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ECONOMIA

UNIDADE 6703 – ECONOMIA PORTUGUESA EM CONTEXTO


INTERNACIONAL
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Índice

Resultados da Aprendizagem...........................................................................3
I. Comércio internacional..............................................................................4
1. Diversidade do comércio internacional......................................................4
II. Balança Corrente - registo das trocas internacionais............................9
1. Importância dos registos das trocas comerciais.......................................9
2. Balança corrente......................................................................................12
2.1. Conceito...............................................................................................12
2.2. Saldo....................................................................................................13
3. Componentes da Balança Corrente..........................................................15
2.1. Balança de mercadorias.........................................................................15
2.1.1. Importações......................................................................................15
2.1.2. Exportações.......................................................................................15
2.2. Balança de serviços...............................................................................17
2.3. Balança de rendimentos.........................................................................18
2.4. Balança de transferências correntes.......................................................18
III. Integração económica..........................................................................19
1. Conceito de integração económica..........................................................19
2. Formas de integração económica............................................................21
2.1. Zona de comércio livre...........................................................................22
2.2. União aduaneira....................................................................................22
2.3. Mercado comum....................................................................................23
2.4. União económica...................................................................................24
3. Processo de construção da União Económica..........................................25
4. Criação da União Económica e Monetária................................................28
4. Desafios colocados à UE decorrentes do respetivo alargamento............34
6. Realidade atual da economia portuguesa................................................43
7. Indicadores de desempenho da economia portuguesa...........................48
7.1. Comparação com os da EU....................................................................56
8. Estrutura da população............................................................................56
8.1. Estrutura etária.....................................................................................56

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Economia portuguesa em contexto internacional

8.2. Movimentos migratórios.........................................................................60


8.3. População ativa.....................................................................................62
9. Estrutura da produção..............................................................................66
9.1. Evolução do valor do produto.................................................................66
9.2. Estrutura sectorial da produção..............................................................67
10. Relações económicas com o exterior....................................................71
11. Recursos humanos................................................................................73
11.1. Educação...........................................................................................73
11.2. Formação profissional.........................................................................74
12. Nível de vida e justiça social.................................................................76
12.1. Repartição dos rendimentos...............................................................76
12.2. Poder de compra...............................................................................78
12.3. Inflação.............................................................................................79
12.4. Equipamentos sociais.........................................................................79
Bibliografia......................................................................................................81

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Economia portuguesa em contexto internacional

Resultados da Aprendizagem

 Reconhece os conceitos económicos associados à organização económica a


nível mundial.
 Aplica os conceitos económicos de integração e regionalização.
 Utiliza os instrumentos económicos para interpretar a realidade económica
portuguesa e da União Europeia.

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I. Comércio internacional

1. Diversidade do comércio internacional

É através do comércio que se realizam as trocas de bens entre pessoas, regiões e


países. Atualmente é impossível um país viver economicamente isolado, na medida em
a troca de bens, serviços e capitais é indispensável à satisfação das necessidades das
populações.

ADAM SMITH (1723/1790) foi o primeiro a defender que as nações estão


permanentemente colocadas perante a escolha de produzir ou, em alternativa, de
adquirir a outras nações, sustentando que a especialização e a divisão do trabalho
constituem fatores fundamentais para a criação de riqueza.

Com base nas vantagens que cada país dispõe para a produção de certos bens, esta
tem aumentado, dando origem a trocas internacionais que, nas últimas décadas, se
têm desenvolvido em grande escala devido à globalização – resulta da expansão da
produção e do comércio a nível mundial – e à defesa do comércio sem fronteiras.

A internacionalização das economias produz mais riqueza para as nações envolvidas


nessas trocas e, ao contrário, os países com posturas comerciais mais conservadoras e
isolacionistas tendem a ficar mais pobres.

A troca entre os agentes económicos residentes no mesmo país toma a designação de


comércio interno e entre os residentes de um país e os restantes países de
comércio externo.

As trocas entre países são de natureza diversa, abrangendo mercadorias, serviços e


capitais.

A divisão internacional do trabalho


Conceito: é a divisão da produção mundial de acordo com as capacidades de cada
país (ou dotação dos seus fatores produtivo).

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A DIT justifica a divisão da produção de bens por países com base nas vantagens
absolutas e relativas que esses países apresentam relativamente ao fabrico desses
bens.

Como consequência, os países mais desenvolvidos ganham mais nas trocas porque
exportam bens mais caros, contra os bens produzidos nos países mais atrasados que
são mais baratos mas que não têm tanta qualidade como os primeiros.

Esta divisão do trabalho entre países com tipos de recursos diferentes origina
desigualdades nas trocas, beneficiando os países mais industrializados.

As relações económicas internacionais justificam-se com base nos seguintes fatores:

 Divisão internacional do trabalho: os países especializam-se na produção dos


bens para os quais têm vantagens (absolutas ou relativas), em troca de outros
em que não apresentam essas vantagens.
 Estratégia de crescimento económico: ao produzirem-se bens, de acordo com
as vantagens de cada país, estes aumentarão a sua produção, o seu
rendimento e o seu bem-estar.
 Globalização: o alargamento das relações económicas entre países é um fator
incompatível com o isolamento comercial. Traduz-se na interdependência
económica, politica, social, cultural e tecnológica entre povos, regiões e países
de todo o mundo.

Em conclusão o comércio entre os povos tem por base a necessidade de consumir


outros bens de que os países não dispõem ou que são produzidos no país a custos
mais elevados.

2. Trocas internacionais

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Conceito: o conjunto das trocas entre os diferentes países designa-se comércio


internacional. Cada país, tendo em conta as suas características físicas, económicas e
tecnológicas, especializa-se em determinado tipo de produtos, bens e serviços.

As relações internacionais de intercâmbio comercial desenvolvem-se, por meio de:

 Importações: aquisição de bens e serviços fora do país.


 Exportações: venda de mercadorias e serviços aos outros países.

A necessidade sentida pelas nações em promover, entre elas, trocas comerciais de


mercadorias é um fenómeno tão antigo quanto a memória da vida em sociedade.

É da Idade Média que surgem as primeiras notícias consistentes do fenómeno do


comércio. Os Descobrimentos e a consequente colonização, por parte de algumas
nações do Velho Continente, de múltiplos territórios e continentes conferiram à Europa
um estatuto de liderança indiscutível à escala planetária nos domínios político,
económico, militar, social e cultural a partir do século XV e até ao princípio do século
XX.

Na sequência da Segunda Guerra Mundial o comércio internacional ganhou novo fôlego


com a celebração do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT General Agreement
on Tariffs and Trade) em razão da diminuição das tarifas aduaneiras, da prevenção e
combate do dumping e das subvenções, da regulamentação dos obstáculos técnicos ao
comércio, das políticas de licenciamento e de acesso aos mercados públicos e na
abolição das medidas restritivas.

Estes mecanismos foram depois reforçados pela Organização Mundial do Comércio,


entidade sucessora do GATT, que surgiu em Abril de 1994.

Desenvolvimento do comércio internacional: especialização


O comércio internacional tem-se desenvolvido de uma forma prodigiosa desde o século
XIX. Este crescimento foi também acompanhado por uma alteração da natureza das
trocas.

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Os países não são autossuficientes, isto é, não produzem tudo aquilo de que
necessitam levando à especialização de alguns países. Os países, de acordo com os
recursos naturais e humanos de que dispõem, podem, por exemplo, especializar-se
nalgumas produções cujos excedentes vendem ao exterior (é o caso dos países ricos
em petróleo que vendem esta matéria-prima para o exterior).

Como resultado da especialização destes países surgiram as trocas internacionais. O


comércio internacional é apenas um dos fatores que contribui para a cada vez maior
interdependência entre as economias nacionais. A multinacionalização e a
mundialização da economia são características do mundo contemporâneo.

As trocas internacionais existem na medida em que a produção dos diferentes bens e


serviços exige diferentes recursos, os quais não existem em todos os países (o
petróleo, o ouro, o bacalhau).

Como estas produções são desiguais nos vários Estados, é lógico que se estabeleçam
intercâmbios onde uns oferecem produtos a outros que deles necessitem. O
intercâmbio resulta da necessidade de satisfazer a população com determinados
produtos que, nesse local, não existem em quantidade suficiente para as suas
necessidades.

Outro motivo consiste na reduzida mobilidade dos fatores de produção e a


impossibilidade de deslocar o fator recursos naturais de uma região para a outra, que
limita a capacidade de produção de certos serviços em determinadas zonas do planeta.

Vantagens das trocas internacionais


 Maior diversidade e quantidade de produtos disponíveis para consumo.
 Especialização crescente dos países e a redução dos custos de produção.
 Expansão do mercado.
 Obtenção de bens e serviços a preços mais baixos.
 Incorporação de novos processos tecnológicos.
 Estimulo à atracão do investimento.
 Realização de economias de escala e consequentes ganhos de produtividade.

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Trocas comerciais na União Europeia


Embora a UE represente apenas 7% da população mundial, o volume das suas trocas
comerciais com o resto do mundo corresponde a cerca de 20% do volume mundial das
exportações e importações.
Cerca de dois terços das trocas comerciais dos países da UE são realizadas com outros
Estados-Membros.

Recentemente, o comércio foi afetado pela recessão mundial, mas a UE continua a ser
a maior potência comercial do mundo, representando 16,4 % das importações
mundiais em 2011. Seguem-se-lhe os Estados Unidos da América, com 15,5 % das
importações mundiais, e a China, com 11,9 %.

A UE foi também o maior exportador, com 15,4 % das exportações mundiais, contra
13,4 % para a China e 10,5 % para os Estados Unidos.

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II. Balança Corrente - registo das trocas internacionais

1. Importância dos registos das trocas comerciais

As trocas de bens, serviços e capitais entre uma economia e o resto do mundo são
registadas num documento designado balança de pagamentos onde se inscreve
os fluxos monetários ou financeiros. Em Portugal este documento é realizado pelo
Banco de Portugal.

Conceito: a balança de pagamentos é um instrumento da contabilidade nacional


referente à descrição das relações comerciais de um país com o resto do mundo.
Regista a importância total de dinheiro que entra e sai de um país, na forma de
importações e exportações de produtos, serviços, capital financeiro, bem como
transferências comerciais.

A balança de pagamentos de um país é um registo sistematizado de todas as


transações comerciais e financeiras de um país com o resto do mundo. Ou, de acordo
com a definição mais técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI), consiste no
“registo sistemático de todas as transações económicas realizadas, durante um certo
período, entre residentes do país e residentes de outros países ditos estrangeiros.”

Importância
O registo das trocas comerciais torna-se relevante nas economias abertas que detêm
relações económicas com outros países, envolvendo trocas de mercadorias, fatores de
produção e ativos financeiros, trocas que se aprofundam com o fenómeno da
globalização.

O propósito principal do registo é informar às autoridades monetárias sobre a situação


das contas externas do país, de modo a auxiliá-las na formulação das políticas
monetária, fiscal, cambial e comercial.

Componentes da balança de pagamentos

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 A balança corrente: regista os fluxos de bens, serviços, receitas e


transferências correntes entre unidades residentes e não residentes.

 A balança de capitais: regista operações que envolvem

o o recebimento ou o pagamento de transferências de capital (anulação


da dívida, transferências de migrantes, transferências de titularidade de
ativos imobilizados, transferências ligadas a ativos imobilizados) e
o a aquisição/cessão de ativos não produzidos não financeiros que
incluem operações associadas a ativos corpóreos (por exemplo, ativos
em terrenos e no subsolo) e transações associadas com ativos
incorpóreos (por exemplo, patentes, copyrights, marcas, franchises,
etc.).

A balança de capitais é excedentária quando as entradas de capitais são


superiores às saídas de capitais. Compreende a balança de capitais a longo
prazo (operações superiores a um ano), e a balança de capitais a curto
prazo (operações inferiores a um ano).
Regista principalmente transferências de património por emigrantes entre
países.

 A balança financeira: regista transações associadas com mudanças de


titularidade de ativos e passivos financeiros estrangeiros de uma economia.
A balança financeira divide-se em cinco componentes de base: Investimento
direto, Investimento de Carteira, Derivativos financeiros, Outros investimentos
e Ativos de reserva oficiais.

Os componentes do balanço de pagamentos são normalmente apresentados em coluna


e a soma do saldo de todas o balanços em conjunto, é necessariamente igual a zero.

Uma compra ao resto do Mundo (importações) regista-se na coluna dos débitos e uma
venda ao resto do Mundo (as exportações) regista-se na coluna dos créditos e cada
transação internacional é lançada duas vezes na balança de pagamentos:

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Uma vez como crédito (+) e uma vez como débito (-), assim, o saldo da é sempre
igual a zero.

As estatísticas da balança de pagamentos de um país registam tanto os seus


pagamentos ao estrangeiro quanto os seus recebimentos do estrangeiro. Por
conseguinte, demonstram as variações no endividamento do país com o estrangeiro,
bem como o desempenho das suas indústrias exportadoras e concorrentes com as
importações.

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2. Balança corrente

2.1. Conceito

É uma das três balanças primárias que compõem a balança de pagamentos,


juntamente com a balança de capital e a balança financeira, e determina a exposição
de uma economia ao resto do mundo, enquanto a balança de capital e a balança
financeira demonstram como ela é financiada.

A balança corrente (da balança de pagamentos) fornece informações sobre o comércio


internacional de bens (a categoria mais importante), mas também sobre as transações
internacionais de serviços, os rendimentos e as transferências correntes.

Para todas estas operações, a balança de pagamentos regista créditos (exportações) e


débitos (importações).

A balança corrente indica a posição económica de um país no mundo, abrangendo


todas as transações que ocorrem entre entidades residentes e não residentes. As
quatro principais componentes da balança corrente registam os movimentos de
entrada e saída de fluxos monetários correspondentes a bens, serviços, rendimentos
de trabalho e investimento e transferências correntes públicas e privadas, ou seja é
composta pela:

 Balança de bens e mercadorias.


 Balança de serviços.
 Balança de rendimentos.
 Balança de transferências correntes.

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2.2. Saldo

A balança corrente é um dos principais indicadores sobre o comércio internacional de


um país, e reflete o rendimento líquido de um país: no caso de apresentar um saldo
positivo (ou superavit), contribui para a acumulação de créditos sobre o exterior; no
caso de apresentar um saldo negativo (ou défice), contribui para a acumulação de
dívida ao exterior.

Uma balança corrente negativa implica que a economia do país está a ser financiada
por poupança externa. Mostra que um país está a gastar no estrangeiro mais do que
ganha nas transações com outras economias, sendo, por conseguinte, um devedor
líquido face ao resto do mundo.

Balança comercial de Portugal (1998-2014)


3ºT 2012 4ºT 2012 1ºT 2013 2ºT 2013 3º T 2013

Balança corrente -2.1 -2,0 -0,4 -0,1 0,8


Bens -5,3 -5,4 -3,7 -3,7 -4,2
Serviços 5,5 5,3 4,1 4,9 6,2
Rendimentos -4,6 -4,2 -2,9 -3,7 -3,6
Transferências correntes 2,3 2,3 2,1 2,5 2,5
Das quais remissas emigrantes/ 1,3 1,3 1,3 1,4 1,5
imigrantes

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3. Componentes da Balança Corrente

2.1. Balança de mercadorias

Conceito: a balança de mercadorias ou balança comercial, regista os fluxos


monetários relativos às transações de mercadorias entre um determinado país e o
Resto do Mundo, isto é, as transações de bens de consumo final, de bens em curso de
fabrico e de matérias-primas e subsidiárias.

Na rubrica mercadorias registam-se os fluxos correspondentes às exportações e


importações de mercadorias. As exportações serão sempre a crédito e as importações
sempre a débito. Deste modo, o saldo da balança de mercadorias resulta da
diferença entre as exportações (créditos) e as importações (débitos).

Portugal, conjuntamente com a maioria dos países da EU, apresenta um saldo negativo
na balança de mercadorias (défice). O valor das exportações é inferior ao valor das
importações, o que representa uma situação desfavorável para o nosso país, uma vez
que saem mais divisas do que entraram no país.

2.1.1. Importações

Quando um país compra mercadorias a outro, está a efetuar uma importação


(entrada de bens), a que corresponde, em termos monetários, uma saída de moeda da
sua economia, que é registada a débito.

2.1.2. Exportações

A exportação verifica-se quando o país vende mercadorias ao exterior (saída de bens),


o que corresponde a uma entrada de moeda e um registo a crédito.

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2.1.3. Saldo da Balança de Mercadorias

O saldo de uma balança obtém-se calculando a diferença entre o valor a crédito e o do


débito. O saldo da balança de mercadorias encontra-se da seguinte maneira:

Balança de Valor das Valor das


mercadorias exportações importações

Saldo superavitário: quando a diferença entre os créditos e os débitos é positiva, ou


seja, o valor das exportações é superior ao valor das importações.

Saldo deficitário: quando a diferença entre os créditos e os débitos é negativa, ou


seja, o valor das importações é superior a valor das exportações.

Saldo nulo: quando o valor das importações é igual ao valor das exportações.

A balança de mercadorias Portuguesa apresenta um défice crónico dado (a):


 Necessidade de importar bens.
 Fraco crescimento da procura externa.
 Exportação de grande percentagem de bens de pouco valor acrescentado
 Deterioração dos termos de troca, associada à subida dos preços internacionais
do petróleo.

2.1.4. Taxa de cobertura

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Conceito: é um indicador económico relacionado com o saldo da balança de


mercadorias, que permite avaliar a capacidade de uma economia pagar as suas
importações com o valor das suas exportações.

valor das exportações


Taxa de cobertura= x 100
valor das importações

Quanto maior for a taxa de cobertura, menos deficitária será o saldo da balança de
mercadorias do país.

A importância da taxa de cobertura reside no facto de oferecer a noção do grau de


dependência comercial de um país face ao exterior. Idealmente a taxa de cobertura
deve ser superior a 100% indicando que todas as importações são pagas pelas
exportações e que ainda sobram divisas.

2.2. Balança de serviços

Nesta rubrica registam-se as trocas de serviços entre um país e o resto do mundo.


Registam-se os direitos de utilização, as trocas relativas a seguros, pagamentos por
assessoria jurídica, gastos de turistas, transportes e seguros entre outros.
Esta balança de serviços apresenta geralmente em Portugal, um saldo positivo por
influência do Turismo como fonte importante de receitas.

O valor deste serviço regista flutuações acentuadas devido aos períodos de recessão
ou de crescimento económico. Em períodos de forte expansão económica, a tendência
é para o aumento das receitas do turismo. Para além do desempenho e económico dos
diferentes países, também a existência de paz e de segurança a nível mundial favorece
o turismo, possibilitando o aumento das receitas do mesmo.

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2.3. Balança de rendimentos

A balança de rendimentos regista as entradas e saídas de fluxos relativos aos


rendimentos do trabalho e do investimento.

Em Portugal esta balança tem registado défices de valor absoluto crescente entre
vários períodos, de 1998 a 2001 e 2003 a 2005, resultante, segundo o Relatório do
Banco de Portugal, da descida das taxas de juro.

2.4. Balança de transferências correntes

A balança de transferências correntes regista relações económicas e fluxos sem


retorno, ou seja, sem qualquer contrapartida real, de mercadorias ou serviços ou
mesmo de aplicações financeiras e de investimentos.

A balança de transferências correntes é constituída por transferências públicas e


transferências privadas:

 públicas registam-se as transferências em que um dos intervenientes é o


Estado Português (ex. transferências do Fundo Social Europeu, os fundos
comunitários).
 privadas registam-se as transferências entre particulares. Ex: Remessa de
emigrantes e de imigrantes e as pensões e as reformas dos emigrantes que
voltam definitivamente ao seu país.

O excedente das transferências correntes registado na Balança portuguesa, em


percentagem do PIB, tem baixado devido à diminuição das remessas dos emigrantes e
ao aumento das remessas dos imigrantes.

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III. Integração económica

1. Conceito de integração económica

O conceito de integração económica aplica-se a fenómenos de cooperação e unificação


entre dois ou mais países, embora genericamente corresponda à ocorrência desse tipo
de fenómenos entre espaços económicos diferentes e, eventualmente dentro do
mesmo Estado.

Dependendo do grau de profundidade, o processo de integração económica implica a


transferência de parte das soberanias nacionais para uma entidade supranacional, ou
seja, do estabelecimento de acordos entre os países, de criação de entidades
supranacionais.

Integração económica é um processo que implica medidas destinadas à abolição de


discriminações entre unidades económicas de diferentes Estados, procurando unir
vários espaços económicos nacionais num único espaço económico mais vasto.

A integração económica internacional pode traduzir-se em várias formas concretas,


sendo as mais comuns as seguintes: a zona de comércio livre, a união aduaneira, a
união económica e união económica e monetária.

A integração económica tem como objetivo principal o aumento da eficiência na


afetação de recursos pela eliminação de discriminações e de restrições ao livre
movimento de mercadoria e fatores produtivos.

Podemos distinguir a:
 Integração formal: definida formalmente através de acordos escritos vastos e
complexos.
 Integração informal: que se limita à grande cooperação comercial entre
estados. Assume a forma de sistema de preferências aduaneiras onde os países
que a compõem limitam-se a conceder mutuamente algumas vantagens

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aduaneiras, como por exemplo, baixar a taxas aduaneiras de determinados


produtos que circulam nesses espaços económicos.

Vantagens
 Aumento de produção resultante de fenómenos de especialização.
 Aumentos de produção derivados da exploração de economias de escala.
 Melhoria dos termos de troca do grupo, relativamente ao resto do mundo.
 Melhoria de eficiência, resultante do acréscimo de concorrência dentro do
grupo.
 Mudanças na qualidade e quantidade de “inputs”, tais como fluxos de capital e
avanço da tecnologia.
 Crescimento económico – há aproveitamento de um enorme mercado por parte
dos países membros.

Desvantagens
 Perda de receitas fiscais devido à perda de taxas aduaneiras.
 Perda de alguma autonomia.

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2. Formas de integração económica

Pode falar-se em integração económica nacional, internacional, por união e mundial.

A integração nacional ocorre dentro das fronteiras do mesmo país para o


desenvolvimento da coesão de um conjunto já constituído e para fazer da unidade
económica nacional um todo harmonioso.

A integração internacional implica a participação de um número restrito de países e


tem como elementos essenciais, a integração de mercados através do
desmantelamento de barreiras à circulação de bens, serviços e fatores, a discriminação
face a países terceiros e a criação de formas de cooperação entre os participantes
relativamente a políticas económicas.

A integração por unificação de espaços económicos internacionais ocorre quando


diversos países procuram retirar vantagens da criação de um mercado de maior
dimensão constituído pela soma dos mercados nacionais de cada país.

As razões para a unificação de espaços económicos internacionais respeitam duas


ordens de razões: o aumento do peso a nível mundial através da união de esforços e
questões de racionalidade económica.

A integração mundial engloba um número elevado de países à escala mundial. É


normalmente efetuada com base num princípio de não discriminação, ou seja, de
igualdade entre o grande número de países aderentes relativamente a determinados
aspetos da sua vida económica.

Um exemplo concreto de integração económica mundial é o GATT (General Agreement


on Tariffs and Trade), que corresponde a um acordo à escala planetária, embora
alguns países não o tenham ainda ratificado, que tem como objetivo primordial a
diminuição das barreiras alfandegárias impostas por muitos países à importação de
bens, fomentando assim o comércio internacional.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

2.1. Zona de comércio livre

Conceito: caracteriza-se pela livre circulação dos bens produzidos internamente e


pela possibilidade de cada um dos intervenientes definir autonomamente a sua política
face a países terceiros.

Na zona de comércio livre os países membros aceitam abolir entre si todos os direitos
aduaneiros e restrições quantitativas no comércio de mercadorias. Contudo, cada país
é livre para definir as suas pautas e restrições quantitativas em relação aos países
membros não membros.

São organizações de países que se unem para permitir a livre circulação de bens entre
si sem impedir os países de manter acordos comerciais com países não participantes
da Zona de Livre Comércio e cada país possui uma política comercial e económica
autónoma (ex. NAFTA).

2.2. União aduaneira

A união aduaneira, além da livre circulação de bens e serviços dos países participantes,
implica a existência de uma política comercial externa comum.

A união aduaneira caracteriza-se pela ausência de fronteiras internas e constitui um


dos principais fundamentos da União Europeia (UE) que se aplica a todo o comércio de
mercadorias.

Os direitos aduaneiros para a importação e exportação, bem como os encargos de


efeito equivalente entre Estados-Membros são proibidos. Nas fronteiras externas, uma
pauta aduaneira comum, completada pela Pauta Comunitária Integrada (TARIC),
aplica-se às mercadorias provenientes de países terceiros.

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Economia portuguesa em contexto internacional

As mercadorias circulam livremente na União Europeia, em conformidade com as


regras do mercado interno e com base em determinadas disposições da política
comercial comum.

Na Europa, a união aduaneira foi iniciada com o Tratado de Roma em 1957 e os seus
mecanismos evoluíram essencialmente para se adaptarem às novas tecnologias e para
melhor garantirem a segurança, nomeadamente, a proteção contra a contrafação e a
pirataria.

As medidas mais importantes incluíam:

 A eliminação total de direitos aduaneiros e restrições entre os Estados-


Membros.
 A criação de uma pauta aduaneira comum (PAC), aplicável em toda a
Comunidade Europeia às mercadorias provenientes de países terceiros.
 A política comercial comum como vertente externa da união aduaneira (a
Comunidade fala em uníssono a nível internacional).

Outros exemplos de uniões aduaneiras são o MERCOSUL, a EAEC e a CARICOM.

2.3. Mercado comum

O mercado comum define-se, como uma união aduaneira acrescida da livre circulação
dos fatores de produção. O mercado comum acrescenta à união aduaneira a livre
circulação de mercadorias, serviços, pessoas e capitais. São abolidas não apenas as
restrições sobre os produtos negociados, mas também as restrições aos fatores
produtivos (trabalho e capital).

Nos mercados comuns é permitida não só a livre circulação de bens como também de
serviços e pessoas (mão-de-obra). Além disso as políticas comerciais e económicas dos
países são coordenadas e as negociações com outros países são sempre feitas em
bloco. Um exemplo é a União Europeia até 1992. Após este ano a UE é considerada
União Económica, o que configura um estádio de integração ainda maior.

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2.4. União económica

Corresponde a um mercado comum onde existe cooperação e unificação de algumas


políticas económicas mais importantes. Estabelecimento de políticas económicas e
sociais comuns e da livre circulação dos fatores de produção, a juntar-se à das
mercadorias e dos serviços.
A união económica, consiste num mercado comum acrescentado da uniformização das
legislações nacionais com incidência no sistema económico; a coordenação, sob uma
autoridade comum, das políticas económicas, financeiras e monetárias dos Estados-
membros e a substituição das políticas nacionais que respeitem ao domínio económico,
por regras e políticas comuns elaboradas no quadro comunitário.

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Economia portuguesa em contexto internacional

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3. Processo de construção da União Económica

A construção da Europa foi desencadeada durante os anos 50 segundo um processo


que, ante avanços e recuos, procurava alcançar a integração total. Apesar da
antiguidade da ideia de unidade europeia, foi apenas no final da Segunda Guerra
Mundial que se lançou a primeira pedra do edifício europeu.

A criação das Comunidades foi iniciada pela via económica através da colocação sob
uma Autoridade Comum a produção do carvão e do aço franceses e alemães. Visava
não só encetar entre os dois rivais europeus, uma cooperação económica que ligasse
os destinos de um Estado ao outro, como também, e sobretudo controlar a produção
dos bens essenciais a qualquer esforço de guerra, tornando-a materialmente
impossível.

Eram objetivos dos Tratados de Paris e de Roma (que criaram a CEE e a EURATOM)
a fusão dos sistemas económicos e das políticas económicas dos Estados-membros de
modo a obter-se, posteriormente, uma unificação política entre estes.

O objetivo imediato das Comunidades, assim que a CEE e a EURATOM foram criadas
foi a construção, entre os Estados-membros, de uma união aduaneira, que
suprimisse os direitos alfandegários e das práticas comerciais restritivas e
estabelecesse uma Pauta Aduaneira Comum para os Estados-membros face a
terceiros.

Os Estados aderentes às Comunidades beneficiaram de um período de cinco anos para


desmantelar as suas formas de proteção (casos da Grã-Bretanha, Irlanda, Dinamarca e
Grécia). A Portugal e Espanha foram concedidas um período mais alargado de seis
anos.

Ao estabelecer o objetivo de criar uma união aduaneira para depois alcançar-se um


mercado comum, os Seis países fundadores fizeram o mercado comum repousar
especialmente sobre uma união aduaneira de produtos industriais: um espaço de
comércio livre complementado por uma política comercial comum.

25
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Apesar do avanço significativo da integração europeia, o mercado europeu


permaneceu largamente fragmentado em mercados nacionais. Os Estados mantiveram
as cláusulas de salvaguarda, que permitiam suspender as obrigações impostas pelo
Mercado Comum, e o protecionismo não tarifário.

Por isso, era necessário avançar-se ainda mais no domínio da integração


económica, no sentido de criar uma união económica, através do estabelecimento
de políticas económicas e sociais comuns e da livre circulação dos fatores de produção,
a juntar-se à das mercadorias e dos serviços.

Para alcançar os objetivos definidos, o Tratado de Roma-CEE previu a estrutura


institucional, a criação do Fundo Social Europeu e do Banco Europeu de Investimentos.

O Ato Único Europeu, assinado na Haia, em Fevereiro de 1986 faz uma mini reforma
aos Tratados de Roma, a mais significativa das quais no âmbito económico visando
lançar a competitividade da economia europeia através do estabelecimento de um
Mercado Único de 320 milhões de consumidores, isto é, de um espaço sem fronteiras
no qual fosse assegurada a livre circulação das mercadorias, serviços, pessoas e
capitais.

O mercado comum entra em vigor a 1 de Janeiro de 1993 e as Comunidades


constituem-se como mercado comum desde essa data, assim se mantendo até à
entrada na primeira fase da União Económica e Monetária, um outro estágio de
evolução da integração regional.

A integração não podia, a partir de então, manter-se no âmbito dos mercados, pois
exigia já, que se pusessem em prática as políticas comuns, ou uma coordenação das
políticas nacionais que levariam à exigência das reformas institucionais que Maastricht
viria dar resposta, abrindo o caminho para a União Económica e Monetária.

A união económica consiste num mercado comum acrescentado da uniformização das


legislações nacionais com incidência no sistema económico; a coordenação, sob uma
autoridade comum, das políticas económicas, financeiras e monetárias dos Estados-

26
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

membros e a substituição das políticas nacionais que respeitem ao domínio económico,


por regras e políticas comuns elaboradas no quadro comunitário.

União económica não significa, necessariamente, a existência de uma Moeda Única,


mas é a fase mais avançada da união económica e, por conseguinte, da integração
regional, fase em que a União Europeia vive desde 1 de Janeiro de 1999.

27
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

4. Criação da União Económica e Monetária

A União Económica e Monetária é um objetivo presente desde o início do processo de


integração europeia, mas só após o estabelecimento do Sistema Monetário Europeu e
a concretização do mercado único na década de 1980, surgiram as condições
necessárias.

A União Económica e Monetária consiste no processo de harmonização das políticas


económicas e monetárias dos Estados-Membros da UE, com vista à instituição de uma
moeda única. A UEM combina duas vertentes:

 Monetária: com o objetivo da manutenção da estabilidade dos preços, traduz-


se pela definição de uma política monetária única.
 Económica: procura assegurar um crescimento económico sustentado, a médio
e longo prazo, e a coordenação das políticas económicas dos Estados-Membros.

A decisão de formar uma União Económica e Monetária foi tomada pelo Conselho
Europeu na cidade neerlandesa de Maastricht, em Dezembro de 1991, tendo sido
posteriormente consagrada no Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht).

A UEM representa um passo importante para a integração das economias da União


Europeia. Implica a coordenação das políticas económicas e orçamentais, uma política
monetária comum e uma moeda comum, o euro.

Embora os 27 Estados Membros da UE participem na união económica, alguns países


levaram o processo de integração mais longe, tendo adotado o euro. Estes países
formam a zona euro.

Com a União Económica e Monetária, a União Europeia avança no seu processo de


integração económica proporcionando, à economia da União Europeia no seu conjunto
e às economias dos vários Estados Membros, as vantagens inerentes a uma dimensão,
uma eficiência interna e uma solidez maiores.

28
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Por sua vez, estas características permitem um aumento da estabilidade económica, do


crescimento e do emprego, aspetos que beneficiam diretamente os cidadãos europeus.

Do ponto de vista prático, a UEM significa:


 a coordenação das políticas económicas dos Estados Membros.
 a coordenação das políticas orçamentais, nomeadamente através de limites
máximos para a dívida e o défice públicos.
 uma política monetária independente aplicada pelo Banco Central Europeu.
 uma moeda única e a zona euro.
 Governação económica no âmbito da UEM.

Na UEM não existe uma instituição única responsável pela política económica, sendo
esta responsabilidade partilhada entre os Estados Membros e as instituições da União
Europeia. Os principais protagonistas da UEM são:

 o Conselho Europeu, que estabelece as principais orientações da política


económica.
 o Conselho da União Europeia, que coordena a política económica da União
Europeia e decide se um Estado Membro pode adotar o euro
 o "Eurogrupo", que coordena as políticas de interesse comum para os Estados
Membros da zona euro.
 Os Estados Membros, que elaboram os seus orçamentos nacionais, dentro dos
limites acordados para o défice e a dívida, e determinam as suas próprias
políticas estruturais em matéria de emprego, pensões e mercado de capitais.
 A Comissão Europeia, que controla os resultados e o cumprimento das
orientações em matéria de política económica.
 O Banco Central Europeu, que define a política monetária, com o objetivo
primordial de assegurar a estabilidade dos preços.
 Parlamento Europeu, que partilha com o Conselho a tarefa de elaborar
legislação e submete a governação económica a controlo democrático.

Tendo início a 1 de Janeiro de 1999, sendo que as notas e moedas entraram


fisicamente em circulação a 1 de Janeiro de 2002, a Moeda Única constitui o

29
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

elemento mais ambicioso da construção europeia, dando forma e conteúdo ao conceito


de união económica e monetária (UEM).

Estágios da UEM

A União Económica e Monetária foi um processo difícil e lento, que comportou várias
fases.

1ª Fase da UEM
Zona de comércio livre
É a base da integração económica regional, quando os Estados decidem suprimir, nas
suas relações mútuas, as barreiras e os obstáculos ao comércio, através da
liberalização das trocas dentro do bloco, abolição total dos direitos aduaneiros
recíprocos, liberalização dos investimentos e harmonização das normas técnicas.

São excluídas da zona de comércio livre matérias como a livre circulação dos fatores de
produção e a harmonização das políticas económicas, com a salvaguarda, importante,
de que a liberdade de comércio só se aplica aos produtos originários dos Estados-
membros da zona.
Para não haver desvios de comércio, os produtos têm de ser produzidos pelos Estados-
membros ou ter uma certa percentagem de incorporação de valor de um dos Estados-
membros, o que lhes dá o desígnio de mercadorias originárias.

União aduaneira
A união aduaneira caracteriza-se como uma zona de comércio livre acrescida da
adoção de uma Pauta Aduaneira Comum aplicável por todos os Estados-membros da
união relativamente a países terceiros, sendo certo que a livre circulação das
mercadorias é global, por abranger todos os produtos (industriais e agrícolas) – o que
pode não ocorrer na zona de comércio livre, a qual pode abarcar apenas, ou os
produtos industriais (como é o caso da EFTA), ou os produtos agrícolas – produzidos
localmente ou importados.

O Ato Único Europeu viria formalizar a UEM como um objetivo a ser alcançado,
vindo o Pacote Delors, de 1988 estabelecer o plano para que tal meta fosse alcançada,

30
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

depois introduzida no pela revisão feita em Maastricht que vem dar cumprimento ao
que já havia sido enunciado no Ato Único, porém com um alcance mais profundo.

O Tratado de Maastricht estabeleceu o objetivo de alcançar a terceira fase da União


Económica e Monetária através da criação da Moeda Única, o Euro, e de políticas
económica e monetárias comuns a todos os Estados-membros, de modo que à
cooperação nestes domínios sucedesse a criação de políticas comuns.

De acordo com o entendimento de que o bom funcionamento do Sistema Monetário


Europeu não era suficiente para garantir a estabilidade dos preços, promover a
convergência nominal e real das economias dos Estados-membros e assegurar o
desenvolvimento económico sustentado, decidiram estabelecer as condições
necessárias para a criação da União Económica e Monetária, cujos corolários
seriam, desde logo, a criação de uma Moeda Única para todos os membros dessa
União e a adoção de políticas económica e monetária comuns sob a
responsabilidade de um Banco Central Europeu e de um Sistema Europeu de Bancos
Centrais.

Para além do objetivo da eliminação dos obstáculos às quatro liberdades de circulação,


temática referente à construção do Mercado Interno, o Tratado de Maastricht
consagrou uma importante transferência de competências para órgãos comuns no
respeitante à gestão da política macroeconómica e, em particular, da política
monetária e da política cambial.

2ª fase UEM
Iniciou-se a segunda fase da União Económica e Monetária no dia 1 de Janeiro
de 1994, marcado pela criação e a entrada em funcionamento do Instituto Monetário
Europeu (IME) para exercer dois tipos de funções apenas durante a segunda fase.

 Assegurar o reforço dos mecanismos de coordenação das políticas monetárias


de todos os Estados-membros, pelo que o seu Conselho era constituído pelos
Governadores dos Bancos Centrais de todos os Estados-membros.
 Criar o Banco Central Europeu.

31
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

3ª fase UEM
A terceira fase da UEM teve início formal a 1 de Janeiro de 1999 e, em 1 Janeiro de
2002, as notas e moedas do Euro entraram em circulação junto dos cidadãos
europeus.
A terceira fase viria a ser caracterizada por dois aspetos essenciais.

 Fixação irrevogável das taxas de câmbio nas relações entre os Estados-


membros participantes, como estágio de preparação para a passagem à Moeda
Única.

 Alterações no plano institucional, a começar pela extinção do Instituto


Monetário Europeu e respetiva substituição pelo Banco Central Europeu que,
juntamente com os Bancos Centrais dos vários Estados-membros constituiriam
o chamado Sistema Europeu de Bancos Centrais, responsável pela definição da
política monetária e cambial dos Estados que viriam a adotar a Moeda Única.

O Tratado de Maastricht estabelece critérios de convergência dos Estados-membros


aderentes para participar na fase final da União Económica e Monetária.

 Preços estáveis.
 Solidez das finanças públicas
 Condições monetárias sólidas.
 Balança de Pagamentos sustentável.

O critério relativo à estabilidade dos preços medida pela taxa de inflação, o


cumprimento deste critério implicaria que a taxa de inflação registada em cada Estado-
membro não deveria exceder, em mais de 1,5 pontos percentuais, a taxa de inflação
resultante da média dos três países com melhor performance em termos de inflação.

Relativamente ao critério respeitante à solidez das finanças públicas, em ligação


com a Balança de Pagamentos sustentável, é necessário ter em atenção o défice do
orçamento do Estado e, por outro, o critério relativo à dívida pública.

32
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Em matéria de política orçamental, considerou-se que o eventual défice do


orçamento do Estado não deveria ser superior a um montante equivalente a 3% do
valor do respetivo Produto Interno Bruto, critério cujo cumprimento se revelou difícil
para a generalidade dos Estados-membros.

Em matéria de dívida pública, o critério referia que o montante global desta dívida
não deveria exceder um valor equivalente a 60% do respetivo Produto Interno Bruto.

Quanto ao critério relativo à solidez das condições monetárias, e uma vez que
esta solidez é aferida pela taxa de juro, o tratado estabeleceu que essa taxa não
deveria exceder, em mais de dois pontos percentuais, a taxa média dos três países
com melhor performance em termos de taxas de juro.

Na sequência da crise financeira de 2008, que atingiu com especial intensidade a


economia europeia e, em particular, os países da zona do euro, a UEM iniciou a
segunda década da sua existência sujeita a um importante processo de ajustamento
nas suas regras de funcionamento e governação que, nomeadamente, visa garantir o
aprofundamento da sua dimensão económica.

33
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

5.Desafios colocados à UE decorrentes do respetivo alargamento

Conceito: o termo alargamento refere-se ao processo de adesão de novos países à


UE. Desde a criação da UE em 1957, o número dos países que a constituem passou de
6 para 28 países.

Trata-se da reunificação do continente europeu, dividido em consequência da última


guerra mundial. Ao longo dos últimos 50 anos, o alargamento da UE contribuiu para
promover o crescimento económico e reforçar as forças democráticas em países
acabados de sair de um período de ditadura.

Os seis membros fundadores da UE, criada em 1957, foram a Alemanha, a Bélgica, a


França, a Itália, o Luxemburgo e os Países Baixos. A partir de 1973, grande parte dos
restantes países da Europa Ocidental foram gradualmente aderindo à UE.

Com o colapso dos regimes do bloco de leste em 1989, uma série de antigos países
comunistas da Europa Central e Oriental tornaram-se membros da UE em duas vagas
de adesões, respetivamente, em 2004 e 2007. Em 2013, a Croácia tornou-se o 28.º
Estado-Membro da UE.

Entre a inicial Europa dos 6 e a atual Europa dos 25 verificaram-se 5 alargamentos.

1º - 1973: Dinamarca, Irlanda e Reino Unido (Europa dos nove)


2º - 1981: Grécia (Europa dos dez)
3º - 1986: Portugal e Espanha (Europa dos doze)
4º - 1995: Áustria, Finlândia e Suécia (Europa dos quinze)
5º — 2004: Chipre, Malta, Hungria, Polónia, Eslováquia, Letónia, Estónia,
Lituânia, República Checa e Eslovénia (Europa dos vinte e cinco)
5° (segunda parte) - 2007 - Bulgária e Roménia (Europa dos vinte e sete)

O Tratado da União Europeia estabelece que qualquer país europeu se pode candidatar
à adesão, desde que respeite os valores democráticos da UE e se comprometa a
promovê-los. Mais especificamente, deve cumprir os seguintes critérios de adesão:

34
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

 Políticos: deve ter instituições estáveis que garantam a democracia, o Estado


de direito e o respeito dos direitos humanos.
 Económicos: deve ter uma economia de mercado operacional e ser capaz de
fazer face à pressão da concorrência e às forças de mercado na EU.
 Jurídicos: deve aceitar o acervo comunitário, ou seja a legislação vigente da
UE, nomeadamente os objetivos da união política, económica e monetária.

Atualmente há oito países aos quais a UE ofereceu a perspetiva de adesão: Albânia,


Turquia, Islândia e os países da ex-Jugoslávia, com exceção da Eslovénia e da Croácia.
Turquia, Sérvia, Antiga República Jugoslava da Macedónia, Islândia e Montenegro têm
o estatuto de candidato oficial.

O alargamento da União Europeia aos países da Europa Central e Oriental (PECO) pode
ser considerado como um dos acontecimentos mais significativos e suscetíveis de
exercer uma forte influência nas políticas da UE, nomeadamente na política regional
comunitária.

Desafios
O alargamento tem lugar numa altura em que a UE enfrenta importantes desafios em
termos de desempenho económico, de coesão interna e do seu papel no plano
externo.

Estes três importantes desafios - económico, interno e externo - acompanham o


desenvolvimento da UE, que necessita de recuperar o seu dinamismo económico e
competitividade, de dar uma resposta efetiva às exigências dos seus cidadãos e de
definir o seu papel político no plano mundial.

 Assimetrias entre regiões e países-membros.


 As instituições previstas para seis Estados já não funcionam com a mesma
eficácia após os sucessivos alargamentos.
 Dificuldade em assumir uma posição de liderança na cena política
internacional.
 Problemas ao nível de segurança e no controlo das fronteiras e da imigração.

35
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

 Elevados níveis de desemprego.


 Perda da identidade nacional.

Assimetrias entre regiões e países-membros


A UE representa uma comunidade e um mercado interno de mais de 500 milhões de
cidadãos, os quais vivem em 271 regiões, facto que potencia o surgimento de
disparidades entre esses Estados e as suas regiões.
Desde 1989 que o objetivo da política de coesão tem sido reforçar a coesão económica
e social. O Tratado de Lisboa e a nova estratégia EUROPA 2020 introduziram uma
terceira dimensão: a coesão territorial.

O alargamento aumentou a superfície geográfica e a população e fez disparar as


dissimetrias regionais. Para responder a este desafio é necessário o reajustamento das
políticas comunitárias e dos fundos estruturais

A política de coesão é o instrumento privilegiado para a realização desse objetivo,


mediante a promoção do desenvolvimento equilibrado dos 28 Estados-Membros e suas
271 Regiões.
Esta política é importante para que as grandes diferenças em termos económicos,
sociais e territoriais existentes entre as regiões da Europa possam gradualmente
começar a desaparecer.

Entre 2007 e 2013 a UE investiu mais de 348 mil milhões de euros no desenvolvimento
das suas regiões, designadamente na melhoria dos transportes e ligações internet, no
apoio às pequenas e médias empresas de áreas desfavorecidas, investimentos num
ambiente mais limpo, na valorização das qualificações e competências dos cidadãos,
na promoção da inovação, da eficiência energética e na luta contra as alterações
climáticas

É imperioso atenuar estas disparidades que comprometem os pilares da EU,


nomeadamente o mercado único e o euro.

A EUROPA 2010 é a estratégia da EU para a promoção do crescimento inteligente,


sustentável e inclusivo.

36
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Deficiência institucional
O alargamento é um acontecimento crucial para a construção europeia, capaz de
marcar profundamente a política do continente nas próximas décadas. Para tanto, o
alargamento exige que as instituições se adaptem a este aumento do número de
membros e que criem medidas operacionais de funcionamento com base na
democracia o que ira implicar a sua reforma.

As dificuldades de uma união política viram-se substancialmente acrescidas pelos


sucessivos alargamentos da Comunidade, que obrigam a conjugar os interesses de
países muito diferentes e a rever o funcionamento das instituições, concebidas para
um número de membros bem mais reduzido.

Da Convenção para o Futuro da Europa resultou um projeto de Constituição Europeia


que prevê, entre outras soluções inovadoras, a criação de um ministro dos Negócios
Estrangeiros da Europa e o prolongamento do mandato do presidente do Conselho
Europeu.

O abstencionismo dos cidadãos dos estados-membros no que toca a eleições para


cargos nos órgãos comunitários revela também a deficiência da estrutura política da
UE, que aparentemente não se consegue impor como prioridade e solução para a vida
dos europeus.

Posição de liderança
A UE continua com dificuldade em assumir uma posição de liderança na cena política
internacional.

Por exemplo, no plano externo, a UE não participou na resolução do problema do


Iraque.
Os seus Membros estiveram profunda e visivelmente divididos e a UE e os seus
instrumentos de política externa não desempenharam qualquer papel. Embora
determinados Estados-Membros tivessem tido um papel ativo na cena internacional no

37
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

que respeita a esta questão, a Europa, como um todo, não existiu. O peso económico
da UE deve ser acompanhado de uma voz política nos assuntos mundiais.

Esta questão poderá ser solucionada em parte pela criação de novas figuras
institucionais que permitem à europa dialogar com os seus parceiros mundiais.

Elevados níveis de desemprego


Na Europa vive-se sob o impacto da globalização, de uma maior mobilidade
internacional e do crescimento dos fluxos migratórios.
O desemprego tem vindo a agravar-se na Europa proveniente de vários fatores, dentro
deles o processo de globalização ligado às novas tecnologias.

Outro motivo é a migração de empresas para outros países ou continentes, dessa


forma, a produção é desenvolvida nas filiais e, na Europa, permanecem somente as
sedes que direcionam os rumos do empreendimento

A Agenda para a Europa 2020 propõe assegurar o emprego de 75% da população


entre os 20 e os 64 anos; investir pelo menos 3% do PIB da UE em I&D, reduzir a taxa
de abandono escolar para menos de 10% e assegurar que pelo menos 40% da
geração mais jovem dispõe de um diploma do ensino superior; tirar 20 milhões de
pessoas da pobreza”, preconiza “um crescimento e desenvolvimento inclusivo, através
do aumento da taxa de participação no mercado de trabalho, da aquisição de
qualificações e da luta contra a pobreza.

Problemas ao nível de segurança e no controlo das fronteiras e da imigração


O alargamento da área geográfica da Europa trouxe o problema de controlo dos fluxos
migratórios de países terceiros. A imigração é alimentada sobretudo pela procura
crescente de mão-de-obra barata na agricultura, no setor dos serviços e em setores
informais. Uma maioria considerável destes emigrantes é constituída por refugiados
que fogem de conflitos violentos nos seus países de origem.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Há que reduzir a imigração ilegal para a União Europeia devido às numerosas


consequências negativas que dela podem advir, nomeadamente as ligações aos grupos
criminosos e aos traficantes de seres humanos.
Até serem criadas mais vias legais de imigração e enquanto for negado aos refugiados
o acesso aos procedimentos de asilo, o mais provável é a maior parte desta emigração
continuar de forma ilegal.

Por outro lado, a imigração ilegal dificulta a identificação de verdadeiros refugiados.


Frequentemente, os grupos que chegam à Europa são compostos por diversas
categorias de imigrantes, onde pessoas que procuram na Europa uma vida melhor se
misturam com outras que fogem à perseguição e a graves violações dos direitos
humanos.

Perda da identidade nacional


Ao mesmo tempo em que o crescimento dos fluxos migratórios se intensifica, há outro
grande desafio para o bloco europeu: a construção de uma identidade europeia. Esta
identidade em construção é afetada de diversas maneiras pela presença dos não-
europeus no seio da sociedade.

A UE necessita de uma solidariedade a nível transnacional que ainda não existe, e esta
necessidade exerce um papel central para estabilidade política, económica e social
interna da organização. Esta identidade coletiva pode atenuar as tensões enfrentadas
pela organização, agravadas pela recente crise económica.

A construção de uma identidade não é algo que pode ser facilmente realizado. A UE é
uma organização composta por Estados modernos que passaram por um longo e
profundo processo de formação nacional e que têm como um de seus princípios
fundadores a soberania.
Estabelecer uma ordem que seja capaz de acomodar esse princípio com as noções de
justiça e igualdade peculiares de cada membro tem sido o maior desafio das
organizações regionais e internacionais atuais, e a UE não foge à regra.

A UE é uma organização com um profundo processo de integração entre os países


membros, realizada de forma inédita na história dos blocos de cooperação regional.

39
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Exatamente por ir muito além do que as organizações de cooperação e integração


tradicionalmente se propõem, surge a necessidade de uma identidade coletiva mais
forte.

Contudo, os Estados com um conceito tradicional de soberania arraigado à sua


formação, ceder parte de sua soberania em favor de instâncias internacionais aparenta
ser um processo de difícil realização na medida em que se traduz em abrir mão, total
ou parcialmente, da prerrogativa de transformar em ação política as suas visões e
perceções nacionais acerca do mundo. Esta desconfiança é ainda maior quando há
uma diferença entre os Estados no que tange o poder de influenciar o sistema regional
ou global.

Mesmo após o Tratado de Maastricht, não surgiu um sujeito independente e


supranacional, apenas a delegação de poderes de Estados que permanecem
soberanos.

Isto posto, não há uma identidade europeia única e consensual, sob a qual os cidadãos
da UE se identificam. A integração europeia deve ir além do âmbito económico e
procurar formar esta identidade, para dar mais força, coesão social e estabilidade
interna à União.

OUTROS

Globalização
A combinação dos progressos tecnológicos, dos baixos custos dos transportes e da
liberalização na UE e no resto do mundo conduziu a um aumento dos fluxos comerciais
e financeiros entre os vários países, com importantes consequências a nível do
funcionamento da economia europeia.

Embora seja inegável que a globalização traz enormes benefícios e oportunidades, não
é menos verdade que tem como resultado para a Europa uma forte concorrência quer
dos países com economias de baixos custos, como a China e a Índia, quer dos países
com economias orientadas para a inovação, como os EUA.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Envelhecimento da população
Nas próximas décadas, todos os países da UE registarão um aumento da percentagem
de pessoas idosas e uma redução significativa das pessoas jovens e das pessoas em
idade de trabalhar.
Se bem que o aumento da esperança de vida seja uma importante conquista das
sociedades europeias, o envelhecimento das populações coloca desafios significativos à
economia e aos sistemas europeus de segurança social. A transição demográfica é
considerada um dos mais importantes desafios para a União Europeia.

As estimativas das despesas relacionadas com o envelhecimento da população incluem


as pensões, os cuidados de saúde de longa duração e as despesas com a educação e o
desemprego e alimentam vários debates políticos a nível da UE.

Em países europeus as taxas de fertilidade caíram muito nas últimas décadas. A maior
parte da Europa está envelhecida, e a gerar uma onda de problemas sociais e
económicos. Menos jovens significa que haverá menos trabalhadores para sustentar as
pensões dos aposentados que vivem muito, colocando um peso severo sobre as
economias da Europa.

41
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

6. Realidade atual da economia portuguesa

As características da situação atual da economia portuguesa, bem como as perspetivas


da sua evolução previsível no futuro próximo, devem ser enquadradas no contexto de
crise e de transformação resultante do seu envolvimento nos processos de
construção europeia e de globalização, isto é, o de uma economia aberta sujeita a
pressões concorrenciais, regulamentares e políticas externas que condicionam, positiva
e negativamente, as suas escolhas e realidades internas.

Crise
Desde 2009 que Portugal vive uma situação de recessão económica, conjugada com
um crescimento contínuo da dívida pública, políticas de austeridade, nacionalização de
bancos falidos, intervenção externa acompanhada de resgates financeiros à economia
nacional, dificuldades no controlo do défice e clima de contestação social provocados
pela crise económica.

A crise internacional, resultante dos problemas do sub-prime, repercutiu-se em


Portugal, agravando dramaticamente os problemas estruturais relacionados com a
baixa produtividade e competitividade e provocando uma enorme destruição do
aparelho produtivo com a inutilização de recursos materiais e “libertação” de recursos
humanos, tornados desnecessários pela massiva destruição de capital.

Em 6 de Abril de 2011, o então primeiro-ministro José Sócrates anunciou que o país


pediu ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional e ao Fundo Europeu de
Estabilidade Financeira, como a Grécia e a República da Irlanda já haviam feito. Foi a
terceira vez que a ajuda financeira externa foi solicitada ao FMI — a primeira foi no
final da década de 1970, após a Revolução dos Cravos.

Em Julho do mesmo ano, a agência de notação norte-americana Moody's coloca


Portugal na avaliação "lixo financeiro", provocando a queda dos maiores bancos
nacionais no PSI 20, iniciando uma onda de revolta em Portugal e na Europa.

Portugal e a UE

42
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

O sucesso dos primeiros anos de integração europeia contribuiu para o largo consenso
gerado em torno da participação de Portugal na criação da UEM. A adesão ao euro foi
assumida como um desígnio nacional e como um elemento central da política
económica portuguesa e da estratégia de desenvolvimento económico, que visava a
convergência para os níveis de rendimento dos países mais ricos da UE.

A participação no Euro obrigou o país ao cumprimento das regras do Pacto de


Estabilidade e Crescimento, o controlo das contas públicas e da inflação, mas
assegurou níveis mínimos históricos de inflação e taxa de juro.

A primeira fase da integração na EU em 1986, apoiada no choque favorável da oferta a


nível internacional, alargamento dos mercados, investimento internacional e fundos
estruturais, correspondeu a um período de forte crescimento da atividade económica.

É o período da convergência que se desenvolveu até ao final da década de 90 onde


Portugal iniciou um período de reformas e de investimentos em infraestruturas que se
refletiram numa rápida aceleração do crescimento económico português.

Uma das consequências da união monetária foi a perda da política cambial,


historicamente usada para manter alguma competitividade da economia portuguesa, e
traduziu-se na diminuição progressiva da competitividade das empresas e na
ampliação persistente do desequilíbrio externo.

De facto, a partir daquela altura, a taxa de câmbio foi fixada irrevogavelmente,


perdendo-se um mecanismo de correção de potenciais desequilíbrios externos, bem
como a possibilidade de utilizar a política monetária para debelar os efeitos negativos
de choques que afetassem a economia portuguesa.

A posterior adesão de Portugal ao euro, em janeiro de 1999, correspondeu a uma


mudança de regime económico e foi provavelmente o mais importante acontecimento
na economia portuguesa das duas últimas décadas.

43
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

A partir de 2002 afirma-se claramente o período de estagnação e de divergência real


da economia portuguesa. Ao choque positivo da integração na EU seguiu-se o choque
negativo da adesão ao euro.

Por outro lado, as novas condições monetárias propiciavam melhor recurso ao crédito,
o que desenvolveu comportamentos consumistas, elevando a despesa das famílias,
financiada em grande parte por um excesso de circulação de dinheiro fácil obtido por
via dos apoios comunitários e do endividamento a taxas de juro reduzidas, sem
correspondência com a capacidade produtiva nacional. Esta discrepância haveria de se
traduzir no desequilíbrio das contas externas e no crescimento dramático do
endividamento na componente externa.

Apesar da possibilidade de acesso a amplos mercados, a vastos e variados meios de


financiamento e de ter beneficiado, pelo menos inicialmente, de custos do trabalho
relativamente baixos, a economia portuguesa só muito insuficientemente tirou partido
destes fatores, mantendo uma fraca capacidade competitiva, baseada em estratégias e
operações empresariais pouco sofisticadas.

Como anteriormente referido, a perda de moeda e de política monetária alargou


dramaticamente o desequilíbrio tendencial do modelo seguido, tornando-o
insustentável.

Ao acentuar as dificuldades de competitividade da economia portuguesa,


designadamente em consequência da perda dos instrumentos da política cambial,
atrofiou o sector de bens transacionáveis e a produção nacional.

Ao aumentar a pressão da procura, com a queda das taxas de juro a juntar-se ao


persistente afluxo de fundos estruturais e a défices orçamentais permanentes, a
adesão de Portugal ao euro alargou a pressão importadora e sobre dimensionou o
sector de bens não transacionáveis.

Nestas condições, as nossas empresas revelaram-se incapazes de compensar através


da produção nacional uma procura ao exterior sempre crescente, gerando por
consequência um desequilíbrio externo persistente.

44
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

1999-2010: O NOVO REGIME DA ECONOMIA PORTUGUESA


O período correspondente à participação de Portugal na UEM caracterizou-se pela
estagnação da atividade económica: o produto cresceu a uma taxa média anual de
1,2% entre 1999 e 2010.

A integração na UEM foi acompanhada de continuado afastamento do padrão de


crescimento do produto na UE15. O diferencial de crescimento do produto per capita
face à UE15 foi negativo na maior parte dos anos, sendo o crescimento acumulado do
PIB nos 12 anos considerados nesta análise de 15,6% em Portugal e de 21,1% na
UE15.

Globalização
As implicações do desmoronamento do bloco de Leste situam-se entre os fatores que
ampliaram de maneira muito significativa a concorrência externa em relação à
economia Portuguesa, designadamente em termos de bens e capitais. O reforço da
globalização em geral contribuiu igualmente para a intensificação da concorrência
internacional.

A abertura ao exterior manteve uma pressão persistente sobre os sectores expostos à


concorrência internacional, criando uma significativa assimetria no crescimento dos
preços, desfavorável ao sector dos bens transacionáveis.

A maior inflação nos bens e serviços mais abrigados da concorrência externa permitiu
drenar recursos de melhor qualidade para estas atividades, reduzindo as
potencialidades de desenvolvimento e o sucesso no sector dos bens transacionáveis.

Situação económica e perspetivas


As projeções recentes da União Europeia para a economia portuguesa apontam para
uma queda mais moderada da atividade económica em 2013, em comparação com
2012, e um ligeiro aumento em 2014. O Produto Interno Bruto deverá registar uma
redução de 1,8% em 2013, face à queda de 3,2% ocorrida em 2012.

45
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

O desempenho favorável das exportações e a menor da contração da procura interna


foram fatores determinantes.
De acordo com os dados publicados pelo INE, o PIB aumentou ligeiramente (+0,2%)
entre junho e setembro de 2013, comparativamente com o trimestre anterior.

Decorridos dois anos do Programa de Assistência Económica e Financeira, a economia


portuguesa registou progressos no que diz respeito ao reequilíbrio externo e à redução
do défice orçamental primário estrutural, embora num quadro de forte quebra da
atividade económica e de aumento do desemprego.

As expectativas da Comissão Europeia apontam para uma recuperação da economia


portuguesa, que deverá crescer 0,8% em 2014 e 1,5% em 2015.

Estas perspetivas anunciadas inserem-se num clima ainda incerto, do lado interno,
pelos reflexos da forte redução da despesa pública/consolidação orçamental/medidas
de austeridade, decorrentes do programa de assistência financeira acordado com a
União Europeia e o FMI (abril de 2011 até 2014), e, ao nível externo, pelos impactos
da crise da dívida soberana na Zona Euro (evolução da procura externa por parte dos
principais parceiros comerciais de Portugal) e ainda pelas condições de acesso aos
mercados de financiamento internacionais versus capacidade de financiamento da
economia portuguesa.

Na parte final do ano de 2013, assistiu-se a uma diminuição da incerteza e dos riscos
financeiros globais associados à dívida soberana devido aos progressos alcançados na
construção da união bancária europeia, com destaque para o acordo no seio da União
Europeia, para os dois primeiros pilares (Mecanismo Único de Supervisão e de
Resolução).

46
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

7. Indicadores de desempenho da economia portuguesa

Conceito: indicadores económicos são grandezas de carácter económico, expressas


em valor numérico, cuja principal utilidade consiste na aferição dos níveis de
desenvolvimento de países, regiões, empresas, permitindo efetuar comparações.

Na análise da situação económica relativa dos diversos países ou regiões geográficas, é


usual compararem-se indicadores como:

 Produto Interno Bruto (PIB).


 PIB per capita.
 Saldo das balanças externas.
 Nível da inflação.
 Taxa de desemprego.
 Défice orçamental.

Consideram-se ainda outros indicadores, de índole puramente social (por exemplo,


número de automóveis, de televisores, de telefones por cada milhar de habitantes) ou
demográfica (como a taxa de natalidade, de mortalidade, de mortalidade infantil, a
esperança de vida à nascença, etc.).

Produto Interno Bruto (PIB)

Conceito: o PIB representa o resultado final da atividade económica dos residentes


num determinado território, num dado período de tempo (tipicamente, um ano ou um
trimestre). Consiste no montante dos bens e serviços produzidos num dado ano num
determinado no país, independentemente de ser realizada por empresas nacionais ou
estrangeiras.

É o indicador mais usado para perceber o estado da economia de um país na medida


em que, revela se o país está a crescer, a produzir riqueza ou em dificuldades.

47
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

O PIB é um agregado macroeconómico, ou seja, é uma grandeza que representa o


conjunto das operações efetuadas, durante o ano, pelos vários agentes dessa
economia.

Esse resultado pode ser medido segundo três óticas:

 Ótica da oferta ou da produção: O PIB é a soma do valor acrescentado bruto


(VAB); produção deduzida do consumo intermédio necessário para a obter a
preços de base dos diferentes ramos de atividade, acrescido dos impostos
líquidos de subsídios sobre os produtos.

 Ótica da procura ou da despesa: O PIB é a soma das despesas de consumo


final das famílias residentes, das instituições sem fim lucrativo ao serviço das
famílias (a soma destes dois agregados corresponde à designação numa
terminologia mais simples de consumo privado) e das administrações públicas
(neste caso também habitualmente chamado consumo público) com o
investimento e as exportações líquidas de importações.

 Ótica do rendimento: O PIB é a soma das remunerações do trabalho, dos


impostos líquidos de subsídios sobre a produção e importação e do excedente
bruto de exploração.

Segundo estatísticas do INE a economia Portuguesa era, em 2011, a 45ª maior do


mundo se considerarmos o seu Produto Interno Bruto nominal (PIB), estimado em
171,2 mil milhões de euros.

Segundo dados de 2010, o país é o 43º no ranking de competitividade do Fórum


Económico Mundial.

48
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

PIB per capita

Conceito: consiste no quociente entre o PIB e a população. O valor absoluto do PIB é


dividido pelo número de habitantes do país, permitindo calcular a riqueza produzida,
em média, por cada habitante.
Em 2012, o PIB foi de 165,4 mil milhões de euros. Considerando a população ativa
portuguesa (número de habitantes a trabalhar), o valor do PIB por habitante atingiu 15
669 euros em 2012.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Défice público

Conceito: corresponde ao saldo negativo das Contas Públicas, ou seja, à diferença


entre as despesas do Estado e as suas receitas durante um determinado período de
tempo (geralmente o período um ano).

Mais abrangente do que o conceito de défice orçamental, que considera apenas o


saldo das contas da Administração Central, o défice público considera também o saldo
das contas das Administrações Locais e Regionais e da Administração da Segurança
Social.

Geralmente, o défice público é apresentado em função do PIB de forma a poder


efetuar comparações entre países de diferentes dimensões e de forma a avaliar o
excesso de despesa do Estado em relação ao total da riqueza produzida no país. Um
défice com sinal positivo corresponde a um saldo negativo, ou seja, há mais despesas
do que receitas.

Défice público em % do PIB em Portugal

Balança comercial
Conceito: é uma das componentes da Balança de Pagamentos de determinado país,
onde são registadas as importações e as exportações de mercadorias, nomeadamente

50
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

bens primários / matérias-primas (bens alimentares, combustíveis, minérios,...) e bens


industriais (equipamentos, veículos,...).

Quando o montante das exportações é superior ao montante das importações diz-se


que se verifica um superavit comercial. Na situação inversa diz-se que se verifica um
défice comercial. Para efeitos de análise e comparação entre diferentes países, é
comum efetuar a análise em função do PIB.

Em seu sentido estrito, é a diferença entre o valor de exportações e importações de


um país. A balança comercial não usa como referência quantidades dos produtos que
entram e saem do país, mas sim seus valores conseguidos com as vendas
(exportações) menos o valor gasto nas compras (importações).

A intenção é que sempre haja um lucro, ou seja, que o valor das exportações seja
maior do que os das importações. Nesse caso, houve um superavit. Caso ocorra o
contrário, as importações tenham tido valor maior que as exportações, é dito que
houve um deficit.

Balança comercial em Portugal (1996-2012)

Investimento direto estrangeiro

51
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Conceito: o investimento que é feito por forma a tomar posse de um interesse


duradouro numa empresa que esteja a funcionar num país diferente daquele de onde
é originário o investidor. É o investimento feito para adquirir um interesse duradouro
em empresas que operem fora da economia do investidor.

A relação de IED compreende uma empresa matriz e uma filial estrangeira, as quais,
em conjunto, formam uma empresa multinacional. Para ser considerado como IED, o
investimento deve conferir à empresa investidora matriz o controlo sobre a filial.

As Nações Unidas definem controlo como a propriedade de 10% ou mais das ações
ordinárias ou do direito a voto de uma empresa de capital aberto, ou seu equivalente
caso seja de capital fechado; a propriedade de menos de 10% do capital ou sem
controlo chama-se investimento de portfólio.

O investimento direto estrangeiro (IDE) desempenha um papel fundamental no


processo de desenvolvimento económico de qualquer pais ou região por que fornece
recursos financeiros e outros capazes de permitir que o país de acolhimento consiga
trabalhar, mais eficazmente., com o problema do défice da balança comercial, na
medida em que pode elevar os padrões de tecnologia, aumentar os níveis de eficiência
da gestão empresarial e proporcionar maior competitividade entre as empresas
nacionais existentes.

O investimento direto estrangeiro, age como um veículo de transferência de tecnologia


e de modernos processos de gestão e proporciona ao país de acolhimento o desejado
desenvolvimento económico e melhor nível de vida.

Evolução do Investimento Direto Estrangeiro em Portugal (2007-2011)

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Taxa de desemprego
Conceito: consiste no indicador económico que mede o nível do desemprego de uma
economia. É calculada através do quociente entre o número de desempregados e a
população ativa.

Portugal é um país com 10,5 milhões de habitantes, sendo que aproximadamente 52%
é considerada população ativa.

Apenas o desemprego não voluntário deve ser combatido nas políticas de combate ao
desemprego, na mediada em que só conta como desempregado quem está
efetivamente interessado em trabalhar e não tem emprego (os desempregados
involuntários).

Existem três tipos de desemprego: o estrutural (resultante da própria estrutura da


economia, usualmente fruto de avanços tecnológicos ou de falências), o friccional
(que ocorre no período de tempo em que os trabalhadores deixaram um emprego e
ainda não conseguiram obter outro) e o cíclico (correspondente à fase descendente
dos ciclos económicos e, portanto, conjuntural).

Taxa de desemprego em Portugal

Saldo das balanças externas

53
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Essa balança conjuga o comércio externo de bens e serviços, as transferências do


dinheiro de emigrantes e imigrantes, os rendimentos devidos aos acionistas e
obrigacionistas externos de títulos do País (lucros e juros) e os movimentos de
entradas e saídas de capitais.
Enquanto em 2010 o défice externo se cifrava em -16 300 milhões de euros, e o de
2011 recuara para -9900 milhões, em 2012, regista-se um excedente de +1300
milhões de euros (equivalente a 0,8% do produto interno bruto, PIB).

O défice da balança de bens foi totalmente compensado pelo excedente dos serviços:
-5,2%, uns, +5,2% do PIB, os outros. Crescem as transferências dos emigrantes e
recuam as dos imigrantes.

Se a expansão das exportações de bens e o turismo são dados positivos, a quebra das
importações espelha um clima interno depressivo. As transferências monetárias
revelam o aumento da procura de trabalho dos portugueses no estrangeiro, enquanto
os de fora, que o haviam feito entre nós, estão a regressar aos seus países de origem.

7.1. Comparação com os da EU

Sendo o crescimento económico a base material que poderá conduzir ao


desenvolvimento, será importante que Portugal cresça acima da média dos seus
parceiros da União Europeia.

Entre 1996 e 1999, a economia portuguesa aproximou-se do nível de vida das


populações das restantes países da Zona Euro, passou de 70 % do Produto da Zona
Euro em 1996 para 72,4 % em 1999.

Entre 2000 e 2003 Portugal afastou-se do nível de vida registado na Zona Euro que
continuou a crescer de forma mais acentuada. Em termos percentuais, o produto
português passou de 72,4 % do Produto da Zona Euro para 71 % de 1999 para 2003.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Evolução do PIB per capita de Portugal face à média da UE15

55
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

8. Estrutura da população

8.1. Estrutura etária

Conceito: a estrutura etária de uma população é a sua repartição desta por sexos e
idade. Para se caracterizar a estrutura etária é habitual considerar três grandes grupos
etários: os jovens, os adultos e os idosos.

Pirâmides etárias
Conceito: são gráficos horizontais, com dois sectores separados: população masculina
e população feminina. Cada barra mostra o efetivo de uma idade ou, mais comum, de
uma classe de idades (com amplitudes de 5 anos).

A pirâmide etária reflete o comportamento de diferentes variáveis demográficas


(natalidade, mortalidade e esperança média de vida) e de acontecimentos da história
do país (guerras, migrações, epidemias, etc.).

Pirâmide etária de Portugal (2007 e 2012)

56
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Verificam-se fortes contrastes entre as estruturas etárias dos países desenvolvidos e a


dos países em desenvolvimento Os países desenvolvidos, como por exemplo os países
europeus, Portugal inclusive, têm uma percentagem elevada de população idosa o que
faz com que a população europeia tende a diminuir e a envelhecer.

Os países em desenvolvimento apresentam uma população com grande peso de jovens


e nestes a população tende a aumentar.

Predomínio das classes etárias de adultos e Predomínio da população jovem

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

idosos Reduzida percentagem da população idosa


Reduzida percentagem de jovens Taxa de natalidade elevada
Taxa de natalidade mais baixa Baixa esperança média de vida
Elevada esperança média de vida Elevado crescimento demográfico
Reduzido crescimento demográfico

Países de população jovem


São normalmente os países em desenvolvimento, pois apresentam uma Taxa de
Natalidade elevada e um elevado crescimento natural. Mas o elevado crescimento
populacional destes países tem diversas consequências para a população.

Países de população envelhecida


São normalmente os países desenvolvidos, pois apresentam uma taxa de natalidade
reduzida e um crescimento natural reduzido. O processo de envelhecimento da
população deve-se principalmente a dois fatores:

 A redução drástica da Fecundidade, com reflexos negativos nas Taxas de


Natalidade;
 A diminuição da Mortalidade, aumentando a Esperança Média de Vida.

São diversas as consequências do envelhecimento da população, tanto negativas como


positivas:
 Aumento do encargo com prestações socias, como os cuidados de saúde e as
reformas.
 Diminuição da população ativa, originando maiores descontos nos salários por
parte de quem trabalha.
 Incremento da atividade turística tendo por base os idosos com maiores
capacidades financeiras.
 Maior disponibilidade dos idosos no apoio à família, sobretudo na educação das
crianças.
 Despensas elevadas com pensões e reformas.
 Perda de dinamismo por parte da sociedade.
 Aumento dos encargos sociais com a terceira idade.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

8.2. Movimentos migratórios

Conceito: Consiste no deslocamento de pessoas entre países, regiões, cidades. É um


fenómeno antigo, amplo e complexo, pois envolve varias camadas das classes sociais,
culturas e religiões.

As causas das movimentações são várias (causas religiosas, naturais, políticas e


económica) com consequências negativas e positivas dependendo das condições
socioeconómico, cultura e ambientais onde ocorrem.
Contudo, predominam a causas económicas para as movimentações populacionais.

Em termos geográficos podemos falar em:


 Áreas de repulsão populacional.
 Áreas de atração populacional.

Os movimentos migratórios podem ser classificados da seguinte forma:


 Voluntários, quando os movimentos são livres.
 Forçados, como no caso de escravidão e perseguição religiosa, étnica ou
política.
 Controlados, quando o Estado controla numérica ou ideologicamente a entrada
e/ou saída de imigrantes.

Segundo a ONU no ano de 2005 havia cerca de 190 milhões de pessoas a viver fora do
seu país de origem.
Os países desenvolvidos abrigam cerca de 60%, com destaque para a Europa como a
maior recetora de imigrantes (64 mi.), em segundo a Ásia com (53 mi.) e América do
norte (44 mi.), com destaque para os Estados Unidos maior recetor individual.

Os imigrantes são responsáveis por grandes ingressos de capital no seu país de


origem. Em contrapartida, os países de onde saem os imigrantes enfrentam a perda de
trabalhadores, muitos deles qualificados, que poderiam contribuir para o crescimento
económico e melhoria das condições de vida.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Cerca de 7% dos migrantes do mundo são refugiados, estimando-se em 15,2 mi,


localizando-se a maioria na Ásia seguido da África.
Neste âmbito, ressalta o facto de um grande número estão sob condições de refúgio
no seu próprio país de origem.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

8.3. População ativa

Conceito: consiste no conjunto de indivíduos com idade mínima de 15 anos que, no


período de referência, constituíam a mão-de-obra disponível para a produção de bens
e serviços que entram no circuito económico (empregados e desempregados). É uma
classificação etária que compreende o conjunto de todas as pessoas teoricamente
aptas a exercer uma atividade económica.

A população ativa representa um indicador da força de trabalho de uma determinada


economia num determinado momento e corresponde ao conjunto de todos os
indivíduos que exercem uma atividade remunerada (os empregados) ou que,
possuindo capacidade e desejo para a exercerem, não a exercem por motivos fortuitos
(os chamados desempregados).

Ficam excluídos da população ativa os trabalhadores não remunerados (por exemplo


as donas de casa) e os não trabalhadores (crianças, estudantes, idosos, inválidos,
etc.).

De forma a medir a capacidade da força de trabalho relativamente à população total, é


usual calcular o indicador de taxa de atividade:

população ativa
taxa de atividade=
população total

São diversos os fatores que determinam a maior ou menor taxa de atividade de um


país, entre os quais a taxa de natalidade, a taxa de emprego feminina, o grau de
envelhecimento da população, o nível de escolaridade obrigatória, entre diversos
outros.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Dada a sua relevância em termos económicos, é também usual também comparar a


população desempregada com a população ativa, resultando daí a taxa de
desemprego:

Taxa de Desemprego = População Desempregada / População Ativa

População ativa em Portugal

8.3.1. Emprego
Empregados são os indivíduos, com idade mínima de 15 anos que, no período de
referência, se encontrava numa das seguintes situações:

 Tinha efetuado trabalho de pelo menos uma hora, mediante o pagamento de


uma remuneração ou com vista a um benefício ou ganho familiar em dinheiro
ou em géneros.
 Tinha um emprego, não estava ao serviço, mas mantinha uma ligação formal
com o seu emprego.
 Tinha uma empresa mas não estava temporariamente ao trabalho por uma
razão específica.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

 Estava em situação de pré-reforma mas encontrava-se a trabalhar no período


de referência.

8.3.2. Desemprego
Desempregado corresponde a um indivíduo, com idade mínima de 15 anos que, no
período de referência, se encontra simultaneamente nas situações seguintes:

 Não tem trabalho remunerado nem qualquer outro.


 Está disponível para trabalhar num trabalho remunerado ou não.
 Tenha procurado um trabalho, isto é, tenha feito diligências ao longo das
últimas 4 semanas para encontrar um emprego remunerado ou não.

O critério da "disponibilidade" é fundamentado no seguinte:

 Desejo de trabalha: vontade de ter um emprego remunerado ou uma atividade


por conta própria caso consiga obter os recursos necessários;
 Possibilidade de começar a trabalhar imediatamente ou pelo menos nos
próximos 15 dias.

São consideradas "diligências":

 Contacto com um centro de emprego público ou agência privada de colocações.


 Contacto com empregadores.
 Contactos pessoais.
 Colocação ou resposta a anúncio.
 Realização de provas ou entrevistas para seleção.
 Procura de terrenos, imóveis ou equipamento.
 Solicitação de licenças ou recursos financeiros para a criação de empresa
própria.
 Inclui o indivíduo que, embora tendo um emprego, só vai começar a trabalhar
em data posterior à do período de referência.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

9. Estrutura da produção

9.1. Evolução do valor do produto

Desde 1988 até 2011, a média de crescimento do PIB trimestral de Portugal foi de
0,50%, atingindo um máximo histórico de 3,30% em Dezembro de 1990 e um recorde
de baixa de -2,60% em Março de 1991.

Portugal tornou-se numa economia cada vez mais diversificada e baseada em


serviços desde a adesão à Comunidade Europeia em 1986. O crescimento económico
foi acima da média da União Europeia durante a maior parte da década de 1990, tendo
na última década o crescimento situando-se abaixo da média europeia.

A crise financeira mundial, cujo ponto de partida se deu nos Estados Unidos,
desencadeou um decréscimo do PIB em quase todos os países, incluindo Portugal. Em
2011 assistiu-se a uma contração de 1,9% do PIB português e acordo com o Banco de
Portugal, para 2012 prevê-se uma queda de 3,4% do PIB.

As variações do PIB de acordo com a agência Fitch, para o ano 2013, situam-se perto
dos 0%, o que significa estagnação da economia portuguesa. Por sua vez, o Banco de
Portugal considera que a economia irá crescer aproximadamente 0,4% e o Banco
Central supõe que o crescimento será de 0,3%.

Quando a economia está saudável, assiste-se a baixos níveis de desemprego e


aumentos salariais, pois as empresas partem em busca de trabalho para atender ao
crescimento da economia.

Variação trimestral do PIB Português %

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Variação do PIB a preços constantes (milhões de euros)

9.2. Estrutura sectorial da produção

A economia de um país pode ser dividida em setor primário, secundário e terciário, de


acordo com os produtos produzidos, os modos de produção e recursos utilizados. Estes
setores podem revelar o grau de desenvolvimento económico de um país ou região.

Os diversos tipos de economias no mundo possuem distribuições diferentes nos


setores de suas economias. Os países considerados subdesenvolvidos possuem uma
concentração das atividades no setor primário. Os países emergentes e os
desenvolvidos possuem uma maior concentração no setor terciário.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Setor primário: o setor primário é a área em que as pessoas retiram os elementos da


natureza ou cultivam algum tipo de matéria-prima no campo (agropecuária). Assim,
tudo o que é produzido nesse setor é chamado de produto primário.

O setor primário é o conjunto de atividades económicas que produzem matérias-


primas. O que implica geralmente a transformação de recursos naturais em produtos
primários. Muitos produtos do setor primário são considerados matérias-primas levadas
para outras indústrias, a fim de se transformarem em produtos industrializados. Os
negócios importantes neste setor incluem agricultura, agronegócio, a pesca, a
silvicultura e toda a indústria mineira.

As indústrias fabris em sentido diversificado, que agregam, embalam, empacotam,


purificam ou processam as matérias-primas dos produtores primários, normalmente
consideram-se parte deste setor, especialmente se a matéria-prima é inadequada para
a venda, ou difícil de transportar a longas distâncias.
O setor primário está dividido em seis atividades económicas:

 Agricultura.
 Pecuária.
 Extração vegetal.
 Caça.
 Pesca.
 Mineração.

Setor secundário: é a área responsável por transformar as matérias-primas em


mercadorias industrializadas. É o setor da produção industrial.
Exemplo: moagem, refinagem e empacotamento do café para o consumo; produção e
confeção de joias.

O setor secundário é o setor da economia que transforma produtos naturais


produzidos pelo setor primário em produtos de consumo, ou em máquinas industriais

66
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

(produtos a serem utilizados por outros estabelecimentos do setor secundário).


Geralmente apresenta percentagens bastante relevantes nas sociedades
desenvolvidas. É neste setor que a matéria-prima é transformada em produtos
manufaturados. A indústria e a construção civil são, portanto, atividades desse setor.
Existe grande utilização do fator capital.

Setor terciário: agrupa as atividades que embora não produzam bens materiais,
prestam serviços à população.

É o setor de comércio e serviços em que os produtos são direcionados ao consumidor.

É também o setor em que ocorrem as atividades que não estão relacionadas à


produção de mercadorias, como a educação, o transporte, o turismo, a administração
pública, entre outros.

Exemplos: supermercados, empresas de limpeza e vigilância, entre outros.

Estrutura da economia Portuguesa


Atualmente, a estrutura da economia portuguesa baseia-se no sector dos serviços, que
representa cerca de 67% do Produto Interno Bruto.

A estrutura da economia portuguesa, nas últimas décadas, é caracterizada por elevado


peso do setor dos serviços, à semelhança, aliás, dos seus parceiros europeus, que
contribuiu com 74,4% do VAB e empregou 63,9% da população em 2012.

A agricultura, silvicultura e pescas representaram apenas 2,2% do VAB (contra 24%


em 1960) e 10,5% do emprego, enquanto a indústria, a construção, a energia e a
água corresponderam a 23,4% do VAB e 25,6% do emprego.

Na última década, para além de uma maior incidência e diversificação dos serviços na
atividade económica, registou-se uma alteração significativa no padrão de
especialização da indústria transformadora em Portugal, saindo da dependência de
atividades industriais tradicionais para uma situação em que novos setores, de maior

67
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

incorporação tecnológica, ganharam peso e uma dinâmica de crescimento,


destacando-se o setor automóvel e componentes, a eletrónica, a energia, o setor
farmacêutico e as indústrias relacionadas com as novas tecnologias de informação e
comunicação.

É de salientar o crescente domínio do setor dos serviços, à semelhança, aliás, dos seus
parceiros europeus. Em 2011, agricultura, silvicultura e pescas representaram apenas
2,1% do VAB (contra 24% em 1960) e 9,9% do emprego, enquanto a indústria,
construção, energia e água corresponderam a 23,3% do VAB e 27,3% do emprego. Os
serviços contribuíram com 74,5% para o VAB e representaram 62,8% do emprego.

Uma vasta área de Portugal continental continua dedicada à agricultura, embora as


exportações de produtos agrícolas já não representem uma parte significativa da
economia como no passado. O país continua a exportar excelentes vinhos, azeite e
frutos.

Mais de um terço da área do país está ocupada por florestas, e Portugal assegura
cerca de metade da produção mundial de cortiça. O país é também sede de grandes
empresas industriais, incluindo uma fábrica de papel de renome internacional, o maior
produtor mundial de aglomerados de madeira e a mais antiga fábrica de conservas de
peixe do mundo.

Entre as outras indústrias de maior relevo contam-se as refinarias de petróleo, a


produção de plásticos, os têxteis, a construção civil, a siderurgia, o calçado e os artigos
de couro e, não menos importante, o turismo.

10.Relações económicas com o exterior

68
ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Em 2013 as exportações de bens e serviços registaram um crescimento de 4,7%,


enquanto as importações assinalaram um ligeiro aumento (+0,3%), relativamente ao
mesmo período do ano anterior.

O saldo da balança comercial de bens e serviços foi positivo nos primeiros nove meses
de 2013, invertendo a tendência negativa registada no mesmo período homólogo. As
exportações de bens também aumentaram, em termos homólogos, entre janeiro e
setembro do corrente ano (+4,0%), enquanto as importações registaram uma variação
nula no mesmo período, tendo-se verificado uma redução do défice da balança
comercial (-17,0% face ao período homólogo).

As máquinas e aparelhos continuam a ser o grupo de produtos mais exportado (14,7%


do total exportado de janeiro a setembro de 2013), seguido pelos grupos dos veículos
e outro material de transporte (10,7%), dos combustíveis minerais (10,6% do total),
dos metais comuns (7,9%) e dos plásticos e borracha (7,0%). Estes cinco principais
grupos de produtos representaram 51% do total exportado por Portugal entre janeiro
e setembro de 2013.

O principal destino das exportações de bens foi a UE (70,5% do total entre janeiro e
setembro de 2013, face a 71,1% no período homólogo), sendo de realçar o aumento
da quota das exportações para os mercados do Magrebe (3,4% entre janeiro e
setembro de 2013, face a 2,3% no período homólogo de 2012). Os principais clientes
de Portugal foram a Espanha, a Alemanha e a França, que representaram cerca de
47% do total exportado nestes três trimestres de 2013.

Em relação às importações de bens, os combustíveis, as máquinas e aparelhos, os


produtos agrícolas e os químicos lideram o ranking das compras efetuadas entre
janeiro e setembro de 2013, representando, em conjunto, 56% do total importado
(57% no período homólogo de 2012).

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

A União Europeia foi a origem da maioria dos produtos comprados nos primeiros nove
meses de 2013 (71,1% do total), sendo a Espanha, a Alemanha e a França os
principais fornecedores, que conjuntamente representaram aproximadamente 50% do
total importado, entre janeiro e setembro de 2013.Com a adesão de Portugal à UE,
Portugal acentuou o grau de abertura ao exterior e reforçou as trocas com os países

europeus, com particular destaque para Espanha pela proximidade dos países.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

11.Recursos humanos

11.1. Educação

A educação escolar é o processo de educação realizado em um sistema escolar de


ensino, podendo ser desenvolvido em institutos e demais instituições competentes
para exercê-la. O surgimento da educação escolar relaciona-se ao surgimento das
escolas e das políticas educacionais exercidas pelos estados e pelo Governo.

A escola é espaço de transmissão de uma cultura específica, a cultura escolar,


possuindo uma arquitetura, mobiliário, tempos, ritmos e práticas próprias.

Em Portugal - de acordo com a Lei de Bases do Sistema Educativo - a educação


escolar é uma das componentes do sistema educativo, para além da educação pré-
escolar e da extraescolar.
A educação escolar compreende o ensino básico, o ensino secundário e o ensino
superior, além de incluir atividades especiais e atividades de ocupação de tempos
livres.

O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito e tem a duração de nove anos de


escolaridade. Divide-se em três ciclos. O 1º ciclo compreende os 1º, 2º, 3º e 4º anos.
O 2º ciclo compreende os 5º e 6º anos. O 3º ciclo compreende os 7º, 8º e 9º anos.
Ingressam no ensino básico as crianças que completem seis anos.

O ensino secundário passou também a ser universal, gratuito e obrigatório a partir


de 2009. Tem a duração de três anos e compreende os 10º, 11º e 12º anos. Os cursos
do ensino secundário podem ser realizados em várias modalidades. Existem,
nomeadamente cursos artístico-especializados, científico-humanísticos, de
aprendizagem, de educação e formação, profissionais, tecnológicos e de hotelaria e
turismo. O acesso ao ensino secundário é feito depois de completo com
aproveitamento o ensino básico.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

O ensino superior compreende o ensino universitário e o ensino politécnico. Inclui


três ciclos de estudos, cuja conclusão confere, respetivamente os graus de licenciado,
de mestre e de doutor. O grau de mestre pode ser conferido após a conclusão de um
único ciclo integrado alargado equivalente aos dois primeiros ciclos de estudos. O
acesso ao ensino superior é feito depois da habilitação com curso do ensino
secundário, seguida de provas de capacidade para a sua frequência.

11.2. Formação profissional

Face ao elevado número de jovens em situação de abandono escolar e em transição


para a vida ativa, os cursos de Educação e Formação para jovens visam a recuperação
dos défices de qualificação, escolar e profissional, destes públicos, através da aquisição
de competências escolares, técnicas, sociais e relacionais, que lhes permitam ingressar
num mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo.

Estes cursos destinam-se a jovens, candidatos ao primeiro emprego, ou a novo


emprego, com idade igual ou superior a 15 anos e inferior a 23 anos, à data de início
do curso, em risco de abandono escolar, ou que já abandonaram a via regular de
ensino e detentores de habilitações escolares que variam entre o 6.º ano de
escolaridade, ou inferior e o ensino secundário.

A frequência destes cursos, com aproveitamento, garante a obtenção de uma


qualificação de nível 1, 2 ou 4, associada a uma progressão escolar, com equivalência
ao 6.º, 9.º ou 12.º anos de escolaridade.

Os cursos de educação e formação para jovens apresentam uma estrutura curricular,


acentuadamente profissionalizante, que integra quatro componentes de formação,
nomeadamente, sociocultural, científica, tecnológica e prática em contexto de trabalho.
Em situações particulares e sempre que a área de formação ou o público-alvo o
aconselhe, pode realizar-se um estágio complementar pós-formação, com uma
duração máxima de seis meses.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

Esta formação, situada ao nível das medidas estratégicas para potenciar as condições
de empregabilidade e de transição para a vida ativa, assume-se como uma resposta
prioritária para jovens, enquanto promotora dos diferentes graus de escolaridade e
qualificação profissional.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

12.Nível de vida e justiça social

O avanço das sociedades contempla aspetos quantificáveis, como o produto, e outros


em que é mais difícil proceder a essa mediação, como os aspetos associados à
qualidade de vida das populações.

O crescimento económico ocorre quando uma economia regista o aumento do


produto ao longo de um certo período de tempo. Geralmente, avalia-se o crescimento
económico através do aumento do volume de produção por habitante, outras vezes
utiliza-se a taxa de crescimento do produto.

O desenvolvimento económico é um conceito mais abrangente na medida em que


não basta o crescimento económico para se poder falar em desenvolvimento.
Representa a melhoria das condições de vida da população, assumindo estas múltiplas
vertentes, desde aspetos materiais que incluem mais e melhor alimentação, vestuário
e calçado, a aspetos imateriais que integram melhores redes de transportes, melhores
condições de habitabilidade, que passam por melhores casas, redes de esgotos e de
sistemas de recolha de lixos, maior rapidez e maior qualidade na oferta de educação e
de saúde, melhor e mais célere justiça, etc.

Assim, pode-se enunciar que o desenvolvimento económico como a capacidade da


sociedade satisfazer as necessidades da sua população e permitir-lhe alcançar um nível
de bem-estar adequado.

O crescimento conduz ao desenvolvimento desde que proporcione a melhoria das


condições de vida das populações.

12.1. Repartição dos rendimentos

A redistribuição dos rendimentos é feita pelo Estado que transfere as contribuições


sociais das empresas e famílias e parte dos impostos cobrados a estes agentes

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

económicos, para os estratos mais desfavorecidos da população, sob a forma de


pensões, subsídios e comparticipações.
Além disso, o Estado presta diretamente serviços essenciais ou subsidia empresas ou
outras instituições privadas que o façam.

Os objetivos fundamentais da redistribuição dos rendimentos são:

 Atenuar as desigualdades decorrentes da repartição primária dos rendimentos;


 Proteger os indivíduos que se encontram temporária ou permanentemente em
situações de fragilidade como: velhice; invalidez; deficiência; doença e
desemprego;
 Prestação de serviços e fornecimento de bens essenciais gratuitamente ou a
preços inferiores aos de mercado, para que os estratos da população mais
desfavorecidos a eles tenham acesso – justiça, educação, saúde, etc.

Políticas de redistribuição dos rendimentos

Políticas fiscais
As políticas fiscais traduzem-se na preocupação do Estado em cobrar impostos,
atendendo a critérios de justiça social, a tributação maior dos rendimentos mais
elevados e menor os rendimentos mais baixos.

É o que acontece, por exemplo, com o IRS (imposto sobre o rendimento das pessoas
singulares). O IRS é um imposto direto progressivo, isto é, as taxas aplicadas sobre os
rendimentos das famílias são tanto mais elevadas quanto mais elevados forem os seus
rendimentos.
Além disso, as famílias com rendimentos muito baixos estão isentas.
Por outro lado, o valor do imposto cobrado depende de fatores como: número de
filhos, despesas de saúde, despesas com a educação, etc.

As políticas sociais englobam:


 As prestações da segurança social – pensões de velhice, pensões de invalidez,
subsídios por doença, subsídio de desemprego, abono de família, rendimento
social de inserção, etc.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

 Serviços essenciais prestados pelo Estado diretamente – assistência médica e


hospitalar, justiça e proteção jurídica, educação, etc.
Muitas vezes, o estado subsidia empresas e instituições privadas, nomeadamente nas
áreas da educação e da saúde para que estas forneçam estes serviços essenciais a
preços inferiores aos de mercado.

12.2. Poder de compra

O poder de compra é a capacidade de adquirir bens e serviços com determinada


unidade monetária. É determinado pela relação existente entre o rendimento de que
um particular dispõe e o preço dos bens de consumo que podem ser adquiridos com
esse rendimento.

Para avaliar as condições reais de existência de um indivíduo ou população, calcula-se


o nível de vida através de indicadores de natureza qualitativa e quantitativa. Estes vão
desde as taxas de evolução do PNB (Produto Nacional Bruto) e do rendimento per
capita, à importância das infraestruturas económicas e sociais, o nível dos salários
reais, horas de trabalho, esperança de vida, taxa de mortalidade geral e infantil,
número de médicos, de automóveis, etc.

Todos estes aspetos não podem ser desligados do significado que têm para o meio
social concreto em análise, com a sua cultura e valores próprios, que condicionam, por
exemplo, as especificidades do consumo. Mediante um padrão de necessidades de
vida, o consumo de determinados bens e serviços define, então, o nível de satisfação
de uma população.

12.3. Inflação

A inflação consiste no aumento geral e contínuo dos preços de bens e serviços.


É causada pelo:
 Excesso da procura,

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Economia portuguesa em contexto internacional

 Aumento dos custos de produção (mão de obra, matéria prima, energia,


transporte)
 Emissão exagerada de moeda
 Inflação esperada
A inflação tem como consequência a depreciação do valor da moeda e a deterioração
do poder de compra, o que impede o crescimento económico.

Ex. No ano de 2012 em Portugal o rendimento disponível caiu 4.9% e os preços


aumentaram em média 3% o que significa uma perda do poder de compra.
A inflação elevada ou as espectativas de inflação elevada podem fazer com que as
empresas passem a evitar mais os riscos e tenham menos propensão para realizar
investimentos a longo prazo.
De notar que uma inflação controlada pode ser vantajosa para a economia,
estimulando o investimento e gerando o crescimento.

12.4. Equipamentos sociais

Conceito: equipamentos sociais são meios e instrumentos de garantia de reparação e


de prevenção de situações de carência e de exclusão, bem como de integração e
promoção comunitária das pessoas.

Os serviços e equipamentos sociais da dirigem-se a toda a população, numa perspetiva


de adequação às diferentes necessidades sociais, potenciando igualmente a conciliação
familiar e a atividade profissional e a inclusão e coesão social através da promoção do
princípio da universalidade do acesso, garantida pela comparticipação pública no
investimento e no funcionamento das respostas sociais da rede solidária.

Existem contudo serviços e equipamentos específicos dirigidos a grupos alvo como as


crianças e os jovens, os idosos, a população com deficiências ou incapacidade, bem
como as pessoas afetadas por outras problemáticas, contribuindo muitas destas
valências, direta ou indiretamente.

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ECONOMIA

Economia portuguesa em contexto internacional

A ação social assume-se como um instrumento determinante para a coesão social,


sendo ainda impulsionadora da criação de emprego e de emprego inclusivo, através
das suas medidas e programas, constituindo-se também como uma resposta aos
desafios da globalização e das alterações no mercado de trabalho, para a
concretização da ação social, torna-se fundamental a apreensão da evolução dos
fenómenos que estão na base das problemáticas emergentes, geradoras de novos
riscos sociais.

Nos últimos 15 anos, em paralelo com o desenvolvimento de uma nova geração de


políticas sociais, Portugal tem investido na dinamização da Rede de serviços e
equipamentos sociais, quer na vertente de crescimento da capacidade de resposta às
necessidades sociais, quer na vertente de qualidade e segurança nos serviços
prestados aos cidadãos. Sendo inequívoco o papel de relevo assumido pelas
instituições de solidariedade social no combate à pobreza e às diferentes dimensões da
exclusão social.

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Economia portuguesa em contexto internacional

Bibliografia

Gomes, Rita; Silva, Fernando, Economia, Manual nível 3 - Ensino profissional, Porto
Editora, 2010

Neves, João César, O meu livro de economia, Texto Editores, 2009

Sites Consultados

Eurocid
http://www.eurocid.pt

Eurostat
http://epp.eurostat.ec.europa.eu/

Pordata
http://www.pordata.pt/

Universidade Aberta
Apontamentos “Introdução à Economia”
http://sebentaua.blogspot.pt/

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