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1ª Avaliação a Distância de Mecânica, 2015 – 1

GABARITO
Q.1. Um bloco de massa M está ligado a um segundo bloco de
massa m por uma mola linear de comprimento natural igual a 8a.
Quando o sistema está em equilíbrio com o bloco de massa M no
chão e o outro bloco e a mola verticalmente sobre ele, o
comprimento da mola é 7a. O bloco de cima é então pressionado
até que a mola tenha metade de seu comprimento natural e, em
seguida, liberado do repouso.
(a) Considere que o bloco de massa M fique parado e seja y a
posição do bloco de massa m em relação à posição de equilíbrio. Mostre que a
Lagrangiana do bloco de massa m é

(b) Encontre a equação do movimento do bloco de massa m, resolva para as condições


iniciais dadas (note que quando a mola é comprimida até metade do seu comprimento, a
posição do bloco de massa m é - 3a) e mostre que

onde .
(c) Calcule a força que a mola exerce sobre o bloco de massa M. Mostre que este bloco
permanecerá parado se

Conclua que o bloco de massa M nunca se moverá se . Justifique.


Solução: (a) A mola se contrai de a quando a massa m colocada. Assim, podemos
escrever

Se y a posição do bloco de massa m em relação à posição de equilíbrio, sua energia


potencial será

Assim, sua Lagrangiana será

(b) A equação do movimento é obtida a partir da equação de Euler-Lagrange


A equação do movimento é

A solução desta equação é

Das condições iniciais (em t = 0, e y = -3a), encontramos A = -3a e B = 0:

onde .
(c) No instante t, a extensão da mola é y - a e a tensão τ é

Esta força puxa o bloco de massa M para cima. Logo, o bloco de massa M permanecerá
parado se

O lado esquerdo desta desigualdade tem como valor máximo 2mg. Portanto, o bloco de
massa M nunca se moverá se .

Q-2. Uma massa m está presa num ponto fixo da borda de uma
roda de raio R. A roda não tem massa, exceto por uma massa M
no seu centro (veja a figura ao lado). A roda rola sem deslizar
sobre uma mesa horizontal.
(a) Escreva a Lagrangiana do sistema em termos da coordenada
. Dica: Considere a origem do seu sistema de referência como
sendo o ponto em que a massa m está tocando a mesa no
instante . No instante t, quando a roda tiver girado de , o ponto que toca a mesa
nesse instante estará deslocado de uma distância para a direita da origem. A partir
dessa informação, escreva as coordenadas e das massas m e M em
termos de .
(b) Da equação de Euler-Lagrange, encontre a equação do movimento da roda. .
(c) Mostre que para ângulos pequenos, a equação do movimento se reduz a

Qual é o período do movimento?


Solução: (a) No instante t, as coordenadas das massas m e M são
Assim,

A energia cinética do sistema é, portanto,

A energia potencial da massa M é constante e pode ser deixada de fora porque não vai
contribuir para a equação do movimento. Tomando o zero do potencial ao nível da
mesa, a energia potencial gravitacional da massa m é . A
Lagrangiana do sistema é, então,

(b) A equação do movimento é obtida a partir da equação de Euler-Lagrange para a


coordenada θ. Temos

Logo, a equação do movimento é

(c) Para ângulos pequenos, e . Vemos então que o segundo e


o terceiro termos na equação do movimento não são lineares e podem ser desprezados.
Ficamos com a equação do movimento reduzida a

ou,

Desta equação de um oscilador harmônico, tiramos que a frequência angular do


movimento é . Logo, o período do movimento é

Q-3. Considere uma lâmina plana infinita de densidade de massa constante .


(a) Usando a lei de Gauss, Equação (5.43) da Aula 5, calcule o campo gravitacional em
ambos os lados da lâmina.
(b) Seja um disco de raio R e densidade de massa constante . Calcule o campo
gravitacional num ponto qualquer situado sobre o eixo do disco.
(c) Um buraco de raio R é cortado na lâmina plana infinita do item (a). Seja uma linha
imaginária perpendicular à lâmina e que passa através do centro do buraco. Usando o
princípio da superposição, calcule a força sobre uma partícula de massa m situada em
um ponto qualquer dessa linha.
(d) Se uma partícula situada sobre L for liberada a partir do repouso de uma distância
muito próxima ao centro do buraco, mostre que ela vai realizar um movimento
oscilatório e encontre a frequência das oscilações.
(e) Se uma partícula situada sobre L for liberada a partir do repouso de uma distância x
do centro do buraco, qual será sua velocidade escalar quando ela passar pelo centro do
buraco? Como fica sua resposta quando
Solução:
(a) (i) Primeiro, vamos mostrar que o campo gravitacional da lâmina plana infinita é
perpendicular a ela. Seja um ponto P numa linha perpendicular à lâmina. Podemos
sempre pensar a lâmina plana infinita como consistindo de um número infinito de anéis
concêntricos tendo a linha como eixo. O campo de um anel, num ponto de seu eixo, é
paralelo ao eixo. Logo, o campo gravitacional da lâmina plana infinita é
perpendicular a ela. (ii) Agora, considere dois pontos situados a uma mesma distância
da lâmina, Como a lâmina é infinita e homogênea, não há como distinguir entre esses
dois pontos. Portanto, o campo deve ser o mesmo nos dois pontos. (iii) Finalmente,
aplicamos a lei de Gauss. Escolhemos como superfície gaussiana, uma superfície
cilíndrica reta com as duas bases paralelas e equidistantes do plano. A superfície lateral
do cilindro não contribui na lei de Gauss porque nela . Assim, sendo A a área
de cada base, a lei de Gauss dá:

ou

onde é o vetor unitário normal à superfície da lâmina. Note que é tudo semelhante ao
que você fazia na Física III.
(b) Para o disco de raio R, a lei de Gauss continua valendo, mas não temos simetria
suficiente para tornar simples o cálculo do campo pela lei de Gauss. Assim como na
Física III, vamos considerar o disco como consistindo de muitos anéis concêntricos.
Seja um desses anéis de massa dm entre r e r + dr. Por simetria, o campo num ponto do
eixo do anel é paralelo ao eixo e é dado por

onde x é a distância do ponto ao disco. A massa do anel é e então,

ou

(c) Pelo princípio da superposição, podemos escrever


O campo que procuramos é, portanto, igual ao resultado do item (a) menos o resultado
do item (b)

A força sobre uma massa m é então,

(d) Podemos escrever a expressão acima como

Assim, quando x << R, temos

Da segunda lei de Newton, a equação do movimento fica

que é a equação do movimento de um oscilador harmônico simples de frequência

(e) Tomando o zero da energia potencial no plano x = 0, a energia potencial é dada por

Por conservação da energia, a velocidade da partícula no centro do buraco é dada por

Quando x >> R,

Q.4. Às vezes, duas soluções de um mesmo


problema podem parecer obviamente
corretas. Temos então que recorrer à
experimentação para determinar qual está
correta (e depois procurar justificar porque
a outra solução é fisicamente incorreta).
Considere o seguinte problema: Uma
corrente de comprimento L e densidade de
massa e massa está dependurada como na figura ao lado. No instante
a extremidade B é liberada. Encontre a tensão na corrente no ponto A após a
extremidade B ter caído uma distância x (a) supondo que a extremidade B cai em queda
livre e (b) por conservação da energia.
Dicas: Note que as únicas forças externas atuando sobre a corrente no instante t são a
tensão T, puxando a corrente em A para cima, e o peso da corrente Mg. Logo, da
segunda lei de Newton,
(4.1)
onde P é o momento do centro de massa da corrente.
(i) Mostre que

e, portanto,

(4.2)

(ii) Supondo que o ponto B cai em queda livre, calcule , substitua na Eq. (4.2) e o
resultado na Eq. (4.1) e encontre

(4.3)
(iii) Fazendo ao nível da extremidade fixa A, mostre que a energia potencial da
corrente é

Calcule a energia cinética K da corrente e use a conservação da energia


para mostrar que

(4.4)
Agora, calcule a derivada da Eq. (4.4) e encontre

(4.5)
Finalmente insira (4.4) e (4.5) na Eq. (4.2) e o resultado na Eq. (4.1) e ache

(4.6)
Note que as equações só dão o mesmo valor para . Quando , o valor da
tensão cresce muito. Resultados experimentais indicam que a tensão cresce rapidamente
chegando a ser cerca de 25 vezes o valor do peso da corrente.
Solução:
(a) As únicas forças externas atuando sobre a corrente no instante t são a tensão T,
puxando a corrente em A para cima, e o peso da corrente Mg. Logo, da segunda lei de
Newton,
(4.1)
onde P é o momento do centro de massa da corrente e . Por outro lado, a
massa do pedaço de corrente que está em movimento é . Logo, o momento
do centro de massa da corrente é

Derivando este resultado em relação ao tempo, obtemos

(4.2)
Se o ponto B está caindo em queda livre e usando as condições iniciais do problema,
temos que

Substituindo na (4.2),

Finalmente, substituindo este resultado na (4.1),

(4.3)
(b) Fazendo ao nível da extremidade fixa A, quando a extremidade livre da corda
está em x, sua energia potencial é (energia potencial da parte direita, mais a energia
potencial da parte esquerda, com ):

A energia cinética é

A conservação da energia diz que

uma vez que, quando x = 0 a corrente estava parada e só tinha energia potencial. Deste
modo, da conservação da energia,

Segue da expressão acima que

(4.4)
Calculando a derivada em relação ao tempo de ambos os lados desta equação,
encontramos

(4.5)
Inserindo (4.4) e (4.5) na Eq. (4.2) e o resultado na Eq. (4.1) achamos
(4.6)

Q.5. (a) Uma partícula é lançada da origem com uma velocidade escalar u numa direção
que faz um ângulo α com a horizontal. O movimento se dá no plano x, z, onde o eixo Oz
aponta verticalmente para cima. Se a velocidade de lançamento u é fixa, mostre que a
partícula poderá passar pelo ponto (a, b), para uma escolha de α, se (a, b) for um ponto
que está abaixo da parábola

Esta é a chamada parábola de segurança. Pontos acima da parábola não podem ser
atingidos pelo projétil.
(b) Uma granada explode no solo lançando fragmentos em todas as direções com
velocidades escalares até 30 m/s. Um homem está numa janela aberta 20 m acima do
chão num prédio que está a 60 m do local da explosão. Ele estará seguro?
Solução:
(a) Suponha que o movimento começa na origem e que se dá no plano (x, z) e que o
eixo Oz aponta verticalmente para cima. Então, a trajetória da partícula é

Se a partícula passar através do ponto (a, b), então a, b e α devem satisfazer a equação

Podemos usar a relação trigonométrica

e reescrever a equação acima como

que é uma equação do segundo grau para . Uma trajetória através do ponto (a, b)
existirá se esta equação tiver raízes reais para . Ou seja, se

que pode ser escrita como uma condição sobre a coordenada b:

Portanto, existirá uma trajetória se o ponto (a, b) estiver abaixo da parábola

(b) Dos dados do problema, u = 30 m/s e fazendo g = 10 m/s2, a parábola de proteção é


A janela está no ponto (60, 20) que é um ponto abaixo dessa parábola. O homem não
estará seguro.

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