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Equipe UFMT Baja SAE – Bajacaré IV – Subsistema Transmissão

Estudo de Caso e Proposta de Solução ao Problema: Eixo Final da


Redução Fixa e Semi Eixos Homocinéticos

Lucas dos Santos Varjão


Wagner Rodrigues de Abreu

Universidade Federal de Mato Grosso


Campus Universitário de Rondonópolis
Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas
Equipe UFMT Baja SAE
Objetivo
Apresentar o problema e as possibilidades de solução ao mesmo, para a quebra do sistema de
transmissão do protótipo Bajacaré IV na 20º Competição Baja SAE.

Problema:
 Quebra dos mancais do eixo final da redução fixa

Possível causa:
 Ponto de articulação dos semieixos fora da geometria de suspensão
 Eixo final de comprimento incorreto (curto)
 Empenamento do eixo final devido à solda de manutenção corretiva
 Erro no posicionamento e fixação da suspensão
 Desalinhamento (falta de concentricidade) entre o centro do eixo final e o centro do
cubo de roda

Ponto de Articulação

Figura 1 - Vista Frontal do conjunto Bandeja - Semieixo

Na figura acima é apresentada uma vista frontal da montagem bandeja / semieixo; é possível
observar que, as linhas azul, formam os planos de articulação da bandeja e do cubo. Vale
ressaltar que a geometria de suspensão escolhida visava a minimização do efeito telescópico
do semieixo, porém ainda assim se fazia necessário esse artifício.
Ponto de articulação do semieixo

Figura 2 - Vista superior do conjunto Bandeja - Semieixo

Segundo GILLESPIE, a magnitude e a direção das forças resultantes em acoplamentos


secundários (semieixos articulado) são proporcionais ao torque aplicado ao eixo e ao ângulo
do eixo. Devido há existência do ângulo a relação de velocidade angular da entrada (eixo final),
e da saída (semieixo) não é constante, induzindo forças em sentidos indesejados no eixo de
entrada, consequentemente tais forças são suportadas pelos mancais.

A excitação que este acoplamento induz na estrutura pode ser minimizada com um projeto
apropriado, mantendo os eixos o mais paralelo e concêntrico possível, e mantendo também a
união operando dentro dos limites angulares estabelecidos pelo fabricante.

Segundo MILLIKEN & MILLIKEN, todos os links existentes na geometria da suspensão devem
ser levados em consideração devido formação de um ponto comum de trabalho para estes
links. Tal ponto é chamado de Instante Center – IC, ele determina a trajetória da suspensão.
Sendo assim os pontos de articulação do semieixo devem acompanhar a geometria de
suspensão de forma que os pontos de articulação também apontem para o IC.
Ponto de articulação, pelo critério do IC

Figura 3 - Pontos de articulação com base no IC

Sendo assim propõe-se que os pontos de articulação do semieixo estejam nos pontos
indicados. Para isso é necessário que o eixo final fique mais alto em relação ao solo, e o
semieixo seja mais longo, bem como os ângulos limites de trabalho da articulação devem ser
reavaliados.

Comprimento incorreto
Considerando que o posicionamento do semieixo junto a geometria de suspensão seja correto.
O comprimento incorreto resulta em elevadas tensões de tração na própria articulação, o que
gera um rompimento da trava limitante de curso da homocinética telescópica, e até mesmo da
articulação não telescópica.

Empenamento
Como uma solda gera uma zona termicamente afetada e esse zona sofre resfriamento brusco,
por estar exposta ao meio ambiente. A ZAT (Zona Termicamente Afetada) pode sofrer
distorções na estrutura de forma que um empenamento superior a tolerância apareça. O
empenamento proporciona tensões superiores as estimadas em projeto causando a falha
precoce dos componentes suportados no eixo, bem como falha dos rolamentos e mancais.

O dimensionamento dos componentes girantes é feito considerando falha sob fadiga. A tensão
de flexão em um eixo completamente alinhado é invertida a cada meio ciclo, ao ponto que a
intensidade do momento fletor é máxima a cada meio ciclo e o momento torçor é constante e
não possui inversões. No caso de um eixo que esteja desalinhado, o momento fletor não se dá
com intensidade máxima a cada meio ciclo, sendo a intensidade máxima a cada um ciclo
completo, e este momento de flexão tem intensidade superior a de projeto.

Desalinhamento dos eixos


O desalinhamento entre os eixos da redução fixa, além de causar sobre tensão nos mancais,
gera sobre tensão nos elementos flexíveis (correntes). Segundo GILLESPIE, o alinhamento da
articulação do eixo mantendo um ângulo nulo durante a operação, garante pequena mudança
nula ou de pouca magnitude no vetor de momento fletor.
Posição da suspensão
Por não ser competência deste subsistema, é necessário um estudo em conjunto com o
responsável, e uma avaliação criteriosa, usando os princípios descritos acima para que a
solução atenda aos critérios de geometria de suspensão e satisfaça os critérios de projeto de
elementos de máquina.

Conclusão
Diante das possibilidades levantadas, é necessário uma avaliação criteriosa dos elementos que
falharam precocemente, fazendo uma inspeção dos posicionamentos de suspensão e pontos
de articulação e inspeção do projeto a fim de verificar se a magnitude das cargas consideradas
em projeto são condizentes as cargas praticadas no veículo.

Referências
GILLESPIE, T. D. Fundamentals of vehicle dynamics. Warrendale: Society of Automotive
Engineers, Inc, 1992. p. 132 – 146, 243 – 247.

MILLIKEN, W. F.; MILLIKEN, D. L. Race Car Vehicle Dynamics. Warrendale: Society of


Automotive Engineers, Inc, 1995. p. 607 – 617.

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