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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACID/WYDEN


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

KAIRO WESLEY DIAS DOS SANTOS

A INCIDENCIA DAS DESCARGAS ASMOSFÉRICAS SOBRE AS LINHAS DE


TRANSMISSÃO: A ANÁLISE DE FALTAS, SISTEMAS DE PROTEÇÃO E
CUSTOS.

TERESINA-PI
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2021
KAIRO WESLEY DIAS DOS SANTOS

A INCIDENCIA DAS DESCARGAS ASMOSFÉRICAS SOBRE AS LINHAS DE


TRANSMISSÃO: A ANÁLISE DE FALTAS, SISTEMAS DE PROTEÇÃO E
CUSTOS.

Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado à Banca Examinadora do
CERTO UNIVERSITÁRIO
UNIFACID/WYDEN para a obtenção do
grau de bacharel em Engenharia Elétrica,
sob a orientação do Prof. Dr. Ramysses
Rodrigues
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TERESINA – PI
2021
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao único que é digno de todo o poder, toda majestade: és o Senhor,


o meu Deus. Aos meus pais, Antônio Rodrigues e Francisca Maria, que me
incentivaram, brigaram e me apoiaram a seguir nos estudos. Ao meu irmão Kaique
Brener por muitas vezes não entender o que eu estava fazendo, porem eu o
incentivava a estudar e buscar em leitura o conhecimento que é necessário para
viver.
Aos meus familiares, por parte de pai e de mãe, por me incentivarem também
a continuar nesta graduação, de certa forma sabiam dos meus esforços diários para
a obtenção deste título. Aos meus amigos, das quais queria muito citar alguns
nomes, mas sei quem me apoiou e quem me ajudou de certa forma. E pôr fim aos
meus professores por dedicarem o trabalho deles ao ensinar a mim e a turma de
alunos que estavam presente comigo durante os períodos desta graduação. Alguns
que guardo o respeito e outros que ficaram na memória as aulas e as práticas de
laboratório.
Obrigado Dr. Ramysssés pela paciência, pelas exigências, sugestões,
paciência e respeito pela minha pessoa, reconheço que você é um grande
profissional na área da engenharia e contribui bastante para a mesma.
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RESUMO

As faltas de energia elétrica no território brasileiro tem sido alvo de muitas


preocupações das concessionárias de distribuição. Por existir diversos motivos para
que ocorra essas faltas e problemas de distribuição de energia elétrica, um cuidado
maior tem-se com as descargas atmosféricas que ocorrem no Brasil. A saber que o
território brasileiro é a área sul-americana de maior incidência de descargas
atmosféricas, devido ao seu clima tropical e o tamanho territorial, as incidências
destas descargas tem sido observadas pelos órgãos reguladores e grupos de
pesquisa. Contudo, o Sistema Elétrico de Potência do país é bastante complexo,
abrangendo a geração, distribuição e o consumo da energia gerada, logo, o dentro
desse sistema, está instalado o Sistema Interligado Nacional, onde este é uma
malha de linhas de transmissão que levam a energia por todo o pais, e todas estas
linhas está interconectadas entre si. Embora o sistema seja eficaz e de alta
confiabilidade, ocorrem as faltas de energia em diversas partes dessa malha de rede
elétrica, algumas causadas por vandalismo ou pela vegetação. Portanto, este
trabalho traz um estudo prévio sobre o sistema elétrico de potência, bem como o
sistema interligado nacional que há no país, considerando o entendimento sobre as
estruturas de uma linha de transmissão e seus componentes, além de uma análise
de estudo sobre as incidências das descargas atmosféricas nas linhas de
transmissão; abrangendo a formação das descargas, os tipos de descargas, os tipos
de faltas, a proteção utilizada nas estruturas das torres e os custos financeiros das
mesmas. Por fim, notou-se neste trabalho a relevância dos projetos bem
dimensionados para as linhas de transmissão, equipadas com os sistemas de
proteção corretos para que ofereçam segurança tanto para os operadores como
para o consumidor final da energia elétrica, evitando os custos financeiros, as faltas
e surtos causados pelas descargas atmosféricas.
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Palavras-chaves: Descargas Atmosféricas, Flashover, Backflashover, Ruptura a


meio de vão, Incidências.
ABSTRACT

Electricity shortages in the Brazilian territory have been the target of many
concerns for distribution concessionaires. As there are several reasons for these
shortages and problems in the distribution of electricity, greater care is taken with the
atmospheric discharges that occur in Brazil. Knowing that the Brazilian territory is the
South American area with the highest incidence of atmospheric discharges, due to its
tropical climate and territorial size, the incidences of these discharges have been
observed by regulatory agencies and research groups. However, the country's
Electric Power System is quite complex, covering the generation, distribution and
consumption of the energy generated, therefore, within this system, the National
Interconnected System is installed, where this is a network of transmission lines that
carry the energy throughout the country, and all these lines are interconnected with
each other. Although the system is efficient and highly reliable, power outages occur
in various parts of this grid network, some caused by vandalism or vegetation.
Therefore, this work brings a previous study on the electric power system, as well as
the national interconnected system that exists in the country, considering the
understanding of the structures of a transmission line and its components, as well as
a study analysis on the incidences lightning strikes in transmission lines; covering the
formation of discharges, the types of discharges, the types of faults, the protection
used in the structures of the towers and their financial costs.
Finally, it was noted in this work the relevance of well-dimensioned projects for
transmission lines, equipped with the correct protection systems to provide security
for both operators and the final consumer of electricity, avoiding financial costs, faults
and surges caused by lightning.
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Keywords: Atmospheric Discharges, Flashover, Backflashover, Mid-Span Rupture,


Incidents.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

ONS: Operador Nacional do Sistema Elétrico 

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ELAT: Grupo de Eletricidade Atmosférica

SPDA: Sistema‌‌de‌‌Proteção‌‌contra‌D
‌ escargas‌‌Atmosféricas‌

SEP: Sistema Elétrico de Potencia

NBR: Norma Técnica Brasileira

NR-10: NORMA REGULAMENTADORA 10

CC: Corrente Contínua

CA: Corrente Alternada

BT: Baixa Tensão

EVT: Extra Baixa Tensão

ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica

LT: Linha de Transmissão

DA’S: Descargas Atmosféricas

MVA: Megavoltampère

UHC DC: Ultra High Voltage Direct Current

UHC CC: Ultra High Voltage Continue Current

HVDC: High Voltage Direct Current


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EHV: Extra Alta Tensão

OPGW: Optical Ground Wires

SIN: Sistema Interligado Nacional

IEEE: O Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos

GFD: Ground Flash Density


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LISTAS DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1: Formação da nuvem de tempestade.....................................................................................13


Figura 2: Sistema Elétrico de Potência.................................................................................................17
Figura 3: Expansão das linhas de transmissão em 2020.......................................................................20
Figura 4: Sistema Interligado Nacional: Rede de Operação – Expansão até 2024................................22
Figura 5: Cabo de alumínio nu (ACSR) – extra forte.............................................................................27
Figura 6: Isolador de pino polimérico 25/35kv.....................................................................................29
Figura 7: Isolador do tipo Pilar em porcelana.......................................................................................29
Figura 8: Isolador de disco polimérico..................................................................................................30
Figura 9: Lançamento de cabos sob tensão controlada........................................................................32
Figura 10: Curva em flecha de uma linha de transmissão....................................................................33
Figura 11: Corrente de Retorno............................................................................................................37
Figura 12:Parâmetros da Forma de Onda das Descargas Atmosféricas................................................41
Figura 13: Tabela de desligamentos.....................................................................................................43
Figura 14: Ruptura de isolamento por backflashover...........................................................................44
Figura 15: Incidencia do raio sobre o cabo condutor...........................................................................45
Figura 16: Incidência do raio sobre o cabo condutor...........................................................................47
Figura 17: Calculo para o raio de atração.............................................................................................48
Figura 18: Efeito da ruptura a meio de vão..........................................................................................49
Figura 19: Modelo de torre com instalação do cabo de guarda e sem cabo de guarda.......................52
Figura 20: Interior do cabo OPGW........................................................................................................55
Figura 21: Tipos de aterramentos de uma LT.......................................................................................57
Figura 22: Isolador após ser danificado por uma descarga atmosférica...............................................59
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1. INTRODUÇÃO

O uso da energia elétrica é de grande importância para a sociedade atual e o


seu fornecimento impacta diretamente no desenvolvimento econômico das nações.
O crescimento de demanda e consumo de eletricidade estão andando sempre juntas
e nas últimas décadas o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas
contribuíram para a dependência do fornecimento continuo de eletricidade, e essa
visão implica nas formas de geração primaria da energia, deixando-a mais cara
(ANTÔNIO et al. 2005).
Nem sempre essa energia chega ao consumidor final de forma limpa,
completa e sem alteração de corrente ou tensão, pois devido há muitos problemas
que possa ocorrer durante o processo de transporte, um dos problemas mais
comum nas linhas é a incidência de descargas atmosféricas. Conforme a ONS, em
2020, entre 53% até 93% dos desligamentos não programados de linhas de
transmissão foram causados pelas incidências de descargas atmosféricas e seus
efeitos, causando assim prejuízos financeiros para concessionárias de energia e
seus consumidores. E segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais),
mostrou em um estudo feito em 2020, que o Brasil é o país mais atingido por raios
no mundo, são cerca de 77.8 milhões de descargas elétricas por ano.
Devido à grande quantidade de incidência dos raios sob território brasileiro, as
descargas atmosféricas são responsáveis por um grande número de
desligamentos das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica,
além da queimar um número considerável de transformadores na rede de
distribuição. Contudo, as descargas atmosféricas se interligam com as linhas de
transmissão de diversas formas podendo ocorrer o seu desligamento, caracterizado
pela disrupção elétrica na cadeia de isoladores, conhecida como flashover
(VISACRO, 2005, pág. 158 e 159). E pode ocorrer o chamado backflashover, onde
há uma descarga atmosférica sobre a linha, e a partir de um certo instante, o campo
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elétrico em volta da estrutura atinge um valor de pico máximo, causando o


rompimento da rigidez dielétrica do ar, gerando um arco elétrico entre o cabo-guarda
e a fase (KUROKAWA, 2016). Logo, a incidência das descargas atmosféricas
sobre as linhas de transmissão, além de causar uma falta, faz com que a isolação da
torre possa atingir o seu limite de máximo de proteção e gerar nas linhas os surtos
de tensão e de corrente, que se propagam em ambas as direções em rumo aos seus
terminais e isso compromete a qualidade de energia que será entregue ao
consumidor final. Visto isso, será feita uma análise sobre a incidência de um raio
sobre a linha de transmissão, reportando as faltas, sobretenção na linha e a atuação
dos sistemas de proteção sobre a mesma.

1.1 Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo analisar como é formado o Sistema elétrico
de potência, bem como os efeitos de uma descarga atmosférica incidindo
diretamente a uma linha de transmissão.

1.2 Objetivo Específico

Identificar os tipos de faltas por flashovers, backflashovers e ruptura de meio


de vão, além de mostrar a eficácia de um bom aterramento da torre para que
suportem toda a tensão recebia da descarga atmosférica. Por fim, mostrar o seu
impacto no desempenho da linha, apresentar os problemas financeiros causados
pelos raios e analisar o sistema de proteção da linhas de transmissão.
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2. AS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Estas descargas são manifestações elétricas que ocorrem na atmosfera,


geralmente acompanhada logo após de grandes estrondos causado por elas ação
delas, e esses sons são causados pela velocidade da luz ao ultrapassar a barreira
do som. Portanto, esse fenômeno tende-se a de ser aleatório, pois não se sabe
onde exatamente irá ocorrer com qual potência duração tempo. Devido a isso, será
abordado nesse estudo as formas de como esses fenômenos são formados, suas
incidências deles no Brasil com o foco que abrange as linhas de transmissão.
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em sua
norma 5419/2015, define as descargas atmosféricas como descargas que se
originam na atmosfera entre nuvem e terra, nuvem e nuvem, formada por uma ou
várias ramificações e tem uma corrente tão elevada que chegam na ordem dos
quiloamperes. Logo, BARRETO (2016) afirma que as descargas atmosféricas
podem ser descritas como fenômenos onde ocorrem descargas elétricas de corrente
intensa e com curta duração.
Em números, pode-se dá um exemplo de que uma única descarga pode
facilmente produzir uma potência de energia de 100 milhões de volts, atingir a
temperatura de 20 mil graus centígrados e percorrerem 5km de distância ao seu
alcance, por consequência, a sua corrente pode chegar a 30 mil Ampères, quase de
mil vezes a potência de um chuveiro elétrico e com capacidade para alimentar uma
residência durante um mês (ELAT, 2019). A corrente elétrica de uma descarga
atmosférica sofre grandes variações e um raio não é constituído de apenas uma
descarga contínua, mas sim formado por múltiplas descargas que se sucedem em
intervalos de tempo muito curtos, período no qual variações lentas e rápidas de
corrente podem ocorrer, afirma RINDAT.
BARRETO (2016), afirma que as descargas atmosféricas podem ocorrer em
várias direções: da nuvem para o solo ou solo-nuvem, entre pontos no interior de
uma nuvem, de uma nuvem para um ponto qualquer na atmosfera, ou entre nuvens.
E segundo o mesmo autor, as descargas orientadas da nuvem para o solo ou solo-
nuvem podem ser divididas em função da orientação da carga elétrica negativa
transferida entre a nuvem e o solo.
Devido à grande quantidade de cargas elétricas positivas e negativas que
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existem na atmosfera, as nuvens de tempestades são as mais propensas a


acontecer esse fenômeno e assim os raios atingirem a superfície da Terra. Em
probabilidade, a cada 10 raios formados apenas 2 atingem a superfície. Quando
uma descarga elétrica atinge a rede elétrica, pode ocorrer simplesmente a atuação
de um para-raios, sem causar nenhum dano ou até mesmo o desligamento de um
disjuntor e a queima de equipamentos, assegura BARROS (2012).

2.1 Uma breve idéia sobre as formações das descargas elétricas

De acordo com a teoria do eletromagnetismo, os materiais são classificados


de acordo com as suas propriedades elétricas existentes. Como as descargas
atmosféricas ocorrem geralmente no ar, é considerado o ar como um material
dielétrico, ou seja, um isolante. As descargas ocorrem devido à grande quantidade
de cargas elétricas na atmosfera, geralmente em nuvens conhecidas como Cúmulos
Nimbus, estas mesmas existentes em grandes tempestades.
No entanto, o ELAT (2019), conclui que as formações das nuvens de
tempestade estão relacionadas a combinação de três fatores: a umidade do ar, a
variação da temperatura de acordo com a altura e os ventos (responsáveis em jogar
o ar para cima). Logo, BARROS (et al. 2012) afirma que é comum na estação do
verão ocorrer formações de pancadas de chuvas com mudanças repentinas de
tempo e muitas dessas tempestades acontecem de formas localizadas e
dependendo dos trechos, podem haver pancadas de chuvas ou não. O processo da
formação de uma nuvem de tempestade pode ser observado na figura ### a seguir:

Figura 1: Formação da nuvem de tempestade.


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Fonte: ELAT (2019)

SADIKU (2012, pág. 167) destaca a diferença entre isolantes e condutores,


que é a capacidade de elétrons livres existentes nas camadas atômicas externas,
fazendo assim a propagação da eletricidade sobre a superfície do isolante em si, e
isso ocorre quando uma força maior de cargas é exercida sobre o isolante. Em
teoria, este é o princípio da formação das descargas atmosféricas, pois ao romper a
rigidez do isolante ocorre um movimento de cargas negativas e cargas positivas,
formando assim uma corrente elétrico.

Com a ação dos ventos, acontece uma separação de cargas dentro da


própria nuvem, em casos mais comuns é que as cargas negativas fique na parte
inferior e as cargas positivas na parte superior das nuvens. O movimento de cargas
é tão intenso que termina rompendo a rigidez dielétrica do ar originando assim o
raio, fazendo com que agora o ar seja um condutor de eletricidade, pois o ar tem
uma rigidez dielétrica de apenas 3MV/m, isso significa que o campo elétrico precisa
ser igual ou maior a este valor para o ar se tornar condutor de eletricidade (MELO,
2016).
Visto que, já se entende como é originado uma descarga atmosférica, é
correto afirmar que não é um fenômeno natural leve. Este efeito pode custar grandes
percas financeiras sobre as L.T’s de alta e baixa tenção, problemas em subestações
de distribuição e estações elevadores e abaixadores de tensão. Logo, é considerado
o uso de um controle de medida na implantação do Sistema de Proteção de
Descargas Atmosféricas (SPDA), os quais protegem edifícios, equipamentos,
instalações elétricas e de telecomunicações, reduzindo os danos impostos ás
estruturas, os impactos de desligamento e manutenção corretivas. Este trabalho
está focado em conhecer cada parte das linhas de transmissão, desde os aspectos
constritivos e o ligamento da linha, até as características financeiras sobre as linhas
ao serem atingidas por alguma descarga atmosférica.
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3. SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA – SEP

Segundo a NBR 5460, o Sistema Elétrico de Potência é definido na seguinte


forma:

3.613.1 Em sentido claro, é o conjunto de todas as instalações e


equipamentos destinados a geração, transmissão e distribuição de
energia elétrica (601-01-01).

3.613.2 Em sentido restrito, é um conjunto de linhas e subestações que


assegura a transmissão e/ou a distribuição de energia elétrica, cujos os
limites são definidos por meios de critérios aprimorados, tais como
localização geográfica, tensão, concessionária e etc. (601-01-02).

O glossário da norma técnica NR-10, define o Sistema Elétrico de Potência


(SEP) como:

26. Sistema Elétrico de Potência (SEP): conjunto das instalações e


equipamentos destinados a geração, transmissão, distribuição de energia
elétrica, e até a medição.

Contudo, MELO (2016) assegura que em situações normais de operação, a


energia elétrica pode ser gerada de várias formas possíveis. No Brasil a maneira
mais comum de geração é através das hidroelétricas. Em prática é gerado na ordem
de 13kv a 25kv, o que não é adequado para as transmissões de longas distancias.
Então, entram em serviço os transformadores elevadores, cuja a função é aumentar
a tensão e reduzir a corrente, evitando assim as perdas durante o processo de
transporte dessa energia gerada.

Visto isso, o uso da eletricidade em grande escala, somado ao despreparo e a


falta de conhecimento dos consumidores e alguns profissionais no setor energético,
estava aumentando o número de acidentes devido a manobra ou contato direto com
a corrente de energia. Como toda atividade econômica tem regras de conduta e
segurança, é importante lembrar que os profissionais que atuam no setor elétrico
devem observar e atender as normas técnicas e regulamentadores, e ao considerar
o SEP, tem que considerar também a norma de segurança da NR-10.
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Em função, as linhas de transmissão, BARROS (et al. 2012), afirma que tem
como objetivo transportar essa energia gerada nas usinas, até os centros de
distribuição e por fim serem entregues aos consumidores finais. A utilização da
eletricidade está presente no cotidiano das pessoas independentemente do nível
social, econômico e cultural a que pertencem, sejam elas nas residências, comércios
ou indústrias destinadas a produção, lazer, transporte comunicação e ainda outras
aplicações.
As normas técnicas são elaboradas pelas fabricantes, instituições acadêmicas
e pesquisadores pertencentes à sociedade de moro geral que fornecem orientações
para a execução e instalações elétricas que são consideradas entre outras os
seguintes itens:

 Cálculos de dimensionamento de condutores e dispositivos de proteção;


 Formas de instalação e as influências externas a serem consideradas em um
projeto;
 Aspectos de segurança, incluindo o aterramento, a proteção de dispositivos
de corrente de fuga sobre as tensões e correntes;
 Instalações de consumidores, incluído subestações, dentro da faixa de tensão
especificada;
 Critérios específicos de segurança para as subestações consumidoras
incluindo acessos e estrutura física;
 Procedimento para aceitação da instalação nova e para sua manutenção
incluindo etapas de inspeção visual

Por fim, a norma regulamentadora também estabelece os requisitos


essenciais que a instalação deve possuir. Constituindo a disposição oficial que
indica a maneira de pôr em execução de uma lei ou decreto independentemente da
localização onde está instalada. Considerando a definição de SEP – Sistema
Elétrico de Potência, apresentado pela NR-10, abrangendo as configurações de
alimentação, instalações elétricas industriais, residenciais e comerciais, os níveis de
tensão são considerados da seguinte forma: A rede de Alta Tensão (AT); tensão
superior a 1000v em CA ou 1500v em CC; A rede de Baixa Tensão (BT); tensão
superior a 50v em CA ou 120v em CC, igual ou inferior a 1000v em CA; E por fim, a
rede de Extra Baixa Tensão (EVT): tensão não superior a 50v em CA ou 120 em CC;
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A figura ### mostra como está organizado o Sistema Elétrico de Potência


(SEP), onde o mesmo é composto pelas fases de geração, transmissão, distribuição
e consumo.

Figura 2: Sistema Elétrico de Potência.

Fonte: Freitas (2017).

Em qualquer uma destas fases do SEP, as empresas concessionárias de


energia elétrica devem possuir a permissão de utilização e exploração do serviço por
um determinado período, além da responsabilidade de manter e operar o sistema de
forma adequada, mantenddo os índices de qualidade do fornecimento dos limes
estabelecidos pela ANEEL, afirma BARROS (et al. 2012).

A transmissão de energia elétrica no Brasil é diferente devido as quantidades


de níveis de tensões e as quantidades de potências a serem transportadas,
refletindo assim no âmbito físico e econômico durante as etapas de construção das
linhas de transmissão. As LT’s são compostas por uma parte ativa e outra passiva,
caracterizando os condutores com o a parte ativa, fazendo o transporte dos campos
elétricos e fluxo de potência, e os elementos passivos representam os isoladores, as
torres e todas as estruturas de apoio dos condutores (VIEIRA, 2013).

Tendo em vista a questão da geração de energia elétrica, em um estudo mais


especifico nesta área pode-se entender que ela é gerada normalmente em 13.8kv
até 22kv, as gerações acima deste valores precisam de uma
melhor para a isolação dos equipamentos. Utiliza-se os geradores síncronos para
serviço de geração, sendo de categoria hidráulica ou a vapor. Logo após, tem se a
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etapa da transmissão desta energia gerada, pois o valor da tensão é estabelecido de


acordo com a distância a ser percorrida e da quantidade de energia a ser
transportada.

Essas linhas operam em malha, ou seja, é interligado, tendo essa a vantagem


de ter a confiabilidade deste sistema e o suprimento de energia sã bem maiores,
fazendo com que possa haver de ‘’intercambio” para exportar energia em tempos de
secas em algumas regiões e a desvantagem desse sistema é a sua complexidade,
pois de acordo com o crescimento populacional e comercial, a demanda aumenta de
tal forma que se ocorrer algum problema na malha de transmissão, pode afetar
quaisquer consumidores destas categorias.

Contanto, afirma-se dizer que com o passar dos anos os projetos de LT’s
veem se aperfeiçoando cada vez mais para que tenham um bom desempenho e
menos perdas, as estruturas sendo mais resistentes a ação do tempo e dos
fenômenos naturais e a fácil construção e manutenção, com o foco de transmitir de
forma mais eficiente a eletricidade lhe imposta. Deve-se também conter sistemas de
controle de produção para que a cada instante seja produzida energia de forma de
forma necessária para atender as demandas e as perdas na produção da energia
elétrica.

Tendo uma visão do funcionamento de geração do SEP, entende-se o uso do


diagrama unifilar típico de um sistema elétrico de potência, destacando a existência
de uma usina, um conjunto de linhas de transmissão, uma rede de subtransmissão,
uma de distribuição primária e três de distribuição secundária. Entende-se que o
sistema de transmissão opera, no caso geral, em malha, devido ao sistema
interligado nacional brasileiro, onde o mesmo opera a a subtransmissão radialmente,
podendo, desde que se tomem cuidados especiais, operar em malha (BISCARO,
2019).

No entanto, é visto que o sistema de geração e distribuição, na prática, é


muito complexo, pois os operadores fazem as manobras de energia elétrica de
tensões medias e altas, correndo um alto risco de vida e outrora requem um amplo
projeto estudado para que ocorra o mínimo de erros previstos antes mesmo de
realizar as ligações da linha. Outrora, existem áreas brasileiras que poderiam ser
autossuficientes em energia, o que facilitaria sua chegada à população. Ainda, a
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falta de políticas públicas de longo prazo e revisão do modelo tributário são


obstáculos para que a energia, principalmente a renovável, torne-se mais acessível
e barata para os consumidores, investidores e indústrias (AMARAL, 2018).

4. SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA


BRASILEIRA

No atual cenário do sistema elétrico brasileiro, na sua maior parte de energia


gerada ocorre por meio usinas hidrelétricas, sendo que grande parte é localizada em
regiões afastadas dos grandes centros consumidores, que são as áreas urbanas e
industriais (BARRETO, 2016). Logo, o mesmo autor também afirma, que para a
eletricidade produzida possa ser transportada, é necessário que ela percorra longas
distâncias por meio de um complexo sistema de transmissão, o qual depende da
operação de empreendimentos que se localizam nas diversas regiões do Brasil.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, o sistema de
transmissão de energia elétrica do Brasil é constituído por linhas de corrente
contínua (CC) e por corrente alternada (CA), com tensões que variam de 138kv até
800kv, contendo 160.859,05KM (2020) em linhas de transmissão e com o valor de
387.370,74MVA (2020) somando estes a geração e consumo.

A operação de transportar energia elétrica por cabos condutores, torna por si


próprio uma operação de alto custo, pois nelas correm altas quantidades de
potencias elétrica que tem como objetivo reduzir a corrente elétrica sobre todo
trajeto implementado (ANTÔNIO et al. 2005). É possível observar na figura que este
sistema é bem complexo e eficaz, visto que as concessionárias visam o
desempenho e a melhor forma de toda essa energia gerada ser suprida sem
nenhuma perca na sua capacidade e qualidade. Este sistema de malhas de linhas
de transmissão conta com 109 agentes de distribuição, entre estes empresas
públicas, privados e de economia mista.
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Figura 3: Expansão das linhas de transmissão em 2020.

Fonte: ANEEL (2020)

A transmissão de energia elétrica no Brasil é diferenciada devido a


quantidade de níveis de tensões diferentes, que o mesmo está ligado a quantidade
de potência a serem transportados refletindo assim no âmbito físico e econômico
durante as etapas de construção das LT’s. As LT’s são compostas por uma parte
ativa e outra passiva, caracterizando os condutores como a parte ativa, transmitindo
os campos elétricos e o fluxo de potência, e os elementos passivos representam os
isoladores, as torres e toda as estruturas de apoio dos condutores. A ONS
(Operador Nacional do Sistema Elétrico) afirma-se que com passar dos anos, os
projetos de LT’s veem se aperfeiçoando a cada vez mais, para que tenham um alto
desempenho, com o foco em transmitir de forma mais eficiente a eletricidade
imposta a ela considerando também as percas serem menores, todo o projeto
estrutura serem mais resistentes a ação do tempo e aos fenômenos naturais e a sua
fácil construção e manutenção.
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Nos últimos anos vem crescendo a geração de energia elétrica proveniente


do aproveitamento da luz solar e dos ventos, onde este é captado por grandes pás
sustentadas por uma elevada torre, produzindo assim o movimento de rotação do
eixo do gerador. A matriz elétrica brasileira é ainda mais renovável do que a
energética, isso porque grande parte da energia elétrica gerada no Brasil vem de
usinas hidrelétricas. A energia eólica também vem crescendo bastante, contribuindo
para que a nossa matriz elétrica continue sendo, em sua maior parte, renovável
(EPE, 2020).

4.1 Sistema Interligado Nacional (SIN)

Todo o sistema de geração e transmissão de energia elétrica no Brasil, é


composto usinas hidro-termo-eólico de grandes magnitudes, bem como as
hidroelétricas na liderança na forma de geração de eletricidade de vários
proprietários (ONS, 2020). Atualmente, um projeto de linha foi concluído com cerca
de 6.159,34 km, do total de novas linhas de transmissão concluídas no Brasil em
2020, com acréscimos em 15 estados.

A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL também registrou em 2020


a adição ao Sistema Interligado Nacional de 14.485,33 megavolt-ampères em
transformadores de subestações instalados em 17 estados. Os quantitativos estão
no infográfico de expansão da transmissão divulgado pela ANEEL, que está
localizado na Figura 04, a partir de dados da fiscalização da Agência e do Operador
Nacional do Sistema – ONS (2020). As LTs do SIN são utilizadas para transportar a
eletricidade fornecida por unidades geradoras para os centros consumidores, já que
a energia elétrica possui restrições para seu armazenamento em larga escala, que
são relacionadas a custo e tecnologia (BARRETO, 2016).

Com a capacidade atual de geração instalada no SIN, formada principalmente


por usinas hidroelétricas, existem 16 bacias hidrográficas em atividade localizadas e
diferentes regiões do país. Nos últimos anos as usinas eólicas teve um grande
crescimento nas regiões nordeste e sul do brasil, aumentando o desempenho da
malha de energia e estendendo o uso da energia elétrica para outros consumidores
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residenciais e industrias de médio porte, e devido ao avanço da tecnologia, estas


industrias estão adotando robôs semi autônomos para sua linha de produção
fazendo assim com que seja necessário uma alimentação de energia elétrica maior
que o normal e aumentando o consumo da mesma.

Figura 4: Sistema Interligado Nacional: Rede de Operação – Expansão até 2024.

Fonte: ONS (2019)

5. TIPOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Conforme MENEZES (2015), a transmissão de energia elétrica pode ser feita


por linhas aéreas, subterrâneas ou subaquáticas. No caso do Brasil, as linhas de
transmissão aéreas são as mais comuns devido ao seu menor custo em relação às
demais, e são sistemas compostos basicamente por cabos condutores de fase,
cabos para-raios, isoladores e estruturas de torres para suportar todo esse
22

equipamento. É definido como linhas de transmissão, cabos condutores usado para


transportar energia elétrica por longas distâncias, com baixo valor de perdas e
distorções.

Em geral as linhas de transmissão operam com tensões superiores a 100kv e


em algumas situações chegam até 1000kv, essas conhecidas como UHC DC (Ultra
High Voltage Direct Current), um exemplo dessa linha está localizada na China.
Portanto é valido dizer que as classificações desses tipos de linhas são dadas pelas
características do tipo de corrente, tipo de extensão e ao tipo de nível de tensão.
Sob o ponto de vista físico elétrico, as linhas de transmissão e sub-transmissão se
confundem (FUCHS, 1979).

5.1 Linhas de transmissão em relação as correntes

Em relação ao tipo de corrente, MELO (2016) afirma que as LT’s tem como
comparação as correntes contínuas e as correntes alternadas. As duas modalidades
tem características específicas as tornam cada uma ultil para determinadas
aplicações específicas. As linhas CC é mais indicado para as linhas de longas
distancias, pois apresentam também nível de tensão muito mais alto do que a CA,
podendo ser do tipo UHC CC, contribuindo para a diminuição das perdas e
barateando o projeto da linha.

Já as linhas de transmissão CA tem algumas vantagens, por exemplo, ela


pode ser aplicada em um transformador para que também as perdas sejam menores
e não necessitar de uma tensão muito alta, o problema desse tipo de corrente é a
sua alternância que é dada pela forma senoidal, ou seja, toda e qualquer problema
na rede pode causar uma variação nessa senoide e com isso originando as
perturbações harmônicas.

A usabilidade das linhas em CA precisa de muitos ajustes com o decorrer da


sua utilização, é muito útil para os ajustes de demanda, para evitar ao
extremo as perdas e pode isso veem-se utilizando a corrente continua para as
transmissões de energia elétrica. Por fim pode-se observar que as linhas em CC
passaram a ser melhores estudadas e analisadas para serem colocadas em pratica
23

com mais frequência, não substituindo totalmente as linhas em CA, mas sim para
criar um sistema mais fácil e de múltiplas funções.

5.2 Linhas de transmissão em relação a extensão

Para fins de organização é comum subdividir as LT’s de acordo com sua


extensão. Essas linhas de transmissão são modeladas conhecendo-as seus
aspectos físicos e elétricos de fase e comprimento. Podemos classificar as linhas
aéreas de transmissão como curtas, medias ou longas. As linhas curtas são as que
tem uma distância de até 80km, as linhas médias vão de 80km até 240km de
extensão, e as linhas longas são as maiores que 240km de extensão.

Para as LT’s serem classificas dessa maneira, tem-se que considerar nelas
as capacitâncias de derivação ser tão pequenas que pode ser totalmente
desprezada sem perdas aceitável de precisão e considerar também as indutâncias
em série. A linha de transmissão de maior extensão do brasil fica localizada sobre o
Rio Madeira, conectando as regiões Sudeste e Norte do país, com uma extensão de
2385km caracterizada como HVDC e sua tensão sendo de 600kv.

5.3 Linhas de transmissão em relação ao nível de tensão

As linhas são classificadas também pelo nível de tensão, pois se caracterizam


pela padronização das tensões nominais para os diferentes comandos de sistemas
energéticos. De acordo com a ANEEL em sua norma técnica 0075.2011
SDR/ANEEL, de Dez 2011, as linhas de distribuição secundárias apresentam os
níveis de tensão de 220/127v e 380/220v nas redes trifásicas e 440/220v nas redes
monofásicas. Outrora, os sistemas de sub-transmissão contam com os níveis mais
baixos de tensão, tais como 34.5kv, 69kv, 88kv ou 138kv, e alimentam as
subestações de distribuição sendo que os alimentadores de saída são operam em
13.8kv.
24

As redes de tensões nominais iguais ou superiores a 230kv são denominadas


de redes Extra Alta Tensão (EHV), onde no Brasil foram classificadas como rede
básica de transmissão. As redes com tensões nominais iguais e entre 69kv e 138kv,
são denominadas redes de alta tensão. As redes de com tensão nominal entre 1kv
até 69kv são denominadas redes de média tensão ou tensão primaria. No Brasil
existe um sistema em operação em corrente contínua localizado na usina de ITAIPU
com um nível de tensão de 600kv (FURNAS, 2021).

6. CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS DA LINHA DE


TRANSMISSÃO

Os projetos e construções das linhas de transmissão é de grande importância


para o desenvolvimento econômico e energético do Brasil, não somente pelo fato de
transportar energia elétrica para as indústrias e residências, mas pelo fato de
oferecer de forma direta e indireta empregos e serviços, canteiro de obras e nas
indústrias de diferentes áreas, já que em termos econômicos a energia elétrica é a
principal base energética para o consumo da sociedade atual.

Para a execução de um projeto de linha, é correto afirmar que é uma


atividade bastante complexa, exige muitos estudos preliminares, serviços de mãos
de obra no campo, e jurisdição ambiental para que a obra seja planejada e finalizada
dentro do prazo e com a qualidade e desempenho esperados, dentre as mesmas
atividades preliminares é considerado também os serviços de engenharia, a
montagem e manutenção das torres e a supervisão do projeto executado. A
confiabilidade da linha pode ser definida como a eficiência em se transformar
entradas e saídas num processo produtivo de energia elétrica (SOUZA, 1998).

Vale destacar que para a construção civil é possível abordar a produtividade


do empreendimento sob diferentes aspectos a partir da escolha do tipo de recurso
que será transformada (NETO, 2019). De acordo com a NBR 5422/1985, as
estruturas que formam uma linha de transmissão podem ser classificadas
principalmente em relação a três critérios: Quanto a sua função na linha, a forma de
resistir e ao material que são feitas. Nos próximos tópicos serão abordados e
25

conceituados os componentes que formam uma linha de transmissão, deste a


estrutura da torre até os cabos de guardas.

6.1 Condutores

É o componente mais ativo nas linhas de transmissão, pois é através das


condutores onde a energia elétrica é transportada do ponto de geração até os
centros de distribuição de cargas. Dito, é fundamental a sua utilização, embora seja
responsável pela grande parte dos custos envolvidos nos projetos das LT’s, e em
algum projetos são utilizados milhares e milhares de metros deste material.

O número de condutores por fase a serem utilizados nas linhas depende


muito do projeto onde ele vai ser instalado, essa característica ser propriamente
para ter o controle do efeito corona e a reatância sobre a linha, já que o efeito
corona é a ionização do arem volta dos condutores, causando o surgimento do
campo elétrico no local causando assim perdas por meio da emissão de luz e ruídos
(MELO, 2016). Ao utilizar-se mais de um condutor por fase, resulta em uma menor
reatância e um campo elétrico mais fraco na superfície do condutor fazendo com
que o efeito corona seja eliminado na linha.

Os condutores podem ser de vários tipos de metais, tanto ferro, como cobre
ou alumínio, pode set também feitos de outros metais com composições variadas
nas sua estrutura. Antes, o cobre era a matéria-prima utilizada nas primeiras LTs
devido a sua elevada condutividade, mas, atualmente, as linhas aéreas utilizam
condutores compostos basicamente 60 de alumínio, tanto em forma de liga ou em
conjunto com o aço, o que se deve principalmente ao seu menor custo em relação
ao cobre ou qualquer outro material condutor (MENEZES, 2015).
Logo, o mesmo autor também afirma que houve alguns avanços nas
pesquisas na área de ciências dos materiais, e foi-se constatado que os condutores
26

de alumínio são os mais eficazes na condução de eletricidade, as perdas na


condução são mínimas possui um baixo custo de produção, possui resistência
mecânica regular e atualmente este é o material mais usado nas LT’s. Os
condutores de alumínio nu com alma de aço (formados por um grupo de fios de
alumínio dispostos concentricamente em torno de um fio de aço) são os mais
utilizados nas LTs do Brasil.

Figura 5:Cabo de alumínio nu (ACSR) – extra forte.

Fonte: Adaptado de Induscabos.

Indicação 1: Cabo de aço galvanizado de alta resistência mecânica.


Indicação 2: Fios de Alumínio cru 1350 encontrados sobre o núcleo de aço.

Além dos materiais já conhecidos, estudos feitos nessa área das ciências
dos materiais, mostram algumas inovações que tem sido aplicadas em
algumas instalações específicas das linhas de transmissão, um exemplo
são os condutores reforçados por compósitos ou fibras de carbono. Apesar
destes materiais apresentarem um custo elevado se comparado aos
tradicionais, estes possuem certas vantagens como o baixo peso, alta
condutividade, resistência em corrosões e a elevada carga de ruptura
permitido o uso em altas temperaturas, geralmente esses tipos de
condutores são usados em grandes travessia (3M ACCR Brasil).

Portanto, o processo de seleção de um condutor para um projeto de LT é uma


das tarefas mais importantes para a sua execução, já que isso faz um impacto direto
no modelo da torre, na isolação e nos esforços mecânicos na qual irão ser usadas
na linha. As especificações que definem os cabos condutores são sua bitola,
diâmetro, peso, carga de ruptura, resistência elétrica e capacidade de reatância
27

(MENEZES, 2015). O processo de escolha do material de menor custo na


transmissão de energia elétrica requer um equacionamento técnico técnico-
financeiro otimizando na busca de variáveis que permita um orçamento econômico
viável em menor custo possível. Logo, BIASOTTO (2009) mostra que a obtenção
dessa solução econômica na escolha dos condutores, consiste em estabelecer uma
relação entre dois fatores aparentemente opostos:

 O custo das instalações elétricas; e


 O custo da perca de energia durante a transmissão

Importante relembrar que as perdas na transmissão da energia elétrica são


devidas ao Efeito Corona e ao Efeito Joule (FUCHS, 1979). Outrora, como visto
anteriormente, em certas condições externas interferem no seu desempenho, como
a temperatura ambiente, pressão barométrica, velocidade do vento, emissividade e
absorção solar, estas mesmas condições que também influenciam
consideravelmente na escolha do condutor.

6.2 Isoladores

Feitos de materiais dielétricos, os isoladores tem como objetivo garantir a


confiabilidade do sistema tanto nas torres e nos condutores, suportando também a
resistência mecânica que acontecem devido a ação dos ventos sobre os condutores.
Atualmente os isoladores mais usados nas LT’s de extra alta tensão são feitos de
vidro, pois tem um baixo custo de manutenção e funcionalidade mecânica muito
confiável. Já os isoladores de porcelana são mais encontrados nas linhas de
distribuição, possuindo suas limitações para o uso delas em determinados casos
(MENEZES, 2015).

Os isoladores são geralmente feitos de porcelana, vidro temperado ou


polímero onde a autonomia delas está ligado diretamente ao desempenho da linha,
onde a sua função é sustentar os cabos e mantê-los eletricamente isolados a
estrutura das torres. Logo, MENEZES (2015) afirma que o número de isoladores por
cadeia é determinado de acordo com a tensão da linha e o isolamento deve suportar
28

tensões maiores que a tensão normal de operação, devido inclusive as descargas


atmosféricas e surtos de manobras.

Os isoladores também podem ser classificados quando a sua forma de


instalação onde a suspensão e ancoragem é calculada com referência ao peso do
condutor e dependendo do mesmo, a instalação pode ser feita na forma de “I” ou “V”
obedecendo a folga de tolerância devido as deflexões mecânicas que ocorrem nas
linhas. Por serem materiais consideravelmente frágeis, todo dano físico pode causar
fuga de eletricidade ou rompimento da isolação, fazendo assim com que os
operadores terem um cuidado extra ao instalar, transportar e na maneira de
armazenar corretamente os isoladores que ficam em reserva.
De acordo com FUCHS (1979), os isoladores podem ser classificados em três tipos,
são eles:

Isoladores de Pinos: São instalados por um meio de pino de aço com uma
cabeça de chumbo filetada, onde o isolador é aparafusado. Estes possuem uma
resistência mecânica pequena e devido a isso são utilizados em linhas de até 69kv
ou na distribuição residencial.

Figura 6: Isolador de pino polimérico 25/35kv.

Fonte: Adaptado de VGS Group

Isolador do tipo Pilar: Estes tem o desempenho mecânico maior quando


comparados com o isolador de pino, são mais comum encontrados em linhas
superiores a 69kv
29

Figura 7: Isolador do tipo Pilar em porcelana.

Fonte: Adaptado EletroMarcos elétricos (2021)

Isoladores de Disco: São constituídos pela sobreposição de discos e seus


engates são feitos de ferro ou aço zincados. Podem ser instalados em “I” ou “V” na
torres.

Figura 8: Isolador de disco polimérico

Fonte: Adaptado de Exponencial materiais elétricos.

6.3 CABO DE GUARDA

Conforme MELO (2016), o cabo de guarda é o componente responsável pela


proteção dos condutores contra as descargas atmosféricas. É o composto por uma
estrutura de cabos geralmente mais fino que usados nos condutores das fases, e se
encontram instalados no ponto mais alto da torre de transmissão, para protegê-las
das descargas atmosféricas. Estes cabos são aterrados oferecendo o caminho da
eletricidade para o solo evitando assim que a estrutura e a transmissão de energia
elétrica não sejam afetados.
30

Normalmente são utilizados cabos de aço que são conectados à torre através
das ferragens de fixação e, deste modo, as eventuais descargas atmosféricas
circulam pelo cabo de aço, pela torre e pelo sistema de aterramento, afirma MELO
(2016). Porém, nos últimos anos, diversas concessionárias têm adotado a estratégia
de substituir um dos cabos para-raios por cabo OPGW (Optical Ground Wires).

A utilização destes cabos óticos, apesar de seu preço ser, em alguns casos,
quatro vezes mais caro que os tradicionais, agrega valor ao sistema devido à
capacidade da fibra ótica de transmitir voz, dados e imagens a altas taxas por meio
digital, aumentando a confiabilidade da rede e facilitando o gerenciamento do
sistema de transmissão, além de possibilitar o envio de sinais de telecomunicação e
tele controle (MENEZES, 2015).

6.4 Instalação dos cabos

Ao concluir o processo de montagem das estruturas, é iniciado a instalação


dos para raios e dos condutores, visto que esta parte do projeto envolve também a
atividade de lançamento, grampeação, emendas e o fechamento. A atividade de
lançamento é tão complexa que envolve todo um plano elaborado para a avaliação
de todas as condições e obstáculos presentes no caminho das LT’s, tendo o objetivo
de encontrar a melhor distribuição de bobinas no campo, isso para que não haja
desperdício de material e otimizando toda a atividade de montagem do projeto
(MENEZES, 2015).
Após concluir os locais de início e fim da linha de transmissão, como as
ordens de fixação das bobinas, emendas, as proteções e sinalizações sobre as
rodovias e ferrovias, e sobre outras linhas, é iniciado a etapa de lançamento.
Primeiramente são lançados os cabos para raios no ponto mais alto da torre e logo
após os cabos condutores na parte inferior.
Contudo, MENEZES (2015) afirma que em alguns tipos de linhas, como as de
Extra Alta Tensão, os cabos são lançados e ligados a uma tensão controlada,
começando primeiramente com um cabo de aço de menor peso para depois ser
conectado ao cabo piloto através de um balancim, e estes, são puxados com o
auxílio de um guincho que fica localizado na outra extremidade da próxima torre, no
31

final da mesma os cabos saem das bobinas, passando pelo freio e assim concluído
a etapa de lançamento dos condutores entre duas torres.

Figura 9: Lançamento de cabos sob tensão controlada.

Fonte: Adaptado, Furnas (2012)

A quantidade de bobinas utilizadas no projeto depende muito da extensão da


LT, pois os condutores envolvidos em cada bobina são enrolados comumente em
suportes de madeira que tem a capacidade máxima de transportar até 2000 metros
de cabo condutor, caso a extensão da LT seja maior que a bonina, é feito emendas
nos condutores para conectar os dois segmentos. Para que isso ocorra é necessário
um serviço de aplicação de luvas, atividade realizada por um operador profissional
dessa área utilizando a matéria prima do cabo condutor que está sendo usando no
projeto e é adicionando sobre ele uma pasta antioxidante, caso o condutor for do
tipo ACRS (MENEZES, 2015).
Conforme a 3M Brasil, o processo de aplicação é uma tarefa bastante simples
e de conhecimento de todos os eletricistas que já têm experiências em comprimir os
terminais para condutores convencionais, e pode ser resumida na seguinte
sequência: Corte a área do condutor envolvido pela camisa de puxamento, passe a
extremidade do condutor dentro da luva de alumínio, exponha a alma de compósito
metálico do condutor retirando as coroas de alumínio na dimensão desejada, fazer a
primeira compressão com a matriz para aço, limpar a superfície do condutor com
escova de aço.
32

Logo após os cabos condutores serem lançados, estes devem possuir os


mesmo valores de flechas igualmente planejadas no projeto. Diante disso, é certo
afirmar que em toda a linha é necessário que os valores de cada flecha sejam iguais
as demais linhas até chegar ao seu destino final, pois caso não tenha esse padrão,
pode-se ter percas elétricas, desperdício de materiais e percas financeiras.
Segundo MENEZES (2015), a flecha é a maior distância vertical entra as
linhas que ligam os pontos de apoio dos cabos condutores e o ponto mais baixo da
curva, assim mostrado na Figura 10. A extensão máxima da linha entre duas torres
recebe o nome de vão e normalmente o comprimento dessa linha descreve uma
curva, chamada de catenária. Na Figura a seguir está descrito a flecha onde
extremos estão as torres de transmissão e os condutores ficam na altura máxima, e
teoricamente no meio o ponto cuja altura é mínima ao solo junto com a diferença
máxima das alturas.

Figura 10: Curva em flecha de uma linha de transmissão.

Fonte: Mendes (2010).

VALAME (2019) afirma que é de grande importância definir a extensão da


faixa de servidão da linha de transmissão, pois largura dessa faixa deve respeitar as
normas que estipulam distâncias seguras em relação ao campo elétrico, campo
magnético, ruído audível e rádio interferência presentes nas linhas de transmissão
de energia elétrica, ou seja, a partir dela dá para saber a área que uma pessoa
comum não é aconselhada ultrapassar, só trabalhadores locais e sua largura
dependendo da tensão que passa sobre a linha. Por fim, após a etapa de
33

fechamento ser finalizada junto com os cabos corretamente regulados, as roldanas


utilizada nos lançamentos são substituídas por grampos de suspensão fazendo
assim a grampeação dos cabos e o seccionamentos dos cabos condutores para que
a ligação elétrica seja mantida.
34

7 SOBRE AS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS NAS LINHAS DE


TRANSMISSÃO

As linhas de transmissão, tecnicamente conhecidas como LT, são estruturas


metálicas grandes podendo chegar até cem metros de altura, e elas são
responsáveis por prender os condutores energizados e fazer com que a energia seja
transportada a grandes distâncias. Logo, as LT’s estão interligadas no Sistema de
Interligação Nacional (SIN), onde este sistema se estende pelo país além de ter uma
grande confiabilidade e poucos riscos (LOPES e SANTOS et. al. 2020).
As descargas diretas em linhas de distribuição causam falhas na isolação na
grande maioria dos casos. No entanto, as observações mostram que muitos
desligamentos devido a descargas atmosféricas em linhas com TDI (Tensão
Disruptiva de Impulso) menores são devidos a descargas atmosféricas que atingem
a terra nas proximidades da linha. A maior parte das tensões induzidas em uma
linha de distribuição por descargas que atingem o solo nas proximidades da linha
são menores que 300 kV (BRAGA, 2009). Logo, as descargas podem ser
interceptadas por estruturas mais altas influenciando na blindagem da linha de
distribuição que influencia no desempenho da linha
Dentre os diversos parâmetros de descarga, que apresentam natureza
aleatória, os de maior relevância para o desempenho da linha de transmissão são o
valor do pico de corrente e o seu tempo de frente. Já no foco na linha de
transmissão, o valor da tensão na fase no instante de incidência impacta
diretamente na sobretensão imposta sobre a cadeia de isoladores (ALMEIDA, 2020).
Contudo, as descargas atmosféricas são fenômenos da natureza onde
tendem a acontecer em situações imprevisíveis, aleatórias e dentro de suas
condições particulares, sendo elas entre nuvem-nuvem ou nuvem solo. Apesar do
fenômeno nuvem-nuvem ser o mais conhecido pela sua frequência de
acontecimentos, o fenômeno nuvem-solo é o que será de maior foco neste estudo,
pois esta é a que mais acontece sobre as linhas de transmissão, causando danos
bem consideráveis.
Com objetivo de sinalizar, garantir a segurança e identificar os cabos
condutores nas linhas, a instalação de sinalizadores é de responsabilidade da
empresa construtora e esta mesma ter a obrigação de fazer a instalação seguindo
as normas técnicas do NBR 6535 de 2005. Geralmente são no formato de esferas
35

no cor de tom laranja onde estes ficam presentes nos fios de alta tensão. Logo, as
esferas sinalizadoras são colocadas nos fios elétricos para evitar acidentes
envolvendo aeronaves e helicópteros. Inclusive é por esse mesmo motivo que elas
são laranja.

7.1 As descargas nuvem-solo

Na maioria das descargas atmosféricas ocorrem dentro de uma só nuvem ou


entre duas nuvens, somente uma pequena porcentagem acontece entre nuvem-solo.
Para um melhor entendimento dos diversos aspectos envolvidos no fenômeno
descarga atmosférica, será mostrado, em forma simplificada, o mecanismo de
evolução de uma descarga que transfere carga negativa da nuvem para o solo.
Contudo, VISACRO (2005) afirma uma nuvem carregada com cargas elétricas
negativas na sua base induz no solo abaixo uma sombra de acumulo de cargas de
sinal contrário, estabelecendo uma grande diferença potencial entre a base da
nuvem e a superfície do solo. Segundo o mesmo autor, o valor da diferença de
potencial pode ser muito alto e o campo elétrico intenso já está junto a base da
nuvem e a superfície do solo. Logo, GOLDE (1977) em um estudo, formou uma
equação para que possa ser calculado a quantidade de efeitos entre nuvem-nuvem
e nuvem-solo:

(Eq. 7.1)

Onde:
Dc – total de descarga entre nuvem-nuvem
Dg – total de descargas entre nuvem-solo
LAT – latitude

De acordo com o RINDAT (2015), os vários tipos de descargas atmosféricas,


aquelas que ocorrem no interior da nuvem, são as mais frequentes (representando
36

70% do número total) e isso acontece em parte devido ao fato da rigidez dielétrica
do ar diminuir em relação a altura, e em parte devido ao fato que as regiões de
cargas opostas estão mais próximas nesse tipo de descarga.
Em algumas condições, o campo elétrico, em determinadas regiões internas
na base da nuvem, atinge valores superiores à rigidez dielétrica do ar,
determinando a ocorrência de uma descarga elétrica intensa, que constitui
um canal ionizado de plasma, cujo comprimento se estende por várias
dezenas de metros (VISACRO, 2005).

Segundo, SALARI (2005) afirma que devido as grandes quantidades de


cargas elétricas dentro das nuvens, o campo elétrico nessa região ultrapassa a
isolação dielétrica do ar, formando canais ionizados, porém fracos suficientemente
para o surgimento do raio para interligar as duas nuvens ou uma nuvem-solo. E
segundo a mesma fonte, há um limite no campo elétrico da rigidez dielétrica do ar,
que é da ordem de 2 MV/m para o ar seco nas condições atmosféricas padrão,
porém este valor pode ser bem menor, devido tanto a altura da nuvem, como
também devido à presença de gotas d’água na nuvem, e, embora nesse caso, o
valor da ordem é de 1 MV/m.
MELO (2016), afirma que existem as descargas descendentes positivas, as
descargas descendentes negativas, as descargas ascendentes positivas e as
descargas ascendentes negativas, outrora os termos ascendentes e descendentes
definem a direção da carga elétrica. Um exemplo prático dessas características
anteriores é que um impulso de descarga parte das nuvens e ao chegar próximo ao
solo, um outro impulso contrário ao primeiro surge para fechar o circuito (figura ##).

Figura 11: Corrente de Retorno.


37

Fonte:

Visto isso, no momento em que ocorre a conexão do canal entre nuvem- solo
é estabelecida, surge uma corrente de alta frequência, chamada corrente de retorno,
em sentido contrário ao primeiro feixe do raio. A elevação do campo elétrico e a
densidade das cargas elétricas positivas induzidas na superfície do solo ocorrem
devido à proximidade do canal carregado negativamente ao solo.
Contudo, as descargas negativas podem ser expostas como um canal de
transferência de cargas elétricas das nuvens para a terra e após a polarização das
nuvens, é criado um campo elétrico no solo com cargas oposta a base das nuvens
(VISACRO, 2005). É importante esclarecer que as descargas ascendentes positivas
e negativas, estão associadas as estruturas mais altas, da ordem de centenas de
metros de altura, e as descargas descendentes estão associadas a estruturas mais
baixas, da ordem de dezenas de metros de altura, contudo dentro dessas estruturas
estão as linhas de transmissão. Visto, as proteções contra esses fenômenos tendem
a ser mais complexas e de alta resistividade, logo as descargas trazem consigo uma
corrente de alta tensão e caso o SPDA não suporte tamanha corrente, poderá haver
uma falta ou um surto de sobretensão na linha. Cerca de apenas 10% das
descargas atmosféricas com cargas positivas são descendentes (SALARI, 2006).
O IEEE – Institute of Electrical and Electronic Engineers, com base em dados
meteorológicos, a atividade de descargas atmosféricas descendentes é dada pela
equação 7.1. Onde o GFD (Ground Flash Density) é o número das primeiras
correntes de retorno de descargas atmosféricas descendentes por quilômetro
quadrado por ano e TD é o número de dias com descargas atmosféricas por ano.

(Eq. 7.1)

No entanto, SALARI (2006) também nos diz que na decorrência de uma


grande concentração de cargas negativas no interior da nuvem, o campo elétrico em
algum momento dentro da nuvem ultrapassa a rigidez dielétrica do ar originando os
campos ionizados, permitindo o deslocamento de cargas elétricas em uma duração
38

aproximada de 25 a 50 μs. Segundo o mesmo autor, afirma que a partir do solo ou


objetos de altura da ordem de até algumas dezenas de metros, surge um campo
elétrico alto suficiente para gerar canais ascendentes de cargas positivas, e ao
estabelecer a conexão entre essa carga positiva e a negativa q se encontra na base
das nuvens, surge um canal condutor que será percorrido por uma corrente e com
alta velocidade.
SALARI (2006), mostra um estudo feito por WAGNER (et al., 1950,
ERIKSSON, 1979, PORTELA, 1982) onde afirma que a corrente chamada, corrente
de retorno, tem velocidade em torno de 10 7 a 108 m/s, representando o ponto alto da
descarga atmosférica, logo quando há um movimento de grande quantidade de
cargas através do canal ionizado, produzindo uma luminosidade de grande
intensidade (relâmpago) e o aquecimento consequente da expansão do ar,
produzindo um estrondo (trovão).
Contudo, MELO (2016), apresenta os resultados pesquisados através de
estudos feitos por GRISGBY (2012) sobre a análise da incidência desse tipo de
descarga em um único condutor de uma linha aérea. Essa análise levou a uma
expressão que aproxima número de incidências (Ns) sobre um condutor por 100 km
de comprimento por ano. Onde h é a altura média da linha em metros, mostrado na
equação a seguir:

(Eq. 7.2)

Em áreas de GFD (Ground Flash Density) moderado há alto, um ou mais fios


de blindagem são geralmente instalados acima do condutores de fase. Esta
blindagem geralmente tem uma taxa de sucesso superior a 95%, porém adiciona
quase 10% a o custo de construção da linha e desperdiçando a energia de correntes
induzidas que também é usado para analisar falhas nos isoladores (GRIGSBY,
2012).

7.3 Sobre a corrente de descarga


39

Como mencionado no capitulo 7.1, são as descargas descendentes as mais


comuns ao atingirem uma L’T. Portanto, no contexto deste trabalho, é necessário
entender as caracterisristicas dos estudos de desempenho das linhas e
equipamentos à incidência da corrente gerada na descarga atmosféricas. De início,
SOLARI (2006) afirma que a corrente da descarga atmosférica tem papel
fundamental, seguindo os seus seguintes parâmetros mais relevantes e unidades
mais frequentes: forma de onda, amplitude máxima, polaridade (positiva ou
negativa), tempo de frente de onda, tempo de meia onda e derivada máxima da
corrente na frente de onda em relação ao tempo. Para o caso das descargas
atmosféricas descendentes, sendo estas as mais comum ao atingirem as linhas de
transmissão, particularmente para o projeto de linhas de transmissão, são estudadas
as seguintes tipos de funções da polaridade da carga da nuvem:

I. As descargas descendentes positivas, normalmente caracterizadas por um


impulso;
II. Descargas descendentes negativas com um impulso de corrente;
III. Descargas negativas subsequentes ao primeiro com mais de um impulso;

O valor da amplitude máxima de descarga é definido de acordo com o pico da


corrente de descarga, e que é representada pela unidade kA (MELO, 2016). O
IEEE 1410-2004, aborda e define os conceitos de amplitude da corrente de
descargas: ao serem depositadas no canal, a corrente move-se para baixo ao
longo do centro do canal em uma região com poucos centímetros de diâmetro,
produzindo no solo um pico de corrente médio de cerca de 30 kA. MELO
(2016) afirma a existência de um tempo de onda, medido em μs, onde é definido
como o intervalo de tempo em que a corrente vale 10% e 90% do seu valor de pico,
representado pela equação (T10/90). Logo, o tempo de meia onda (T mo2kA ), em μs, é
o tempo entre o instante em que a corrente vale 2 kA até o instante em que ela vale
50% do seu valor de pico.
40

Figura: Parâmetros da Forma de Onda das Descargas Atmosféricas (Adaptado)

Figura 12:Parâmetros da Forma de Onda das Descargas Atmosféricas.

Fonte

SHIGIHARA (2005), nos mostra uma visão estatística dos valores de pico das
correntes, utilizando-se tradicionalmente a expressão proposta por Anderson e
Eriksson (1980) que resulta na aplicação da equação (7.3), onde a mesma descreve
a função da distribuição cumulativa:

Eq. (7.3)

Onde μ é o valor médio do logaritmo da variável aleatória X e O ms


correspondente ao seu desvio padrão logarítmico. O significado da equação (7.3) é
a probabilidade de que a variável x assuma valores inferiores a X, ou seja, a função
é totalmente caracterizada por μ ou Oms proporcional a corrente de descarga.

7.4 Incidência direta da D.A’s, as faltas, sobretensões e


transiente
41

Como visto no capitulo 7.1, as descargas descendentes são as mais


frequentes ao atingirem uma linha de transmissão, portanto elas são responsáveis
pelas maiorias das causas de interrupções no fornecimento de energia elétrica. As
alterações na senoide de uma corrente elétrica na LT, devido a uma sobretensão
causada por uma DA’s, origina um surto ou transiente elétrico sobre a linha, que
este ocorre num intervalo de tempo muito pequeno. Existem duas formas de um
transiente ser gerado: via perturbações externas ou curto elétrico no chaveamento.
Os dados obtidos na região da américa do norte, esse tipo de fenômeno
natural é responsável por 26% das interrupções no fornecimento em linhas de até
230kV e 65% nas linhas de até 345kV (MELO, 2006). Como toda linha contém
perdas, essas ondas vão se adaptando na própria linha ao se propagarem, fazendo
com que estas fique os níveis de tensão e corrente da linha fiquem estabilizadas,
efeito chamado de transiente.
No SEP – Sistema Elétrico de Potência, a grande causa dos desligamentos
não programados nas linhas são as descargas atmosféricas. Existem três tipos de
desligamentos causado por descarga atmosféricas, são eles o flashover,
blackflashover e ruptura a meio de vão. Assim que ocorre um distúrbio na linha de
transmissão, origina-se uma onda de corrente e tensão que se divide em duas e
viaja pela linha. Esta mesma onda vija sobre a linha causando alterações na
senoide, faz-se a sobreposição e se distorcendo com a onda incidente.
Em geral, o desempenho do sistema de transmissão é medido por meio de
índices que expressam qualidade de energia suprida ás cargas. Tais índices
consideram o número e duração das interrupções de serviço. Logo, as
características da linha são definida os limites aceitáveis do número de
desligamentos por trecho de linha. VISACRO (2005), afirma que a busca por uma
melhor qualidade para a energia fornecida tem levado a uma tendência de maior
rigor, indicando a adequação de limites bem inferiores aos indicados.
Segundo o mesmo autor, nesta perspectiva, particularmente para as linhas de
nível tensão superior a 100kv, uma taxa entre 0,1 e 1 desligamento por ano a cada
100km seria considerada boa e uma taxa entre 1 e 5 seria considerada media, e
para linhas de 69kv, a taxa de até 5 desligamentos por ano a cada 100km também é
considerável. A seguir há uma tabela com indicativos dos valaores mínimos da
atenção suportável ao impulso para o nível de tensão da linha:
42

Figura 13 Tabela de desligamentos.

Fonte:

Na pratica, em muitas situações, VISACRO (2005) afirma que é bem difícil


assegurar tais índices, sobretudo quando as linhas atravessam regiões que
possuem elevados índices de densidade de incidências atmosféricas, e solos de alta
resistividade, logo, o desligamento da linha de alta tensão devido a descarga pode
acontecer de dois tipo: a incidência direta nos cabos condutores e a incidência direta
nos cabos de guarda. Os tipos associados serão abordados a seguir.

7.4.1 Indecência direta na LT

Ao considerar um exemplo de uma linha com 230kv, CUNHA considera que a


incidência direta de descargas atmosféricas é o fenômeno que tem maior
probabilidade de provocar desligamento nesta categoria. Logo, VISACRO (2007)
aborda três tipos básicos de ruptura causadas pelas incidências diretas das
descargas atmosféricas nas LT:

I. Rompimento do isolamento por incidência de descargas atmosféricas nos


cabos de isolamento, conhecido também como Backflashover;
II. Rompimento do isolamento por incidência de descargas atmosféricas
diretamente nos cabos condutores ou Flashover;
43

III. Rompimento a meio de vão por incidência de descargas em cabos de guarda;

Logo, a incidência direta de uma descarga atmosférica sobre uma linha de


transmissão resulta, portanto, em uma falta. Esta falta é definida por uma falha no
isolamento ocorrido pela sobretensão na linha causada pelo do raio. Esta mesma
falta está relacionada a um curto circuito, e sua corrente está relacionada a
impedância do sistema entre o gerador e a falta, sendo que esta corrente pode
apresentar um valor muito elevado em comparação com a corrente normal de
operação do sistema. Essa corrente corre por muito tempo pelo sistema pode causar
problemas térmicos e mecânicos aos equipamentos por onde passa, principalmente
se essa corrente passar por um longo tempo (MELO, 2016).

7.4.2 Backflashover

Backflashover é a ruptura do isolamento de uma linha provocada pela


sobretensão resultante na cadeia de isoladores decorrente da incidência direta de
descargas no cabo de guarda ou na torre (CUNHA, 2010). Na representação
ilustrada a seguir (figura##), de uma linha de transmissão trifásica, há nessa
estrutura dois cabos de guarda (blindagem) e a indicação de uma descarga tocando
diretamente neles.
Os cabos posicionados sobre os condutores de fase tem como objetivo,
segundo uma configuração geométrica, assegurar a interceptação das descargas,
que na ausência dos mesmos poderiam incidir diretamente sobre os condutores das
fases (BROWN, 1978). Logo, os cabos de guarda (blindagem) estão ligados ao solo
em cada uma das torres, seja por conexão elétrica ou cabos aterrados, direcionando
a corrente das descargas para o solo.
44

Figura 14: Ruptura de isolamento por backflashover.

Fonte:

Segundo o mesmo autor, os cabos de guarda que protegem as linhas são


usados com objetivo de evitar o contato direto da descarga atmosférica nos
condutores de fase e para conduzir a corrente de descargas continuas até as
estrutura aterrada da torre. Logo, o autor citado também acrescenta, que ao ocorrer
um raio sobre a linha, a corrente de descarga e a sobretensão associada viajam
sobre os cabo de guarda até chegar na primeira torre aterrada e as ondas ficam
dispersadas, ou seja, uma parte da carga elétrica do raio corre sobre o cabo de
guarda e outra desce em direção ao solo pelas torres de transmissão.

Figura 15: Incidencia do raio sobre o cabo condutor.

Fonte:

Quando a onda de sobretensão atinge o solo, ela é submetida a uma reflexão,


devido a descontinuidade da impedância de surto da torre com a impedância de
45

aterramento, e se a impedância não for muito reduzida, a amplitude da onda de


sobretensão resultante no topo da torre pode ser muito elevada (CUNHA, 2010)
Logo, é importante lembrar que a intensidade das sobretensões não são
afetadas significamente pela magnitude da tensão na linha. O backflashover é o
responsável pelos desligamentos frequentes não-programados em linhas de
transmissão pelas descargas atmosféricas, a maior parte dos esforços para a
melhoria de desempenho de linhas são direcionados para esse tipo de mecanismo.

7.4.3 Flashover

O flashover é uma ruptura no isolamento de uma linha devido à incidência


direta de uma descarga atmosférica nos cabos condutores, seja por ausência de
cabos de blindagem ou por falha de blindagem, diferentemente do backflashover
que ocorre no cabo de guarda (CUNHA, 2010). Segundo o mesmo autor, a corrente
elétrica do raio, ao tocar diretamente nos condutores, divide-se em duas ondas de
corrente de amplitude aproximadamente iguais que viajam para cada lado do cabo
condutor a partir do local da queda do raio. As correntes geram ondas de
sobretensão com amplitudes iguais ao seu produto pela impedância de surto da
linha.
Logo, as correntes (I) geram ondas de sobretensões com amplitudes iguais
ao seu produto pela impedância de surto (Zs) da linha, V = Zs.I. Para ondas
impulsivas rápidas, como normalmente são caracterizadas as ondas de descargas, a
impedância de onda se aproxima da impedância de surto da linha Zs = L /C
(VISACRO, 2005) sendo L e C a indutância e capacitância por km da linha. E o
mesmo autor também acrescenta, que a linha de transmissão pode ser representada
pela sua impedância, notada pela equação a seguir:

(Eq 7.4.3)

Na equação acima, R, L, C e G representam respectivamente os parâmetros


por unidade de comprimento da linha, sendo elas: reatância, indutância,
capacitância e condutância. Na propagação de ondas impulsivas rápidas ou de alta
46

frequência em linhas aéreas, a impedância de onda se aproxima da impedância de


surto da linha, caracterizado pela equação a seguir: Z s [Zs = (L/C) ½].
Nesta ocasião, a sobretensão nos condutores que pode ser maior que o que
os isoladores podem suportar, provocando uma falha no isolamento da primeira
estrutura aterrada que as ondas de surto atingem, ocorrendo também um curto-
circuito entre fase terra (MENDES, 2010)

Figura 16: Incidência do raio sobre o cabo condutor.

Fonte:

Contudo, quando o raio atinge a primeira torre aterrada, a cadeia de


isoladores ali presente suportam a onda de tensão e a onda da corrente do surto. A
sobretensão na grande maioria é capaz de provocar uma falha no isolamento
podendo originar um curto circuito entre a fase e a terra (CUNHA, 2010). Os cabos
de guarda, conhecidos também como cabos para-raios, é o equipamento mais eficaz
de prevenção sobre o flashover e seu uso em linhas de transmissão, no Brasil, é
bastante comum. Segundo o mesmo autor, o afirma que mesmo com a aplicação
dos cabos para raios, ainda podem acontecer os desligamentos por falha de
isolação, devido à ocorrência de descargas de baixa amplitude de corrente, mas
47

capazes de gerar uma sobretensão suficiente para exceder a capacidade do


isolamento.
Visto, estes dois fenômenos que ocorrem sobre as linhas de transmissão
desencadeado por uma descarga atmosférica, é certo concordar que a
suportabilidade dos isolamentos definida para uma determinada linha é projetada
pensando-se na operação em regimes permanente ou transitório. A ruptura do
isolamento é um dos principais eventos que ocorrem quando acontece um
backflashover ou flashover, e depende de três fatores seguintes (IEEE, 1997):

I. Características da sobretensão resultante da corrente da descarga como


amplitude, forma de onda e polaridade;
II. Tensão instantânea na linha no momento da incidência da descarga;
III. A confiabilidade da cadeia de isoladores;

De acordo com VISACRO (2005), o modelo do quadro a seguir, refere-se ao


significado de raio de atração, que seria a distância estimada a partir da qual
acontecerá um eventual fechamento do percurso entre o canal descendente do raio
e o raio ascendente que é originado pela torre. O (Ra) seria a quantidade deste raio
de atração, considerando esta a partir de modelos de incidência. O (Ra) será
dependente do valor de pico da corrente (Ip). Na tabela 1 a seguir é mostrado duas
equações para se calcular o 𝑅𝑎, uma com referência a ABNT NBR-5419 e outra pelo
autor Eriksson (1987):
Figura 17: Calculo para o raio de atração.

Fonte: Adaptado (Cunha, 2010)

Logo:

I. 𝑅𝑎 = raio de atração;
48

II. H = altura da torre;


III. Ip = corrente de pico.

Por fim, CUNHA (2010) conclui que o raio de atração do cabo de guarda na
torre em relação as descargas com correntes de baixa intensidade é muito pequeno
em relação àquele das descargas de maior intensidade, o que aumenta as chances
de exposição dos cabos condutores à incidência direta de descargas menos
intensas.

7.4.3 Ruptura a meio de vão

Para que ocorra uma ruptura a meio de vão é preciso que o valor de pico da
onda de sobretensão no isolamento do ar entre o cabo de blindagem e a fase seja
capaz de causar um campo elétrico médio maior do que 623 kV/m (CUNHA 2010,
apud EPRI, 1982).
De acordo com CUNHA (2010), conforme citado por EPRI (2004), este
fenômeno não é muito comum de acontecer sobre as redes elétricas normais, logo,
este ocorrem, ou tornam-se mais prováveis, em casos onde o espaçamento entre os
condutores de fase e a blindagem são reduzidos, menor que 300m. Geralmente, em
linhas de Extra-Alta-Tensão, por terem os vãos muito longos, quando um raio atinge
a linha no meio do vão no cabo para raios, ela divide-se em duas partes de
amplitudes relativamente iguais que viajam até a torre aterrada mais próxima,
semelhantemente a um backflashover.

Figura 18: Efeito da ruptura a meio de vão.


49

Adaptado, Silva (2018)

Até a chegada da onda refletida, a onda incidente prevalece e a sobretensão


pode atingir valores elevados, dependendo do tempo de frente da onda. Se este
valor for reduzido, CUNHA (2010) afirma que a amplitude das sobretensões
desenvolvidas no ponto onde o raio caiu, em relação a outros pontos ao longo da
linha, podem ser relativamente mais alta, e sua intensidade podendo chegar a ser
três vezes maior do que o valor obtido se a descarga fosse no topo da torre (apud
Soares Jr. et al. 2005).
De certo, outros autores consideram este evento como um backflashover,
pois há algumas particularidades desse efeito em relação ao que ocorre na cadeia
de isoladores juntamente com a torre e, normalmente, a tensão sobre resultante é
definida pela diferença de amplitudes das ondas de sobre tensão no ponto de
incidência e nas fases mais próximas. Logo, existe uma probabilidade de ocorrência
de ruptura a meio de vão em relação a outros tipos de desligamento é da ordem de
1 a 5% para linhas de extra-alta tensão (UDO, 1997).

8.0 ANÁLISE DOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO DA LT EM


FRENTE ÁS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Pode-se observar durante todo estre trabalho que as D.A’s proporcionam


significativamente um perigo de risco ás linhas de transmissão em sua normalidade
e tornando a energia elétrica ineficiente. Dentro de suas características restritas e
com maior escala de corrente e velocidade, faz-se com que este fenômeno ofereça
um risco á equipamentos do Sistema Elétrico de Potência (SEP) bem como ao
consumidor final ou a qualquer outra entidade consumidora de energia elétrica.
É certo que o desempenho de uma linha de transmissão diretamente a
descargas atmosféricas está relacionado ao número de desligamentos decorrentes
dos diversos tipos de solicitações por descargas atmosféricas (PINTO, 2015). Certo
de que o aumento desse desempenho reflete na diminuição da ocorrência destes
desligamentos. Contudo, existem termos técnicos sobre as melhorias de
desempenho para as LT’s, com o uso dos cabos para-raios, o aumento da cadeia de
isoladores, melhoria do aterramento e o uso de para raios.
50

Contudo, neste capítulo apresenta uma análise a respeito da proteção das


linhas de transmissão sobre as indecências das descargas atmosféricas, logo,
considerando os efeitos mencionados anteriormente, e, também, será feita uma
apresentação mais explicada sobre os cabos de guarda, pois este é de certa forma,
a principal proteção de linhas de transmissão contra descargas atmosféricas e o seu
desempenho.
BARRETO (2016) nos assegura que os sistemas de proteção contra as
descargas atmosféricas nas linhas de transmissão, podem ser aplicados em novas
linhas, com a utilização de equipamentos para-raios, os para-raios de linha e
agrupamento dos aterramento, ou a hipótese de melhoria no desempenho de linhas
já instaladas, as quais possuem ou não cabos para-raios

8.1 Cabos de guarda

Em todo projeto de linha de transmissão, há um foco muito grande na


preocupação sobre o âmbito econômico, lembrando que a linha tem objetivo de
transportar energia conectada a dois pontos, de acordo com os requisitos solicitados
dos órgãos reguladores, tendo o menor custo possível. Contudo, os fatores como o
comprimento da linha, valores dos materiais, mão de obra, construção e isolação
pesam sobre neste início do projeto (MELO, 2016). Segundo o mesmo autor, a
descarga direta a um cabo condutor, tem uma grande chance de provocar uma falha
no isolamento, originando um arco entre a torre aterrada e a fase, desencadeando
assim um curto-circuito. Dessa forma, o mecanismo de proteção das linhas de
transmissão são os cabos de guarda, embora chamados de cabos para-raios.
Contudo, as descargas atmosféricas produzem os surtos de tensão que
chegam a centenas de kV nas redes aéreas de transmissão e distribuição,
obrigando a utilização de cabos-guarda ao longo das linhas de tensões mais
51

elevadas e para-raios a resistor não linear para a proteção de equipamentos


elétricos instalados nesses sistemas (MAMEDE, 2007)
Segundo BROWN (1978), afirma que cabos de blindagem são projetados
para barrar as descargas atmosféricas e conduzir a corrente até o solo através da
torre e dos cabos de aterramento, com o objetivo de diminuir a chance de acontecer
um flashover. De certo, a escolha do posicionamento desses cabos é definido pelo
ângulo de blindagem. Um dos modelos utilizados para cálculo do ângulo é o cálculo
eletrogeométrico, sendo que, porém, ainda há uma porcentagem alta de ocorrer
flashover por falha na blindagem
Segundo PEDROSA (2013), o método mais eficaz de prevenção, é a
instalação de cabos para-raios nas LTs, com o objetivo de melhorar o desempenho
das linhas de transmissão frente às descargas atmosféricas. Com a existência dessa
blindagem reduz o número de descargas que incidem sobre os condutores fases.
Logo, em função disso, a taxa de desligamentos reduz consideravelmente. O uso
dos cabos condutores não eliminam totalmente as chances de uma descarga
atmosférica incidir sobre a linha de fase, portanto MELO (2016) também afirma que
não elimina completamente as chances de um curto-circuito, causado pelo
backflashover. Porém, a proteção tem sua eficácia sobre as duas modalidades, logo
é a mais utilizada na maioria dos projetos de LT’s.
Os cabos de guarda reduz bastante as chances de ocorrência das descargas
sobre os condutores ou sobre as torres, de tal modo que esta é considerada uma
boa proteção e é grandemente usada, de confiabilidade estabelecida pela norma
IEEE Padrão 1243, norma técnica utilizada para melhorar a performance das linhas
de transmissão quanto às descargas atmosféricas.
52

Figura 19: Modelo de torre com instalação do cabo de guarda e sem cabo de guarda.

Fonte: Adaptado (COSTA SILVA, 2020)

Os cabos de guarda são instalados no topo das torres, acima dos condutores,
e tem como função assegurar a blindagem dos condutores contra descargas
atmosféricas. Normalmente são cabos de aço revestidos de alumínio, também
podem conter em seu núcleo um conjunto de fibras óticas (COSTA SILVA, 2020).
De modo que, o modelo dos cabos de guarda tem semelhanças com os
cabos condutores, porem estes tem secções circulares reduzidas em relação ao
tamanho do cabo condutor, que ficam instalados logo a baixo dos cabos de guarda
na linha de transmissão. Contudo, também, os cabos de guarda tem como objetivo
defender os cabos condutores das descargas atmosféricas para que não atinjam as
fases, direcionando elas para o solo (MELO, 2016). Segundo o mesmo autor, os
cabos de guarda contém 3 fatores de tamanha importância: o aterramento, o
material e a localização dos cabos. Pois os cabos devem ser resistente a força de
tração do seu próprio peso bruto e resistência a própria descarga elétrica.
Ao dá atenção para o aterramento do cabo de guarda, COSTA SILVA (2020)
afirma que esse procedimento é de suma importância para qualquer instalação que
envolva as torres de transmissão e esse sistema é constituído por hastes ou cabos
ligados propositalmente ao solo, sendo este instalado também nas torres de
transmissão. Segundo o mesmo autor, estes elementos, comumente, são
produzidos de aço galvanizado ou de aço banhado a cobre.
53

Logo, os cabos para-raios são cabos constituídos de aço galvanizado que têm
por função receber as descargas atmosféricas e conduzi-las para o solo, evitando a
causa de prejuízos, custos e interrupções na transmissão. Lembrando que estes
também, denominado cabo guarda, o cabo para-raios é um condutor conectado à
terra e colocado ao topo da torre com o objetivo de atrair para si descargas
atmosféricas que, na sua ausência, incidiriam diretamente nos condutores,
ocasionando sobretensões superiores àquelas que a LT suporta, diz BARRETO
(2016).
Logo, o aterramento é preso ao solo para que ocorra o escoamento das
correntes de surto, referente ao potencial nulo, ou seja, a ausência de tensão, que
ajuda para no caminho sem oferecer obstáculos à passagem da corrente. Logo, com
o aumento da tensão das linhas e com a altura das estruturas das torres, esse
ângulo deve ser reduzido para manter a proteção correta, conforme definido na
norma IEEE Padrão 1243.
Contudo, a ONS afirma que as estruturas de uma linha de transmissão,
deverão ser calculadas de acordo com a quantidade de cabos para-raios mínima
definida pelo seu “Procedimentos de Rede”, que está definida no Sub-módulo 2.4 de
modo a diminuir as chances de probabilidade na falha do cabo de guarda. Esse tipo
de falha é de característica causadas por uma descarga atmosférica sobre um dos
condutores, mesmo no caso da LT estar protegida com o cabo guarda. Embora uma
LT, segundo BARRETO (2016), deve ser projetada de maneira que essas
ocorrências sejam apenas para correntes de baixa intensidade, definida como a
mínima corrente necessária para acarretar uma sobretensão suficiente para causar
descargas disruptivas nos isoladores.

9.1.1 Os cabos pára-raios de qualquer tipo e formação devem


ter desempenho mecânico frente a descargas atmosféricas
igual ou superior ao do cabo de aço galvanizado EAR de
diâmetro 3/8”.
9.1.2 Todos os elementos sujeitos a descargas atmosféricas
diretas da superestrutura de suporte dos cabos condutores e
cabos (ONS – Sub-módulo 2.4).
54

MELO (2016), adiciona que os cabos de guarda podem servir também em


outra função, os chamados cabos OPGW, do Inglês Optical Fiber Composite
Overhead Ground Wire (Fio Terra Elevado de Fibra Óptica Composta), que
constituem-se em um cabo que contém um núcleo com fibras ópticas de
telecomunicações, envolvido por uma ou mais camadas de materiais condutores,
ressaltando que os cabos dessa configuração, isoladores com a resistência
disruptiva menor são instalados entre os cabos e as torres, não tendo alterações na
capacidade de proteção e nem de comunicação, e dessa forma, os cabos de guarda
podem praticar essas funções de proteção e comunicação.
BARRETO (2016) destaca também que os cabos OPGW são cabos para-
raios usados somente em LTs aéreas, logo são produzidas de modo a atender não
somente o objetivo de proteger as LTs contra descargas elétricas atmosféricas, mas
também colocar em seu interior as fibras ópticas com função de transmitir altas
taxas de dados, e permitir uma conexão de alta velocidade e qualidade de
transmissões de dados.
Contudo, para minimização das perdas por correntes induzidas, no caso de
LTs com dois cabos para-raios EHS, geralmente estes são aterrados apenas em
alguns trechos do circuito, enquanto que no caso dos cabos OPGW, faz-se
necessário aterrá-los em todas as torres (PIMENTA, 2006).
55

Figura 20: Interior do cabo OPGW

Fonte: Adaptado, MELO (2016).

8.2 Observações para a redução das incidências das


descargas atmosféricas nas LT

Para que as chances das incidências de raios nas linhas de transmissão


sejam baixas, é importante de início observar por onde a linha será construída,
observar se apresenta grande densidade de descargas atmosféricas e se há outro
caminho que contenha uma menor intensidade. Um outro fator importante a ser
observado é o efeito da rota, pois existem diferentes topologias, como a altura das
montanhas, proximidade a corrente de agua que podem levar as linhas a diferentes
níveis de exposição aos raios (MELO, 2016).
Segundo o mesmo autor, (apoud, FUCHS 1977) afirma que a altura da
estrutura também é um fator importante a considerar, entretanto em ambientes que
permitam a utilização de estruturas de menor porte devem ser a prioridade do
porjeto. E por fim, o ambiente ao redor também deve ser observado, de modo que
objetos de grande porte nas proximidades das linhas, como árvores e o próprio
relevo, podem atrair as descargas e evitando que essas atinjam a linha de
transmissão.
Portanto, GIAROLA (2016) assegura que os o uso de para-raios nas
estruturas das linhas é de suma necessidade, logo são instaladas em paralelo com a
cadeia de isoladores e possuem propriedades não lineares, que fornecem um
caminho de baixa impedância para as correntes de falta e limitam os níveis de
sobretensão transitórias que se estabelecem nos terminais das cadeias dos
isoladores. Segundo o mesmo autor, com a ausência dos para-raios, as
56

sobretensões que possam danificar os equipamentos elétricos, podem causar o


rompimento dielétrico e trazer danos às instalações, além de danos pessoais e ao
meio ambiente.
E por fim, COSTA SILVA (2020) afirma que a aplicação de para-raios em
linhas de transmissão tem como objetivo principal reduzir o número de
desligamentos inesperados, tendo como causa as descargas atmosféricas, seja
descargas diretas quanto indiretas, logo, conduzirá a corrente de surto cuja
amplitude depende da amplitude e da forma da corrente de descarga, da impedância
transitória do sistema de aterramento e da impedância dos cabos de guarda,
retornando às condições normais de operação após a passagem do surto, cuja
duração máxima é da ordem de centenas de micro segundos.

8.3 Observações para a redução dos efeitos das descargas


atmosféricas nas LT

Para que os efeitos das descargas atmosféricas sobre as LT’s sejam


reduzidos, MELO (2016) cita a norma IEEE Padrão 1243 assegurando que esta
apresenta um conjunto de estudos e conclusões, como as escolhas que devem ser
tomadas para a redução de custos e perdas financeiras ocasionadas pelas DA’s.
Portanto, as linhas de transmissão, ao serem atingidas por uma descarga, o
equipamento a ser usado para evitar danos a rede é o cabo de guarda, logo após
dependendo da intensidade da mesma, tem-se a ação dos isoladores, logo estes
tem um grande risco de serem comprometidos pela ação do raio.
CUNHA (2010) mostra que podem ser feitas algumas ações preventivas para
reduzir a perda de isolamento, no caso são: a ação de aves, impedir o seu
deslocamento sobre as cadeias de isoladores através de dispositivos especiais; em
situações de vandalismo, instalar isoladores poliméricos no lugar de cadeias de
isoladores de vidro; e caso houver a poluição intensa aplicar revestimento
polimérico, aumentar a distância de isolamento da cadeia.
Segundo o mesmo autor, acrescente que a intervenção do tipo de solo no
desempenho de linhas está diretamente ligada ao valor da sua resistividade, logo,
dentro de certas condições, possui uma relação quase linear com o valor da
impedância impulsiva de aterramento. Portanto, VISACRO (2002) explica que
algumas peculiaridades do solo influenciam diretamente no valor da sua
57

resistividade são: tipo, umidade, concentração e tipos de sais dissolvidos na água,


compacidade, granulometria, temperatura e estrutura geológica.
De certo, é importante observar as características do solo, pois os valores
elevados de resistividade faz com que seja mais difícil atingir valor de impedância
impulsiva de aterramento suficientemente reduzido para o fenômeno do
backflashover (evento citado no capítulo anterior). Contudo, é necessário dar
atenção ao aterramento, já antes visto que sua função é transportar a corrente do
impulso atmosférico. Para que os raios que atingem a estrutura ou os cabos de
guarda sejam corretamente dissipados é importante que o aterramento apresente o
caminho mais adequado para este (MELO, 2016).

Figura 21: Tipos de aterramentos de uma LT.

Fonte: Adaptado de Silva (2018)

De acordo com LUCAS SILVA (2018) os suportes de uma linha de


transmissão, devem ser aterrados de modo que porra ter a resistência do
aterramento compatível com o desempenho esperado, priorizando a segurança da
torre e de terceiros. Logo, o aterramento não deve atrapalhar as outras instalações
existentes, nem com atividades desenvolvidas dentro de sua faixa de servidão e de
segurança ada linha. No entanto, o cabo que deve ser utilizado precisa ser de alta
resistência mecânica e um bom tratamento contra a corrosão, devido a isso, os
cabos utilizados nas LT’s é os cabos de aço galvanizado ou aço cobrado.
58

Dependendo do valor da impedância impulsiva, caso este seja alto, pode


acontecer um grande fenômeno de backflashover na LT, porém de acordo com
CUNHA (2010) esse impacto pode se a chegar semelhantemente na ruptura a meio
de vão e nos flashover.

9. CUSTOS E PERDAS

Ao considerar uma análise técnica na área financeira, baseada nos prejuízos


que abrange as incidências das descargas atmosféricas sobre as LT’s, é possível
observar que são adotadas algumas normas e protocolos previstos pelos órgãos
reguladores do sistema elétrico brasileiro, logo estes que regem a operação e
fiscalização da rede de transmissão. Logo, é de suma importância ter uma análise
financeira, pois nesse setor o balanço de possíveis penalidades que possam ser
aplicadas. Nesse contexto, faz-se necessário conhecer os requisitos mínimos de
operação impostos pelos órgãos que regem o sistema elétrico.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é um órgão sob restrições
especiais, unido ao Ministério de Minas e Energia, que tem como função fiscalizar a
qualidade da energia elétrica do país, dentre elas, existe uma norma de número 63,
data de 12/05/2004, onde aprova procedimentos para regular a imposição de
penalidades aos concessionários, permissionários, autorizados e demais agentes de
instalações e serviços de energia elétrica, bem como às entidades responsáveis
pela operação do sistema, pela comercialização de energia elétrica e pela gestão de
recursos provenientes de encargos setoriais.
Portanto, na mesma norma, no Art. 5º Constitui infração, sujeita à imposição
da penalidade de multa do Grupo II: deixar de apurar ou de registrar,
separadamente, os investimentos, as receitas e os custos por produção,
transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica. Logo, deixar de
registrar ou de analisar as ocorrências nos seus sistemas de transmissão e/ou
geração também torna-se ima infração com a penalidade em multa.
59

9.1 Custos e perdas causadas pelas descargas


atmosféricas

Além dos custo com o projeto da LT, mão de obra especializada, aluguéis de
equipamentos e documentações, a questão financeira em relação a perdas, está
relacionada aos materiais tanto já instalados ou não, devido à deriva em meio a
natureza, podem ocorrer a danificação dos componentes, sejam por desgaste
natura, fenômenos da natureza e/ou ações humanas. Como mencionado acima, as
perdas causadas pelas descargas atmosféricas podem ser bem graves, já que todos
os componentes de compõe o sistema elétrico brasileiro estão sujeitos a isso.
Em alguns casos raros, dependendo da localização da linha, algumas
descargas atmosféricas podem facilmente chegar a ordem dos 400ka, e estes ao
atingirem um componente da LT, podem ocasionar danos a estes e o mais comum
nesse cenário, é manter em observação os elementos desprotegidos,
despreparados ou os que ficam expostos as DA’s.

Figura 22: Isolador após ser danificado por uma descarga atmosférica.

Fonte: Adaptado, MELO (2016)


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Existe alguns componentes que são mais frágeis a este tipo de causa, os
próprios cabos de guarda podem ser danificados por uma descarga atmosférica,
com uma potência acima do seu limite de isolação, logo estes, geram mais custos a
empresa concessionaria desta linha, tendo uma ligeira probabilidade não só de uma
linha, em um só custo, mas levando em consideração o tamanho da rede de malha
que estão conectados no SIN.
Pode-se colocar nos cálculos de exemplo a quantidade de 10 raios sobre uma
linha em um determinado tempo de dias, com isso pode desencadear uma serie de
prejuízos financeiros as empresas, tanto da mesma categoria (linha de transmissão)
ou na rede de distribuição de media tensão ou baixa tensão, acarretaando um efeito
dominó, de modo que, o incidente tenha acontecido muito antes em uma LT de alta
tensão,
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), estima-se que
no Brasil 70% dos desligamentos na transmissão são causados por raios, sendo que
esses índices podem ser maiores em regiões de atividades ceráunicas mais
elevadas. Na COPEL (Companhia Paranaense de Energia), cerca de 3000
transformadores são queimados por raios todos os anos, o que representa 55% das
causas de avaria.

10. CONCLUSÃO

Contudo, foi de claro entendimento saber que as descargas atmosféricas não


é somente uma eletricidade que ocorre na atmosfera, ou uma corrente qualquer que
é gerada pela mesma. Como visto o início deste trabalho, ela pode acontecer em
determinadas condições meteorológicas e em números, um único raio pode
facilmente produzir uma potência de eletricidade de 100 milhões de volts, chegando
a atingir a temperatura de 20 mil graus Celsius.
O Sistema Elétrico de Potência (SEP), como visto antes, tem como função
gerar e transportar a eletricidade até o consumidor final. Dentro do âmbito deste
transporte, estão as linhas de transmissão conectadas a uma rede em malha, que
no Brasil tem-se o exemplo do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Do momento da geração da eletricidade, até a chegada dela ao consumidor final, os
projetistas tem que avaliar os riscos e promover a segurança da rede para que não
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haja faltas e nem surtos nas linhas. Logo, o fenômenos que causa mais prejuízos as
concessionárias de energia é as descargas atmosféricas.
Nos projetos bem elaborados das LT’s, as chances de um surto causado
pelas descargas, podem com facilidade correr sobre os cabos de guarda e serem
descarregadas para o aterramento da estrutura da torre. Visto isso, fica clara a
atenção a mais sobre as descargas nas linhas, Porém, se houver falhas no
dimensionamento dos cabos no projeto ou descargas de categoria maior que os
isoladores possam suportar, ao atingir os cabos de guarda ou a estrutura da torre,
podem causar falha no isolamento resultando em danos na própria estrutura (ou na
cadeia de isoladores) e curto-circuito, acarretando ainda em causar ruptura dos
cabos de guarda e danos a torre.
Embora esses fenômenos são mais frequentes em linhas de transmissão
aéreas, devido à altura das torres e a localização geográfica da linha, pois de acordo
o fenômeno conhecido como “poder das pontas”, onde diz que em um condutor
carregado, devido à repulsão coulombiana (uma propriedade dos condutores de
concentrar cargas elétricas em suas extremidades pontiagudas) e a alta mobilidade,
as cargas livres tendem a ficar o mais afastado possível uma das outras, e por isso
se distribuem apenas na superfície, se acumulando nas regiões mais pontiagudas, o
que torna o campo elétrico nessas regiões mais intenso, fazendo com que as torres
de linhas de transmissão sejam mais propensas aos raios.
Como visto antes no trabalho, existem as normas dos órgãos reguladores que
fiscalizam o uso dos materiais de proteção das linhas de transmissão contra as
descargas atmosféricas. Com o uso destas norma, terminam por satisfazer os
maiores níveis de segurança ao Sistema Elétrico de Potência (SEP), e a qualidade
de energia a ser transportadas pelas linhas de transmissão. Embora os
procedimentos melhorem o desempenho e a resistência das linhas, a eficácia da
proteção mas não chegam ao total da proteção prometida, isto devido as descargas
serem aleatórias e não somente de uma potência só. Com isso, pode-se continuar
havendo problemas com esse fenômeno, mesmo que a linha esteja assegurada com
as mais proteções disponíveis no mercado.
Portando, é de suma importância que as estruturas tenham a sua proteção a
mais eficiente possível, caso contrário, logo que uma descarga atmosférica atingir a
estrutura ou a linha, se não houver a blindagem necessária, os cabos de guarda
dimensionados de acordo com as normas dos órgãos reguladores, poderá haver
62

uma falta de energia na rede ocasionando também uma falha nos isoladores,
gerando danos materiais, causando problemas no fornecimento de energia e
consequentemente prejuízos financeiros.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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