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EM QUE CONSISTEM OS ESTUDOS DE ALCANCE EXPLORATÓRIO?

Propósito
Os estudos exploratórios são realizados quando o objetivo é examinar um tema ou um
problema de pesquisa pouco estudado, sobre o qual temos muitas dúvidas ou que não foi abordado
antes. Ou seja, quando a revisão da literatura revelou que existem apenas orientações não
pesquisadas e ideias vagamente re-lacionadas com o problema de estudo ou, ainda, se queremos
pesquisar sobre temas e áreas a par-tir de novas perspectivas. Esse seria o caso de pesquisas que
pretendessem analisar fenômenos desconhecidos ou novos:
uma doença surgida recentemente, uma catástrofe que ocorreu em um lugar onde nunca havia
acontecido algum desastre, preocupações suscitadas a partir da decifração do código genético hu-
mano e a clonagem de seres vivos, uma nova propriedade observada nos buracos negros do Univer-
so, o surgimento de um meio de comunicação totalmente inovador ou a visão de um fato histórico
modificada pela descoberta de evidência que antes não era evidente. O aumento da expectativa de
vida além dos 100 anos, a futura população que irá habitar a
Lua, o aquecimento global da Terra a níveis imprevistos, mudanças profundas na concepção do ca-
samento ou na ideologia de uma religião, seriam fatos que poderiam gerar uma grande quantidade
de pesquisas exploratórias. Os estudos exploratórios são como realizar uma viagem a um lugar
desconhecido, do qual não vimos nenhum documentário nem lemos algum livro, mas que tivemos
conhecimento porque alguém simplesmente fez um rápido comentário sobre o lugar. Ao chegar, não
sabemos quais atra-ções visitar, a quais museus ir, em quais lugares se come bem, como são as
pessoas; em outras pala-vras, não sabemos nada sobre o lugar. A primeira coisa que fazemos é
explorar: perguntar sobre o que fazer e aonde ir para o taxista ou o motorista do ônibus que irá nos
levar ao hotel em que fica-remos hospedados; além disso, devemos pedir informação ao
recepcionista, ao camareiro, ao aten-dente do bar do hotel, enfim, a todas as pessoas que
considerarmos simpáticas. Claro que, se não buscarmos informação e ela existir, perderemos a
oportunidade de economizar dinheiro e muito tempo. Assim, talvez vejamos algum espetáculo não
tão agradável e que exige muita “grana” e ao mesmo tempo deixamos de assistir a um espetáculo
fascinante e mais econômico; sem dúvida, no caso da pesquisa científica a revisão inadequada da
literatura traz consequências mais negativas do que a simples frustração de gastar em algo que,
pensando bem, não nos deu prazer.

Importância
Os estudos exploratórios servem para nos tornar familiarizados com fenômenos relativamente des-
conhecidos, obter informação sobre a possibilidade de realizar uma pesquisa mais completa rela-
cionada com um contexto particular, pesquisar novos problemas, identificar conceitos ou variáveis
promissoras, estabelecer prioridades para pesquisas futuras ou sugerir afirmações e postulados. Esse
tipo de estudos é comum na pesquisa, principalmente nas situações em que há pouca in-formação.
Esse foi o caso das primeiras pesquisas de Sigmund Freud, surgidas da ideia de que os problemas de
histeria estavam relacionados com as dificuldades sexuais; do mesmo modo, os estu-dos pioneiros
da AIDS, os experimentos iniciais de Iván Pavlov sobre os reflexos condicionados e as inibições, a
análise de conteúdo dos primeiros videoclipes, as pesquisas de Elton Mayo na fábrica Hawthorne da
companhia Western Eletric, os estudos sobre terrorismo após os atentados contra as Torres Gêmeas
de Nova York em 2001, entre outros acontecimentos. Todos foram realizados em di-ferentes épocas
e lugares, mas com um denominador comum: explorar algo pouco pesquisado ou desconhecido. Os
estudos exploratórios poucas vezes são um fim em si mesmo, eles geralmente determinam
tendências, identificam áreas, ambientes, contextos e situações de estudo, relações potenciais entre
variáveis; ou estabelecem o “tom” de pesquisas anteriores mais elaboradas e rigorosas. Essas
indaga-ções se caracterizam por serem mais flexíveis em seu método se comparadas com as
descritivas, cor-relacionais ou explicativas, e são mais amplas e dispersas. Elas também envolvem
um “risco” maior e exigem muita paciência, serenidade e receptividade do pesquisador.

EM QUE CONSISTEM OS ESTUDOS DE ALCANCE DESCRITIVO?

Propósito
ESTUDOS DESCRITIVOS Buscam especificar propriedades, caracte-rísticas e traços importantes
de qualquer fenômeno que analisar-mos. Descreve tendências de um grupo ou população.
Geralmente, a meta do pesquisador é descrever fenômenos, situações, contextos e eventos; ou seja,
detalhar como são e se manifestam. Os estudos descritivos buscam especificar as propriedades, as
características e os perfis de pessoas, grupos, comunidades, processos, objetos ou qualquer outro
fenômeno que se submeta a uma análise. Ou seja, pretendem uni-camente medir ou coletar
informação de maneira independente ou conjunta so-bre os conceitos ou as variáveis a que se
referem, isto é, seu objetivo não é indicar como estas se relacionam. Por exemplo, um pesquisador
organizacional que te-nha como objetivo descrever várias empresas industriais de Lima quanto a
sua complexidade, tecnologia, tamanho, centralização e capacidade de inovação mede essas
variáveis e com seus resultados descreverá:
1. quanto é a diferenciação horizontal (subdivisão das tarefas), a vertical (número de níveis
hie-rárquicos) e a espacial (número de áreas de trabalho), assim como o número de metas definidas
pelas empresas (complexidade);
2. quão automatizadas estão (tecnologia);
3. quantas pessoas trabalham nelas (tamanho);
4. quanta liberdade para tomar decisões têm os diferentes níveis e quantos deles podem
tomar decisões (centralização das decisões) e
5. em que medida os métodos de trabalho e o maquinário conseguem ser modernizados ou
passam por mudanças (capacidade de inovação).
Mas o pesquisador não pretende analisar com seu estudo se as empresas com tecnologia mais
automatizada são aquelas que tendem a ser as mais complexas (relacionar tecnologia com comple-
xidade) nem nos dizer se a capacidade de inovação é maior nas empresas menos centralizadas (cor-
relacionar capacidade de inovação com centralização). O mesmo ocorre com o psicólogo clínico
que tem como objetivo descrever a personalidade de um indivíduo. Ele se limitará a medi-la em
suas diferentes dimensões (hipocondria, depressão, histeria, masculinidade-feminilidade,
introversão social, etc.), para depois conseguir descrevê-la. Seu interesse não é analisar se maior
depressão está relacionada com maior introversão social; mas, se pretendesse estabelecer relações
entre dimensões ou associar a personalidade com a agressividade do indivíduo, seu estudo seria
basicamente correlacional e não descritivo.

Importância
Assim como os estudos exploratórios servem fundamentalmente para descobrir e pressupor, os es-
tudos descritivos são úteis para mostrar com precisão os ângulos ou dimensões de um fenômeno,
acontecimento, comunidade, contexto ou situação. Nesse tipo de estudos, o pesquisador deve ser
capaz de definir, ou pelo menos visualizar, o que
será medido (quais conceitos, variáveis, componentes, etc.) e sobre o que ou quem os dados serão
coletados (pessoas, grupos, comunidades, objetos, animais, fatos, etc.). Por exemplo, se vamos me-
dir variáveis em escolas, precisamos indicar quais tipos teremos de incluir (públicas, particulares,
administradas por religiosos, laicas, com determinada orientação pedagógica, de um gênero ou ou-
tro, mistas, etc.). Se vamos coletar dados sobre materiais pétreos, devemos indicar quais. A descri-
ção pode ser mais profunda ou menos profunda, mas em qualquer caso ela se baseia na medição de
um ou mais atributos do fenômeno de interesse
EM QUE CONSISTEM OS ESTUDOS DE ALCANCE CORRELACIONAL?
Os estudos correlacionais pretendem responder perguntas de pesquisa como as seguintes:
Será que a autoestima do paciente aumenta no decorrer de uma psico-terapia direcionada a ele? Será
que mais variedade e autonomia no trabalho sig-nifica mais motivação intrínseca em relação às
tarefas laborais? Será que na Bolsa de Valores de Buenos Aires há diferença entre o rendimento das
ações de empre-sas com muita tecnologia no setor de computadores e o rendimento das ações de
empresas que pertencem a outro setor com um nível tecnológico menor? Os trabalhadores rurais
que adotam mais rapidamente uma inovação têm atitudes mais cosmopolitas do que aqueles que a
adotam depois? A distância física entre o casal de namorados está relacionada de maneira negativa
com a satisfação na relação?

Propósito
Esse tipo de estudos tem como finalidade conhecer a relação ou o grau de associação
existente en-tre dois ou mais conceitos, categorias ou variáveis em um contexto específico. Às
vezes analisamos somente a relação entre duas variáveis, mas geralmente colocamos no es-tudo
relações entre três, quatro ou mais variáveis. Os estudos correlacionais, ao avaliar o grau de
associação entre duas ou mais variáveis, me-dem cada uma delas (supostamente relacionadas) e
depois quantificam e analisam o vínculo. Essas correlações se apoiam em hipóteses submetidas a
teste. Por exemplo, um pesquisador que queira analisar a associação entre a motivação para o
trabalho e a produtividade, digamos, em várias in-dústrias com mais de mil trabalhadores da cidade
de Santa Fé de Bogotá, Colômbia, iria mensurar a motivação e a produtividade de cada indivíduo
para depois analisar se os trabalhadores com maior motivação são ou não os mais produtivos. É
importante insistir que, na maioria dos casos, as mensurações das variáveis a serem correlacionadas
são provenientes dos mesmos participantes, pois não é comum que se correlacionem mensurações
de uma variável realizadas em certas pessoas com mensurações de outra variável realizadas em
pessoas diferentes. Assim, para estabelecer a rela-ção entre a motivação e a produtividade, não seria
válido correlacionar medições da motivação em trabalhadores colombianos com medições sobre a
produtividade em trabalhadores peruanos.

Utilidade
A principal utilidade dos estudos correlacionais é saber como pode se comportar um
conceito ou uma variável ao se conhecer o comportamento de outras variáveis vinculadas. Ou seja,
tentar pre-ver o valor aproximado que terá um grupo de indivíduos ou casos em uma variável a
partir do va-lor que têm na ou nas variáveis relacionadas. Um exemplo que talvez seja simples, mas
que ajuda a compreender o propósito da previsão nos estudos correlacionais, seria associar o tempo
dedicado a estudar para uma prova com a nota obtida nela. Assim, em um grupo de estudantes
medimos quanto cada um se dedica a estudar para a prova e também obtemos suas notas (medições
da outra variável); posteriormente determinamos se as duas variáveis estão relacionadas, e isso
significa que uma varia quando a outra também o faz. A correlação pode ser positiva ou negativa.
Se for positiva, significa que alunos com valores elevados em uma variável também tenderão a
mostrar valores elevados na outra variável. Por exem-plo, aqueles que estudaram mais tempo para a
prova tenderiam a obter uma nota mais alta. Se for negativa, significa que os sujeitos com valores
elevados em uma variável tenderão a mostrar valores baixos na outra. Por exemplo, aqueles que
estudaram mais tempo para a prova de estatística tende-riam a obter uma nota mais baixa. Se não
houver correlação entre as variáveis, isso pode indicar que estas oscilam sem seguir um padrão
sistemático entre si. Desse modo, haverá estudantes que têm valores elevados em uma das duas
variáveis e baixo na outra, sujeitos que têm valores elevados em uma variável e elevados na ou-tra,
alunos com valores baixos em uma e baixos na outra e estudantes com valores médios nas duas
variáveis. No exemplo mencionado, haverá aqueles que dedicam muito tempo estudando para a
prova e obtêm notas elevadas, mas também aqueles que dedicam muito tempo e obtêm notas bai-
xas; outros que dedicam pouco tempo e tiram boas notas, mas também aqueles que dedicam pou-co
tempo e vão mal na prova. Se duas variáveis estão correlacionadas e conhecemos a dimensão da
associação, temos base para prever, com maior ou menor exatidão, o valor aproximado que terá um
grupo de pessoas em uma variável ao sabermos que valor tem na outra. Os estudos correlacionais se
distinguem dos descritivos principalmente no fato de que, en-quanto estes últimos se centram em
medir com precisão as variáveis individuais (algumas das quais podem ser medidas de maneira
independente em uma só pesquisa), os primeiros avaliam, com a maior exatidão possível, o grau do
vínculo entre duas ou mais variáveis, sendo possível incluir vá-rios pares de avaliações desse tipo
em uma só pesquisa (normalmente se inclui mais de uma corre-lação). Para compreender essa
diferença, vamos apresentar um exemplo simples.

Exemplo
Vamos supor que um psicanalista tem como pacientes um casal, Ana e Luís. Pode falar sobre eles de
maneira individual e independente; ou seja, comentar como é Ana (fisicamente, quanto à sua
personalidade, predileções, motivações, etc.) e como é Luís; ou, ainda, falar sobre seu
relacionamento: como eles se tra-tam e percebem seu casamento, quanto tempo eles passam juntos
diariamente, quais atividades comparti-lham e outros aspectos similares. No primeiro caso, a
descrição é individual (se Ana e Luís fossem as variáveis, os comentários do analista seriam o
produto de um estudo descritivo de ambos os cônjuges), enquanto no segundo o enfoque é
relacional (o interesse primordial é a relação matrimonial de Ana e Luís). Então, em um mesmo
estudo podemos ter interesse tanto em descrever os conceitos e as variáveis de maneira individual
como a relação que têm.

Importância
A pesquisa correlacional, de alguma forma, tem um valor explicativo, embora parcial, pois o fato de
saber que dois conceitos ou variáveis se relacionam contribui para que se tenha alguma informação
explicativa. Por exemplo, se a aquisição de vocabulário por um grupo de crianças de certa idade
(va-mos dizer entre 3 e 5 anos) está relacionada com a exposição a um programa educativo de
televisão, esse fato consegue proporcionar algum grau de explicação sobre como as crianças
adquirem alguns conceitos. Do mesmo modo, se a semelhança de valores em casais de certas
comunidades indígenas guatemaltecas está relacionada com a probabilidade de que se casem, essa
informação nos ajuda a explicar por que alguns desses casais se casam e outros não. Não há dúvida
de que a explicação é parcial, pois existem outros fatores relacionados com a aquisição de conceitos
e a decisão de se casar. Quanto maior for o número de variáveis que se associam no estudo e maior
for a intensidade das relações, mais completa será a explicação. No exemplo sobre a decisão de se
casar, se descobrirmos que, além da semelhança, as variáveis também estão relaciona-das a tempo
para se conhecerem, vínculo das famílias dos noivos, ocupação do noivo, atrativo físico e
conservadorismo, então o grau de explicação para a decisão de se casar será maior. Além disso, se
acrescentarmos mais variáveis relacionadas com tal decisão, a explicação se tornará mais completa.

Riscos: correlações espúrias (falsas)


Às vezes, duas variáveis podem estar aparentemente relacionadas, mas na realidade isso pode não
ser bem assim. No âmbito da pesquisa, isso é conhecido como correlação espúria. Vamos supor que
rea-lizamos uma pesquisa com crianças, cujas idades oscilam entre 8 e 12 anos, com o propósito de
anali-sar quais variáveis estão relacionadas com a inteligência e esta fosse medida com algum teste
de QI. Vamos supor, também, que aparece a seguinte tendência: para maior estatura maior inteligên-
cia; ou seja, que as crianças fisicamente mais altas tenderam a obter uma nota maior no teste de in-
teligência em relação às crianças mais baixas. Esses resultados não teriam sentido. Não poderíamos
dizer que a estatura está correlacionada com a inteligência, embora os resultados do estudo assim o
indicassem. Isso acontece pelo seguinte: a maturidade está associada com as respostas para um teste
de inteli-gência. Assim, crianças de 12 anos (normalmente mais altas) desenvolveram maiores
habilidades cog-nitivas para responder o teste (compreensão, associação, retenção, etc.), do que as
crianças de 11 anos; estas, por sua vez, desenvolveram mais essas habilidades do que as de 10 anos,
e assim sucessivamente até chegar às crianças de 8 anos (normalmente as de menor estatura), que
possuem menos habilidades do que os demais para responder o teste de inteligência. Estamos diante
de uma correlação espúria, cuja
“explicação” não é só parcial, mas errônea; nesse caso, seria necessário realizar uma pesquisa em
um ní-vel explicativo para saber como e por que as variáveis estão supostamente relacionadas.

EM QUE CONSISTEM OS ESTUDOS DE ALCANCE EXPLICATIVO?

Propósito
Os estudos explicativos vão além da descrição de conceitos ou fenômenos ou do estabelecimento de
relações entre conceitos; ou seja, são responsáveis pelas causas dos eventos e fenômenos físicos ou
sociais. Como seu próprio nome diz, seu prin-cipal interesse é explicar por que um fenômeno ocorre
e em que condições ele se manifesta, ou por que duas ou mais variáveis estão relacionadas. Por
exemplo, mostrar as intenções do eleitorado é uma atividade descritiva
ESTUDOS EXPLICATIVOS Pretendem determinar as causas dos eventos, acontecimentos ou
fenômenos estudados.
(indicar, de acordo com uma pesquisa de opinião realizada antes da eleição, quantas pessoas “irão”
votar nos candidatos é um estudo descritivo), e relacionar essas intenções com conceitos como ida-
de e gênero dos votantes ou a extensão do esforço propagandístico realizado pelos partidos dos can-
didatos (estudo correlacional) é diferente de mostrar por que alguém poderia votar em determina-
dos candidatos e outras pessoas nos demais candidatos (estudo explicativo).2 Fazendo novamente
uma analogia com o exemplo do psicanalista e seus pacientes, no estudo explicativo é como se o
médico dissesse por quais razões Ana e Luís se tratam de tal maneira (não como se tratam, porque
isso corresponderia a um nível correlacional). Supondo que conduzissem “bem” seu casamento e a
relação fosse percebida por ambos como satisfatória, o médico iria explicar por que isso acontece
dessa maneira. Além disso, ele iria nos explicar por que realizam certas atividades e passam deter-
minado tempo juntos.

Exemplo
Diferenças entre um estudo de alcance explicativo, um descritivo e um correlacional
Os estudos explicativos responderiam perguntas como: Quais efeitos podem ter nos adolescentes
perua-nos, habitantes de zonas urbanas e com um nível socioeconômico elevado, o fato de verem
videoclipes com muito conteúdo sexual? A que se devem esses efeitos? Quais variáveis influenciam
os efeitos e de que maneira? Por que muitos adolescentes preferem ver videoclipes com muito
conteúdo sexual em vez de outros tipos de programas e videoclipes? Quais usos os adolescentes dão
ao conteúdo sexual dos videocli-pes? Quais gratificações têm pelo fato de se exporem aos
conteúdos sexuais dos videoclipes? Um estudo descritivo somente responderia perguntas como:
Quanto tempo esses adolescentes dedi-cam para ver videoclipes e principalmente vídeos com muito
conteúdo sexual? Em que medida eles têm interesse de ver esse tipo de vídeos? Em sua hierarquia
de preferência por certos conteúdos televisivos, que lugar ocupa os videoclipes? Eles preferem ver
videoclipes com alto, médio, baixo ou nenhum conteúdo sexual? Já um estudo correlacional
responderia perguntas do tipo: Será que a exposição a videoclipes com muito conteúdo sexual,
pelos adolescentes mencionados, está relacionada com o controle que seus pais exercem sobre a
escolha de programas feita pelos jovens? Para maior exposição dos adolescentes a video-clipes com
elevado conteúdo sexual, haverá uma maior manifestação de estratégias nas relações interpes-soais
para estabelecer contato sexual? Terão uma atitude mais favorável em relação ao aborto?
Grau de estruturação dos estudos explicativos
As pesquisas explicativas são mais estruturadas do que os estudos com os demais alcances e, de
fato, envolvem os propósitos destes (exploração, descrição e correlação ou associação), além de
propor-cionarem um sentido de entendimento do fenômeno a que fazem referência.

UMA MESMA PESQUISA PODE INCLUIR DIFERENTES ALCANCES?


Às vezes, uma pesquisa pode ser caracterizada como basicamente exploratória, descritiva, correla-
cional ou explicativa, mas não estar unicamente posicionada como tal. Isto é, ainda que um estudo
seja em essência exploratório ele irá conter elementos descritivos; ou, ainda, um estudo correlacio-
nal pode incluir componentes descritivos, e o mesmo acontece com os demais alcances. Também
devemos lembrar que uma pesquisa pode começar sendo exploratória ou descritiva
e depois ser correlacional e até mesmo explicativa. Um exemplo seria o de um pesquisador que
pensa realizar um estudo para determinar as ra-zões pelas quais certas pessoas (de um determinado
país) sonegam impostos. Seu objetivo inicial seria de caráter explicativo. No entanto, o pesquisador,
ao revisar a literatura, não encontra antece-dentes que se apliquem a seu contexto (as referências
tiveram sua origem em nações muito diferen-tes do ponto de vista socioeconômico, da legislação
fiscal, da mentalidade dos habitantes, etc.). En-tão, deve começar a explorar o fenômeno com
algumas entrevistas com as pessoas que trabalham no Ministério da Fazenda (ou seu equivalente),
com contribuintes (que pagam impostos) e com professores universitários que ministram aulas
sobre temas fiscais e, posteriormente, gerar dados sobre os níveis de sonegação de impostos. Mais
adiante, descreve o fenômeno com maior exatidão e o associa com diversas variáveis:
correlaciona grau de sonegação de impostos com nível de rendimentos (Aqueles que ganham mais
sonegam mais ou menos os impostos?), profissão (Existem diferenças no grau de sonegação de im-
postos entre médicos, engenheiros, advogados, comunicólogos, psicólogos, etc.?) e idade (Quanto
maior for a idade haverá menos sonegação de impostos?). Finalmente, consegue explicar por que as
pessoas sonegam impostos (causas da sonegação tributária) e quem sonega mais. O estudo começa
como exploratório, para depois ser descritivo, correlacional e explicativo
(ele não pode estar inserido apenas em algum dos tipos citados). A seguir, mostramos na Tabela 5.1
os objetivos e importância das diferentes pesquisas, uma
espécie de manual para o leitor.
DO QUE DEPENDE QUE UMA PESQUISA COMECE COMO EXPLORATÓRIA,
DESCRITIVA, CORRELACIONAL OU EXPLICATIVA?

Conforme já mencionamos, são dois os principais fatores que influem para que uma pesquisa co-
mece sendo exploratória, descritiva, correlacional ou explicativa:
a) o conhecimento atual sobre o tema de pesquisa revelado pela revisão da literatura; b) a
perspectiva que o pesquisador pretende dar a seu estudo.
O conhecimento atual sobre o tema de pesquisa Esse fator nos mostra quatro possibilidades de
influência. Primeiramente, a literatura pode revelar que não existem antecedentes sobre o tema em
questão ou que eles não são aplicáveis ao contexto no qual irá se desenvolver o estudo, então a
pesquisa deverá ser iniciada como exploratória. Se a li-teratura nos revela orientações ainda não
estudadas e ideias vagamente relacionadas com o proble-ma de pesquisa, então a situação é
semelhante, ou seja, o estudo começará sendo exploratório. Por exemplo, se o que pretendemos é
realizar uma pesquisa sobre o consumo de drogas em determina-das prisões e queremos saber: Até
que ponto isso acontece? Que tipos de droga são consumidos? E quais outras? A que se deve esse
consumo? Quem fornece os entorpecentes? Como ela entra nas pri-sões? Quem as distribui? etc.,
mas descobrimos que não existem antecedentes nem temos uma ideia clara e precisa sobre o
fenômeno, então o estudo começaria sendo exploratório. Em segundo lugar, a literatura pode nos
revelar que existem “partes e pedaços” de teorias com
apoio empírico moderado; ou seja, estudos descritivos que detectaram e definiram certas variáveis e
generalizações. Nesses casos nossa pesquisa pode começar sendo descritiva ou correlacional, pois
foram descobertas algumas variáveis nas quais podemos fundamentar o estudo. Também é possível
adicionar variáveis a serem medidas. Se a nossa intenção é descrever o uso que um grupo específi-
co de crianças faz da televisão, podemos encontrar pesquisas que sugerem variáveis a serem consi-
deradas: tempo que dedicam diariamente para ver televisão, conteúdos que veem mais, atividades
que realizam enquanto veem televisão, etc. A elas podemos acrescentar outras, como o controle dos
pais sobre o uso que as crianças fazem da televisão. O estudo será correlacional quando os antece-
dentes nos proporcionam generalizações que vinculam variáveis (hipóteses) sobre as quais traba-
lhar, por exemplo: quanto maior for o nível socioeconômico menos tempo será dedicado à atividade
de ver televisão. Em terceiro lugar, a literatura pode nos revelar que existe uma ou várias teorias que
podem ser
aplicadas ao nosso problema de pesquisa; nesses casos, o estudo pode começar sendo explicativo.
Se o que pretendemos é avaliar por que certos executivos estão mais motivados intrinsecamente
para o trabalho do que outros, quando revisamos a literatura podemos encontrar a teoria sobre a
relação entre as características do trabalho e a motivação intrínseca, que possui evidência empírica
de di-versos contextos. Então, começaríamos a pensar em realizar um estudo para explicar o
fenômeno em nosso contexto.
A perspectiva que daremos ao estudo
Por outro lado, o sentido ou perspectiva que o pesquisador der ao seu estudo irá determinar como
iniciá-lo. Se sua intenção é realizar uma pesquisa sobre um tema previamente estudado, mas quer
dar a ela um sentido diferente, então o estudo pode começar como exploratório. Nesse sentido, a li-
derança foi pesquisada em contextos e situações bem diversificadas (em organizações de diferentes
tamanhos e características, com trabalhadores da linha de produção, gerentes, supervisores, etc.; no
processo de ensino-aprendizagem; em diversos movimentos sociais de massa e muitos outros am-
bientes). As prisões como forma de organização também foram estudadas. No entanto, talvez al-
guém pretenda realizar uma pesquisa para analisar as características das mulheres líderes nas pri-
sões femininas da cidade de San José, na Costa Rica e também quais fatores permitem que exerçam
essa liderança. Nesse caso, o estudo começará como exploratório, desde que não existam anteceden-
tes desenvolvidos a respeito dos motivos que provocam esse fenômeno (a liderança).

QUAL DOS QUATRO ALCANCES PARA UM ESTUDO É O MELHOR?


Nós, autores, escutamos essa pergunta da boca dos estudantes, e a resposta é muito simples: todos.
Os quatro alcances do processo de pesquisa quantitativa são igualmente válidos e importantes e
contribuíram para o avanço das diferentes ciências. Cada um tem seus objetivos e razão de ser. Nes-
se sentido, um estudante não deve se preocupar se seu estudo vai ser ou irá começar como explora-
tório, descritivo, correlacional ou explicativo; na verdade, seu interesse deve ser realizá-lo bem e
contribuir para o conhecimento de um fenômeno. O fato de a pesquisa ser de um tipo ou de outro,
ou incluir elementos de um ou mais alcances, depende de como se formula o problema de pesqui-sa
e dos antecedentes prévios. A pesquisa deve ser realizada “sob medida” para o problema formu-
lado. Não dizemos a priori: “Vou realizar um estudo exploratório ou descritivo”, mas primeiro for-
mulamos o problema e revisamos a literatura e, depois, analisamos se a pesquisa terá um ou outro
alcance.

O QUE ACONTECE COM A FORMULAÇÃO DO PROBLEMA QUANDO SE DEFINE O


ALCANCE DO ESTUDO?
Após a revisão da literatura, a formulação do problema pode permanecer sem mudanças, modifi-
car-se radicalmente ou passar por alguns ajustes. O mesmo acontece quando definimos o alcance ou
os alcances de nossa pesquisa.

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