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PROJETO AKEKO

EQUIPE 37
Camilla Sant Ana de Lima
Jadiel Aguiar e Silva
Jessica Camila Miranda Cardoso
Rafaela Cristina da Silva Barbosa

Desafio: Como promover uma maior participação de pessoas negras no


mercado de trabalho formal?

Ideia
Promover ações de autoconhecimento e valorização da identidade negra em pessoas
pretas e pardas em vulnerabilidade social. Dentro desse recorte racial, o público alvo são as
crianças e os adolescentes e, consequentemente, os seus familiares e comunidade local.
Pensando nas crianças, a ideia é promover estes valores desde a infância, gerando
resiliência diante dos desafios sociais. As ações abraçarão contação de histórias e oficinas
de arte africana, e reforço escolar, de acordo com a necessidade de cada uma delas.
Em relação aos adolescentes, o foco do projeto será a orientação voltada para o
mercado de trabalho formal e quais os seus meios mais acessíveis, também de acordo com
a necessidade e realidade de cada um deles, com o intuito de expandir o conhecimento de
mundo.
Nesse contexto, a palavra Akeko, escolhida para o nome do nosso projeto, significa
“Aprendiz”, palavra em yorubá, língua falada na África ocidental. Portanto, nosso projeto está
ligado a aprendizagem, buscando valorizar a cultura africana e afro-brasileira respeitando a
diversidade de cada criança e adolescente.

Justificativa
No momento que discutimos sobre as ideias de cada membro do grupo, chegamos
à conclusão de que todas elas se encontram em um ponto: acesso a informação de qualidade.
Dito isso, consideramos que a necessidade maior, pensando nessas crianças e adolescentes
negras e negros, de comunidades periféricas, é que essa informação vá até eles, além de
ficar centrada em instituições e pessoas responsáveis pela instrução humana.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e
outros órgãos geradores de informações, a população negra (pretos e pardos) se encontra
marginalizada pelo mercado de trabalho e pela falta de acesso ao ensino e a informação. Veja
nos gráficos abaixo:
Figura 1:

A taxa de subutilização é caracterizada por aqueles que não exercem trabalho formal
de acordo com a formação, sendo esta em nível técnico ou superior.
Notamos que, mesmo quando negros (as) têm qualificação profissional através do
ensino, sua mão de obra não é absorvida pelo mercado. Uma hipótese a ser levantada é o
seu insucesso em processos seletivos, seja pelo recrutamento ter um viés racista e
propositalmente excludente, ou por sua insegurança, que acaba prejudicando entre outros
concorrentes não negros (as).
Com isso, a carga emocional gerada pelo não reconhecimento e rejeição profissional,
faz com que os indivíduos subestimem sua capacidade e aceitem ocupar cargos que
subutilizam sua qualificação.

Figura 2:
Observamos aqui que quanto maior o grau de escolaridade, maior a desigualdade
entre brancos e a população negra, enquanto nos anos iniciais do ensino fundamental a
diferença é de 0,3% no ensino superior a diferença chega a 17,8%.
Diante desse cenário de vulnerabilidade em que se encontra a população negra faz se
necessário o fomento do Projeto Akeko.

Recursos necessários
A ideia é que o Projeto Akeko seja desenvolvido dentro de centros comunitários e
praças dos bairros onde essa população se encontra. De início, os encontros acontecerão
aos sábados, das 14h às 16h, sendo: 45h para contação de história, e 1h para outra atividade
lúdica, no caso das crianças; 1h para orientação sobre o mercado de trabalho, mesclando
com informações sobre a importância da presença negra dentro de ambientes corporativos, e
45h para dúvidas e explanações, no caso dos adolescentes. Tendo para cada grupo 15m de
intervalo separadamente para melhor atender suas necessidades.
Quanto ao aspecto financeiro, pretendemos pedir doações de empresas e da
comunidade local (padarias, mercearias e familiares). Os recursos arrecadados serão usados
para a manutenção do projeto, através do cuidado com as crianças e os adolescentes
(alimentação, passeios, visitas, materiais para pintura e artesanato, como pincéis, tintas e
também para pagamento de especialistas convidados).

Pessoas envolvidas
Para uma execução básica e inicial deste projeto, pensando em atender 20 crianças e
20 adolescentes, precisaremos de um (a) contador (a) de histórias, e um (a) auxiliar. Para os
adolescentes e jovens buscaremos especialistas com conhecimento em áreas específicas,
que contarão com o apoio de um auxiliar, podendo este levar temas para discussão em grupo.
Além disso, a alimentação pode ser realizada pelos responsáveis das crianças e dos
adolescentes do projeto, com a ajuda de um membro da equipe.
Também esperamos estabelecer acordos com empresas que possam gerar palestras,
visitas, além de parcerias com entidades municipais e estatais que atendem essa
comunidade, sendo: Senac, CIEE, centros de assistência social (públicos e privados), igrejas
(Pastoral da Criança e Pastoral Afro-Brasileira), Prefeitura (Centro Comunitário).

Impacto que pretende ser gerado com a inovação


Para enriquecer o nosso projeto, buscamos referências naqueles já existentes e que
atuam dentro de comunidades periféricas, com objetivo similar ao nosso. O fato de que a
maioria dos residentes dessas mesmas comunidades é negra, nos motivou para tanto.
Após analisar cada um deles, concluímos que para as crianças e adolescentes terem
acesso à educação, instrução, e orientação pessoal, é necessário que essa cultura seja
levada para dentro das comunidades, e não exigida delas, como acontece, levando em conta
que o transporte público e a mobilidade muitas vezes não são acessíveis para esse público.
Como exemplo de projeto já realizado e com resultados positivos, temos o Projeto de
Educação Popular “+ Nós”, que atua desde 2015 em comunidades periféricas do Rio de
Janeiro, oferecendo aulas pré-vestibulares para aqueles que pretendem entrar em uma
universidade, e orientações acerca de assuntos diversos. De tempos em tempos, os
organizadores trazem alunos (em sua maioria negra) que já estão dentro de uma universidade
por conta das aulas oferecidas por este projeto.
Com isso em mente, para nós, o Projeto Akeko, o impacto será, em sua maior parte,
parecido com o projeto descrito acima. O diferencial é o trabalho que pretendemos realizar
com as crianças também.
Com as crianças, há estudos que discutem a pedagogia da “branquitude” (SANTIAGO,
2014), em que o modelo educacional vigente reproduz preconceitos para com crianças
negras, e a manutenção dos privilégios com as crianças brancas, contribuindo que a cultura
e história negra sejam afastadas da realidade das crianças, não gerando referenciais relativos
a aceitação do seu corpo e de sua ancestralidade.
Buscando gerar esses referenciais para o indivíduo logo na infância, o Projeto Akeko
abordará desde contação de histórias infantis com protagonistas negros, biografias de líderes
negros, temas africanos, autores negros entre outras referências para que a criança se sinta
representada e supra a deficiência da temática apresentada no sistema convencional de
ensino. Além das contações de histórias, as atividades como oficinas de pintura, produção de
instrumentos, artesanatos entre outras referências culturais do povo negro, e apoio didático
em matérias escolares.
Por outro lado, com os jovens o foco do projeto será uma orientação mais clara e
objetiva sobre o ingresso no mercado de trabalho formal. Um exemplo disso seria uma
formação explicando como obter uma inscrição MEI (Micro Empreendedor Individual), levando
em conta que esse é um dos meios mais viáveis e baratos para que uma pessoa autônoma
entre no mercado formal através de um CNPJ.
Nesse contexto, vale ressaltar que dentro de uma comunidade periférica há inúmeros
autônomos e autônomas não formalizados, sendo a falta de informação e conhecimento uma
das causas principais para que isso aconteça. De acordo com dados encontrados na página
Portal do Empreendedor, inúmeros ofícios podem ser formalizados através do MEI, sobretudo
aqueles mais encontrados em comunidades periféricas, como a profissão de manicure, por
exemplo.
Portanto, o Projeto Akeko buscará impactar toda a comunidade, levando em conta que
as crianças e os adolescentes são o futuro da mesma, bem como futuras atuações negras e
representativas dentro do mercado de trabalho formal, ocupando empregos compatíveis com
a sua qualificação profissional, diminuindo a subutilização da comunidade negra.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desigualdades sociais por cor ou raça
no Brasil. Estudos e pesquisas. Informação demográfica e socioeconômica. 2018, n. 41, 12
p. Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf>. Acesso em: 24
jun. 2020.

BRASIL. Portal do Empreendedor. Disponível em:


<http://www.portaldoempreendedor.gov.br/temas/quero-ser/formalize-se/atividades-
permitidas>. Acesso em: 24 jun. 2020.

SANTIAGO, Flávio. "O meu cabelo é assim... igualzinho o da bruxa, todo armado":
hierarquização e racialização das crianças pequenininhas negras na educação infantil. 2014.
127 p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Educação, Campinas, SP. Disponível em:
<http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/319164>. Acesso em: 24 jul. 2020.

+NÓS. Movimento de Educação Escolar. Disponível em: <https://linktr.ee/MaisNosOficial>.


Acesso em: 24 jun. 2020.

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