DOSSIÊ DO PROFESSOR págin@as 10

FICHAS DE AVALIAÇÃO

PROPOSTAS DE RESOLUÇÃO

FICHAS DE AVALIAÇÃO DE EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Ficha 3 – Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira e Auto da Feira

1. Os dois excertos apresentam as falas de personagens
masculinas acerca da relação entre marido e mulher no
casamento.
A personagem Escudeiro da farsa está a dirigir-se à sua
mulher, realçando que, a partir do momento do
casamento, tudo será diferente na relação entre os dois.
As personagens do auto dialogam sobre as respetivas
esposas, cada um queixando-se dos seus defeitos.
Na verdade, os dois excertos abordam o mesmo tema,
mas apresentam assuntos diferentes.
2. Este momento constitui uma mudança no rumo dos
acontecimentos da farsa, pois o Escudeiro, após o
casamento, altera radicalmente a sua atitude galante face
à esposa (“Vós não haveis de mandar / em casa somente
um pelo”), fechando-a em casa ao cuidado do Moço e
partindo para se fazer cavaleiro (“Moço às partes d’além /
Vou-me fazer cavaleiro”).
Na verdade, a jovem que se casa com o Escudeiro é
enganada, pois esperava um casamento feliz com um
marido galante, mas vai ficar trancada em casa enquanto
ele vai partir.
Em suma, o casamento revela-se dececionante para a
jovem, cujo marido, depois de casado, se tornou numa
pessoa autoritária, diferente daquela que a seduzira.
B. Gil Vicente analisou a sociedade quinhentista, dando-a a
conhecer, através de uma vasta obra. A pedido do rei,
escreveu autos e farsas que divertiram e moralizaram a
corte portuguesa.
Assim, os textos deste dramaturgo refletem a mudança
das mentalidades desde a Idade Média ao Renascimento.
As transformações económicas, sociais e políticas
levaram a uma crise de valores, sendo a corrupção, a
exploração do povo e a falta de devoção visadas através
da crítica mordaz, em obras religiosas e profanas, nas
quais ninguém foi poupado, desde o rei ao clero,
passando pelo povo.
Na Farsa de Inês Pereira, retratou o quotidiano medieval,
a crise do casamento e o conflito de gerações. Ao lado de
personagens-tipo, desenhou uma jovem casadoira, que
ultrapassa a sua condição de representante das jovens
medievais desejosas de se libertarem da sua condição
subalterna de obediência às mães.
OU
No Auto da Feira, o dramaturgo apresenta uma crítica
bastante abrangente e propõe uma moralização de
costumes. Deste modo, o poder papal é criticado, mas as
atitudes materialistas do povo também são visadas. A
exaltação da vida simples que o auto preconiza abrange
toda a sociedade quinhentista.

3. O excerto do Auto da Feira apresenta uma cena, numa

feira, com dois homens a falarem das respetivas esposas.
A insatisfação dos maridos relativamente às mulheres
evidencia que o homem, em geral, é sempre um ser
insatisfeito e que, muitas vezes, só quer o que não tem
(”Juro-t’eu que mais val isso / Cincoenta vezes qu’ela. / A
minha te digo eu”.
Na verdade, o diálogo entre os dois populares ridiculariza
a atitude destes homens face às respetivas esposas, uma
vez que fica evidente que o que um quer o outro tem e o
que um critica o outro deseja.

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