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Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 340 - 342

O QUE HOUVE DETRÁS DOS MUROS DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DE


PALMELO-GO? HISTÓRIAS, DRAMAS E VIVÊNCIAS.

Jaqueline Rezende de SOUZA, Marcos Vinícius de OLIVEIRA, Luiz Henrique Batista


MONTEIRO, Roselma LUCCHESE, Ivânia VERA.
. jaquelinerezendesouza@gmail.com, m.vinicius2264@gmail.com,
luizhbmonteiro@gmail.com, roselmalucchese@hotmail.com, ivaniavera@gmail.com
¹Universidade Federal de Goiás/ Regional Catalão

Palavras-chave: Hospital Psiquiátrico, Saúde Mental, Enfermagem.

JUSTIFICATIVA

A estruturação das organizações sociais capitalistas foi responsável por


estabelecer o sujeito em sofrimento mental como um „problema social‟ (RESENDE,
2000). O final do século XVIII foi caracterizado pela efervescente prática de exclusão
do doente mental a partir da construção de abrigos para essas pessoas. Diversas regiões
brasileiras perpassaram por esse processo e, o município de Palmelo, no estado de Goiás,
se tornou referência em hospitalizar os „loucos‟ no interior goiano. Desta forma, o
objetivo deste estudo é historicizar a atenção em saúde mental do município de Palmelo,
Goiás, Brasil, por meio da fala de atores sociais que vivenciaram esse processo.

METODOLOGIA

Investigação descritiva exploratória de natureza qualitativa, desenvolvida na


cidade de Palmelo, interior do estado de Goiás. Foram entrevistadas pessoas que viveram
parte desta história, no papel de profissional (13 sujeitos), familiar (1) ou ex-interno
(2). A coleta de dados foi realizada durante o mês de julho de 2015, de acordo com a
técnica de “bola de neve”.
As entrevistas foram orientadas por um questionário semiestruturado com dados
sóciodemográficos e questões abertas para a coleta da vivência histórica dos sujeitos.
Previamente, todos os entrevistados foram orientados acerca dos objetivos, riscos e
benefícios do estudo por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE).
Os relatos foram gravados e transcritos na íntegra e passou-se ao processo de

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análise de conteúdo. Após a leitura flutuante, os discursos constituíram o corpus da
pesquisa com o auxílio de Software de Apoio a Análise Pesquisa Qualitativa Suportada
por Tecnologias 2.0.0 (WebQDA)”. Por motivos éticos, utilizaram-se denominação de
Entrevistado em ordem numerária (E1, E2, E3....) para publicação das falas.
Este estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Goiás, sob o parecer 523.834/2014 e respeitou os princípios éticos da
Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 (BRASIL,2012), da mesma forma obteve
a anuência da Secretaria Municipal de Saúde de Catalão e Palmelo, bem como os
serviços que prestam atenção a saúde mental nestes municípios.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As falas dos atores sociais foram subdivididas em duas categorias: „A criação


do sanatório‟ e „Características da assistência psiquiátrica‟,

Categoria: ‘A criação do sanatório’

A origem do município está intimamente ligada à construção da casa espírita,


criada por Jerônimo Cândido Gomide, o qual era seguidor e aprendiz de Eurípedes
Barsanulfo, uma figura importantíssima no meio espiritual, respeitado como um dos
melhores médiuns brasileiros (ULHOA, 2011). Dentre os atendimentos espirituais
ofertados nesta cidade, houve o acolhimento de pessoas em sofrimento mental, com
foco no tratamento espiritual.
A criação do sanatório representou crescimento demográfico, econômico e
emancipação, dada a grandiosidade do serviço para a população local, contudo, ocorreu
em um período histórico em que internacionalmente se discute a desconstrução do
modelo asilar e excludente de se tratar pessoas com transtorno mental
(VASCONCELOS, 1992).

Categoria: ‘Características da assistência psiquiátrica’

Devido à ineficácia do tratamento farmacológico, durante os anos 60, a


assistência psiquiátrica caracterizava-se pelo uso de medicações de forma demasiada e a
associação com outros tratamentos como a contenção física no leito e a atribuição de
tarefas laborais, relacionadas ao cotidiano do sanatório. (GUIMARÃES et al., 2013;

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BORENSTEIN et al., 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi alcançado, a medida que, as falas dos atores
sociais demonstram que a criação do sanatório foi um processo histórico que compreendia
não apenas uma demanda de cuidado à saúde, mas também social e política, à medida
que a expansão do município ocorre juntamente ao crescimento da demanda do sanatório.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BORENSTEIN, M. S.; PADILHA, M. I. C. S.; RIBEIRO, A. A. A.; PEREIRA, V.


P.;RIBAS, D. L. et al.. Terapias utilizadas no Hospital Colônia Sant'Ana:. Berço da
psiquiatria catarinense (1941-1960) Rev. bras. enferm. , Brasília, v. 60, n. 6, p. 665-
669, dezembro de 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução Nº 466, de 12 de
dezembro de 2012 [Internet]. Brasília, DF: Diário Oficial da União; 2012.
Disponível em:<
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html
>. Acesso em: 18 de jun de 2016.
GUIMARAES, A. N.; BORBA, L.O.; LAROCCA, L. M.; MAFTUM, M. A..
Tratamento em saúde mental no modelo manicomial (1960 a 2000): histórias narradas
por profissionais de enfermagem. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 22, n. 2,
p. 361-369, Junho 2013.
RESENDE, H. Politica de saúde mental no Brasil: uma visão histórica.In: Tundis,
A. S.; COSTA, R.. Cidadania e loucura: políticas de saúde mental no Brasil. 6ªed.
Petrópolis: Vozes, 2000.
ULHOA, C. A.. Retratos do espiritismo no jornal católico “Brasil Central”: identidades
e representações. In: XII Simpósio da ABHR, 2011, Juiz de Fora (MG). Anais de
evento. Juiz de Fora, 2011. Disponível
em:<http://www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/anais/article/view/218>. Acesso em: 15
jun.2016.
VASCONCELOS, E. Do hospício à comunidade. Belo Horizonte: SEGRAC. 1992.

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