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TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO

E TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
MAYCOLN L. M. TEODORO
MARIANA VERDOLIN G. FROESELER
ALINE ABREU E ANDRADE

■ INTRODUÇÃO
A avaliação é inerente ao ser humano. Ao acordar, uma pessoa olha o céu, as nuvens e decide com qual
roupa irá trabalhar. Ao chegar ao trabalho, ela cumprimenta os colegas e consegue inferir se eles estão ou
não de bom humor. Todos esses processos, aparentemente simples, implicam uma coleta de dados do
ambiente seguida de uma sistematização das informações, as quais ajudarão a tomar alguma decisão ou a
resolver algum problema.
Assim como no dia a dia das pessoas, os profissionais valem-se de avaliações que auxiliam na tomada de
decisão clínica. O médico, com base no exame clínico, solicita exames de sangue para confirmar a sua
hipótese diagnóstica, assim como o dentista pode solicitar radiografias para averiguar a necessidade de uma
intervenção cirúrgica.
Em todas as situações, seja no dia a dia, ou no contexto profissional, uma avaliação consiste em recolher
informações relevantes (do ambiente, do paciente, etc.) e organizá-las sistematicamente (por meio da
experiência de vida, de teorias profissionais) para resolver um problema (vestir uma roupa de frio, dar um
diagnóstico).
A avaliação profissional, no entanto, apesar de conter etapas semelhantes, é baseada em uma coleta de
dados orientada por uma teoria ou uma hipótese e, muitas vezes, vale-se de técnicas sistematizadas. O
psicodiagnóstico, por exemplo, que é a avaliação psicológica aplicada à clínica, consiste em uma busca
sistemática de informações sobre o paciente, de modo que se possa compreendê-lo a partir de uma
abordagem teórica predefinida, e, assim, tomar uma decisão quanto à escolha da melhor intervenção
terapêutica.
Do mesmo modo, a avaliação em terapia cognitivo-comportamental (TCC) consiste em uma
sistematização de estratégias e técnicas (anamnese, entrevistas, escalas, etc.) que auxiliam a compreensão
dos aspectos emocionais, cognitivos e comportamentais do paciente (formulação do caso), com a intenção
de favorecer a tomada de decisão clínica sobre a melhor intervenção para o caso (tratamento). Sendo
assim, a avaliação em TCC é uma parte essencial do processo terapêutico.

■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
■ revisar o conceito de avaliação dentro do contexto da
■ reconhecer uma avaliação em um processo terapêutico;
■ identificar as melhores estratégias e os melhores instrumentos para a avaliação dentro da TCC.

■ ESQUEMA CONCEITUAL

■ AVALIAÇÃO NA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL:


ASPECTOS INICIAIS
A avaliação psicológica é uma subdisciplina da psicologia que possui interfaces com a pesquisa e com a
clínica. Em termos de pesquisa, a sua definição é muito mais ampla do que simplesmente a construção de
instrumentos psicológicos. De fato, essa área é a responsável pela operacionalização dos conceitos teóricos
em eventos observáveis.1

Em termos clínicos, a avaliação psicológica é um processo sistemático, orientado teoricamente, de


formulação e de testagem de hipóteses diagnósticas, feito por meio de coleta e de organização das
informações do paciente. Em outras palavras, a avaliação psicológica busca, por meio de técnicas e
estratégias, avaliar, descrever e explicar o funcionamento do paciente.

A avaliação psicológica pode ter uma vasta gama de aplicações, variando desde uma classificação simples,
na qual é investigada (por exemplo) somente a inteligência do paciente, até um entendimento dinâmico dele,
considerando aspectos de seu desenvolvimento e de sua personalidade. Como se pode perceber nessa
explicação, o uso de testes ou de escalas psicológicas é apenas uma das estratégias que podem ser
utilizadas durante a avaliação.
A avaliação aplicada à TCC apresenta algumas especificidades em relação à avaliação psicológica em
geral. Dentre elas, podem-se citar algumas metas, como a investigação dos diagnósticos do paciente, sua
queixa comportamental/emocional ou o problema trazido para a psicoterapia e os pontos fortes e os pontos
fracos exibidos durante a entrevista. Todos esses elementos poderão ser utilizados, inclusive, durante o
processo terapêutico.2
A avaliação dentro da TCC constitui-se na primeira etapa da formulação do caso do paciente. Apesar de ser
feita normalmente no início do atendimento, a avaliação do paciente deve ser contínua durante todo o
processo terapêutico, já que novas explicações e queixas sobre o funcionamento do paciente podem surgir
e, a partir daí, aparecer a necessidade da avaliação dessa nova hipótese. Outra característica importante da
avaliação dentro da TCC é que ela é um processo interligado com a intervenção clínica.
O terapeuta, ao avaliar o paciente, precisa estar atento, a todo o momento, à organização das informações
coletadas em uma conceitualização de caso que faça sentido para ele e para o paciente. Desse modo, a
avaliação contribui, também, para a psicoeducação do paciente, auxiliando-o a compreender a inter-relação
entre os mecanismos cognitivos, emocionais e comportamentais.
Nesse sentido, a relação terapeuta-paciente dentro da avaliação cognitivo-comportamental segue os
mesmos princípios aplicados a uma relação psicoterápica, pois não há uma separação dos processos de
avaliação e de intervenção, comum a algumas formas de avaliação psicológica tradicional. O terapeuta deve
ser empático e demonstrar cordialidade com o paciente, fortalecendo essa relação durante o processo
avaliativo.

Não existe um formato único para se proceder à avaliação cognitivo-comportamental. Os passos e


as informações, que deverão ser investigadas, dependerão tanto do enfoque teórico do terapeuta
quanto do paciente. No entanto, é possível destacarem-se algumas questões gerais que perpassam
praticamente todas avaliações.

Na próxima seção, será apresentado um modelo para avaliação cognitivo-comportamental para que o leitor
oriente-se e use como base para cada atendimento.

■ MODELO TEÓRICO-PRÁTICO PARA A AVALIAÇÃO


COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Uma boa avaliação cognitivo-comportamental é embasada em diversos conhecimentos e habilidades do
terapeuta. Além das capacidades típicas – como a de promover o vínculo terapêutico –, do conhecimento
teórico e das habilidades de entrevista, o clínico precisa ter amplo conhecimento dos processos de
desenvolvimento e dos instrumentos psicológicos disponíveis no mercado.

O uso dos instrumentos psicológicos é regulado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP),3 sendo
tal uso exclusivo dos psicólogos. Os testes e as escalas psicológicas que podem ser utilizados na
clínica passam por uma avaliação técnica e, somente após serem aprovados, são disponibilizados
para os profissionais.

Para saber mais:

A lista dos instrumentos permitidos para uso clínico pode ser consultada no Sistema de Avaliação de
Testes Psicológicos (SATEPSI), disponibilizado no seguinte endereço eletrônico:
<http://www2.pol.org.br/satepsi/sistema/admin.cfm>.
O planejamento da avaliação na prática cognitivo-comportamental inicia-se antes mesmo da chegada do
paciente para a primeira consulta. É preciso organizar todo o material e todas as informações recebidas do
paciente, quando for o caso de encaminhamento. Esse material poderá auxiliar na elaboração de hipóteses
iniciais sobre o funcionamento do paciente, contribuindo para os tópicos que serão investigados nas
primeiras sessões. Por exemplo, o encaminhamento de um paciente com um histórico de depressão auxilia
as primeiras formulações de hipóteses sobre o seu funcionamento, fundamentadas no extenso material
teórico sobre esse transtorno.

A avaliação é parte do processo terapêutico e, apesar de ser uma etapa essencial para o sucesso
do tratamento, não pode ser priorizada ao ponto de o profissional esquecer-se de acolher o paciente
e de demonstrar empatia com a situação vivida por ele.

A avaliação será sempre orientada pela apresentação da queixa pelo paciente, a qual, associada à
experiência do profissional e ao conhecimento clínico sobre o paciente, ajudará a formular o problema inicial
do processo terapêutico. É fundamental, nesse estágio, a capacidade do terapeuta de ouvir e de observar o
paciente, já que o problema principal poderá não ser dito nas primeiras sessões.

A formulação do problema pode ser feita de diversas maneiras pelo paciente. No entanto, é sempre
importante que o terapeuta busque exemplos de situações concretas para que a descrição fique mais
clara. Por exemplo, se uma paciente diz que a sua queixa principal é a qualidade da relação com o
filho, estará dando uma importante informação para a avaliação cognitivo-comportamental. No
entanto, para esclarecer como se dá essa relação, pode-se pedir para que ela descreva situações
nas quais a sua interação com o filho não foi satisfatória. Assim, haveria acontecimentos concretos
que permitiriam ao terapeuta operacionalizar a queixa da cliente, avaliando os diversos componentes
da relação.

Os Quadros 1 a 3 apresentam um resumo de pontos importantes que precisam ser avaliados no início da
terapia. Cabe lembrar que um dos objetivos da avaliação é agregar informações importantes, que possam
ser úteis para compreender o caso e auxiliar em sua formulação, indicando possibilidades de intervenção.
A sugestão de avaliação apresentada nos Quadros 1, 2 e 3 é dividida, respectivamente, em três fases, sendo
as duas primeiras a avaliação propriamente dita, enquanto a última pertence à formulação do caso. No
entanto, aqui se optou por mantê-la nesse modelo, uma vez que a avaliação cognitivo-comportamental é
dinâmica e perpassa praticamente todo o processo terapêutico. É importante salientar que essa divisão é
didática e que nem sempre essas informações serão coletadas na ordem sugerida.
Quadro 1

MODELO ESQUEMÁTICO PARA AVALIAÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL


BÁSICA
Existe algum diagnóstico prévio? Se sim, em que os modelos de psicopatologia cognitiva podem ajudar? Quais
os padrões comportamentais, cognitivos e emocionais típicos da síndrome?
Atualmente, qual(is) é(são) a(s) queixa(s) principal(is)? Quais são os casos específicos dessa(s) queixa(s)?
Qual(is) é(são) a(s) meta(s) terapêutica(s)?
Existe histórico de risco ou de tentativas de suicídio? Se sim, quais providências devem-se tomar?
Quais são os fatores do desenvolvimento físico, emocional e psicológico importantes para o quadro atual?
Quais são os fatores genéticos e médicos importantes para o quadro atual?
Quais são os pontos fortes do paciente?
Existe algum aspecto comportamental ou de personalidade que deve ser avaliado especificamente (habilidade
social, personalidade, inteligência, etc.)?
Existe algum aspecto emocional que deve ser avaliado especificamente (intensidade da depressão, da
ansiedade, etc.)?
O paciente precisa de alguma avaliação complementar (avaliação neuropsicológica, psiquiátrica, etc.)?

Quadro 2

MODELO ESQUEMÁTICO PARA AVALIAÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL


ESPECÍFICA
Pontos Objetivos

■ Em que situação(ões) a queixa/problema ■ Investigar os contextos ambientais que possam ser


acontece ou é percebida? ativadores de emoções negativas ou de crenças
distorcidas.

■ Qual é o sentimento/emoção quando o ■ Investigar as emoções percebidas na situação


problema acontece? problemática.

■ Quais são os pensamentos/imagens que ■ Investigar os pensamentos mais frequentes decorrentes


aparecem com mais frequência nessa situação? da situação problemática.

■ Quais são os comportamentos do paciente em ■ Investigar o que o paciente faz em decorrência de toda a
decorrência da situação, da ativação emocional situação e qual é o papel do seu comportamento na
e dos pensamentos? manutenção do problema.

■ Qual o sentimento/emoção após o ocorrido? ■ Investigar como o paciente se sente após a percepção do
problema e como é a sua reação, assim como é a sua
resposta comportamental.

Quadro 3

SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS DAS AVALIAÇÕES BÁSICA E ESPECÍFICA E


INDICAÇÃO DE TRATAMENTO
■ Os dados coletados conseguem fornecer uma interpretação do caso?
■ Qual é a melhor intervenção para esse paciente?

O esquema avaliativo mostrado nos Quadros 1 e 2 parte do básico para o específico. Nesse sentido, o
primeiro conjunto de informações que precisa ser avaliado é chamado de avaliação básica (Quadro 1).
Nele, estão inseridas indagações que fornecerão subsídios para se pensar nas etapas seguintes da
avaliação.

Um dos aspectos essenciais da avaliação básica consiste em investigar a história de vida do


paciente, incluindo aspectos do seu desenvolvimento psicológico e físico, além da história médica e
de fatores genéticos que podem contribuir para o seu estado atual.

É importante identificarem-se também os pontos positivos na vida do paciente, os quais podem ser utilizados
durante a intervenção terapêutica ou para criar uma agenda positiva na terapia. Fazem parte desses pontos
positivos, dentre outros:

■ a espiritualidade;
■ a inteligência;
■ os relacionamentos familiares e sociais, que oferecem suporte emocional e/ou financeiro;
■ a resiliência.

Nessa etapa, procura-se saber quais são as queixas iniciais e os problemas identificados, de modo que se
possam estabelecer metas terapêuticas e hipóteses, que serão testadas nas etapas seguintes do processo
avaliativo.

É imprescindível, na avaliação básica, prestar atenção à existência de diagnósticos psiquiátricos,


especialmente o de depressão, seguido de histórico de tentativa de suicídio ou de ideações suicidas
acompanhadas de um plano de execução.

A avaliação básica pode ser feita com o uso das seguintes ferramentas:

■ anamnese;
■ entrevistas;
■ escalas psicométricas específicas;
■ observação clínica.

Nessa etapa, pode haver, também, a necessidade de avaliar alguma característica psicológica específica,
como traços de personalidade, inteligência ou, ainda, encaminhar o paciente para alguma avaliação médica
ou neuropsicológica complementar. Essa etapa da avaliação pode ser visualizada no fluxograma a seguir
(Figura 1).
Figura 1 – Fluxograma da avaliação básica.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

A partir do momento em que se conhecem os aspectos da história e as queixas do paciente, pode-se passar
para a etapa posterior, chamada de avaliação específica (Quadro 2). Nessa etapa, a principal questão que
o terapeuta deverá ter em mente é “Quais condições estão propiciando o aparecimento e a manutenção
dessa queixa?”. Nessa parte, entra em cena o planejamento da coleta de dados, feito comumente por meio
de entrevistas e com uso de técnicas da TCC.

Uma importante estratégia utilizada na etapa de avaliação específica é tentar entender situações
específicas que fazem parte da queixa do paciente.

Voltando-se ao exemplo referido anteriormente, pode-se pedir que a paciente, cuja queixa inicial é a má
relação com o filho, informe quando foi a última vez que eles tiveram uma briga ou uma interação não
satisfatória. A partir do relato da paciente, busca-se identificar qual foi o contexto desencadeador da briga,
quais foram as emoções e os pensamentos decorrentes do evento, qual foi a reação comportamental da
paciente e, por fim, qual foi o sentimento que apareceu depois de a situação ter ocorrido.
Esse conjunto específico de informações pode ser organizado em forma de miniformulações cognitivas, 4 as
quais são baseadas em investigações transversais.5 Essa etapa, apesar de não ser parte da avaliação
cognitivo-comportamental propriamente dita, é um de seus objetivos e está descrita no Quadro 3, como
sistematização dos dados e como indicação do tratamento.
Continuando com o exemplo referido anteriormente, imagine-se que a paciente relate que a última briga
entre ela e o filho foi quando ela percebeu que ele não havia feito as tarefas de casa (situação). A paciente
ficou com muita raiva (emoção) por ele não lhe ter obedecido, relatando pensamentos que continham
conteúdo de fracasso pessoal (“Eu sou uma péssima mãe”). A mãe reage à situação com agressões verbais
e físicas (comportamento decorrente da situação), mas sente-se culpada após o evento (emoção posterior).
Nesse caso, tem-se a seguinte sistematização da avaliação:

■ situação: “Não fez o dever de casa”;


■ pensamento: “Eu sou uma péssima mãe”;
■ emoção: raiva;
■ comportamento: agressão;
■ emoção posterior: culpa.

O fluxograma da coleta de dados específica está descrito na Figura 2. O ideal é que se tenham avaliado
mais de duas situações em contextos distintos para que se possa comparar o padrão cognitivo-
comportamental envolvido.
Figura 2 – Fluxograma da coleta de dados específica.
Fonte: Adaptada de Beck (1995).6

A partir dessa avaliação das diversas condições, é possível condensar todas as informações em um
esquema geral do funcionamento cognitivo, como é demonstrado na Figura 3 e exemplificado na seção
“Exemplo clínico”, ao final do artigo.
Após se avaliarem tanto os aspectos básicos quanto os específicos, podem-se organizar as informações e
decidir, conforme o Quadro 3, qual é a melhor conceitualização de caso e qual é a intervenção mais
adequada para aquele caso.
Depois da apresentação de um modelo esquemático sobre como pensar uma avaliação teoricamente, deve-
se ir às principais formas utilizadas para se obterem as informações necessárias para a compreensão do
caso.

Figura 3 – Síntese da coleta de dados específica.


Fonte: Adaptada de Whright e colaboradores (2012); 4 Beck (1995). 6

1. Em termos clínicos, em que consiste a avaliação psicológica?

2. Quais são as especificidades da avaliação aplicada à TCC?

3. Como se caracteriza a relação terapeuta-paciente na avaliação cognitivo-comportamental?

4. Sobre a avaliação em TCC, assinale a alternativa INCORRETA.


A) Ela é dissociada da intervenção psicoterápica.
B) Ela fornece informação para a formulação do caso clínico.
C) Testes psicológicos são de uso exclusivo dos psicólogos e devem ter a sua aprovação pelo
CFP antes de serem usados na clínica.
D) A presença de ideação suicida deve ser investigada prioritariamente.
Confira aqui a resposta

5. Quais questões devem ser contempladas na avaliação cognitivo-comportamental básica?

6. Que aspectos são considerados essenciais em uma avaliação cognitivo-comportamental básica?

7. Para sistematizar seu conhecimento em relação aos pontos a serem considerados na avaliação
específica, assim como seus objetivos, correlacione as colunas a seguir.

(1) Em que situação(ões) a queixa/problema ( ) Investigar as emoções percebidas na situação


acontece ou é percebida? problemática.
(2) Qual é o sentimento/emoção quando o ( ) Investigar como o paciente se sente após a
problema acontece? percepção do problema e como é a sua
(3) Quais são os pensamentos/imagens que reação, assim como a sua resposta
aparecem com mais frequência nessa comportamental.
situação? ( ) Investigar os pensamentos mais frequentes
(4) Quais são os comportamentos do decorrentes da situação problemática.
paciente em decorrência da situação, da ( ) Investigar os contextos ambientais que possam
ativação emocional e dos pensamentos? ser ativadores de emoções negativas ou de
(5) Qual o sentimento/emoção após o crenças distorcidas.
ocorrido? ( ) Investigar o que o paciente faz em virtude de
toda a situação e qual é o papel do seu
comportamento na manutenção do problema.
Qual a sequência resultante?

A) 1 – 2 – 5 – 4 – 3.
B) 2 – 5 – 3 – 1 – 4.
C) 3 – 2 – 1 – 5 – 4.
D) 4 – 5 – 3 – 1 – 2.
Confira aqui a resposta

8. Na avaliação específica, qual deve ser a principal questão que o terapeuta precisa ter em mente?
9. É importante que sejam identificados pontos positivos na vida do paciente, os quais podem ser
utilizados durante a intervenção terapêutica. Cite exemplos de pontos positivos que podem ser
considerados.

■ ESTRATÉGIAS DE OBTENÇÃO DE DADOS


Existem diversas formas que podem ser utilizadas tanto na avaliação básica quanto na avaliação específica.
A seguir, descrevem-se quatro formas de avaliar os pacientes, as quais podem auxiliar o terapeuta no
entendimento do caso clínico.

OBSERVAÇÃO
Observar o paciente traz várias informações importantes sobre o seu comportamento e seu estado
psicológico atual. Isso, somado a outras formas de obtenção de dados, como a entrevista, pode colaborar
para a elaboração de hipóteses sobre o caso clínico.
Existem várias características comportamentais que podem auxiliar o terapeuta a identificar alguns padrões
que são indicadores importantes sobre como a pessoa se cuida, se relaciona, além de como está o seu
humor.

A primeira característica comportamental do paciente é relacionada à aparência e pode ser notada


já no primeiro encontro. Observa-se não somente o porte físico, mas também o vestuário por ele
escolhido.

Um paciente com baixo peso pode indicar algum transtorno alimentar, assim como a ausência de cuidado
pessoal pode estar relacionada a algum transtorno, como a depressão. Outras fontes de informação que
podem ser facilmente observadas são as unhas que foram roídas, ou a ausência de mechas de cabelos que
podem ter sido arrancadas.

Outro conjunto de comportamentos que pode ser facilmente observado é a forma como o paciente
se relaciona com o terapeuta. Analisa-se, por exemplo, como ele se apresenta, se ele busca o contato
físico, como é o aperto de mão ou o contato ocular.

Durante a entrevista, observa-se se o paciente demonstra habilidades sociais básicas, como empatia ou
assertividade. A forma de interagir, nas primeiras sessões, pode dar pistas interessantes sobre como é o
comportamento do paciente com desconhecidos. Da mesma forma, observa-se como o paciente se
expressa, analisando a forma da linguagem, como o vocabulário e as construções verbais empregadas.
A forma como a linguagem é empregada é um bom indicador do desempenho cognitivo do paciente. Deve-
se ficar atento também ao conteúdo da linguagem, procurando observar se o paciente responde exatamente
ao que é perguntado, se possui uma fala prolixa ou desorganizada, o que indica uma alteração do humor.
A observação é uma importante ferramenta para o clínico; contudo, não deve ser utilizada como um
livro de receitas ou como um manual, no qual “A significa B”.

É extremamente importante que o terapeuta, ao observar o paciente, não tente encaixá-lo em categorias
estereotipadas, já que o modo de se vestir e se comportar, por exemplo, são intimamente ligados à cultura,
à etapa do desenvolvimento e aos grupos sociais a que ele pertence. Dessa maneira, caso tenha dúvida
sobre o teor de sua observação, o profissional deve introduzir o assunto na entrevista, abordando a situação
de maneira empática. As informações advindas da observação devem ser confirmadas com outras fontes,
seja a entrevista ou a testagem formal.

ENTREVISTAS
Existem diversas formas de classificação de entrevistas, que vão desde a anamnese até as entrevistas
orientadas para o insight. A escolha de uma delas depende do objetivo do terapeuta para a sessão.

A entrevista é a principal forma de obtenção de dados em um processo de avaliação cognitivo-


comportamental. É por meio dela que o terapeuta pode interagir e consolidar o relacionamento
terapêutico visando às intervenções futuras.

As entrevistas estruturadas são objetivas e restringem a resposta do paciente a um conjunto mais


previsível de respostas. Elas são muito úteis para avaliar aspectos do desenvolvimento ou da presença de
sintomas psicopatológicos. Por outro lado, as entrevistas semiestruturadas oferecem maior liberdade ao
paciente, possibilitando uma descrição que incorpore a percepção do fato ocorrido. As entrevistas
estruturadas e semiestruturadas complementam-se durante o processo de avaliação e devem ser
conduzidas, pelo terapeuta, com empatia e com interesse pelo paciente.

TÉCNICAS
Existem diversas estratégias que podem ser utilizadas para a obtenção de informação do paciente.

Para saber mais:

A seguir, serão descritas algumas estratégias, porém, o leitor poderá conhecer outras em bibliografia
específica, como, por exemplo, McMullin, 2005, e Leahy, 2006.7,8

Questionamento socrático
O questionamento socrático tem um papel fundamental na prática da terapia cognitiva. Nele, as questões
são elaboradas para encorajar o paciente a analisar, a sintetizar e a avaliar diferentes fontes de informação.9
No processo de avaliação cognitivo-comportamental, o diálogo socrático envolve a exploração cooperativa
dos temas, com o objetivo de10

■ obter informações;
■ conhecer o problema;
■ obter uma visão geral acerca do estilo de vida atual do paciente;
■ avaliar os estressores e as estratégias de enfrentamento;
■ traduzir as queixas em problemas concretos;
■ avaliar o significado atribuído pelo paciente a eventos específicos;
■ decidir sobre o tipo de enfoque a ser utilizado em relação ao problema.

Por meio do diálogo socrático, o terapeuta faz com que o paciente se envolva ativamente no
processo de terapia, desenvolvendo o empirismo colaborativo.

Técnicas de registro
O registro de pensamentos disfuncionais (RPD), elaborado por Aaron Beck10 e modificado por Judith Beck,6
tem como base o fluxograma a seguir (Figura 4).

Figura 4 – Fluxograma de base do RPD.


Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

O Quadro 4 apresenta um esquema de RPD simplificado, que, em geral, é utilizado no início do processo
terapêutico, de modo a aumentar a auto-observação do paciente, assim como sua percepção sobre a relação
existente entre a forma como ele pensa, se sente e age, funcionando como uma importante fonte de
informação na avaliação cognitiva.
Quadro 4

REGISTRO DE CONSCIENTIZAÇÃO DOS PENSAMENTOS, SENTIMENTOS E


COMPORTAMENTOS
Situação Penso que... ...então, me sinto... E me comporto...

Fonte: Adaptado de Beck (1995).6

O RPD pode ser apresentado ao paciente de forma cada vez mais elaborada, ao longo do tratamento,
enfocando-se cinco áreas, que podem ser abordadas separadamente ou em conjunto. São elas:

■ Identificação de pensamentos disfuncionais – O que estava passando por sua cabeça instantes antes
de você começar a se sentir desse modo? Há algum outro pensamento? Imagens?
■ Identificação de emoções – O que você sentiu? Meça cada estado de humor (0 - 100%).
■ Categorização das distorções cognitivas – identificação das possíveis distorções cognitivas envolvidas
no pensamento automático em questão.
■ Exame das evidências – identificação das evidências que apoiam o pensamento automático e daquelas
que não apoiam o pensamento automático.
■ Definição dos termos – análise semântica.

O Quadro 5 constitui-se em uma versão mais completa de RPD, que enfoca, principalmente, o exame de
evidências, sendo, assim, um instrumento ao mesmo tempo avaliativo e interventivo.
Quadro 5

REGISTRO DE PENSAMENTO AUTOMÁTICO EXPANDIDO


Tópicos Respostas

Situação:

■ Quem? O quê? Quando? Onde?

Estados de humor:

■ O que você sentiu?


■ Meça cada estado de humor (0 - 100%).

Pensamentos automáticos (imagens):

■ O que estava passando por sua cabeça instantes antes de você começar a se sentir desse
modo?
■ Há algum outro pensamento? Imagens?
■ Circule o pensamento quente.

Evidências que apoiam o pensamento quente

Evidências que não apoiam o pensamento quente

Pensamentos alternativos/compensatórios:

■ Escreva um pensamento alternativo ou compensatório.


■ Meça o quanto você acredita em cada pensamento alternativo ou compensatório (0 – 100%).

Agora meça o seu humor:

■ Meça novamente os estados de humor listados na linha 2, assim como qualquer estado de humor
novo (0 - 100%).

Fonte: Adaptado a partir de Beck (1995). 6

Flecha descendente
A flecha descendente foi inicialmente utilizada por Burns11 e por Beck e colaboradores.12 O seu uso deve ser
realizado na avaliação cognitivo-comportamental quando o objetivo for alcançar uma compreensão sobre as
crenças centrais do paciente.
Por meio de perguntas sobre o significado pessoal daquilo que o paciente está relatando, a flecha
descendente permite identificar a cadeia de pensamentos automáticos até se chegar à crença
central. Algumas perguntas facilitadoras são

■ “Qual seria o significado disso para você?”


■ “O que quer dizer para você ser uma pessoa...?”
■ “Se isso fosse realidade, o que isso diria sobre a sua pessoa?”
■ “O que isso revelaria sobre você?”
■ “Se isso fosse verdade, o que aconteceria de pior...?”

Para o uso da flecha descendente, o paciente já deve ser capaz de identificar seus pensamentos
automáticos e de reconhecer suas regras e suposições subjacentes (crenças intermediárias). Ao
longo da condução dessa técnica, deve-se evitar provocar no paciente a ideia de julgamento, de
confrontação ou de acusação. Para tal, a exploração deve ser feita de forma colaborativa.

Baralho das emoções


Desenvolvido por Caminha e Caminha,13 o baralho das emoções se trata de uma ferramenta de acesso
clínico às emoções infantis dentro de uma perspectiva cognitiva. Por meio de um material com apelo lúdico,
o terapeuta poderá identificar as emoções mais recorrentes e importantes vivenciadas pela criança, além de
compreender suas consequências cognitivas, comportamentais e fisiológicas. Dessa forma, a utilização do
baralho contribui na formulação cognitiva do caso, além de facilitar o estabelecimento do rapport e a
condução da psicoeducação.

O baralho das emoções foi originalmente desenvolvido para crianças de sete a doze anos de idade;
contudo, o trabalho clínico com o instrumento vem demonstrando sua adequação na terapia com
adolescentes, com crianças menores de seis anos de idade e com adultos.

O baralho das emoções é composto por 42 cartas, sendo 21 do baralho feminino e 21 do baralho masculino.
Dessas cartas, 20 apresentam diferentes emoções (6 emoções primárias e 14 emoções secundárias e
terciárias), e uma delas apresenta um termômetro que auxilia na indicação da intensidade da emoção.
O manual do baralho das emoções13 apresenta informações sobre diferentes formas de sua utilização, além
de formulários que podem ser preenchidos fora do contexto dos atendimentos. Estão disponíveis, no CD-
ROM que acompanha o baralho, formulários semanais e mensais a serem preenchidos pelas próprias
crianças e um formulário de monitoramento que pode ser aplicado aos pais/responsáveis ou aos professores.

ESCALAS PSICOMÉTRICAS
Como foi afirmado anteriormente, a avaliação é inerente ao ser humano. De modo sistematizado ou não, em
todas as avaliações que se realizam, deve-se cumprir uma determinada sequência de passos que culminam
na resolução de algum problema.
Questões como “Essa criança apresenta comportamentos agressivos em nível clínico?” ou “Os sintomas
apresentados por esse indivíduo configuram um quadro psiquiátrico?” configuram entre os problemas que
demandam uma avaliação mais formal diante, sobretudo, do grande impacto provocado pelas decisões
tomadas a partir dos resultados da avaliação.14 Dessa forma, faz-se necessário o uso de ferramentas
padronizadas, desenvolvidas de modo sistemático. Dentre essas ferramentas – disponíveis para o psicólogo
na condução de sua avaliação – estão os testes psicológicos.

De uma forma simplificada, pode-se definir testes psicológicos como meios padronizados de se
obterem amostras/indicadores comportamentais que irão revelar diferenças individuais nos
construtos, nos traços latentes ou nos processos mentais subjacentes.15

No amplo campo da testagem psicológica, é necessário diferenciar duas abordagens (ou dois estilos) de
avaliação:

■ a nomotética (psicométrico);
■ a idiográfica (impressionista).

As interpretações originadas da abordagem nomotética (testes psicométricos) fundamentam-se na


utilização de regras gerais acerca da compreensão de casos individuais.
A abordagem ideográfica (testes impressionistas) orienta suas interpretações a partir da forma única com
a qual se configuram os dados do indivíduo.15
Os testes psicométricos fundamentam-se nas leis gerais, avaliando o desempenho de um indivíduo particular
a partir da comparação dele com normas populacionais ou com variáveis critérios (esses temas serão
discutidos a seguir). Em contrapartida, os testes impressionistas, compostos por tarefas pouco ou nada
estruturadas, acabam por deixar margem para interpretações subjetivas do psicólogo avaliador. 16
Assim como nos testes objetivos, nos projetivos também são utilizadas comparações com grupos
normativos. Contudo, os processos de correção e de interpretação dos resultados no segundo grupo são
mais subjetivos.17

As diferenças básicas entre a abordagem nomotética e a abordagem ideográfica implicam uma gama
de variações no processo de construção, de aplicação, de correção e de interpretação dos testes,
cabendo ao psicólogo decidir pelo tipo de avaliação mais adequado ao caso e à sua perspectiva
teórica.

No contexto da avaliação em terapia cognitivo-comportamental, percebe-se uma preferência pela utilização


de instrumentos desenvolvidos na abordagem psicométrica (nomotética). Portanto, serão apresentados, a
seguir, alguns conceitos fundamentais na avaliação da qualidade dos instrumentos psicométricos.

A premissa básica dos testes psicométricos é a ideia de que, por meio das respostas do indivíduo a
um conjunto de comportamentos (itens), é possível conhecer e mensurar o processo mental
subjacente a esses comportamentos (traço latente).14 Entretanto, como garantir que, de fato, aquele
determinado conjunto de itens realmente se relaciona ao processo mental que se deseja avaliar? A
fim de atestar a adequação dessa medida ao seu propósito inicial, alguns parâmetros fundamentais
devem ser considerados, a saber:

■ validade;
■ precisão;
■ normatização.

De uma forma simplificada, a validade de um teste refere-se à eficácia com que ele mede o que pretende
medir,18 e sua verificação vincula-se à confirmação da existência de uma relação causal entre o construto
psicológico e seus indicadores (desempenho no teste).15
O estabelecimento da validade de um instrumento é imprescindível para que se possa afirmar algo
sobre determinado processo a partir de seus resultados. Cabe destacar que a validação é de
responsabilidade tanto daquele que desenvolve o teste quanto de quem o utiliza, à medida que este
faz uma avaliação adequada do contexto no qual o teste será aplicado.18

Na busca por se avaliar a validade de um teste podem ser realizados diferentes tipos de análise, envolvendo
uma variedade de procedimentos empíricos e estatísticos. Quando dois testes que avaliam um mesmo
aspecto psicológico são comparados, espera-se encontrar uma forte relação entre eles. Em contrapartida,
quando as comparações são feitas entre instrumentos que avaliam aspectos diferentes, espera-se que não
haja semelhanças entre eles. A partir desses procedimentos são obtidos índices de validade convergentes
e discriminantes, respectivamente.19

Apesar de a validade ser um parâmetro de qualidade do teste, ela não se configura como uma
qualidade permanente. Assim, uma vez validado em determinado estudo/contexto, o instrumento não
fica imune à necessidade de novos estudos de validação, sobretudo se for utilizado em contextos
diferentes aos iniciais.

Além da importância de se verificar se o resultado em um determinado instrumento realmente diz algo sobre
o construto que se deseja investigar, também é fundamental determinar se esse resultado é confiável, ou
seja, se ele mensura, de forma precisa, aquele determinado aspecto no indivíduo. 18 Dessa forma, a
verificação da fidedignidade de um teste é responsável por assegurar que seu resultado é fruto
verdadeiramente da mensuração do construto de interesse, e não proveniente de erro, o que atesta sua
utilidade.
A precisão pode ser avaliada a partir de alguns procedimentos, como a aplicação do instrumento em dois
momentos distintos e o estabelecimento de relações significativas entre os resultados, o que indica a
estabilidade da medida. Cabe destacar que qualquer medida está sujeita a algum nível de flutuação; por
isso, é importante considerar a própria natureza do construto no estabelecimento da fidedignidade.
A variação nos resultados em um instrumento que avalia o humor, por exemplo, não pode ser considerada
como uma imprecisão, pois essa oscilação é característica do próprio humor. Nesses e em outros casos,
utiliza-se outro conjunto de técnicas estatísticas, a fim de se garantir a consistência dos resultados do teste.

Para que seja possível interpretar qual é o significado do resultado do indivíduo no instrumento de
avaliação, é necessário utilizar algum tipo de referencial. Assim, acertar oito das dez questões de um
determinado teste, por exemplo, não diz nada a respeito daquela característica no indivíduo se não
existir algum critério de comparação.

Grande parte dos instrumentos psicológicos é referenciada em normas. Nesses testes, são estabelecidas
comparações entre o desempenho do indivíduo em relação a um determinado grupo com o qual ele
compartilha características (idade, escolaridade, sexo, etc.). Esse grupo é chamado de amostra normativa,
e a etapa de coleta de informações desse grupo de sujeitos é um processo indispensável na construção de
um instrumento de avaliação psicológica.18 Cabe salientar-se a necessidade de construção de amostras
normativas representativas (em idade, sexo, escolaridade, nível socioeconômico), a fim de possibilitar
comparações adequadas entre o escore do indivíduo e as normas do instrumento.

Os testes e as escalas psicológicas só podem ser utilizados no contexto profissional, incluindo o


clínico, se constarem na lista de instrumentos aprovados pelo Sistema de Avaliação de Testes
Psicológicos (SATEPSI).
O SATEPSI foi criado pelo CFP, em 2003, e tem como objetivo principal a qualificação dos instrumentos
utilizados pelos psicólogos.20 O processo de qualificação é realizado pela Comissão Consultiva em
Avaliação Psicológica, formada por psicólogos especialistas na área, sendo esse grupo modificado de três
em três anos.
A análise dos instrumentos psicológicos é realizada a partir da resolução do CFP nº 002, de 26 de março de
2003, que apresenta os requisitos mínimos e obrigatórios para uma avaliação favorável de testes
psicométricos e projetivos. Esses requisitos envolvem a apresentação de uma fundamentação teórica
consistente, a existência de dados empíricos de validade e precisão, além de instruções de correção,
interpretação e normas adequadas.21

Para saber mais:

No site do SATEPSI – http://satepsi.cfp.org.br/ – estão discriminados todos os instrumentos que,


atualmente, estão favoráveis ou desfavoráveis para uso por psicólogos. Além disso, também é possível
ter acesso a uma lista de instrumentos considerados, pela comissão, como “não psicológicos”, os quais
podem ser utilizados por outros profissionais. O baralho das emoções e o formulário de registro de
pensamentos fazem parte dessa lista.

Instrumentos “não psicológicos”, como o baralho das emoções e o formulário de registro de


pensamentos podem ser utilizados tanto por psicólogos quanto por outros profissionais, como
médicos e educadores. Contudo, cabe destacar, novamente, que os testes psicológicos com uso
aprovado só podem ser utilizados por psicólogos.

Na sua experiência clínica, quais cuidados com os instrumentos psicológicos têm sido adotados?

A partir do exposto, fica claro o papel fundamental de uma agência regulamentadora dos instrumentos
psicológicos que possa assegurar a qualidade deles. Entretanto, percebe-se, na clínica cognitivo-
comportamental, a utilização pouco cuidadosa de ferramentas que não foram submetidas a um rigoroso
processo de construção e verificação recomendado aos testes psicológicos.
Cabe destacar que nem todas as ferramentas utilizadas no contexto clínico são de uso exclusivo de
psicólogos e deveriam ser submetidas à aprovação pelo SATEPSI. Contudo, mesmo as ferramentas “não
psicológicas” devem ser desenvolvidas a partir de procedimentos sistemáticos que atestem sua qualidade e
a acurácia de seus resultados.

A utilização costumeira de “escalas de final de livro”, no processo de avaliação no contexto


terapêutico, pode levar a resultados desastrosos. Se um determinado instrumento não foi submetido
a procedimentos que verifiquem sua validade e precisão, não é possível saber se ele, de fato, está
informando sobre o aspecto ou sobre a característica de interesse e se o faz de forma confiável.

A ausência de estudos de normatização impede que se faça uma comparação entre o desempenho do
indivíduo e o “desempenho esperado”, o que impossibilita uma interpretação adequada de seu resultado. A
utilização inadvertida desses instrumentos, na avaliação em TCC, pode levar a decisões equivocadas na
intervenção, como a opção por uma abordagem de tratamento inadequada ou a desconsideração de
problemas e de aspectos individuais importantes para a eficácia da terapia.
10. Existem várias características comportamentais que podem auxiliar o terapeuta a identificar
alguns padrões que são indicadores importantes na avaliação de um paciente. Descreva o uso
avaliativo das seguintes características passíveis de observação:
A) Aparência

B) Relacionamento com o terapeuta

C) Linguagem

11. A entrevista é a principal forma de obtenção de dados em um processo de avaliação cognitivo-


comportamental. Quais são as diferenças de uso das entrevistas estruturadas e das
semiestruturadas?

12. Em relação ao questionamento socrático, responda:


A) Em que consiste essa técnica?

B) Quais são os objetivos na exploração cooperativa de temas por meio dessa técnica?

13. Quando é utilizada a técnica RPD e para que ela serve?

14. Quais são as cinco áreas enfocadas no RPD?

15. O registro de pensamentos automáticos, em sua versão mais elaborada, possui os seguintes
objetivos, EXCETO

A) aumentar a auto-observação do paciente.


B) mostrar para o paciente que aquele pensamento não está baseado em evidências.
C) aumentar a habilidade do paciente de considerar seu pensamento como uma hipótese a ser
testada, e não como a verdade em si.
D) fornecer informações ao psicólogo.
Confira aqui a resposta

16. Qual é o objetivo da técnica flecha descendente?

17. Quais podem ser as perguntas facilitadoras para a construção da flecha descendente?

18. Em que consiste o baralho das emoções?

19. Qual é a definição de testes psicológicos?

20. Descreva as seguintes abordagens de testagem psicológica:


A) Nomotética (testes psicométricos)

B) Idiográfica (testes impressionistas)

21. Para que um teste psicológico possa ser utilizado, de forma adequada, em uma avaliação, é
preciso que demonstre, em estudos empíricos, bons índices de validade e precisão. A respeito da
precisão dos testes, assinale a alternativa correta.

A) A precisão indica o quanto um teste, de fato, mensura o construto avaliado.


B) Se um instrumento psicológico apresenta bons índices de validade, não se faz necessária a
verificação de sua precisão.
C) Dependendo do construto avaliado por um teste, espera-se que haja diferença relevante entre
os desempenhos do mesmo indivíduo em dois momentos distintos.
D) Uma vez que são determinados bons índices de precisão de um teste, não é necessário
verificar novamente sua precisão, mesmo que se mude o contexto de utilização.
Confira aqui a resposta
■ INSTRUMENTOS DESTINADOS À AVALIAÇÃO
A seguir, serão apresentadas informações a respeito de instrumentos que podem ser utilizados com crianças
e adolescentes e daqueles que se aplicam à avaliação de adultos.

INSTRUMENTOS DESTINADOS À AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS E DE


ADOLESCENTES
Como destacado anteriormente, na etapa de avaliação básica pode se fazer necessária a avaliação de
aspectos emocionais, comportamentais específicos e da personalidade do paciente. Para tanto, no contexto
de atendimento de crianças e de adolescentes, é imprescindível utilizarem-se instrumentos adequados à
faixa etária, à escolaridade e ao nível de desenvolvimento cognitivo do paciente. Além disso, é indispensável
considerarem-se as evidências de qualidade psicométrica desses instrumentos, verificando- se a sua
aprovação para uso.

Atualmente, evidencia-se a escassez de instrumentos padronizados para avaliação de sintomas


psicopatológicos em crianças e em adolescentes no contexto clínico.

Uma das únicas opções disponíveis para avaliação de sintomas psicopatológicos em crianças e em
adolescentes, no contexto clínico, é o Inventário de Depressão de Beck versão II (BDI-II, do inglês Beck
Depression Inventory), desenvolvido por Beck e colaboradores22 e adaptado para o Brasil por Gorenstein
e colaboradores.23 O inventário pode ser aplicado em crianças e em jovens acima de 10 anos de idade,
apesar de não se destinar exclusivamente a essa faixa etária.
No contexto de pesquisa, encontram-se disponíveis outros instrumentos, como o Inventário de Depressão
Infantil (CDI, do inglês Child Depression Inventory),24 adaptado para o Português por Gouveia e
colaboradores.25 Apesar de ser largamente utilizado em pesquisas epidemiológicas) 26 e clínicas, o CDI não
configura entre os instrumentos aprovados pelo SATEPSI, para uso no contexto profissional pelo psicólogo.
Dentre as características comportamentais que se mostram mais relevantes na clínica cognitivo-
comportamental, com crianças e com adolescentes, destacam-se as habilidades sociais.27 Na avaliação
desse construto, encontram-se disponíveis uma maior variedade de instrumentos, com destaque para

■ o Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes (IHSA),28 destinado à avaliação de habilidades


sociais em jovens de 12 a 17 anos de idade;
■ o Sistema Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças (SMHSC),29 voltado para crianças de 7 a 12
anos de idade.

Na avaliação de traços de personalidade de crianças e de adolescentes, destacam-se, entre os testes


objetivos

■ o Questionário de Personalidade para Crianças e Adolescentes (EPQ-J),30 que avalia a


personalidade de jovens de 10 a 16 anos de idade;

■ a Escala de Traços de Personalidade para Crianças (ETPC),31 instrumento destinado a crianças de 5 a


10 anos de idade.
Todos os instrumentos citados até aqui são de uso exclusivo por psicólogos.

Em relação à avaliação de elementos do modelo cognitivo (pensamentos automáticos, crenças


intermediárias e crenças centrais), a utilização de instrumentos psicométricos é incipiente, tanto no contexto
nacional quanto no contexto internacional.

Atualmente, no Brasil, ainda não existe nenhum instrumento desenvolvido para avaliação de
elementos do modelo cognitivo que esteja disponível para a utilização no contexto clínico, sendo
recorrente a utilização inadequada de escalas de fim de livro. A utilização desse tipo de ferramenta
compromete a interpretação dos resultados, pois sua construção não foi pautada pelos princípios
sistemáticos recomendados aos instrumentos psicológicos.

Recentemente, diante da ausência desse tipo de instrumento para uso clínico (e também no contexto
pesquisa), tem-se constatado o interesse crescente de alguns pesquisadores brasileiros em desenvolver
instrumentos que avaliem sistematicamente alguns desses construtos (pensamentos, tríade cognitiva,
crenças), que sejam adequados à nossa realidade e que apresentem, entre suas características, bons
índices de validade e precisão. Exemplos desse interesse podem ser vistos

■ na elaboração da Escala de Pensamentos Automáticos (EPA) Positivos e Negativos para Adolescentes;32


■ na adaptação da EPA,33 originalmente desenvolvida por Schniering e Rapee.34 Esse instrumento de
autorrelato avalia pensamentos automáticos disfuncionais relacionados à depressão, à ansiedade e à
agressividade em crianças e em adolescentes.

Destaca-se que a EPA e a adaptação da EPA são restritas para utilização em pesquisa e

necessitam, ainda, de mais estudos para que possam ser utilizadas no contexto clínico.

INSTRUMENTOS DESTINADOS À AVALIAÇÃO DE ADULTOS


No processo de avaliação de aspectos emocionais e comportamentais específicos da personalidade do
paciente adulto, no início e ao longo da intervenção terapêutica em TCC, pode se fazer necessária a
investigação de diferentes sintomas psicopatológicos, como os depressivos, os ansiosos e a ideação suicida.
Para tanto, encontram-se disponíveis, para utilização no contexto clínico, algumas opções de instrumentos
psicométricos, como as Escalas Beck35 e o BDI-II,23 já apresentado previamente.

Quatro diferentes inventários compõem as Escalas Beck:

■ BDI;
■ Inventário de Ansiedade de Beck ( BAI, do inglês Anxiety Inventory of Beck);
■ Escala de Desesperança de Beck ( BHS, do inglês Beck Hopelessness Scale);
■ Escala de Ideação Suicida de Beck ( BSI , do inglês Scale for Suicidal Ideation).

Outros instrumentos não psicológicos podem ser utilizados na verificação desses sintomas e na avaliação
preliminar de possíveis transtornos mentais. Entre eles estão

■ a Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI);36


■ a Entrevista Clínica Estruturada para o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV,
do inglês Diagnostical and Statistical Manual of Mental Disorders) – Versão clínica (SCID-CV).37
A Mini consiste em uma entrevista diagnóstica padronizada e breve (15 a 30 minutos), a qual pode ser
utilizada no contexto clínico e de pesquisa, após uma breve formação do profissional (entre uma e três
horas). Traduzida para o português por Amorim,38 baseia-se nos critérios do DSM-IV e avalia 17

transtornos do eixo I do manual, além do risco de suicídio e do transtorno de personalidade antissocial


(versão 5.0).
A SCID-CV compartilha algumas características com a MINI, como o fato de ser uma entrevista diagnóstica
padronizada e baseada nos critérios do DSM-IV. Contudo, a aplicação da SCID-CV exige maior experiência
do entrevistador, pois, apesar de haver perguntas estruturadas, é a partir do julgamento clínico (e não da
resposta do paciente) que será determinada a presença ou a ausência dos critérios diagnósticos. O estudo
de tradução para o português da SCID-CV39 apontou índices de precisão adequados.
Ambos os instrumentos destinam-se a uma avaliação complementar ao diagnóstico feito pelo psiquiatra
(quando for o caso) e podem ser utilizados na adequação das estratégias terapêuticas ao quadro
apresentado pelo paciente.
A avaliação de habilidades sociais em adultos também constitui uma importante etapa da avaliação em
TCC, sobretudo nos casos em que o treinamento dessas habilidades se apresenta como parte importante
da intervenção terapêutica. A título de curiosidade, diversos estudos internacionais e nacionais vêm
apontando a importância das habilidades sociais no tratamento de problemas psicossociais e transtornos
psiquiátricos.41

Na avaliação de habilidades sociais em jovens adultos (15 a 25 anos de idade), pode-se utilizar o
Inventário de Habilidades Sociais (IHS),28 o qual apresenta normas para essa faixa etária com o
segundo grau de escolaridade (Ensino Médio).

Outra característica extremamente importante a ser considerada, na avaliação em TCC de adultos, é a


personalidade. A avaliação sistemática de traços de personalidade contribui tanto para o diagnóstico de
transtornos do eixo II quanto para a identificação de características que aumentam a vulnerabilidade do
indivíduo ou que o protejam diante de determinadas situações.
Encontra-se disponível, atualmente, um grande número de instrumentos psicométricos de avaliação de
personalidade, os quais se baseiam em diferentes modelos teóricos. Dentre os instrumentos orientados pelo
modelo de personalidade mais consolidado (Cinco Grandes Fatores), um dos mais utilizados é a Bateria
Fatorial de Personalidade (BFP).42

Outros instrumentos destinam-se mais especificamente à avaliação da personalidade no contexto


clínico, como a Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo (EFN) 43 e a Escala Fatorial
de Socialização (EFS).44

A EFN é destinada à avaliação de importantes aspectos da personalidade (vulnerabilidade,


desajustamento psicossocial, ansiedade e depressão) em indivíduos de 16 a 50 anos de idade. A
EFS, por sua vez, avalia traços, como frieza, falta de empatia e comportamentos antissociais,
podendo ser utilizada com sujeitos de 14 a 64 anos de idade.

De maneira semelhante ao encontrado na faixa etária infanto-juvenil, hoje em dia não existe nenhum
instrumento de avaliação dos construtos do modelo cognitivo disponível para a avaliação clínica de adultos.
Mesmo no contexto de pesquisa, identifica-se uma escassez de instrumentos, além da utilização inadequada
de escalas traduzidas que não foram submetidas a uma avaliação cuidadosa de suas propriedades
psicométricas.
Dentre os instrumentos disponíveis para uso em pesquisa, estão a Escala de Atitudes Disfuncionais,
adaptada por Orsini e colaboradores45 e o Questionário de Esquemas de Young – versão breve –,46 validado
por Cazassa e Oliveira.47

22. O que é imprescindível considerar em relação aos instrumentos utilizados na avaliação de


crianças e de adolescentes?

23. Qual é o instrumento disponível atualmente para a avaliação de sintomas psicopatológicos em


crianças e em adolescentes?

24. No contexto da pesquisa, que outros instrumentos podem ser mencionados para a avaliação
psicopatológica de crianças e de adolescentes?

25. Dentre as características comportamentais que se mostram mais relevantes na clínica cognitivo-
comportamental com crianças e com adolescentes destacam-se as habilidades sociais. Que
instrumentos podem ser utilizados para avaliá-las?

26. Quais testes objetivos estão disponíveis para a avaliação de traços de personalidade em
crianças e em adolescentes?

27. No Brasil, ainda não existe nenhum instrumento desenvolvido para avaliação de elementos do
modelo cognitivo, sendo recorrente a utilização inadequada de escalas de fim de livro. Em relação
à interpretação de resultados, quais as limitações dessas ferramentas?
28. Quais são os instrumentos destinados à avaliação de aspectos emocionais, comportamentais
específicos e da personalidade do paciente adulto?

29. Discuta a importância e a especificidade da avaliação cognitivo-comportamental dentro do


processo terapêutico.

Confira aqui a resposta

■ EXEMPLO CLÍNICO
Fernando é um homem de 36 anos de idade, casado, que chega à TCC encaminhado por seu
psiquiatra.

O contato para agendamento da consulta é realizado por sua esposa, Maria, que vê como muito
indicada a execução de tratamento psicoterápico.
Na primeira sessão da avaliação, Fernando entra na sala de atendimento acompanhado de sua
esposa e, diante da pergunta sobre o motivo da consulta, mantém-se em silêncio. Diante disto, Maria
começa a relatar suas preocupações com relação ao marido. Segundo ela, Fernando tem se
mostrado bastante irritado e, por isso, está em tratamento medicamentoso há três meses, com
melhora parcial do quadro. Até esse momento, o psicólogo tem duas questões a atentar: ao conteúdo
da resposta da esposa e ao fato de Fernando não se apresentar ativo na interação com o terapeuta
(nem no momento do agendamento da consulta, nem na resposta sobre suas queixas). Diante disso,
o terapeuta inicia a elaboração de hipóteses e o uso do questionamento socrático em relação à
questão inicialmente colocada (Quadro 6).
Quadro 6

QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO UTILIZADO NO EXEMPLO CLÍNICO


Hipótese Questionamento Resposta

Trata-se de uma Essa irritabilidade tem acontecido em Esposa: “Em todos. Comigo, com a família
dificuldade na relação quais ambientes? dele, até com alguns amigos”.
com a esposa.

Uma vez que ocorre Há quanto tempo isso ocorre? Esposa: “Há aproximadamente um ano. Ele,
em todos os contextos, antes, não era assim com ninguém”.
trata-se de uma
dificuldade crônica.

Houve algum evento Vocês se lembram de algo marcante Esposa: “Não. Não me lembro de nada ruim
estressor há um ano. que tenha acontecido nessa época? que tenha acontecido”.
Marido: Faz sinal de “não” com a cabeça,
indicando também não identificar nenhum
evento. [Esta é a primeira manifestação do
marido na avaliação.]

Pode ter ocorrido Houve alguma mudança significativa Esposa: Fica em silêncio.
algum evento em alguma área de sua vida, mesmo Marido: “Eu fui promovido. Mas no meu
estressor que tenha que seja algo bom? trabalho está tudo funcionando! O problema é
sido considerado [Nesse momento, o psicólogo dirige que eu estou irritado nos outros lugares”.
positivo. sua fala para Fernando, diante do
indício de maior colaboração dele na
avaliação.]

A promoção levou a E o que mais mudou na sua vida Esposa se antecipa à resposta dele dizendo:
mudanças mais quando você foi promovido? “Ah... Mudou muita coisa. Praticamente não
amplas em seu dia a nos vemos mais”.
dia. Nesse momento, Fernando muda
completamente sua expressão facial e diz de
forma ríspida: “Você já vai começar. É para
isso que você veio aqui, não é?! Para acabar
comigo”.
Esposa começa a chorar.

O que ocorreu nesse Percebo que você ficou irritado neste Nesse momento, Fernando já se mostrava
momento na sessão é momento, Fernando. Você arrependido dando a mão à esposa.
uma amostra do conseguiria me dizer o que passou Então ele responde: “Não sei. Mas é isso que
padrão descrito como pela sua cabeça logo antes de agir costuma acontecer. Eu sou um grosso
queixa. assim? mesmo!”

Logo após, partindo de sua pergunta anterior sobre o que Fernando pensou na situação, o terapeuta
deu início à psicoeducação sobre o que é a TCC, tendo em vista o desenvolvimento de uma relação
colaborativa. Foram aplicadas também as seguintes escalas de avaliação: o BDI e o BAI. A escolha
por esses instrumentos baseou-se na possível relação da irritabilidade com sintomas de depressão e
de ansiedade. Em ambos os instrumentos, Fernando apresentou resultado indicativo da ausência de
sintomas que preenchessem critérios para transtorno depressivo ou para transtorno ansioso.
Na segunda sessão da avaliação, foi utilizado o quadro de registro de pensamentos simplificado
e, posteriormente, o diálogo socrático, no intuito de se alcançar uma compreensão global do caso.

O uso do registro de pensamentos simplificado referentes a contextos variados permitiu o


agrupamento de informações, tendo em vista o mapeamento do padrão de ocorrência da queixa,
conforme apresentado na Figura 5.
Figura 5 – Esquema de mapeamento do padrão de ocorrência da queixa.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Utilizou-se, então, o diálogo socrático sobre o esquema montado pelo paciente e pelo terapeuta na
sessão, com o objetivo de se identificarem características em comum entre as diversas situações e
seus respectivos pensamentos automáticos, os quais funcionavam como gatilho para a ocorrência
de irritação. Foi possível sintetizar tal padrão da seguinte forma (Figura 6):
Figura 6 – Síntese do padrão cognitivo relacionado à queixa de Fernando.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

À medida que Fernando conseguia descrever tal padrão, observou-se a redução da frequência de
respostas ríspidas ou agressivas às pessoas. No entanto, ele ainda apresentava sentimentos de
raiva, de culpa e de preocupação frequentes. Diante disso, na terceira , foi utilizado novamente o
questionamento socrático para investigar a sua história no tocante ao pensamento de estar deixando
a desejar.
Nesse momento, Fernando expôs uma história de vida com alto padrão de exigência de seus pais,
de sua escola e dele mesmo, e um histórico de alto desempenho em todas as áreas da vida, com
ausência de experiências de “fracassos”. Conta as várias situações de cobrança realizadas por seu
pai, que era militar, e de sua rotina rígida, na qual somente era permitido lazer no final de semana.
Nesse momento, o psicólogo explora a existência de possíveis diagnósticos psiquiátricos na família.
Fernando afirma que sua mãe tem diagnóstico de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), e
que ela sempre “passou muito as preocupações dela para ele”. Diz que, talvez, por esses motivos
ele tenha ficado “assim”. Ao ser perguntado sobre o que sentia naquele momento, ele diz “raiva” e
começa a relatar a última situação em que havia sentido raiva de sua mãe, que havia ocorrido logo
antes da sessão. Fernando ligara para a mãe, e, ao atender ao telefone, ela disse: “Quem é vivo
sempre aparece”. Essa situação trouxera-lhe o pensamento “Lá vem ela reclamar”.
Diante desse relato, o terapeuta dá início ao uso da flecha descendente (Figura 7), tendo em vista a
avaliação das crenças intermediárias e das crenças centrais envolvidas em sua queixa.
Figura 7 – Flecha descendente elaborada com Fernando.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

Nesse momento, Fernando emociona-se bastante, e o terapeuta o acolhe. O padrão cognitivo


relacionado a desempenho, com base no par de crenças “ser competente/ser incompetente”, torna-
se mais claro tanto para o paciente quanto para o terapeuta, facilitando, assim, a elaboração da
conceitualização do caso e, consequentemente, o delineamento do plano de intervenção.

30. Com base nas informações fornecidas no exemplo clínico, crie um esquema de avaliação básica
e de avaliação específica. Compare sua resposta com a continuação do exemplo clínico, que está
a seguir.

Avaliação básica Avaliação específica

Continuação do exemplo clínico.

Será utilizado o modelo esquemático para avaliação cognitivo-comportamental para sintetizar as


informações levantadas nas três primeiras sessões de avaliação de Fernando (Quadros 7 a 9).

Quadro 7

AVALIAÇÃO BÁSICA
Questões Respostas

Existe algum diagnóstico prévio? Não.

Atualmente, qual(is) é(são) a(s) queixa(s) A queixa principal diz respeito à irritabilidade de Fernando.
principal(is)? Quais são os casos específicos
dessa queixa? Qual(is) é(são) a(s) meta(s)
terapêutica(s)?

Existe histórico de risco ou de tentativas de Não.


suicídio?

Quais são os fatores do desenvolvimento físico, Pais muito exigentes e rígidos, pai militar e histórico de alto
emocional e psicológico importantes para o desempenho e de cobrança de perfeição.
quadro atual?

Quais são os fatores genéticos e médicos Mãe possui diagnóstico de TAG.


importantes para o quadro atual?

Quais são os pontos fortes do paciente? Forte motivação para a mudança, em função da
identificação de problemas gerados em consequência de
sua irritabilidade.

Existe algum aspecto comportamental ou de Não. Considerando-se que é uma queixa aguda, bem
personalidade que deve ser avaliado delimitada no período de um ano, parece não estar
especificamente (habilidade social, personalidade, relacionada a um déficit de habilidades ao longo da vida.
inteligência, etc.)?

Existe algum aspecto emocional que deve ser Sim, sintomas de depressão e de ansiedade, de modo a
avaliado especificamente (intensidade da excluir tais hipóteses diagnósticas.
depressão, ansiedade, etc.)?

O paciente precisa de alguma avaliação Não. Já vem sendo acompanhado por psiquiatra. Faz-se
complementar (avaliação neuropsicológica, necessária somente a realização de contatos periódicos
psiquiátrica, etc.)? com o psiquiatra, de modo a articular uma prática
multidisciplinar.

Quadro 8

AVALIAÇÃO ESPECÍFICA
Questões Objetivos e respostas

Em que situação(ões) a Objetivo: investigar os contextos ambientais que possam ser ativadores de
queixa/problema acontece ou é emoções negativas ou de crenças distorcidas.
percebida? Resposta: A queixa é observada em períodos de maior exigência de
desempenho de Fernando.

Qual é o sentimento/emoção Resposta: Diante do problema da irritabilidade nas interações, Fernando


quando o problema acontece? sente culpa.

Quais são os Resposta: “Não estou sendo um bom esposo/filho/amigo, etc.”


pensamentos/imagens mais
frequentes que aparecem nessa
situação?

Quais são os comportamentos do Objetivo: investigar o que o paciente faz em decorrência de toda a situação
paciente em decorrência da e qual é o papel de seu comportamento na manutenção do problema.
situação, da ativação emocional e Resposta: A reação mais frequente diante da situação é o afastamento de
dos pensamentos? Fernando das outras pessoas (ir para o escritório em sua casa, ir mais
cedo para o trabalho, evitar ir à casa da mãe, reduzir a frequência de
encontros com os amigos).

Qual o sentimento/emoção após o Resposta: Preocupação.


ocorrido?

31. Com base no exemplo clínico e nas sínteses apresentadas nos Quadros 7 e 8, qual seria a
indicação de tratamento? Compare sua resposta com as informações fornecidas no Quadro 9, na
continuação do exemplo clínico, que está a seguir.

Continuação do exemplo clínico.

Quadro 9

SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS E INDICAÇÃO DE TRATAMENTO


Questões Respostas

Os dados Sim.
coletados
conseguem
fornecer
uma
interpretação
do caso?

Qual é a A intervenção realizada no tratamento de Fernando tem como objetivo flexibilizar seus padrões de
melhor autoexigência, com base na reestruturação cognitiva com enfoque, principalmente nas distorções
intervenção cognitivas de supergeneralização e de pensamento dicotômico. Além disso, tem como objetivo o
para esse aumento das experiências de lazer, sem foco em desempenho. Para tal, será discutido o quanto o
paciente? seu trabalho dificulta/inviabiliza a conciliação por meio do uso da estratégia de solução de
problemas.
32. Levando em consideração toda a coleta de dados realizada com Fernando, qual seria um
possível pensamento automático relacionado ao seu comportamento de não ter se mostrado ativo
no início da interação com o psicólogo?

A) “Não sei o que estou fazendo aqui.”


B) “O psicólogo vai dizer o que estou fazendo de errado.”
C) “Minha esposa é quem devia se tratar.”
D) “Já estou tomando remédio e não está resolvendo. Ele também não vai conseguir me ajudar.”
Confira aqui a resposta

33. Em relação ao tratamento de um paciente, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Uma vez encerrada a avaliação e estabelecido o plano de intervenção, este deve ser seguido
até o momento da alta, de modo a realizar um tratamento estruturado, conforme preconizado
pela terapia cognitiva.
B) O questionamento socrático funciona, ao mesmo tempo, como uma estratégia de avaliação e
de intervenção.
C) A identificação da crença central acompanhada de emoção (tal como descrito na flecha
descendente apresentada) não necessariamente traz mudanças.
D) No tratamento, podem ocorrer mudanças de comportamento que não são decorrentes de
mudanças de sentimentos.
Confira aqui a resposta

■ CONCLUSÃO
A avaliação cognitivo-comportamental é fundamental para a formulação e para a compreensão do caso
clínico e deve ser guiada tanto pela queixa quanto pela hipótese do terapeuta sobre o funcionamento do
paciente, valendo-se das diversas formas existentes de coleta de dados. Por ser parte do processo
psicoterápico, o terapeuta deve continuamente considerar as novas informações obtidas e, assim, definir a
direção da intervenção.

■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 4
Resposta: A
Comentário: Diferentemente de algumas avaliações psicológicas tradicionais, a avaliação cognitivo-
comportamental é um processo contínuo durante a intervenção terapêutica, que auxilia a compreensão e a
reformulação do caso clínico, quando necessário.
Atividade 7
Resposta: B
Comentário: Os pontos a serem considerados na avaliação específica, assim como seus objetivos, serão
apresentados no Quadro a seguir.
MODELO ESQUEMÁTICO PARA AVALIAÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
ESPECÍFICA
Pontos Objetivos

■ Em que situação(ões) a queixa/problema ■ Investigar os contextos ambientais que possam ser


acontece ou é percebida? ativadores de emoções negativas ou de crenças
distorcidas.

■ Qual é o sentimento/emoção quando o problema ■ Investigar as emoções percebidas na situação


acontece? problemática.

■ Quais são os pensamentos/imagens que ■ Investigar os pensamentos mais frequentes decorrentes


aparecem com mais frequência nessa situação? da situação problemática.

■ Quais são os comportamentos do paciente em ■ Investigar o que o paciente faz em decorrência de toda a
decorrência da situação, da ativação emocional situação e qual é o papel do seu comportamento na
e dos pensamentos? manutenção do problema.

■ Qual o sentimento/emoção após o ocorrido? ■ Investigar como o paciente se sente após a percepção do
problema e como é a sua reação, assim como a sua
resposta comportamental.

Atividade 15
Resposta: B
Comentário: O registro de pensamentos automáticos, em sua versão mais elaborada, possui todos os
objetivos elencados nos itens, exceto “Mostrar para o paciente que aquele pensamento não está baseado
em evidências”. Este não é um dos objetivos do registro, uma vez que o tratamento da TCC não é um
processo educativo, de ensinar ao paciente que ele está pensando “errado”. Ao contrário, é um processo
que deve ser realizado, de forma colaborativa, entre terapeuta e paciente, por meio de exploração conjunta.
Ambos devem ser ativos na busca de informações atuais e históricas sobre o padrão cognitivo do paciente,
que permitam a compreensão do significado de sua forma de pensar atual e de flexibilização para padrões
de pensamento mais realistas (no caso de haver distorção cognitiva).
Atividade 21
Resposta: C
Comentário: Em determinados testes, como nas escalas que avaliam o humor, espera-se que haja algum
nível de flutuação entre as respostas de um mesmo sujeito em dois momentos distintos, já que a flutuação é
característica importante do próprio construto. Nesses casos, a precisão do instrumento é avaliada a partir
de outros métodos estatísticos.
Atividade 29
Comentário: Tópicos esperados nessa resposta: a avaliação cognitivo-comportamental faz parte do processo
terapêutico, auxiliando na compreensão e na formulação do caso clínico. Dessa forma, o terapeuta pode
intervir durante a avaliação, assim como ele avalia enquanto intervém. Nesse sentido, é fundamental que o
terapeuta tenha uma atitude empática e acolhedora durante a coleta de informações para a avaliação
cognitivo-comportamental.
Atividade 32
Resposta: B
Comentário: Todo o padrão cognitivo identificado na avaliação sugere que, no início da primeira sessão,
Fernando estava se sentindo em uma situação de avaliação e crítica iminente. Dessa forma, apresentava o
seguinte pensamento: “O psicólogo vai dizer o que estou fazendo de errado”. A abordagem realizada pelo
terapeuta no início do contato com Fernando, buscando explorar de forma interessada e colaborativa a
queixa trazida, parece ter auxiliado no aumento da sua participação na sessão.
Atividade 33
Resposta: A
Comentário: O tratamento estruturado preconizado pela terapia cognitiva deve ser entendido como uma
intervenção que se baseia em uma coleta de dados sistemática, com base no raciocínio científico de
elaboração constante de hipóteses a serem testadas. Não significa, no entanto, que uma vez delimitado o
tratamento, ele será imutável e não estará mais sujeito a ajustes em uma prática protocolar. Os processos
de avaliação e de intervenção são divididos didaticamente, mas ocorrem de forma concomitante, desde o
início do tratamento.

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Como citar aversão impressa deste documento

Teodoro, M. L. M., Froeseler, M. V. G., & Andrade, A. A. (2014). Técnicas de avaliação e terapia cognitivo-
comportamental. In Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, Neufeld, C. B., Falcone, E. & Rangé, B.
(Orgs.). PROCOGNITIVA Programa de Atualização em Terapia Cognitivo-Comportamental: Ciclo 1. (pp.
39-80). Porto Alegre: Artmed Panamericana. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 3).

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