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Qual a função da escola para Young?

O autor começa dissertando sobre o papel da escola como um meio de aquisição do


conhecimento. Inicialmente, tem-se uma ideia geral da escola como uma formadora de mão de obra,
ou seja, num sistema capitalista baseado nos fatores de produção Capital, Terra e Trabalho, a escola
seria responsável pelo último. O autor vai além, explicitando uma tendência tecnicista da
escolarização conforme abaixo,

As escolas são tratadas como um tipo de agência de entregas, que deve se concentrar em
resultados e prestar pouca atenção ao processo ou ao conteúdo do que é entregue. Como
resultado, os propósitos da escolaridade são definidos em termos cada vez mais
instrumentais, como um meio para outros fins. Com as escolas sendo controladas por
metas, tarefas e tabelas comparativas de desempenho, não é de se espantar que os alunos
fiquem entediados e os professores sintam-se desgastados e apáticos. (YOUNG, 2007, P.
1291).

A síntese do autor, até agora, é a de que temos a vigilância para Foucault, a


empregabilidade para o New Labour e a felicidade e o bem-estar para John White (YOUNG, 2007).

Para a aquisição de conhecimento, inicialmente oferecida pela escola, pressupõe-se que ali
haverá um processo de transmissão de conhecimento. Essa transmissão, possivelmente mecânica, e
este conhecimento, possivelmente direcionado a propósitos políticos e econômicos, asseguraram
diversas discussões teóricas acerca da função da escola. Agora YOUNG nos expõe uma nova
interpretação sobre o tema e nos diz,

Elas capacitam ou podem capacitar jovens a adquirir o conhecimento que, para a maioria
deles, não pode ser adquirido em casa ou em sua comunidade, e para adultos, em seus
locais de trabalho. (YOUNG, 2007, P. 1294).

A questão agora é discutirmos qual conhecimento será responsabilidade da escola. Que


tipo de conhecimento?
O autor dá uma breve explicação sobre as diferenças entre “conhecimento poderoso” e
“conhecimento dos poderosos”. Este seria originado por pessoas legitimadas pela academia e
aquele, por fornecer explicações confiáveis ou novas formas de se pensar a respeito do mundo
(YOUNG, 2007).

A centralidade do currículo tendo por base o conhecimento poderoso, ou também chamado


de conhecimento especializado, leva invariavelmente a estruturas hierárquicas dentro das escolas.
Professores especialistas em suas matérias tem a responsabilidade de transmitirem os diversos
conhecimentos a seus alunos. Estes, por estarem no início do processo de aprendizagem, situam-se
hierarquicamente abaixo, mais passivos que ativos, aguardando a evolução de seus conhecimentos e
por meio de aprendizagens significativas, onde cada conhecimento pode ser utilizado para a
obtenção de novos, constrói-se a formação intelectual do indivíduo.

O autor faz uma generalização sobre o conhecimento, informando-nos que o conhecimento


poderoso é independente de contexto, ou seja, é o conhecimento desenvolvido para fornecer
generalizações e busca a universalidade; enquanto o conhecimento dependente de contexto diz a um
indivíduo como fazer coisas específicas. Ele não explica ou generaliza; ele lida com detalhes
(YOUNG, 2007).
O currículo das escolas deve portanto oferecer a possibilidade do conhecimento
independente de contexto, também chamado de conhecimento teórico ou conhecimento poderoso.

Concluindo, o autor foca principalmente nas distinções entre os tipos de conhecimentos e a


responsabilidade da escola em oferecer o conhecimento teórico. Disserta sobre as possibilidades de
currículo, enfatizando,

o currículo tem que levar em consideração o conhecimento local e cotidiano que os alunos
trazem para a escola, mas esse conhecimento nunca poderá ser uma base para o currículo.
(YOUNG, 2007, P. 1299).

Para o autor, a função da escola é de proporcionar acesso ao conhecimento poderoso,


resistindo muita vezes a interferências políticas e sociais que poderiam enfraquecer, sob o
subterfúgio de uma melhoria educacional, o acesso aquele conhecimento.

Qual a função da escola para Libâneo?

O autor começa seus estudos fazendo uma reflexão dos impactos que políticas neoliberais
tem no funcionamento das escolas. De certa forma, essa foi uma preocupação aventada por Young.
Para Libâneo, isso fica muito claro quando,

Uma das questões investigadas em pesquisa empírica foi o impacto de políticas neoliberais
baseadas na obrigação de resultados na qualidade do ensino. A análise dos dados
evidenciou que essas políticas, ao contrário do que anunciam, produzem uma qualidade de
ensino restrita e restritiva em relação às possibilidades das escolas de promoverem o
desenvolvimento humano dos alunos e a justiça social. (MENDONÇA et al, 2020, P. 33).

O autor explicita que vêm desenvolvendo estudos sobre a relação entre educação e
pobreza, onde há pelo menos 20 anos, seus estudos vêm tendo como foco a relação entre
desigualdade social e desigualdade escolar e suas implicações com o processo de ensino-
aprendizagem (LIBÂNEO, 2018).

Para o autor, as discussões sobre as relações entre as desigualdades social e escolar


dependem fundamentalmente de um entendimento sobre a função da escola. Continua nos
informando que as finalidades educativas são portadoras de ideologia, de juízos de valor, conforme
contextos político, econômico, cultural e socioeducativo e, assim, definem critérios de qualidade do
ensino e reverberam nas políticas educacionais e no trabalho das escolas e professores (LIBÂNEO,
2019).

O autor, referenciando Lenoir et al (2016b), expõe que as finalidades educativas estão


submetidas a imperativos econômicos, políticos, burocráticos, os quais as destituem de seu sentido
propriamente educacional (MENDONÇA et al, 2020).

Libâneo faz uma reflexão da escola de resultados, onde claramente há uma orientação
tecnicista para o mercado, ou seja, uma orientação econômica influenciando a formação e o
currículo dos educandos. Isso fica claro em,

A escola resultante desse currículo compõe-se de um conjunto de conteúdos mínimos


necessários ao trabalho e emprego, na verdade um “kit” de habilidades de sobrevivência
para aliviamento da pobreza e adequação dos indivíduos às exigências do desenvolvimento
econômico. (MENDONÇA et al, 2020, P. 38).

Aqui, todos os aspectos sociais, psicológicos, históricos dos alunos são desconsiderados.

Por outro lado, o autor nos mostra a visão da escola para o convívio e o acolhimento social.
Neste aspecto altera-se a visão da escola em que,

Essa visão leva a conceber a escola como lugar de aglutinar políticas sociais que envolvem
as áreas da saúde, assistência social, esporte e lazer, mobilizando a participação de
empresas, famílias, integrantes da sociedade civil, voluntários. Ou seja, a escola é colocada
como estratégia do Estado para solução de problemas sociais e econômicos que venham a
afetar a ordem social e política (entre outros, ALGEBAILE, 2006; EVANGELISTA, 2013,
2014; EVANGELISTA; SHIROMA, 2006; LEHER, 1998).

A escola aqui é vista como uma teia de proteção social, deixando os aspectos puramente
pedagógicos em segundo plano.

O autor continuar expondo modelos educacionais, tais como a escola e a diversidade


sociocultural, onde percebemos uma visão cooperativa, vigotskiana, preocupada com os aspectos
históricos e culturais, deixando o professor como um mediador, um catalisador no processo de
ensino-aprendizagem. Continua falando sobre a escola como lugar de expressão de identidades e
diferenças. Aqui cabe-se uma crítica quanto a universalidade do currículo e da escola como um
todo, quando diz,

Já que a sociedade é constituída por múltiplas e distintas culturas, cada qual com seus
valores e práticas, não há sentido da formulação de um currículo comum a todos, ainda que
seja na forma de recomendação. (MENDONÇA et al, 2020, P. 40).

Após inúmeras visões e funções da escola, o autor alinha-se a uma visão de escola que
valoriza não apenas as dimensões sociais, políticas e culturais, mas, também, a relevância do
conhecimento e as formas de sua internalização no desenvolvimento das potencialidades humanas.
(MENDONÇA et al, 2020).

Pelas ideias do autor, acredito que a grande questão levantada, e que deve ser dinamizadora
para a função da escola, é a resposta a seguinte pergunta: como prover uma escolarização igual para
sujeitos diferentes?

Pelo que foi exposto, levando-se em consideração os aspectos da escola justa e que a
função da escola é de proporcionar o acesso ao conhecimento teórico, a escola precisa articular
meios de se alcançar o sucesso nos processos de ensino-aprendizagem de maneira equitativa. O
conhecimento independente de contexto, idealizado por Young, continua válido para Libâneo, mas a
forma como esse conhecimento será repassado dependerá, em maior ou menor grau, dos aspectos
sociais dos educandos.

Qual a função da escola para Paro?

Para Paro, que faz uma distinção política no contexto escolar daquele dos partidos
políticos, a função da escola é proporcionar um ambiente democrático, ou seja, que as
individualidades de todos os sujeitos sejam respeitadas, para que se possa obter êxito nos processos
de ensino-aprendizagem.

Uma referência importante que o autor faz, é quando nos diz que o papel principal da
escola não é transmitir conhecimento apenas, mas o de proporcionar condições para que o aluno
aprenda.
Para Paro, no processo de ensino-aprendizagem deve haver respeito a subjetividade na
relação professor-aluno e vice-versa.

Ele conclui sua explanação, falando da importância da participação de todos os atores no


ambiente escolar, seja na reunião dos conselhos de classe, nas associações de pais e professores ou
até mesmo nas reuniões entre pais e professores, quando discutem aspectos relacionados aos seus
filhos.

Concluindo, para Paro a escola deve portanto, oferecer um ambiente democrático,


catalisador para a aprendizagem dos alunos e participativo.

Qual a função da escola para Saviani?

O autor começa falando sobre os sistemas de ensino, sendo estes representados por leis.
Faz um relato sobre as principais teorias educacionais, incluindo a tradicional, escola nova e
tecnicista.
Faz uma explanação sobre as bases marxistas dessas teorias, concluindo algumas
similaridades com os ideias liberais.
Explica a concepção inicial de educação defendido pela burguesia, mostrando que a mesma
também se articulava com as demandas da sociedade na época.
A conclusão do autor, é de que as teorias, independente delas, acabava reproduzindo as
condições dominantes e que pouco contribuíram para a mudança desse paradigma.
O autor continuou mostrando algumas contradições a respeito das teorias educacionais,
dando exemplos da teoria tecnicista e escola nova. Enquanto esta falava-se sempre em democracia,
pouco se alcançava ela. Ao passo que aquela, mesmo sem ter como pano de fundo um aspecto
democrático, alcançava-se a democracia muitas vezes pela inserção do sujeito nos meios sociais.
Diante do exposto, o autor falou sobre sua teoria histórico-crítica. Para Saviani, o papel da
escola seria o de passar do empírico para o concreto por meio da análise. O empírico seria a
percepção imediata do concreto, mas que por intermédio da escola, conseguiríamos ultrapassar a
concepção dialética materialista.
Qual a função do currículo para os quatro autores?

Para Young, que faz uma análise centrada no conhecimento, a escola tem o papel de
disponibilizar, mediante seus currículos, a transmissão do conhecimento teórico. Seus currículos
devem ser orientados para estabelecerem uma adequada relação entre as disciplinas e também entre
os aspectos não-escolares, ligados principalmente ao contexto social do aluno.

Para Libâneo, as diretrizes curriculares também tem a responsabilidade de transmissão do


conhecimento teórico. Mas aqui faz-se uma crítica quanto a universalidade do currículo, pois os
aspectos sociais do alunos devem ser levados em consideração.

Para Paro, a escola e seus currículos devem preocupar-se quanto aos aspectos democráticos
e participativos. Deve haver sobretudo, condições para que o aluno aprenda.

Por fim, para Saviani, o papel do currículo escolar passa por meio da análise. O currículo
terá de ser montado de modo que figure a escola e o professor, o mediador que fará o aluno passar
do empírico para o concreto, e que este sirva de base para a construção dos futuros conhecimentos.

Em comum, todos falam da importância do conhecimento independente de contexto, ou


seja, do papel da escola em transmitir, por meio de diferentes formas e modelos, o conhecimento
acumulado ao longo da história e que fará o aluno tornar-se um membro ativo na sociedade.

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