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CAPACIDADE DE LEITURA

“A capacidade de leitura não está atrelada apenas ao conhecimento de língua


portuguesa. Ao contrário, é o eixo de todas as disciplinas”, diz Suely. “O jovem que não
consegue ler e interpretar um texto, não consegue assimilar nenhum outro
conteúdo curricular.” Confira a seguir cinco características comuns das escolas em que
os alunos apresentaram bom desempenho em leitura.

Cinco características das escolas bem avaliadas no Pisa

Fonte: Suely Nercessian Corradini, pesquisadora e diretora pedagógica do colégio Vital


Brasil

Diretor preparado

A importância do diretor escolar é inquestionável. Nas unidades de ensino analisadas, a


pesquisadora encontrou gestores bem preparados e que acompanham de perto o plano
de ensino dos professores e sua aplicação em sala de aula.

“Os diretores entrevistados possuem formação acadêmica sólida, com curso de


mestrado ou de aperfeiçoamento, conhecem bem a escola e os alunos e são referência
para os professores. Em uma das unidades chamou a atenção o fato de a diretora ter
conversado com alunos, pais e docentes sobre a importância da avaliação Pisa. Ela
explicou que, ainda que não conte pontos no boletim escolar, a prova deveria ser
realizada com seriedade, já que seu resultado é importante para avaliar o ensino no
Brasil.”

Metas de ensino definidas


Explicitar à equipe docente qual é a proposta pedagógica da escola e o que deve ser
feito para atingi-la é um fator fundamental, segundo a pesquisadora.

“Todas as ações e decisões devem ser coerentes com a proposta pedagógica e a filosofia
da instituição. Ter clareza de objetivos auxilia no trabalho do corpo docente. Uma das
escolas que visitei, por exemplo, é totalmente focada no vestibular. Não vejo isso como
um problema, desde que fique claro a alunos, pais e professores que fazer com que os
estudantes ingressem no ensino superior é a meta principal.”

Estímulo ao aprendizado extracurricular


O bom desempenho dos alunos em leitura é determinado também, segundo a pesquisa,
pela exposição dos estudantes a conteúdos que extrapolam o currículo escolar. A ideia é
que o aluno se depare com situações que exigem pesquisa por conta própria.

“Ir além do currículo acadêmico é essencial. O professor deve lançar desafios


intelectuais a seus alunos e estimulá-los a buscar conhecimento para, a partir deles,
pensar de forma crítica. As escolas pesquisadas trabalham com projetos e possuem
práticas de estímulo à leitura, além de nível de proficiência elevado em todo o grupo.
Esta é prática mais recomendada: estabelecer metas altas para toda a classe.”

Investimento na capacitação de professores

Tanto na escola pública como nas particulares, a principal queixa dos professores está
relacionada à indisciplina dos alunos. Nesse ponto, segundo a pesquisadora, quanto
mais bem preparado e capacitado é o docente, mais controle ele tem sobre a turma.
Capacitação, vale lembrar, não se resume a conhecimentos acadêmicos: a aprendizagem
proveniente da experiência conta pontos importantes.

“O professor com boa formação tem condição de desafiar os alunos, bem como de
perceber as principais dificuldades enfrentadas por eles. Um método frutífero é a
aprendizagem colaborativa: por ela, um professor é convidado a assistir à aula de outro
– mesmo que não tenha nenhuma relação com a matéria que leciona – para trocar
experiência e aprender práticas pedagógicas eficientes.”

Reforço escolar
Tão importante quanto reconhecer as dificuldades dos alunos é organizar programas de
apoio e recuperação que possam ajudá-los. Dessa forma, os estudantes são capazes de
superar defasagens e acompanhar o restante do grupo.

“As escolas que tiveram bom desempenho em leitura têm programas de recuperação e,
principalmente, gestão de resultados. Isso é muito importante: não adianta colocar o
aluno em uma sala nas horas vagas e considerar que ele está aprendendo. É preciso
verificar se a aula de reforço está, de fato, suprindo as carências daquele aluno. Se ele
não está aprendendo, algo está falhando: metodologia, conteúdo, professor. A gestão de
resultados deve ser contínua no processo de ensino e aprendizagem.”

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