Você está na página 1de 19

Unicelularidade e multicelularidade

Procariontes aos Eucariontes

Os seres vivos podem agrupar-se em dois grandes grupos, os seres procariontes e os seres eucariontes :

Pensa-se que foram os procariontes que estiveram na origem da diversidade de formas de vida existentes
atualmente, devido:
• À sua simplicidade estrutural (a evolução processar-se-ia de seres mais simples para mais complexos);
• Ao registo fóssil existente: os dados fósseis sugerem que os seres eucariontes surgiram 2000 milhões de anos
depois dos organismos procariontes.
Alguns grupos de procariontes terão evoluído e aumentado a sua complexidade e terão estado, provavelmente, na
origem dos organismos eucariontes.
Hipótese autogénica e a hipótese endossimbiótica

Nota: nenhuma das hipóteses explica esta evolução de forma completa, mas podemos afirmar que a mais aceitável é
a hipótese endossimbiótica

Hipótese Autogénica
Segundo a Hipótese Autogénica, os seres eucariontes são o resultado de uma evolução gradual dos seres
procariontes.
-Numa fase inicial, as células desenvolveram sistemas endomembranares resultantes de invaginações da membrana
plasmática. Algumas dessas invaginações armazenavam o DNA, formando um núcleo. Outras membranas evoluíram
no sentido de produzir organelos semelhantes ao retículo endoplasmático.
-Posteriormente, algumas porções do material genético abandonaram o núcleo e evoluíram sozinhas no interior de
estruturas membranares. Desta forma, formaram-se organelos como as
mitocôndrias e os cloroplastos.

Esta hipótese pressupõe que o material genético do núcleo e dos organelos


(sobretudo das mitocôndrias e dos cloroplastos) tenha uma estrutura idêntica.
Contudo, tal não se verifica. O material genético destes organelos apresenta,
geralmente, uma maior semelhança com o das bactérias autónomas, do que
com o material genético presente no núcleo.

Esta e outras observações levaram ao desenvolvimento de um outro modelo


ou hipótese – a Hipótese Endossimbiótica

Hipótese Endossimbiótica

Algumas células procarióticas de grandes dimensões (célula hospedeira) capturaram células mais pequenas, como os
ancestrais das mitocôndrias e cloroplastos.
Alguns destes ancestrais conseguiam sobreviver no interior da célula procarióticas de maiores dimensões, resistindo
à ingestão, estabelecendo-se relações de simbiose.

A íntima cooperação entre estas células conduziu ao estabelecimento de uma relação simbiótica estável e
permanente. A evolução conjunta destes organismos terá levado ao surgimento das células eucarióticas constituídas
por vários organelos, alguns dos quais foram, em tempos, organismos autónomos.

Assim, as primeiras relações endossimbióticas terão sido estabelecidas com os


ancestrais das mitocôndrias. Os ancestrais das mitocôndrias seriam organismos que
tinham desenvolvido a capacidade de produzir energia, de forma muito rentável,
utilizando o oxigénio no processo de degradação de compostos orgânicos.

Por outro lado, outro grupo de procariontes, semelhante às atuais ciano- bactérias,
tinha desenvolvido a capacidade de produzir compostos orgânicos, utilizando a
energia luminosa. A associação das células procarióticas de maiores dimensões com estes seres, ancestrais dos
cloroplastos, conferia-lhe vantagens evidentes.

Mas, nem todas as células eucarióticas possuem cloroplastos. Este facto é explicado, segundo a Hipótese
Endossimbiótica, pelo estabelecimento de relações simbióticas de forma sequencial. Isto é, as primeiras relações
endossimbióticas terão sido estabelecidas com os ancestrais das mitocôndrias e, só posteriormente, algumas dessas
células terão estabelecido relações de simbiose com os ancestrais dos cloroplastos.
Argumentos a favor Argumentos contra/ Pontos
fracos

• Todas as membranas que constituem


• Não explica o que desencadeou a
Hipótese os organelos celulares possuem a
invaginação da membrana celular;
mesma composição bioquímica
Autogénica • Alguns genes necessários ao • Se o núcleo fosse formado por
funcionamento das mitocôndrias e invaginações de membrana procariótica,
dos cloroplastos estão atualmente no então o DNA do núcleo seria circular, o
núcleo que não corresponde a realidade

• As mitocôndrias e os cloroplastos são


muito semelhantes a bactérias (seres
• Esta hipótese não explica a origem do
núcleo das células procarióticas;
procariontes), na forma, no tamanho
e nas estruturas membranares
• Não esclarece como é que o DNA nuclear
• Estes organelos produzem as suas comanda o funcionamento dos
próprias membranas, as suas divisões cloroplastos e das mitocôndrias;
são independentes das da célula e são
semelhantes à divisão binária das • Não explica como é que tendo os seres
bactérias; procariontes as mesmas dimensões um foi
englobado por outro
• Contêm um DNA próprio semelhante
ao das bactérias – uma molécula
• Não explica o porque dos ribossomas
circular, geralmente, não associada a
das células eucarióticas serem maiores
histonas;

• Os ribossomas das mitocôndrias e dos • Não explica o porque do DNA nas células
Hipótese eucarióticas no núcleo é linear
cloroplastos são semelhantes aos dos
endossimbiótica procariontes, quer no tamanho, quer
nas suas características bioquímicas;

• Na membrana interna destes


organelos, existem enzimas e sistemas
de transporte que se assemelham aos
que estão presentes nos atuais
procariontes. Assim, admite-se que as
membranas internas derivem das
membranas dos procariontes
endossimbióticos;

• Hoje, encontram-se associações


simbióticas entre bactérias e alguns
eucariontes

Depois do aparecimento das células eucarióticas, a vida na Terra apresentava já grande diversidade.
Os organismos eucariontes, que desenvolveram capacidade de predação, começaram a aumentar de tamanho, o
que favoreceu:

• A captura mais eficiente de outras células;

• A deslocação que, sendo mais rápida, facilita a fuga e a alimentação;

• O aumento do metabolismo.

À medida que as dimensões da célula aumentam, a razão entre a área da célula e o seu volume diminui porque o
crescimento celular não pode ser indefinido. Então, como o metabolismo se torna mais ativo, mas a superfície
membranar que contacta com o exterior não tem um aumento proporcional, as trocas com o meio tornam-se
menos eficientes e não são capazes de dar resposta às necessidades das células.

Assim, para indivíduos com dimensões superiores a 1mm sobreviverem só têm duas possibilidades: ou são
unicelulares, mas com um metabolismo muito baixo ou, para darem resposta às necessidades metabólicas, têm de
ser multicelulares.

Embora ainda não esteja bem esclarecida, pois o registo fóssil não é suficiente, pensa-se que a multicelularidade
tenha resultado de associações vantajosas entre eucariontes unicelulares que foram evoluindo:

• Inicialmente, todas as células desempenhariam a mesma função

• Posteriormente, algumas células ter-se-iam especializado em determinadas funções, ocorrendo diferenciação


celular

• A diferenciação celular, em que se verifica interdependência estrutural e funcional das células, ter-se-á
acentuado, originando verdadeiros seres multicelulares

Atualmente, verifica-se a existência de agregados de seres eucariontes unicelulares da mesma espécie que
estabelecem ligações estruturais entre si, formando colónias ou agregados coloniais.
Volvox não é considerado um ser pluricelular, pois, embora seja constituído por células estruturalmente
independentes, sob o ponto de vista funcional, a sua diferenciação é ainda muito incipiente, confinando-se
exclusivamente às células reprodutoras. Contudo, este exemplo é bastante útil para se compreender que organismos
coloniais semelhantes tenham evoluído no sentido de maior organização e diferenciação estrutural e funcional e,
como tal, da verdadeira multicelularidade.

Pensa-se que:

• Os seres coloniais possam ter estado na origem de algas verdes pluricelulares, algumas das quais evoluíram
mais tarde para plantas

• Este dado é apoiado pela existência de clorofila a e b nas algas verdes e nas plantas e, também, pela
presença de amido como substância de reserva em ambas

• Os diferentes tipos de células, já com especialização, originaram tecidos que levaram ao aparecimento de
órgãos e de sistemas de órgãos, havendo uma crescente especialização e diferenciação celulares
Vantagens evolutivas da multicelularidade para os organismos:

• Permite que os organismos tenham maiores dimensões, mantendo a relação área/volume ideal para a
realização de trocas com o meio;

• Possibilita maior diversidade, proporcionando uma melhor adaptação a diferentes ambientes (Um ser vivo
multicelular tem células com funções diferentes e por isso a adaptação a meios diferentes torna-se mais fácil);

• Diminuição da taxa metabólica, como resultado da especialização celular que permitiu uma utilização de
energia de forma mais eficaz (Quando uma célula é especializada, apresenta mecanismos especializados para
a função que esta tem, assim esta função é feita de forma mais rápido, gastando menos energia);

• Maior independência relativamente ao meio ambiente, devido a uma eficaz homeostasia (equilíbrio dinâmico
do meio interno) que resulta da interdependência entre os vários sistemas de órgãos (permite uma melhor
adaptação aos ambientes com características mais extremas).

• Em suma, pode dizer-se de forma muito simples que a evolução das formas de vida se processou dos
procariontes para os eucariontes unicelulares e dos seres coloniais para os pluricelulares.

Mecanismos de evolução

Fixismo:

• Foi a primeira tentativa de explicação da grande diversidade de seres vivos existentes na Terra

• Foi aceite durante muitos séculos, principalmente porque era apoiada pela observação de gerações
sucessivas de seres vivos que eram sempre semelhantes

• Admite que as espécies surgiram tal como se conhecem atualmente e, que se mantiveram fixas e imutáveis
ao longo do tempo

• As espécies foram criadas independentemente umas das outras

Afirmou que
os fósseis de
espécies
diferentes das
que conheciam
eram restos de
criações
anteriores
As principais evidências geológicas que abalaram o modelo fixista foram:
• A idade da Terra ser muito superior à admitida até então
• O aparecimento de fósseis de espécies muito diferentes das que se conheciam
• Foi dificilmente aceite pela comunidade científica e a sua implantação definitiva decorreu do aparecimento de
mecanismos explicativos muito bem fundamentados e apoiados por argumentos válidos

Evolucionismo:
• Admite que as espécies se alteram de forma lenta e progressiva ao longo do tempo, dando origem a novas
espécies
• A espécies são originadas a partir de ancestrais comuns
• O ambiente intelectual em que o evolucionismo se estabeleceu foi influenciado pelas ideias de mudança que
surgiram, ao mesmo tempo, em todas as áreas do conhecimento
• Construiu-se com o contributo e a colaboração de várias ciências e, em particular, da Geologia

Lamarckismo:
• Foi a primeira teoria explicativa sobre o mecanismo de evolução dos seres vivos, formulada e defendida por
Lamarck
• Esta teoria assentava em duas leis fundamentais – a Lei do uso e do desuso e a Lei da herança dos caracteres
adquiridos
• Nesta teoria, a adaptação é definida como sendo a capacidade dos seres vivos desenvolverem características
que lhes permitam sobreviver e reproduzir-se num determinado ambiente (as características são adquiridas o
que é errado, elas já existem devido à variabilidade)
• O ambiente é considerado o principal
agente responsável pela evolução

• Admite, ainda, uma progressão lenta e


gradual dos organismos mais simples para os
mais complexos
O lamarckismo sofreu grande contestação porque:
• Atribui à evolução uma intenção ou objetivo, ao afirmar que as alterações ocorrem devido à necessidade de
as espécies procurarem a perfeição, o que não se conseguiu provar cientificamente;
• A herança dos caracteres adquiridos não se verifica experimentalmente.

Esta teoria não vingou e o evolucionismo foi, temporariamente, posto de parte.

Uniformitarismo e idade da Terra

Abalou violentamente a Hipótese Catastrofista.

Hutton estabeleceu uma idade para a Terra muito superior àquela que era admitida até então e defendia que o
planeta era, e tinha sido sempre, dominado por forças terrestres, como os ventos, a chuva, a geada, responsáveis
por fenómenos de erosão, subsidência e sedimentação, bem como por fenómenos de fusão magmática.

Em suma, defendeu que os fenómenos geológicos existentes na atualidade são idênticos aos que ocorreram no
passado.

Lyell confirma a Teoria do Uniformitarismo e conclui que:

• As leis naturais são constantes no espaço e no tempo

• Os acontecimentos do passado devem ser explicados a partir dos mesmos processos naturais que se
observam na atualidade, dado que as causas que provocaram determinados fenómenos no passado são
idênticas às que provocam os mesmos fenómenos atualmente

• A maioria das alterações geológicas ocorre de forma lenta e gradual

As conceções gradualistas de Lyell conduzem ao desenvolvimento de ideias evolucionistas no campo da


Biologia. Contudo, faltavam modelos que explicassem o processo evolutivo.

Darwinismo
• Charles Darwin apresentou a teoria evolucionista como explicação para a biodiversidade;
• Os fundamentos desta teoria são os dados geológicos, os dados biogeográficos, o Malthusianismo, a seleção
artificial e a variabilidade intraespecífica:
Esta teoria pode enunciar-se da seguinte forma:
• Todas as espécies apresentam indivíduos com pequenas variações nas suas características
• As populações tendem a crescer em progressão geométrica, originando mais descendentes do que aqueles
que podem sobreviver;
• O número de indivíduos de uma espécie não se altera significativamente de geração em geração
• Em cada geração, uma parte dos indivíduos é naturalmente eliminada na luta pela sobrevivência
• Sobrevivem os indivíduos que estiverem mais bem adaptados a um determinado meio, por possuírem
características mais vantajosas relativamente aos restantes
• A seleção natural, feita pela Natureza, privilegia os indivíduos mais bem dotados e elimina os menos aptos
relativamente a determinadas condições do ambiente – sobrevivência do mais apto
Principal crítica não consegue explicar as causas das variações existentes nas populações. (não se sabia da
existência dos genes)
Lamarckismo e Darwinismo
O Lamarckismo e o Darwinismo explicam a diversidade de espécies existente através de processos evolutivos. Contudo, embora ambos
valorizem o papel do meio e da adaptação, os mecanismos de explicação que apresentam são diferentes
Argumentos a favor do evolucionismo

• Apesar de haver lacunas nas explicações lamarckistas e darwinistas, a perspetiva evolucionista foi tendo cada
vez maior aceitação.

• Para apoiar o evolucionismo foram utilizados diversos argumentos, sendo os mais importantes os
argumentos de anatomia comparada, os argumentos da paleontologia e os argumentos da citologia

Argumentos de anatomia comparada

• A anatomia comparada baseia-se no estudo comparativo das formas e das estruturas dos organismos, ou
seja, no estabelecimento de semelhanças e diferenças entre os caracteres morfológicos
Tem como objetivo estabelecer possíveis relações de parentesco entre seres vivos de diferentes grupos
taxonómicos
A existência de relações filogenéticas entre diferentes espécies é apoiada pela presença de estruturas
homólogas, análogas e vestigiais

Estruturas homólogas
• São órgãos com um plano estrutural semelhante e com origem embrionária semelhante
• Por evolução divergente podem desempenhar diferentes funções

São o resultado da atuação da seleção natural sobre os


mesmos indivíduos em diferentes meios; os indivíduos que possuem estruturas que lhes conferem vantagem num
determinado habitat são selecionados em detrimento de outros

• Exemplos: os bicos dos tentilhões das Galápagos ou os órgãos anteriores dos Vertebrados

• Permitem construir séries filogenéticas


• São séries que traduzem a evolução de estruturas homólogas em diferentes organismos, estas podem ser
progressivas ou regressivas

Séries filogenéticas progressivas:

• A evolução verifica-se a partir de um órgão simples que se vai tornando gradualmente mais complexo
• Por exemplo, o estudo do coração dos vertebrados é um exemplo de evolução progressiva
Séries filogenéticas regressivas:

• Um órgão que era mais complexo vai evoluindo no sentido de se tornar mais simples, regredindo.
• Por exemplo, a redução dos membros dos répteis.
• No caso particular dos mamíferos ocorreu um tipo particular de evolução divergente, designada radiação
adaptativa.

Estruturas análogas

• São órgãos com estrutura e origem embrionária diferentes


• Por evolução convergente, estes órgãos desempenham a mesma função, resultado de adaptação ao mesmo
ambiente

• Resultam da atuação da seleção


natural sobre indivíduos com origens distintas que conquistaram meios semelhantes; os que possuem estruturas que
desempenham funções semelhantes são selecionados em detrimento de outros;
• Exemplos: a cauda da baleia e a barbatana caudal dos peixes ou as asas de insectos e as das aves

Estruturas vestigiais

• São estruturas atrofiadas que não possuem significado fisiológico em determinados grupos de seres vivos mas
que, noutros grupos são desenvolvidas e funcionais;
• Uma vez que eram órgãos desenvolvidos e funcionais em espécies ancestrais, constituem importantes
evidências anatómicas a favor do evolucionismo;
• A seleção natural pode exercer pressões seletivas que favoreçam indivíduos com determinado órgão
desenvolvido mas, noutro meio, esse órgão pode ser desnecessário;
• São evidentes em séries filogenéticas regressivas
• Existem vários exemplos: é o caso da membrana nictitante, dos músculos das orelhas, das vértebras do cóccix
Argumentos paleontológicos

• O estudo do registo fóssil fornece dados que apoiam o evolucionismo;

• Os fósseis de animais já extintos puseram em causa a ideia de imutabilidade defendida nas teorias fixistas,
permitindo concluir que na Terra já existiram seres vivos muito diferentes daqueles que conhecemos atualmente

• Quando o registo fóssil é mais completo, permite definir percursos evolutivos de determinados grupos, partindo de
um ancestral até às formas atuais – as séries ortogenéticas – através do levantamento das modificações que se foram
registando ao longo do tempo. Uma série que se encontra definida é a da evolução dos cavalos

• Existem fósseis que permitem documentar relações de parentesco (filogenéticas) entre espécies atualmente muito
afastadas e que não foram independentes quanto à sua origem – estes fósseis designam-se de formas sintéticas ou
fósseis de transição:

Argumentos citológicos

Referem-se ao estudo das células, objeto de estudo da Citologia.

Baseiam-se na Teoria Celular, que enuncia que:

• Todos os seres vivos, apesar da grande diversidade que apresentam, são constituídos por células

• A célula é a unidade básica estrutural e funcional comum a todos os seres vivos

Apoiam fortemente o evolucionismo porque:

• Se há uniformidade na constituição dos seres vivos, então, a sua origem deve ter sido comum

• Os processos e mecanismos celulares são também semelhantes, constituindo um forte argumento a favor da
origem comum. Por exemplo, a mitose e a meiose são idênticas nas células animais e vegetais.

Para reconstituir o processo evolutivo é necessário recorrer a vários tipos de argumentos que são analisados em
conjunto. Para além da Anatomia comparada, da Paleontologia e da Citologia, os cientistas recorrem à Embriologia,
à Bioquímica e à Biogeografia para recolherem o maior número possível de dados das diferentes áreas do
conhecimento e, assim, tentarem esclarecer melhor o processo evolutivo
Neodarwinismo – Teoria Sintética da Evolução

Tal como foi enunciada por Surgiram, então, duas novas


Darwin, a teoria da evolução ideias fundamentais:
apresentava alguns pontos que
• Mutações – são uma evidência
não foram totalmente
que permite explicar as variações
esclarecidos, como:
dos seres vivos
• os mecanismos responsáveis
• a Teoria da Hereditariedade de
pelas variações existentes
Mendel – que explica a
nos indivíduos de uma
transmissão das características de
espécie
geração em geração
• a forma como as variações
são transmitidas de geração
em geração
Seleção Natural
Variabilidade genética
O desenvolvimento da tecnologia Gradualismo
mecanismo
e da ciência, principalmente no nas populações
principal da que permite explicar
âmbito da Genética, forneceu os consideradas como
evolução que as grandes
conhecimentos necessários para unidades evolutivas
alterações resultam da
colmatar estas lacunas.
acumulação de
pequenas modificações,
que vão ocorrendo ao
longo do tempo.

O que nos diz a teoria:

• As populações (são conjuntos de indivíduos da mesma espécie que, num dado momento, ocupam uma
determinada área) são as unidades evolutivas, pois apresentam a variabilidade sobre a qual a seleção natural vai
atuar

• Cada conjunto génico confere potencialidades adaptativas aos indivíduos, num determinado meio e num
determinado tempo.

• Quanto maior for a diversidade maior é a probabilidade de uma população se adaptar às mudanças que
ocorram no ambiente.

Evolução: mudança no fundo genético das populações, como resultado da seleção natural
• São alterações bruscas do património genético de um
indivíduo;
• Podem ocorrer ao nível dos genes – mutações genéticas – ou
envolver porções significativas de cromossomas – mutações
cromossómicas;
• São a fonte primária da variabilidade porque introduzem
Mutações novos genes nas populações;
• Podem ser letais para os seus portadores e levarem ao seu
desaparecimento, ou podem ser favoráveis, conferindo
vantagens aos indivíduos que as possuem.

• Neste caso, os indivíduos sobrevivem e reproduzem-se


mais e transmitem esta mutação aos seus descendentes,
modificando os genes da população.

• É a fonte mais próxima da variabilidade genética;


• Ocorre através da reprodução sexuada e da meiose, no
crossing-over e na separação independente dos cromossomas
Recombinação genética homólogos • Introduz
variabilidade genética porque favorece o aparecimento de
uma multiplicidade de diferentes combinações de genes.

As populações como unidades evolutivas

As populações são formadas por indivíduos que podem ser, mais ou menos, semelhantes entre si (variabilidade
genética).

• Quanto maior for a diversidade de indivíduos de uma determinada população, maior será a
probabilidade de essa população sobreviver se ocorrerem alterações ambientais. Isto porque maior será
a probabilidade de existirem indivíduos com características que os tornem mais aptos para esse novo
ambiente. Em oposição, as populações com uma baixa diversidade, embora possam estar muito bem
adaptadas a um determinado ambiente, podem ser rapidamente eliminadas se ocorrerem modificações
ambientais.

• As populações estão sujeitas a alterações genéticas, funcionando como unidades evolutivas. Ao nível
populacional a evolução pode ser definida como uma variação na frequência génica de geração em
geração. Pelo facto de esta variação da frequência dos genes ocorrer numa pequena escala, isto é,
apenas na considerada, estas alterações são designadas microevolução.

• Do ponto de vista ecológico, as populações são conjuntos de indivíduos de uma espécie que vivem
numa determinada área, num dado intervalo de tempo. Do ponto de vista genético, considera-se uma
população um conjunto de indivíduos que se reproduz sexuadamente e partilha um determinado
conjunto de genes.

Quando estas condições se verificam, a população é designada população


mendeliana.

O conjunto de genes de uma população mendeliana constitui o fundo


genético (ou gene pool).

Fundo genético de uma população:


• é o conjunto de todos os genes presentes nos indivíduos da população, num dado momento

• pode ter genes mais frequentes do que outros;

• num ambiente em mudança, pode alterar-se porque o conjunto de genes mais favorável pode deixar de
o ser:

• alguns genes tornam-se mais frequentes, outros vão sendo progressivamente eliminados;

• as populações vão ficando cada vez mais adaptadas ao meio;

• os indivíduos com o conjunto génico que os torna mais aptos reproduzem-se mais e estes genes
tornam-se mais frequentes na população

• o fundo genético da população alterou-se, determinadas características foram eliminadas da


população, ocorreu evolução

Diversos fatores podem atuar sobre o fundo genético de uma população, modificando-o. Contudo, geralmente,
considera-se que apenas as mutações, as migrações, a deriva genética, os cruzamentos ao acaso e a seleção
natural são capazes de produzir alterações significativas do fundo genético, de forma a promover fenómenos
evolutivos.

Mutações A ocorrência de mutações nos seres pode alterar o genoma do organismo e


introduzir novas combinações de genes no fundo genético das populações. Ou
seja, as mutações permitem o aparecimento de novos genes nas populações.
Migrações As migrações correspondem a deslocações de indivíduos de uma população
para outra. Estes movimentos podem ser de entrada de indivíduos (migração)
ou de saída de indivíduos da população (emigração).
Os movimentos migratórios conduzem a alterações do fundo genético porque
são responsáveis por um fluxo de genes entre populações.
Deriva genética Ocorre em populações reduzidas e corresponde à variação do fundo genético,
devido exclusivamente, ao acaso. Existem duas situações em que ocorre uma
diminuição drástica do tamanho de uma população: o efeito fundador e o efeito
de gargalo.
O efeito fundador ocorre quando um reduzido número de indivíduos se
desloca para uma nova área transportando uma parte restrita do fundo
genético.
O efeito gargalo quando uma determinada população sofre uma diminuição
brusca devido a alterações climatéricas, epidemias, incêndios, inundações,
terramotos, etc. Assim apenas os genes dos sobreviventes se mantêm, sendo os
outros eliminados por deriva genética, e não por seleção natural.

Cruzamentos ao acaso Quando os cruzamentos ocorrem ao acaso, diz- se que existe panmixia, o que
permite a manutenção do fundo genético. Se se privilegiar determinado tipo de
características para o cruzamento, ou seja, na escolha do parceiro sexual houver
tendência para privilegiar determinadas características, a frequência do conjunto
de genes que os indivíduos escolhidos possuem tenderá a aumentar.

Seleção Natural A seleção natural atua sobre fenótipos, isto é, são selecionados os
indivíduos que possuem fenótipos que os tornam mais aptos para o
ambiente em que vivem, permitindo-lhes deixar mais descendentes do que
os indivíduos com outros fenótipos. Considera-se fenótipo (“tipo de
aspeto") como o conjunto de características anatómicas, fisiológicas e
bioquímicas observáveis nos indivíduos que resultam da expressão de
determinados genes (genótipo). Desta forma, a seleção natural pode
promover a manutenção de um determinado fundo genético ou conduzir à
sua alteração.

Seleção artificial Tal como Darwin observou, o Homem pode ser responsável pela
modificação de determinadas espécies. Ao escolher as plantas e os animais
que reúnem as “melhores" características, promovendo a sua reprodução, o
Homem realiza um processo de seleção artificial. Ao encorajar a
reprodução de uns e impedir a reprodução de outros de forma sistemática,
o Homem realiza um processo de seleção idêntico ao realizado pela
Natureza, mas mais rápido. Nem sempre as variedades que têm interesse
para o Homem são favorecidas pela seleção natural. A intervenção do
Homem pode, assim, alterar o sentido da evolução natural de algumas
variedades. As espécies de plantas cultivadas pelo Homem e os animais
domesticados foram alvo de uma reprodução diferencial imposta
artificialmente. Desta forma, foi possível preservar e desenvolver indivíduos
que reúnem as características desejadas.

Você também pode gostar