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PARECER JURÍDICO

A Senhora Caroline Almeida de Lima

EMENTA: PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS.


FIXAÇÃO DE GUARDA UNILATERAL. FIXAÇÃO
DE VISÍTAS. DIVÓRCIO. REGULARIZAÇÃO DE
AUTOMOVEL. ALTERAÇÃO DO SOBRENOME.

I – RELATÓRIO

Trata-se de um pedido da assistida, visando o divórcio, a


fixação da guarda unilateral, a fixação de visitas por parte do genitor a cada 15
(quinze) dias, a prestação de alimentos, a alteração em seus documentos para
que volte a utilizar seu nome de solteira e a regularização de automóvel.

A assistida informa, ter um relacionamento conturbado com o


genitor de seu filho, ambos não estão mais vivendo juntos um relacionamento
amoroso, motivo dentre outros pelo qual, busca o divórcio.

Conforme apresentado em documentos anexos, a assistida


demonstra em extratos bancários e em documentos como contrato de aluguel
seus ganhos e gastos mensais. A assistida vive com seu filho e atualmente é
responsável por arcar com todas as despesas de sua residência além do
mínimo existencial para a sobrevivência de ambos. Ocorre que, a assistida
trabalha de forma autônoma e recebe um benefício assistencial do Governo
Federal, que juntos não são capazes de satisfazer todas as despesas.

Diante disto, percebe-se que seus ganhos mensais não são


suficientes para garantir o mínimo existencial a seu filho, além de que, sua
renda está comprometida, já que arca com todos os custos sozinha.

Ainda, a assistida informa possuir um automóvel em seu nome


que se encontra em posse do genitor de seu filho, ocorre que ele está
produzindo diversas infrações de trânsito e as multas referentes a estas
infrações, chegam para a assistida pagar. A mesma, informa que está em
posse de um carro que está no nome de seu ex-marido. Portanto, entende-se
que é medida de rigor a troca de posses dos automóveis, além de que o genitor
de seu filho, arque com os valores das multas que produziu.

Diante desta situação, à qual se encontra, é devidamente


cabível, o pedido condenatório de prestação de alimentos, e todas as demais
demandas, sendo passível a interposição de reclamação pré processual a fim
de sanar todas as demandas de forma consensual.

Destarte, caso o pedido seja rejeitado pela parte oposta e não


houver acordo entre ambos, ainda assim, é possível a interposição de ação
judicial para que ocorra a fixação do divórcio c.c fixação da guarda unilateral,
visitas, alteração de nome e a regularização do automóvel. Baseando-se nos
fatos e direitos que passa a expor;

II – FUNDAMENTAÇÃO
Analisado o caso em questão, com fulcro no ordenamento
jurídico vigente, ressalto que o pleito da assistida é justificável, visando a falta
de pagamento das prestações alimentícias a seu filho menor, que por lei possui
o direito de receber o pagamento, para que possa ter uma vida digna. É como
prevê o artigo 1694 do Código Civil.

Nesta mesma esteira, o eminente Des. RICARDO OLIVEIRA:

“É cediço que a fixação da prestação alimentícia deve respeitar


o binômio necessidade/possibilidade. O arbitramento dos
alimentos não pode converter-se em gravame insuportável ao
alimentante nem mesmo em enriquecimento ilícito do
alimentado. Deve-se observar o equilíbrio entre a situação
financeira daquele que os presta e a real necessidade daquele
que recebe, conforme disposto no art. 1.694, § 1.º do Código
Civil, vejamos:

"Art. 1694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros


pedir uns aos outros alimentos de que necessitem para viver
de modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação.
§ 1.º Os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada."” (AC 0010.14.832131-7).

Além de que, quanto ao pedido de divórcio, no atual cenário do


direito brasileiro, se um dos cônjuges apenas, pleitear o direito ao divórcio, este
deverá ser reconhecido por ação judicial, do mesmo modo em que se pede a
alteração do nome de casada para o nome de solteira.

O artigo 1571, inciso IV, § 1°, nos apresenta o direito a extinção


do matrimonio e informa em quais ocasiões ele ocorre, garantindo aos
cônjuges a opção do divórcio, que pode se dar de maneira consensual ou de
maneira litigiosa.

Em que pese a fixação da guarda unilateral, o artigo 1584,


inciso I, do Código Civil, esclarece que a guarda pode ser unilateral ou
compartilhada e que está poderá ser fixada em audiência de conciliação em
mútuo consenso das partes ou não, na hipótese desta última, a guarda será
fixada pelo juiz.

Posteriormente a decisão que poderá vir tanto da audiência de


conciliação quanto pela sentença do juiz, é que será estabelecida a fixação das
visitas. A assistida propõe a possibilidade de o genitor visitar o filho menor a
cada 15 (quinze) com direito a pernoite, porém observa-se que nada foi
cogitado sobre o dia em que ocorreria a visitação, ponto este que não poderá
ser omisso, devendo ser esclarecido e oferecido a parte oposta para eventual
acordo ou não.

Em caso de negativa pela parte oposta, caberá ao juiz designar


a guarda e a fixação das visitas, nos quais ele atenderá aos critérios do artigo
1583, §2°, incisos I a III do Código Civil.

Reitero que para interpor ação judicial de pedido de guarda


unilateral é necessário um conjunto probatório robusto a fim de demonstrar que
a outra parte não possui as melhores condições de quedar com a guarda do
menor.

Quanto a regularização dos automóveis, entende-se que, o


melhor caminho é a troca de posses dos automóveis, de modo que a assistida
passe a usufruir do bem que possui em seu nome. Ainda, a parte oposta
deverá ser responsável por arcar com as multas que produziu durante todo o
período em que estava em posse do veículo que está em nome da assistida.

Por fim, pontuo que perante os requisitos da hipossuficiência, a


assistida, possui plenos direitos de desfrutar da justiça gratuita, conforme
acariciado em documentos probatórios apresentados por esta e anexados em
sistema.

III- CONCLUSÃO

Situado pelos fatos expostos acima, é cabível ao Núcleo de


Prática Jurídica, atuar sobre o pleito da assistida, analisando a hipossuficiência,
o foro de domicílio, além da materialidade do presente caso.

O menor representado por sua genitora, não pode ser


responsabilizado pela falta de cumprimento de seu genitor, devido a falta de
fixação legal, a respeito do direito de receber verbas alimentares, que fato, é
indiscutivelmente necessário para prover o mínimo existencial ao menor.

Ainda, o direito ao divórcio, a alteração de seu sobrenome, são


pleitos plausíveis observada a situação em que se encontra, a final, não há
mais vínculo amoroso entre as partes.
Quanto a fixação da guarda unilateral, da fixação das visitas e
da regularização do automóvel, os pleitos serão levados a tentativa de acordo
consensual. Em caso de negativa pela parte oposta, caber ao juiz responsável
pela ação decidir a respeito destes temas.

Concluo que, a atuação de representação, neste apresentado,


é cabível ao Núcleo de Prática Jurídica, haja vista que o direito a ser pleiteado
é legalmente garantido pelo ordenamento jurídico, o que nos traz a interposição
de peças processuais, visando garantir os direitos concedidos ao menor e a
assistida.

Bragança Paulista/SP, 05 de outubro de 2023.

Nome Completo
Coordenador-Adjunto do NPJ Bragança Paulista

Nome Completo do Advogado


OAB nº XXX.XXX-SP

Gabriel de Oliveira Gomes


RA: 001201907293
Estagiário de Direito do NPJ BP

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