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As escolas são tratadas como um tipo de agência de entregas, que deve se concentrar em
resultados e prestar pouca atenção ao processo ou ao conteúdo do que é entregue. Como
resultado, os propósitos da escolaridade são definidos em termos cada vez mais
instrumentais, como um meio para outros fins. Com as escolas sendo controladas por
metas, tarefas e tabelas comparativas de desempenho, não é de se espantar que os alunos
fiquem entediados e os professores sintam-se desgastados e apáticos. (YOUNG, 2007, P.
1291).
Para a aquisição de conhecimento, inicialmente oferecida pela escola, pressupõe-se que ali
haverá um processo de transmissão de conhecimento. Essa transmissão, possivelmente mecânica, e
este conhecimento, possivelmente direcionado a propósitos políticos e econômicos, asseguraram
diversas discussões teóricas acerca da função da escola. Agora YOUNG nos expõe uma nova
interpretação sobre o tema e nos diz,
Elas capacitam ou podem capacitar jovens a adquirir o conhecimento que, para a maioria
deles, não pode ser adquirido em casa ou em sua comunidade, e para adultos, em seus
locais de trabalho. (YOUNG, 2007, P. 1294).
o currículo tem que levar em consideração o conhecimento local e cotidiano que os alunos
trazem para a escola, mas esse conhecimento nunca poderá ser uma base para o currículo.
(YOUNG, 2007, P. 1299).
O autor começa seus estudos fazendo uma reflexão dos impactos que políticas neoliberais
tem no funcionamento das escolas. De certa forma, essa foi uma preocupação aventada por Young.
Para Libâneo, isso fica muito claro quando,
Uma das questões investigadas em pesquisa empírica foi o impacto de políticas neoliberais
baseadas na obrigação de resultados na qualidade do ensino. A análise dos dados
evidenciou que essas políticas, ao contrário do que anunciam, produzem uma qualidade de
ensino restrita e restritiva em relação às possibilidades das escolas de promoverem o
desenvolvimento humano dos alunos e a justiça social. (MENDONÇA et al, 2020, P. 33).
O autor explicita que vêm desenvolvendo estudos sobre a relação entre educação e
pobreza, onde há pelo menos 20 anos, seus estudos vêm tendo como foco a relação entre
desigualdade social e desigualdade escolar e suas implicações com o processo de ensino-
aprendizagem (LIBÂNEO, 2018).
Libâneo faz uma reflexão da escola de resultados, onde claramente há uma orientação
tecnicista para o mercado, ou seja, uma orientação econômica influenciando a formação e o
currículo dos educandos. Isso fica claro em,
Aqui, todos os aspectos sociais, psicológicos, históricos dos alunos são desconsiderados.
Por outro lado, o autor nos mostra a visão da escola para o convívio e o acolhimento social.
Neste aspecto altera-se a visão da escola em que,
Essa visão leva a conceber a escola como lugar de aglutinar políticas sociais que envolvem
as áreas da saúde, assistência social, esporte e lazer, mobilizando a participação de
empresas, famílias, integrantes da sociedade civil, voluntários. Ou seja, a escola é colocada
como estratégia do Estado para solução de problemas sociais e econômicos que venham a
afetar a ordem social e política (entre outros, ALGEBAILE, 2006; EVANGELISTA, 2013,
2014; EVANGELISTA; SHIROMA, 2006; LEHER, 1998).
A escola aqui é vista como uma teia de proteção social, deixando os aspectos puramente
pedagógicos em segundo plano.
Já que a sociedade é constituída por múltiplas e distintas culturas, cada qual com seus
valores e práticas, não há sentido da formulação de um currículo comum a todos, ainda que
seja na forma de recomendação. (MENDONÇA et al, 2020, P. 40).
Após inúmeras visões e funções da escola, o autor alinha-se a uma visão de escola que
valoriza não apenas as dimensões sociais, políticas e culturais, mas, também, a relevância do
conhecimento e as formas de sua internalização no desenvolvimento das potencialidades humanas.
(MENDONÇA et al, 2020).
Pelas ideias do autor, acredito que a grande questão levantada, e que deve ser dinamizadora
para a função da escola, é a resposta a seguinte pergunta: como prover uma escolarização igual para
sujeitos diferentes?
Pelo que foi exposto, levando-se em consideração os aspectos da escola justa e que a
função da escola é de proporcionar o acesso ao conhecimento teórico, a escola precisa articular
meios de se alcançar o sucesso nos processos de ensino-aprendizagem de maneira equitativa. O
conhecimento independente de contexto, idealizado por Young, continua válido para Libâneo, mas a
forma como esse conhecimento será repassado dependerá, em maior ou menor grau, dos aspectos
sociais dos educandos.
Para Paro, que faz uma distinção política no contexto escolar daquele dos partidos
políticos, a função da escola é proporcionar um ambiente democrático, ou seja, que as
individualidades de todos os sujeitos sejam respeitadas, para que se possa obter êxito nos processos
de ensino-aprendizagem.
Uma referência importante que o autor faz, é quando nos diz que o papel principal da
escola não é transmitir conhecimento apenas, mas o de proporcionar condições para que o aluno
aprenda.
Para Paro, no processo de ensino-aprendizagem deve haver respeito a subjetividade na
relação professor-aluno e vice-versa.
O autor começa falando sobre os sistemas de ensino, sendo estes representados por leis.
Faz um relato sobre as principais teorias educacionais, incluindo a tradicional, escola nova e
tecnicista.
Faz uma explanação sobre as bases marxistas dessas teorias, concluindo algumas
similaridades com os ideias liberais.
Explica a concepção inicial de educação defendido pela burguesia, mostrando que a mesma
também se articulava com as demandas da sociedade na época.
A conclusão do autor, é de que as teorias, independente delas, acabava reproduzindo as
condições dominantes e que pouco contribuíram para a mudança desse paradigma.
O autor continuou mostrando algumas contradições a respeito das teorias educacionais,
dando exemplos da teoria tecnicista e escola nova. Enquanto esta falava-se sempre em democracia,
pouco se alcançava ela. Ao passo que aquela, mesmo sem ter como pano de fundo um aspecto
democrático, alcançava-se a democracia muitas vezes pela inserção do sujeito nos meios sociais.
Diante do exposto, o autor falou sobre sua teoria histórico-crítica. Para Saviani, o papel da
escola seria o de passar do empírico para o concreto por meio da análise. O empírico seria a
percepção imediata do concreto, mas que por intermédio da escola, conseguiríamos ultrapassar a
concepção dialética materialista.
Qual a função do currículo para os quatro autores?
Para Young, que faz uma análise centrada no conhecimento, a escola tem o papel de
disponibilizar, mediante seus currículos, a transmissão do conhecimento teórico. Seus currículos
devem ser orientados para estabelecerem uma adequada relação entre as disciplinas e também entre
os aspectos não-escolares, ligados principalmente ao contexto social do aluno.
Para Paro, a escola e seus currículos devem preocupar-se quanto aos aspectos democráticos
e participativos. Deve haver sobretudo, condições para que o aluno aprenda.
Por fim, para Saviani, o papel do currículo escolar passa por meio da análise. O currículo
terá de ser montado de modo que figure a escola e o professor, o mediador que fará o aluno passar
do empírico para o concreto, e que este sirva de base para a construção dos futuros conhecimentos.