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8/23/2021

Por uma Teoria do Design:


questões acadêmicas

Luis Carlos Paschoarelli


Professor Titular

LABORATÓRIO DE ERGONOMIA E INTERFACES


PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – CAMPUS BAURU

Nas últimas décadas vimos surgir um crescente interesse sobre...

Teoria do Design

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No Brasil, uma das razões é o crescimento da

Pós-graduação
em Design

Apesar disto, ainda não surgiu um corpo unificado ou um pré-


consenso, apesar de extensos estudos realizados ao longo de
várias décadas, em várias centenas de domínios da prática do
Design e de uma ampla variedade de perspectivas.

De maneira geral, definir os conhecimentos sobre a Teoria do


Design parece não ter fim, visto que observamos um número
crescente de atividades que envolvem o Design, e ainda não
estão incluídas na Pesquisa em Design.

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A dificuldade em desenvolver uma Teoria do Design tem várias consequências adversas:

• Conflitos teóricos entre pesquisadores, especialmente aqueles que trabalham


em diferentes domínios - históricos, filosóficos e aplicados;

• Dificuldades em validar teorias de forma transparente em seus contextos


ontológicos, epistemológicos e teóricos;

• A falta de clareza sobre o escopo, limite e foco dos campos de pesquisa e


formulação de teorias sobre design;

• Obstáculos significativos para pesquisadores em início de carreira e pós-


graduação, no estabelecimento de análises satisfatórias da literatura, na
identificação de bases epistemológicas sólidas para suas pesquisas e na
construção de uma teoria que seja utilizável em uma ampla variedade de
disciplinas associadas ao design.

Vários aspectos contribuiram para ainda não existir consenso sobre uma Teoria do Design:

§ Associação a domínios únicos da prática profissional;

§ Negligência das questões epistemológicas e ontológicas na


formulação de teorias;

§ Falta de consenso sobre as definições de conceitos básicos e


terminológicos;

§ Falta de integração entre teorias específicas sobre Design e


teorias de outros campos de conhecimento.

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Em termos gerais:

ainda faltam
fundamentos!

Todos os aspectos anteriormente citados apontam


para a necessidade do desenvolvimento de uma base
teórica, epistemológica e terminológica
interdisciplinar, coerente e sólida, para a pesquisa e,
consequentemente, elaboração de Teorias do Design.

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Neste sentido, ainda há uma questão a ser esclarecida:

Que características possuiria um corpo teórico


interdisciplinar coerente relacionado ao

Design?

As respostas são alcançadas explorando esta questão de três diferentes maneiras:

• Mapear as “Teorias de Design”, contrastando-as com as


teorias de outras disciplinas;

• Mapear as questões-chave que um corpo coerente de


teoria interdisciplinar deve (ou, deveria) abordar;

• Esclarecer e definir conceitos básicos.

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Alguns fundamentos teóricos e terminológicos sobre Design apresenta


obstáculos para abordar o problema simplesmente pelo fato de:

§ termos-chave como 'design' e/ou 'processo de design'


têm significados diferentes, em domínios diferentes;
§ são usados de maneiras diferentes por pesquisadores do
mesmo domínio; e
§ são encontrados na literatura específica, em diferentes
níveis de abstração.

Uma alternativa para contornar esse


problema linguístico é sair das
terminologias específicas dos diferentes
domínios da Pesquisa em Design; e utilizar
uma linguagem mais cotidiana.

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Outros significados de "design" devem ser


evitados, especialmente o uso difundido e
epistemologicamente problemático de
"design" como uma entidade, como por
exemplo, o "design" que altera a
percepção individual.

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A visão preliminar sobre Teoria do Design, aqui apresentada, considera uma


análise crítica, aplicada de forma pragmática.

De fato, está parece ser a maneira mais lógica para


se contornar a falta de coerência teórica entre os
diferentes subdomínios da Pesquisa em Design.

Os benefícios de resolver este problema estão no mundo objetivo (real) habitado por:

• Usuários - aqueles que usam artefatos (resultantes do Processo de Design);

• Designers - aqueles que irão projetar;


• Pesquisadores - aqueles que estudam (e ensinam) Design.

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Portanto, usar um método metateórico - para analisar teorias sobre design


- ajuda a identificar ambigüidades e inconsistências; e mapear teorias e
conceitos, em termos de suas relações hierárquicas, como abstrações co-
dependentes.

Além disto, enfoca as características estruturais das diferentes teorias, de


maneira a apoiar a análise crítica, em situações onde teorias, conceitos e
argumentos não foram bem definidos ou bem justificado.

No entanto, deve-se tomar cuidado, pois esta hierarquia metateórica não é


adequada para desenvolver teorias, mas sim para estudá-las.

Identificar os fatores críticos para a criação de um corpo teórico novo e


unificado é delegado a outros métodos, os quais, levam em consideração
como os usuários, os artefatos e os contextos de uso estão envolvidos.

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Teorias sobre o Design foram desenvolvidas por pesquisadores


usando uma ampla variedade de perspectivas, de um grande
número de culturas disciplinares e subdisciplinares.

Isso resultou em uma grande gama de elementos teóricos e


analíticos, conceituais e terminológicos que, em muitos casos,
são contraditórios, ambíguos ou de escopo limitado - embora,
freqüentemente, seus autores afirmem ser universais.

Construir um corpo unificado de conhecimentos e teorias em todas as


áreas que envolvem Design requer uma compreensão das relações entre
seus elementos.

Compreender estas relações requer clareza sobre os limites entre as


disciplinas, sub-disciplinas, termos e conceitos individuais e os contextos
que moldam a formulação de teorias sobre design.

Mapear essas estruturas contextuais, considerações teóricas e limitações


terminológicas ajuda a identificar as mudanças necessárias para integrar
teorias e conceitos individuais em um todo mais coerente.

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Deve-se tomar cuidado com as Teorias Individuais, pois as


mesmas são necessariamente conjecturais, descritivas e parciais.

Uma Teoria que tenta descrever toda a realidade, tem uma


probabilidade de ser 100% falsa.

Um corpo coerente de teorias exige que:

§ Seja composto por teorias individuais claramente delimitadas,


cujos pressupostos e fundamentos teóricos estão bem
definidos;

§ Aborda todas as questões significativas que estão dentro de


seu escopo; e

§ Tem limites claros para que seja possível ver o que está
incluso e excluso.

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As teorias de design dependem das escolhas dos pesquisadores


sobre as posições ontológicas e epistemológicas que usam.

A transparência sobre as perspectivas teóricas que sustentam as


teorias individuais sobre design é um aspecto importante do
desenvolvimento de um corpo teórico coerente porque permite
aos pesquisadores compreender, validar e utilizar plenamente
outras teorias.

As perspectivas teóricas dos pesquisadores são frequentemente


descritas em termos de abordagens de pesquisa genéricas, tais
como fenomenológica, construtivista, construcionista,
comportamentalista, científica ou positivista.
As distinções, no entanto, entre as muitas combinações possíveis
de escolhas ontológicas e epistemológicas podem ser sutis, mas
importantes para a diferenciação entre as teorias. Portanto, a
hierarquia metateórica é útil para a transparência dos
fundamentos ontológicos e epistemológicos.

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Os objetivos da formulação de teorias, na Pesquisa em Design,


são extraordinariamente numerosos e complexos.

Isso se deve, em parte, à onipresença do design nas atividades /


empreendimentos humanos.

Responda: Qual atividade cotidiana humana se realiza SEM o uso


de um artefato?

A maioria das tentativas de classificar as Teorias do Design, para tornar mais


coerente os resultados da Pesquisa em Design, foi baseada em:

1 - Ou DESIGN é TUDO!

2 - Ou DESIGN é “X”!

Na alternativa “2”, o “X” depende do domínio particular


ao qual a definição será aplicada. Entretanto, nenhuma destas alternativas
(“1” ou “2”) é apropriada para construir teorias interdisciplinares unificadas.

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Afastar-se de disciplinas de prática individuais, possibilita que


que os elementos-chave do DESIGN

HUMANO ARTEFATO CONTEXTO

sejam analisados de forma mais clara, de maneiras que são


independentes das demandas, das culturas e das práticas
baseadas no domínio dos profissionais de design.
Neste sentido, a relação entre esses três elementos-chave
formam nove áreas de pesquisa e de elaboração de teorias:

CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

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CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

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CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

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CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

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CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

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CONTEXTO

HUMANO ARTEFATO

As nove áreas anteriormente apresentadas fornecem uma


estrutura para identificar as relações entre
Teorias do Design e teorias de outras disciplinas.

Também oferecem a base para a identificação de uma


fronteira entre um corpo coerente de conhecimento
específico para a concepção e projetos; e outras
disciplinas e corpos de conhecimento.

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ÁREA DA TEÓRIA DO DESIGN DISCIPLINAS QUE ABORDAM ESTA ÁREA DA TEORIA DO DESIGN

COMPORTAMENTO DOS SERES BIOLOGIA, PSICOLOGIA, ANTROPOLOGIA, HISTÓRIA, ....


HUMANOS
ENGENHARIA, CIÊNCIAS NATURAIS, HISTÓRIA, ....
COMPORTAMENTO DOS ARTEFATOS

COMPORTAMENTO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS, GEOGRAFIA, HISTÓRIA, FÍSICA, PSICOLOGIA SOCIAL,


CONTEXTOS GESTÃO, NEGÓCIOS, SISTEMAS INFORMACIONAIS, ....

PSICOLOGIA, SOCIOLOGIA, ANTROPOLOG, HISTÓRIA, GESTÃO, SISTEMAS


INTERAÇÃO ENTRE HUMANOS INFORMACIONAIS, ....

ENGENHARIA, CIÊNCIAS NATURAIS, ....


INTERAÇÃO ENTRE ARTEFATOS

ESTÉTICA, ERGONOMIA, FILOSOFIA, PSICOLOGIA, PSICOLOGIA SOCIAL, ....


INTERAÇÃO HUMANO E OBJETOS

INTERAÇÃO ENTRE HUMANO E ESTÉTICA, ERGONOMIA, FILOSOFIA, PSICOLOGIA, HISTÓRIA, GEOGRAFIA, , ....
CONTEXTO

INTERAÇÃO ENTRE OBJETOS E ENGENHARIA, CIÊNCIAS NATURAIS, ....


CONTEXTO

INTERAÇÃO ENTRE HUMANOS, ESTÉTICA, ERGONOMIA, FILOSOFIA, PSICOLOGIA, PSICOLOGIA SOCIAL,


OBJETOS E CONTEXTO JUNTOS ANTROPOLOGIA, GESTÃO, ....

Entretanto, deve-se tomar muito cuidado na identificação das


interações.

Por exemplo, algumas propriedades visuais de um artefato são


estudadas pela Estética, e isso parece demonstrar que Estética deveria
se alinhar com "Interação entre Artefatos”.

Por outro lato, as propriedades visuais que se relacionam com


“Estética” parece ser mais apropriadamente associadas com as
“interações Humanas” e “Interação Humano e Artefato”.

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De qualquer maneira, observa-se que muitas “Teorias” e


“Projetos de Pesquisa” descritos na literatura em design são mais
naturalmente classificados em outras disciplinas que o próprio Design.

E este é um ponto chave para o desenvolvimento de um corpo coerente e


unificado de conhecimento sobre Design.

Uma revisão crítica que esclareça os fundamentos filosóficos deve distinguir


entre as contribuições para as “Teorias do Design”, e as maneiras como
pesquisadores contribuem e se valem dos corpos de conhecimento de
outras disciplinas.

Existem áreas centrais de pesquisa e elaboração da 'Teoria do


Design' que sombreiam, mas estão substancialmente fora dos
limites de outros corpos de conhecimento. Por exemplo:

Os Fundamentos para explicar os processos cognitivos-afetivos,


específicos para Design, não são facilmente aceitas por Modelos
de Ciência Cognitiva Positivista, próprios da Psicologia, uma vez
que tais modelos excluem “sentimentos” e “emoções” como
parte do raciocínio humano.

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Da mesma forma, alguns tópidos centrais da 'Teoria do Design'.

Por exemplo:
• o 'Processo de Comunicação e/ou Criatividade de expressão da
forma entre Designers '; e
• 'sentimentos associados às interações humanas com artefatos'.

Ambos são periféricos para outras disciplinas.

As metáforas encontradas na 'Pesquisa em Design”, como p.e.:


'projetar como um gênio criativo', 'projetar para solução de problemas',
'projetar como busca em um espaço de soluções' e 'projetar como
síntese', resultaram em resultados mistos .

Do ponto de vista positivo, o uso de representações teóricas de


situações físicas ou abstratas enquanto metáforas, analogias
preditivas ou abstrações ajudou a tornar os conceitos teóricos
individuais mais gerenciáveis; melhorou a comunicação entre
pesquisadores e profissionais; e ajudou a reduzir o esforço mental.

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Do ponto de vista negativo, as diferentes visões de mundo que


diferentes domínios de produtos desenvolveram para alcançar
resultados com eficiência, também resultaram em metáforas
conflitantes para descrever processos e conceitos teóricos associados,
e que estão vinculados a domínios de prática.

Esse uso baseado metáforas associadas à prática profissional é


problemático porque os pesquisadores o adotaram e criaram teorias
baseadas em metáforas de práticas específicas de domínio, em vez de
fundamentos interdisciplinares e epistemologicamente sólidos.

Ao invés de perguntar (radical e criticamente):

• "Quais são as definições adequadas de conceitos sobre os


quais construir teorias sobre design e designs?"; ou

• "O que deve ser incluído em uma teoria específica sobre


design ou designs?".

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O foco principal, a partir da segunda metado do século XX foi:

• ”Como podemos melhorar o design do artefato 'X'?”.

A consequência é que a literatura sobre “Pesquisa em Design” contém


um número substancial de teorias que são mais propriamente teorias
de Engenharia; ou Marketing; ou Ciências Sociais; ou Ciências
Naturais.

Fatores paradigmáticos relacionados à influência cultural também


limitaram o desenvolvimento de “Teorias do Design” coerentes; e
encorajaram a proliferação de teorias baseadas na prática, como p.e.:

• Áreas de estudo nas quais os pesquisadores estão vinculados;

• A História da pesquisa em design associada à prática profissional;

• Os contextos sócio-culturais ou geográficos em que o Design está


sendo estudado.

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A importância desses fatores, na formação de “Teorias do Design”,


parece ser é evidente nas comparações de teorias geradas sob
diferentes paradigmas, em domínios semelhantes.

Mesmo próximos, como “Engenharia Mecânica” e “Projeto de


Produto”, há muitas diferenças enquanto teorias que se relacionam a
diferentes perspectivas teóricas, diferentes resultados projetuais e
diferentes processos de projeto.

Isso pode ser visto, p.e., nas diferenças entre as teorias que projetam
os mecanismos internos de um veículo (um projeto de engenharia) e
que projetam as interfaces do veículo (um projeto de produto).

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Diferenças também são encontradas entre regiões e culturas: há


evidentes diferenças entre as publicações (digamos), do Design
Methods Group (USA), e do Design Research Society (UK).

Questões-chave na construção de um corpo unificado de conhecimento sobre design

TEORIA • O que é uma "teoria" e quais são suas propriedades?

• Como um corpo de conhecimento faz julgamentos sobre a confiabilidade das


teorias?

• Como testar as teorias? É possível testar teorias em todo o campo?

• Como esse campo resolve os problemas de subdeterminação na formulação de


teorias?

• Como são tratados os problemas de indução relacionados às teorias sobre a


cognição humana, ação e propriedades percebidas de artefatos?

• Como o campo aborda usos problemáticos de teoria, conceitos, modelos e


linguagem?

• Como são tomadas as decisões sobre os limites das disciplinas e teorias?

• Quais são os limites do corpo de conhecimento? O que está dentro e o que está
fora?

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Questões-chave na construção de um corpo unificado de conhecimento sobre design

REALIDADE • Que suposições são feitas e apresentadas sobre a realidade e de que forma elas
são construídas?

PODER • Quando e onde ocorre o design, com que base e para que fins?

• Quem define os limites do conceito de "design"?

• Como as teorias incluem o controle da intencionalidade?

VALORES, ÉTICA, • Como os valores humanos são incluídos nas teorias sobre design, o uso de
designs e os processos internos dos designers?
ESTÉTICA
• Como o campo aborda as questões associadas ao uso problemático da dicotomia
valor-fato?

• Como a ética é incluída em diferentes categorias de teoria e em diferentes níveis


de abstração?

• Como as relações entre valores humanos, ética e estética são representadas em


termos teóricos?

Questões-chave na construção de um corpo unificado de conhecimento sobre design

COGNIÇÃO • Como são tratados os aspectos afetivos da cognição humana?

• Como os sentimentos e experiências são incluídos?

• Como os valores humanos, a ética e a estética são incluídos nas teorias da


cognição humana relacionadas ao design?

• Como as teorias representam a comunicação de formas, visões de mundo ou


soluções emergentes situadas em "mundos" mentais moldados individualmente
entre os membros de equipes?

• Como várias teorias de inteligência são incorporadas?

• É apropriado considerar uma atividade como projeto após ter sido automatizada?

• Como os novos insights e descobertas da neurociência; os processos de


cognição humana e o uso de artefatos são incluídos nas Teorias de Design?

• Como o corpo de conhecimento sobre atividades humanas subjetivas, como a


intuição, que parecem estar "além da análise"?

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Questões-chave na construção de um corpo unificado de conhecimento sobre design

PARADIGMAS • Como as “Teorias do Design” levam em consideração os insights sobre o


desenvolvimento de teorias científicas e a implicação de que as teorias são
construídas a partir de visões de mundo relativamente rígidas que são
específicas para especialidades?

• Existe um corpo de literatura de apoio que orienta os pesquisadores na escolha


entre diferentes paradigmas de pesquisa tradicionais ou alternativos, por
exemplo, ciências naturais, positivismo, pós-positivismo, hermenêutica,
fenomenologia, neurociência e evolução darwiniana?

TREINAMENTO E • Em que base teórica se baseiam as pedagogias e os currículos de formação de


designers?
EDUCAÇÃO
• As 'competências em design' são definidas em todos os campos de prática de
design e áreas de conhecimento de domínio associadas? Se sim, como?

Questões-chave na construção de um corpo unificado de conhecimento sobre design

METODOLOGIA • Onde são traçados os limites teóricos entre "projetar" e outras atividades
associadas?

• Quais são os fundamentos teóricos que sustentam como as habilidades de


design são avaliadas? E em outras disciplinas?

• Como o status do design, na formulação da solução, é caracterizado nas teorias?

• Como o campo aborda os problemas associados às limitações de custo-benefício,


multicritérios; e às técnicas de avaliação de projeto de parâmetros ponderados
quantitativos semelhantes?

• Quais são os limites das várias metodologias de análise de sistemas aplicadas ao


Design?

• Como as “Teorias do Design” incluem "sistemas de autogestão"?

• Como as “Teorias do Design” incluem fatores que moldam a cognição dos


designers e têm atributos qualitativos e quantitativos?

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A definição dos conceitos centrais é o terceiro ponto-chave no


desenvolvimento do corpo unificado da teoria.

Criar bases aprimoradas para um corpo unificado de


conhecimento requer que os detalhes epistemológicos de
conceitos e teorias sejam definidos, de forma a distingui-los de
diferentes teorias com nomes semelhantes, construídos para
outros fins e em outras bases.

Atualmente, é difícil - ou quase impossível - construir um corpo


teórico interdisciplinar coerente, simplesmente porque os termos-
chave e os conceitos centrais recebem definições
que são: ou muito amplas; ou muito específicas; podem até
mesmo ser impróprias; ambiguas; múltiplas; inconsistentes; e/ou
semelhantes em outras diferentes áreas de estudo ou práticas
profissionais.

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Isso vai de encontro a alguns conceitos da literatura, em que termos-


chave, como "design" foram, e estão sendo, ampliados para permitir
que sejam aplicados livremente a uma ampla gama de ideias.

Este afrouxamento é que, simplesmente, torna impossível usar,


exclusivamente, conceitos como base para um discurso analítico.
Isto enfoca a resolução de algumas dessas questões, identificando as
características de boas definições e propondo definições para
conceitos centrais a serem aplicados de forma consistente e coerente
em todas as áreas aplicadas que envolvem o Design.

A definição eficaz de um “conceito” têm várias importantes características:


• Sua construção teórica é epistemologicamente bem delimitada;

• Apresenta o mesmo papel e propósito em todas as áreas pretendidas de pesquisa e


elaboração de teorias;

• É própria e distinta (não sobrepõem outros conceitos fundamentais);

• Fornece condições necessárias e suficientes para que a definição seja aplicada;

• Não é construída exclusivamente de outros conceitos, em um nível semelhante de


abstração;

• Ajustar-se a outros conceitos básicos para formar um conjunto completo de blocos de


teorias, com as quais permite construir e desenvolver um corpo maior de conhecimento;

• Alinhe-se com conceitos desenvolvidos em outras disciplinas que fazem interface com o
Design, ou cujos corpos de conhecimento pesquisadores procuraram desenvolver
teorias sobre Design.

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Observa-se uma diluição contínua das definições de termos essenciais,


como p.e. 'design'; 'design de 'x''; 'design process', até o ponto em que
incluem tantas possibilidades, que não definem mais nada claramente.

Em 1992, Terence Love revisou cerca de 400 textos: a maioria continha


definições de 'design' que eram ao mesmo tempo únicas e insuficientemente
específicas (p.e.: 'design é um processo de engenharia', 'design é desenho').

Este problema não é trivial. É improvável que qualquer corpo teórico,


coerente e unificado, possa ser desenvolvido em uma situação onde os
conceitos centrais mais importantes são indeterminados.

As estratégias para resolver esta situação são diretas e envolvem, ao menos:

• Delimitar os conceitos de tal maneia que apresente uma das


características listadas anteriormente;

• Definir conceitos básicos, de maneiras que não sejam específicos para


domínios da prática OU da pesquisa;

• Priorizar significados para conceitos centrais, que apoiam uma formulação


teórica coerente, em vez de tentar identificar "significados verdadeiros"
(científicos? não) ou significados já utilizados anteriormente.

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Essas estratégias são um pré-requisito importante para a construção de um


corpo interdisciplinar unificado de teoria e conhecimento sobre 'Design'.

Empreender essas estratégias, para resolver os problemas de confusão,


fusão e confabulação da literatura teórica sobre 'Design” é, no entanto, um
passo radical e que foi evitado até agora por muitos pesquisadores.

Isso é, até certo ponto, compreensível porque significaria, necessariamente,


que as contribuições das “Teorias do Design”, para apoiar o
desenvolvimento de um novo corpo teórico unificado, provavelmente iriam
contra grande parte da literatura existente.

Em equipes de alunos, vocês irão se organizar e realizar uma revisão bibliométrica em três

(03) periódicos internacionais da área do Design.

- Design Studies. Butterworth / Heinemann. Online ISSN: 0142-694X

https://www.sciencedirect.com/journal/design-studies

- Design Journal. Taylor & Francis. Print ISSN: 1460-6925 - Online ISSN: 1756-3062

https://www.tandfonline.com/toc/rfdj20/current

- International Journal of Design. Print ISSN: 1991-3761 - Online ISSN: 1994-036X (online);

http://www.ijdesign.org/index.php/IJDesign

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... é isso!
Muito obrigado por sua participação!

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