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IMPACTOS
AMBIENTAIS
Karine Scherer
Degradação ambiental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A frequência e os tipos de degradação ambiental que o planeta vem
sofrendo têm aumentado e diversificado muito no decorrer da história,
pois desde o surgimento do homem na Terra, este vem modificando a
natureza conforme as suas necessidades biológicas, culturais, econômicas
e sociais. A degradação ambiental, causada pela liberação de dejetos e
gases industriais, pelo aumento nos níveis de nitrogênio no ambiente e
pelos vazamentos de óleo, em conjunto com o crescimento da população
humana e de suas atividades associadas à agricultura, industrialização e
comércio, tem contribuído para a depredação da biodiversidade, amea-
çando a qualidade de vida e a sustentabilidade dos ecossistemas.
Portanto, neste capítulo, você vai ver o conceito de degradação am-
biental, suas causas e que efeitos ela pode ter sobre a natureza e o homem.
Conceitos
A Lei nº 6.938/1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, em seu
art. 3º, inciso II, diz que degradação ambiental é a degradação da qualidade
ambiental, por meio de alterações adversas das características do meio am-
biente. Porém, a Lei não deixa claro se o causador da degradação é o homem,
se é uma consequência de atividades antrópicas ou, então, se é um fenômeno
natural, como um raio que atinge uma determinada área verde, destruindo
esta por meio de um incêndio.
mais elevados, tendo em vista que as camadas superficiais do solo, que são
as mais férteis, terão sido carregadas para os corpos d’água ou para as zonas
de menor cota topográfica, provocando o assoreamento destas. Os efeitos
da agricultura também são sentidos pela biodiversidade, tendo em vista que
a fauna e a flora são reduzidas e impactadas de forma significativa. Outro
fator preocupante e que está ligado à agricultura é o fato de ela ser a maior
consumidora mundial de água doce, utilizada nos sistemas de irrigação. Em
resumo, pode-se dizer que a agricultura promove a degradação ambiental
ao remover a cobertura vegetal, afastar a fauna, expor o solo à erosão e à
compactação e, ainda, reduzir a qualidade dos recursos hídricos por meio
do assoreamento e da contaminação destes com resíduos de agrotóxicos e
fertilizantes.
Já no ambiente urbano, os danos ambientais são causados pelo desma-
tamento para o desenvolvimento da área urbana, que resulta em alterações
climáticas, afastamento e remoção da fauna. Ocorre a alteração do regime
hídrico de bacias hidrográficas urbanas em virtude da impermeabilização
do solo, da canalização de córregos e arroios, da ausência de mata ciliar,
além das zonas para amortecimento de enchentes. As alterações no regime
hídrico levam a uma redução cada vez mais significativa do tempo de
detenção das bacias, que, por sua vez, implica em riscos de inundações
cada vez mais frequentes. A industrialização do ambiente urbano também
é responsável pela contaminação química e orgânica dos recursos hídricos,
dos solos e da atmosfera.
Não podemos deixar de mencionar os danos ambientais ocasionados pela
mineração, que é responsável pela remoção de grandes volumes de cobertura
vegetal, solo e rochas. A mineração também contamina recursos hídricos
superficiais e subsuperficiais durante a lavra, o beneficiamento e a disposição
dos minérios, inclusive depois do encerramento de suas atividades, por meio
da geração de drenagens contaminadas, além de provocar grandes alterações
na paisagem.
De modo geral, a degradação ambiental se dará quando houver alterações
de ordem química (acúmulo de metais em solos ou corpos d’água e variação de
parâmetros como pH ou oxigênio dissolvido), física (assoreamento de leitos de
rios, compactação e selamento de solos) ou biológica (bioacumulação, redução
em termos de biodiversidade, extinção de espécies, eliminação e fragmentação
de coberturas florestais e redução no banco de plântulas e sementes no solo).
Tais alterações repercutem de maneira negativa sobre a regeneração natural,
ao impedir ou retardar esta, em função da escassez de recursos.
brânquias dos peixes, impedindo sua respiração, às penas das aves e aos
pelos dos mamíferos, eliminando o colchão de ar retido entre os pelos e as
penas. O resultado é a perda da capacidade de isolamento térmico, fazendo
com que o animal não consiga se proteger do frio e acabe morrendo.
Eutrofização: quando são lançados esgotos domésticos nas águas ou
quando detergentes, fertilizantes ou adubos chegam a ela, o excesso
de minerais provoca a proliferação de algas microscópicas que vivem
próximas à superfície. Com isso, forma-se uma camada de algas, que
impede a penetração de luz na água e a realização da fotossíntese nas
camadas mais profundas. As algas abaixo da superfície morrem e a sua
grande quantidade favorece o aumento das bactérias decompositoras,
que passam a consumir muito oxigênio para realizar a decomposição; co-
meça a faltar oxigênio na água e os peixes e outros organismos aeróbios
morrem. Com a falta de oxigênio, a decomposição da matéria orgânica,
antes aeróbica, passa a ser anaeróbica, o que acarreta a produção de
gases tóxicos, como o gás sulfídrico.
Poluição térmica: ocorre quando a água utilizada na refrigeração de
usinas que geram eletricidade é lançada em um ecossistema aquático.
O aquecimento da água pode prejudicar os animais estenotérmicos.
Além disso, a quantidade de oxigênio dissolvido na água diminui com o
aumento da temperatura, podendo acarretar a morte de seres aeróbicos.
Degradação do solo
A poluição dos solos é causada pela introdução de elementos químicos,
como hidrocarbonetos de petróleo, metais pesados como chumbo, cádmio,
mercúrio, cromo e arsênio e pela aplicação indiscriminada de pesticidas ou,
então, por alterações causadas pela ação do homem e seu mau uso, como
a exploração mineral não racional e a disposição inadequada de resíduos
sólidos e líquidos, que, além de contaminar o solo, podem atingir também
o lençol freático.
O maior risco de contaminação do solo por elementos poluentes está
no fato de essas substâncias serem arrastadas pelas águas superficiais e
subterrâneas por distâncias que se encontrem fora das áreas sob controle e
monitoramento, gerando uma contaminação cuja remediação será custosa e
demorada. Por essa razão, o estudo da contaminação dos solos e as soluções
adotadas para que isso seja evitado estão quase sempre relacionados com a
contaminação das águas.
A contaminação dos solos é hoje um tema de grande relevância nas
grandes aglomerações urbanas, pela dificuldade de disposição adequada de
seus resíduos, gerados em grandes quantidades, pois uma área de disposição
e confinamento de resíduos pode gerar ainda outros riscos, como odores,
gases tóxicos, chorume, além do inevitável impacto visual negativo. Vale
ressaltar que a erosão e as inundações, provocadas pelo desmatamento de
áreas, por exemplo, também apresentam impactos consideráveis sobre o solo.
O mau uso da terra pode acelerar a erosão e provocar em algumas regiões a
formação ou a expansão das condições típicas de deserto (desertificação).
Sobre a degradação dos solos, podemos destacar, também os defensivos
agrícolas. As culturas agrícolas são muito sensíveis ao ataque de pragas,
sendo particularmente perigoso nas monoculturas, nas quais insetos e outros
organismos parasitas se propagam com muita facilidade em razão da pro-
ximidade entre as plantas e da ausência de predadores naturais. Por isso o
homem desenvolveu diversos tipos de defensivos agrícolas, que protegem as
sementes, as plantações e os alimentos estocados contra o ataque de pragas.
Acontece que a degradação de alguns pesticidas, como os organoclorados, dos
quais um exemplo é o DDT, é lenta e eles tendem a se acumular ao longo das
cadeias alimentares. Nos animais, o DDT se deposita no tecido adiposo, no
cérebro, no fígado, nos rins, nos pulmões e nas glândulas sexuais, podendo
causar problemas nesses órgãos.
A Figura 2, a seguir, mostra um exemplo da aplicação de pesticidas na
agricultura.
Degradação atmosférica
A poluição do ar é provocada pelo acúmulo de elementos como monóxido de
carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio, enxofre, ozônio, compostos
de chumbo, fuligem e fumaça branca, que, em determinadas concentrações,
pode apresentar efeitos nocivos ao homem e ao meio ambiente. Essas subs-
tâncias, conhecidas como poluentes atmosféricos, podem aparecer sob a
forma de gases ou partículas provenientes de fontes naturais, como vulcões e
neblinas ou, ainda, de fontes artificiais, produzidas pelas atividades humanas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2016), a poluição atmosférica é
responsável por mais de 7 milhões de mortes por ano no mundo, em razão da
grande incidência de materiais particulados, constituídos por poeiras e fuligem,
que estão entre os principais causadores de doenças ocupacionais, como a
silicose e a asbestose. Além dos efeitos nocivos causados pela emissão de gases
e particulados, os odores, as radiações ionizantes, as emissões radioativas e a
poluição sonora também podem ser considerados como poluentes atmosféricos.
O crescimento nas taxas de incidência de algumas doenças ocupacionais
de origem respiratória e as condições extremas de contaminação do ar, que se
tornavam cada vez mais comuns em algumas regiões dos países industrializados,
foram os principais fatores que atuaram em favor de um controle mais rigoroso do
lançamento de poluentes no ar. Pode-se dizer que hoje não existem mais razões
técnicas para que as indústrias continuem a lançar poluentes no ar, graças aos
avanços alcançados nos projetos de instalações de filtragem e de tratamento de
gases e vapores expelidos pelos processos industriais. Redes de monitoramento,
modelos de dispersão e sistemas de medição contínua são alguns dos recursos
técnicos disponíveis para assegurar um bom controle da qualidade do ar, porém,
em razão dos custos elevados de muitas dessas instalações, esse processo ainda
pode ser postergado. Dentro da poluição atmosférica, podemos citar:
Perda da biodiversidade
A conservação da biodiversidade e dos recursos naturais são dois fatores que
devem ser observados no desenvolvimento de empreendimentos impactantes.
Tendo em vista que biodiversidade é a variabilidade entre os organismos vivos
de todas as origens, em todos os seus níveis e abrangências, que vão desde
os micro-organismos até as grandes espécies aquáticas e terrestres, sejam
elas endêmicas ou ameaçadas, domesticadas ou selvagens, a sua preservação
se torna extremamente importante, tendo em vista que o equilíbrio facilita
a polinização das colheitas, o controle biológico de pragas e doenças, a ali-
mentação, os medicamentos e, principalmente, a manutenção do equilíbrio
em todos os ambientes terrestres.
A interferência do homem de forma descontrolada sobre o meio ambiente
tem alterado a diversidade biológica de maneira drástica. Perda e fragmentação
dos habitats, introdução de espécies e doenças exóticas, exploração excessiva
de espécies de plantas e animais, monocultura, pecuária, poluição e altera-
ções climáticas são apenas alguns dos fatores que estão contribuindo para o
desequilíbrio da biodiversidade. Estima-se que 27 mil espécies desapareçam
a cada ano. Se mantivermos a devastação e os níveis de poluição nesse ritmo,
o planeta não conseguirá fornecer os recursos necessários para a manutenção
da população humana.
https://goo.gl/pXL6wl
Recuperação ambiental
A Constituição Federal brasileira determina, em seu art. 255, que “[...] todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo, essencial e saudável a qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações [...]”, em consonância com a Lei Federal nº 6.938/1981, que institui a
Política Nacional do Meio Ambiente e que tem por objetivos a preservação, a
melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícias à vida, considerando
o meio ambiente como patrimônio público.
Essa lei é bastante clara no que diz respeito à proteção do ambiente
natural, definindo que áreas degradadas deverão ser recuperadas, obje-
tivando seu entorno a uma forma de utilização de acordo com o plano
preestabelecido para uso do solo, visando à obtenção da qualidade do meio
ambiente. Podemos observar que a legislação ambiental brasileira não se
esgota na Lei Federal nº 6.938/1981, tendo em vista que outras leis, decretos
e resoluções expandem o leque de exigências, como é o caso da Lei Fede-
ral nº 9.605/1998, a qual deixa claro que cabe ao responsável pelo dano a
recuperação da área degradada.
https://goo.gl/Xj6PDi
Esse tipo de diagnóstico ambiental também poderá ser solicitado por corpo
técnico de órgãos públicos de controle ambiental para empreendimentos em
etapa de licenciamento ambiental. Nesse caso, será exigido dos empreendi-
mentos, com relevância ambiental significativa, a elaboração de estudo de
impacto ambiental (EIA) e seu respectivo relatório de impacto sobre o meio
ambiente (RIMA). É por meio do EIA/RIMA que será feito o diagnóstico
ambiental que dará suporte aos técnicos com relação a licenciamento am-
biental, proposta de manejo de áreas afetadas e implementação de medidas
mitigatórias e compensatórias.
Ao término do diagnóstico ambiental, será possível elaborar um plano
de recuperação no qual se define o objetivo a ser alcançado ao término dos
trabalhos e qual metodologia utilizar. Os sistemas para recuperação de áreas
degradadas deverão ser específicos para cada situação, contemplando, entre
outros fatores, localização, clima, topografia, estabilidade do terreno, solo,
vegetação e natureza dos agentes causadores da degradação. Deve-se ter em
mente que o objetivo geral desse tipo de trabalho será o de sempre devolver
ao ecossistema em recuperação a sua estabilidade, resiliência, dinâmica su-
cessional, longevidade e qualidade paisagística, a tal ponto que não necessite
mais de intervenção antrópica.
BARBOSA, R.P. Avaliação de risco e impacto ambiental. São Paulo: Saraiva, 2014.
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BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
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Brasília: Presidência da República, 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 15 jan. 2018.
BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências. Brasília: Presidência da República, 1998. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 15 jan. 2018.
Leituras recomendadas
LOTT, C. P. M.; BESSA, G. D.; VILELA, O. Reabilitação de áreas e fechamento de minas.
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