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FUNÇÃO POLINOMIAL

Prof. Dr. Carlos A. P. Campani

DEFINIÇÃO DA FUNÇÃO POLINOMIAL

f (x) = a0 xn + a1 xn−1 + a2 xn−2 + · · · + an−1 x + an com dom(f ) = R

Onde: a0 , a1 , . . . an ∈ R são chamados de coeficientes do polinômio, com


a0 6= 0, e n é o grau do polinômio. As expressões a0 xn , a1 xn−1 , a2 xn−2 , . . . são
chamadas de termos, a0 xn é chamado de termo principal e a0 é o coeficiente
principal. O termo an é chamado de termo constante ou termo independente.

EXEMPLOS
f (x) = x2 − 1 com n = 2 f (x) = x3 − 2x + 1 com n = 3

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COMPORTAMENTO NOS EXTREMOS DO EIXO X

O comportamento da função polinomial para x → −∞ e x → +∞ é


totalmente determinado pelo seu termo principal.
Exemplo:
f (x) = x3 f (x) = x3 − 2x + 1

Vejamos isso nos seguintes gráficos que estão em escalas progressivamente


maiores:
Escala 1 Escala 2 Escala 3

Isso significa que para valores muito grandes de x, tanto positivos quanto
negativos, x3 − 2x + 1 se aproxima de x3 , x3 − 2x + 1 ≈ x3 , ou seja:
lim (x3 − 2x + 1) ≈ lim x3
x→±∞ x→±∞

Os termos de menor grau são “absorvidos” pelo de maior grau, para


valores grandes de x, porque o de maior grau cresce muito mais rápido.

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A determinação dos limites para x → −∞ e x → +∞ pode ser resolvida
pela análise do grau n do polinômio e pelo sinal do coeficiente principal a0 :

a0 > 0 e n ı́mpar a0 < 0 e n ı́mpar

limx→+∞ f (x) = +∞ limx→+∞ f (x) = −∞


limx→−∞ f (x) = −∞ limx→−∞ f (x) = +∞
a0 > 0 e n par a0 < 0 e n par

limx→+∞ f (x) = +∞ limx→+∞ f (x) = −∞


limx→−∞ f (x) = +∞ limx→−∞ f (x) = −∞

RAÍZES DAS FUNÇÕES POLINOMIAIS

As raı́zes ou zeros da função polinomial correspondem aos pontos em que


a curva da função intercepta o eixo x.

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Exemplo:
f (x) = x3 − x2 − 6x
Resolvendo a equação f (x) = 0 ou x3 − x2 − 6x = 0:

1. x3 − x2 − 6x = 0

2. x(x2 − x − 6) = 0

3. x(x − 3)(x + 2) = 0 [pois as raı́zes de x2 − x − 6 são x0 = 3 e x00 = −2]

4. x = 0 ∨ x = 3 ∨ x = −2

Assim, as raı́zes de f são 0, 3 e −2.

A determinação dos zeros da função foi feita por fatoração do polinômio,


onde cada fator (x − k) determina uma raiz x = k.
Tomemos como exemplo a função f (x) = x3 − x2 − 5x − 3, que pode ser
fatorada como f (x) = (x − 3)(x + 1)2 , onde as raı́zes são x = 3 e x = −1, e
a segunda raı́z é repetida, ou seja, é uma raiz com duplicidade.

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DIVISÃO LONGA DE POLINÔMIOS

Usamos, para a divisão de polinômios, o mesmo sistema usado com núme-


ros. Na divisão, os números são analisados do dı́gito mais significativo para
o menos.
Exemplo: 6696 ÷ 31
6696 ÷ 31
−62 2
49
−31 21
186
−186 216
0

Logo, 6696 ÷ 31 = 216 com resto zero (divisão exata).


Sejam os polinômios d(x), q(x), r(x) e f (x). Podemos escrever

f (x) = d(x) × q(x) + r(x)

Ou seja:
f (x) r(x)
= q(x) +
d(x) d(x)
Onde:

• f (x) - dividendo

• d(x) - divisor

• q(x) - quociente

• r(x) - resto

Se r(x) = 0 então se diz que a divisão é exata.


Da mesma forma que com os números, posto na forma canônica, o po-
linômio será dividido, na divisão longa, do termo de maior grau para o de
menor grau.

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Exemplo: (x3 + 4x2 + 2x − 1) ÷ (x + 1)

x3 + 4x2 + 2x − 1 ÷ x+1
−x3 − x2 x2
0 + 3x2 + 2x
−3x2 − 3x x2 + 3x
0−x−1
x+1 x2 + 3x − 1
0

DISPOSITIVO DE BRIOT-RUFFINI

Suponha um polinômio p(x). Queremos dividir p(x) por (x − k), para


k ∈ R.
k coeficientes do dividendo termo constante do dividendo
coeficientes do quociente resto da divisão

Exemplo: (x2 + 4x + 3) ÷ (x + 1)
−1 1 4 3


1 −1
5 +4=3 −3 +
; 3=0

!  
1 × (−1) = −1 3 0

0 3 × (−1) = −3

Ao dividir um polinômio de grau n por um de grau m, o grau do polinômio


resultante é n − m. Assim, para o caso do exemplo, 2 − 1 = 1 e o resultado
será um polinômio do 1o grau:

(x2 + 4x + 3) ÷ (x + 1) = (x + 3) com resto zero (divisão exata)

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TEOREMA DO RESTO

Se um polinômio f (x) é dividido por x − k, então o resto é r = f (k).


Exemplo: Tomando o polinômio f (x) = x3 + 4x2 + 2x − 1, que é divisı́vel
por x + 1, como já vimos, então k = −1 e:

f (−1) = (−1)3 + 4(−1)2 + 2(−1) − 1 = 0

Exemplo: Seja o polinômio f (x) = x3 − 2x + 5 que, ao ser dividido por


d(x) = x + 1, resulta em q(x) = x2 − x − 1 com resto r(x) = 6. Basta ver
pelo teorema que f (−1) = (−1)3 − 2(−1) + 5 = 6.

TEOREMA DE D’ALEMBERT

Uma função polinomial f (x) tem um fator x − k se e somente se f (k) = 0.

APLICAÇÃO DOS TEOREMAS EM FATORAÇÃO

Exemplo: Fatorar f (x) = 3x2 + 7x − 20.


Determinamos se f (x) é divisı́vel por:

• x − 2 : r = f (2) = 3(2)2 + 7(2) − 20 = 6 e portanto a divisão não é


exata.

• x + 1 : r = f (−1) = 3(−1)2 + 7(−1) − 20 = −24 e portanto a divisão


não é exata.

• x + 4 : r = f (−4) = 3(−4)2 + 7(−4) − 20 = 0 e portanto o polinômio


é divisı́vel por x + 4.

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Efetuando a divisão (3x2 + 7x − 20) ÷ (x + 4) por Briot-Ruffini:
−4 3 7 −20

3 −12 + 7 = −5 −20 + 20 = 0

3 × (−4) = −12 −5 0

(−5) × (−4) = 20

Logo,

(3x2 + 7x − 20) ÷ (x + 4) = 3x − 5 com r(x) = 0

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