores na porção inferior são inibidores ou frenadores do
comportamento: Sensibilidade, Qualidade, Estrutura e Estabilidade. Ao analisar o Perfil Sintético, deve-se
considerar não só a intensidade com que cada fator aparece nele, mas, também, verificar se os fatores típicos são
predominantemente ativadores ou inibidores do comportamento. O mesmo deve ser feito em relação aos
fatores atípicos.

Para interpretar o Perfil Pessoal é necessário considerar, primeiramente, os fatores típicos predominantes
e moderados, bem como os atípicos. Depois são analisados os fatores ambivalentes e neutros. Por fim, os
aspectos analisados são integrados, refletindo, dinamicamente, o jogo de forças das diferentes pulsões na
personalidade do respondente.

61
SIGNIFICADO DOS FATORES
DO HUMANGUIDE®

62
SENSIBILIDADE

Este fator é regido pelo princípio feminino da receptividade passiva. A necessidade principal é a de
estabelecer contatos interpessoais marcados pela proximidade física e psicológica. É representado pela
sensibilidade tátil, pela necessidade de tocar e ser tocado pelas pessoas, tendo como símbolo a pele. A pele é
quente e maleável, cede ao mais leve toque, absorve o impacto, estabelece o limite físico entre o eu e o outro.
Essa adaptação à pressão externa se caracteriza pela receptividade ao outro, pela empatia e disponibilidade para
atender, acolher e se adaptar às suas necessidades e solicitações. A orientação do comportamento é no sentido
de harmonizar a relação, de sentir e antecipar necessidades, de deixar-se envolver e influenciar pela atmosfera
circundante. Atividades profissionais na área de prestação de serviços e de consultoria, interna ou externa, bem
como atividades nas quais se estabelece uma relação próxima ou de intimidade com o outro, como a área clínica,
magistério, estética corporal e facial, permitem a satisfação do fator Sensibilidade.

Quando é o fator principal ou típico, trata-se de uma pessoa muito sensível e empática. A acentuação
desse fator faz com que o indivíduo seja disponível, prestativo e adaptável, pois tem grande necessidade de
captar e atender as necessidades das outras pessoas. Como é bastante sensível e afetuoso, gosta de estar
próximo das pessoas, estabelecendo um relacionamento caloroso com elas. Consegue captar com facilidade os
sentimentos e os desejos das pessoas à sua volta, ficando feliz quando pode atendê-los. O tato e a diplomacia são
importantes recursos internos para desempenhar bem o seu trabalho. Procura harmonizar as relações ou
absorver qualquer forma de impacto, atenuando-o. Essa característica confere ao indivíduo elevada facilidade
para atuar no contexto da prestação de serviços, como em consultoria e atendimento ao consumidor, quando
pode ou deve antecipar as necessidades do cliente para que possa bem atendê-lo.

Caso este seja o fator menos típico, trata-se de uma pessoa que não gosta de ficar numa posição
receptiva e passiva, presa às necessidades e peculiaridades dos outros. Com pouca disponibilidade interna para
se adaptar ao outro, costuma esperar que os outros se adaptem a ele. Em geral é movido pelas próprias
necessidades, com tendência a se impacientar com as outras pessoas. Não tem afinidade com atividades
caracterizadas pela prestação de serviços ou que exijam diplomacia e tato apurado. Pode apresentar tendência
egocêntrica e a mostrar-se frio e distante, evitando situações de intimidade e proximidade física ou psicológica.

FORÇA
O fator Força é regido pelo princípio masculino da agressividade, dominação e imposição, no sentido de
buscar a transformação da realidade. A necessidade principal inerente a este fator é usar a própria força física ou
instrumentos com poder de transformação da realidade ou que permitam superar obstáculos. É simbolizado por
materiais duros e resistentes, como a pedra e o aço, que requerem o emprego de instrumentos com poder de
destruição e corte para que possam ser transformados. Atacar, superar, dominar, romper, lutar, vencer, bem como
demolir, perfurar e aplainar caracterizam as ações empreendidas por indivíduos movidos pelo fator Força.
Atividades profissionais como direito, construção civil, geologia, mineração, área médica cirúrgica, odontologia,
área militar, marketing; atividades que exigem força e resistência física como medicina veterinária, produção
mecânica, área agrícola e esportes competitivos ou que exigem autossuperação ou o uso da força física
constituem possibilidades de satisfação desse fator.

63
Teste HumanGuide®

A acentuação de Força, ou seja, quando a barra correspondente a esse fator se encontra voltada para o
lado direito (típico), o respondente é uma pessoa bastante determinada, com necessidade de transformar a
realidade a sua volta e de superar os obstáculos que se interpõem ao êxito de suas metas. Costuma ser bastante
ativo e rápido, apresentando comportamento assertivo e afirmativo ao buscar resultados. Da mesma maneira,
tende a ser bastante incisivo em suas colocações, podendo, eventualmente, tornar-se rude, impositivo e
autoritário. Como dispõe de muita energia física, apresenta boa tolerância ao estresse, sentindo-se
especialmente bem quando desafiado. Aprecia contextos competitivos e atividades nas quais haja a necessidade
de exercer autoridade, de superar conflitos ou obstáculos. O objetivo é atuar sobre a realidade, deixar uma marca,
abrir caminhos, tomar a iniciativa e conquistar espaços.

Se aparece como um fator não típico no perfil, o respondente costuma evitar situações de conflito e de
confronto direto, com tendência a assumir uma posição mais passiva e reativa, atuando em conformidade com o
meio. Não se sente atraído por atividades que exigem a superação de obstáculos à realização de seus objetivos
ou nas quais tenha que enfrentar situações de conflito e ter uma atitude mais firme e impositiva. Diante de
situações de conflito pode ceder ou abrir mão da sua meta, desistindo dela e deixando espaço para o outro. Em
vez de transformar a realidade, prefere transformar-se para se adaptar a ela, adotando uma atitude de
conformidade com o meio. Apresenta baixa responsividade, podendo revelar-se mais lento e hesitante,
dependente de estímulos e incentivos externos.

QUALIDADE
O fator Qualidade é regido pelo senso ético, que tem por base a preservação e o respeito pela vida de
uma maneira geral. A necessidade principal é fazer a diferença na vida das pessoas ou na sociedade, assumindo
responsabilidade e se colocando à disposição para prestar algum tipo de ajuda ou auxílio. Procura garantir a
qualidade naquilo que faz por temer as consequências negativas dos próprios atos, caracterizando-se pela
confiabilidade. Este fator exerce controle sobre o comportamento, tendo como freio o sentimento de culpa, e
está, portanto, associado ao conceito psicanalítico do Superego. Atividades profissionais voltadas para a
coletividade ou nas quais seja necessário assumir responsabilidade, atendem ao fator Qualidade, como a área de
saúde, educação, desenvolvimento humano e meio ambiente e todas as formas de voluntariado, de uma maneira
geral.

No caso de Qualidade ser um fator determinante das escolhas do respondente, ou seja, a barra
correspondente encontra-se marcadamente no lado direito do gráfico (típico), trata-se de uma pessoa bastante
responsável e solícita, com necessidade de se sentir útil às pessoas ao redor ou contribuir positivamente para a
coletividade. Possui acentuado senso de dever e de justiça, mostrando-se disponível para ajudar as pessoas que
necessitam de algum tipo de auxílio, seja na questão da saúde, educação ou formação. Sente prazer em ajudar,
cuidar e orientar as pessoas, protegendo a vida e favorecendo o seu crescimento. Isso faz com que, muitas vezes,
as próprias necessidades sejam deixadas em segundo plano e tenha dificuldade para expressar sua
agressividade. Em geral, tende a estabelecer uma relação de dependência com as pessoas, ficando, assim, preso
a elas por meio do seu forte senso de responsabilidade, pois deseja corresponder ao voto de confiança nele
depositado. Identifica-se com atividades socialmente relevantes da área da saúde, educação e meio ambiente,

64
Teste HumanGuide®

assim como com atividades do terceiro setor. É frequente encontrarmos voluntários entre os respondentes com
forte presença do fator Qualidade no perfil, pois a atividade voluntária representa uma real possibilidade de
satisfação dessa necessidade pulsional. Da mesma forma aparece o interesse por atividades ao ar livre ou em
contato com a natureza.

Quando o fator aparece como não típico no perfil, revela acentuada necessidade de autonomia e
independência, evitando situações nas quais tenha que ficar preso aos problemas ou dificuldades das outras
pessoas. Em geral, aprecia situações dinâmicas e movimentadas, que favorecem o próprio movimento e
deslocamento. Aprecia a falta de rotina e atividades que impliquem correr riscos, sentindo-se bem ao
experimentar descarga de adrenalina. Não se sente mobilizado a atuar na comunidade ou para se envolver em
questões sociais, como atuação em associações de bairro ou em algum movimento de cunho social ou político.
Caso se sinta forçado a fazê-lo, pode ficar ressentido e tenso, agitado e inquieto, com tendência a apresentar
rompantes de raiva, como reações do tipo “gota d’água”.

EXPOSIÇÃO
O fator Exposição é regido pelo senso moral, pelos códigos sociais e pelos costumes. A necessidade
representada por este fator é de fazer parte do grupo, de ser visto e aceito pela comunidade, de ser reconhecido
e admirado pelo outro. A ação é determinada pela necessidade de expor e mostrar, tendo no senso estético seu
principal elemento. O freio do comportamento é a vergonha, o receio de ser mal visto ou de ser ridicularizado.
Este fator expõe diferentes aspectos associados à sobrevivência, como o mimetismo social, ou seja, a adoção dos
códigos, vestimenta e comportamento dominantes no meio ambiente ou no grupo social, uma maneira de ser
aceito e de fazer parte dele. Outra característica diz respeito ao cuidado com a forma como é visto pelo outro em
situações percebidas como ameaçadoras, podendo tanto aparentar ser mais forte do que é, como o cachorro que
eriça o pelo e arreganha os dentes, ou fingir-se de morto, um jeito de escapar dos ataques do outro. Este fator
também expressa a polaridade ver-mostrar, na medida em que aquele que se exibe necessariamente terá diante
de si um expectador, um público. De um modo geral, as expectativas dos outros constituem um elemento central
na determinação das próprias escolhas. A necessidade de expor e de mostrar pode ser satisfeita diretamente,
quando a pessoa ocupa posição de destaque e, indiretamente, ao lidar com o elemento estético ou empregar
recursos que destaquem ou valorizem o objeto de trabalho. Atividades profissionais que lidam com a imagem,
expectativas externas, senso estético e que exigem exposição pessoal, permitem a satisfação desse fator, tais
como publicidade, marketing, treinamento, docência, decoração, arquitetura, direito, política e as artes.

Quando Exposição é o fator principal ou típico, trata-se de um indivíduo vaidoso, com grande
necessidade de se mostrar e de se apresentar. Para ele é muito importante ter a possibilidade de expor aquilo que
faz, obtendo, dessa maneira, o reconhecimento das demais pessoas. O impacto que causa nas pessoas e a
impressão que deixa nelas são muito importantes para ele. Gosta de lidar com coisas voltadas para o público,
empregando instrumentos de trabalho que favoreçam a divulgação e aceitação da sua produção junto a ele.
Sente-se atraído por ambientes de trabalho glamorosos, bonitos e que favorecem a visibilidade pessoal e/ou de
sua atividade. Também sugere forte presença de um comportamento orientado pela desejabilidade social,
podendo fazer com que tenha dificuldade para dizer não e adote uma postura ambígua quando não consegue

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predizer a reação do outro e teme o risco de desagradá-lo.

Se este fator não é típico, revela um indivíduo reservado, modesto e discreto, que não gosta de se expor e se
apresentar, que evita situações que o colocam em evidência, direta ou indiretamente. De um modo geral, tem
preferência pelo trabalho mais interno, que não aparece, pois evita colocar a ênfase na própria pessoa. Pode
parecer tímido, com certa dificuldade para lidar com as expectativas das outras pessoas e para apresentar suas
habilidades e capacidades. Isso pode representar um obstáculo à realização de seus objetivos na medida em que
não assume a autoria do que faz, deixa de expor suas ideias, competências e habilidades, preferindo estar nos
bastidores dos acontecimentos.

ESTRUTURA
O fator Estrutura corresponde ao princípio racional, ao senso de realidade. A necessidade expressa por
este fator é a de ter controle sobre o meio ambiente e sobre si mesmo, coletando dados, medindo, analisando e
avaliando as situações, comparando e classificando. Procura se adequar aos limites da realidade representados
pelas normas, regras, parâmetros e procedimentos. Esse fator limita o Ego na medida em que representa uma
forma de constrição para sua necessidade de expansão. O fator Estrutura pode ser canalizado por meio de
atividades da área de exatas, como o interesse pela aplicação da tecnologia, administração, legislação, estatística,
cálculo, planejamento, logística, atividades que requerem elevado grau de precisão e atenção concentrada, entre
outras.

Quando é o fator principal ou mais típico, trata-se de uma pessoa que se destaca pela necessidade de ter
controle sobre a realidade e de realizar algo concreto, passível de verificação e avaliação. É objetivo, exato e
minucioso, sentindo-se atraído por atividades nas quais possa avaliar, monitorar e checar, com o objetivo de
evitar erros.

Para isso, utiliza instrumentos de precisão e recursos tecnológicos, como calculadora, computador e
aparelhos de qualquer espécie. Para os indivíduos com forte presença deste fator, é importante dispor de
parâmetros e especificações claramente pré-definidas para que se sinta seguro quanto aos objetivos da tarefa.
Aprecia a segurança daquilo que é previsível e controlável, com necessidade de lidar com fatos. Disciplinado,
metódico e sistemático, atém-se às tarefas que recebe, focando sua atenção nas metas e objetivos determinados.

Caso este seja o fator não típico, o indivíduo se mostra pouco voltado para atividades de controle e
verificação, revelando ter pouca afinidade com o que é técnico, econômico, minucioso e exato. Ao resolver
problemas, tende a ser pouco racional e objetivo, mostrando-se mais emocional e subjetivo. De um modo geral,
não se preocupa com o estabelecimento de metas e planos, tem uma dificuldade natural para aceitar limites e
para lidar com a figura da autoridade ou estruturas de trabalho fortemente hierarquizadas. A ausência desse fator
sugere acentuada necessidade de autonomia e independência, com tendência a sonhar com um negócio
próprio, quando imagina poder fazer seu próprio horário e desenvolver as coisas à sua própria maneira. Em geral,
tolera mal ser monitorado, controlado, supervisionado e cobrado pelas outras pessoas, como acontece em
ambientes profissionais muito hierarquizados.

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IMAGINAÇÃO

O fator Imaginação expressa a necessidade de expansão e de lidar com o que é intangível. Representa o
princípio irracional, subjetivo e intuitivo, que se expressa em atividades que precisam de imaginação e
criatividade. A necessidade é de lidar com o novo, descobrindo, pesquisando, estudando, criando e
desenvolvendo coisas novas. O imponderável, o sonho e o longínquo caracterizam este fator, sem qualquer
compromisso com a realidade concreta e objetiva. No entanto, este fator frequentemente aparece pareado com
o fator Estrutura, constituindo assim a base do pensamento científico, na medida em que permite elaborar
hipóteses, as quais deverão ser verificadas por meio da racionalidade e de procedimentos controlados e
padronizados. Atividades profissionais que exigem muita leitura, abstração e interpretação da realidade,
permitem a satisfação do fator Imaginação, tais como atividades acadêmicas, de pesquisa e diagnóstico, área de
pesquisa e desenvolvimento, planejamento estratégico, gestão do conhecimento, atividades artísticas e
intelectuais, futurologia e esoterismo.

Quando o fator Imaginação é o principal, significa que o indivíduo é uma pessoa criativa, com
necessidade de lidar com coisas novas. Bastante ambicioso e com necessidade de desenvolvimento intelectual,
gosta de se aprofundar nas questões, à procura da perfeição e do absoluto. Seu interesse por novidade leva a
atração por atividades que permitem desenvolver projetos, interpretar a realidade, pensar o futuro e resolver
problemas dentro de uma abordagem sistêmica. Intuitivo, procura novas soluções para os problemas com os
quais se depara, integrando a imaginação na elaboração de suas hipóteses. A motivação parte de suas ideias,
fazendo que procure externá-las de alguma maneira e, com isso, exercer influência sobre o meio através delas.

Quando o fator Imaginação é não típico, revela uma pessoa com tendência ao ceticismo, que prefere lidar com
coisas práticas e objetivas, onde tudo está previsto e determinado. Não aprecia o estudo ou qualquer atividade
que solicita a imaginação ou o trabalho intelectual. A aprendizagem e a aquisição de conhecimentos estão mais
voltadas para o utilitário, rejeitando o campo intelectual e especulativo. De um modo geral, prefere atividades
profissionais nas quais não seja necessário conceber projetos ou resolver problemas complexos.

ESTABILIDADE
O fator Estabilidade é caracterizado pela matéria, que mantém a sua essência ao sofrer a ação do tempo.
Está associado à lei de Lavoisier, segundo a qual, “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A necessidade
principal que corresponde a este fator é a de manter a estabilidade na própria vida, apegando-se e conservando
vínculos e objetos. Nesse sentido, atividades ligadas à matéria, ao passado e à posse, ao que é orgânico, químico,
histórico ou financeiro, são atraentes, pois permitem voltar-se para o passado, para a origem das coisas e, assim,
recuperar o que se foi por meio da coleta de amostras, fragmentos, registros e documentos.

Psicanaliticamente, este fator corresponde à analidade, à necessidade de reter ou soltar, de apegar-se ou


desapegar-se, de se voltar para antigos objetos ou de sair em busca de novos objetos. Expressa a necessidade de
ter contato direto com o objeto de trabalho, de realizar atividades cujo resultado é expresso em quantidade, que
exigem afinidade com atividades cíclicas e rotineiras, bem como interesse pela posse e dinheiro. Atividades
operacionais ou ligadas ao passado e ao acúmulo de bens ou informações, como produção, agronomia, história,
arqueologia, genética, paleontologia, geologia, antiguidade, finanças, contabilidade, e ainda de conservação,

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como limpeza, restauração, manutenção e reforma, favorecem a satisfação deste fator. Atividades de lazer como
jardinagem, cerâmica, mosaico, numismática, filatelia e coleções em geral, estudo de genealogias e história da
arte também atendem ao fator Estabilidade.

Quando este é o fator principal, o indivíduo expressa necessidade de lidar com coisas concretas e
palpáveis, de por a “mão na massa”. É dotado de acentuado senso prático, tendo a base do seu trabalho nas
atividades rotineiras e mais simples. Bastante estável e constante no que faz, tem necessidade de dar
continuidade àquilo que iniciou, dispondo de visão de longo prazo e paciência para realizar tarefas cujo resultado
pode demorar a ser alcançado, como é o caso da atividade de pesquisa na área médica ou de biotecnologia. É
conservador e muito apegado à tradição, com certa dificuldade para lidar com perdas de qualquer espécie ou
para se desfazer daquilo que é conhecido e faz parte do seu dia a dia. Sente-se seguro ao realizar atividades
rotineiras e repetitivas e que resultam em algo palpável e duradouro. A acentuação deste fator confere
características associadas à rigidez, mesquinhez e nostalgia.

Caso este seja o fator não típico, trata-se de uma pessoa bastante maleável e aberta a mudanças, que lida
bem com perdas e que prefere objetivos a curto prazo. Não sente necessidade de ter contato direto com seu
objeto de trabalho, revelando-se pouco concreto e pragmático. Em geral, prefere lidar com a abstração da
realidade, com o mundo das ideias, principalmente quando a polaridade negativa deste fator aparece pareada
com a polaridade positiva do fator Imaginação. Não gosta de colocar a “mão na massa” ou de realizar atividades
operacionais repetitivas, como arquivamento, documentação e produção em série, com tendência ao
imediatismo. Revela relativa superficialidade e pouca preocupação com a preservação e economia de recursos.
Assim, mostra-se instável e maleável, podendo ser caracterizado pelas demais pessoas como “fogo de palha”.

CONTATOS
O fator Contatos corresponde à oralidade, na medida em que visa ao contato com outras pessoas e à
apreciação das coisas boas da vida, por meio da busca da satisfação oral, da comunicação e da alimentação. Este
fator representa a sociabilidade, a necessidade de ter contato com muitas pessoas, comunicando-se
intensamente com elas. Como o primeiro contato com o mundo é de natureza oral, ele expressa o
estabelecimento de contato com o mundo de externo, a busca do apoio das pessoas, a dependência do outro ou
do grupo. O fator Contatos está associado ao otimismo, à leveza nos relacionamentos interpessoais, à
gregariedade e ao senso de humor. Pode ser atendido profissionalmente por meio de atividades coletivas ou
voltadas para a alimentação, fortemente apoiadas na comunicação oral e no trabalho em equipe, como
atividades no âmbito do comércio e da comunicação de uma maneira geral: vendas, negócios, jornalismo,
relações públicas, teatro, radialismo, carreira de cantor, gastronomia, nutrição, fonoaudiologia, hotelaria,
telemarketing, direito, magistério e administração de empresas, para citar alguns exemplos.

Quando o fator Contatos é o principal, significa que o indivíduo é muito sociável, falante e comunicativo,
com necessidade de ter contato com muitas pessoas e de trabalhar em equipe. De um modo geral, a
comunicação e a negociação são seus principais recursos, por meio dos quais conquista colaboradores para seus
projetos, ao expor suas ideias, negociar ou exercer liderança participativa. Tem grande necessidade de ser aceito

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pelas pessoas, podendo, eventualmente, ficar tenso quando se sente rejeitado por elas. Aprecia ambientes de
trabalho informais e culturas organizacionais pautadas no consenso e na produção coletiva. A descarga de
tensão tende a ocorrer oralmente, como por meio da comida, bebida, fumo, falar em demasia, roer unhas, entre
outras.

Quando este é o fator não típico, a comunicação e a linguagem oral não correspondem aos seus
interesses e não constituem o instrumento de trabalho mais frequentemente empregado, apesar de poder
apreciar a companhia das pessoas para atender necessidades afetivas (Sensibilidade), para expor o seu trabalho
(Exposição) ou se sentir útil (Qualidade). No geral, prefere ambientes com poucas pessoas e atividades nas quais
possa trabalhar só, sem a necessidade de conversar, trocar ideias ou negociar posições. Tende a ser lacônico ou a
ficar calado, assumindo postura de ouvinte, principalmente quando o fator Contatos está pareado com os fatores
Sensibilidade e Estrutura. Costuma ser mais quieto, limitando suas colocações ao estritamente necessário.

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EXEMPLOS DE PERFIS E
INTERPRETAÇÃO

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D. R.

D. R. - Sexo masculino, formado em Ciências Contábeis e Administração de Empresas, 40 anos, candidato à


função de Coordenador Financeiro.

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ANÁLISE QUALITATIVA

D. é uma pessoa que se destaca pela estabilidade e constância, pela necessidade de manter, conservar e
documentar processos. Sente-se atraído pela possibilidade de lidar com coisas concretas e palpáveis,
expressando, com isso, acentuado senso prático. Costuma ver nas atividades rotineiras e mais simples a base de
sua atividade, com disponibilidade para colocar a “mão na massa” e refazer o trabalho tantas vezes quanto for
necessário. Como tem necessidade de dar continuidade àquilo que iniciou, apresenta dificuldade para se
desapegar do que faz. Essa qualidade adesiva faz com que por vezes se torne um pouco lento, pois não abandona
a questão ou tarefa enquanto não a tiver concluído, dificultando o processo de priorização das tarefas. Como é
conservador e muito apegado à tradição, tem certa dificuldade para lidar com perdas de qualquer espécie ou
para se desfazer daquilo que é conhecido e faz parte do seu dia a dia.

Ao mesmo tempo, se mostra muito responsável e confiável, com necessidade de atender ao voto de
confiança nele depositado. D. busca uma atividade que lhe permita contribuir com a coletividade, se possível de
maneira individual, orientando colegas e apoiando-os no que necessitam. Sua disponibilidade para assumir
responsabilidades e para se engajar em questões de natureza social é um importante recurso interno. Assim, o
ambiente de trabalho deverá favorecer a sucessão de objetivos sociais e a utilização de recursos que se revertam
em bem comum.

D. também é uma pessoa sensível e afetiva, com grande disponibilidade para atender e servir às pessoas.
Gosta de ir ao encontro das suas necessidades, com disponibilidade para se adaptar a elas. Aprecia atividades de
assessoria e de prestação de serviços, tanto internos como externos. O tato, no trato pessoal ou no manuseio de
objetos, é um recurso interno adicional valioso, tornando-o uma pessoa paciente e tolerante. No entanto, não
gosta de ficar em uma posição passiva e dependente do outro, preferindo orientar-se por metas e para a solução
de problemas significativos.

É moderadamente determinado e ativo, com disponibilidade para superar obstáculos e alcançar seus
objetivos. Gosta de manipular ativamente a realidade e de moldá-la às suas necessidades, porém sem
agressividade, pois dispõe de acentuado sentido ético e capacidade de empatia. Assim, D. não se caracteriza pela
necessidade de afirmação e imposição pessoal, mas por uma relativa capacidade de iniciativa.

D. expressou atração moderada por atividades mais intelectuais e criativas, com vontade interna para
pesquisar e lidar com coisas novas, embora não as procure. O trabalho intelectual é encarado naturalmente. A
criatividade e a imaginação aparecem como elementos secundários, como interesse pela pesquisa da origem das
coisas e pela inovação.

Um tanto avesso a atividades mais técnicas, econômicas e exatas, D. evita atividades muito sistemáticas,
que envolvem cálculo ou que se utilizam fortemente de equipamentos ou instrumentos de precisão. Gosta de
trabalhar com autonomia e liberdade, criando e definindo parâmetros, sem ficar necessariamente preso a regras
e diretrizes externas. Quando trabalha com exatidão e concentração, fazendo observações e análises, o realiza em
função do seu forte senso de responsabilidade e não em função de uma necessidade de exercer controle sobre a
realidade.

D. é modesto e discreto, sem necessidade de se expor e apresentar, evitando situações que o colocam

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em evidência, seja direta ou indiretamente. Com preferência pelo trabalho mais interno, que não aparece, evita
colocar a ênfase na própria pessoa. Por vezes pode parecer tímido ou com dificuldade para lidar com as
expectativas das outras pessoas ou para apresentar suas habilidades e capacidades.

Da mesma forma, D. não tem na comunicação, na linguagem oral, o seu instrumento de trabalho, apesar de
apreciar a companhia das pessoas. Em geral, prefere ambientes com poucas pessoas e atividades em que possa
trabalhar só, sem a necessidade de conversar, trocar ideias ou negociar posições. Tende a ser lacônico ou a ficar
calado, assumindo postura de ouvinte.

SÍNTESE DAS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS


D. é uma pessoa com um perfil mais conservador e cauteloso, que pondera longamente sobre as
questões e sobre o impacto que as decisões e/ou ações terão sobre as pessoas. Tende a ficar preso ao conhecido,
evitando mudanças e riscos, o que pode ser interpretado como prudência ou como hesitação. Aprecia rotinas e
situações conhecidas, apegando-se tanto às tarefas como às pessoas com quem convive. É uma pessoa de
hábitos, com necessidade de frequentar ambientes familiares e de realizar atividades conhecidas. Tem
preferência pelo trabalho individual, quando pode realizá-lo de acordo com o próprio ritmo e alcançar a
qualidade que deseja.

De um modo geral, D. é uma pessoa conscienciosa, calma, discreta e reservada, que aprecia o trabalho
rotineiro, cíclico e metódico. Como busca a segurança daquilo que é conhecido e estável, ao passar por situações
de mudança, procura recuperar rapidamente a estabilidade perdida. Não gosta de se arriscar ou se impor,
preferindo desenvolver atividades preventivas, de manutenção e preservação. Ao mesmo tempo sente-se
atraído pelo novo, com necessidade de empreender algo, o que nem sempre faz. É persistente e perseverante,
mas não disciplinado e determinado. Aprecia atividades de documentação, com tendência a guardar tudo,
porém nem sempre de uma maneira organizada e sistemática.

CONCLUSÃO
A análise do perfil revela forte presença do fator Estabilidade, aspecto muito exigido na área contábil
financeira, na medida em que deve realizar atividades rotineiras e cíclicas (diárias, semanais, mensais, semestrais
e anuais) de coleta de dados, verificação e consolidação de dados, emissão de balanço mensal e anual,
arquivamento de documentação e levantamento do histórico financeiro. O objetivo primordial dessa atividade é
o de manter a estabilidade financeira e, se possível, gerar lucros por meio de aplicações financeiras e do acúmulo
de recursos materiais. O forte senso de responsabilidade presente em seu perfil coincide com a exigência da
função, pois informações falsas ou superficiais podem ter consequências desastrosas.

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No entanto, observa-se que há pouca presença do fator Estrutura, fazendo com que D. seja uma pessoa
pouco afeita a atividades de controle e verificação, com pouco planejamento e senso de organização. Essa
característica pode dificultar sua adaptação a atividades mais técnicas e que exigem forte senso de organização,
bem como a utilização de programas de computador com planilhas eletrônicas. O perfil de D. revela afinidade
com tarefas burocráticas e de grande responsabilidade, com realização individual, conduzindo e dando
continuidade a processos operacionais, a exemplo da consolidação de dados e arquivamento de informações e
documentos.

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F.B.D.L.

F. B. D. L. - Sexo masculino, 19 anos, formado em Engenharia de Produção, candidato a uma vaga em um


programa de treinamento internacional (trainee).

75
ANÁLISE QUALITATIVA

F. é muito sociável, falante e comunicativo, precisa ter contato com muitas pessoas e trabalhar em equipe.
Tem na comunicação e na negociação seus principais recursos, por meio dos quais conquista colaboradores para
seus projetos, expondo suas ideias, negociando e exercendo liderança. Apresenta grande necessidade de ser
aceito pelos colegas, ficando tenso quando se sente rejeitado por eles.

Ao mesmo tempo, revela-se curioso e criativo. Bastante ambicioso e com necessidade de


desenvolvimento, gosta de aprender, descobrir e desenvolver coisas novas, seja implementando projetos, seja
criando conceitos. Intuitivo, procura soluções para os problemas com os quais se depara, usando a imaginação
na elaboração de hipóteses. Como boa parte da motivação tem origem em suas ideias, F. apresenta grande
vontade de externá-las, exercendo, com tais ideias, influência sobre o seu meio ambiente.

Bastante maleável e aberto a mudanças, F. tem boa capacidade para lidar com perdas e prefere objetivos
a curto prazo. Não apresenta necessidade de ter contato direto com seu objeto de trabalho, revelando-se pouco
concreto e pragmático. Prefere lidar com a abstração da realidade, com o mundo das ideias, em vez de colocar a
“mão na massa”. Não tem afinidade com temas ligados ao passado ou à origem das coisas, podendo descartar ou
não aproveitar o que já existia. Da mesma forma não sente afinidade com atividades burocráticas, rotineiras,
cíclicas, operacionais ou voltadas para o âmbito financeiro.

F. é uma pessoa moderadamente vaidosa, que precisa se sentir aceito e admirado pelas pessoas. Cuida da
própria imagem, revelando-se atento às expectativas dos outros. Gosta de expor e mostrar o produto do seu
trabalho, de maneira a obter o reconhecimento externo por meio dele. Da mesma maneira gosta de lidar com o
que é visível e com o elemento estético.

Apresenta necessidade moderada de assumir responsabilidade ou dar uma contribuição positiva para
quem está à sua volta. Embora tenha disponibilidade para prestar ajuda e para se engajar em ações nas quais as
pessoas possam depender dele, isso não constitui o foco dos seus interesses. Em geral, ocupa-se mais
teoricamente dessas questões, com tendência a não se deter em detalhes e a não colocar a ênfase na qualidade
do que faz. Caracteriza-se por certa superficialidade, é pouco consciencioso e meticuloso.

F. é determinado e ativo, com disponibilidade para superar obstáculos que levam ao alcance de seus
objetivos. Tem necessidade de manipular ativamente a realidade, transformando-a com empenho e energia. No
entanto, consegue controlar a própria agressividade por meio do seu sentido ético, capacidade de empatia e
necessidade de ser aceito e admirado pelas pessoas. Assim, F. não se caracteriza pela vontade de afirmação e
imposição pessoal, embora seja uma pessoa ativa e determinada a transformar a realidade por meio de suas
ideias.

Sensível e afetuoso, F. apresenta capacidade de empatia e disponibilidade para se adaptar às demandas


das outras pessoas. É prestativo e dedicado, aprecia a proximidade das pessoas e ambientes de trabalho que lhe
permitam expressar sua afetividade. É disponível para prestar serviços ou para atuar no contexto do atendimento
ao cliente.

Mostra-se menos voltado para atividades de controle e verificação, com pouca afinidade com o que é
técnico, econômico, minucioso e exato. Gosta de resolver problemas, apoiando-se na criatividade e na intuição,

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sendo, portanto, menos racional e objetivo. De um modo geral, se mostra mais impulsivo e com pouco
planejamento, o que pode dificultar a concretização de suas ideias.

SÍNTESE DAS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS


F. é uma pessoa com um perfil mais voltado para a atividade comercial, que permite ter contato com
muitas pessoas, com o objetivo de expor suas ideias e conquistar seu apoio para colocá-las em prática. É uma
pessoa muito sociável, comunicativa, espontânea e com facilidade de relacionamento. Em geral, está pouco
identificado com atividades técnicas e operacionais, desinteressando-se rapidamente quando a tarefa requer
paciência, atenção para detalhes e perseverança. No entanto, é uma pessoa ativa e determinada, movida pelas
próprias ideias e pela necessidade de conhecer ou criar coisas novas. Sua inconstância e falta de estabilidade
podem fazer com que “reinvente a roda”, gerando desperdício de recursos já existentes.

A associação dos fatores predominantes em seu perfil sugere que F. se sente fortemente atraído pela
oportunidade de conhecer pessoas novas, com possível facilidade para aprender novos idiomas e adotar novos
códigos de comportamento, como forma de se adaptar às pessoas e ser aceito e valorizado por elas. Falta-lhe,
porém disciplina, constância e estabelecimento de metas, podendo deixar-se levar pelas expectativas externas
ou pelo momento presente. Da mesma forma, pode perder de vista a verificação empírica de suas hipóteses ou
deixar de fazer o estudo de viabilidade de seus projetos.

CONCLUSÃO
Seu perfil sugere relativa imaturidade, em função da pouca presença de constância e disciplina,
associada à forte presença de imaginação e atração pelo novo, o que faz com que possa perceber as coisas como
fruto do acaso e da sorte. Seu perfil está mais voltado para a área comercial ou marketing, com especial interesse
pelo planejamento estratégico. Embora esteja cursando Engenharia de Produção, seu interesse provavelmente
recai sobre matérias da área de humanas.

77
L.C.P.

L. C. P. – Sexo feminino, 29 anos, formada em Psicologia, candidata ao cargo de Supervisora de Recursos


Humanos.

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ANÁLISE QUALITATIVA

L. é uma pessoa muito racional e objetiva, tem necessidade de lidar com o que é concreto,
empiricamente comprovável e passível de verificação, medição e controle. Detalhista, metódica e sistemática,
aprecia o trabalho exato, atendo-se a normas e procedimentos. Precisa produzir algo concreto, a partir da
realidade. Comprometida com a tarefa, trabalha segundo planos e princípios, com um objetivo bem definido.
Não gosta de ficar a esmo ou divagando, preferindo trabalhar com metas e estar no controle e no comando da
situação. Sua necessidade de controle faz com que aprecie atividades de supervisão, avaliação e monitoramento.

L. busca uma atividade inserida no contexto social mais amplo, por meio da qual possa dar uma
contribuição à coletividade. Prefere direcionar seus esforços para grupos de pessoas em vez de trabalhar com
indivíduos, situação que requer uma relação de ajuda mais direta. Busca uma atividade ao mesmo tempo
dinâmica e de responsabilidade, onde sente que faz a diferença. Sua disponibilidade para assumir
responsabilidades e para se engajar em questões de natureza social é um importante recurso interno ao
desenvolver o seu trabalho. Gosta de corresponder ao voto de confiança nela depositado, revelando-se muito
crítica e exigente consigo mesma e com as outras pessoas.

Ao mesmo tempo, L. é uma pessoa bastante determinada, que busca transformar a realidade a sua volta
e de superar os obstáculos às suas metas. Ativa e rápida, apresenta comportamento assertivo e afirmativo. Por
vezes, pode ser bastante incisiva e direta em suas colocações, sendo percebida pelas outras pessoas como fria,
dura, impaciente e impositiva. Dispõe de muita energia física, com boa tolerância ao estresse.

Comunicativa, L. precisa estar em contato com muitas pessoas. Sociável e informal, é uma pessoa otimista
e bem humorada, aberta para a negociação e troca de ideias. Aprecia o trabalho em equipe, privilegiando a
informalidade no ambiente de trabalho. De um modo geral, gosta de exercer liderança funcional, dividindo
tarefas e coordenando as ações, porém sempre buscando o consenso grupal.

L. tem disponibilidade para realizar atividades no âmbito da prestação de serviços, nas quais pode
estabelecer uma relação com o cliente interno ou externo, visando à satisfação de suas necessidades. Gosta de
atender e de servir às pessoas, indo ao encontro daquilo de que precisam. O tato, no trato pessoal ou no
manuseio de objetos, é um instrumento de trabalho adicional e valioso, que serve como moderador da sua
agressividade e impaciência. No entanto, não gosta de ficar em uma posição passiva e dependente do outro,
preferindo orientar sua ação por metas e para a solução de problemas significativos.

Com acentuada necessidade de expansão, L. é criativa, sentindo-se atraída pela possibilidade de criar e
desenvolver coisas novas, seja implementando novos projetos, seja desenvolvendo novos conceitos ou
procurando soluções alternativas para os problemas com os quais se depara. Como sua motivação surge em
grande parte de suas ideias, procura expô-las às outras pessoas, exercendo assim influência sobre elas. Profunda
e introspectiva, também se ocupa de questões abstratas e filosóficas.

L. tem necessidade de se expor e de apresentar suas ideias, buscando o reconhecimento pessoal por
meio do trabalho intelectual e criativo. No entanto, não investe em ações que a promovam ou valorizem
pessoalmente, numa atitude ambivalente quanto à forma de lidar com as expectativas das outras pessoas com
relação a ela mesma. Assim, de um lado, procura a aprovação das pessoas, mas por outro não investe diretamente

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na divulgação e aceitação daquilo que faz, permanecendo muitas vezes nos bastidores de seus próprios
empreendimentos. Em geral, se mostra mais discreta.

Bastante maleável e aberta a mudanças, L. prefere lidar com objetivos em curto prazo. Não sente
necessidade de ter contato direto com seu objeto de trabalho, revelando-se pouco concreta e pragmática. Não
aprecia atividades operacionais, burocráticas, rotineiras e cíclicas, ou que estejam mais voltadas para a
documentação, conservação e manutenção do que existe. De um modo geral, prefere lidar com a abstração da
realidade, com o mundo das ideias, sendo que o seu senso de realidade está atrelado à possibilidade de medir e
verificar empiricamente, e não no sentido da documentação ou de lidar com o que é palpável e duradouro.

SÍNTESE DAS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS

L. é uma pessoa que se destaca pelo empenho e compromisso com a tarefa. Fortemente orientada para
resultados concretos e significativos. Dispõe de acentuado senso de responsabilidade, com necessidade de
corresponder ao voto de confiança nela depositado. Para ela é fundamental realizar algo significativo e dentro
dos parâmetros, especificações e prazos estabelecidos. Bastante orientada para objetivos e comprometida com a
qualidade do seu trabalho, torna-se uma pessoa exigente e crítica, que costuma ficar insatisfeita com o nível de
qualidade atingido e com a velocidade da ação, podendo revelar-se perfeccionista e detalhista.

Dotada de muita energia, L. é uma pessoa inquieta e ativa, com tendência a se impacientar com o ritmo
de trabalho das outras pessoas. Tende a imprimir um ritmo acelerado ao seu ambiente de trabalho, dando
diretrizes e cobrando respostas e ações. Gosta de trabalhar em equipe, sentindo-se à vontade na posição de
liderança. É organizada, disciplinada e comprometida, o que faz com que tenha disponibilidade para transmitir
diretrizes de maneira clara e sistemática e para prestar ajuda às pessoas com quem trabalha. Gosta de se sentir
útil e de realizar algo útil. De uma maneira geral, L. não gosta de ficar em uma posição passiva e reativa, atrelada
a práticas consagradas ou presa ao passado. Sua orientação é essencialmente para o futuro e para a tarefa,
apreciando atividades de planejamento e de coordenação, com necessidade de implementar projetos.

CONCLUSÃO

A análise do perfil revela forte presença dos fatores Qualidade, Estrutura e Imaginação, aspectos críticos
para o desempenho da função de Coordenadora de RH, uma vez que sua ação deve estar voltada para o
desenvolvimento das pessoas no ambiente de trabalho e exigir a realização de análises, tomada de decisão
apoiada em critérios objetivos, planejar ações e supervisionar pessoas. A acentuação do fator Força faz com que
eventualmente se impaciente. No entanto, dada a forte presença de Sensibilidade, consegue exercer controle

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sobre a própria impaciência e impetuosidade, ao entrar em contato com as necessidades e peculiaridades das
outras pessoas. A fraca presença do fator Exposição revela pouca afinidade com atividades nas quais tenha que
estar em evidência, como ao dar palestra e treinamento. Dessa maneira, a indicação da função para L. se mostra
adequada, pois poderá desenvolver atividades de coordenação que exigem agilidade e confiabilidade, bem
como disponibilidade para instruir, informar, corrigir e apoiar as pessoas.

REFERÊNCIAS
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Sobre a autora
Giselle Mueller-Roger Welter - CRP 06/18218
Psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco, especialista em Psicologia Escolar e
Educacional e orientadora profissional e de carreira.

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©2014

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