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Laura Eduarda Vieira Pereira Marques

APLICAÇÃO DA TEORIA DAS ONDAS VIAJANTES PARA


DETECÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS
EM LINHAS DE TRANSMISSÃO UTILIZANDO O SOFTWARE
ATP

Dissertação submetida ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
da Universidade Federal de Santa
Catarina para a obtenção do Grau de
Mestre em Engenharia Elétrica.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Augusto
da Rosa.
Coorientador: Prof. Dr. Maurício
Valência F. da Luz.

Florianópolis
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária
da UFSC.
Laura Eduarda Vieira Pereira Marques

APLICAÇÃO DA TEORIA DAS ONDAS VIAJANTES PARA


DETECÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS
EM LINHAS DE TRANSMISSÃO UTILIZANDO O SOFTWARE
ATP

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de


Mestre em Engenharia Elétrica e aprovada em sua forma final pelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade
Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 28 de novembro de 2018.

________________________
Prof. Bartolomeu Ferreira Uchôa Filho, Dr.
Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________
Prof. Mauro Augusto da Rosa, D. Sc.
Orientador e Presidente

________________________
Prof.ª xxxx, Dr.ª
Corientadora
Universidade xxxx

________________________
Prof. xxxx, Dr.
Universidade xxxxxx
Este trabalho é dedicado aos meus pais,
José Marques e Jozinete Vieira; aos
meus irmãos Maria Helena e José Neto
e ao meu noivo, Stefano Basset que são
o meu alicerce.
AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a DEUS, por todo o bem, força e coragem


que me foram concedidos nesta caminhada.
Aos meus pais por me apoiarem incondicionalmente,
incentivando-me a não desistir perante os obstáculos que surgiam. À toda
a minha família pelo apoio emocional, mesmo de longe, na realização de
mais um sonho.
Ao meu noivo, Stefano, por estar mais uma vez ao meu lado nesta
fase; por toda compreensão e amor para comigo em todos os momentos,
especialmente nas horas em que estive mais atribulada.
Ao meu orientador, Professor Mauro A. da Rosa, por toda
paciência e confiança entregues a mim; pelo incentivo à continuidade
deste curso de Pós-Graduação e pela disponibilidade dedicada a
orientação deste estudo, em meio à todas as suas atividades acadêmicas.
Ao meu coorientador, Professor Maurício V. F. da Luz, pelas
discussões, correções e sugestões realizadas neste trabalho.
Aos meus colegas do LabPlan pela parceria em estudos, trabalhos
e por contribuírem, tanto para a realização desta pesquisa, quanto para
minha adaptação e melhor estadia em um novo ambiente/cidade.
À Edwin Alberto G. Marin pela apresentação e auxílio na
modelagem de sistemas elétricos de potência no ATP, além das inúmeras
contribuições ao desenvolvimento desta pesquisa, mediante
esclarecimentos teóricos e práticos.
Agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina, especialmente
à Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEEL), por ter me
proporcionado o estudo em um ambiente com grandes mestres.
Ao INESC P&D Brasil pelo suporte financeiro.
“Quelli che s’innamorano della pratica senza la
scienzia, sono come i nocchieri che entrano in
naviglio senza timone o bussola, che mai hanno
certezza dove si vadano. Sempre la pratica
dev’essere edificata sopra la bona teorica, della
quale la prospettiva è guida e porta, e senza questa
nulla si fa bene ”.
Leonardo Da Vinci, 1651.
RESUMO

Atualmente, o comportamento de sistemas elétricos de potência (SEP’s)


frente à transitórios eletromagnéticos tem sido cada vez mais estudado
devido à sua relevância para o desenvolvimento de técnicas que
possibilitem além da coordenação do isolamento, a detecção,
classificação e localização de distúrbios em linhas de transmissão (LT’s).
Os avanços nestas áreas agregam três importantes benefícios aos SEP’s,
os quais são a melhoria dos índices de confiabilidade do sistema,
diminuição dos custos operacionais e redução das perdas econômicas.
Neste contexto, este trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de um
framework, composto por quatro módulos, responsáveis pela aquisição de
sinais de corrente, detecção, classificação e localização de faltas. As
metodologias desenvolvidas para estes três últimos módulos
fundamentam-se na teoria das ondas viajantes (TOV’s) e utilizam a
transformada wavelet com sobreposição máxima (do inglês, MODWT).
Além disto, esta pesquisa assume um caráter comparativo, uma vez que
são aplicadas técnicas envolvendo o uso de registros oscilográficos de
dois e três terminais de monitoramento para a localização de faltas na LT
Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC. Especificamente, são
estudados dois fenômenos: faltas induzidas na frequência de
chaveamento, para as quais são analisadas a variação do tipo, resistência,
ângulo de incidência e distância de aplicação e a descarga atmosférica,
para a qual, além destas duas últimas variáveis, consideram-se a
alternância da impedância de surto da torre e da amplitude da corrente de
raio. De acordo com diretrizes para estudos de transitórios
eletromagnéticos, é modelada inicialmente a LT Presidente Dutra/MA –
Boa Esperança/PI como um alicerce para o estudo e aplicação das
técnicas engendradas na LT da região sul. A modelagem das LT’s é
realizada no ATP e os algoritmos elaborados são implementados no
MatLab. Os resultados obtidos demonstram que a variável que exerce a
maior influência sob o desempenho do módulo localizador, em ambos os
métodos, é a distância de aplicação da falta e que, efetivamente, o método
de três terminais de monitoramento fomenta uma maior precisão na
estimação da distância da falta paragonado ao método clássico de dois
terminais.

Palavras-chave: Detecção de faltas. Classificação de faltas. Localização


de faltas. Teoria das ondas viajantes. Transitórios eletromagnéticos.
ABSTRACT

Nowadays, the behavior of electrical power systems in face of


electromagnetic transients has been increasingly studied due to its
relevance for the development of techniques that enable, beyond the
insulation coordination, the detection, classification and localization of
disturbances in transmission lines. The advances in these fields attach
three important benefits to the power systems, which are the improvement
of the reliability indices of the system, decrease of the operational costs
and reduction of the economic losses. In this context, this research aims
to develop a framework, composed for four modules, responsible for the
acquisition of current signals, detection, classification and fault location.
The methodologies developed for these three last modules are based on
the travelling waves theory and apply the maximal overlap discret wavelet
transform (MODWT). Furthermore, this research assumes a comparative
character, once that are applyed techniques involving the use of
oscillographic records of two and three monitoring terminals for fault
location in the Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC
transmission line. Specifically, two phenomena are studied: induced
faults at the switching frequency, for which the variation of type,
resistance, angle inception and distance of application are analyzed and
lightning overvoltages, for which, besides of the last two variables, are
considered the change on the tower’s surge impedance and on the
lightning current amplitude. In accordance with the guidelines for
electromagnetic transients studies, initially is modeled the Presidente
Dutra/MA – Boa Esperança/PI transmission line as a base for the study
and application of the developed techniques in the south region
transmission line. The modeling of tranmission lines is peformed in ATP
and the algorithms developed are carried out in the MatLab. The results
show that the variable with the major influence on the location module
performance, in both methods, is the distance of application of the fault
and that, effectively, the method wich involves three monitoring terminals
shows a better accuracy than the two terminals classical method.

Keywords: Fault detection. Fault classification. Fault location.


Travelling waves theory. Electromagnetic transients.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Sistema híbrido proposto. .................................................. 32


Figura 2.1 - Linha bifilar ideal. ............................................................. 35
Figura 2.2 - Circuito equivalente da LT bifilar ideal............................. 36
Figura 2.3 - Superposição de ondas....................................................... 39
Figura 2.4 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 = 𝑍0. ... 41
Figura 2.5 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 > 𝑍0. ... 42
Figura 2.6 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 < 𝑍0. ... 43
Figura 2.7 - Diagrama Lattice de tensão. .............................................. 45
Figura 2.8 - Diagrama Lattice para uma falta a uma distância d do terminal
transmissor. ........................................................................................... 46
Figura 2.9 - Desacoplamento e transformação modal de um sistema
trifásico. ................................................................................................. 50
Figura 2.10 - Acoplamento entre fases - correntes monitoradas no
terminal local em uma falta monofásica BT.......................................... 54
Figura 2.11 - Áreas de aplicação da TW em sistemas elétricos de potência.
............................................................................................................... 55
Figura 2.12 - Diagrama da STFT: (a) janelamento do sinal; (b) resoluções
tempo-frequência................................................................................... 57
Figura 2.13 - Escalamento e translação de uma função wavelet: (a)
wavelet-mãe (b=0 e a=1); (b) wavelet-filha transladada por um fator b,
com a=1; (c) wavelet-filha dilatada, com a=2 e (d) larguras da janela de
observação no tempo. ............................................................................ 59
Figura 2.14 - Resoluções tempo-frequência da TWD. ......................... 61
Figura 2.15 - Decomposição wavelet em dois níveis. ........................... 66
Figura 2.16 - Reconstrução de uma função ou sinal a partir de dois níveis.
............................................................................................................... 67
Figura 2.17 - Esquema de decomposição e reconstrução na AMR. ...... 68
Figura 3.1 - Sistema identificador do tipo de falta. ............................... 71
Figura 3.2 - Sistema de transmissão simulado. ..................................... 71
Figura 3.3 - Sistemas de transmissão simulados. .................................. 72
Figura 3.4 - Esquemático das linhas de transmissão. ............................ 74
Figura 3.5 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão trifásico. ..... 75
Figura 3.6 - Modelo do sistema de potência utilizado........................... 76
Figura 3.7 - Fluxograma geral do framework híbrido. .......................... 77
Figura 3.8 - Topologia real do sistema Taipower de 345kV. ................ 78
Figura 3.9 - Sistema utilizado. .............................................................. 79
Figura 3.10 - Esquemático de um sistema com sincronização de dados a
partir do GPS. ........................................................................................ 80
Figura 3.11 - Sistema implementado no ATP. ...................................... 81
Figura 3.12 - Fluxograma para classificação das faltas. ....................... 82
Figura 3.13 - Sistema de transmissão de três terminais. ....................... 82
Figura 3.14 - Diagrama unifilar de uma linha não homogênea de três
terminais................................................................................................ 83
Figura 3.15 - Sistema simulado............................................................. 84
Figura 3.16 - Diagrama do diferenciador-amortecedor. ........................ 85
Figura 3.17 - Fluxograma do método proposto. .................................... 86
Figura 3.18 - Diagrama unifilar de um sistema híbrido de três terminais.
.............................................................................................................. 87
Figura 3.19 - Diagrama de blocos utilizado para exemplificar o Algoritmo
3. ........................................................................................................... 88
Figura 3.20 - Diagrama de blocos utilizado para exemplificar o Algoritmo
4. ........................................................................................................... 88
Figura 3.21 - LT de 400kV simulada. ................................................... 89
Figura 3.22 - Diagrama de blocos utilizado no bloco de acionamento. 90
Figura 3.23 - Estrutura do processo de localização de faltas. ............... 91
Figura 3.24 - Sistema MTDC de alta tensão. ........................................ 91
Figura 3.25 - Sistema radial. ................................................................. 92
Figura 3.26 - Sistema utilizado. ............................................................ 93
Figura 3.27 - Sistema de transmissão belga. ......................................... 93
Figura 3.28 - Diagrama de reflexões para uma falta com conexão a terra.
.............................................................................................................. 94
Figura 3.29 - Sistema elétrico simulado. ............................................... 95
Figura 4.1 - Interligações entre os submercados N, NE e SE/CO. ...... 100
Figura 4.2 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão. ................. 100
Figura 4.3 - Torre da LT de 500kV. .................................................... 101
Figura 4.4 - Mapa eletro-geográfico. .................................................. 102
Figura 4.5 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão. ................. 103
Figura 4.6 - Torre da LT da região catarinense. .................................. 103
Figura 4.7 - Configuração adotada. ..................................................... 103
Figura 4.8 - Curto-circuito monofásico-terra tipo AT......................... 107
Figura 4.9 - Curto-circuito bifásico tipo AB. ...................................... 107
Figura 4.10 - Curto-circuito trifásico. ................................................. 108
Figura 4.11 - Curto-circuito bifásico BC com resistência de falta igual a:
(a) 10Ω; (b) 70Ω. ................................................................................ 109
Figura 4.12 - Curto-circuito monofásico AT aplicado com ângulo de
incidência de 0° graus, impedância de falta de 70Ω e distante 60𝑘𝑚 do
terminal local: (a) tensões de fase; (b) correntes de fase..................... 110
Figura 4.13 - Curto-circuito monofásico AT aplicado com ângulo de
incidência de 90° graus, impedância de falta de 70Ω e distante 60𝑘𝑚 do
terminal local: (a) Tensões de fase; (b) correntes de fase. .................. 111
Figura 4.14 - Curto-circuito bifásico AB incidente à: (a) 20𝑘𝑚; (b)
130𝑘𝑚. ............................................................................................... 112
Figura 4.15 - Situações simuladas para faltas induzidas na frequência de
chaveamento: (a) Presidente Prudente/MA - Boa Esperança/PI; (b) Barra
Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC.............................................. 112
Figura 4.16 - Separação de cargas elétricas no interior de uma nuvem.
............................................................................................................. 113
Figura 4.17 - Tipos descargas atmosféricas: (a) intra-nuvem; (b) nuvem-
solo; (c) nuvem-ar. ............................................................................. 114
Figura 4.18 - Mapa de densidade de raios no Brasil. .......................... 115
Figura 4.19 - Probabilidade das amplitudes das correntes de descarga
negativas. ............................................................................................. 116
Figura 4.20 - Situações simuladas para faltas induzidas por descargas
atmosféricas: (a) Presidente Prudente/MA - Boa Esperança/PI; (b) Barra
Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC.............................................. 117
Figura 4.21 – Representação da modelagem da reação de armadura. . 119
Figura 4.22 - Circuito equivalente por fase de um gerador síncrono. . 119
Figura 4.23 - Parametrização do gerador. ........................................... 120
Figura 4.24 - Parametrização das reatâncias dos geradores. ............... 121
Figura 4.25 - Parametrização do gerador. ........................................... 123
Figura 4.26 - Parametrização das reatâncias do gerador. .................... 124
Figura 4.27 - Circuito equivalente de uma LT genérica. ..................... 125
Figura 4.28 - Circuito equivalente de uma LT curta. .......................... 126
Figura 4.29 - Circuito π-nominal de uma LT média. .......................... 127
Figura 4.30 - Circuito π-equivalente de uma LT longa. ...................... 128
Figura 4.31 - Parametrização da LT. ................................................... 129
Figura 4.32 - Parametrização das impedâncias características (a) Circuito;
(b) cabos para-raios. ............................................................................ 131
Figura 4.33 - Forma cilíndrica da torre. .............................................. 135
Figura 4.34 - Forma cônica da torre. ................................................... 136
Figura 4.35 - Forma waist da torre. ..................................................... 138
Figura 4.36 - (a) Modelo multicondutor da torre. (b) Modelo equivalente
da torre de transmissão. ....................................................................... 140
Figura 4.37 - Modelo multi-estágio da torre de transmissão. .............. 142
Figura 4.38 - Modelo para cálculo do raio equivalente e impedância de
surto da torre. ...................................................................................... 142
Figura 4.39 - Parametrização da impedância de surto das torres de
transmissão. ......................................................................................... 145
Figura 4.40 - Mecanismo do isolador no ATPDraw. .......................... 146
Figura 4.41 - Parametrização dos isoladores. ...................................... 149
Figura 4.42 - Esquemático dos sensores em LT’s. .............................. 150
Figura 4.43 - Perfis do isolador desenvolvido no âmbito do projeto
TECCON II. ........................................................................................ 150
Figura 4.44 - Desenhos conceituais do protótipo: (a) Conceito original;
(b) Mudanças das ferragens; (c) Aumento do diâmetro devido a limitações
do processo fabril. ............................................................................... 151
Figura 4.45 - Distribuição do campo elétrico sobre a representação 3D:
(a) Sem anel de equalização; (b) Com anel de equalização. ............... 152
Figura 4.46 - Projeto TECCON II. ...................................................... 153
Figura 4.47 - Parametrização da LT.................................................... 154
Figura 4.48 - Parametrização das impedâncias características. (a)
Circuito; (b) cabos para-raios. ............................................................. 155
Figura 4.49 - Parametrização da impedância das torres de transmissão.
............................................................................................................ 156
Figura 4.50 - Parametrização dos isoladores....................................... 157
Figura 4.51 - Linha de transmissão a parâmetros concentrados utilizada
para elaboração do modelo RLC. ........................................................ 159
Figura 4.52 - Forma de onda gerada pela fonte Heidler...................... 162
Figura 4.53 - Parametrização da fonte do surto atmosférico............... 163
Figura 4.54 - Modelo utilizado para representação da descarga
atmosférica. ......................................................................................... 164
Figura 4.55 - Arranjos da carga: (a) estrela, (b) delta. ........................ 165
Figura 4.56 - Modelos de carga. ......................................................... 165
Figura 4.57 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso de
chaveamento. ...................................................................................... 167
Figura 4.58 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso das descargas
atmosféricas. ....................................................................................... 168
Figura 4.59 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso de
chaveamento. ...................................................................................... 168
Figura 4.60 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso das descargas
atmosféricas. ....................................................................................... 168
Figura 4.61 - Fluxograma do algoritmo desenvolvido. ....................... 169
Figura 4.62 – Interface ATP/MatLab. ................................................. 170
Figura 4.63 - Processo de criação do banco de dados das variáveis. .. 171
Figura 4.64 - Função densidade de probabilidade normal. ................. 173
Figura 4.65 - Comparação entre os coeficientes de detalhes máximo e
mínimo do modos 1 e 2 e os respectivos limiares. .............................. 173
Figura 4.66 - Fluxograma do módulo de detecção. ............................. 175
Figura 4.67 - Coeficientes escalares e energia associada (a) falta bifásica
AB; (b) falta monofásica AT. ............................................................. 178
Figura 4.68 - Falta bifásica AB. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia. .......................................................................... 179
Figura 4.69 - Falta bifásica AC. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia. .......................................................................... 180
Figura 4.70 - Falta bifásica BC. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia. .......................................................................... 181
Figura 4.71 - Falta trifásica. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia. .......................................................................... 182
Figura 4.72 - Falta monofásica AT. (a) Correntes resultantes; (b)
coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 183
Figura 4.73 - Falta monofásica BT. (a) Correntes resultantes; (b)
coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 184
Figura 4.74 - Falta monofásica CT. (a) Correntes resultantes; (b)
coeficientes escalares; (c) energia. ...................................................... 185
Figura 4.75 - Fluxograma do módulo de classificação........................ 187
Figura 4.76 - Fluxograma do módulo de localização. ......................... 192
Figura 5.1 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10Ω. ....... 196
Figura 5.2 - Diferença entre os tempos de chegada das frentes de onda.
............................................................................................................. 196
Figura 5.3 - Erros absolutos para faltas incidentes à 20km do terminal
local. .................................................................................................... 198
Figura 5.4 - Erros absolutos para faltas incidentes à 60km do terminal
local. .................................................................................................... 198
Figura 5.5 - Erros absolutos para faltas incidentes à 130km do terminal
local. .................................................................................................... 199
Figura 5.6 - Erros absolutos para faltas incidentes à 175,6km do terminal
local. .................................................................................................... 199
Figura 5.7 - Erros absolutos para faltas com resistência de10Ω. ........ 200
Figura 5.8 - Componente modal 1, coeficientes de detalhes e energias
associadas para faltas distantes 20km do terminal local e incidentes a: (a)
90°; (b) 30°. ......................................................................................... 201
Figura 5.9 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10Ω. ....... 202
Figura 5.10 - Histograma das faltas induzidas na frequência de
chaveamento. ....................................................................................... 204
Figura 5.11 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da distância. .................................................... 206
Figura 5.12 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da impedância de surto da torre. ..................... 207
Figura 5.13 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 100𝛺. ............................................................. 208
Figura 5.14 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 200𝛺. ............................................................. 209
Figura 5.15 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase B e
impedância da torre de 100𝛺. ............................................................. 210
Figura 5.16 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase C e
impedância da torre de 100𝛺. ............................................................. 212
Figura 5.17 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da magnitude da corrente de raio. .................. 213
Figura 5.18 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da impedância da torre. .................................. 214
Figura 5.19 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 100𝛺. ............................................................. 215
Figura 5.20 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 200𝛺. ............................................................. 216
Figura 5.21 - Correntes trifásicas de sistemas acometidos por impulsos
de: (a) 18kA; (b) 50kA. Coeficientes de detalhes dada a incidência de
impulsos de: (c) 18kA; (d) 50kA. ....................................................... 220
Figura 5.22 - Histograma das faltas induzidas por impulsos atmosféricos.
............................................................................................................ 221
Figura 5.23 - Erros absolutos computados utilizando M2T e M3T. ... 223
Figura 5.24 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T para faltas
incidentes a 90°e 24km do terminal local: variação de corrente. ........ 228
Figura 5.25 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T para faltas
incidentes a 30° e 24km do terminal local: variação de corrente. ....... 229
Figura 5.26 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T para faltas
incidentes a 0° e 24km do terminal local: variação de corrente. ......... 229
Figura 5.27 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T para faltas
incidentes a 90° e 24km do terminal local: variação de corrente. ....... 230
Figura 5.28 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T para faltas
incidentes a 30° e 24km do terminal local: variação de corrente. ....... 231
Figura 5.29 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T para faltas
incidentes a 0° e 24km do terminal local: variação de corrente. ......... 232
Figura 5.30 - Erros absolutos de faltas induzidas por descargas
atmosféricas: variação da distância. .................................................... 238
Figura 5.31 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T: variação do
ângulo de incidência em relação a fase A. .......................................... 239
Figura 5.32 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T: variação do
ângulo de incidência em relação a fase A. .......................................... 240
Figura 5.33 - Erros absolutos, em km, para faltas incidentes a 90° em
relação a fase B. .................................................................................. 241
Figura 5.34 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T: variação do
ângulo de incidência em relação a fase C............................................ 242
Figura 5.35 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T: variação do
ângulo de incidência em relação a fase C............................................ 243
Figura 5.36 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T: variação do
ângulo de incidência em relação a fase A. .......................................... 244
Figura 5.37 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T: variação do
ângulo de incidência em relação a fase A. .......................................... 245
Figura 5.38 - Erros absolutos, em km, para faltas incidentes a 90° em
relação a fase B. .................................................................................. 245
Figura 5.39 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T: variação da
magnitude da corrente de raio. ............................................................ 246
Figura 5.40 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T: variação da
magnitude da corrente de raio. ............................................................ 247
LISTA DE QUADROS

Quadro 5.1 - Erros absolutos, em km, para faltas com resistência de 10Ω.
............................................................................................................. 197
Quadro 5.2 - Erros absolutos, em km, para faltas com resistência de 10Ω.
............................................................................................................. 203
Quadro 5.3 - Erros absolutos, em km, para diferentes ângulos de
incidência em relação a fase A. ........................................................... 210
Quadro 5.4 - Erros absolutos, em km, para diferentes ângulos de
incidência em relação a fase B. ........................................................... 211
Quadro 5.5 - Erros absolutos computados para diferentes ângulos de
incidência em relação a fase C. ........................................................... 213
Quadro 5.6 - Erros absolutos computados para diferentes ângulos de
incidência em relação a fase A. ........................................................... 217
Quadro 5.7 - Erros absolutos, em km, para diferentes ângulos de
incidência em relação a fase B. ........................................................... 217
Quadro 5.8 - Erros absolutos, em km, para diferentes ângulos de
incidência em relação a fase C. ........................................................... 218
Quadro 5.9 - Diferenças entre as estimativas dos erros para correntes de
raio de 50kA e 100kA. ........................................................................ 219
Quadro 5.10 - Erros absolutos, em km, computados no M2T. ............ 225
Quadro 5.11 - Erros absolutos, em km, computados no M3T. ............ 226
Quadro 5.12 - Erros absolutos, em km, computados no M2T para corrente
de 15A. ................................................................................................ 233
Quadro 5.13 - Erros absolutos, em km, computados no M3T para corrente
de 15A. ................................................................................................ 234
Quadro 5.14 - Erros absolutos, em km, computados no M2T para corrente
de 10A. ................................................................................................ 235
Quadro 5.15 - Erros absolutos, em km, computados no M3T para corrente
de 10A. ................................................................................................ 236
Quadro 5.16 - Erros absolutos, em km, computados através de M2T e
M3T, dada a variação do ângulo de incidência em relação a fase A. .. 240
Quadro 5.17 - Erros absolutos, em km, computados através de M2T e
M3T, dada a variação do ângulo de incidência em relação a fase B. .. 241
Quadro 5.18 - Erros absolutos, em km, computados através de M2T e
M3T, dada a variação do ângulo de incidência em relação a fase C. .. 243
Quadro 5.19 - Erros absolutos, em km, computados no M2T. ............ 248
Quadro 5.20 - Erros absolutos, em km, computados no M3T. ............ 248
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Síntese da revisão bibliográfica......................................... 98


Tabela 4.1 - Características dos condutores e cabos guarda da LT. .... 101
Tabela 4.2 - Características dos condutores e cabos-guarda da LT..... 104
Tabela 4.3 - Demais parâmetros necessários a simulação. .................. 104
Tabela 4.4 - Origem e intervalo de frequências de transitórios. .......... 105
Tabela 4.5 - Classificação dos intervalos de frequência...................... 105
Tabela 4.6 – Probabilidade de ocorrência e severidade de cada tipo de
falta...................................................................................................... 106
Tabela 4.7 - Parâmetros obtidos. ......................................................... 131
Tabela 4.8 - Condições para o uso das componentes modais na detecção
de faltas em LT’s. ................................................................................ 172
Tabela 4.9 - Pseudoalgoritmo: módulo da detecção............................ 174
Tabela 4.10 - Pseudoalgoritmo: módulo da classificação. .................. 186
Tabela 4.11 - Pseudoalgoritmo: sistema-referência. ........................... 188
Tabela 4.12 - Pseudoalgoritmo: módulo da localização. ..................... 191
Tabela 5.1 - Frequência e probabilidade cumulativa. .......................... 205
Tabela 5.2 - Frequência e probabilidade cumulativa. .......................... 221
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMR Análise Multi-Resolução


ASSN Adaptive Structure Neural Network
ATP Alternative Transient Program
BPA Bonneville Power Administration
CBC Channel-Base Current
CG Current Generation
CGCR Centro de Gestão e Controle da Rede
CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco
CP Current Propagation
DEC Duração Equivalente de Interrupção por Unidade
Consumidora
DFR Digital Fault Recorder
EAT Extra Alta Tensão
EMT Electromagnetic Transient
EMTP Electromagnetic Transient Program
EMTR Electromagnetic Time Reversal Theory
FCSE Fault Current Signal Energy
FEC Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade
Consumidora
FEM Força Eletromotriz Induzida
FPGA Field-Programmable Gate Array
GFL Guessed Fault Location
GIS Gas Insulated Substation
GPS Global Positioning System
IEC International Electrotechnical Commission
INESC P&D Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores
BRASIL Pesquisa e Desenvolvimento do Brasil
ISF Insulator String Flashover
LT Linha de Transmissão
MISO Multiple Input-Single Output
MODWT Maximal Overlap Discret Wavelet Transform
MTDC Multi-Terminal Direct Current
NBR Norma Brasileira
OPPC Optical Phase Conductor
OPGW Optical Ground Wire
OV Onda Viajante
PCA Principal Component Analysis
PMU Phasor Unit Measurement
RNA Rede Neural Artificial
RTDS Real Time Digital Simulator
SE Subestação
SEP Sistema Elétrico de Potência
SIN Sistema Interligado Nacional
SISO Single Input-Single Output
STFT Short Time Fourier Transform
SVM Support Vector Machine
TBE Transmissora Brasileira de Energia S.A
TECCON Tecnologia de sensores em fibras ótica para
supervisão, controle e proteção de sistemas de energia
elétrica
TF Transformada de Fourier
TOV Teoria das Ondas Viajantes
TW Transformada Wavelet
TWC Transformada Wavelet Contínua
TWCI Transformada Wavelet Contínua Inversa
TWD Transformada Wavelet Discreta
TWDI Transformada Wavelet Discreta Inversa
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 31
1.1 OBJETIVOS ................................................................................. 32
1.1.1 Objetivos gerais .................................................................. 33
1.1.2 Objetivos específicos .......................................................... 33
1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................ 34
2 REVISÃO TEÓRICA ...................................................................... 35
2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS................................................. 35
2.2 ONDAS VIAJANTES .................................................................. 37
2.2.1 Incidência, reflexão e refração das OV’s............................ 39
2.2.1.1 Diagrama Lattice ..................................................... 44
2.2.1.2 Distúrbios em LT’s .................................................. 45
2.2.2 Atenuação e distorção das OV’s......................................... 47
2.3 ANÁLISE MODAL ...................................................................... 49
2.4 TRANSFORMADA WAVELET ................................................. 54
2.4.1 Contextualização e aplicações ............................................ 54
2.4.2 Definição ............................................................................ 55
2.4.3 Transformada Wavelet Contínua ........................................ 59
2.4.4 Transformada Wavelet Discreta ......................................... 60
2.4.5 Análise Multi-Resolução .................................................... 63
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................ 69
3.1 DETECÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO
CONFORME A TOV’S .................................................................... 70
3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 96
4 METODOLOGIA............................................................................. 99
4.1 SISTEMAS ANALISADOS ......................................................... 99
4.1.1 LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI.................... 99
4.1.2 LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC .......... 101
4.2 FENÔMENOS ESTUDADOS.................................................... 104
4.2.1 Chaveamento .................................................................... 105
4.2.2 Descargas atmosféricas .................................................... 113
4.3 MODELAGEM NO ATP ........................................................... 118
4.3.1 Modelo elétrico do gerador .............................................. 118
4.3.1.1 Parametrização dos geradores................................ 120
4.3.2 Modelo elétrico da LT ...................................................... 125
4.3.2.1 Parametrização das LT’s........................................ 128
4.3.2.1.1 Impedância de aterramento ..................... 131
4.3.2.1.2 Impedância de surto da torre ................... 134
4.3.2.1.3 Isolador ................................................... 145
4.3.3 Modelos das descargas atmosféricas ................................ 157
4.3.3.1 Parametrização das descargas atmosféricas .......... 160
4.3.4 Modelo elétrico da carga .................................................. 164
4.3.4.1 Parametrização da carga ........................................ 166
4.3.5 Parâmetros da simulação .................................................. 166
4.3.6 Modelagem dos sistemas.................................................. 167
4.4 FORMULAÇÃO DOS ALGORITMOS DE DETECÇÃO,
CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS .................. 169
4.4.1 Aquisição de dados .......................................................... 169
4.4.2 Detecção ........................................................................... 171
4.4.3 Classificação .................................................................... 175
4.4.4 Localização ...................................................................... 188
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................... 192
5 RESULTADOS ............................................................................... 193
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................. 193
5.2 LT PRESIDENTE DUTRA/MA – BOA ESPERANÇA/PI ....... 195
5.2.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento............... 195
5.2.1.1 Variação da distância em relação ao terminal local195
5.2.1.2 Variação da resistência de falta ............................. 197
5.2.1.3 Variação do ângulo de incidência.......................... 200
5.2.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos ..................... 205
5.2.2.1 Variação da distância ao terminal local ................. 206
5.2.2.2 Variação da impedância de surto da torre ............. 206
5.2.2.3 Variação do ângulo de incidência.......................... 207
5.2.2.4 Amplitude do impulso atmosférico ....................... 213
5.3 LT BARRA GRANDE/SC – LAGES/SC – RIO DO SUL/SC .. 222
5.3.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento............... 222
5.3.1.1 Variação da distância em relação ao terminal local222
5.3.1.2 Variação da resistência de falta ............................. 223
5.3.1.3 Variação do ângulo de incidência.......................... 224
5.3.1.4 Variação da corrente .............................................. 227
5.3.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos ..................... 237
5.3.2.1 Variação da distância ao terminal local ................. 237
5.3.2.2 Variação do ângulo de incidência.......................... 238
5.3.2.3 Amplitude do impulso atmosférico ....................... 243
5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................... 249
6 CONCLUSÃO ................................................................................ 250
6.1 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES .............................................. 254
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................... 255
REFERÊNCIAS ................................................................................ 256
31

1 INTRODUÇÃO

Em um sistema elétrico de potência (SEP), o elemento que


apresenta maior vulnerabilidade a riscos — tais como intempéries,
poluição industrial, descargas atmosféricas, queimadas e vandalismo —
é a linha de transmissão (LT), em virtude de sua ampla dimensão física,
a qual pode ser exemplificada pela rede de transmissão brasileira, cuja
extensão é superior a 107.000𝑘𝑚 (GOVERNO DO BRASIL, 2011;
KINDERMANN, 1997).
Os distúrbios mais preocupantes em LT’s são os curtos-circuitos,
denominados comumente de faltas, em razão da sua natureza aleatória, o
que atalha o prognóstico de suas características, bem como, a estimativa
de sua localização (LOPES et al., 2014; PHADKE; THORP, 2009).
Com índice de ocorrência de, aproximadamente 89% em LT’s,
estas faltas podem ser desencadeadas por problemas elétricos, mecânicos,
térmicos, de isolação e/ou de manutenção. Outrossim, o surgimento
destas induz uma susceptibilidade dos sistemas de distribuição e
transmissão de energia a condições imprevisíveis, as quais provocam
efeitos deletérios, como danos nos equipamentos que integram a rede
elétrica, instabilidade e/ou interrupção do suprimento de energia, caso não
sejam eliminadas rapidamente (KINDERMANN, 1997).
No cenário brasileiro, vigoram, desde o ano de 2004, novas
diretrizes que alicerçam e regulamentam o funcionamento do atual
modelo do setor elétrico, a fim de garantir uma maior eficiência e
qualidade no fornecimento de energia aos consumidores (LEITE, 2016).
Por conseguinte, para a manutenção dos indicadores coletivos de
continuidade, como a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade
Consumidora (DEC) e a Frequência Equivalente de Interrupção por
Unidade Consumidora (FEC) dentro de padrões estabelecidos, tais
diretrizes permitem a imposição de penalidades severas pelos agentes
reguladores aos transmissores, quando há interrupção no fornecimento de
energia elétrica, seja pela indisponibilidade de equipamentos ou das
próprias LT’s (JIANG et al., 2011a; SOUZA, 2007).
Como consequência do elevado percentual de incidência de faltas,
da preocupação com a manutenção dos índices de confiabilidade
mencionados e do crescimento em tamanho e complexidade dos SEP’s, a
exemplo do Sistema Interligado Nacional (SIN), a localização de faltas se
tornou extremamente necessária para um hábil reestabelecimento das
condições normais de operação do sistema.
Neste contexto, foram desenvolvidos nas últimas décadas,
inúmeros estudos pertinentes a este campo, os quais culminaram no
32

surgimento de métodos/técnicas aplicáveis a redes de distribuição e


transmissão (RAZZAGHI; RACHIDI; PAOLONE, 2017). Além disto,
também foram elaboradas e aprimoradas pesquisas acerca da detecção e
classificação de faltas, com o propósito de permitir uma análise mais
abrangente da falha.

1.1 OBJETIVOS

Neste estudo é proposto um sistema híbrido, no qual suas LT’s


possuem isoladores situados estrategicamente em seus pontos médios.
Estes isoladores são dotados de sensores e funcionam como um canal de
comunicação entre estes dispositivos e blocos interrogadores localizados
nos terminais da LT, tal como pode ser observado na Figura 1.1.

Figura 1.1 - Sistema híbrido proposto.

Fonte: Próprio autor.

As informações coletadas - tal como o instante de incidência da


primeira frente de onda – serão então enviadas, instantaneamente, aos
blocos interrogadores, objetivando auxiliar a localização das faltas.
Este trabalho foi concebido no âmbito do projeto TECCON,
desenvolvido pelo INESC P&D Brasil para empresa TBE, dentro do seu
programa de P&D.
De modo geral, o projeto TECCON visa desenvolver soluções de
monitoramento baseadas em sensores de fibra ótica, para redes de energia
de alta tensão. Estas soluções são compreendidas por sensores, os quais
devem ser embebidos em elementos passivos já presentes no sistema —
tais como isoladores — de modo a dotá-los com inteligência e capacidade
de colhimento de dados críticos ao longo da linha, além de sistemas
33

computacionais que deverão processar estes dados e transformá-los em


informação útil para o operador da rede.

1.1.1 Objetivos gerais

Diante do exposto, este estudo possui como objetivo geral o


desenvolvimento de módulos computacionais, fundamentados na TOV’s,
que vislumbrem a detecção, classificação e a localização de faltas na LT
Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, na qual o isolador
instrumentado será alocado.
Por conseguinte, a fim de justificar a inserção do isolador na LT,
como componente ativo de monitoramento na localização de faltas, esta
pesquisa assumirá um caráter comparativo, uma vez que a estimativa do
ponto de incidência da falha será realizada mediante duas metodologias:

1. Método clássico, considerando dois terminais de monitoramento


alocados em ambas as extremidades da LT;

2. Método de três terminais, no qual será utilizado, adicionalmente,


um outro ponto de monitoramento, representando o isolador
situado no centro da LT.

1.1.2 Objetivos específicos

A fim de alcançar o objetivo geral proposto nesta pesquisa, com o


nível de complexidade requisitado, é imprescindível que alguns objetivos
específicos sejam logrados preliminarmente. São estes:

1. Estudar o conceito da TOV’s utilizando o ATP;

2. Implementar os modelos de LT’s e dos componentes do sistema


em estudo mediante o ATP, fundamentando-se em uma revisão
detalhada dos arquétipos utilizados neste ambiente, para a correta
modelagem/parametrização dos componentes e melhor adequação
do sistema aos fenômenos em análise;

3. Modelar um sistema de referência amplamente utilizado na


literatura, tal como a LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI,
com o intuito de se respaldar nos resultados disponibilizados pela
comunidade científica e de alicerçar, também, a própria modelagem
de outros sistemas, além das técnicas utilizadas no desenvolvimento
34

dos módulos de detecção, classificação e localização;

4. Estudar e definir uma técnica de filtragem de sinal para obter


estimativas mais precisas de localização, apoiando-se em uma
revisão bibliográfica, isto é, uma pesquisa do estado da arte dos
métodos clássicos e de suas variantes, fundamentados na TOV’s;

5. Validar os métodos propostos, aplicando-os à LT Barra


Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC.

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação é composta por uma estrutura de seis capítulos, os


quais são descritos sucintamente a seguir:

 No capítulo 2, será apresentada a fundamentação teórica relativa


às OV’s e à TW, que é indispensável para a assimilação da
problemática abordada e dos demais estudos disponíveis na
literatura;
 No capítulo 3, será exposto um levantamento bibliográfico das
pesquisas desenvolvidas na literatura sobre detecção,
classificação/identificação e localização de faltas, embasadas na
TOV’s e que utilizam diferentes técnicas e/ou variantes para
atingir os objetivos propostos;
 No capítulo 4, será retratada a modelagem dos sistemas
abordados, respaldando-se em diretrizes estabelecidas para a
determinação de parâmetros, de acordo com o fenômeno em
análise. Além disto, será descrita a formulação dos algoritmos
propostos para os módulos de aquisição, detecção, classificação
e localização de faltas;
 No capítulo 5, serão discorridas as análises dos resultados
obtidos a partir das simulações de ambos os sistemas no ATP e
da implementação dos algoritmos computacionais no ambiente
do MatLab, tanto para os fenômenos de chaveamento, quanto
para as descargas atmosféricas;
 No capítulo 6, serão razoadas as conclusões, principais
contribuições e sugestões para aprimoramento, bem como, para
o desenvolvimento de trabalhos futuros.
35

2 REVISÃO TEÓRICA

Neste capítulo, será exposta a fundamentação teórica, com os


principais conceitos relativos às OV’s e à TW, os quais alicerçam e são
imprescindíveis para a compreensão deste estudo.
Deste modo, este capítulo será composto por quatro seções: na
primeira serão expostos os princípios fundamentais do comportamento de
uma OV, originada a partir da energização de uma linha de transmissão;
na segunda serão abordados o equacionamento e as análises pertinentes
ao comportamento de uma OV em um ponto de descontinuidade, bem
como, a sua caracterização; na terceira será apresentada a ferramenta
utilizada para o desacoplamento de um sistema trifásico, objetivando a
aquisição das componentes modais, as quais serão empregadas nos
módulos referentes à detecção, classificação e localização e, finalmente,
na quarta seção, dar-se-á um enfoque à TW, a qual será utilizada no
processamento dos dados obtidos a partir das simulações realizadas no
ATPDraw.

2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Uma linha de transmissão (LT) é um sistema de orientação


eletromagnética destinado ao transporte de sinais elétricos (informações)
e potência de uma fonte a uma carga. Desde sua primeira utilização na
telegrafia por Samual Morse na década de 1830, as LT’s têm sido
empregadas em vários tipos de sistemas elétricos cobrindo uma ampla
gama de frequências e aplicações. Alguns dos exemplos mais comuns
englobam desde conexões entre transmissores e antenas; entre
computadores em redes até interligações entre usinas hidrelétricas e
subestações (HAYT; BUCK, 2013; WEISSHAAR, 2004).
Destarte, será considerada, inicialmente, uma LT bifilar ideal, na
qual toda a potência injetada pela fonte chega a extremidade final,
representada por um consumidor (carga), tal como ilustrada na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Linha bifilar ideal.

Fonte: Fuchs (1979).


36

O circuito equivalente desta LT sem perdas, isto é, com a


resistência elétrica nula e um dielétrico perfeito entre condutores, é
esquematizado simplificadamente na Figura 2.2 (FUCHS, 1979).

Figura 2.2 - Circuito equivalente da LT bifilar ideal.

Fonte: Fuchs (1979).

Ao conectar a fonte de tensão à rede, representada por um circuito


a parâmetros concentrados na Figura 2.2, uma corrente começa a fluir
através do primeiro indutor, proporcionando que o primeiro capacitor se
carregue. Ao passo que este começa a se carregar, uma tensão se
estabelece no próximo trecho da LT e a corrente começa a fluir no
segundo indutor; consecutivamente, o segundo capacitor começa se
carregar. Este processo continua e termina apenas quando todos os
capacitores da LT são carregados (GREENWOOD, 1991; HAYT;
BUCK, 2013).
Em um circuito como o apresentado, a perturbação provocada pela
interligação da fonte à rede será percebida em todos os trechos (∆𝑥), em
um instante de tempo (∆𝑡) calculado com base na sua velocidade de
propagação (𝑣) que, por sua vez, depende do quão rápido cada indutor e
capacitor atingem, respectivamente, as máximas corrente e carga. Já em
uma LT a parâmetros distribuídos, esta perturbação só será sentida em
pontos remotos após um tempo finito, determinado, também, com base na
velocidade de propagação, o que proporciona uma maior capacidade
destas LT’s suportarem OV’s de corrente e tensão (GREENWOOD,
1991; HAYT; BUCK, 2013).
Por conseguinte, afirma-se que uma das principais características
de uma LT é o atraso no tempo com que um sinal emitido da fonte é visto
no terminal receptor devido a velocidade de propagação finita
(WEISSHAAR, 2004).

Neste documento será exposto, simplificadamente, um


embasamento teórico relativo às LT’s, fundamentado na análise
37

qualitativa realizada por Fuchs (1979). Porém, de acordo com a literatura,


além deste autor, em sua análise quantitativa, outros trabalhos sucessivos,
como os desenvolvidos por Naidu (1985), Weisshaar (2004), Elhaffar
(2008) e Hayt e Buck (2013), trazem abordagens mais aprofundadas para
o estudo das LT’s, tal como a utilização das equações gerais,
denominadas também de equações telegráficas. Sendo assim, para um
embasamento matemático mais denso, recomenda-se a utilização da
bibliografia citada.

2.2 ONDAS VIAJANTES

Embasando-se, então, na teoria de circuitos elétricos, podem-se


escrever, inicialmente, a impedância de entrada (𝑍0 ) da LT como a razão
entre a tensão da fonte (𝑈) e a corrente (𝐼0 ) em uma seção do condutor.
Contudo, este último parâmetro é delineado como sendo o produto entre
a carga elétrica (𝑞) em um trecho (∆𝑥) da LT e a velocidade (𝑣) com que
esta se move. Deste modo, 𝑍0 e 𝐼0 podem ser calculados conforme as
Equações (2.1) e (2.2), respectivamente.

𝑈 (2.1)
𝑍0 =
𝐼0

𝐼0 = 𝑞𝑣 = 𝑈𝐶𝑣 (2.2)

Ao fazer a devida substituição de (2.2) em (2.1), a expressão para


a determinação de 𝑍0 poderá, então, ser escrita de uma forma distinta,
consoante a Equação (2.3).

1 (2.3)
𝑍0 =
𝐶𝑣

Considerando que a FEM em ∆𝑥 é denotada por:

𝑑𝐼0 𝐼0 (2.4)
𝐹𝐸𝑀 = −∆𝑥𝐿 = − ∆𝑥𝐿
𝑑𝑡 ∆𝑡

pode-se reescrever a expressão utilizada na determinação da FEM em


função de 𝑣, haja vista este parâmetro pode ser calculado fisicamente
mediante a razão entre ∆𝑥 e o intervalo de tempo (∆𝑡), no qual a corrente
38

cresce de zero a um valor 𝐼0 . Desta forma, FEM é computada também


conforme a Equação (2.5).

𝐹𝐸𝑀 = −𝐼0 𝐿𝑣 (2.5)

Então, para que haja fluxo de corrente, faz-se necessário que a


FEM seja anulada pela tensão da fonte que, por conseguinte, deverá
assumir um valor oposto, conforme a Equação (2.6).

𝑈 = 𝐼0 𝐿𝑣 (2.6)

Consequentemente, a partir desta última equação, obtém-se uma


nova expressão para 𝑍0 , vide Equação (2.7).

𝑈 (2.7)
= 𝑍0 = 𝐿𝑣
𝐼0

Apoiando-se, portanto, na relação entre as Equações (2.3) e (2.7),


é possível obter duas características essenciais das OV’s, que são a
velocidade de propagação e a impedância de surto.
Primeiramente, ao igualar estas duas equações, admite-se uma
formulação para o cálculo da velocidade com que os campos magnético
e elétrico se propagam ao longo de uma LT, a qual é descrita pela Equação
(2.8) e ratifica, matematicamente, a dependência deste parâmetro em
relação a capacitância e a indutância da LT, bem como mencionado na
seção 2.1 (FUCHS, 1979).

1 (2.8)
𝑣=
√𝐿𝐶

Alternativamente, ao colocar o parâmetro 𝑣 em função de 𝑍0 na


Equação (2.7) e substituí-la na Equação (2.3), obtém-se uma nova
expressão para 𝑍0 , a qual será denominada de impedância de surto ou
impedância característica da LT, vide Equação (2.9).

(2.9)
𝐿
𝑍0 = √
𝐶
39

2.2.1 Incidência, reflexão e refração das OV’s

A partir da energização da LT representada na Figura 2.1, duas


ondas, uma de tensão e outra de corrente, originárias no transmissor,
propagam-se em direção ao receptor, porém ao depararem-se com um
ponto de descontinuidade, no qual ocorra uma variação brusca nos
parâmetros da LT (tomam-se como exemplos abertura de terminal, curto-
circuito, junção com outra LT ou simplificadamente, uma mudança na
impedância característica), uma parcela das ondas incidentes neste ponto
é refletida, ou seja, viaja de volta ao transmissor e a outra é refratada, isto
é, propaga-se em direção ao receptor. Neste ponto, mais uma vez, as
ondas serão refletidas e refratadas sucessivamente, até serem atenuadas
por completo, devido as perdas de energia. Desta forma, o sistema
finalmente entrará no estado de regime permanente (FUCHS, 1979;
NAIDU, 1985).
É importante ressaltar que, estas ondas refletidas e refratadas são
formadas de acordo com as leis de Kirchoff, satisfazem as equações
diferenciais da LT, condizem com o princípio de conservação da energia,
além de disporem das mesmas propriedades que as ondas incidentes e
obedecerem ao princípio da superposição (BEWLEY, 1933).
Segundo Naidu (1985), o princípio da superposição estabelece que
quando duas ondas que se propagam na mesma direção se encontram, as
amplitudes delas se somam. No entanto, após passarem uma pela outra,
estas não exibem distorções em suas formas ou magnitudes, o que
significa que, no momento do encontro, as ondas não exerceram alguma
influência entre si.
Tal princípio está exemplificado e ilustrado na Figura 2.3.

Figura 2.3 - Superposição de ondas.

Fonte: Próprio autor.


40

À vista disto, pelo princípio da superposição, a tensão e a corrente


em cada ponto da LT são então compostas pela soma das ondas incidentes
(𝑈𝑑 , 𝐼𝑑 ) e refletidas (𝑈𝑟 , 𝐼𝑟 ), conforme as Equações (2.10) e (2.11).

𝑈 = 𝑈𝑑 + 𝑈𝑟 (2.10)

𝐼 = 𝐼𝑑 + 𝐼𝑟 (2.11)

De acordo com Elhaffar (2008), as ondas de tensão e corrente se


propagam ao longo de uma LT com uma proporção invariável, haja vista
que em qualquer ponto desta, a relação 𝑈/𝐼0 será sempre constante e igual
a 𝑍0 . Porém, no caso de uma onda eletromagnética atingir uma
descontinuidade na LT, onde há uma impedância 𝑍𝑟 diferente de 𝑍0 , a
relação citada assumirá um valor distinto e ocorrerão ajustes nas ondas de
tensão e corrente com o objetivo de manter a proporcionalidade entre
estas e conservar o montante total de energia, no caso das perdas serem
desprezadas.
Assim, as ondas incidentes e refletidas de tensão em um ponto de
descontinuidade, são relacionadas pelo coeficiente de reflexão de tensão
(𝜌𝑟𝑢 ), descrito pela Equação (2.12).

𝑍𝑟 − 𝑍0 (2.12)
𝜌𝑟𝑢 =
𝑍𝑟 + 𝑍0

Já as ondas de corrente incidentes na descontinuidade e,


consecutivamente refletidas, a partir deste mesmo ponto, também são
correlacionadas por um coeficiente de reflexão, neste caso denominado
de coeficiente de reflexão de corrente (𝜌𝑟𝑖 ), que é oposto ao da tensão e
está explicitado na Equação (2.13).

𝑍0 − 𝑍𝑟 (2.13)
𝜌𝑟𝑖 =
𝑍𝑟 + 𝑍0

Em consequência disto, as reflexões de tensão e corrente são


escritas em função das suas ondas incidentes no ponto de
descontinuidade, tal como pode ser observado nas Equações (2.14) e
(2.15), respectivamente.

𝑈𝑟 = 𝜌𝑟𝑢 𝑈𝑑 (2.14)
41

𝐼𝑟 = 𝜌𝑟𝑖 𝐼𝑑 (2.15)

Posto isto, e de acordo com a literatura, a análise da condição de


regime permanente fundamentada na TOV’s é pautada, basicamente, na
relação da dependência entre o surgimento de reflexões e as condições de
descontinuidade da LT, ou seja, nos próprios coeficientes de reflexão.
Para tanto, consideram-se três situações abrangentes em que o
terminal receptor possui uma impedância 𝑍𝑟 :

a) 𝑍𝑟 = 𝑍0

Nesta relação as ondas refletidas de corrente (𝐼𝑟 ) e tensão (𝑈𝑟 ) são


nulas, haja vista que, 𝜌𝑟𝑢 e 𝜌𝑟𝑖 são nulos. Portanto, consoante a Equações
(2.10) e (2.11), a tensão (𝑈2) e a corrente (𝐼2 ) no terminal receptor serão
iguais, respectivamente, às ondas incidentes 𝑈𝑑 e 𝐼𝑑 , que partem do
transmissor, mantendo-se, consequentemente, o estado de equilíbrio
denotado pela Equação (2.16).

𝑈 𝑈 (2.16)
𝐼0 = =
𝑍0 𝑍𝑟

As relações entre as tensões e correntes nos terminais transmissor


e receptor podem ser visualizadas graficamente na Figura 2.4.

Figura 2.4 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 = 𝑍0 .

Fonte: Fuchs (1979).


42

b) 𝑍𝑟 > 𝑍0

Quando a impedância no receptor é maior que a impedância


característica da LT, o sistema alcança um novo estado de equilíbrio,
posto que a relação de igualdade estabelecida pela Equação (2.16) é
violada.
Neste novo estado, por 𝜌𝑟𝑖 ser menor que zero, 𝐼𝑟 e 𝐼𝑑 assumem
polarizações inversas e então há uma redução na corrente 𝐼2 . Já a tensão
𝑈2 sofre um aumento na sua magnitude, uma vez que, 𝑈𝑟 e 𝑈𝑑 dispõem
de mesmo sinal, em virtude de 𝜌𝑟𝑢 ser maior que zero. Tais ilações podem
ser observadas na Figura 2.5.

Figura 2.5 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 > 𝑍0 .

Fonte: Fuchs (1979).


Fortuitamente, quando o terminal receptor está aberto, isto é,
quando 𝑍𝑟 = ∞, verificar-se-á que 𝐼2 se reduzirá a zero, em consequência
de 𝐼𝑑 e 𝐼𝑟 disporem de sinais opostos e mesmas magnitudes, devido a 𝜌𝑟𝑖
ser igual a −1. Entretanto, 𝑈2 atingirá o dobro da magnitude da tensão
incidente, devido a 𝑈𝑑 e 𝑈𝑟 exibirem iguais polaridades e amplitudes, o
que é justificado por 𝜌𝑟𝑢 ser igual a unidade.

c) 𝑍𝑟 < 𝑍0

Assim como na relação anterior, o sistema atingirá um novo


estado de equilíbrio, porém ocorrerá o inverso: haverá um aumento na
corrente 𝐼2 , justificado por 𝐼𝑟 e 𝐼𝑑 disporem de mesmos sinais, devido a
𝜌𝑟𝑖 ser maior que zero, enquanto que a tensão 𝑈2 sofrerá uma redução,
43

pelo fato de 𝑈𝑟 e 𝑈𝑑 exibirem polarizações inversas, em consequência de


𝜌𝑟𝑢 ser menor que zero. Isto pode observado na Figura 2.6.

Figura 2.6 - Definição e sinais das ondas numa linha para 𝑍𝑟 < 𝑍0 .

Fonte: Fuchs (1979).

Eventualmente, quando há um curto-circuito no terminal receptor,


ou seja, quando 𝑍𝑟 = 0, 𝑈2 se reduzirá a zero em virtude de 𝑈𝑑 e 𝑈𝑟
possuírem sinais opostos e mesmas magnitudes, uma vez que 𝜌𝑟𝑢 = −1
enquanto que, 𝐼2 atingirá o dobro da amplitude da onda de corrente
incidente, haja vista que 𝐼𝑑 e 𝐼𝑟 dispõem de iguais magnitudes e
polaridades, em decorrência de 𝜌𝑟𝑖 possuir valor unitário.

Por fim, ao considerar a propagação das reflexões oriundas no


receptor em direção ao terminal transmissor, observar-se-á, também, o
surgimento de novas reflexões de tensão e corrente, cujas polarizações
dependerão do valor relativo a impedância da fonte e que irão se sobrepor
as ondas incidentes no transmissor (FUCHS, 1979).

De um modo alternativo, tomando por base as expressões (2.14) e


(2.15) e as substituindo, respectivamente, nas Equações (2.10) e (2.11),
podem-se reescrever a tensão e corrente totais em um ponto da LT em
função dos coeficientes de reflexão e das ondas incidentes, de tal forma
que:

𝑈 = 𝑈𝑑 + 𝜌𝑟𝑢 𝑈𝑑 = (1 + 𝜌𝑟𝑢 )𝑈𝑑 (2.17)

𝐼 = 𝐼𝑑 + 𝜌𝑟𝑖 𝐼𝑑 = (1 + 𝜌𝑟𝑖 )𝐼𝑑 (2.18)


44

A partir da Equação (2.17), define-se então o coeficiente de


refração ou transmissão da tensão como sendo a razão entre a amplitude
total de tensão e a tensão incidente. O mesmo raciocínio é equivalente
para a determinação do coeficiente de refração da corrente. Ambos os
coeficientes de tensão e corrente são calculados, respectivamente,
conforme as Equações (2.19) e (2.20).

𝑈 (2.19)
𝜌𝑡𝑢 = = (1 + 𝜌𝑟𝑢 )
𝑈𝑑

𝐼 (2.20)
𝜌𝑡𝑖 = = (1 + 𝜌𝑟𝑖 )
𝐼𝑑

Por conseguinte, mediante a substituição das expressões utilizadas


para o cálculo dos coeficientes de reflexão, nas equações anteriores, os
coeficientes de refração de tensão e corrente também podem ser reescritos
em função das impedâncias 𝑍𝑟 e 𝑍0 e computados através das Equações
(2.21) e (2.22), nesta ordem.

2𝑍𝑟 (2.21)
𝜌𝑡𝑢 = 1 + 𝜌𝑟𝑢 =
𝑍𝑟 + 𝑍0

2𝑍0 (2.22)
𝜌𝑡𝑖 = 1 + 𝜌𝑟𝑖 =
𝑍𝑟 + 𝑍0

Desta forma, as análises realizadas anteriormente, fundamentadas


nos coeficientes de reflexão, também podem ser empreendidas com base
nos coeficientes de refração.

2.2.1.1 Diagrama Lattice

O diagrama Lattice foi desenvolvido em 1933 por Bewley com o


intuito de superar a dificuldade do monitoramento das múltiplas e
sucessivas reflexões, fornecendo então um meio gráfico para acompanhá-
las. Através da representação das OV’s no domínio espaço-temporal, este
digrama exibe as posições e as direções de cada onda incidente, refletida
e refratada a cada instante de tempo, proporcionando, desta forma, uma
ampla visualização do histórico de cada uma destas. Ademais, este
digrama facilita o cálculo de todas as formas de onda refletidas e
refratadas; possibilita a determinação dos perfis de tensão e corrente ao
45

longo da LT; permite a inclusão dos efeitos de atenuação e distorção sob


as ondas, além de oportunizar a estimação da localização de distúrbios
incidentes em LT’s (BEWLEY, 1933; NAIDU, 1985; WEISSHAAR,
2004).
O diagrama Lattice, correspondente ao processo de energização de
uma LT de comprimento finito, é exemplificado através da Figura 2.7.

Figura 2.7 - Diagrama Lattice de tensão.

Fonte: Naidu (1985) – adaptado.

A partir da energização da LT, a onda de tensão (𝑈𝑑1 ) incide sob o


terminal receptor em um instante de tempo, determinado fisicamente
como a razão entre o comprimento da linha (𝐿) e a velocidade de
𝐿
propagação (𝑣), isto é, 𝑡 = .
𝑣
Neste terminal, a depender das condições existentes, a onda
incidente é refletida (𝑈𝑟1) e viaja de volta ao transmissor, incidindo em
2𝐿
um instante 𝑡 = . Subsequentemente, surge uma nova reflexão (𝑈𝑑2), a
𝑣
qual se propaga em direção ao receptor. Tal como explanado
anteriormente, este processo de incidências e reflexões acontece
sucessivamente até as ondas serem atenuadas completamente pelas
perdas, uma vez que estas exibem um caráter amortecedor, reduzindo o
módulo da tensão gradativamente para o valor de regime permanente
(FUCHS, 1979; NAIDU, 1985).

2.2.1.2 Distúrbios em LT’s

De acordo com a literatura, distúrbios incidentes em uma LT,


sejam originados por quaisquer fenômenos (a exemplo de chaveamentos,
46

descargas atmosféricas, ferroressonância ou rejeição de carga), provocam


modificações nas condições de regime permanente e fomentam uma nova
redistribuição de energia no sistema, visto que, estes originam OV’s de
tensão e corrente que se propagam em direção às extremidades da LT,
sobrepondo-se, respectivamente, à tensão e à corrente pré-existentes. Ao
chegar a estes terminais, a depender da forma das descontinuidades ali
presentes, as reflexões e/ou refrações originadas irão, novamente, se
sobrepor às OV’s anteriores ao distúrbio, propagando-se sucessivamente
até novas condições de equilíbrio serem estabelecidas (NAIDU, 1985;
SILVA, 2003).
Diante do exposto e segundo Naidu (1985), as tensões e correntes
(𝑈 e 𝐼) na LT após a ocorrência de um distúrbio são determinadas com
base no princípio da superposição, isto é, compõem-se pelas tensões e
correntes já existentes (𝑈0 e 𝐼0 ) em adição às tensões e correntes oriundas
do próprio distúrbio (𝑈1 e 𝐼1 ). De forma geral:

𝑈 = 𝑈0 + 𝑈1 (2.23)

𝐼 = 𝐼0 + 𝐼1 (2.24)

Considerando-se, agora, uma falta incidente a uma distância 𝑑, em


km, do terminal transmissor, apresenta-se na Figura 2.8, o diagrama
Lattice que ilustra o processo de incidência, reflexão e refração das OV’s
originadas pelo distúrbio nos terminais transmissor e receptor da LT.

Figura 2.8 - Diagrama Lattice para uma falta a uma distância d do terminal
transmissor.

Fonte: Próprio autor.

Tomando como exemplo os instantes de chegada das primeiras


OV’s aos terminais de monitoramento, pode-se determinar a distância da
47

falta aos terminais transmissor e receptor mediante as Equações (2.25) e


(2.26), respectivamente.

𝑑 = 𝑡1𝑡 𝑣 (2.25)

(𝐿 − 𝑑) = 𝑡1𝑟 𝑣 (2.26)

Onde:

𝑑 e (𝐿 − 𝑑): distâncias da falta aos terminais transmissor e receptor,


respectivamente;
𝐿: comprimento da linha;
𝑣: velocidade de propagação das OV’s;
𝑡1𝑡 , 𝑡1𝑟 : instantes de chegada das primeiras OV’s aos terminais
transmissor e receptor, nesta ordem.

Consequentemente, a distância da falta ao terminal transmissor em


função dos tempos de chegadas das primeiras OV’s em ambos os
terminais é calculada a partir da diferença entre as Equações (2.25) e
(2.26), que resulta na seguinte expressão:

𝐿 − 𝑣(𝑡1𝑟 − 𝑡1𝑡 ) (2.27)


𝑑=
2

Como será apresentado no capítulo seguinte, na comunidade


científica, a estimação da localização da falta ainda pode ser realizada de
acordo com o monitoramento de sinais em um ou em três terminais da
LT.

2.2.2 Atenuação e distorção das OV’s

Segundo Bewley (1933), a medida que as OV’s se propagam em


uma LT real, estas passam pelos processos de atenuação que é
caracterizado por uma redução na amplitude do pico da própria OV, e de
distorção, o qual é configurado por um alongamento na sua forma, visto
que irregularidades são suavizadas e há uma redução na inclinação da
frente de onda.
Estes dois processos são suscitados pelas perdas de energia, as
quais são associadas, majoritariamente, à resistência (𝑅) da LT e à
condutância shunt (𝐺) entre os condutores.
48

Numa LT em que a resistência 𝑅 e a condutância 𝐺 não são nulas,


a medida que a tensão se estabelece entre os condutores, incorrem perdas
equivalentes a 𝐺𝑈 2 (𝑊), enquanto que o fluxo de corrente é responsável
pela dissipação de uma parcela igual a 𝑅𝐼 2 (𝑊) no próprio condutor.
Partindo do pressuposto de que as energias armazenadas pelos
campos magnético (∆𝐸𝑚 ) e elétrico (∆𝐸𝑒 ) associadas ao fluxo de corrente
nos condutores e à tensão entre estes, são respectivamente iguais a:

𝐼0 2 𝐿∆𝑥 (2.28)
∆𝐸𝑚 = (𝑊𝑠)
2

𝑈 2 𝐶∆𝑥 (2.29)
∆𝐸𝑒 = (𝑊𝑠)
2

Greenwood (1991) afirma que as ondas de tensão e corrente são atenuadas


exponencialmente ao se propagarem ao longo da LT, haja vista que, tanto
a energia suprida pelos campos magnético e elétrico, como as perdas
associadas à corrente e à tensão, são proporcionais a 𝐼 2 e 𝑈 2,
respectivamente.
Posto isto, tem-se que:

𝐺 (2.30)
𝑈 = 𝑈0 exp (− 𝑡)
𝐶
𝑅 (2.31)
𝐼 = 𝐼0 exp (− 𝑡)
𝐿

onde 𝑈0 e 𝐼0 são as ondas de tensão e corrente originárias na fonte.


Como explanado anteriormente que as ondas de corrente e tensão se
propagam ao longo de uma LT com uma proporção constante e igual a
𝑍0 , a única forma para que isto também ocorra entre as Equações (2.30)
𝐺 𝑅
e (2.31) será quando os termos exponenciais (− 𝐶 𝑡) e (− 𝐿 𝑡) forem
iguais. Desta forma, obtém-se:

𝐺 𝑅 𝑅 𝐿 (2.32)
= ↔ =
𝐶 𝐿 𝐺 𝐶

Rememorando pois, que a impedância de surto 𝑍0 da LT equivale


𝐿
a √𝐶 , admite-se então que:
49

𝑅 𝐿 𝑈2 (2.33)
= = 𝑍0 2 = 2
𝐺 𝐶 𝐼

Das relações estabelecidas pela Equação (2.33), depreende-se que


as perdas associadas à resistência dos condutores são iguais àquelas
relacionadas à dispersão sobre os dielétricos, haja vista que:

𝑅𝐼 2 = 𝐺𝑈 2 (2.34)

Desde que o armazenamento de energia se dá equitativamente


pelos campos magnético e elétrico na LT e as perdas associadas à
resistência e aos dielétricos são iguais, é mantida a proporcionalidade
entre as ondas de tensão e corrente em todos os pontos da LT, apesar
destas serem atenuadas. Porém, se eventualmente as perdas não são
iguais, há um desequilíbrio de energia e as OV’s além de serem atenuadas,
são distorcidas para manter a proporcionalidade entre tensão e corrente.
Posto isto, afirma-se então que a atenuação pode ocorrer sem distorção,
mas que o inverso não é verdadeiro (BEWLEY, 1933; FUCHS, 1979;
GREENWOOD, 1991).
Outrossim, os fenômenos da atenuação e distorção em OV’s são
fomentados também pela mudança da resistência dos condutores
provocada pelo efeito pelicular, dispersão sobre isoladores e efeito corona
(BEWLEY, 1933).

2.3 ANÁLISE MODAL

A análise de LT’s polifásicas pode ser concebida como uma


extensão do estudo acerca das LT’s monofásicas, haja vista que as
grandezas escalares utilizadas neste último podem ser substituídas por
grandezas matriciais. Contudo, em sistemas polifásicos há um
acoplamento significativo entre fases, o que implica também no
acoplamento de equações, dificultando, por conseguinte, a análise do
sistema. Para mitigar esta problemática, demanda-se de uma
transformação matemática capaz de desacoplar as 𝑛 fases de um sistema
(ELHAFFAR, 2008; NAIDU, 1985).
A ferramenta utilizada no processo de desacoplamento de
equações é denominada de transformação modal e tem por objetivo
eliminar as partes mútuas entre estas, ou seja, eliminar as impedâncias
mútuas entre os condutores, de forma que os modos resultantes desta
50

transformação possam ser analisados como circuitos monofásicos e


independentes.
A título de exemplo, são apresentados na Figura 2.9, os
acoplamentos de uma LT trifásica, em que as impedâncias dos próprios
condutores são denominadas de 𝑍𝑆 e as impedâncias mútuas designadas
por 𝑍𝑚 , as quais, por sua vez, são eliminadas após a transformação modal,
restando apenas as impedâncias de surto nomeadas de 𝑍𝑚1 , 𝑍𝑚2 e 𝑍𝑚3,
características de cada modo (ELHAFFAR, 2008).

Figura 2.9 - Desacoplamento e transformação modal de um sistema trifásico.

Fonte: Elhaffar (2008).

Desta maneira, a partir da aplicação da transformada modal, as


grandezas de fase de um sistema trifásico, a título de exemplo, são
transformadas em três modos desacoplados: um modo terra (modo 0) e
dois modos aéreos (modos α e β), os quais são caracterizados por uma
impedância de surto e uma velocidade de propagação (NAIDU, 1985).
À vista disto, as tensões e as correntes modais são relacionadas
com suas componentes de fase através das denominadas matrizes de
transformação modal 𝑇𝑈 e 𝑇𝐼 , conforme as Equações (2.35) e (2.36),
respectivamente.

𝑈0 𝑈𝑎 (2.35)
[𝑈𝛼 ] = 𝑇𝑈 [𝑈𝑏 ]
𝑈𝛽 𝑈𝑐

𝐼0 𝐼𝑎 (2.36)
[𝐼𝛼 ] = 𝑇𝐼 [𝐼𝑏 ]
𝐼𝛽 𝐼𝑐
51

De acordo com Silveira, Seara e Zürn (1999), para o


desacoplamento de uma LT, as transformações modais utilizadas mais
frequentemente são a de Clarke e Wedepohl, as quais não requerem que
as LT’s sejam perfeitamente transpostas, sendo apenas suficiente um
plano de simetria para a sua aplicação, além da transformação de
Karrenbauer e as componentes simétricas.
Neste trabalho, empregar-se-á a primeira transformada, devido a
sua majoritária utilização em trabalhos desenvolvidos na literatura no
tocante à detecção, classificação e localização de faltas em LT’s.

Difundidas apenas em 1938 por Clarke, as componentes modais ou


componentes de Clarke foram obtidas a partir do teorema fundamental
das componentes simétricas, conforme apresentado na Equação (2.37)
(OLIVEIRA et al., 1996).

𝐼𝑎 1 1 1 𝐼0 (2.37)
[𝐼𝑏 ] = [1 𝑎2 𝑎 ] [𝐼1 ]
𝐼𝑐 1 𝑎 𝑎2 𝐼2

Onde:

𝐼𝑎,𝑏,𝑐 : correntes das fases A, B e C, respectivamente;


𝐼0,1,2 : correntes de sequência zero, positiva e negativa, nesta ordem;
𝑎: operador (1∠120°).
1 √3
Substituindo 𝑎 e 𝑎2 por suas formas retangulares (− 2 + 𝑗 2
) e
1 √3
(− 2 − 𝑗 2 ) na Equação (2.37) e fatorando as partes reais e imaginárias,
obtém-se a seguinte relação entre as correntes de fase e um outro sistema
composto por componentes de sequência zero, positiva-mais-negativa e
positiva-menos-negativa (CLARKE, 1943):

1 1 0 (2.38)
𝐼𝑎 1 √3 𝐼0
1 −
[𝐼𝑏 ] = 2 2 [𝐼1 + 𝐼2 ]
𝐼𝑐 1 √3 𝐼1 − 𝐼2
[1 − −
2 2 ]

Denominando (𝐼1 + 𝐼2 ) e (𝐼1 − 𝐼2 ) de 𝐼𝛼 e 𝐼𝛽 , respectivamente, a


Equação (2.38) pode ser reescrita como:
52

1 1 0
𝐼𝑎 1 √3 𝐼0 𝐼0
1 − 𝐼 𝐼 (2.39)
[𝐼𝑏 ] = 2 2 [ 𝛼 ] = 𝑇𝐶 [ 𝛼 ]
𝐼𝑐 1 √3 𝐼𝛽 𝐼𝛽
[1 − 2 − 2 ]

Uma vez que a matriz 𝑇𝐶 é invertível, a matriz de transformação


das componentes de fase para as componentes modais é estabelecida
como:

1 1 1 1
𝑇𝐼 = 𝑇𝐶 −1 = [2 −1 −1 ]
3
0 √3 −√3 (2.40)

Substituindo então a matriz 𝑇𝐼 na Equação (2.36), as componentes


modais de corrente podem ser escritas em função das suas componentes
fasoriais, conforme a Equação (2.41).

𝐼0 𝐼𝑎
1 1 1 1
[𝐼𝛼 ] = [2 −1 −1 ] [𝐼𝑏 ]
𝐼𝛽 3 (2.41)
0 √3 −√3 𝐼𝑐

Posto isto, infere-se que as componentes modais zero são idênticas


àquelas de sequência zero, obtidas a partir do teorema fundamental das
componentes simétricas; que as componentes 𝛼 fluem na fase A e
retornam igualmente pelas fases B e C e que as componentes 𝛽 têm seu
fluxo limitado apenas entre as fases B e C.
Vale salientar que o mesmo procedimento é adotado para a
obtenção das componentes modais de tensão, culminando, assim, em uma
matriz de transformação idêntica a 𝑇𝑐 (CLARKE, 1943).
Conforme já foi demonstrado na seção 2.2 que a expressão
utilizada para o cálculo da velocidade de propagação é dependente dos
parâmetros da própria LT, esta variável pode ser determinada da mesma
forma, para o caso considerado nesta seção, com a ressalva de que os
parâmetros, tais como indutância e capacitância, devem ser aqueles
correspondentes a cada modo. Portanto, as velocidades de propagação do
modo zero (𝑣0 ) e do modo 𝛼 (𝑣1 ) podem ser computadas,
respectivamente, através das Equações (2.42) e (2.43).
53

1
𝑣0 = (2.42)
√𝐿0 𝐶0

1
𝑣1 = (2.43)
√𝐿1 𝐶1

Onde:

𝐿0 , 𝐶0: indutância e capacitância do modo terra;


𝐿1 , 𝐶1: indutância e capacitância do modo 𝛼.

É importante ressaltar que, para o caso de uma LT idealmente


transposta, os modos 𝛼 e 𝛽 possuem mesma impedância característica e
velocidade de propagação.

No que concerne ao estudo de transitórios eletromagnéticos, o


desacoplamento dos sinais de tensão e/ou corrente é de extrema
relevância para implementação do método das OV’s, pois devido ao
acoplamento existente em LT’s polifásicas, uma falta incidente em uma
das fases pode desencadear o surgimento de perturbações de alta
frequência nas demais (SOUZA, 2007).
Além disto, Elhaffar (2008) afirma que uma transformação modal
apropriada possibilita que as diferenças entre os instantes de chegada dos
sinais modais aos terminais de monitoramento de uma LT sejam
percebidas, em decorrência de suas velocidades de propagação serem
distintas e, isto não ocorreria se as componentes modais dos transitórios
originados na falta não fossem obtidas.
Elucidando o acoplamento entre fases, estão apresentados, na
Figura 2.10, os sinais de corrente monitorados no terminal local da LT
Presidente Dutra/BA – Boa Esperança/PI, acometida por uma falta BT.
54

Figura 2.10 - Acoplamento entre fases - correntes monitoradas no terminal local


em uma falta monofásica BT.

Fonte: Próprio autor.

As considerações acerca das componentes modais e de suas


restrições estão discorridas apenas na seção 4.4 correspondente à
formulação dos algoritmos de detecção, classificação e localização das
faltas, com o intuito de proporcionar uma maior fluidez na leitura do
documento e uma maior compreensão da estruturação de cada módulo.

2.4 TRANSFORMADA WAVELET

2.4.1 Contextualização e aplicações

Com princípio datado no ano de 1910 pelo matemático húngaro


Alfréd Haar, o qual propôs que uma função poderia ser aproximada por
degraus, mediante a utilização de constantes, denominadas
posteriormente de wavelets Haar, o desenvolvimento das wavelets
receberam inúmeras contribuições ao longo do século XX, porém
somente em meados da década de 80, os fundamentos matemáticos da
teoria wavelet (do francês, ondelette) foram concebidos por J. Morlet, A.
Grossman e Y. Meyer (BENTLEY; MCDONNELL, 1994; PAN, 2003).
Desde a década de 90, a teoria wavelet vem ganhando mais espaço
na comunidade científica devido a sua aplicabilidade nos campos da
matemática, física e engenharia, especialmente no processamento digital
de sinais, compressão de dados, reconhecimento de padrões, computação
gráfica e dinâmica dos fluidos.
55

Além disto, é notório o crescimento da utilização da TW em


diversas áreas de estudo dos sistemas elétricos de potência, tais como
qualidade e medição de energia, descargas parciais, diagnóstico de falhas
em equipamentos, monitoramento de condições, predição de energia,
análise de transitórios e proteção de sistemas de potência (HE, 2016;
KIM; AGGARWAL, 2001).
Segundo Kim e Aggarwal (2001), as áreas de sistemas de potência
que detêm uma maior concentração de estudos envolvendo a TW são a
qualidade de energia elétrica e a proteção de sistemas de potência, com
percentuais equivalentes a 45% e 23%, nesta ordem. Tal comportamento
também é verificado em estudos mais recentes, tal como o apresentado
por Kumar, Gawre e Kumar (2014), no qual, apesar do decorrer dos anos,
afirma-se que a predominância de pesquisas com a TW nestes campos
ainda foi mantida, porém com proporções de 32% e 36%, tal como
ilustrado na Figura 2.11.

Figura 2.11 - Áreas de aplicação da TW em sistemas elétricos de potência.

Fonte: Kumar; Gawre; Kumar (2014).

2.4.2 Definição

Vista como a transformada de Fourier (TF) do século XX, a TW


foi concebida com o intuito de superar as limitações da primeira, a qual é
capaz de decompor o sinal em várias componentes de frequência,
mediante a utilização de funções-base que são descritas como pequenas
ondas senoidais com várias frequências e limitadas, apenas, pela duração
do sinal analisado (BENTLEY; MCDONNELL, 1994).
56

De modo generalista, a representação de um sinal no domínio da


frequência, mediante a TF, é realizada com base em uma janela de tempo
fixa, correspondente a duração do próprio sinal, tal como mencionado
anteriormente, de forma a proporcionar uma visão global do
comportamento deste, sem pormenorizar as suas singularidades.
Fortuitamente ao ocorrer, um evento de natureza transitória, o
processamento do sinal, através da TF, será influenciado pelos
transitórios e, assim, esta ferramenta se mostrará inábil para avaliar a
evolução temporal das componentes e do ciclo do sinal (ARRUDA, 2017;
WALKER, 1997).
De acordo com Flandrin (1999), a TF ainda apresenta algumas
restrições quanto à sua interpretação física, a exemplo do momento da
extinção do transitório, no qual as ondas (senoides) formadoras do sinal
exercem influência entre si, de modo a se anularem, originando o zero
“dinâmico” denominado assim por este autor. Isto contradiz o ponto de
vista físico, no qual o sinal, simplesmente, não existe (situação em que há
o zero “estático”).
Embora a TF seja conveniente para a análise de sinais
estacionários, devido às limitações expostas é inadequada para a análise
de sinais não-estacionários, os quais demandam uma ferramenta capaz de
correlacionar os domínios do tempo e da frequência simultaneamente
(HE, 2016).
Com este objetivo, anteriormente ao desenvolvimento da TW,
Dennis Gabor propôs em 1946 a STFT, a qual é capaz de descrever o
comportamento da frequência de um sinal temporalmente, através de uma
ferramenta nominada de espectrograma. Em linhas gerais, a STFT
segmenta o sinal em intervalos de tempo ou janelas, descritas por funções
que são constantes durante todo o processamento do sinal, possibilitando,
desta maneira, a análise de suas frequências (BENTLEY;
MCDONNELL, 1994; HE, 2016).
A desvantagem deste método é que há um trade-off entre as
resoluções de tempo e frequência, isto é, ao optar por uma boa resolução
no tempo, a resolução de frequência será prejudicada e, vice-versa.
Bentley e Mcdonnell (1994) elucidam este dilema ao afirmar que
ao escolher uma janela curta, verificar-se-á uma melhor resolução
temporal após a utilização da STTF, contudo será observada uma baixa
resolução no domínio da frequência, uma vez que será utilizado um menor
número de amostras por janela no processamento, implicando em um
número reduzido de frequências a serem analisadas. Consequentemente,
há uma menor sensibilidade na diferenciação de frequências entre
senoides distintas.
57

Apesar de ser um avanço para a análise de sinais, a STFT ainda


apresenta falhas na localização temporal de sinais não-estacionários, uma
vez que, escolhido o tamanho da janela de tempo, este permanece
invariável durante o processamento, determinando, consequentemente,
uma resolução constante no plano tempo-frequência, o que dificulta um
acompanhamento minucioso do comportamento dinâmico do sinal
(KUMAR; GAWRE; KUMAR, 2014; MALLAT, 1999).
Na Figura 2.12 estão ilustrados o janelamento de um sinal através
da STFT e as resoluções tempo-frequência durante o processamento.

Figura 2.12 - Diagrama da STFT: (a) janelamento do sinal; (b) resoluções


tempo-frequência.

Fonte: He (2016).

Como forma alternativa, surgiram vários métodos capazes de


prover uma análise tempo-frequência adequada para sinais não-
estacionários e, dentre estes, está a TW, amplamente difundida na
comunidade científica e que será utilizada nesta pesquisa.

Assim como a STFT, a TW também decompõe o sinal em


componentes de diferentes frequências, contudo, mediante a utilização de
janelas de comprimentos variáveis, adaptadas à suas frequências, de
forma a possibilitar a análise de cada componente em uma resolução
compatível com sua escala (DAUBECHIES, 1992).
Na TW, cada janela é denominada de função-básica ou wavelet-
mãe (𝜓) e possui como características principais, das quais derivam o seu
nome, um comportamento ondulatório e um suporte compacto, isto é,
energia concentrada em um intervalo finito de tempo, ou simplesmente,
um decaimento rápido de amplitude, o que assegura a localização espacial
da própria wavelet-mãe. Matematicamente, uma função só pode ser assim
categorizada, se atender as condições estabelecidas nas Equações (2.44)
e (2.45), as quais explicitam, respectivamente, que a média e a energia da
58

wavelet-mãe devem ser zero e um, nesta ordem (DOMINGUES et al.,


2016; OLIVEIRA, 2007).

∫ 𝜓(𝑡) 𝑑𝑡 = 0 (2.44)
−∞


∫ |𝜓(𝑡)|2 𝑑𝑡 = 1 (2.45)
−∞

Uma wavelet-mãe origina uma família wavelet ou wavelets-filhas


(𝜑𝑎,𝑏 ), as quais são versões escaladas/dilatadas e transladadas das
primeiras, isto é, são duplamente indexadas pelos parâmetros de escala
(𝑎) e de translação (𝑏), associados à frequência e ao deslocamento da
função no tempo, respectivamente. Deste modo, 𝜓𝑎,𝑏 (𝑡) é definida
mediante a Equação (2.46):

1 𝑡−𝑏
𝜓𝑎,𝑏 (𝑡) = 𝜓( ), 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ 𝑒 𝑎 ≠ 0 (2.46)
√|𝑎| 𝑎

1
onde o termo é o fator de normalização de energia do sinal e assegura
√|𝑎|
que esta permaneça igual para quaisquer valores de 𝑎 e 𝑏
(DAUBECHIES, 1990).
É importante ressaltar que o parâmetro 𝑎 também está
correlacionado diretamente à largura da janela e, portanto, estabelece-se
que se 𝑎 > 1, a wavelet-mãe será dilatada, logo, a largura da janela será
maior, em oposição às situações em que 𝑎 está no intervalo entre zero e a
unidade, nas quais a função será contraída e, por consequência, o intervalo
de tempo correspondente à janela de observação será menor
(DAUBECHIES, 1990).
De forma ilustrativa, são apresentados na Figura 2.13, uma
wavelet-mãe com sua família, constituída pelas wavelets-filhas
transladadas e escaladas, bem como, as larguras das janelas de
observação no tempo, impostas pela variação do parâmetro 𝑎.
59

Figura 2.13 - Escalamento e translação de uma função wavelet: (a) wavelet-mãe


(b=0 e a=1); (b) wavelet-filha transladada por um fator b, com a=1; (c) wavelet-
filha dilatada, com a=2 e (d) larguras da janela de observação no tempo.

Fonte: He (2016).

O modo como ocorre a variação dos parâmetros de escala e de


translação, seja de forma contínua ou discreta, regem a maneira pela qual
será realizado o janelamento em uma função/sinal, fomentando, deste
modo, o desenvolvimento dos processos nominados, na literatura, por
transformadas wavelet contínua e discreta, respectivamente.

2.4.3 Transformada Wavelet Contínua

A TWC de um sinal 𝑓(𝑡) fornece uma representação bidimensional


de um sinal contínuo de uma única dimensão e, é calculada com base no
produto interno entre 𝑓(𝑡) e a função wavelet 𝜓𝑎,𝑏 (𝑡) transladada e
escalada.
Desta forma, a TWC é computada conforme a Equação (2.47):

𝑇𝑊𝐶(𝑎, 𝑏) = 〈𝑓(𝑡), 𝜓𝑎,𝑏 (𝑡)〉 ∫ 𝑓(𝑡)𝜓 ∗ 𝑎,𝑏 (𝑡) 𝑑𝑡 (2.47)
−∞

onde 𝜓 ∗ 𝑎,𝑏 (𝑡) é calculada mediante a Equação (2.46), considerando uma


variação contínua dos parâmetros de escala e translação, 𝑎 e 𝑏,
obedecendo as mesmas condições expostas, ou seja, 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ 𝑒 𝑎 ≠ 0 ,
embora deva ser utilizado o complexo conjugado de 𝜓(𝑡) (MALLAT,
1999; RAO; BOPARDIKAR, 1998).
60

Eventualmente, o caminho inverso pode ser realizado, isto é, o


sinal 𝑓(𝑡) pode ser reconstituído a partir da função TWC, se esta for
inversível, o que é assegurado pela condição estabelecida na Equação
(2.44), também denominada de condição de admissibilidade e que pode
ser denotada, de modo equivalente, pela Equação (2.48).
∞|𝜓(𝑤)2 |
𝐶𝜓 = ∫ 2
𝑑𝑤 < ∞ (2.48)
−∞ |𝑤 |

Com base no valor de 𝐶𝜓 deferido pela condição de


admissibilidade, a função é reconstruída, então, por meio da TWCI
descrita pela Equação (2.49).

1 ∞ ∞ 𝑑𝑎𝑑𝑏
𝑓(𝑡) = ∫ ∫ 𝑇𝑊𝐶𝑓(𝑎, 𝑏)𝜓𝑎,𝑏 (𝑡) (2.49)
𝐶𝜓 −∞ −∞ 𝑎2

É importante ressaltar que, apesar da capacidade que a TWC possui


de localizar habilmente eventos no domínio tempo-frequência, esta não é
utilizada amplamente, em decorrência da sua complexidade
computacional (KUMAR; GAWRE; KUMAR, 2014).

2.4.4 Transformada Wavelet Discreta

De modo semelhante à TWC, a TWD também é capaz de mapear


um sinal no domínio do tempo, através de uma função bidimensional
indexada pelos parâmetros de translação e escalamento, relativos ao
tempo e à frequência, tal como mencionado preliminarmente. Contudo,
considera-se uma discretização destes parâmetros para a representação do
sinal no domínio wavelet.
Com a finalidade de abranger todo o domínio tempo-frequência, o
parâmetro 𝑎 é discretizado mediante uma sequência de termos
exponenciais, de forma que 𝑎 = 𝑎0 𝑚 , com 𝑚 ∈ ℤ e 𝑎0 , o qual é
denominado de passo de dilatação, constante e maior que um. Outrossim,
o parâmetro 𝑏 é amostrado uniformemente e proporcionalmente à
variável 𝑎 discretizada, ou seja, é imposta a relação 𝑏 = 𝑛𝑏0 𝑎0 𝑚 , em que
𝑛 ∈ ℤ e 𝑏0 , que é correspondente à variação no tempo, também é
constante, porém, maior que zero (MALLAT, 1999).
Por conseguinte, as wavelets-filhas, denotadas anteriormente, são
expressadas pela Equação (2.50), considerando os valores discretos
especificados para os parâmetros 𝑎 e 𝑏.
61

1 𝑡 − 𝑛𝑏0 𝑎0 𝑚
𝜓𝑚,𝑛 (𝑡) = 𝜓( ), 𝑚, 𝑛 ∈ ℤ (2.50)
√𝑎0 𝑚 𝑎0 𝑚

Com base na função descrita para 𝜓𝑚,𝑛 (𝑡), dispõe-se que a janela
de observação do espectro do sinal possui uma relação de dependência
com os valores estabelecidos para a variável 𝑚. Eventualmente, ao variar
de um nível 𝑚 para um subsequente, 𝑚 + 1, a largura da janela deste
último será 𝑎0 vezes maior, em relação a do nível anterior. Ademais, o
escalamento provocado pela sequência de valores adotados para o
parâmetro 𝑎, proporciona que o espectro de frequências seja abrangido de
modo logarítmico (DAUBECHIES, 1992; KIM; AGGANRVAL, 2000).
Em outras palavras, isto sugere que para escalas maiores, há uma
menor resolução temporal, uma vez que a janela de tempo é maior, em
oposição a uma melhor resolução de frequência. Já para as escalas
menores, a diminuição da janela de tempo, que implica em uma melhor
resolução temporal, vem acompanhada de uma baixa resolução em
frequência (PENEDO, 2000).
Tais ilações podem ser visualizadas na Figura 2.14, a qual
representa o modo em que as resoluções tempo-frequência são
particionadas no domínio wavelet.

Figura 2.14 - Resoluções tempo-frequência da TWD.

Fonte: Araújo (2011) – adaptado.

Em decorrência da característica das resoluções no plano tempo-


frequência, uma janela maior compreenderá as componentes de baixa
62

frequência do sinal, cujas alterações induzidas são mais lentas no domínio


do tempo, enquanto que um intervalo de amostragem menor encerrará,
principalmente, as componentes de mais alta frequência do sinal, o que o
torna ideal para análise destas, devido a transitoriedade das variações
suscitadas (OLIVEIRA, 2007).
Em virtude da adequação da janela de tempo à frequência,
inúmeros autores estabelecem um paralelo entre a TW e o ajuste focal de
uma câmera, uma vez que para obter um maior detalhamento de uma
fotografia, é necessário aproximar o foco da câmera, de forma a diminuir
a janela de observação, enquanto que para observá-la globalmente, é
fundamental que a janela de visualização seja ampla.
Esta analogia advém dos estudos acerca do processamento de
imagens realizados por Meyer, o qual observou, em 1986, que as wavelets
poderiam ser utilizadas para migrar de uma aproximação mais grosseira
a uma de alta resolução, fundamentando de tal forma o processo
conhecido na literatura como AMR, o qual será abordado posteriormente
(DAUBECHIES, 1992).

A TWD é determinada, então, mediante um janelamento1


discreto aplicado a um sinal 𝑓(𝑡), também discretizado, porém no tempo,
conforme a Equação (2.51).

1 𝑡 − 𝑛𝑏0 𝑎0 𝑚
𝑇𝑊𝐷(𝑚, 𝑛) = ∑ 𝑓(𝑡) 𝜓 ( ) , 𝑚, 𝑛 ∈ ℤ (2.51)
√𝑎0 𝑚 𝑡=−∞ 𝑎0 𝑚

Ademais, o sinal 𝑓(𝑡) pode ser reconstruído mediante os seus


coeficientes wavelet discretos, a partir da utilização da TWDI. Desta
forma, a reconstituição é calculada com base na Equação (2.52), na qual
𝐶 é uma constante dependente da wavelet-mãe (DAUBECHIES, 1990,
1992).

1 𝑡 − 𝑛𝑏0 𝑎0 𝑚
𝑓(𝑡) = 𝐶 ∑ ∑ 𝑇𝑊𝐷(𝑚, 𝑛)𝜓 ( ) (2.52)
√𝑎0 𝑚 𝑎0 𝑚
𝑚 𝑛
𝑚, 𝑛 ∈ ℤ

1
O termo janelamento se refere ao processo de aplicação de uma
janela (função wavelet) à um sinal ou à uma função 𝑓(𝑡).
63

2.4.5 Análise Multi-Resolução

O princípio básico da AMR consiste em aproximar uma função


através de uma série de várias outras funções, as quais são
fundamentadas, teoricamente, pelos conceitos da álgebra linear,
concernentes aos espaços, subespaços e propriedades vetoriais como a
ortonormalidade e a ortogonalidade, a qual fomenta a simplicidade nos
cálculos dos coeficientes de expansão, utilizados na representação de uma
função ou sinal (ARAÚJO, 2011; MEYER, 1992).
Brevemente, a AMR é calculada no espaço das funções quadráticas
integráveis, 𝐿2 (ℛ), como uma sequência de subespaços fechados,
pertencentes a este mesmo domínio e atendendo a três diferentes critérios
básicos: (a) relação de causalidade entre os subespaços, a qual estabelece
que as informações de um nível são suficientes para determinar o
conteúdo do próximo nível mais “grosseiro”; (b) invariância dos
subespaços de dilatação, o que permite uma adequação da janela à
frequência, no caso de distúrbios em sinais e (c) invariância ante a
translação no tempo. Outrossim, ainda são relacionadas à AMR duas
propriedades não menos importantes, as quais estão associadas à
regularidade de Lipschitz e às condições de Riesz (PAN, 2003).
Desta forma, consoante a AMR, um sinal é composto basicamente
pelas funções de escalamento 𝜑(𝑡), denominadas também de wavelets-
pai e pelas wavelets-mãe 𝜓(𝑡) ou, simplesmente, wavelets. Ambas as
funções englobam todo o espaço de um sinal em 𝐿2 (ℛ) e fundamentam-
se nas premissas anteriormente citadas.
As wavelets-pai são formuladas como equações recursivas, que
são análogas às equações diferenciais com coeficientes ℎ(𝑘) e,
geralmente são utilizadas na representação do aspecto global do sinal. Já
as wavelets-mãe são vistas como uma diferença entre dois espaços
consecutivos englobados pelas wavelets-pai e, portanto, são calculadas
mediante uma soma ponderada desta última função deslocada, para um
conjunto de coeficientes ℎ1 (𝑘), o que possibilita a observação das
particularidades do sinal. Ambas as funções, 𝜑(𝑡) e 𝜓(𝑡), são
determinadas com base nas Equações (2.53) e (2.54), respectivamente
(BURRUS; GOPINATH; GUO, 1998).

𝜑(𝑡) = √2 ∑ ℎ(𝑘)𝜑(2𝑡 − 𝑘) , 𝑘∈ ℤ
(2.53)
𝑘
64

𝜓(𝑡) = √2 ∑ ℎ1 (𝑘)𝜑(2𝑡 − 𝑘) , 𝑘∈ ℤ
(2.54)
𝑘

Considerando as operações de escalamento nas funções 𝜑(𝑡) e


𝜓(𝑡), estas são reescritas, conforme as Equações (2.55) e (2.56), de forma
a abranger todo o espaço 𝐿2 (ℛ).
𝑗
𝜑𝑗,𝑘 (𝑡) = 2 ⁄2 𝜑(2𝑗 𝑡 − 𝑘), 𝑘𝑒𝑗∈ ℤ
(2.55)
𝑗
𝜓𝑗,𝑘 (𝑡) = 2 ⁄2 𝜓(2𝑗 𝑡 − 𝑘), 𝑘𝑒𝑗 ∈ ℤ
(2.56)

De acordo com a literatura, 𝜑𝑗,𝑘 (𝑡) e 𝜓𝑗,𝑘 (𝑡) são denominadas de


funções de base e são caracterizadas por possuírem normas constantes
independentemente da variação da escala 𝑗, o que é assegurado pelo termo
𝑗
2 ⁄2 ; serem transladadas no tempo pelo parâmetro 𝑘, além de serem
escaladas pelo fator 2𝑗 (BURRUS; GOPINATH; GUO, 1998).
Posto isto, qualquer função/sinal 𝑓(𝑡) ∈ 𝐿2 (ℛ) pode ser escrita
em termos das funções de base, conforme a Equação (2.57):
∞ ∞ ∞

𝑓(𝑡) = ∑ 𝑎(𝑘)𝜑𝑘 (𝑡) + ∑ ∑ 𝑑(𝑗, 𝑘)𝜓𝑗,𝑘 (𝑡) (2.57)


𝑘=−∞ 𝑗=0 𝑘=−∞

1° termo 2° termo

onde 𝑎(𝑘) e 𝑑(𝑗, 𝑘) são os coeficientes de escala e de detalhes, nesta


ordem.
Segundo Burrus, Gopinath e Guo (1998), o primeiro termo da
Equação (2.57) corresponde a uma representação de 𝑓(𝑡) em baixa
resolução, fornecendo as características mais generalistas desta, posto que
o somatório pertinente está relacionado apenas à translação/deslocamento
no tempo, representada pelo parâmetro 𝑘. Em contrapartida, o segundo
termo caracteriza-se por viabilizar à análise, as particularidades de 𝑓(𝑡),
uma vez que o somatório externo, correlato à variação de escala 𝑗,
proporciona um refinamento maior na resolução e, consequentemente,
uma melhor descrição das singularidades da função/sinal.
65

É importante ressaltar que as funções de base podem ser


determinadas em qualquer nível, entretanto, ao variar a escala no cálculo
de 𝜑𝑗,𝑘 (𝑡), não serão obtidas as peculiaridades do sinal, uma vez que são
responsáveis por propiciar, somente, as características gerais deste, de
modo a contextualizá-lo, tal como mencionado anteriormente. Por
conseguinte, na composição de um sinal/função, elege-se apenas uma
escala para as funções de escalamento, como no caso da Equação (2.57),
em que foi escolhido 𝑗 = 0.
Ademais, em razão da ortogonalidade das funções de base, os
coeficientes 𝑎(𝑘) e 𝑑(𝑗, 𝑘) podem ser calculados através dos produtos
internos entre 𝑓(𝑡) e as funções 𝜑𝑘 (𝑡) e 𝜓𝑗,𝑘 (𝑡), responsáveis pela
expansão em 𝐿2 (ℛ), conforme as Equações (2.58) e (2.59).

(2.58)
𝑎(𝑘) = 〈𝑓(𝑡), 𝜑𝑘 (𝑡)〉 = ∫ 𝑓(𝑡) 𝜑𝑘 (𝑡)

(2.59)
𝑑(𝑗, 𝑘) = 〈𝑓(𝑡), 𝜓𝑗,𝑘 (𝑡)〉 = ∫ 𝑓(𝑡) 𝜓𝑗,𝑘 (𝑡)

Diante do exposto, afirma-se que AMR é delineada pela estratégia


de transitar desde as resoluções baixas até as mais altas, o que configura
uma estrutura hierárquica, com o escopo de alcançar uma representação
adequada da função/sinal no domínio tempo-frequência.
No âmbito da análise de sinais, o processo da AMR também é
denominado de codificação em sub-bandas, uma vez que as funções de
escalamento e as wavelets são associadas, respectivamente, a filtros
passa-baixas e passa-altas, em decorrência de extraírem as componentes
de baixa e alta frequência de um sinal, correspondentes aos coeficientes
de aproximação e de detalhes, respectivamente.
Deste modo, segundo o teorema exposto por Mallat (1999), a
decomposição de um sinal em seus coeficientes de aproximação, em uma
escala 𝑗 + 1, é realizada através da convolução entre um filtro passa-
baixas 𝑔[𝑛 − 2𝑘] e os coeficientes de aproximação da escala
imediatamente anterior. Similarmente, os coeficientes de detalhes da
escala 𝑗 + 1 são obtidos por intermédio da convolução de um filtro passa-
altas ℎ[𝑛 − 2𝑘] com os coeficientes de aproximação da escala
precedente.
Destarte, a determinação dos coeficientes de aproximação e de
detalhes, em cada escala ou nível, é regida pelas Equações (2.60) e (2.61),
respectivamente.
66

𝑎𝑗+1 (𝑘) = ∑ 𝑔[𝑛 − 2𝑘] 𝑎𝑗 [𝑛] (2.60)


𝑛=−∞

𝑑𝑗+1 (𝑘) = ∑ ℎ[𝑛 − 2𝑘] 𝑎𝑗 [𝑛] (2.61)


𝑛=−∞

Os resultados obtidos então sofrem um processo de sub-


amostragem ou de decimação por dois, no qual apenas uma amostra a
cada duas é preservada, com a finalidade de manter, na escala 𝑗 + 1, a
quantidade total de amostras que a aproximação do nível anterior possui.
Portanto, à medida em que um sinal é decomposto em várias escalas, o
número de coeficientes de aproximação e de detalhes são reduzidos pela
metade, em relação à escala predecessora, desencadeando assim a perda
de informações.
Em consequência disto, afirma-se que o número de níveis de
decomposição é determinado, principalmente, por três fatores:
comprimento do sinal, nível de detalhamento requisitado e wavelet
selecionada, a qual possui uma estrita relação de dependência com o tipo
de aplicação (KIM; AGGARWAL, 2001).
Na Figura 2.15 está ilustrado o algoritmo piramidal de Mallat
(1989) explanado anteriormente, com duas escalas ou níveis de
decomposição, onde 𝑎𝑗,𝑘 corresponde as amostras da própria função ou
sinal; 𝑎𝑗+1,𝑘 e 𝑎𝑗+2,𝑘 são os coeficientes de aproximação e 𝑑𝑗+1,𝑘 e 𝑑𝑗+2,𝑘
são os coeficientes de detalhes condizentes aos primeiro e segundo níveis,
nesta ordem; 𝐺 e 𝐻 são os filtros passa-baixas e passa-altas,
respectivamente e é o operador de downsampling, ou de decimação,
neste caso, por dois.

Figura 2.15 - Decomposição wavelet em dois níveis.

Fonte: Próprio autor.


67

Ainda conforme o teorema proposto por Mallat (1989), um sinal


ou um nível de aproximação podem ser reconstruídos a partir da
combinação entre as aproximações e detalhes de uma escala
imediatamente inferior. Neste processo, as sequências de coeficientes de
aproximação e de detalhes são super-amostradas, isto é, seus elementos
são entremeados por zeros, o que ocasiona a duplicação de seus
comprimentos e, consecutivamente, são convoluídas, com filtros passa-
baixas e passa-altas apropriados para o processo de reconstrução. Por
último, as duas sequências resultantes são adicionadas.
Em vista disto, a reconstrução da aproximação em um escala 𝑗 é
calculada com base nos coeficientes do nível 𝑗 + 1 subsequente,
conforme a Equação (2.62).
∞ ∞

𝑎𝑗 (𝑘) = ∑ 𝑔[𝑘 − 2𝑛] 𝑎𝑗+1 [𝑛] + ∑ ℎ[𝑘 − 2𝑛] 𝑑𝑗+1 [𝑛] (2.62)
𝑛=−∞ 𝑛=−∞

Ilustrativamente, o processo de reconstrução de um sinal, a partir


de dois níveis, é esboçado na Figura 2.16, na qual 𝑎𝑗,𝑘 corresponde as
amostras da própria função ou sinal; 𝑎𝑗+1,𝑘 e 𝑎𝑗+2,𝑘 são os coeficientes de
aproximação e 𝑑𝑗+1,𝑘 e 𝑑𝑗+2,𝑘 são os coeficientes de detalhes associados
aos primeiro e segundo níveis, respectivamente; 𝐺′ e 𝐻′ são os filtros
passa-baixas e passa-altas, nesta ordem e é o operador de upsampling,
o qual intercalará zeros entre as amostras das sequências de coeficientes
de aproximação e de detalhes, tal como mencionado anteriormente.

Figura 2.16 - Reconstrução de uma função ou sinal a partir de dois níveis.

Fonte: Próprio autor.

Os filtros 𝐺′ e 𝐻′ utilizados no processo de reconstrução são


relacionados com os filtros 𝐺 e 𝐻 associados à decomposição do sinal ou
função, mediante as Equações (2.63) e (2.64), nas quais 𝑛 e 𝐿 representam
68

o coeficiente e o comprimento do filtro, respectivamente (ARAÚJO,


2011).

𝐺 ′ [𝑛] = (−1)𝑛 𝐻(𝑛), 𝑛 ∈ ℕ∗ < 𝐿 (2.63)

𝐻 ′ [𝑛] = (−1)𝑛+1 𝐺(𝑛), 𝑛 ∈ ℕ∗ < 𝐿 (2.64)

Esquematicamente, os processos de decomposição, à esquerda, e


reconstrução de um sinal, através de dois níveis, à direita, são
representados na Figura 2.17.

Figura 2.17 - Esquema de decomposição e reconstrução na AMR.

Fonte: Próprio autor.

Ademais, evidencia-se que, mesmo se um sinal for decomposto em


seus níveis e, subsequentemente, reconstruído, há a perda de informações,
em decorrência do descarte de amostras, fomentado pelo downsampling,
as quais não são recuperadas pelo upsampling realizado na reconstrução,
uma vez que, este procedimento é responsável, apenas, pela interpolação
de zeros nas sequências dos coeficientes de aproximação e de detalhes.
Além da supressão de informações (elementos pares ou ímpares
são descartados), o processo de decimação pode ocasionar uma
divergência entre os resultados obtidos nos cálculos das sequências de
aproximação e de detalhes, haja vista que esta última é determinada com
base na diferença entre aproximações de dois níveis consecutivos, as
quais são calculadas com base em intervalos pré-definidos. Desta forma,
a decimação equivale a escolha de um “ponto de partida” ou origem para
as subsequentes análises (NEGRI, 2012; PERCIVAL; WALDEN, 2000).
Então, com a finalidade de dirimir a sensibilidade dos resultados
ante a escolha de uma origem, surgiu a MODWT, a qual é vista como
uma variante da TWD e é caracterizada por não fazer uso da sub-
amostragem na AMR, o que credita, uma invariância no tempo. Como
consequência, o cálculo das aproximações e dos detalhes, via MODWT,
69

é realizado utilizando todas as amostras, o que resulta em sequências de


mesmo comprimento que a do nível anterior. De modo comparativo, a
MODWT produzirá o dobro de coeficientes de aproximação e de detalhes
em cada nível, quando comparada à TWD (COSTA; SOUZA, 2011).
Segundo Percival e Walden (2000), na literatura ainda são
encontradas TW’s idênticas ou com aspectos similares à MODWT com
outras denominações, tais como: transformada wavelet discreta invariante
no tempo, à translação ou ao deslocamento; transformada wavelet discreta
estacionária, não decimada ou redundante e frames wavelets.

Diante do exposto, adotar-se-á, neste estudo, a MODWT, em


consequência da ausência dos processos de sub-amostragem, o que a
torna invariante no tempo e evita a perda de informações, tal como
mencionado anteriormente. Além disto, esta variante é capaz de refletir
bem as características de ondas viajantes originadas por uma falta e pode
fomentar uma maior precisão na identificação do instante de ocorrência
do distúrbio, o que é imprescindível para a sua localização (HE, 2016).
As considerações relativas à MODWT, necessárias para o
desenvolvimento dos algoritmos computacionais, serão expostas na seção
4.4, correspondente à formulação destes. Entretanto, para uma
fundamentação matemática mais aprofundada, recomenda-se a utilização
de referências pertinentes a área e consolidadas na literatura, a exemplo
de Percival e Walden (2000) e Burrus, Gopinath e Guo (1998).

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com a literatura, as técnicas de localização de faltas


podem ser relacionadas conforme as suas características mais
importantes, limitações e potencialidades. Sendo assim, os principais
métodos são fundamentados em quatro tipos de abordagem: (1)
componentes de alta frequência, (2) componentes fundamentais, (3)
TOV’s e (4) inteligência artificial.
Atualmente, é possível encontrar algoritmos embasados nestes
quatro métodos em instrumentos como localizadores de falta, relés
diferenciais de corrente de linha e/ou relés de distância, sendo
desenvolvidos e comercializados com o objetivo de aumentar a
confiabilidade do sistema, suscitando, de tal forma, uma redução nas
perdas econômicas, uma vez que, conhecido o ponto de incidência do
defeito, a restauração do sistema é consideravelmente mais rápida e uma
diminuição dos custos operacionais (SCHWEITZER et al., 2014).
70

O delineamento deste trabalho será pautado na abordagem da


TOV’s, em consequência da literatura nesta área ser bastante ampla e
diversificada quanto à incorporação de técnicas para detecção,
localização e identificação de falhas, haja vista que os problemas
causados para implementação destas em componentes reais, acarretados
pela necessidade de elevadas taxas de amostragem, foram contornados
com o desenvolvimento de tecnologias de conversores A/D de alta
velocidade, transdutores óticos de corrente e tensão, além de
processadores de sinais digitais de alto desempenho (COSTA, SOUZA,
2011; SILVEIRA, ZÜRN, 2001).
À vista disso, são apresentadas, neste capítulo, pesquisas
desenvolvidas nos campos da detecção, classificação e localização de
faltas correlatas a este método, as quais balizaram a realização deste
estudo, tanto pela exposição da teoria pertinente a esta área quanto pela
introdução e aplicação de novas técnicas.

3.1 DETECÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO CONFORME


A TOV’S

De forma generalista, os algoritmos fundamentados na TOV’s


partem do princípio de que dada a ocorrência de uma falha em uma LT,
ondas transitórias de tensão e corrente propagam-se, com velocidades
próximas a da luz, ao longo de sua extensão e em ambos os sentidos,
desde o ponto de incidência da falta até as suas extremidades. Apenas com
conhecimento dos instantes de chegada ao terminais de monitoramento,
bem como, de informações extraídas destas ondas, tais como coeficientes
de detalhe, energias associadas, velocidade de propagação (variável
dependente dos parâmetros da linha e das frequências características dos
próprios transitórios), além do comprimento da LT é possível realizar a
detecção, classificação e localização de faltas (DONG; KONG; CUI,
2009; MOSAVI; TABATABAEI, 2016).

Em 1999, Silveira, Seara e Zürn propuseram a classificação para


faltas em LT’s, no qual os sinais de tensão ou corrente eram obtidos, e
desacoplados por meio da transformada modal de Clarke. Em seguida, as
componentes resultantes serviam como entrada para os filtros wavelet, os
quais tinham como saída os coeficientes wavelet. Como última etapa
deste processo, a energia associada a esses coeficientes era mensurada e
em consequência da comparação desta com um limiar de classificação
adequado, a falta era então identificada.
71

O sistema identificador elaborado pelos autores está representado


na Figura 3.1.

Figura 3.1 - Sistema identificador do tipo de falta.

Fonte: Silveira, Seara, Zürn (1999).

Neste estudo, utilizou-se um sistema de 500𝑘𝑉 (vide Figura 3.2)


com LT modelada a parâmetros distribuídos, com diferentes condições de
carga e submetidos à faltas monofásicas, bifásicas, bifásicas-terra e
trifásicas em vários pontos da LT, com diferentes ângulos de incidência e
resistências.

Figura 3.2 - Sistema de transmissão simulado.

Fonte: Silveira, Seara, Zürn (1999).

Os testes do sistema identificador com o uso dos sinais de tensão


conseguiram classificar 88,3% dos casos, incluindo aqueles com elevadas
resistências de falta, porém teve sua confiabilidade comprometida,
quando da ocorrência de falhas com ângulo de incidência nas
proximidades de zero. É valido afirmar que o algoritmo proposto
conseguiu classificar algumas dessas faltas, antes não identificadas, com
a utilização de sinais de corrente como entrada do sistema.
72

Ainda assim, a rotina computacional não conseguiu identificar


uma pequena parcela das faltas aplicadas com ambos os sinais, o que foi
justificado pela sua ocorrência próximo ao terminal remoto com alta
impedância e corrente de carga.

Já em 2001, Silveira, Seara e Zürn propuseram uma metodologia


para a localização de faltas em LT’s, na qual coeficientes wavelet dos
sinais trifásicos de tensão de dois terminais de monitoramento foram
obtidos e desacoplados utilizando uma matriz de pesos modais.
Para a localização das faltas, os instantes de ocorrência da primeira
e da segunda frente de onda foram determinados com base na detecção do
primeiro pico de coeficiente wavelet por meio de um limiar previamente
definido e ajustado conforme o histórico do nível de ruído em regime
permanente presente no sinal, enquanto que o segundo pico foi detectado
por um outro limiar calculado com base nos amortecimentos das ondas.
Posto isto, a estimação do ponto da falta apoiou-se no diagrama de
Lattice, com a utilização da velocidade do modo aéreo.
A técnica proposta foi validada com a aplicação em dois sistemas,
modelados no ATP/EMTP (vide Figura 3.3), com LT’s a parâmetros
distribuídos, ora considerando a frequência, ora não. Apesar das diversas
situações impostas ao sistema, tais como diferentes ângulos de incidência
da falta, resistências e condições de carga, além da aplicação da falta em
pontos distintos da linha, o algoritmo apresentou uma boa estimação em
praticamente 100% dos casos simulados.

Figura 3.3 - Sistemas de transmissão simulados.

Fonte: Silveira, Seara e Zürn (2001).

Em 2003, Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003) conceberam


um método para detecção e classificação de faltas centrado na aplicação
da TW. Sinteticamente, neste trabalho é proposto que os sinais trifásicos
73

de tensão, advindos de apenas um terminal de monitoramento da LT,


sejam desacoplados através da transformada de Clarke e colocados no
domínio wavelet, mediante a AMR. Então, os coeficientes wavelet de
primeira escala, de duas componentes modais, assim obtidos, são
utilizados no processo de detecção das falhas, enquanto que para a
classificação, utilizou-se o conteúdo de energia dos coeficientes wavelet,
de primeira escala, das tensões trifásicas e de suas componentes modais.
Os autores ainda fizeram uma breve menção à utilização das
componentes modais aéreas na identificação do instante de ocorrência da
falta, porém não foram dados maiores esclarecimentos sobre esse
procedimento.
Para implementação da técnica, simulou-se, no software ATP, a
LT Presidente Dutra/MA - Boa Esperança/PI, de 500𝑘𝑉, modelada a
parâmetros distribuídos e acometida por faltas monofásicas, bifásicas,
bifásicas-terra e trifásicas, com impedâncias nulas incidentes em três
localidades. A descrição completa desta LT será realizada na subseção
4.1.1.
Os resultados deste trabalho mostraram a eficácia do método
proposto para detecção e localização (processo para o qual não foi
informado se foi realizado com dados provenientes de um ou dois
terminais de medição, como o instante inicial do distúrbio foi identificado
e tampouco se o cálculo da distância foi realizado segundo o diagrama
Lattice).
Quanto à classificação, afirma-se apenas que a metodologia
proposta foi desenvolvida considerando apenas as falhas incidentes a 90°
da fase A e que outros instantes de ocorrência ainda seriam investigados
para a consequente validação.
É importante frisar que as premissas concernentes às componentes
modais, utilizadas por estes autores para classificação de faltas, permeiam
o desenvolvimento dos módulos detector, classificador e localizador nesta
dissertação, apresentados nas subseções 4.4.2, 4.4.3 e 4.4.4,
respectivamente.

No trabalho de Feng et al. (2008), os autores propuseram um


método para determinar a localização de faltas em LT’s tipo EAT, sem
utilizar a velocidade de propagação da onda, detectando somente os
instantes em que a onda chega a barra de referência (bus 𝑁𝑂. 2), à barra
oposta a linha faltosa (bus 𝑁𝑂. 1) e à barra oposta a linha “vizinha” ao
trecho da falta (bus 𝑁𝑂. 3), mediante aplicação do produto multi-escalar
74

da transformada wavelet, no qual há o cálculo do produto dos coeficientes


wavelet de sucessivas escalas.
O esquema utilizado pode ser visto na Figura 3.4.

Figura 3.4 - Esquemático das linhas de transmissão.

Fonte: Feng et al. (2008).

Considerando que a ocorrência da falta no tempo 𝑡0 e


denominando os instantes de chegada da onda inicial as barras 𝑁𝑂. 1,
𝑁𝑂. 2 e 𝑁𝑂. 3 por 𝑡1, 𝑡2 e 𝑡3, respectivamente, além de supor que a
velocidade de propagação na 𝐿1 e 𝐿2 são iguais, isto é, 𝑣𝐿1 = 𝑣𝐿2 = 𝑣, os
autores desenvolveram um conjunto de expressões descritas pelas
Equações (3.1).

(𝑡1 − 𝑡0 )𝑣 = 𝑑1 (3.1)
(𝑡2 − 𝑡0 )𝑣 = 𝑑2
(𝑡3 − 𝑡0 )𝑣 = 𝐿2 + 𝑑2
𝑑1 + 𝑑2 = 𝐿1

O ponto de falta (distância à barra de referência) foi estimado,


então, a partir da Equação (3.2), resultante da combinação das expressões
em (3.1).

(𝑡2 − 𝑡1 )𝐿2 𝐿1 (3.2)


𝑑2 = +
2(𝑡3 − 𝑡2 ) 2

Para validação da técnica, simulou-se o sistema, no ambiente do


EMTP, com duas fontes de alimentação (500𝑘𝑉) com e sem
transformador na barra de número 2. Já no software MatLab, aplicou-se a
transformada wavelet com análise de dados em multi-escala aos sinais
obtidos e, por conseguinte, o ponto de falta foi estimado. Os resultados
foram obtidos com alta precisão, apresentando erros teóricos de 150𝑚.
75

Vale ressaltar que o conjunto de Equações (3.1) proposto por estes


autores, também foi utilizado para a estimação das distâncias das faltas
na LT Barra Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC, no intuito de
contrastar a precisão dos métodos de dois e três terminais de
monitoramento na localização das faltas.

No algoritmo proposto por Dong, Kong e Cui (2009), a


classificação de faltas e identificação das fases acometidas embasaram-se
na onda viajante inicial de corrente.
Sumarizando o processo, os autores utilizaram a transformada de
Karrenbauer para o desacoplamento dos sinais de corrente trifásicos e
prosseguiram com a utilização da transformada wavelet, a partir da
função wavelet diádica, para extração dos coeficientes wavelet. Além
disto, foi aplicado o método do máximo módulo da transformada wavelet
com o intuito de reconstruir estes sinais, dados que esta transformada
contém informações úteis.
Por último, realizou-se uma análise das relações entre as
componentes modais reconstituídas, que eram capazes de descrever as
características de vários tipos de falta.
Utilizaram-se o EMTP para simulação do sistema, representado
na Figura 3.5, e para a análise dos sinais originados pelas faltas, além do
MatLab para programação do software.

Figura 3.5 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão trifásico.

Fonte: Dong, Kong, Cui (2009).

Foram simulados os mais variados tipos de curtos-circuitos e


também foram analisados os efeitos da resistência de falta, do ângulo de
incidência, além de casos de faltas incidentes próximas ao relé do sistema.
Nestas últimas situações, observou-se que a reflexão das ondas viajantes
entre o barramento e o ponto de falta pode interferir nas ondas viajantes
iniciais e assim, ocasionar o surgimento de “zonas mortas” no algoritmo
proposto. Para solucionar este problema, aumentou-se a frequência de
amostragem.
76

Os resultados revelaram uma boa precisão na identificação dos


tipos de falta para a maioria das condições testadas.

Costa e Souza (2011) utilizaram, para efeitos comparativos, a


transformada wavelet discreta (DWT) e a transformada wavelet discreta
com sobreposição máxima (MODWT) objetivando detectar, em tempo
real, os transitórios de faltas induzidas.
O método proposto pelos autores foi dividido em três módulos, a
saber: (1) detecção em tempo real dos transitórios originados pela falta
induzida, utilizando os coeficientes wavelet das tensões e correntes de
fase nos terminais (2) identificação de faltas internas ou externas ao trecho
protegido, utilizando informações advindas de ambos os terminais da
linha e (3) localização da falha em tempo real, também, utilizando
informações de ambos os terminais da linha.
Os autores fizeram uso do RTDS a fim de simular o sistema de
transmissão, modelado com LT’s a parâmetros distribuídos, vide Figura
3.6. Foram impostas diversas condições, tais como – curtos-circuitos
monofásicos, bifásicos, fase-fase-terra e trifásicos – com valores
randômicos de resistência e ângulos de incidência de falta.

Figura 3.6 - Modelo do sistema de potência utilizado.

Fonte: Costa, Souza (2011).

Após as análises dos resultados, observou-se que o uso da


MODWT proporcionou uma detecção mais rápida e melhor localização
em confronto à DWT. Também foi constatado que o método é um pouco
dependente das variações dos parâmetros de linha e de falta.
Vale salientar, aqui, que a etapa desenvolvida por estes
pesquisadores delineou a elaboração do módulo de mesma finalidade
neste estudo, apresentado na subseção 4.4.2.

Jiang et al (2011a) apresentaram um framework híbrido composto


por três módulos, os quais trouxeram consigo a análise de componentes
77

simétricas, mais especificamente, as componentes de sequência negativa,


para detecção de falta; transformada wavelet multinível complexa, para
obtenção dos coeficientes de detalhe das correntes e tensões; PCA, com
o propósito de revelar fatores importantes ocultos por ruídos e
informações redundantes, de modo que a característica da falha pudesse
ser observada, além das SVM’s – técnica computacional cujo objetivo é
encontrar um hiperplano ótimo para dividir conjuntos de dados em duas
classes, isto é, prediz em qual de duas possíveis classes uma entrada de
dados se encaixa – para a subsequente caracterização das falhas.
Já o módulo referente à localização fez uso de ASNN’s para a
estimação do ponto de falta. O fluxograma geral do framework proposto
pode ser observado na Figura 3.7.

Figura 3.7 - Fluxograma geral do framework híbrido.

Fonte: Jiang et al. (2011a).


78

Em um segundo artigo (continuação deste trabalho), Jiang et al


(2011b) implementaram este framework utilizando o FPGA e simularam,
através do MatLab/Simulink, o sistema elétrico de potência Taipower
345𝑘𝑉, cujo diagrama está representado na Figura 3.8.

Figura 3.8 - Topologia real do sistema Taipower de 345kV.

Fonte: Jiang et al. (2011b).

Com base nos resultados obtidos, observou-se que o framework


proposto era adequado para SEP’s simples e complexos, apresentando um
bom desempenho em cenários reais, tal como o utilizado. Ademais, o
método apresentou altos índices de precisão, com erros de localização de
0,5%.
79

Em Lopes, Fernandes Júnior e Neves (2011), o procedimento


sugerido para a localização de faltas foi realizado em cinco etapas: (1)
aquisição de dados de tensão, utilizando DFR’s em ambos os terminais
da linha; (2) cálculo de um fasor de tensão ortogonal em uma referência
estática, utilizando as componentes modais aéreas, obtidas mediante
aplicação da transformada de Clarke; (3) cálculo de um fasor ortogonal
de tensão considerando uma referência não mais estática, a partir da
utilização das componentes modais aéreas resultantes da etapa 2 como
variáveis de entrada na transformada de Park (Tdq0); (4) determinação
dos instantes iniciais dos transitórios e (5) estimação da localização da
falta.
Para validação do método, foram simulados no ATP, mais
especificamente na linguagem MODELS, curtos-circuitos monofásicos,
bifásicos, bifásicos-terra e trifásicos, associados a diferentes parâmetros
de falta, como resistências, ângulos de incidências e distâncias,
acometendo um sistema de 230𝑘𝑉 (vide Figura 3.9), com uma LT
modelada a parâmetros distribuídos, com e sem transposição.

Figura 3.9 - Sistema utilizado.

Fonte: Lopes, Fernandes Júnior, Neves (2011).

Os resultados obtidos creditaram uma boa confiabilidade ao


método, falhando apenas nos casos de alta impedância e ângulos de
incidência de falta próximos a zero, o que corresponde a um percentual
menor que 1% da totalidade dos casos simulados.

No trabalho desenvolvido por Tabatabaei, Mosavi e Rahmati


(2012) foram propostos dois algoritmos para a localização de faltas, os
quais tinham como princípio o uso da TWD, e a utilização de novas
formas para o cálculo da velocidade de propagação, a fim de eliminar os
possíveis erros decorrentes do uso de aproximações. Em ambos os
procedimentos, a estimação do ponto de falta embasou-se nos instantes
de chegada dos transitórios induzidos aos terminais de monitoramento,
80

com sincronização de dados realizada pelo sistema de posicionamento


global (GPS).
O esquemático geral que melhor representa o sistema utilizado está
ilustrado na Figura 3.10.

Figura 3.10 - Esquemático de um sistema com sincronização de dados a partir


do GPS.

Fonte: Tabatabaei, Mosavi e Rahmati (2012).

De forma sucinta, no primeiro algoritmo a velocidade de


propagação (𝑣) foi calculada com base na distância já conhecida, dada a
aplicação de faltas em determinados pontos da linha (𝑑); gravação dos
instantes de chegada da onda aos terminais de medição local e remoto (𝑡1
e 𝑡2) e a partir da substituição destas variáveis na Equação (3.3),
proveniente do diagrama Lattice.

𝐿 − 𝑣(𝑡2 − 𝑡1 ) (3.3)
𝑑=
2

Após isso, utilizou-se a média da velocidade dos casos que


incorreram em menores erros como aproximação para a consequente
localização da falta.
Já no algoritmo 2, a velocidade de propagação da onda (𝑣) foi
determinada com base nas diferenças entre os tempos de chegada destas
(∆𝑡1) e de suas reflexões (∆𝑡2), tal como expressado pela Equação (3.4).

2𝐿 (3.4)
𝑣=
∆𝑡1 + ∆𝑡2
81

Nos dois casos 𝐿 é o comprimento total da LT.

Fez-se uso do software ATP/EMTP para simulação de um sistema


de potência de 400𝑘𝑉 (vide Figura 3.11), acometido por faltas
monofásicas, bifásicas, bifásicas-terra e trifásicas, com várias resistências
e aplicadas em pontos distintos da LT.

Figura 3.11 - Sistema implementado no ATP.

Fonte: Tabatabaei, Mosavi, Rahmati (2012).

Dentre os resultados obtidos, a partir da implementação do


primeiro e segundo métodos, as médias de erros foram de 0,16% e 0,06%,
respectivamente, o que significou uma boa precisão.

Livani e Evrenosoğlu (2013), propuseram um método baseado em


ondas viajantes para classificação e localização das faltas, utilizando
sinais não sincronizados de tensão advindos de três terminais de
monitoramento.
Primeiramente, desacoplaram-se as fases do sistema através da
transformada de Clarke para obtenção das componentes modais e, em
seguida, foi aplicada aos sinais trifásicos e à componente modal terra a
TWD para o conseguinte cálculo e normalização da energia associada aos
coeficientes wavelet. Sendo estas energias entradas para as SVM’s, as
faltas eram, então, classificadas e a LT acometida pelo defeito, ou apenas
metade desta, era identificada.
Finalizando o método, o processo da localização das faltas apoiou-
se na utilização dos coeficientes wavelet do modo aéreo de tensão para
determinação dos instantes de chegada das ondas nos terminais de
monitoramento, juntamente com o diagrama Lattice para a estimação do
ponto da falta.
O fluxograma utilizado para a classificação das faltas pode ser
observado na Figura 3.12.
82

Figura 3.12 - Fluxograma para classificação das faltas.

Fonte: Livani, Evrenosoğlu (2013).

O sistema de transmissão utilizado foi de 230kV/60Hz, com três


terminais, tal como exibido na Figura 3.13, e com LT’s modeladas a
parâmetros distribuídos. Aplicaram-se ao sistema diversas circunstâncias
(diferentes carregamentos, ângulos de incidência da falta, resistências,
impedâncias não-lineares e curtos-circuitos que não são muito comuns em
um sistema elétrico de potência) para validação do método proposto.

Figura 3.13 - Sistema de transmissão de três terminais.

Fonte: Livani, Evrenosoğlu (2013).

O ambiente em que foram realizados os cálculos da velocidade das


ondas viajantes foi o ATP e para implementação do método, utilizaram-
se as Toolboxes Wavelet e SVM, ambas pertencentes ao MatLab.
Os resultados obtidos demonstraram uma grande precisão do
método para classificação das faltas e identificação da linha/metade
defeituosa, falhando apenas em situações de alta resistência de falta
83

associada a um baixo ângulo de incidência. Já para a estimação do ponto


de falta, os autores observaram uma boa correlação entre seus resultados
e aqueles existentes na época.

Nas pesquisas realizadas por Lin, Lin e Liu (2014) foi proposto um
algoritmo para localização de faltas em LT’s não homogêneas (linhas
aéreas e subterrâneas) de três terminais multi-seção utilizando
sincrofasores obtidos através de PMU’s. Para confecção deste algoritmo,
técnicas de localização de faltas em linhas de dois terminais foram
estendidas para linhas de três terminais.
O algoritmo proposto embasou-se no sistema representado na
Figura 3.14 e foi desenvolvido em três etapas: (1) seleção de referência,
cujo objetivo era identificar o ramo defeituoso, passando a configuração
do sistema de três para dois terminais através da seleção dos pontos 𝑃 e
𝐽𝑅(𝑣−1) como referência para os terminais de envio e recebimento de
sinais; (2) processamento dos dados obtidos por meio da transferência dos
sinais obtidos dos terminais de envio ao ponto 𝑃 e daqueles do terminal
de recebimento 𝑅 para o ponto de referência 𝐽𝑅(𝑣−1) , além da geração dos
índices de localização e (3) identificação do ramo defeituoso mediante
análise da relação entre aqueles dois índices, com consequente estimação
do ponto da falta.

Figura 3.14 - Diagrama unifilar de uma linha não homogênea de três terminais.

Fonte: Lin, Lin, Liu (2014).


84

Para validação do método proposto, simulou-se, no


MatLab/Simulink, um sistema de 161𝑘𝑉, com circuito duplo de três
terminais, com linhas não homogêneas, compostas por sete seções, vide
Figura 3.15, sujeito a faltas monofásicas, bifásicas e trifásicas, com
diferentes resistências e ângulos de incidência. Ademais, consideraram-
se diferentes condições pré-falta e distintas impedâncias de fonte.

Figura 3.15 - Sistema simulado.

Fonte: Lin, Lin, Liu (2014).

Após a realização dos testes, observou-se uma robustez do método,


não sendo influenciado pela resistência e tipo de falta, além da
combinação dos parâmetros de linha de cada seção.
Cabe afirmar aqui que a metodologia proposta já foi implementada
no sistema de transmissão de 161𝑘𝑉 de Taiwan desde o ano de 2008,
apresentando uma grande precisão, dado os excelentes resultados obtidos.

Schweitzer et al (2014) apresentaram um algoritmo adequado para


relés diferenciais de corrente de linha. A determinação do tempo de
chegada das ondas viajantes aos terminais foi realizada por um método
diferenciador-amortecedor, no qual os sinais de corrente passavam por
um filtro passa-baixa, objetivando reduzir os efeitos das distorções da
forma de onda.
Após este processo, as saídas resultantes funcionavam como
entrada de um bloco diferenciador, cujas próprias saídas ingressavam em
um estimador de tempo, dotado da técnica da interpolação baseada em
parábolas, responsável pela seleção de algumas amostras anteriores e
posteriores a de valor máximo. Além disto, foi utilizado o método dos
85

mínimos quadrados para ajuste da parábola obtida aos pontos pré-


determinados, resultando na estimação dos tempos de chegada da onda
aos terminais de monitoramento.
O diagrama de blocos que representa o método descrito está
apresentado na Figura 3.16.

Figura 3.16 - Diagrama do diferenciador-amortecedor.

Fonte: Schweitzer et al (2014).

Para análise das ondas viajantes, utilizou-se a transformada de


Clarke que possibilitou a implementação do método com a componente
alfa.
A fim de contornar os erros de dispersão nos tempos de
amostragem, os autores corrigiram a velocidade de propagação das ondas
através da Equação (3.5).
𝑣𝑟𝑒𝑎𝑙 (3.5)
𝑣𝑢𝑠𝑒𝑑 =
1 + 𝐷 𝑣𝑟𝑒𝑎𝑙

Onde 𝐷 é um fator de dispersão por cada unidade de distância e,


então, a partir do comprimento real da LT, das aproximações obtidas para
a velocidade e dos instantes de chegada aos terminais de monitoramento,
estimou-se o ponto de incidência da falta embasando-se no diagrama
Lattice.
Os autores apresentaram, ainda, uma comparação entre os
resultados de testes de campo com a implementação do método proposto
em um relé na linha Goshen-Drummond, 161𝑘𝑉 e aqueles fornecidos
pela BPA. As diferenças que foram apresentadas entre os dados
compreendem um intervalo de 130 a 630𝑚 e é justificada pela não
uniformidade dos afundamentos da linha decorrentes de mudanças na
elevação do terreno e pelas diferenças nas estruturas das torres.

Hamidi e Livani (2015) propuseram um método de localização de


faltas baseado em ondas viajantes para sistemas de transmissão híbridos,
os quais incluem cabos submarinos e linhas aéreas, utilizando transitórios
de tensão advindos de transdutores óticos e sincronizados por GPS’s em
três terminais de monitoramento.
86

Sumariamente, a metodologia aventada estrutura-se em seis etapas


(1) obtenção dos transitórios de tensão; (2) aplicação da transformada de
Clarke; (3) aplicação da TWD aos modos aéreo das LT’s e coaxial do
cabos; (4) obtenção dos instantes de chegada da onda aos terminais de
medição, a partir da análise dos quadrados dos coeficientes wavelet; (5)
cálculo da diferença entre os instantes resultantes da quarta etapa e
aqueles pré-determinados, para posterior identificação do ramo faltoso e
(6) estimação do ponto de falta, consoante o ramo identificado na etapa
precedente.
O fluxograma do método proposto está ilustrado na Figura 3.17.

Figura 3.17 - Fluxograma do método proposto.

Fonte: Hamidi, Livani (2015).

No software EMTP-RV, simulou-se o sistema de transmissão


híbrido de 171𝑘𝑉/60𝐻𝑧 da Figura 3.18, com LT’s e cabos modelados
com parâmetros dependentes da frequência, frente aos variados tipos,
resistências e ângulos de incidência de faltas.
87

Figura 3.18 - Diagrama unifilar de um sistema híbrido de três terminais.

Fonte: Hamidi, Livani (2015).

Posteriormente, a análise dos resultados, realizada através da


Toolbox Wavelet do MatLab, mostrou-se satisfatória, entretanto os
autores observaram a existência de zonas “não identificáveis” nos
arredores da barra J.

Em 2016, Mosavi e Tabatabaei propuseram quatro algoritmos para


localização de faltas, classificados em dois grupos: o primeiro, composto
de dois algoritmos, é o método das ondas viajantes, fundamentados na
determinação dos instantes de chegada dos transitórios aos terminais de
monitoramento e embasados em uma relação linear entre estes e a
localização das faltas, enquanto que o segundo grupo, método de
localização de faltas baseado em RNA’s, é constituído pelos outros dois
algoritmos, os quais consideram que essa relação assume um caráter não-
linear.
Em linhas gerais, no grupo 1 há a aquisição dos sinais de corrente
de ambos os terminais de monitoramento através do GPS; aplicação da
TW nos sinais de sequência positiva para obtenção dos coeficientes de
detalhe; comparação destes com limiares ajustados experimentalmente e
consequente estimação do ponto de falta a partir do diagrama Lattice.
Especificamente, as diferenças entre os dois algoritmos
componentes deste grupo são: (1) utilização dos instantes de chegada das
ondas aos terminais de monitoramento e (2) cálculo da diferença entre os
tempos de chegada das ondas viajantes e suas reflexões.
No grupo 2, o processo de obtenção dos instantes de chegada das
ondas aos terminais de medição é o mesmo do grupo anterior, porém,
agora, há o emprego de RNA’s para o tratamento da não linearidade entre
os instantes de chegada das ondas aos terminais de monitoramento e o
ponto da falta.
88

De modo particular, as duas rotinas deste grupo divergem quanto


aos parâmetros de entrada utilizados nas RNA’s, sendo: (3) tempos de
chegada das ondas viajantes aos dois terminais da LT e (4) juntamente
com as entradas do algoritmo 3, foram considerados os instantes de
chegada de suas reflexões.
Os diagramas de blocos que representam estes dois últimos
algoritmos estão expostos nas Figuras 3.19 e 3.20, respectivamente.

Figura 3.19 - Diagrama de blocos utilizado para exemplificar o Algoritmo 3.

Fonte: Mosavi; Tabatabaei (2016).

Figura 3.20 - Diagrama de blocos utilizado para exemplificar o Algoritmo 4.

Fonte: Mosavi; Tabatabaei (2016).


89

Para validação das técnicas propostas, simulou-se no ATP/EMTP,


um sistema de 400𝑘𝑉, nos moldes da "Iran Distribution Management
Company”, com uma LT de 200𝑘𝑚, modelada a parâmetros distribuídos
e dependentes da frequência, tal qual ilustrado na Figura 3.21. Esse
sistema foi submetido a diversos tipos de falta, com resistências distintas
e incidentes em vários pontos da LT.

Figura 3.21 - LT de 400kV simulada.

Fonte: Mosavi; Tabatabaei (2016).

Após os testes, as análises dos resultados mostraram que quando


comparados os algoritmos 1 e 2, este último apresenta uma melhor
estimação da localização, ou seja, é visto um decréscimo na magnitude
dos erros. Tal comportamento também é observado no confronto entre as
rotinas 3 e 4, onde se observou um menor índice de erros quando se
consideram as ondas refletidas, isto é, no algoritmo 4.

Razzaghi, Rachidi e Paolone (2017) apresentaram uma outra


abordagem para o trabalho com ondas viajantes. Os autores propuseram
um sistema de localização de faltas, para redes AC/DC radiais/em malha,
embasado na EMTR.
Simplificadamente, o método é composto por dois grandes blocos:
o primeiro é representado por uma etapa, correspondente a aquisição de
dados e no segundo bloco, sistema FPGA-RTS, estão as segunda e
terceira etapas. Tal método é descrito sucintamente a seguir.

 Etapa 1: por meio do monitoramento das fases do sistema, apenas


em um terminal, os sinais transitórios são adquiridos e
importados para o sistema localizador de faltas através sensores
de corrente/tensão acoplados aos módulos de entrada analógicas
90

do FPGA. Subsequentemente, os sinais resultantes passam por


um filtro passa-baixa, de primeira ordem, do tipo Butterworth.
Após esta filtragem, os sinais obtidos são subtraídos dos originais
e comparados a limiares pré-estabelecidos, os quais se forem
violados, desencadeiam o processo de gravação das medições
após a ocorrência da falta.

O diagrama de blocos que representa este processo de ativação da


gravação é exibido na Figura 3.22.

Figura 3.22 - Diagrama de blocos utilizado no bloco de acionamento.

Fonte: Razzaghi, Rachidi, Paolone (2017).

Os resultados gerados são, então, processados, revertidos e


deslocados no tempo.

 Etapa 2: a partir da construção e simulação do modelo EMT no


FPGA, proporcionada pela transferência dos dados de rede ao
sistema FPGA-RTS, o sinal revertido no tempo é injetado
novamente na rede no mesmo ponto de observação (aquele em
que os transitórios originados pela falta foram monitorados). Em
seguida, para cada simulação era determinada então a corrente de
falta em um ponto conhecido da rede – GFL.

 Etapa 3: é realizado o cálculo da energia do sinal da corrente


FCSE que flui no ponto GFL, caracterizado por apresentar uma
energia de maior magnitude, para estimação do ponto de falta.

As três etapas descritas anteriormente, utilizadas no


desenvolvimento do método, estão ilustradas na Figura 3.23.
91

Figura 3.23 - Estrutura do processo de localização de faltas.

Fonte: Razzaghi, Rachidi, Paolone (2017).

Para validação do método proposto, simularam-se dois sistemas no


FPGA-RTS: (1) sistema MTDC de alta tensão, composto por cinco LT’s
conectadas a estações conversoras, acometido por dois diferentes tipos de
falta (bifásicas e monofásicas), incidentes em pontos distintos e (2)
sistema radial de subtransmissão/distribuição, também composto pela
mesma quantidade de LT’s e acometido por faltas trifásicas, além
daquelas consideradas no caso anterior.
Ambos os sistemas estão apresentados nas Figuras 3.24 e 3.25,
respectivamente.

Figura 3.24 - Sistema MTDC de alta tensão.

Fonte: Razzaghi, Rachidi, Paolone (2017).


92

Figura 3.25 - Sistema radial.

Fonte: Razzaghi, Rachidi, Paolone (2017).

Após a realização do testes do sistema MTDC, exibido na Figura


3.24, os autores observaram que todas as faltas bifásicas foram
localizadas corretamente, entretanto algumas incoerências foram
percebidas na estimação do ponto de incidência das faltas monofásicas.
Já os resultados da implementação do método para o segundo
sistema, ilustrado na Figura 3.25, foram satisfatórios, desvelando uma boa
precisão na localização das faltas e identificação da linha faltosa, dado
que apenas 1,15% da totalidade dos casos simulados falharam.

Uma outra variante dos métodos embasados nas TOV’s foi


explorada por Bustamante-Mparsakis et al (2017), os quais propuseram a
localização de faltas fundamentada no reconhecimento de padrões.
Após a obtenção dos sinais trifásicos de tensão e corrente dos dois
terminais de monitoramento da LT estudada, utilizaram-se equações
telegráficas reformuladas para o cálculo da tensão no ponto de falta e
foram adotadas algumas premissas, tais como, desconsideração do fator
de atenuação e distorção, além da invariância da velocidade e da
impedância característica da linha no espectro de frequência analisado.
Vale ressaltar que para o sistema trifásico, foi necessária a utilização da
transformação de Clarke, objetivando a decomposição modal.
O passo seguinte foi a construção dos sinais pela combinação de
dados remotos e locais e aplicação de um fator de correção para
melhoramento do algoritmo de reconhecimento de padrões,
considerando, desta vez, a atenuação e fatores de reflexão.
Por último, o reconhecimento de padrões, implementado pelo
método dos mínimos quadrados nesta pesquisa, foi utilizado de forma a
verificar a semelhança entre dois sinais para fins de cálculo das variações
entre os tempos de chegada das ondas aos terminais da LT.
93

Consequentemente, a variação de maior amplitude foi utilizada na


estimação do ponto de falta.
Os autores implementaram no ATP/EMTP, o sistema, ilustrado na
Figura 3.26, com LT’s nos modelos Bergeron e JMarti para efeitos
comparativos.

Figura 3.26 - Sistema utilizado.

Fonte: Bustamante-Mparsakis et al (2017).

Após as simulações do sistema com o modelo Bergeron de LT’s,


observou-se que a distorção é um fator que não influi nas ondas viajantes
e que os sinais obtidos pelo uso da combinação dos dados locais e remotos
da LT são similares quando há deslocamento de tempo. Tal
comportamento, também foi visto para aqueles sinais resultantes apenas
dos dados locais, desde que a janela de tempo estivesse correlacionada ao
tempo total de propagação na linha.
Já para os modelos JMarti de LT’s, verificou-se que os sinais
obtidos pelo uso da combinação dos dados locais e remotos da LT,
diferem um dos outros quando há o deslocamento no tempo.
A metodologia proposta foi implementada em um registrador de
faltas de um sistema de transmissão belga, vide Figura 3.27, porém não
apresentou bons resultados, o que foi justificado pela topologia da linha
não ser adequada para o algoritmo e pela existência de reflexões no ponto
de junção T.

Figura 3.27 - Sistema de transmissão belga.

Fonte: Bustamante-Mparsakis et al (2017).


94

No trabalho realizado por Lopes e Silva (2017) é desenvolvido um


método embasado na TOV’s para localização de faltas com conexão a
terra, em sistemas dotados de dois terminais, com independência da
sincronização de dados e de ajustes na velocidade de propagação das
OV’s.
Resumidamente, o método proposto parte da aquisição dos sinais
trifásicos de corrente de ambos os terminais de medição para o
consequente desacoplamento mediante a transformada de Karrenbauer.
Com a utilização das componentes dos modos aéreo 1 e terra resultantes,
empregou-se um filtro diferenciador-amortecedor para obtenção das altas
frequências dos sinais, visando a posterior identificação dos instantes de
chegada das ondas aos terminais de monitoramento.
Por fim, o ponto de falta foi estimado a partir da análise do
diagrama de reflexões exposto na Figura 3.28 e de formulações
matemáticas inferidas a partir deste, descritas a seguir.

Figura 3.28 - Diagrama de reflexões para uma falta com conexão a terra.

Fonte: Lopes, Silva (2017).

A partir da observação da propagação das ondas dos modos aéreo


e terra, com velocidades diferentes (𝑣1 e 𝑣0 , nesta ordem), incidindo em
distintos instantes de tempo nas barras 𝐿 e 𝑅 (𝑡𝐿1, 𝑡𝐿0 , 𝑡𝑅1 e 𝑡𝑅0,
respectivamente), calculou-se a distância 𝑑, apontada no gráfico das
reflexões, por meio da Equação (3.6), adotando a barra 𝐿 como referência.

(𝑡𝐿0 − 𝑡𝐿1 )𝑣0 𝑣1 (3.6)


𝑑1𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 =
𝑣1 − 𝑣0

Utilizando posteriormente a barra 𝑅 como referência, obteve-se a


distância 𝐿 − 𝑑, a qual pôde ser computada mediante a Equação (3.7).
95

(𝑡𝑅0 − 𝑡𝑅1 )𝑣0 𝑣1 (3.7)


𝐿−𝑑 =
𝑣1 − 𝑣0

O comprimento total da LT, denotado pela Equação (3.8), foi então


obtido pelo somatório das Equações (3.6) e (3.7).

[(𝑡𝐿0 − 𝑡𝐿1 ) + (𝑡𝑅0 − 𝑡𝑅1 )]𝑣0 𝑣1 (3.8)


𝐿̃ = 𝑑 + (𝐿 − 𝑑) =
𝑣1 − 𝑣0

Concluindo a formulação matemática do problema, o autor


calculou a distância da falha à barra L no sistema por-unidades, isto é,
dividiu a Equação (3.6) pela (3.8), de maneira a anular o parâmetro
velocidade da estimação do ponto de falta, visto que este é um dos
objetivos deste trabalho. A expressão resultante é, então, descrita pela
Equação (3.9).

(𝑡𝐿0 − 𝑡𝐿1 ) (3.9)


𝑑𝑝𝑟𝑜𝑝(𝑝𝑢) =
[(𝑡𝐿0 − 𝑡𝐿1 ) + (𝑡𝑅0 − 𝑡𝑅1 )]

Para avaliar o desempenho do algoritmo simulou-se, no ATP, um


sistema de 500𝑘𝑉/60𝐻𝑧, com parâmetros reais, representado na Figura
3.29, imbuído de quatro linhas adjacentes de diferentes comprimentos e
transformadores que foram modelados idealmente, submetido a faltas
francas do tipo AT e ABT incidentes em diversos pontos da LT.

Figura 3.29 - Sistema elétrico simulado.

Fonte: Lopes, Silva (2017).

Com os dados oscilográficos obtidos pelo ATP, o estudo assumiu


inicialmente um caráter comparativo entre o algoritmo proposto e outras
técnicas, também embasadas na TOV’s, aplicadas em sistemas de um e
96

dois terminais de monitoramento, considerando erros nos parâmetros da


LT e de sincronismo.
Como resultado das análises, foi observado um melhor
desempenho em relação àquelas que utilizam a técnica clássica de dois
terminais, cujo cálculo da distância é apoiado no diagrama Lattice, e
aquelas correlacionadas a um método alternativo de um terminal que não
necessita de informações sobre as ondas refletidas.
Em um segundo momento foi adotado um perfil avaliativo do
desempenho do algoritmo em sistemas reais, considerando dois registros
oscilográficos de dispositivos em uma LT de 220𝑘𝑉/50𝐻𝑧, com
comprimento de 93,11𝑘𝑚 em operação na China. Os resultados
demonstraram boa precisão do método.

3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Exposta a literatura correlacionada aos métodos embasados na


TOV’s, conclui-se que estes, basicamente, apoiam-se na identificação dos
instantes de chegada das frentes de onda nos terminais de monitoramento
de uma LT, os quais são utilizados na localização de faltas. Outrossim,
esses métodos ainda são utilizados na detecção e classificação de falhas,
fornecendo de tal forma, uma avaliação completa sobre os distúrbios.
Quanto à forma de implementação, estes métodos podem ter seus
registros oscilográficos adquiridos mediante um, dois ou três terminais de
monitoramento, com ou sem sincronismo de dados e serem desenvolvidos
através de várias técnicas, tais como TW e suas variantes; filtros, a
exemplo do diferenciador amortecedor; Tdq0; análise de componentes
simétricas; ASSN; PCA e SVM.
Além disto, percebe-se que as simulações dos sistemas foram
realizadas em softwares como o ATP-EMTP e MatLab/Simulink,
enquanto que os algoritmos de detecção, localização e classificação foram
confeccionados em ambientes como o MatLab (incluso suas Toolboxes),
FPGA e RTDS.
Dada a grande variedade de formas que os métodos fundamentados
na TOV’s assumem, uma classificação plausível para estes apoia-se na
quantidade de terminais de medição.
Segundo Rodrigues et al. (2017), os métodos de um terminal são
classificados em três grupos: (1) método tipo A, caracterizado por lidar
com os instantes de chegada da primeira frente de onda ao terminal de
monitoramento e com suas reflexões; (2) método tipo C, o qual faz uso
de sinais refletidos, dada a existência de alguma descontinuidade na LT,
a partir da aplicação de um transitório e (3) método tipo E, cujos
97

transitórios são originados pela atuação de disjuntores na energização da


LT.
Ainda conforme Rodrigues et al. (2017), os métodos de dois
terminais são classificados em apenas dois grupos, a saber: (1) método
tipo B, no qual somente um dos terminais de monitoramento utiliza uma
base de tempo precisa, havendo a necessidade de um canal de
comunicação ótimo, a exemplo das fibras óticas, para a sincronização dos
dados e (2) método tipo D, o qual demanda, também, de um meio de
comunicação entre os terminais de medição, porém em ambos a
sincronização dos sinais é realizada via GPS.
Já os métodos de múltiplos terminais apresentam novas
formulações matemáticas, fazem uso de ondas incidentes e de suas
reflexões, assim como, dados sincronizados ou não. Vale salientar que,
em muitas vezes, o seu desenvolvimento é apoiado na extensão das
técnicas utilizadas nos métodos de dois terminais.
Abreviadamente, são apresentadas na Tabela 3.1, os dados
referentes aos trabalhos expostos neste capítulo, tais como o número de
terminais envolvidos, técnicas empregadas/variantes utilizadas pelos
autores, bem como, os escopos que os conduziram.
98

Tabela 3.1 - Síntese da revisão bibliográfica.


Autores Nº de Técnicas Escopos
terminais utilizadas/variante Det.* Id.* Loc.*
Silveira, Seara e Zürn 1T AMR -  -
(1999)
Silveira e Zürn (2001) 2T AMR - - 
Soares, Oliveira e 1T AMR   -
Carvalho Júnior
(2003)
Feng et al. (2008) 3T MPTW* - - 
Dong; Kong; Cui 1T WTMM -  -
(2009)
Costa e Souza (2011) 2T TWD e MODWT  
Jiang et al. (2011a) X ACS*, AMR, PCA,   
SVM ASSN
Lopes, Fernandes 2T Tdq0 - - 
Júnior e Neves (2011)
Tabatabaei, Mosavi e 2T TWD - - 
Rahmati (2012)
Livani e Evrenosoğlu 2T TWD e SVM -  
(2013)
Lin, Lin e Liu (2014) 3T ACS* - - 
Schweitzer et al. 2T FDA* - - 
(2014)
Hamidi e Livani 3T TWD - - 
(2015)
Mosavi e Tabatabaei, 2T TW e RNA - - 
(2016)
Razzaghi, Rachidi e 1T EMTR - - 
Paolone (2017)
Bustamante-Mparsakis 2T Reconhecimento de - - 
et al. (2017) padrões
Lopes e Silva (2017) 2T FDA* - - 
*Onde Det. = detecção; Id. = identificação; Loc. = localização; MPTW = produto
multi-escalar da transformada wavelet; ACS = análise de componentes
simétricas; FDA = filtro diferenciador amortecedor.
Fonte: Próprio autor.
99

4 METODOLOGIA

Inicialmente neste capítulo, será apresentado um sistema-base,


correspondente a LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI da região
Nordeste, o qual foi modelado segundo alguns parâmetros
disponibilizados na literatura e delineado pelas diretrizes já estabelecidas
para o estudo de transitórios eletromagnéticos, as quais serão explanadas
no decorrer deste capítulo.
De modo semelhante, serão expostas as características da LT Barra
Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC e seu respectivo processo de
modelagem, fundamentado nas premissas consideradas para o sistema-
base e parametrizado de acordo com os dados fornecidos em projeto,
visando atender aos objetivos do projeto TECCON.
A partir da solução de monitoramento proposta por este projeto,
será disponibilizado mais um ponto de medição de sinais de corrente,
dantes não conhecido. Com estas novas informações, objetiva-se avaliar
a viabilidade de utilizá-las na localização de faltas.

Pormenorizadamente, este capítulo está estruturado em cinco


seções: na primeira constarão os sistemas analisados com suas respectivas
características; na segunda serão abordados os fenômenos estudados; a
terceira compreenderá o processo de modelagem dos sistemas no ATP;
na quarta estará toda a formulação, juntamente com algumas elucubrações
pertinentes ao desenvolvimento dos módulos computacionais e, por
último, na quinta seção serão realizadas algumas considerações finais.

4.1 SISTEMAS ANALISADOS

4.1.1 LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI

Com base no estudo de Almeida (2017), neste trabalho, utilizou-se


também a linha de transmissão de 500𝑘𝑉 que interliga as SE’s de
Presidente Dutra/MA e Boa Esperança/PI, pertencente a CHESF,
demarcada na Figura 4.1.
100

Figura 4.1 - Interligações entre os submercados N, NE e SE/CO.

Fonte: ONS (2010).

Para modelagem do sistema, consideraram-se, então, dois


terminais de medição situados nas extremidades inicial e final da LT, 𝑡𝐿
(terminal local) e 𝑡𝑅 (terminal remoto), respectivamente e geradores com
reatâncias de sequências zero e positiva de 5,65𝑚𝐻/𝑚. O diagrama
unifilar correspondente ao sistema pode ser visualizado na Figura 4.2.

Figura 4.2 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão.

Fonte: Próprio autor.

Ademais, os dados geométricos da torre de transmissão padrão de


500𝑘𝑉 são apresentados na Figura 4.3 e as características dos condutores
e cabos-guarda relacionadas na Tabela 4.1 (ALMEIDA, 2017;
CANTANHEDE, 2014).
101

Figura 4.3 - Torre da LT de 500kV.

Fonte: Cantanhede (2014).

Tabela 4.1 - Características dos condutores e cabos guarda da LT.


Condutores Fase Para-raios
Tipo Grosbeak HS 3/8′′
Raio externo (𝒄𝒎) 1,257 0,4572
Raio interno (𝒄𝒎) 0,4635 0
Número de condutores por fase 4 0
Altura da flecha (𝒎) 12 7
Resistência DC (𝒐𝒉𝒎/𝒌𝒎) 0,08998 4,188
Fonte: Cantanhede (2014).

4.1.2 LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC

Nesta pesquisa, também estudou-se a LT de 230𝑘𝑉/60𝐻𝑧, de


circuito duplo, com 195𝑘𝑚 de extensão, integrante do Sistema de
Transmissão da Região Sul e que interliga as subestações Barra Grande,
Lages e Rio do Sul situadas no estado de Santa Catarina (ANEEL, 2005a).
A LT descrita pode ser vista no mapa eletro-geográfico dos
principais elos existentes do sistema de suprimento a região catarinense
ilustrado na Figura 4.4 (ANEEL, 2005a).
102

Figura 4.4 - Mapa eletro-geográfico.

Fonte: ANEEL (2005).

Considerando que os parâmetros das LT’s que compõem os


trechos de Barra Grande a Lages e de Lages a Rio do Sul são iguais,
modelou-se apenas o segundo trecho de extensão igual a 99𝑘𝑚,
parametrizando-o de acordo com os dados fornecidos no projeto.
Além disto, para uma melhor análise do comportamento do sistema
frente aos eventos investigados, julgou-se necessário simulá-lo com a sua
corrente nominal (dado o conhecimento deste parâmetro) e, com este
intuito, modelou-se uma carga trifásica conectada em estrela em
substituição ao gerador adjacente ao terminal remoto da LT Presidente
Dutra/MA – Boa Esperança/PI.
Ainda com relação à modelagem deste sistema, foram
considerados três terminais de monitoramento, dois destes situados nas
extremidades inicial e final da linha, assim como na LT Presidente Dutra/
MA - Boa Esperança/PI, também denominados de 𝑡𝐿 e 𝑡𝑅 , nesta ordem e
um outro terminal de medição (𝑡𝐼 ) posicionado no ponto médio da LT,
representando o isolador instrumentado a ser alocado.
O diagrama unifilar correspondente ao sistema pode ser
visualizado na Figura 4.5.
103

Figura 4.5 - Diagrama unifilar do sistema de transmissão.

Fonte: Próprio autor.

Ademais, os dados geométricos da torre de transmissão, de modelo


cônico, assumidos no projeto desta LT, a configuração adotada para o
trecho Lages/Rio do Sul e as características dos condutores e cabos-
guarda estão apresentados nas Figuras 4.6, 4.7 e Tabela 4.2,
respectivamente.

Figura 4.6 - Torre da LT da região catarinense.

Fonte: STC (2006) - adaptado.

Figura 4.7 - Configuração adotada.

Fonte: STC (2006).


104

Tabela 4.2 - Características dos condutores e cabos-guarda da LT.


Condutores Fase Para-raios
4𝑘𝑚 iniciais e Restante da
finais LT
Tipo CAA CAA MINORCA 3/8" EAR
BLUEJAY
Raio externo (𝒄𝒎) 1,599 0,4890 0,457
𝐍 𝐨 de condutores por 1 1 1
fase
Altura da flecha (𝒎) 20,32 16,81 16,81
Resistência DC 0,06103 0,51450 4,2322
(𝛀/𝒌𝒎)
NOTA: As flechas dos cabos para-raios foram consideradas iguais neste trabalho.
Fonte: STC (2006) - adaptado.

Complementando, na Tabela 4.3 ainda são relacionados outros


dados importantes para a modelagem do sistema no ATP em
conformidade com o projeto.

Tabela 4.3 - Demais parâmetros necessários a simulação.


Parâmetros Valores assumidos
Tensão nominal (𝒌𝑽) 230
Corrente nominal (𝑨) 879
Nível de 𝑰𝒄𝒄 nas SE’s (𝒌𝑨) 31,5
Frequência do sistema (𝑯𝒛) 60
Resistência de aterramento da SE (𝛀) 1
Resistência de aterramento da torre (𝛀) 15
Resistividade do solo (𝛀 ∙ 𝒎) 1000
Fonte: STC (2006) - adaptado.

4.2 FENÔMENOS ESTUDADOS

A determinação do tipo de evento a ser estudado é de extrema


importância, pois de acordo com Cigrè WG 33-02 (1990) e Martinez-
Velasco (2010), para a correta modelagem dos componentes de sistemas,
na simulação de transitórios, deve-se considerar o intervalo de
frequências do próprio fenômeno.
Na Tabela 4.4 estão relacionadas as situações e as faixas de
frequência dos transitórios eletromagnéticos originados passíveis de
ocorrer em um sistema.
105

Tabela 4.4 - Origem e intervalo de frequências de transitórios.


Origem Frequência
Ferroressonância 0,1𝐻𝑧 a 1𝑘𝐻𝑧
Rejeição de carga 0,1𝐻𝑧 a 3𝑘𝐻𝑧
Eliminação de falhas 50𝐻𝑧 a 3𝑘𝐻𝑧
Chaveamento 50𝐻𝑧 a 20𝑘𝐻𝑧
Tensão de restabelecimento transitória 50𝐻𝑧 a 100𝑘𝐻𝑧
Sobretensões induzidas por descargas atmosféricas 10𝑘𝐻𝑧 a 3𝑀𝐻𝑧
Mudança de seccionador em subestações isoladas a gás 100𝑘𝐻𝑧 a 50𝑀𝐻𝑧
(GIS)
Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Ainda conforme Cigrè WG 33-02 (1990), as faixas de frequências


dos transitórios são classificadas em quatro grupos, vide Tabela 4.5.

Tabela 4.5 - Classificação dos intervalos de frequência.


Grupo Frequência Denominação Representação
I 0,1𝐻𝑧 a 3𝑘𝐻𝑧 Transitórios de Sobretensões
baixa frequência temporárias
II 50/60𝐻𝑧 a Transitórios de Sobretensões causadas
20𝑘𝐻𝑧 frente lenta por chaveamento
III 10𝑘𝐻𝑧 a 3𝑀𝐻𝑧 Transitórios de Sobretensões causadas
frente rápida por descargas
atmosféricas
IV 100𝑘𝐻𝑧 a 50𝑀𝐻𝑧 Transitórios de Restrike overvoltages
frente muito
rápida
Fonte: Cigrè WG 33-02 (1990).

Inicialmente, o escopo deste estudo se ateve à detecção,


classificação e localização de faltas induzidas na frequência de
chaveamento, a qual representa os transitórios de frente lenta. Entretanto,
como pode ser constatado, mediante a revisão bibliográfica realizada no
capítulo 3, que na literatura foram encontradas, apenas, pesquisas
envolvendo este tipo de evento, foram incorporados à este estudo, a
detecção e localização de faltas induzidas por descargas atmosféricas.

4.2.1 Chaveamento

Segundo Grainger e Stevenson (1994), uma falta em um sistema


de potência pode ser originada a partir de quaisquer condições anormais
106

que venham a acometê-lo, interferindo no fluxo normal de corrente, as


quais serão dissemelhantes àquelas da condição de regime permanente.
Como mencionado no Capítulo 1, as faltas em um sistema são
suscitadas a partir de problemas de natureza térmica e de isolação - tais
como sobrecarga do sistema e desgaste do isolamento ao longo do tempo
- fatores climáticos, como ventos e chuvas fortes, acúmulo de neve e
descargas atmosféricas; erro humano, que pode ser exemplificado pela
manutenção inadequada, além de problemas elétricos, os quais são
relacionados à operação do sistema – tais como estabelecimento de
condições súbitas de sobretensão e chaveamento/manobra
(KINDERMANN, 1997; TLEIS, 2008).
Os curtos-circuitos em LT’s são classificados em simétricos e
assimétricos. A primeira classe compreende as faltas trifásicas, nas quais
as três fases do sistema são afetadas igualmente, o que induz a valores de
corrente semelhantes. Em contrapartida, o segundo grupo é caracterizado
por um desbalanço entre as fases do sistema que é promovido por faltas
monofásicas-terra, bifásicas e bifásicas-terra (GRAINGER;
STEVENSON, 1994).
De acordo com Goh et al. (2017) a distribuição da probabilidade
de ocorrência e o grau de severidade dos curtos-circuitos mencionados
anteriormente estão relacionados na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Probabilidade de ocorrência e severidade de cada tipo de falta.


Tipos de curto-circuito Ocorrência Grau de severidade
(%)
Monofásicos-terra 85% Muito baixo
Bifásicos 8% Baixo
Bifásicos-terra 5% Moderado
Trifásicos ≥ 2% Muito alto
Fonte: Goh et al. (2017).

Caracterizando o fenômeno do chaveamento, serão simulados,


neste estudo, os curtos-circuitos monofásicos-terra, bifásicos e trifásicos,
os quais serão descritos sucintamente a seguir:

 Curto-circuito monofásico-terra

Evidenciado pelo maior percentual de incidência, o curto-circuito


monofásico-terra ocorre mediante uma conexão direta entre uma fase da
LT e a terra (curto-circuito franco) ou através de uma impedância de falta.
107

Neste tipo de defeito, as correntes das fases não envolvidas no


curto-circuito diminuem significativamente, tornando-se nulas, enquanto
que a corrente da fase conectada à terra aumenta de forma acentuada.
A condição de contorno para as correntes de um curto-circuito
monofásico-terra, tipo AT, é descrita por:

𝑖𝑏 = 𝑖𝑐 = 0

Ademais, o esquemático deste curto-circuito é ilustrado na Figura


4.8.

Figura 4.8 - Curto-circuito monofásico-terra tipo AT.

Fonte: Próprio autor.

 Curto-circuito bifásico

O segundo tipo de curto-circuito mais frequente em LT’s também


pode possuir uma conexão franca ou através de uma impedância entre
fases e é caracterizado pelo aumento abrupto das correntes das fases
envolvidas no defeito, as quais assumem iguais magnitudes, enquanto que
a corrente da fase não envolvida, torna-se nula.
As condições de contorno para as correntes de um curto-circuito
bifásico, tipo AB, são explicitadas por:

𝑖𝑎 + 𝑖𝑏 = 0
𝑖𝑐 = 0

Outrossim, está ilustrado na Figura 4.9 este tipo de curto-circuito.

Figura 4.9 - Curto-circuito bifásico tipo AB.

Fonte: Próprio autor.


108

 Curto circuito trifásico

Apesar da menor probabilidade de ocorrência, o curto-circuito


trifásico apresenta o maior grau de severidade e acomete as três fases da
LT, as quais podem ser interligadas diretamente ou através de
impedâncias.
Similarmente aos demais curtos-circuitos supracitados, há um
aumento significativo e equitativo das correntes em relação àquelas da
operação do sistema em regime permanente.
Neste caso, a condição de contorno para as correntes é expressada
por:

𝑖𝑎 + 𝑖𝑏 + 𝑖𝑐 = 0

Por fim, está exemplificado na Figura 4.10 um curto-circuito


trifásico.

Figura 4.10 - Curto-circuito trifásico.

Fonte: Próprio autor.

É importante frisar que condições de contorno relacionadas às


correntes e explicitadas anteriormente delinearão o desenvolvimento do
módulo classificador neste estudo.

Semelhantemente às demais pesquisas encontradas na literatura,


estas situações de contingência foram simuladas com diferentes variáveis,
tais como impedâncias, ângulos de incidência de falta e distâncias em
relação ao terminal local, no intuito de reproduzir a aleatoriedade deste
fenômeno.
Para um maior esclarecimento sobre estas terminologias utilizadas
nos estudos de transitórios eletromagnéticos, faz-se necessário uma breve
descrição sobre as mesmas.
109

 Impedâncias de falta

Segundo Andrade e Sorrentino (2011), uma impedância de falta


pode ser composta por um arco elétrico, impedância de aterramento da
torre e objetos conectando a fase e a terra, no caso de faltas com conexão
ao solo e entre as próprias fases da LT. Na literatura, estes três itens são
modelados, simplificadamente, por uma resistência.
Na Figura 4.11 estão ilustradas as respostas do sistema ante a
aplicação de um curto-circuito BC, com resistências de falta iguais 10Ω
e 70Ω e pode-se inferir que esta variável influi diretamente sob as
magnitudes das correntes, o que está em consonância com Andrade e
Sorrentino (2011), o qual afirma que impedâncias de falta limitam as
correntes de curto-circuito.

Figura 4.11 - Curto-circuito bifásico BC com resistência de falta igual a: (a)


10Ω; (b) 70Ω.

Fonte: Próprio autor.

 Ângulo de incidência

O ângulo de incidência de uma falta está relacionado diretamente


ao momento em que esta acomete um ponto específico do sinal senoidal
da tensão de fase e pode ser controlado através da imposição da própria
falta em um determinado instante de tempo.
Para uma melhor compreensão, considera-se inicialmente que a
tensão em uma determinada fase é descrita pela Equação (4.1).

𝑉𝑓 (𝑡) = √2𝑉𝑟𝑚𝑠 sin(2𝜋𝑓𝑡 + ∅𝑓 ) (4.1)


Onde:

𝑉𝑓 : tensão de fase;
𝑉𝑟𝑚𝑠 : tensão eficaz;
𝑓: frequência do sistema;
110

∅𝑓 : ângulo de fase.

Mediante a análise da expressão denotada em (4.1), infere-se que


através da manipulação do instante de incidência da falta (𝑡), o argumento
da função senoide varia de −1 a +1 e consequentemente, verificam-se os
pontos de tensão mínima e máxima.
Exemplifica-se, através das Figuras 4.12 e 4.13, o efeito da
variação do ângulo de incidência mediante duas situações: na primeira, a
imposição do curto-circuito é realizada no instante em que a tensão de
fase é nula, ou seja, com um ângulo de incidência de 0°. Já na segunda, o
defeito ocorre quando o valor da tensão de fase é máximo, isto é, o ângulo
é igual a 90°.
Na Figura 4.12, observa-se nitidamente que a partir da aplicação
do curto-circuito, há uma oscilação do sistema e os transitórios de alta
frequência são praticamente imperceptíveis, tanto nos sinais de tensão
como nos de corrente, o que dificulta, consequentemente, os processos de
detecção e localização.

Figura 4.12 - Curto-circuito monofásico AT aplicado com ângulo de incidência


de 0° graus, impedância de falta de 70Ω e distante 60𝑘𝑚 do terminal local: (a)
tensões de fase; (b) correntes de fase.

Fonte: Próprio autor.

Em contrapartida, quando o curto-circuito é aplicado a 90°, vide


Figura 4.13, pode-se constatar que os transitórios induzidos dispõem de
maiores amplitudes, em ambos os sinais de tensão e corrente, facilitando
consideravelmente a detecção e localização.
111

Figura 4.13 - Curto-circuito monofásico AT aplicado com ângulo de incidência


de 90° graus, impedância de falta de 70Ω e distante 60𝑘𝑚 do terminal local: (a)
Tensões de fase; (b) correntes de fase.

Fonte: Próprio autor.

Esta influência da variação do ângulo de incidência sob a resposta


do sistema, na qual os transitórios de alta frequência são mais
significativos quando da aplicação da falta em um ângulo de incidência
de 90° do que quando inserida no momento em que a tensão é nula,
também foi constatada por Johns, Aggarwal e Bo (1994).

 Distância da falta ao terminal local

Esta terminologia é uma referência à localidade física da incidência


da falta na LT e é uma variável de extrema importância a ser considerada
em estudos de transitórios eletromagnéticos, pois quanto mais distante do
terminal de monitoramento uma falta ocorrer, mais acentuadas serão as
atenuações e distorções que as OV’s sofrerão, a medida em que se
propagarem em direção ao terminal, tal como explanado na subseção
2.2.2.
Tal consideração pode ser observada na Figura 4.14, na qual logo
após a aplicação do curto-circuito, as amplitudes das correntes das fases
A e B, para uma distância de 20𝑘𝑚 ao terminal local, são superiores em
relação àquelas do mesmo defeito incidente à 130𝑘𝑚.
112

Figura 4.14 - Curto-circuito bifásico AB incidente à: (a) 20𝑘𝑚; (b) 130𝑘𝑚.

Fonte: Próprio autor.

Diante da imprevisibilidade do tipo, impedância e ângulo de


incidência de uma falta, simulou-se o fenômeno do chaveamento,
característico do grupo II, consonante às condições apresentadas nas
Figuras 4.15 (a) e (b) para as LT’s Presidente Prudente/MA - Boa
Esperança/PI e Barra Grande/SC - Lages/SC - Rio do Sul/SC,
respectivamente.

Figura 4.15 - Situações simuladas para faltas induzidas na frequência de


chaveamento: (a) Presidente Prudente/MA - Boa Esperança/PI; (b) Barra
Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC.

Fonte: Próprio autor.


113

4.2.2 Descargas atmosféricas

A descarga atmosférica é um fenômeno natural cuja formação é


desencadeada a partir de colisões entre partículas esféricas de gelo de
densidade elevada, denominadas de partículas graupel, de tamanhos
diferentes ou cristais de gelo, no interior das nuvens. Estas colisões
fomentam a separação das partículas com cargas elétricas opostas e, por
conseguinte, o surgimento de um campo elétrico, o qual é capaz de
promover a ruptura do meio dielétrico seja dentro da própria nuvem, no
solo ou em suas proximidades (COORAY, 2014).
Na Figura 4.16 está ilustrada a separação das cargas elétricas que
propiciam o surgimento de descargas.

Figura 4.16 - Separação de cargas elétricas no interior de uma nuvem.

Fonte: Cooray (2014).

De acordo com Cooray (2014), as descargas atmosféricas são


classificadas em três grupos: (1) descargas intra-nuvens, as quais ocorrem
no interior das nuvens e é o tipo mais comum; (2) descargas nuvem-solo,
cuja ocorrência é entre a nuvem e o solo, sendo categorizadas ainda em
ascendentes, as quais são promovidas a partir do solo e descendentes, cuja
origem é a nuvem e (3) descargas nuvem-ar, as quais são denominadas
desta forma por não entrarem em contato com o solo.
Os grupos supracitados podem ser visualizados na Figura 4.17.
114

Figura 4.17 - Tipos descargas atmosféricas: (a) intra-nuvem; (b) nuvem-


solo; (c) nuvem-ar.

Fonte: Cooray (2014).

Para a detecção e localização de faltas induzidas por descargas


atmosféricas em LT’s, aquelas classificadas como sendo do tipo nuvem-
solo, serão o foco desta pesquisa.
É importante ressaltar que o estudo de tal fenômeno, característico
do grupo dos transitórios de frente rápida, é de extrema importância, uma
vez que, estatísticas revelam que, em âmbito nacional, aproximadamente,
70% e 40% dos desligamentos ocorridos nos setores da transmissão e
distribuição são promovidos por tais fenômenos (INPE/ELAT, 2018).
Conforme a NBR5419-1, uma descarga atmosférica incidente nas
proximidades de linhas elétricas, ou diretamente sob estas quando
conectadas à diversos tipos de estrutura, como por exemplo, indústrias,
hospitais, moradias e estações de geração e transmissão de energia
elétrica, podem causar três tipos de danos: (1) às pessoas; (2) físicos, que
compreendem explosões, avarias mecânicas e incêndios e (3) falhas em
sistemas internos devido aos efeitos eletromagnéticos induzidos (ABNT,
2015).
Além disto, esta norma ainda relaciona que as perdas mais
relevantes para as incidências relacionadas são: perda humana; perda de
serviço ao público, a qual inclui a interrupção no fornecimento de energia,
sinais de telecomunicações, entre outros; perda de patrimônio cultural e
perdas de valor econômico (ABNT, 2015).
Referindo-se ainda ao cenário brasileiro, a densidade de descargas
atmosféricas ou raios está representada na Figura 4.18. Nesta, observa-se
que a região entre os estados do Maranhão e Piauí e a área catarinense,
onde estão alocadas as LT’s em estudo, possuem, respectivamente,
índices de 3 a 7 e de 7 a 9 descargas atmosféricas/𝑘𝑚2/ano.
115

Figura 4.18 - Mapa de densidade de raios no Brasil.

Fonte: INPE/ELAT (2018).


116

As descargas atmosféricas podem variar conforme alguns


parâmetros intrínsecos às mesmas, tais como, forma de onda e magnitude
da corrente de raio.
Neste estudo, apesar de ser considerado uma mesma forma de onda
na representação deste fenômeno, as descargas foram modeladas com
diferentes amplitudes, no intuito de imprimir um pouco da aleatoriedade
deste evento.
Destarte, as amplitudes das correntes de raio foram selecionadas
com base nas curvas de probabilidade acumulada, fornecidas pelo IEEE
e CIGRÉ, as quais estão representadas na Figura 4.19.

Figura 4.19 - Probabilidade das amplitudes das correntes de descarga negativas.

Fonte: (CIGRE WG 33-01, 1991).

Ademais, ainda foi considerada, para este fenômeno, a


variabilidade de parâmetros como distância ao terminal local, ângulo de
incidência relacionado a cada fase, além da impedância de surto da torre,
que é um elemento necessário à modelagem de LT’s no estudo de surtos
atmosféricos, tal como será explanado no item 4.3.2.1.2.
Deste modo, para as faltas induzidas por impulsos atmosféricos,
foi analisada a influência da combinação das variáveis dispostas na Figura
4.20.
117

Figura 4.20 - Situações simuladas para faltas induzidas por descargas


atmosféricas: (a) Presidente Prudente/MA - Boa Esperança/PI; (b) Barra
Grande/SC – Lages/SC– Rio do Sul/SC.

Fonte: Próprio autor.

É importante frisar que a alternância de valores para a impedância


de surto da torre foi considerada apenas para a LT Presidente
Prudente/MA - Boa Esperança/PI, uma vez que, não foram encontradas
medidas exatas e necessárias ao cálculo deste parâmetro.

Uma vez definidos os fenômenos a serem estudados e suas


classificações consoante com a faixa de frequências, procedeu-se com a
modelagem dos componentes do sistema de potência, de acordo com
algumas diretrizes estabelecidas em Martinez (2007), tais como:

 Linhas aéreas: modelo multifásico com parâmetros distribuídos,


considerando a assimetria de condutores. Parâmetros
dependentes da frequência são importantes para o modo de
propagação da terra. Considera-se o efeito corona no Grupo III;
 Cabos isolados: modelo multifásico com parâmetros
distribuídos, considerando a assimetria de condutores.
Parâmetros dependentes da frequência são importantes para o
modo de propagação da terra;
 Geradores síncronos: Representados por uma fonte em série com
sua impedância subtransitória no Grupo II, enquanto que a
representação no grupo III é baseada no circuito linear cuja
resposta em frequência coincide com a da máquina vista de seus
118

terminais.

Neste estudo, a carga foi modelada apenas para a LT Barra


Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, através do modelo de
impedância constante2, no intuito de analisar o sistema nas condições
nominais de operação.

4.3MODELAGEM NO ATP

O ATPDraw é um software dedicado para estudos


eletromagnéticos que possui uma série de aplicações e vantagens, como
por exemplo: uma modelagem adequada de sistemas elétricos, capaz de
reproduzir com fidelidade a configuração elétrica real das redes;
disponibilidade de recursos para modelar sistemas de transmissão e
distribuição em uma mesma plataforma, além de permitir que o usuário
possa analisar transitórios eletromagnéticos para diferentes configurações
operacionais. As facilidades gráficas como o pré-processador gráfico e o
gráfico PLOTXY, os quais permitem trabalhar utilizando somente o
ambiente Windows, foram alcançadas apenas nos últimos anos. Por estas
razões, o ATPDraw é uma ferramenta de grande flexibilidade e
importância na realização de estudos de regime transitório ou permanente
em sistemas de potência (PRIKLER; HOIDALEN, 2009).
Em virtude da grande aplicabilidade e das vantagens descritas,
utilizou-se o ambiente do ATPDraw para simulação das faltas em LT’s.

4.3.1 Modelo elétrico do gerador

Segundo Chapman (2013), a construção do modelo elétrico de um


gerador síncrono fundamenta-se na representação dos fatores que
provocam a diferença constatada entre a tensão (𝐸𝑎 ) produzida
internamente e a tensão (𝑉𝜙 ) vista em seus terminais. Esta desigualdade
ocorre devido a, basicamente, três razões: (1) reação de armadura, (2)
autoindutância e resistência das bobinas de armadura e (3) influência do
formato dos pólos salientes do rotor.

2
Nota: a carga foi modelada, embora não tenham sido encontradas diretrizes que
subsidiassem a representação desta componente nas principais referências
utilizadas, a título de exemplo, Cigre WG 33-02 (1990) e Martinez-Velasco
(2010).
119

Apesar da influência de tais fatores, ainda de acordo com este


autor, o modelo do gerador síncrono pode ser construído a partir das duas
primeiras premissas, uma vez que, quando desconsiderada a terceira, os
erros na modelagem de máquinas de pólos salientes são irrelevantes.
Sucintamente, a reação de armadura está relacionada à distorção
do campo magnético do entreferro (rotor) provocada pelo campo
magnético do estator, o qual é produzido pela corrente de armadura,
quando uma carga é conectada aos terminais do gerador.
Consequentemente, este campo magnético originado no estator
induz o surgimento da denominada tensão de reação de armadura, a qual
pode ser modelada por meio um indutor (𝐿), que é associado, por sua vez,
a uma reatância (𝑋), em série com a tensão 𝐸𝑎 , vide Figura 4.21.

Figura 4.21 – Representação da modelagem da reação de armadura.

Fonte: Chapman (2013).

De modo a incorporar a segunda premissa ao modelo do gerador,


incluem-se a autoindutância (𝐿𝐴 ), representada pelo valor da reatância
associada (𝑋𝐴 ) e a resistência (𝑅𝐴 ) das bobinas de armadura, em série
com 𝐸𝑎 e 𝑋.
Representando 𝑋𝐴 e 𝑋 unicamente pela reatância síncrona 𝑋𝑆 , o
circuito elétrico equivalente por fase de um gerador síncrono está
ilustrado na Figura 4.22.

Figura 4.22 - Circuito equivalente por fase de um gerador síncrono.

Fonte: Chapman (2013).


120

Contudo, de acordo com Kindermann (1997), nos estudos de


curto-circuito, a resistência interna 𝑅𝐴 não é representada, devido ao valor
deste elemento ser muito menor que a reatância interna 𝑋𝑆 .

4.3.1.1 Parametrização dos geradores

 Linha de transmissão Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI

Para composição do sistema, parametrizaram-se através do


componente AC3PH, as duas fontes de tensão alternadas, trifásicas e
cossenoidais, com tensões de linha igual a 500𝑘𝑉, isto é, com tensões
pico-fase de, aproximadamente, 408,248𝑘𝑉, em uma frequência de
60𝐻𝑧, tal como se pode observar na Figura 4.23.

Figura 4.23 - Parametrização do gerador.

Fonte: Próprio autor.

Em seguida, para simplificação do sistema, parametrizaram-se as


reatâncias das sequências zero e positiva de ambos os geradores através
do componente LINESY_3, vide Figura 4.24.
121

Figura 4.24 - Parametrização das reatâncias dos geradores.

Fonte: Próprio autor.

 Aterramento da SE

O aterramento de cada SE, representada pelos geradores, foi


modelado por uma resistência de 1Ω, devido a inexistência de dados
necessários ao cálculo deste parâmetro. Ressalta-se que este valor está em
conformidade com a IEEE STD. 80 (2000), uma vez que esta norma
estabelece que para a maioria das SE’s de transmissão e de grande porte,
a resistência de aterramento é, usualmente, menor ou igual a 1Ω.
Além disto, a IEEE STD. 80 (2000) estabelece um intervalo de
valores que a resistência de aterramento pode assumir, de acordo com um
cálculo simplificado. Neste, a resistência mínima de aterramento de uma
SE, considerando um solo uniforme, pode ser determinada com base
apenas na resistividade do solo e na área da malha da SE, conforme a
Equação (4.2).

𝜌 𝜋 (4.2)
𝑅𝑔 = √
4 𝐴

Onde:

𝑅𝑔 : resistência de aterramento da SE, em Ω;


122

𝜌: resistividade do solo, em Ω ∙ 𝑚;
𝐴: área da malha de aterramento da SE, em 𝑚2.

Já o valor máximo para este parâmetro é determinado com base na


formulação proposta por Laurent e Niemann, os quais levaram em
consideração o comprimento total dos condutores da malha da SE
adicionalmente à Equação (4.2). Desta forma, o limite máximo é
calculado conforme a Equação (4.3) (IEEE STD. 80, 2000).

𝜌 𝜋 𝜌 (4.3)
𝑅𝑔 = √ +
4 𝐴 𝐿𝑡

Onde:

𝑅𝑔 : resistência de aterramento da SE, em Ω;


𝜌: resistividade do solo, em Ω ∙ 𝑚;
𝐴: área da malha de aterramento da SE, em 𝑚2;
𝐿𝑡 : comprimento total dos condutores da malha da SE, em 𝑚.

Outrossim, foi proposta por Sverak, em 1984, uma outra forma de


calcular a resistência de aterramento de uma SE, conforme Equação (4.4),
levando em consideração a profundidade da malha, a qual está
compreendida, geralmente, em um intervalo de 0,25𝑚 a 2,5𝑚.

1 1 1 (4.4)
𝑅𝑔 = 𝜌 [ + (1 + )]
𝐿𝑡 √20𝐴 1 + ℎ√20⁄𝐴

Onde:

𝑅𝑔 : resistência de aterramento da SE, em Ω;


𝜌: resistividade do solo, em Ω ∙ 𝑚;
𝐴: área da malha de aterramento da SE, em 𝑚2;
𝐿𝑡 : comprimento total dos condutores da malha da SE, em 𝑚;
ℎ: profundidade da malha, em 𝑚.

Ademais, a IEEE STD. 80 (2000) ainda menciona as equações de


Schwarz para o cálculo da resistência de aterramento de uma SE em um
solo homogêneo, com eletrodos verticais e horizontais. Para um maior
detalhamento, sugere-se consultar a norma referenciada.
123

 Linha de transmissão Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do


Sul/SC

Semelhantemente à LT do sistema-base, parametrizou-se a fonte


de tensão através do componente AC3PH, com tensão de linha igual a
230𝑘𝑉, isto é, com tensão pico-fase de, aproximadamente, 188𝑘𝑉, em
uma frequência de 60𝐻𝑧, tal como se pode observar na Figura 4.25.

Figura 4.25 - Parametrização do gerador.

Fonte: Próprio autor.

Em sequência, para a modelagem das reatâncias das sequências


zero e positiva do gerador, foi determinado o equivalente de Thévenin
trifásico a partir dos níveis de curto-circuito da SE, conforme o método
simplificado.
Desta forma, considerando o nível de curto-circuito informado no
projeto de 31,5𝑘𝐴 e devido a dubiedade de informações acerca desta
corrente ser trifásica ou monofásica, a reatância de ambas as sequências
foram calculadas, através da Equação (4.5).

𝑉𝐿
𝑋1 = 𝑋0 = (4.5)
√3 𝐼𝑐𝑐
124

Onde:

𝑋1: reatância de sequência positiva;


𝑋0: reatância de sequência zero;
𝑉𝐿 : tensão de linha;
𝐼𝑐𝑐: corrente de curto-circuito.

Fazendo as devidas substituições, as reatâncias foram computadas


com um valor de, aproximadamente, 4,22𝛺 e as indutâncias estimadas
em 11𝑚𝐻, as quais foram os parâmetros de entrada do componente
LINESY_3, vide Figura 4.26.

Figura 4.26 - Parametrização das reatâncias do gerador.

Fonte: Próprio autor.

 Aterramento da SE

Conforme dados de projeto o aterramento da SE foi modelado


através de uma resistência de 1Ω. Sublinha-se que este parâmetro também
está de acordo com a IEEE STD. 80 (2000).
125

4.3.2 Modelo elétrico da LT

Como mencionado no capítulo 2, além da indutância e capacitância


consideradas em LT’s ideais, pontuam-se ainda, para as linhas reais,
outros dois parâmetros que são correlacionados às perdas ̶ a resistência
e a condutância.
Recapitulando então, uma LT não ideal é caracterizada por quatro
parâmetros: (1) indutância, a qual está associada ao campo magnético,
originado a partir do fluxo de corrente; (2) capacitância, que está
relacionada ao campo elétrico entre os condutores; (3) resistência, a qual
simboliza a dissipação de potência ativa, equivalente a 𝑅𝐼 2 (𝑊) e (4)
condutância, a qual representa as perdas proporcionais a 𝐺𝑈 2 (𝑊), em
consequência do estabelecimento de tensão entre os condutores.
Por conseguinte, o circuito equivalente que representa uma LT,
levando em consideração os parâmetros relacionados anteriormente,
possui a configuração apresentada na Figura 4.27.

Figura 4.27 - Circuito equivalente de uma LT genérica.

Fonte: Fuchs (1979) - adaptado.

Onde:

𝑅: resistência da linha;
𝐿: indutância da linha;
𝐺: condutância shunt;
𝐶: capacitância shunt;
𝑉𝑡 e 𝑉𝑟 : tensões nos terminais transmissor e receptor, nesta ordem;
𝐼𝑡 e 𝐼𝑟 : correntes nos terminais transmissor e receptor, respectivamente.

Para a construção dos modelos das LT’s com base no circuito


equivalente ilustrado na Figura 4.27, são admitidas algumas hipóteses
relacionadas aos parâmetros, tal como a forma pela qual estão dispostos
na própria LT (de modo distribuído ou concentrado), no intuito de
126

minimizar a complexidade envolvida nos cálculos e nos estudos de


sistemas de grande porte (FUCHS, 1979).
A escolha de modelos adequados que representem com fidelidade
os efeitos dos parâmetros das LT’s, decorre do nível de precisão e
confiabilidade com que se pretende reproduzir, na modelagem do sistema,
o comportamento das tensões, correntes e os limites de fluxo de potência,
tanto no regime permanente quanto no transitório (FUCHS, 1979;
GRAINGER; STEVENSON, 1994).
Além disto, o emprego de tais modelos é regido pela classificação
das LT’s segundo a sua extensão, tal como será explanado sumariamente
a seguir.

1. LT’s curtas (comprimento até 80𝑘𝑚)

Na modelagem de LT’s curtas, consideram-se, apenas os


parâmetros série, isto é, a resistência 𝑅 e a indutância 𝐿, desprezando-se
os efeitos de condutibilidade e capacitância, pois a exclusão destes não
afeta significativamente a precisão do modelo, uma vez que, seus valores
são irrelevantes (GRAINGER; STEVENSON, 1994)
O circuito equivalente de uma LT curta está ilustrado na Figura
4.28.

Figura 4.28 - Circuito equivalente de uma LT curta.

Fonte: Grainger; Stevenson (1994) - adaptado.

De acordo com Grainger e Stevenson (1994), a utilização de


parâmetros concentrados, na representação das LT’s desta classe, incorre
em uma boa precisão.

2. LT’s médias (comprimento entre 80𝑘𝑚 e 240𝑘𝑚)

Neste grupo de LT’s, apenas os efeitos da condutibilidade são


desconsiderados. Deste modo, além dos parâmetros série, representados
127

por uma impedância (𝑍), considera-se ainda a admitância shunt (𝑌) total
da LT, determinada unicamente pela capacitância shunt (GRAINGER;
STEVENSON, 1994).
O circuito equivalente deste tipo de LT é denominado de π-
nominal, no qual a admitância shunt total é dividida igualmente e alocada
nas extremidades inicial e final da linha, vide Figura 4.29.

Figura 4.29 - Circuito π-nominal de uma LT média.

Fonte: Grainger; Stevenson (1994).

Nesta categoria, a representação dos parâmetros de forma


concentrada não influi significativamente na precisão da resposta do
modelo.
Sublinha-se ainda que as LT’s médias podem ser modeladas pelo
circuito T, que é caracterizado pela admitância total ser disposta no centro
da linha. Contudo, na modelagem de sistemas de grande porte, este
circuito não é utilizado com frequência, devido ao aumento de
complexidade decorrente da inclusão de um novo barramento no ponto
médio de cada LT (FUCHS, 1979).

3. LT’s longas (comprimento excede 240𝑘𝑚)

Para a modelagem de uma LT longa, devem-se incluir os quatro


parâmetros, entretanto estes necessitam ser corrigidos, de modo a
considerar uma distribuição uniforme dos mesmos em toda a extensão da
LT, uma vez que, os circuitos tipo π-nominal a parâmetros concentrados
são insuficientes para se obter um bom nível de precisão (GRAINGER;
STEVENSON, 1994).
Na Figura 4.30 está ilustrado o circuito π-equivalente
representativo das LT’s longas, no qual a impedância e admitância shunt
são denotadas por 𝑍′ e 𝑌′, respectivamente.
128

Figura 4.30 - Circuito π-equivalente de uma LT longa.

Fonte: Grainger; Stevenson (1994) - adaptado.

No circuito π-equivalente, os valores de 𝑍′ e 𝑌′ são determinados


com base nos valores dos parâmetros 𝑍 e 𝑌 do circuito π-nominal e nos
fatores de correção que levam em consideração a constante de propagação
da linha, tal como descrito nas Equações (4.9) e (4.10).

sinh(γl)
𝑍′ = 𝑍 (4.6)
(𝛾𝑙)

𝛾𝑙
𝑌 tanh ( )
𝑌′ = 2 (4.7)
2 (𝛾𝑙 )
2

Onde:

𝑍 e 𝑌: impedância e admitância shunt do circuito π-nominal;


𝛾: constante de propagação da linha;
𝑙: comprimento total da linha.

4.3.2.1 Parametrização das LT’s

 Linha de transmissão Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI

Segundo Marti (1982), para a simulação correta de transitórios


eletromagnéticos, a modelagem da LT deve abranger todo o intervalo de
frequências dos sinais, haja vista que os parâmetros de LT’s com conexão
a terra são extremamente dependentes da frequência. Com este propósito,
em 1982, este autor desenvolveu o modelo intitulado JMarti, no qual são
considerados parâmetros distribuídos, compreendendo uma faixa de
frequências que é delimitada pelas frequências inicial e máxima, que são
determinadas pelo usuário (REIS et al., 2012; REIS, 2013).
129

Respaldando-se nas premissas e diretrizes estabelecidas por Marti


(1982) e Martinez (2007), respectivamente, utilizou-se, neste trabalho, o
módulo LINE/CABLE CONSTANT (LCC), uma vez que foram
fornecidas informações acerca da geometria do sistema e das constantes
dos materiais. A partir da inserção destes dados, o módulo LCC computa
os parâmetros elétricos através das rotinas LINE CONSTANTS, CABLE
CONSTANTS e CABLE PARAMETERS. Consecutivamente, adotou-se o
modelo JMarti, para representação da LT (REIS et al., 2012; PRIKLER;
HOIDALEN, 2009).
Ademais, para uma abordagem mais realista, considerou-se, a
transposição da LT, haja vista que, o ONS (2016) e a ANEEL (2006)
estabelecem que as LT’s de comprimento superior a 100𝑘𝑚 devem ser
transpostas com um ciclo completo de transposição, de preferência com
trechos de 1/6, 1/3, 1/3 e 1/6 do comprimento total.
Assinalaram-se, também, as opções Auto bundling e Skin effect, as
quais permitem a inserção do número de condutores por fase e a inclusão
do efeito pelicular, respectivamente, e como recomendado por Lee e
Goldsworthy (2011) e Reis et al., (2012), a opção Real trans. Matrix
devido as simulações deste estudo serem em regime transitório. Essa
opção trata a matriz de transformação da linha como real,
desconsiderando a parte imaginária.
Elaborou-se, então, um modelo (template) para a LT, de
comprimento igual a 1𝑘𝑚, com as características reais, relacionadas na
Tabela 4.1, as medidas geométricas expostas na Figura 4.3 e
considerando, também, a faixa de frequências do fenômeno a ser
estudado, descrita na Tabela 4.5.
A parametrização do modelo da LT para a o estudo de transitórios
induzidos por chaveamento está apresentada na Figura 4.31.

Figura 4.31 - Parametrização da LT.

Fonte: Próprio autor.


130

Posteriormente, foram criadas oito seções do mesmo modelo,


porém de comprimentos distintos, com o objetivo de analisar as faltas em
diferentes pontos da LT.

Para as faltas induzidas pelas descargas atmosféricas, também


utilizou-se um template para a LT, com 1𝑘𝑚 de comprimento e mesmas
características, porém considerando a faixa de frequências pertinente a
este fenômeno.
Quanto à incidência do surto atmosférico, este foi imposto
diretamente sobre uma torre em particular e para cada lado desta,
consideraram-se dois e três vãos de linha de 400𝑚, no intuito de simular
que as torres mais próximas serão mais afetadas pela descarga
atmosférica.
Já o restante da LT foi representado por seções com comprimentos
variáveis, de forma a complementar a extensão média, dada a dificuldade
em representá-la com seu comprimento total nestas simulações.
É válido ressaltar que, para este fenômeno, a LT foi modelada com
comprimento infinito, visando a reprodução do efeito de propagação da
onda na linha, através da colocação de sua impedância característica (ou
impedância de surto), que pode ser obtida mediante informações de
projeto, tanto nas extremidades dos circuitos quanto nas dos cabos para-
raios.
Dado que este parâmetro não foi encontrado nos estudos com esta
LT, o procedimento seguido para obtenção desta variável é descrito a
seguir:

a) Procedimento para obtenção da impedância de surto

 Após a correta modelagem da LT, na aba Model do módulo LCC,


seleciona-se o modelo PI;
 Na caixa #Ph, coloca-se apenas o número de fases do circuito,
neste caso 3;
 Em Freq. Init (Hz) coloca-se a frequência do sistema, neste caso,
60𝐻𝑧;
 Assinala-se a caixa Printed output e a opção [Cs];
 Na aba Data, na coluna correspondente a Ph.no. coloca-se 0 nas
células referentes aos cabos para-raios;
 Por fim, clica-se no botão Run ATP e na nova janela que se abrirá
estarão as informações sobre impedância de surto, atenuação,
velocidade, comprimento de onda, resistência, reatância e
131

susceptância.

Na Tabela 4.7 estão relacionados os parâmetros da LT obtidos após


a realização do processo descrito anteriormente.

Tabela 4.7 - Parâmetros obtidos.

Fonte: próprio autor.

Logo, as impedâncias características relativas ao circuito e aos


cabos para-raios foram modeladas através da componente LINEZT_3 e
LINEZT_1, respectivamente, com valores aproximados para as
impedâncias de surto e velocidades de propagação obtidas.
A parametrização das impedâncias características realizada para o
circuito e cabos para-raios pode ser visualizada nas Figuras 4.32 (a) e (b),
respectivamente.

Figura 4.32 - Parametrização das impedâncias características (a) Circuito; (b)


cabos para-raios.

Fonte: Próprio autor.

Nos parâmetros R/l+ e R/l0 foram colocados valores simbólicos


para caracterizar as perdas.

4.3.2.1.1 Impedância de aterramento

A principal funcionalidade de um sistema de aterramento é prover


a segurança das pessoas, abrangendo em segunda instância, proteções
132

estáticas ou contra descargas atmosféricas, isolamento de estruturas e


equipamentos de contatos não intencionais com linhas energizadas, e até
mesmo, de sistemas computacionais.
Desta maneira, um bom sistema de aterramento pode ser modelado
de várias formas, desde que satisfaça três importantes objetivos: 1)
proteção pessoal, eliminando o risco de choques elétricos; 2) proteção de
equipamentos e construções, evitando que faltas e surtos atmosféricos
prejudiquem o sistema e 3) redução de ruídos elétricos, assegurando um
mesmo potencial elétrico entre equipamentos e a minimização do efeito
dos acoplamentos elétrico e magnético. Para alcançar essas três metas,
utilizam-se, em geral, baixas impedâncias de aterramento e conexões
entre partes metálicas/condutoras de equipamentos projetadas para
manter um mesmo potencial elétrico (IEEE STD. 142, 2007; SWITZER,
1999; ZIPSE, 2001).
Posto isto e com o objetivo de reproduzir o sistema em estudo
próximo a realidade, modelou-se além do aterramento dos geradores
(supracitado na subseção 4.3.1.1), o da LT.

Segundo Martinez-Velasco (2010), para efeitos de simulação,


existem duas classes de modelos de aterramento - uma é relacionada às
baixas frequências, isto é, a própria frequência do sistema de potência e a
segunda é correspondente às altas frequências, representada pelas as
descargas atmosféricas.

a) Modelos de baixas frequências

De acordo com EPRI (2006, apud Martinez-Velasco, 2010), a


impedância de aterramento de um sistema pode ser calculada conforme a
Equação (4.8).

𝑍 = 𝑅𝐿 + 𝑅𝐸 + 𝑅𝐶 + 𝑗(𝑋𝐸 + 𝑋𝐿 ) (4.8)

Onde:

𝑅𝐿 : resistência do eletrodo terra;


𝑋𝐿 : reatância do eletrodo terra;
𝑅𝐸 : resistência de dissipação do solo circundante ao eletrodo;
𝑋𝐸 : reatância dos caminhos de corrente no solo;
𝑅𝐶 : resistência de contato entre o eletrodo e o solo;
𝑗 = √−1.
133

A impedância de aterramento descrita pela Equação (4.8) pode ser


simplificada e representada apenas pela resistência 𝑅𝐸 , pois conforme
Martinez-Velasco (2010), além da resistência do eletrodo terra (𝑅𝐿 ) ser
muito menor que as resistências de contato (𝑅𝐶 ) e de dissipação (𝑅𝐸 ), a
reatância de dissipação (𝑋𝐸 ) também é menor que a reatância do eletrodo
terra (𝑋𝐿 ), que por sua vez é insignificante quando comparada a
resistência de dissipação para frequências do sistema de potência.

b) Modelos de altas frequências

Conforme EPRI (2006, apud Martinez-Velasco, 2010),


parâmetros como ionização, impedância da superfície e de cabos abaixo
do solo exercem significativa influência na magnitude e na forma dos
transitórios de tensão induzidos por fenômenos de alta frequência, na base
da torre.
Bewley (1951, apud Martinez-Velasco, 2010) justifica esta
interferência nos transientes através do fato de, inicialmente, a
impedância efetiva dos cabos abaixo do solo ser igual a impedância de
surto e reduzir-se, durante os tempos de viagem da onda ao longo do cabo,
a um nível correspondente à resistência de fuga. Além disso, este autor
afirma que a impedância de surto aumenta abruptamente em menos de
1𝜇𝑠, apresentando um crescimento lento após esse curto período, em
oposição à resistência de fuga a qual decresce até um valor de resistência
de baixa frequência, ao passo que, as ondas refletidas acumulam tensão
ao longo do condutor.
A partir das considerações e de estudos já realizados, afirma-se,
então, que a impedância de aterramento deste grupo é dependente da
frequência. Contudo, não há uma conformidade entre os autores na forma
de adaptar todo o conhecimento adquirido aos projetos atuais de sistemas
de aterramento nas simulações de descargas atmosféricas, a título de
exemplo. Desta maneira, a impedância de aterramento é representada,
geralmente, por uma resistência, o que alicerça a representação utilizada
neste trabalho para os fenômenos de alta frequência (MARTINEZ-
VELASCO, 2010).
Então, para esta LT, a impedância de aterramento foi modelada
através de uma resistência de 50𝛺, posto que nos estudos relacionados à
esta LT encontrados na literatura, o valor deste parâmetro não é
mencionado.
134

4.3.2.1.2 Impedância de surto da torre

Dando continuidade à modelagem da LT em estudo, procedeu-se


com a busca de diretrizes e normas que balizassem a representação da
impedância de surto da torre nas simulações.
De acordo com a IEC (2004), a impedância da torre é representada
conforme a classificação do fenômeno em análise. À vista disso, no caso
de sobretensões temporárias (grupo I), as torres podem ser figuradas por
um único nó elétrico, devido as suas baixas impedâncias e admitâncias,
ou ainda, esta representação pode ser desconsiderada.
Tal como no grupo supracitado, a representação das torres também
não se faz necessária nos estudos que envolvem transitórios de frente
lenta, característicos do grupo II, haja vista que a capacitância equivalente
da torre à linha é desprezível quando comparada à própria capacitância da
LT (IEC, 2004).
Já para os transitórios de frente rápida, os quais compõem o grupo
III, o Cigrè WG 33-01 (1991) estabelece que a torre deve ser representada
conforme uma das quatro configurações a seguir: indutância conectando
os cabos guarda ao solo; LT de impedância constante; LT de impedância
variável e estrutura radial.
Em uma classificação mais recente, Martinez-Velasco (2010)
apoiado na IEC, (2004) afirma que os modelos já existentes na literatura
para representação de torres de transmissão foram elaborados conforme
dois modos distintos: aproximações teóricas, para as quais são
consideradas descargas atmosféricas incidentes no topo da torre e estudos
experimentais, cujo objetivo é a análise das sobretensões induzidas pelos
surtos nos isoladores alocados em pontos distintos da torre. Ambas
aproximações serão explanadas a seguir.

a) Aproximações teóricas

 Modelo cilíndrico

Em 1960, Wagner e Hileman desenvolveram um modelo de


forma cilíndrica para a representação de torres de transmissão. A partir da
utilização deste arquétipo, tal qual apresentado na Figura 4.33, e
considerando uma descarga atmosférica incidente no topo da torre, com
propagação vertical até o solo, estes autores inferiram que a impedância
da torre varia conforme a onda se propaga em direção ao solo (IEC, 2004;
MARTINEZ-VELASCO, 2010).
135

Figura 4.33 - Forma cilíndrica da torre.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Para o cálculo da impedância de surto da torre de transmissão,


considerando o modelo cilíndrico, Wagner e Hileman (1960) propuseram,
então, uma aproximação descrita pela Equação (4.9).

𝑐𝑡 (4.9)
𝑍 = 60 ∙ ln [√2 ∙ ( )]
𝑟

Onde:

𝑐: velocidade da luz;
𝑡: tempo;
𝑟: raio da base da torre, em metros.

Apoiando-se na Equação (4.9), inferiu-se que o máximo potencial


no topo da torre ocorre quando 𝑡 = 2ℎ⁄𝑐 e, então, substituindo a variável
tempo, o cálculo da impedância de surto pôde ser realizado através da
Equação (4.10).

2ℎ (4.10)
𝑍 = 60 ∙ ln [√2 ∙ ( )]
𝑟

Onde:

ℎ: altura da torre, em metros.


𝑟: raio da base da torre, em metros.
136

Após testes experimentais e estudos na área, Sargent e Darveniza


(1969) observaram que as impedâncias de surto da torre calculadas
através da Equação (4.10) eram divergentes das impedâncias medidas.
Então, para solucionar este problema, foi realizada uma análise e proposta
uma nova forma para o cálculo da impedância de surto, no momento em
que ocorre o máximo potencial no topo da torre, conforme Equação
(4.11):

ℎ (4.11)
𝑍 = 60 ∙ [ln (2√2 ∙ ) − 1]
𝑟

Onde:

ℎ: altura da torre, em metros.


𝑟: raio da base da torre, em metros.

 Modelo cônico

Como alternativa ao uso da forma cilíndrica, os autores


supracitados ainda propuseram um modelo cônico para representação da
torre de transmissão, vide Figura 4.34.

Figura 4.34 - Forma cônica da torre.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Então, a partir do desenvolvimento analítico, Sargent e Darveniza


(1969) concluíram que a impedância de surto podia ser calculada
independentemente do tempo de propagação da onda, conforme Equação
(4.12).
137

√𝑟 2 + ℎ2 (4.12)
𝑍 = 60 ∙ [ln (√2 ∙ )]
𝑟

Onde:

ℎ: altura da torre, em metros.


𝑟: raio da base da torre, em metros.

 Modelos cilíndrico e cônico supondo descargas atmosféricas a


meio vão da linha

Em análises realizadas do comportamento dos modelos


desenvolvidos por Wagner e Hileman (1960) e Sargent e Darveniza
(1969) face à incidência de descargas atmosféricas a meio vão da linha,
isto é, surtos horizontais a torre, Chisholm, Chow e Srivastava (1985)
observaram que os mesmos não imprimiam bons resultados frente à
ocorrência deste fenômeno e, assim, modificaram as equações referentes
aos dois modelos estudados.
As novas expressões depreendidas para os modelos cilíndrico e
cônico da torre de transmissão são descritas pelas Equações (4.13) e
(4.14), respectivamente.

𝑟 (4.13)
tan−1 ( )
𝑍 = 60 ∙ {𝑙𝑛 [𝑐𝑜𝑡 ( ℎ )] − 1}
2

𝑟 (4.14)
tan−1 ( )
𝑍 = 60 ∙ {𝑙𝑛 [𝑐𝑜𝑡 ( ℎ )]}
2

Onde:

ℎ: altura da torre, em metros.


𝑟: raio da base da torre, em metros.

 Modelo waist

Além das contribuições realizadas para o estudo de surtos


horizontais à torre, em 1985, Chisholm, Chow e Srivastava
138

recomendaram a utilização de um novo modelo para torres tipo waist,


representada na Figura 4.35.

Figura 4.35 - Forma waist da torre.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

As Equações (4.15) e (4.16), apresentadas a seguir, balizam o


cálculo da impedância média de surto da torre.

𝑟1 ℎ2 + 𝑟2 (ℎ1 + ℎ2 ) + 𝑟3 ℎ1 (4.15)
𝑇=
(ℎ1 + ℎ2 )2

1 (4.16)
𝑍 = 60 ∙ {ln [cot ∙ tan−1(𝑇)]}
2

Onde:

𝑟1 : raio do topo da torre, em metros;


𝑟2 : raio da parte waist da torre, em metros;
𝑟3 : raio da base da torre, em metros;
ℎ1: altura da base da torre a parte waist, em metros;
ℎ2: altura da parte waist ao topo da torre, em metros.

Para determinação da impedância de surto de torres tipo waist e


implementação do modelo no programa FLASH, foram realizadas
algumas modificações na expressão denotada em (4.16), com o objetivo
de eliminar possíveis imprecisões no cálculo deste parâmetro (BABA;
ISHII, 1999).
Desta forma, a expressão para a impedância de surto utilizada no
programa FLASH é descrita conforme a Equação (4.17).
139

𝜋 1 (4.17)
𝑍 = √ 60 ∙ {ln [cot ∙ tan−1(𝑇)] − ln √2}
4 2

Disponível na década de 80 na linguagem FORTRAN, a


funcionalidade do programa FLASH se direcionava a estimação de taxas
de descargas atmosféricas, inicialmente em LT’s e, posteriormente, em
linhas de distribuição, como consequência do avanço de pesquisas na
área. Além de incorporar uma análise simplificada, fundamentada na
teoria das ondas viajantes, com ajustes necessários a impedância de surto
de torre, características de aterramento, efeito corona, também se pode
constatar a inclusão de modelos de para-raios de linha, cabos guarda e
isolamento proporcionado por madeira ou fibra de vidro
(MCDERMOTT, 2010).

 Modelo multicondutor

Partindo das mesmas premissas adotadas por Ametani et al.


(1994), Hara e Yamamoto (1996) desenvolveram um modelo mais
generalista para representação de torres de transmissão, no qual cada
segmento da estrutura principal da torre é representado por cilindros e
simplificadamente, por um único condutor cujos diâmetros diminuem do
solo até o topo.
Além disto, esses autores consideraram a propagação do surto por
toda a geometria da torre, ou seja, incluíram em seus estudos braços e
cruzetas, ambos modelados por linhas a parâmetros distribuídos e
constantes, isto é, sem perdas (HARA, YAMAMOTO, 1996;
MARTINEZ-VELASCO, 2010).
Nas Figuras 4.36 (a) e (b) estão representados, respectivamente, o
modelo multicondutor da torre desenvolvido por Ametani et al. (1994) e
o equivalente da torre de transmissão proposto por Hara e Yamamoto
(1996).
140

Figura 4.36 - (a) Modelo multicondutor da torre. (b) Modelo equivalente da


torre de transmissão.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Na Figura 4.36 (b), pode-se observar nitidamente que cada parte


da torre é constituída por um conjunto de impedâncias, as quais podem
ser calculadas em função das dimensões e da geometria da própria torre,
conforme as Equações (4.18), (4.19), (4.20) e (4.21) (HARA;
YAMAMOTO, 1996).
1⁄ 3⁄ (4.18)
1⁄ 1⁄ 2⁄ 4 1⁄ 2⁄ 4
𝑟𝑒𝑘 = 2 8 ∙ [(𝑟𝑡𝑘 3 ∙ 𝑟𝐵 3) ]∙ [(𝐷𝑇𝑘 3 ∙ 𝐷𝐵 3) ],
para 𝑘 = 1, 2, 3, 4

𝑍𝑇𝑘 = 60 ∙ [ln (
2∙√2ℎ𝑘
) − 2], para 𝑘 = 1, 2, 3, 4 (4.19)
𝑟𝑒𝑘

𝑍𝐿𝑘 = 9 ∙ 𝑍𝑇𝑘 (4.20)

2 ∙ ℎ𝐴𝑘 (4.21)
𝑍𝐴𝑘 = 60 ∙ ln ( )
𝑟𝐴𝑘

Onde:

𝑟𝑒𝑘 : raio equivalente do sistema;


𝑟𝑇𝑘 : raio do perfil da torre correspondente ao trecho 𝑘;
𝑟𝐵 : raio do perfil da torre na base;
𝐷𝑇𝑘 : diâmetro do cilindro correspondente a seção 𝑘;
141

𝐷𝐵 : distância entre os cilindros na base da torre;


𝑍𝑇𝑘 : impedância de surto da seção 𝑘;
ℎ𝑘 : altura do topo do cilindro da seção 𝑘 ao solo;
𝑍𝐿𝑘 : impedância de surto do braço correspondente a seção 𝑘;
𝑍𝐴𝑘 : impedância de surto da cruzeta relativa a seção 𝑘;
ℎ𝐴𝑘 : altura correspondente a cruzeta na seção 𝑘;
𝑟𝐴𝑘 : raio equivalente da cruzeta na seção 𝑘.

A IEC (2004) afirma que é válido considerar, em estudos práticos,


a velocidade de propagação da onda na torre igual a velocidade da luz,
ratificando CIGRE WG 33-01, (1991), o qual certifica que uma
aproximação adequada para o tempo de viagem da onda na torre pode ser
computado com base em tal velocidade. Entretanto, algumas pesquisas
neste campo revelam que os tempos de propagação são maiores que
aqueles calculados com base na razão entre a altura da torre e a velocidade
da luz (𝑡 = ℎ⁄𝑐), em consequência de atrasos provocados por cruzetas,
braços e caminhos adicionais. Então, para incorporar esse efeito no
modelo da torre, considera-se uma redução na velocidade de propagação,
a exemplo dos modelos cilíndrico e waist (IEC, 2004; MARTINEZ-
VELASCO, 2010; REIS, 2013).

b) Estudos experimentais

 Modelo multi-estágio

Inicialmente, ISHII et al. (1991) propuseram um modelo cujos


parâmetros pudessem ser determinados a partir de medições de tensão nas
cadeias de isoladores, considerando uma torre de transmissão de 500𝑘𝑉.
Com o objetivo de realizar estas aferições, estes autores dividiram
a torre em quatro seções, representadas individualmente por uma LT sem
perdas, em série com um circuito a parâmetros concentrados, figurado por
uma resistência de amortecimento em paralelo com uma indutância,
simbolizando, de tal forma, a atenuação das ondas viajantes (uma
aproximação mais precisa da característica da cauda de onda). O
arquétipo desenvolvido está representado na Figura 4.37 (MARTINEZ-
VELASCO, 2010; IEC, 2004; YAMADA et al., 1995).
142

Figura 4.37 - Modelo multi-estágio da torre de transmissão.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

Os parâmetros necessários para representação da torre conforme


este modelo, são a velocidade de propagação (definida como sendo a
velocidade da luz), atenuação/deformação da onda, além da impedância
de surto, a qual é calculada com base na Figura 4.38 e nas Equações (4.22)
e (4.23) (YAMADA et al., 1995).

Figura 4.38 - Modelo para cálculo do raio equivalente e impedância de surto da


torre.

Fonte: Martinez-Velasco (2010).

𝑟1 ∙ℎ2 +𝑟2 ∙ℎ+𝑟3 ∙ℎ1 (4.22)


𝑟𝑒𝑞 = 2ℎ
, ℎ = ℎ1 + ℎ2
143

ℎ (4.23)
𝑍𝑇 = 60 ∙ [ln ( ) − 1]
𝑟𝑒𝑞

Onde:

𝑟1 : raio do topo do cone;


𝑟2 : raio do ponto médio do cone;
𝑟3 : raio da base do cone;
ℎ1: altura da base ao ponto médio do cone;
ℎ2: raio do ponto médio ao topo do cone;
𝑟𝑒𝑞 : raio equivalente da torre;
ℎ: altura da torre.

As demais variáveis (resistência de amortecimento e indutância)


utilizadas na modelagem desenvolvida são calculadas conforme as
Equações (4.24), (4.25) e (4.26) (YAMADA et al., 1995).

−2∙𝑍𝑇1 ∙ln(√𝛾) (4.24)


𝑅𝑖 = [ ℎ1 +ℎ2 +ℎ3
] ∙ ℎ𝑖 , para 𝑖 = 1, 2, 3

𝑅4 = −2 ∙ 𝑍𝑇2 ∙ ln(√𝛾) (4.25)

2∙(ℎ1 +ℎ2 +ℎ3 +ℎ4 ) (4.26)


𝐿𝑖 = 𝛼 ∙ 𝑅𝑖 ∙ 𝑐
, para 𝑖 = 1, 2, 3,4

Onde:

𝑟𝑒𝑘 : raio equivalente do sistema;


𝑟𝑇𝑘 : raio do perfil da torre correspondente ao trecho 𝑘;
𝑟𝐵 : raio do perfil da torre na base;
𝐷𝑇𝑘 : diâmetro do cilindro correspondente a seção 𝑘;
𝐷𝐵 : distância entre os cilindros na base da torre;
𝑍𝑇𝑘 : impedância de surto da seção 𝑘;
ℎ𝑘 : altura do topo do cilindro da seção 𝑘 ao solo;
𝑍𝐿𝑘 : impedância de surto do braço correspondente a seção 𝑘;
𝑍𝐴𝑘 : impedância de surto da cruzeta relativa a seção 𝑘;
ℎ𝐴𝑘 : altura correspondente a cruzeta na seção 𝑘;
𝑟𝐴𝑘 : raio equivalente da cruzeta na seção 𝑘.
144

Dada a exposição dos modelos decorrentes de aproximações


teóricas e estudos experimentais, nota-se que a torre de transmissão é
representada basicamente por uma impedância e pelo tempo de
propagação do surto, o que corrobora com Martinez-Velasco (2010), o
qual afirma que tal representação pode ser feita por meio de uma LT a
parâmetros distribuídos e sem perdas, caracterizada pela impedância de
surto e tempo de viagem.
Posto isto, a modelagem das torres de transmissão, neste estudo,
balizou-se na literatura concernente à representação das mesmas. Deste
modo, as torres foram incluídas apenas nas simulações de descargas
atmosféricas.
Então, para modelagem da torre, utilizou-se o componente
LINEZT_1, caracterizado por representar uma LT monofásica, a
parâmetros constantes (independentes da frequência) e distribuídos, com
comprimento igual ao da própria torre, isto é, 33𝑚 e velocidade de
propagação do surto igual a, aproximadamente, 85% da velocidade da
luz, como recomendado por Martinez-Velasco (2010).
A impedância de surto foi calculada com base no modelo waist,
utilizando, mais especificamente, a Equação (4.17). Porém para análise
da influência deste parâmetro no sistema proposto, considerou-se um
intervalo de abrangência de 100 a 250𝛺, compreendendo aqueles de 100
a 200𝛺 e 150 a 250𝛺, especificados por CIGRE WG 33-02 (1990) e por
CIGRE WG 33-01 (1991), respectivamente, pois para um modelo de torre
waist com dimensões semelhantes, o IEEE Flash e o Cigré dispõem, nesta
ordem, de valores iguais a 100,37Ω e 134,06Ω, segundo Martinez-
Velasco (2010).
Ademais, para caracterizar a ausência de perdas, fez-se o
parâmetro 𝑅/𝑙 (resistência por comprimento em Ω/𝑚) igual a zero. A
parametrização realizada está apresentada na Figura 4.39.
145

Figura 4.39 - Parametrização da impedância de surto das torres de transmissão.

Fonte: Próprio autor.

4.3.2.1.3 Isolador

Para o estudo de transitórios induzidos por descargas


atmosféricas, cujos objetivos vão desde o projeto de linhas e subestações
à proteção de equipamentos, ainda se faz necessária a representação de
um último elemento – o isolador, pois dada a incidência de surtos
atmosféricos em cabos-guarda, ou até mesmo nos condutores de fase, o
limite de isolamento da LT pode ser excedido, propiciando, assim, a
propagação do surto no sistema elétrico de potência, com consequente
danos aos equipamentos (DATSIOS, MIKROPOULOS, TSOVILIS,
2011; IEEE WG 15.08.09, 1998; MARTINEZ-VELASCO, 2010).
De acordo com CIGRE WG 33-01 (1991), as cadeias de
isoladores podem ser modeladas considerando as curvas tensão versus
tempo, o método da integração e a aproximação física, denominada
também de método de desenvolvimento líder. Tais métodos, amplamente
utilizados na modelagem, destes componentes serão abordados
sucintamente a seguir.
146

a) Curva tensão versus tempo

A representação de um isolador em simulações se dá, basicamente,


através de chaves controladas por tensão em paralelo com um capacitor
de capacitância concentrada, conectado entre as fases da LT e a torre,
simulando, desta forma, os efeitos do acoplamento entre os condutores e
a estrutura da torre (IEEE WG 15.08.09, 1998; SILVA et al., 2016).
Segundo IEEE WG (1985), um valor que pode ser adotado para a
capacitância é de 80𝑝𝐹, haja vista que pesquisas nesta área revelaram
uma menor divergência entre os resultados de simulações computacionais
e testes.
Na Figura 4.40 está representado o mecanismo de funcionamento
do isolador no ATPDraw, no qual se considera, inicialmente, um
interruptor normalmente aberto. Quando a tensão nos terminais deste
dispositivo ultrapassar o valor da tensão de disrupção especificada para a
cadeia de isoladores, este se fechará, caracterizando, assim, a ocorrência
de um flashover (IEEE WG, 1985; SILVA et al., 2016).

Figura 4.40 - Mecanismo do isolador no ATPDraw.

Fonte: Silva et al. (2016).

Como apresentado por Daverniza, Popolansky e Whitehead (1975)


e, mais tarde, por IEEE WG (1985), através da representação do
mecanismo de flashover nos isoladores por curvas tensão versus tempo,
a tensão flashover ou de disrupção é calculada em função do comprimento
da própria cadeia de isoladores, mediante a Equação (4.27).

𝐾2 (4.27)
𝑉 = (𝐾1 + )∙𝑊
𝑡 0.75
147

Onde:

𝑉: tensão, em 𝑀𝑉;
𝐾1 : 0,4;
𝐾2 : 0,71;
𝑊: comprimento da cadeia de isoladores, em metros;
𝑡: tempo de ruptura, em 𝜇𝑠.

b) Método da integração

Respaldando-se no mecanismo de funcionamento do isolador, tal


qual explanado anteriormente, considera-se, agora, que o flashover
iniciará no isolador quando a tensão aplicada em um determinado
intervalo de tempo exceder uma tensão mínima e constante, a qual é
determinada com base em resultados experimentais, dada a aplicação de
descargas atmosféricas padrão.
De forma sucinta, este método fundamenta-se no cálculo do
denominado efeito disruptivo de surto a partir da integração, no tempo,
da diferença entre a própria tensão aplicada e a mínima determinada vide
Equação (4.28).
𝑡 (4.28)
𝐷𝐸 = ∫ (𝑈(𝑡) − 𝑈0)𝑘 𝑑𝑡
𝑡0

Onde:

𝐷𝐸: efeito disruptivo do surto aplicado, em 𝑘𝑉 𝑘 ∙ 𝜇𝑠;


𝑈(𝑡): tensão aplicada em função do tempo, em 𝑘𝑉;
𝑈0: tensão mínima e constante, em 𝑘𝑉;
𝑡0: instante em que a tensão aplicada excede a tensão mínima, em 𝜇𝑠;
𝑡: tempo decorrido da incidência da descarga, em 𝜇𝑠;
𝑘: constante empírica.

Neste modelo, considera-se que o flashover ou a ruptura do


isolador só ocorrerá, de fato, quando o efeito disruptivo calculado for
maior ou igual ao valor crítico considerado para este parâmetro, que é
determinado conforme as características do equipamento em estudo
(CALDWELL, DARVENIZA, 1973; DATSIOS, MIKROPOULOS,
TSOVILIS, 2011; IEEE WG 15.08.09, 1998).
148

c) Método de desenvolvimento líder

Este método é caracterizado como uma aproximação física por ser


fundamentado no processo de rompimento da estrutura do isolador. A
partir da aplicação de impulsos, descargas corona incidem nas regiões
mais solicitadas na superfície do eletrodos, em um tempo 𝑡𝑖 . Somente
quando o campo elétrico no centelhador se torna maior ou igual a um
valor crítico (𝐸0 ), os streamers percorrem todo o centelhador, em um
tempo 𝑡𝑠 , desencadeando a propagação de ondas ionizantes ao longo do
canal streamer até uma zona de alta condutividade próxima ao eletrodo.
Por fim, o líder da descarga começa a se propagar e atravessa todo o
comprimento do centelhador, em um tempo 𝑡𝑙 , fomentando assim, o
flashover, cujo tempo para ocorrência pode ser computado através da
Equação (4.29) (BRAZ, 2011; DATSIOS, MIKROPOULOS, TSOVILIS,
2011; IEEE WG 15.08.09, 1998).

𝑡𝑐 = 𝑡𝑖 + 𝑡𝑠 + 𝑡𝑙 (4.29)

O ponto crucial para implementação deste método é o cálculo da


velocidade do líder de descarga. Escrito, inicialmente, a partir de
formulações empíricas em função da tensão aplicada, intensidade do
campo elétrico, além da geometria e comprimento do centelhador ainda
não percorrido, vários autores propuseram novas formas para este cálculo
a partir da combinação entre as expressões citadas e equações de circuito,
determinadas por resultados experimentais (IEEE WG 15.08.09, 1998;
SHINDO, SUZUKI, 1985).

Os avanços nos estudos acerca de isoladores, ao longo dos anos,


serviram como alicerce para a pesquisa de Datsios, Mikropoulos e
Tsovilis (2011), na qual este equipamento foi modelado como um objeto
denominado ISF no ATPDraw, reunindo modelos já consolidados na
literatura. Uma desvantagem para os usuários é a quantidade de dados de
entrada requisitada.
Por simplicidade, utilizou-se, neste estudo, o modelo do isolador
embasado nas curvas de tensão versus tempo, o qual requer como
parâmetro de entrada apenas o comprimento da cadeia, estipulado em
2,5𝑚, vide Figura 4.41.
149

Figura 4.41 - Parametrização dos isoladores.

Fonte: Próprio autor.

 Isolador OPPC instrumentalizado

No âmbito do projeto TECCON II, foi desenvolvido um isolador


OPPC polimérico instrumentalizado, a nível de cabeça de série, com
classe de isolamento de 230𝑘𝑉 e dotado de sensores em fibra óptica para
monitoramento da corrente na LT, temperatura e tração no condutor de
ancoragem.
Na Figura 4.42 está esboçado o esquemático do isolador OPPC
desenvolvido, o qual acomoda os sensores de corrente em fibra óptica,
fundamentado no efeito Faraday, e de temperatura subsidiado pelas redes
de Bragg. Já o sensor de tração, também embasado nas redes
mencionadas, é alocado na peça de ancoragem do condutor.
150

Figura 4.42 - Esquemático dos sensores em LT’s.


Sensor
Interrogador FBG
Tração

Isolador
OPPC

Condutor

Sensor de corrente e
& Sensor FBG de
Temperatura

Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).

Com base em um modelo ótimo, fundamentado no método dos


elementos finitos, o isolador foi confeccionado de forma a atender as
principais normas nacionais e internacionais que regem os critérios,
especificações e ensaios mecânicos/elétricos, objetivando prover uma
interface entre os sensores e a LT.
Simplificadamente, considerando somente a sua constituição, o
isolador é dividido em duas partes principais, o corpo polimérico e as
ferragens (fase e terra), as quais estão demarcadas na Figura 4.43.

Figura 4.43 - Perfis do isolador desenvolvido no âmbito do projeto TECCON II.

Ferragem
terra

Corpo
polimérico

Ferragem
fase
Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).
151

O corpo polimérico é o segmento do isolador que contém o cabo


óptico e se destina a ser uma interface entre os sensores e o bloco
interrogador. É constituído por um tubo de fibra de vidro, com imunidade
eletromagnética, resistência à fratura frágil e com um revestimento
polimérico, o qual dispõe de hidrofobicidade e resistência ao vandalismo
elevadas, resistência à radiação ultravioleta, seja natural ou provocada
pelo efeito corona, à umidade, ácidos, ozônio e à contaminação. Sublinha-
se que o corpo polimérico do isolador foi estudado e projetado para ser
mais espesso que o dos demais existentes no mercado, devido à
acomodação das fibras ópticas.
Já as ferragens são constituídas por uma liga de alumínio de alta
resistência mecânica e alocadas nas extremidades inicial e final do
isolador, cujos potenciais elétricos classificam-nas como ferragem fase
ou terra.
Para ambas as ferragens, fase e terra, os processos de modelagem
e confecção também foram modificados, de forma que cada uma
atendesse, respectivamente, a critérios essenciais como a acomodação dos
sensores ópticos e suportabilidade às solicitações mecânicas, uma vez que
estas não devem ser transmitidas ao cabo óptico embebido na ferragem
terra.
O desenvolvimento do protótipo com as modificações
mencionadas anteriormente foi realizado a partir de um modelo de
isolador polimérico já existente. Tais alterações estão ilustradas na Figura
4.44.

Figura 4.44 - Desenhos conceituais do protótipo: (a) Conceito original; (b)


Mudanças das ferragens; (c) Aumento do diâmetro devido a limitações do
processo fabril.

Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).


152

Além disto, para cumprir os requisitos da norma brasileira, foi


confeccionado um modelo de um anel equalizador de design ótimo,
utilizando o método de otimização Nelder-Mead no software Comsol
Multiphysics®, para minimizar o campo elétrico sob o isolador OPPC.
Outrossim, também foram realizados processos de otimização para
identificação do ponto ótimo no qual deve ser instalado.
Exemplificando a influência deste dispositivo, é ilustrada na
Figura 4.45 a distribuição do campo elétrico, o qual apresenta uma
redução significativa quando da inserção do anel equalizador.

Figura 4.45 - Distribuição do campo elétrico sobre a representação 3D: (a) Sem
anel de equalização; (b) Com anel de equalização.

Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).

Apesar de possuir o mesmo princípio de funcionamento de um


isolador comum, o isolador OPPC apresenta-se como uma solução
integrada que engloba sensores, elementos de interface e ferramentas de
análise.
Construído sob uma perspectiva modular, foram realizados
estudos, simulações e testes para as áreas compreendidas, tais como -
sensores, eletrônica, comunicação, sistema de alimentação e ferramenta
computacional, uma vez que a solução de monitoramento proposta não se
limita apenas a uma tecnologia plug-and-play.
Em um panorama geral, os dados coletados pelos sensores serão
adquiridos e pré-processados na própria torre, em uma unidade de
medição, denominada de bloco interrogador, o qual será alimentado por
um painel fotovoltaico. Estes dados serão transmitidos, posteriormente,
ao CGCR, por meio de um cabo OPGW, onde será realizado o
processamento, em tempo real, objetivando o fornecimento de
informações úteis ao operador do sistema.
153

O esquemático desenvolvido para a solução de monitoramento


proposta está ilustrado na Figura 4.46.

Figura 4.46 - Projeto TECCON II.

Fonte: INESC P&D BRASIL (2016).

 Linha de transmissão Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do


Sul/SC

Semelhantemente ao sistema-base, elaborou-se, primeiramente,


um template para esta LT, de comprimento igual a 1𝑘𝑚, com as
características reais, relacionadas na Tabela 4.2 e as medidas geométricas
expostas na Figura 4.6, levando em consideração também a faixa de
frequências do fenômeno a ser estudado.
Criaram-se, também, oito seções do mesmo modelo, sendo duas
destas, representantes dos trechos iniciais e finais da LT iguais a 4𝑘𝑚
com cabos para-raios do tipo CAA MINORCA, tal como especificado no
projeto. O restante da LT foi modelado com seções de comprimentos
variados e cabos para-raios tipo 3/8" EAR.
A parametrização do modelo da LT para a o de faltas induzidas na
frequência de chaveamento está apresentada na Figura 4.47.
154

Figura 4.47 - Parametrização da LT.

Fonte: Próprio autor.

Já para as faltas induzidas pelas descargas atmosféricas, o


procedimento adotado para a modelagem da LT foi o mesmo,
considerando, porém, a faixa de frequências pertinente a este fenômeno.
O surto atmosférico, também foi imposto diretamente sobre uma
torre e para cada lado desta consideraram-se dois e três vãos de linha de
400𝑚, enquanto que o restante foi representado por seções de
comprimentos variáveis, de modo a complementar a extensão do trecho
considerado. Além disto, a LT foi modelada com comprimento infinito.
Seguindo o procedimento descrito para obtenção das impedâncias
de surto, pôde-se observar que os parâmetros fornecidos após a realização
deste foram semelhantes àqueles informados no projeto, ratificando
assim, o modelo confeccionado.
A parametrização das impedâncias características realizada para o
circuito e cabos para-raios pode ser visualizada nas Figuras 4.48 (a) e (b),
respectivamente.
155

Figura 4.48 - Parametrização das impedâncias características. (a) Circuito; (b)


cabos para-raios.

Fonte: Próprio autor.

Apoiando-se nas diretrizes utilizadas para determinação de


parâmetros explanadas nesta subseção, será descrito sucintamente o
processo de modelagem realizado para a representação dos demais
componentes relacionados à LT.

a) Impedância de aterramento

A impedância de aterramento, neste caso, foi modelada, também


através de uma resistência, porém de valor igual a 15𝛺, tal como
informado no projeto da LT.

b) Impedância de surto da torre

Para a modelagem das torres de transmissão, foram adotadas as


mesmas premissas expostas no sistema-base, isto é, para os fenômenos de
chaveamento, as torres não foram representadas, em contraposição às
simulações com descargas atmosféricas.
Para este último fenômeno, a modelagem da impedância da torre
foi realizada através do componente LINEZT_1, com comprimento igual
ao da própria torre, isto é, 43,62𝑚 e velocidade de propagação do surto
igual a velocidade da luz, como recomendado por Martinez-Velasco
(2010), para o modelo cônico.
Supondo o raio da base da torre igual a 3,70𝑚, a impedância de
surto foi computada de acordo com a Equação (4.12), em um valor de,
aproximadamente, 170𝛺 e o parâmetro 𝑅/𝑙 também foi considerado igual
156

a zero. A parametrização utilizada está apresentada na Figura 4.49.

Figura 4.49 - Parametrização da impedância das torres de transmissão.

Fonte: Próprio autor.

c) Isolador

Este equipamento foi modelado, também, através do arquétipo


embasado nas curvas de tensão versus tempo, com comprimento da
cadeia igual a 2,19𝑚, de acordo com a informação disponibilizada no
projeto da LT. A parametrização deste elemento pode ser visualizada na
Figura 4.50.
157

Figura 4.50 - Parametrização dos isoladores.

Fonte: Próprio autor.

4.3.3 Modelos das descargas atmosféricas

De acordo com estudos correferidos aos fenômenos das descargas


atmosféricas, sabe-se que os danos de maior severidade nos sistemas
elétricos são ocasionados pelas descargas de retorno, evento este que
impulsiona o constante desenvolvimento de modelos que representam,
gradualmente, com maior fidedignidade, seu comportamento no espaço e
tempo.
Então, objetivando aperfeiçoar a proteção dos SEP’s, através da
construção destes arquétipos, pesquisadores buscam recriar campos
eletromagnéticos originados pelas descargas de retorno próximos a
realidade; analisar a influência da descarga incidente em vários pontos do
sistema elétrico, por meio da geração de CBC’s, além de avaliar o quão
o sistema elétrico é vulnerável, com base em dados estatísticos de
amostras coletadas das características das correntes de descargas de
retorno (COORAY, 2010).
Ainda segundo Cooray (2010), os modelos desenvolvidos, na
literatura, que retratam este evento são classificados em quatro grandes
grupos, conforme sua representatividade e objetivos:
158

 Modelos eletro-termodinâmicos

Sucintamente, a descarga de retorno é representada por uma coluna


de plasma, cujas propriedades e adjacências são descritas pela solução
numérica de equações de conservação (massa, momento e energia) e
equações de estado (térmica e calórica), enquanto que suas dimensões são
relacionadas com os parâmetros observáveis da descarga atmosférica, tais
como corrente e tensão características, efeitos acústicos e radiativos,
temperatura e composição plasmática (COORAY, 2014).
Na construção deste modelo, considera-se geralmente como
premissas simplificadoras, a uniformidade da corrente em todo
comprimento da coluna; equilíbrio termodinâmico local em todo o
período de tempo, para que, apenas com o conhecimento de temperatura
e pressão, seja possível o cálculo do estado do meio em um determinado
ponto, além da neutralidade elétrica da porção condutora do plasma
(COORAY, 2014).

 Modelos fundamentados em circuitos RLC

A modelagem da descarga de retorno, nesta abordagem, se dá em


duas etapas básicas: inicialmente, considera-se a transferência de toda a
carga da nuvem ao canal principal, representando-se o primeiro por um
capacitor (𝐶0) associado a uma resistência (𝑅0 ) e o segundo por um
circuito RL em série, salientando-se que a carga armazenada neste canal
deve ser figurada por um elemento capacitivo. Sendo assim, cada
segmento 𝑛 do canal é composto pela associação entre 𝑅1 𝑎 𝑁 , 𝐿1 𝑎 𝑁 e
𝐶1 𝑎 𝑁 , e por conseguinte, todo este circuito é modelado como uma LT a
parâmetros concentrados, a partir da suposição de que no canal principal
há uma energia magnética significante (LITTLE, 1978).
Por último, este é conectado a uma resistência terminal ou de
aterramento (𝑅𝐸 ), através de uma chave, que quando fechada promove o
fluxo da descarga de retorno (HOOLE, HOOLE, 2011).
O circuito utilizado para construção deste modelo pode ser visto na
Figura 4.51.
159

Figura 4.51 - Linha de transmissão a parâmetros concentrados utilizada para


elaboração do modelo RLC.

Fonte: Little (1978).

 Modelos embasados na teoria de antenas

Um dos modelos já construídos, embasados na teoria de antenas, é


aquele proposto por Moini et al. (2000), no qual a distribuição de corrente
no canal principal da descarga de retorno é determinada através das
soluções das equações de Maxwell, obtidas numericamente pelo método
dos momentos.
A representação deste canal é feita por uma antena monopolar com
perdas, cuja alimentação é realizada por uma tensão proveniente da
associação entre a corrente de entrada pré-estabelecida e sua própria
resistência por unidade de comprimento.
Neste modelo, são necessários apenas que dois parâmetros sejam
especificados pelo usuário: a resistência por unidade de comprimento do
canal e a velocidade de propagação da onda de corrente no meio não
resistivo, já que dado o surgimento de campos eletromagnéticos,
promovidos pela excursão da onda de corrente ao longo da antena, a
permissividade elétrica no meio não condutor é selecionada conforme
uma velocidade peculiar de propagação (MOINI et al., 2000).

 Modelos para aplicações em engenharia

Neste modelo, o canal principal é tratado como uma LT e a


descarga de retorno como uma corrente resultante nesta, quando aterrada
em uma das extremidades. Alguns protótipos desenvolvidos consideram
a variação espaço-temporal para a corrente de descarga e consequente
cálculo dos campos eletromagnéticos, enquanto outros apoiam-se em
conceitos físicos, tais como a velocidade de propagação da descarga de
retorno e as causas das variações espaços-temporais. É importante frisar
aqui, que alguns destes parâmetros são obtidos através de experimentos,
enquanto que os demais são selecionados a partir do alinhamento entre os
resultados do modelo e dados experimentais (COORAY, 2014;
SANTAMARÍA; ALARCÓN; VARGAS, 2011).
160

Segundo Cooray (2014), os modelos para aplicação em engenharia


são subdivididos em três classes: a primeira categoria corresponde aos
modelos CP, nos quais a descarga de retorno é tratada como um pulso de
corrente aplicado ao nível do solo, propagando-se com velocidade
uniforme e sem mudanças na amplitude da forma de onda, em direção a
nuvem através do canal principal, o qual é representado por uma LT
uniforme e sem perdas.
Na segunda categoria estão os modelos CG, cuja representação do
canal principal é feita por uma LT carregada e a corrente da descarga de
retorno constituída por fontes de corrente distribuídas ao longo deste
canal. O acionamento destas fontes pela frente da descarga de retorno,
que se propaga com destino a nuvem, promove a injeção de correntes
corona no núcleo altamente condutor do canal de descarga, as quais
viajam em ambas as direções, para baixo e para cima. Ressalta-se que,
nesta abordagem, são consideradas as correntes corona com propagação
ao solo (COORAY, 2014; SANTAMARÍA; ALARCÓN; VARGAS,
2011).
A terceira e última categoria compreende os modelos de dissipação
de corrente, os quais são construídos com base no princípio utilizado para
os modelos CG. Todavia, considera-se aqui, a propagação ascendente das
correntes corona, as quais agem sob a frente do pulso de corrente
(aplicado no terminal aterrado da LT para originar a descarga de retorno),
de forma a provocar uma redução em sua velocidade de propagação
(COORAY, 2014).

4.3.3.1 Parametrização das descargas atmosféricas

Com uma maior utilização em programas digitais, os modelos CG


foram desenvolvidos de forma a reproduzir o comportamento espaço-
temporal da corrente da descarga de retorno a partir da combinação de
três dos quatro parâmetros de entrada necessários, os quais são a CBC; a
velocidade; a distribuição da carga depositada no canal pela descarga de
retorno e a variação da constante de tempo da corrente corona de descarga
em conformidade com a altura (COORAY, 2014; REIS, 2013).
Dentre os modelos CG desenvolvidos, utilizar-se-á o modelo de
Heidler, disponibilizado no ATPDraw. Esta escolha é justificada por dois
motivos: (1) a utilização deste arquétipo para representação das primeiras
e subsequentes descargas de retorno pelo IEC no padrão de proteção
contra descargas atmosféricas, de acordo com Zimackis (2016) e (2) por
não possuir restrições quanto ao tipo de forma de onda e por oferecer uma
representação adequada do surto, tal como constatado por Marroques
161

(2015) ao parametrizar, em seus estudos, os modelos de fonte de surto


disponíveis no ATPDraw com impulsos exponenciais padrões
estabelecidos na IEC 60060-1 e 60099-4.

 Modelo de Heidler

O modelo desenvolvido por Heidler possui basicamente três


parâmetros de entrada, tais como a CBC, a velocidade da descarga de
retorno, definida como constante, e a constante de tempo da descarga
corona, admitida como nula, considerada a instantaneidade do fenômeno.
Desta forma, através da associação dos parâmetros requisitados como
entrada para o modelo, a quarta característica associada ao fenômeno
representado, a densidade linear de carga depositada pela descarga de
retorno, pode ser obtida.
Além disto, para alcançar o objetivo de descrever a variação
espaço-temporal da corrente da descarga de retorno, o modelo proposto
ainda permite a estimação da corrente corona por unidade de
comprimento, através do produto entre a densidade calculada e a função
impulso de Dirac (COORAY, 2014).
A função de Heidler, para o cálculo da CBC e, consequente
representação da forma de onda da corrente, é definida pela Equação
(4.30), na qual são destacadas três seções: a primeira corresponde ao valor
de pico da corrente ajustado, a segunda está relacionada ao crescimento
da corrente, seguido pelo seu decaimento, representado pela função da
terceira seção (ANDREOTTI; VEROLINO, 2015; TERESPOLSKY;
NIXON, 2014).

𝑡 𝑛 (4.30)
𝐼0 (𝜏 ) 𝑡
1
𝑖(𝑡) = ∙ ∙ 𝑒 − ⁄𝜏2
𝜂 1+ 𝑡 𝑛
(𝜏 )
1

Primeira Segunda Terceira

Onde:

𝑖(𝑡): CBC em função do tempo 𝑡;


𝐼0 : corrente de pico, em Ampères;
𝜂: coeficiente de correção da corrente de pico;
162

𝑛: coeficiente de inclinação da corrente;


𝜏1 : constante de tempo do aumento da corrente ou tempo de frente da
onda;
𝜏2 : constante de tempo do decaimento da corrente, ou tempo de cauda da
onda.

No software ATP, a função descrita pela Equação (4.30), passa por


uma pequena alteração e a CBC é computada desprezando o fator de
correção da corrente de pico (𝜂), conforme Equação (4.31).

𝑡 𝑛 (4.31)
(𝜏 ) 𝑡
1
𝑖(𝑡) = 𝐼0 ∙ ∙ 𝑒 − ⁄𝜏2
𝑡 𝑛
1 + (𝜏 )
1

Com o objetivo de visualizar a forma de onda gerada pela fonte


Heidler, confeccionou-se o gráfico da Figura 4.52. Para isto, aplicou-se
uma corrente com 10𝑘𝐴 de pico, com tempos de frente/cauda
equivalentes igual a 1,2/50𝜇𝑠 em um instante correspondente a 5𝑚𝑠.

Figura 4.52 - Forma de onda gerada pela fonte Heidler.

Fonte: Próprio autor.

A partir do gráfico da Figura 4.52, infere-se que o valor de pico da


corrente assume um valor de 10𝑘𝐴, acontecendo a, aproximadamente,
1,2𝜇𝑠 do instante de aplicação e que para o tempo de cauda estabelecido
163

em 50𝜇𝑠, a corrente atinge um valor de 3.7𝑘𝐴, ou seja, 37% do valor de


pico, tal como especificado pela descrição da fonte no Rulebook do ATP.
Após a escolha da fonte de surto e correta configuração,
prosseguiu-se com a utilização dos parâmetros padrão para ondas de
surto, estabelecidos pelo IEC (2004), isto é, tempo de frente/cauda de
onda igual a 1,2/50𝜇𝑠.
Além disto, para o coeficiente de inclinação da corrente (𝑛),
adotou-se um valor igual a 5 e a amplitude solicitada na parametrização
foi determinada de acordo com a probabilidade da magnitude da corrente
de raio, explicitada na subseção 4.2.2.
A configuração da fonte Heidler pode ser observada na Figura
4.53.

Figura 4.53 - Parametrização da fonte do surto atmosférico.

Fonte: Próprio autor.

Para integralização da completa modelagem do surto atmosférico


no ATPDraw, adicionou-se a representação do caminho de descarga por
meio de uma resistência, com um valor de 400𝛺, proveniente dos estudos
de Bewley (1933), em paralelo à fonte de corrente, representante da
corrente de descarga.
É importante frisar que, apesar do valor adotado ter sido estipulado
há anos, o mesmo não está defasado, dada sua utilização na atualidade em
pesquisas desenvolvidas por diversos autores, a título de exemplo, Fekete
164

et al. (2010), Pranlal (2011), Abd-Allah; Elyan e Belal (2016) e Gouda e


Elshesheny (2016).
O conjunto corrente e caminho de descarga modelado pode ser
visto na Figura 4.54.

Figura 4.54 - Modelo utilizado para representação da descarga atmosférica.

Fonte: Próprio autor.

Pelo fato do IEEE WG 15.08.09 (1998) afirmar que descargas


diretas incidentes em subestações podem ser desconsideradas, partindo
do pressuposto que há uma blindagem perfeita, tanto por cabos de
proteção, quanto por para-raios, considerar-se-á, neste estudo, somente
descargas atmosféricas incidentes nas LT’s.
Porém, com base em Kindermann (1992), optou-se por considerar,
apenas, as descargas incidentes nas torres de transmissão, uma vez que é
exibido um comparativo onde as probabilidades destes fenômenos
acometerem os topos das torres e o meio do vão da LT são de 60% e
40%, respectivamente.

A opção de não modelar o efeito corona foi justificada pelo fato de


já serem instalados, usualmente, anéis equalizadores nas cadeias de
isoladores. Adicionalmente, conforme Martinez-Velasco (2010), este
efeito pode ser desconsiderado, em consequência da frequência suposta
para ocorrência do fenômeno.

4.3.4 Modelo elétrico da carga

A carga, em um sistema elétrico de potência, é o elemento que está


relacionado a demanda, sendo caracterizada assim, pelo consumo de
potência ativa e/ou reativa. Na modelagem de um sistema, a representação
desta, a qual pode ser monofásica, bifásica ou trifásica, é realizada através
de um único elemento equivalente conectado a um barramento (ANEEL,
2005b; PRICE et al., 1993).
De acordo com Reis (2013), as cargas trifásicas podem ser
representadas por três impedâncias conectadas mediante duas
configurações: estrela (𝑌) e triângulo (∆). Na primeira, a conexão é
165

realizada entre cada fase do sistema e os terminais iniciais de cada fase da


carga, enquanto que as extremidades finais desta são interligadas em um
mesmo ponto, denominado neutro da carga. Já na segunda, duas fases do
sistema são conectadas aos terminais iniciais e finais de cada fase da
carga.
Tais configurações podem ser visualizadas na Figura 4.55.

Figura 4.55 - Arranjos da carga: (a) estrela, (b) delta.

Fonte: Próprio autor.

No tocante à modelagem da carga, Zanetta Júnior (2005) afirma


que estas podem ser concebidas conforme três arquétipos:

 Modelo de potência constante: admite-se que as potências ativa


e reativa da carga sejam constantes, independentemente das
variações de tensão;
 Modelo de corrente constante: assume-se que a corrente e o fator
de potência permaneçam inalterados, apesar da variabilidade da
tensão;
 Modelo de impedância constante: considera-se que a impedância
seja imutável, ainda que a tensão varie.

Os três modelos relacionados previamente estão esquematizados


na Figura 4.56.

Figura 4.56 - Modelos de carga.

Fonte: Zanetta Júnior (2005) - adaptado.


166

É importante ressaltar que estes arquétipos pertencem à categoria


dos modelos estáticos da carga, nos quais são utilizados os valores da
tensão no barramento e da frequência, apenas em um instante de tempo
particular, para a determinação da potência da carga no mesmo instante
(VISCONTI, 2010).
Outrossim, ainda compõem este grupo o modelo exponencial, o
qual se fundamenta em funções não-lineares das variações de tensão para
a determinação da potência e o modelo polinomial (ZIP), no qual a
representação da carga é realizada através de uma combinação dos
modelos de potência, corrente e impedância constantes (VISCONTI,
2010).
Na literatura, é reportada ainda uma segunda categoria que abrange
os modelos dinâmicos, cujas potências ativa e reativa em um instante
específico são definidas a partir dos valores da tensão no barramento e da
frequência em um intervalo de tempo.
Neste grupo, as cargas são modeladas como motores de indução e
conforme os modelos auto regressivos SISO, no qual a potência da carga
é determinada, apenas, pelas variações de tensão e MISO, em que a
potência é descrita em função da frequência, além das variações de tensão
(VISCONTI, 2010).

4.3.4.1 Parametrização da carga

Visando investigar o desempenho dos algoritmos propostos, neste


estudo, sob as condições nominais de operação da LT, modelou-se
simplificadamente, apenas para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio
do Sul/SC, uma carga através de uma resistência trifásica conectada em
estrela, representada pelo componente RLCY3. O valor deste parâmetro
foi estipulado em 130𝛺, com base na análise de circuitos.
É importante ressaltar que a inclusão da carga no modelo da LT foi
realizada somente para a simulações de chaveamento.

4.3.5 Parâmetros da simulação

Com a finalidade de ajustar os parâmetros de simulação, é


imprescindível determinar primeiramente a frequência de ocorrência dos
fenômenos a serem estudados no momento da parametrização do módulo
Line/Cable Constant (LCC), de acordo com a Tabela 4.5. Portanto, para
o fenômeno do chaveamento, adotou-se uma frequência de ocorrência
igual a 10𝑘𝐻𝑧.
167

Posto isto, adotou-se um tempo total de simulação igual a 0,2𝑠 e a


escolha do passo de integração da simulação foi fundamentada no
teorema de Nyquist, exposto em Bollen e Gu (2006), o qual afirma que a
frequência de amostragem da simulação (𝑤𝑆 ) deve ser maior que o dobro
da máxima frequência do evento (𝑤𝑚á𝑥 ). Tal relação é descrita pela
Equação (4.32).

𝑤𝑆 > 2 𝑤𝑚á𝑥 (4.32)

Apoiando-se nesta relação, o passo de integração (∆𝑡) foi estimado


em 50𝜇𝑠, porém foi utilizado um valor de 1𝜇𝑠 para este parâmetro, o qual
ainda é inferior ao estipulado pelo teorema.
Já para o fenômeno das descargas atmosféricas, assumiu-se uma
frequência de ocorrência igual a 100𝑘𝐻𝑧 e uma janela de tempo de
simulação de 0,03𝑠. O passo de simulação foi estipulado em 0,05𝜇𝑠,
valor este que é inferior ao passo de 5𝜇𝑠 calculado com base no teorema
de Nyquist.

4.3.6 Modelagem dos sistemas

Reiterando que a modelagem dos componentes de um SEP leva em


consideração o intervalo de frequência correspondente a fenômenos
transitórios particulares e a partir da exposição das diferenças entre os
modelos dos componentes, prosseguiu-se com a implementação dos
sistemas no ATPDraw.
Nas Figuras 4.57 e 4.58 estão ilustrados os sistemas referentes à
LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI modelados com as
características discutidas para os casos de chaveamento e descargas
atmosféricas, respectivamente.

Figura 4.57 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso de chaveamento.

Fonte: Próprio autor.


168

Figura 4.58 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso das descargas


atmosféricas.

Fonte: Próprio autor.

Já para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, os


sistemas modelados por completo para os casos de chaveamento e
descargas atmosféricas, podem ser visualizados nas Figuras 4.59 e 4.60,
nesta ordem.

Figura 4.59 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso de chaveamento.

Fonte: Próprio autor.

Figura 4.60 - Sistema simulado no ATPDraw para o caso das descargas


atmosféricas.

Fonte: Próprio autor.


169

4.4 FORMULAÇÃO DOS ALGORITMOS DE DETECÇÃO,


CLASSIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FALTAS

De posse da correta modelagem da linha, procedeu-se com a


implementação de uma rotina no ambiente do MatLab com a finalidade
de adquirir, detectar, classificar e localizar a falta. Deste modo, o
algoritmo, cujo fluxograma geral está apresentado na Figura 4.61, foi
desenvolvido em quatro módulos.

Figura 4.61 - Fluxograma do algoritmo desenvolvido.

Fonte: Próprio autor.

4.4.1 Aquisição de dados

Para aquisição dos dados, podem ser consideradas técnicas que


envolvem a obtenção de sinais de tensão e/ou corrente provenientes de
um, dois ou três terminais, tal como explanado nas considerações finais
do Capítulo 3.
Na literatura exposta, a sincronização dos dados, em métodos de
dois terminais, é feita pelo sistema GPS, o qual fornece informações de
navegação, posicionamento e cronometragem para aplicações civis e
militares. De acesso fácil e gratuito, este sistema é capaz de atender as
170

necessidades de controle, monitoramento e localização de faltas em


sistemas de potência com alta precisão. Contudo pesquisas demonstram
que para grandes áreas, o GPS pode introduzir um erro de até 1μs,
problemática que pode ser corrigida com o aprimoramento da aplicação
de análises wavelet (KIM, KIM, CHOI, 2001; ZHAO, SONG, CHEN,
2001).
A aquisição de dados, neste estudo, foi realizada a partir de dados
sincronizados de ambos os terminais da linha.
Após a simulação dos sistemas elétricos no ATP, neste módulo,
exportaram-se os sinais obtidos para o software MatLab, vide Figura 4.62,
a fim de dar seguimento aos processos de detecção, classificação e
localização das faltas.

Figura 4.62 – Interface ATP/MatLab.

Fonte: Próprio autor.

O processo de transferência foi realizado, através do subprograma


GTPPLOT do ATP, o qual é capaz de criar um banco de dados das
variáveis em um arquivo de extensão “.mat” (arquivo de dados do
programa MatLab), de acordo com o seguinte procedimento (SOUZA,
2007):

a) Procedimento para criação do arquivo de dados “.mat”

 Na guia ATP, seleciona-se a opção GTPPLOT, ou


alternativamente, pressiona-se as teclas Ctrl+Alt+1;
 Na nova janela que se abre, digita-se “choice”;
 Ao pressionar um enter, aparecerá todas as variáveis lidas pelos
medidores, no caso deste trabalho, pelas current probes;
 Digita-se os números das variáveis a serem exportadas
precedidos de uma barra (por exemplo: /1 2 3 4 5 6) e pressiona-
se enter;
 Digita-se “matlab” e novamente pressiona-se enter;
 Finalizando, digita-se “go”.
171

A janela que se abre após a seleção da opção GTPPLOT,


contendo os passos posteriores estão apresentados na Figura 4.63.

Figura 4.63 - Processo de criação do banco de dados das variáveis.

Fonte: Próprio autor.

4.4.2 Detecção

Após a aquisição de dados, o módulo responsável pela detecção de


falhas é acionado e, através da transformação modal de Clarke, os sinais
das correntes trifásicas coletadas nos terminais local e remoto são
desacoplados em um novo conjunto de correntes modais. Desta forma, o
sistema pode ser tratado como três sub-sistemas monofásicos distintos e
independentes.
De acordo com Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003), o uso
de componentes modais pode atuar na detecção de faltas, apesar de
possuírem algumas limitações, vide Tabela 4.8.
172

Tabela 4.8 - Condições para o uso das componentes modais na detecção de


faltas em LT’s.
Componente Restrição
0 Não detecta faltas sem terra
𝛼 Não detecta faltas FFBC
𝛽 Não detecta falta FTA
0e𝛼 Não detecta faltas FFBC
0e𝛽 Sem restrição
𝛼e𝛽 Sem restrição
0, 𝛼 e 𝛽 Sem restrição
Fonte: Soares, Oliveira, Carvalho Júnior (2003).

Como discutido por este autor, pode-se perceber então que apenas
uma componente modal não é capaz de detectar todos os tipos de falta,
enquanto que o uso de duas destas componentes, desde que sejam 0 e β
ou α e β, não possuem restrição quanto ao tipo de falta. Deste modo,
foram utilizadas, neste trabalho, as correntes dos modos aéreos 1 e 2 (𝛼 e
𝛽) como variáveis na percepção de faltas em LT’s.
Posteriormente, tal qual os estudos de Costa e Souza (2011), os
coeficientes wavelet dos sinais foram calculados com base no algoritmo
piramidal da MODWT, de acordo com a Equação (4.33).
𝐿

𝑐𝐷(𝑘) = ∑ ℎ(𝑙)𝑥(𝑘 + 𝑙 − 𝐿) (4.33)


𝑙=1

Onde:

ℎ(𝑙): coeficientes do filtro wavelet passa-alta;


𝐿: comprimento do filtro;
𝑥: componente modal da corrente.

Conforme constatação de Costa e Souza (2011), o comportamento


dos coeficientes wavelet pode ser representado por uma função densidade
de probabilidade normal, a qual é calculada com base na média (𝜇) e
desvio-padrão (𝜎) dos próprios coeficientes, vide Figura 4.64.
173

Figura 4.64 - Função densidade de probabilidade normal.

Fonte: ESTATCAMP (2016).

Em consequência disto, calcularam-se os limiares inferior e


superior desta função de probabilidade normal, partindo do pressuposto
de que, aproximadamente, 99,994% dos coeficientes wavelet no estado
de regime permanente estão compreendidos no intervalo de [𝜇 − 4𝜎] a
[𝜇 + 4𝜎] (COSTA; SOUZA, 2011).
Sendo assim, é esperado que dada a incidência de uma falta, esses
limiares sejam violados, haja vista que coeficientes wavelet de
transitórios induzidos por uma falha são maiores e/ou menores que os
limites estabelecidos para o estado de regime permanente do sistema
(COSTA, SOUZA, 2011).
Em suma, para detecção de faltas, este estudo apoiou-se na
comparação entre os limiares inferior e superior com os valores mínimo
e máximo, respectivamente, dos coeficientes de detalhe dos modos aéreos
1 e 2, dos sinais de corrente obtidos por ambos os terminais de medição.
Este processo é ilustrado nas Figuras 4.65 (a) e (b) para o caso de
uma falta bifásica tipo AB.

Figura 4.65 - Comparação entre os coeficientes de detalhes máximo e mínimo


do modos 1 e 2 e os respectivos limiares.

Fonte: Próprio autor.


174

Para o exemplo da Figura 4.65, pode-se observar que a utilização


da componente modal 1 é suficiente para a detecção da falta, uma vez que
os coeficientes de detalhes associados, cujos valores mínimo e máximo
são −32,38 e 58,1214, nesta ordem, não estão compreendidos no
intervalo de −0,1270 a 0,1286.
Adicionalmente, com o emprego da componente modal 2, observa-
se também que os coeficientes de detalhes computados excedem o
intervalo de detecção estabelecido entre −0,1301 e 0,1300. A título de
exemplo, os valores mínimo e máximo destes coeficientes, a partir do
instante de incidência da falta, equivalem a, aproximadamente,
−33,5830 e 18,6675, nesta ordem.
Elucida-se o método adotado através do pseudoalgoritmo descrito
na Tabela 4.9.

Tabela 4.9 - Pseudoalgoritmo: módulo da detecção.

Fonte: Próprio autor.

Após o teste da condição de detecção, foi colocado um flag de


detecção responsável pelo acionamento dos outros dois módulos. Caso a
falta fosse detectada, o flag era ativado e davam-se início aos processos
de classificação e detecção. Em caso negativo, retornava-se ao módulo da
aquisição.
De forma análoga, o módulo correspondente à detecção está
ilustrado na Figura 4.66, onde o processo descrito anteriormente tem
início logo após o módulo de aquisição e finaliza no módulo classificador,
caso a falta seja detectada. Caso contrário, inicia-se uma nova coleta de
dados.
175

Figura 4.66 - Fluxograma do módulo de detecção.

Fonte: Próprio autor.

4.4.3 Classificação

A classificação do tipo de falta em uma LT é de fundamental


importância para estudos mais detalhados sobre a influência destes
distúrbios no sistema. Outrossim, a caracterização destas falhas se faz
necessária neste trabalho, haja vista que a identificação dos instantes de
chegada dos transitórios aos terminais de monitoramento possui uma
relação de dependência com as componentes modais, a qual será
esclarecida na subseção 4.4.4.
Com a finalidade de classificar as faltas induzidas na frequência de
chaveamento no SEP em estudo, fez-se uma análise do conteúdo de
energia dos coeficientes escalares das correntes de fase e do modo 0, cuja
principal funcionalidade é a identificação da terra na falta. Vale salientar
que o algoritmo foi desenvolvido objetivando alcançar uma correta
classificação destas falhas em LT’s transpostas e não transpostas, para
todas as condições explicitadas na subseção 4.2.1.
À vista disso, em uma primeira etapa, criou-se um sistema-
referência (sem nenhum tipo de falta), no qual foram adquiridos os sinais
176

de corrente de apenas um dos terminais de monitoramento (neste trabalho,


optou-se pelas medições locais) e aplicada a transformada de Clarke para
obtenção da componente modal 0.
Em um outro ambiente, simulou-se o sistema faltoso, eliminando
primeiramente o efeito de regime permanente do sistema, para os
subsequentes equacionamentos e análises pertinentes à classificação das
falhas.
De início, determinaram-se os coeficientes de escala
(aproximação), os quais puderam ser obtidos por um equacionamento
semelhante ao utilizado para o cálculo dos coeficientes de detalhe,
denotado pela Equação (4.33), com a ressalva de que o filtro utilizado
deve ser passa-baixas.
Tais coeficientes podem ser computados de acordo com a Equação
(4.34).
𝐿

𝑐𝐴(𝑘) = ∑ 𝑔(𝑙)𝑥(𝑘 + 𝑙 − 𝐿) (4.34)


𝑙=1

Onde:

𝑔(𝑙): coeficientes do filtro wavelet passa-baixas;


𝐿: comprimento do filtro;
𝑥: componente modal da corrente/componente da corrente trifásica.

Talqualmente Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003), utilizou-


se a wavelet Daubechies 4 para a classificação das faltas, porém os
coeficientes empregados foram aqueles correspondentes ao filtro passa-
baixas para a MODWT, os quais são, conforme apresentado nos estudos
de Metello (2012), iguais a:

1+√3 3+√3 3−√3 1−√3


𝑔1 = 8
, 𝑔2 = 8
, 𝑔3 = 8
, 𝑔4 = 8

Posteriormente, calculou-se a energia relativa aos coeficientes


calculados anteriormente.
De acordo com Burrus, Gopinath e Guo (1998), o teorema de
Parseval para as wavelets estabelece uma relação intrínseca entre a
energia de um sinal com a energia contida nos seus componentes e em
seus próprios coeficientes wavelets, considerando para estes últimos,
177

todos os níveis de decomposição. De forma generalista, esta associação é


formulada através da Equação (4.35).
∞ ∞ ∞
2 2
∫|𝑔(𝑡)|𝑑𝑡 = ∑ |𝑐(𝑙)|2 + ∑ ∑ |𝑑𝑗 (𝑘)| (4.35)
𝑙=−∞ 𝑗=0 𝑘=−∞

Onde:

𝑔(𝑡): sinal;
𝑐(𝑙): componentes ou coeficientes de aproximação;
𝑑𝑗 (𝑘): coeficientes wavelet em um determinado nível.

Partindo deste princípio, a energia do mesmo sinal discretizado,


agora, no tempo, com um número finito de amostras e níveis, pode ser
calculada através da Equação (4.36), conforme Arruda (2017).

𝑁 𝑁𝑗 𝐽 𝑁𝑗
2 2
∑|𝑔(𝑛)2 | = ∑|𝑐𝐴𝐽 (𝑛)| + ∑ ∑|𝑐𝐷𝑗 (𝑛)| (4.36)
𝑛=1 𝑛=1 𝑗=1 𝑛=1

Onde:

𝑔(𝑛): sinal discretizado;


𝑐𝐴𝐽 : coeficientes de aproximação do nível j;
𝑐𝐷𝑗 : coeficientes de detalhes do nível j;
𝑁: número total de amostras no sinal;
𝑁𝑗 : número de amostras no nível j.

Após a determinação do conteúdo espectral de energia dos


coeficientes escalares das correntes de fase e de sua componente 0 do
terminal local, procedeu-se com normalização das energias, assim
obtidas, para a fase com maior magnitude energética, de forma
semelhante aos estudos de Silva (2003), o qual se balizou na normalização
dos fasores de corrente e na componente de sequência zero.
Arrematando este processo de classificação, foram realizadas
comparações entre as energias de cada fase, para a consequente
identificação do tipo de falha.
178

Semelhantemente a Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003),


utilizou-se inicialmente o conteúdo de energia dos coeficientes escalares
da componente modal 0 como indicador de envolvimento da falta com a
terra ou não.
Para melhor compreensão do que ocorre com a componente 0, são
apresentadas nas Figuras 4.67 (a) e (b), os coeficientes escalares e energia
relacionados ao modo terra, para as faltas tipo AB e AT, respectivamente.

Figura 4.67 - Coeficientes escalares e energia associada (a) falta bifásica AB; (b)
falta monofásica AT.

Fonte: Próprio autor.

A partir da análise das Figuras 4.67 (a) e (b), pode-se inferir que
ao ocorrer uma falta sem conexão com a terra, tipo AB (a título de
exemplo), os coeficientes de escala apresentam baixas magnitudes
(próximas a zero) e, consequentemente, a energia associada a estes
componentes também dispõe desta mesma característica. Já nas situações
em que há ocorrência de falta com envolvimento da terra, exemplificada
pela falha AT, os coeficientes escalares apresentam amplitudes maiores
que a unidade, acarretando em valores de energia mais expressivos
quando comparado à falha AB, o que caracteriza um grau elevado de
desequilíbrio entre as fases do sistema (SOARES, OLIVEIRA,
CARVALHO JÚNIOR, 2003).
Fundamentando-se nestas considerações, observou-se então o
valor normalizado do conteúdo da energia dos coeficientes da
componente modal terra. No caso deste valor estar nas proximidades de
zero, o algoritmo prosseguia para a classificação de faltas bifásicas e
trifásicas, caso contrário, a rotina seguia com a categorização das falhas
monofásicas.
179

Admitindo que o conteúdo de energia do modo terra seja próximo


de zero, como segundo passo, foi analisado se a razão entre as energias
associadas às correntes nas fases A e B era próxima a unidade e se a razão
entre as energias das fases C e A era próxima a zero, em caso positivo, a
falta era tipificada como AB, caso contrário, testava-se uma nova
condição.
Para compreender visualmente as condições de fronteiras
utilizadas, faz-se necessário observar as Figuras 4.68 (a), (b) e (c) as quais
apresentam, respectivamente, o comportamento das correntes resultantes
(após eliminação do efeito de regime permanente), os coeficientes
escalares e as energias associadas à estes em uma falta bifásica AB.

Figura 4.68 - Falta bifásica AB. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Na ocorrência de uma falta AB, tal como representada nas Figuras


4.68 (a), (b) e (c), nota-se que as correntes das fases envolvidas na falha
possuem comportamentos e valores semelhantes, o que é refletido nos
coeficientes de escala e na energia.
Caso a condição proposta no segundo passo não fosse atendida,
observou-se, então, se a razão entre as energias associadas as correntes
180

nas fases A e C era próxima a unidade e se a razão entre as energias das


fases B e A era próxima a zero. Sendo estas condições verdadeiras, a falta
era classificada como AC, caso contrário, prosseguia-se para um novo
teste.
As Figuras 4.69 (a), (b) e (c) exibem, respectivamente, o
comportamento das correntes resultantes, os coeficientes escalares e as
energias associadas a estes em uma falta bifásica AC.

Figura 4.69 - Falta bifásica AC. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Semelhantemente à falta AB, nota-se que na falha AC as correntes


das fases faltosas possuem comportamentos e valores semelhantes,
refletindo tais características nos coeficientes escalares e na energia.
Ao não tipificar a falta como AC, analisou-se, então, a razão entre
os conteúdos de energia das fases B e C juntamente com a relação entre
as energias das fases A e C, e de modo igual as outras falhas bifásicas já
abordadas, estabeleceu-se a condição de que se a primeira relação fosse
próxima a um e a segunda estivesse nas proximidades de zero, a falta seria
caracterizada como BC, caso contrário procedia-se com um novo teste.
181

As Figuras 4.70 (a), (b) e (c) ilustram, respectivamente, o


comportamento das correntes trifásicas no terminal local, os coeficientes
escalares e as energias relacionadas a estes em uma falta bifásica BC.

Figura 4.70 - Falta bifásica BC. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

A partir das análises gráficas, pode-se perceber que as correntes


das fases faltosas apresentam amplitudes muito mais significativas e
semelhantes entre si em comparação a fase A. Tais características também
foram observadas nos coeficientes escalares e nas energias e, por
conseguinte, a razão entre as energias das correntes nas fases B e C, além
da relação entre as energias das fases A e C foram utilizadas para a
tipificação desta falta.
O quinto e último teste desta categoria de faltas que não envolviam
a terra, foi realizado a fim de classificar falhas trifásicas.
Como já foi visto que, através das Figuras 4.68 (a), 4.69 (a) e 4.70
(a), a corrente e a energia associada da fase não envolvida na falta nas
falhas bifásicas desvelam amplitudes não significativas quando em
comparação as fases faltosas, estabeleceu-se então, que se as energias
relacionadas às fases A, B e C assumissem valores aproximados e que
182

nenhuma das razões entre as energias fosse próxima a zero isto é, caso
não atendessem nenhuma das condições estabelecidas anteriormente, a
falta seria classificada como trifásica.
Para uma melhor visualização, estão ilustradas nas Figuras 4.71
(a), (b) e (c), respectivamente, as correntes trifásicas no terminal local, os
coeficientes escalares e as energias associadas a estes em uma falta
trifásica.

Figura 4.71 - Falta trifásica. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes escalares;
(c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Com base na Figura 4.71, pode-se observar que na ocorrência de


uma falta trifásica, as correntes das três fases apresentam comportamento
e amplitudes semelhantes e em consequência disto, os coeficientes
escalares e as energias também assumem as mesmas características.

Dando início a classificação das faltas envolvendo a terra,


analisou-se primeiramente se a energia relacionada a fase A era maior que
as energias associadas as fases B e C. Em caso afirmativo, a falta era
categorizada como monofásica AT, caso contrário, prosseguia-se com a
realização de um novo teste.
183

Esta condição pode ser observada nas formas de onda de corrente,


nos coeficientes escalares e nas energias exibidas nas Figuras 4.72 (a), (b)
e (c), nesta ordem.

Figura 4.72 - Falta monofásica AT. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Mediante análise gráfica, infere-se que ao ocorrer uma falta tipo


AT, a corrente da fase A aumenta significativamente em relação as
demais, enquanto que, as correntes das fases B e C, exibem
comportamentos semelhantes entre si e valores da mesma ordem de
grandeza. As mesmas considerações são válidas tanto para os coeficientes
escalares quanto para a energia contabilizada.
Na hipótese de que a falta não fosse considerada como AT, a
mesma lógica foi aplicada para a classificação da falta monofásica BT,
isto é, caso a energia relacionada a fase B fosse maior que as energias
associadas as demais fases, a falha era tipificada como tal, caso contrário,
seria realizado um último teste.
Nas Figuras 4.73 (a), (b) e (c) estão ilustradas as formas de onda
de corrente, os coeficientes escalares e as energias, nesta ordem, as quais
pautaram a classificação deste tipo de falta.
184

Figura 4.73 - Falta monofásica BT. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

A última etapa da categoria de faltas que envolvem a terra, teve o


objetivo de classificar as faltas CT. Para isto, incorreu-se novamente na
análise das energias associadas as fases. Caso o conteúdo espectral de
energia da fase C fosse maior que aqueles relacionados as outras fases, a
falta era, então categorizada.
Para uma melhor visualização, as formas de onda de corrente, os
coeficientes escalares e as energias estão esboçadas nas Figuras 4.74 (a),
(b) e (c).
185

Figura 4.74 - Falta monofásica CT. (a) Correntes resultantes; (b) coeficientes
escalares; (c) energia.

Fonte: Próprio autor.

Como exposto previamente, este algoritmo pautou-se apenas no


uso da energia normalizada associada aos coeficientes escalares da
componente modal 0 de corrente, para indicação do envolvimento da terra
na falta, além da energia, também normalizada, correlata aos próprios
sinais trifásicos de corrente resultantes, após a eliminação do efeito de
regime permanente.
O método desenvolvido nesta pesquisa, diferencia-se do método
empregado por Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003), no qual, além
de utilizar a energia associada aos coeficientes de detalhe do modo 0 do
sinal de tensão, empregou-se o conteúdo de energia dos coeficientes de
detalhe das tensões de fase, quando a energia dos relacionada às
componentes modais não foram suficientes.
De forma sucinta o método proposto, neste estudo, faz uso dos
valores de energias normalizados da componente modal 0 para
categorizar as faltas em dois grandes grupos: com e sem envolvimento da
terra. Em seguida, apoiando-se nas condições de fronteira explicitadas na
subseção 4.2.1 e com o emprego das energias normalizadas de cada fase,
classificou-se as faltas.
186

Na Tabela 4.10 está descrito o pseudoalgoritmo elaborado para


este módulo.

Tabela 4.10 - Pseudoalgoritmo: módulo da classificação.

Fonte: Próprio autor.

Tal como exibido no pseudoalgoritimo, após o teste de cada


condição, foi colocado um flag de classificação, o qual só é acionado
quando a falta é classificada como BC. Este flag é de extrema
importância, uma vez que determina a utilização da componente modal 1
ou 2 para a localização das faltas no módulo seguinte.
Ilustrativamente, o módulo responsável pela classificação é
apresentado na Figura 4.75, onde o processo inicia com a aquisição dos
sinais de corrente trifásicos e da componente modal 0 dos sistemas faltoso
e de referência e finaliza após a classificação de todas as faltas.
187

Figura 4.75 - Fluxograma do módulo de classificação.

Fonte: Próprio autor.


188

4.4.4 Localização

Iniciando o processo de localização das faltas, considerou-se um


sistema-referência, no qual foi simulado um sistema saudável, de maneira
igual ao módulo classificador. Neste ambiente, foram coletados os sinais
trifásicos de corrente dos terminais de monitoramento da LT. Em seguida,
foi aplicada a transformada de Clarke para o desacoplamento das fases e
consequente obtenção das componentes modais 1 e 2.
O pseudoalgoritmo utilizado para obtenção destas componentes do
sistema-referência está descrito na Tabela 4.11, para uma maior clareza.

Tabela 4.11 - Pseudoalgoritmo: sistema-referência.

Fonte: Próprio autor.

Similarmente ao módulo classificador, considerando agora o


sistema faltoso, eliminou-se, primeiramente, o efeito de regime
permanente do sistema, haja vista que o funcionamento deste módulo com
uma correta precisão deve abranger LT’s transpostas e não transpostas.
Em seguida, calcularam-se os coeficientes de detalhes das
componentes modais aéreas, mediante a Equação (4.33). Porém vale
ressaltar que, a utilização destas componentes modais foi determinada
pelo flag de classificação, definido no módulo precedente.
Deste modo, para as faltas classificadas como BC, o cálculo dos
coeficientes foi realizado com base na componente modal 2, posto que as
componentes 0 e 1 apresentam restrição na detecção desse tipo de falha,
vide Tabela 4.8. Já para as demais faltas, tais coeficientes foram
determinados com base na componente modal 1.
Em sequência, calculou-se a energia associada a estes coeficientes,
conforme a Equação (4.36).
Analogamente à Silva (2003), a estimação da distância da falta
apoiou-se no primeiro instante de reflexão em ambos os barramentos,
porém de modo dissemelhante a este autor, o qual detectou estes instantes
por meio de uma comparação entre os coeficientes de detalhes de
primeiros nível e modo dos sinais de tensão com um limiar. Este foi
definido como o maior coeficiente de detalhe, também de nível 1 e modo
1, obtidos dos sinais de tensão do terminal local em regime permanente.
189

O módulo desenvolvido nesta pesquisa, pautou-se na comparação


entre as energias calculadas a partir das componentes modais de corrente
1 ou 2, consoante a classificação, com um limiar estabelecido conforme
os ruídos da LT.
Como etapa final, estimou-se a localização da falta para a LT
Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI embasando-se no diagrama de
Lattice, apresentado na subseção 2.2.1.2 e considerando, apenas, dois
terminais de monitoramento.
Recapitulando, a expressão utilizada para o cálculo da distância da
falta ao terminal local é denotada pela Equação (4.37).

𝐿𝑡 − 𝑣(𝑡𝑅 − 𝑡𝐿 ) (4.37)
𝑑𝐿 =
2
Onde:

𝑑𝐿 : distância ao terminal local;


𝐿: comprimento total da LT;
𝑣: velocidade de propagação;
𝑡𝐿 e 𝑡𝑅 : instante de chegada aos terminais local e remoto.

Apenas para um maior controle sobre as estimativas, calcularam-


se, em cada simulação, as distâncias das faltas ao terminal remoto,
mediante a Equação (4.38).

𝐿𝑡 − 𝑣(𝑡𝐿 −𝑡𝑅 ) (4.38)


𝑑𝑅 =
2

Onde:

𝑑𝑅 : distância ao terminal local;


𝐿𝑡 : comprimento total da LT;
𝑣: velocidade de propagação;
𝑡𝐿 e 𝑡𝑅 : instante de chegada aos terminais local e remoto.

Subsequentemente, somaram-se as distâncias 𝑑𝐿 e 𝑑𝑅 no intuito de


verificar se o resultado obtido era igual ao comprimento total da LT. Em
caso afirmativo, a estimação realizada estava coerente com a teoria.
Já para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, dotada
de três pontos de monitoramento, a estimativa da localização foi realizada
de acordo com dois procedimentos, a saber: (1) através do diagrama
190

Lattice, considerando apenas dois terminais de monitoramento (𝑡𝐿 e 𝑡𝑅 ),


tal qual determinado para a primeira LT e (2) mediante as formulações
expostas por Feng et al. (2008) para três pontos de medição,
desconsiderando a velocidade de propagação.
Por simplicidade, no decorrer deste estudo, os métodos
mencionados serão nominados de M2T e M3T, por envolverem dois e
três terminais de monitoramento, respectivamente.
Uma vez que foi adotado o terminal local como referência para as
estimações no M2T, desenvolveu-se, a partir da manipulação das
Equações (3.1), a expressão denotada pela Equação (4.39), no intuito
obter também a distância da falta ao terminal local.

𝐿1 (𝑡𝐼 − 𝑡𝐿 ) (4.39)
𝑑𝐿 = − 𝐿1
2 2 (𝑡𝑅 − 𝑡𝐼 )

Onde:

𝑑𝐿 : distância ao terminal local;


𝐿1: comprimento equivalente à metade da LT;
𝑣: velocidade de propagação;
𝑡𝐿 , 𝑡𝑅 e 𝑡𝐼 : instante de chegada aos terminais local, remoto e do isolador.

Vale ressaltar que a Equação (4.39) é apropriada apenas para faltas


incidentes na primeira metade da LT, adotado como sendo o trecho entre
o terminal local e o isolador.
Então, de modo a considerar faltas incidentes na segunda metade
da LT (entre o isolador e o terminal remoto), manipulou-se novamente o
conjunto de Equações (3.1) e obteve-se, assim, a Equação (4.40).

𝐿𝑡 (𝑡𝑅 − 𝑡𝐿 ) (4.40)
𝑑𝐿 = + 𝐿1
2 2 (𝑡𝐼 − 𝑡𝐿 )

Onde:

𝑑𝐿 : distância ao terminal local;


𝐿𝑡 : comprimento total da LT;
𝐿1: comprimento equivalente à metade da LT;
𝑣: velocidade de propagação;
𝑡𝐿 , 𝑡𝑅 e 𝑡𝐼 : instante de chegada aos terminais local, remoto e do isolador.
191

A utilização das Equações (4.39) e (4.40) embasou-se na relação


entre os instantes de chegada aos terminais local e remoto, a qual
estabelece que quando 𝑡𝐿 < 𝑡𝑅 , a incidência da falta foi sob a primeira
metade da LT, enquanto que 𝑡𝐿 > 𝑡𝑅 é um indicativo de que a segunda
metade foi acometida.
No intuito de verificar a coerência dos resultados, também foram
calculadas as distâncias das faltas ao terminal remoto para o M2T e M3T,
além das distâncias em relação ao isolador, neste último método.
Também foram relacionados em planilhas, à parte, os instantes de
incidência dos transitórios nos terminais de monitoramento de todos os
casos simulados, para uma simples supervisão dos resultados obtidos.
O pseudoalgoritmo desenvolvido para este módulo está descrito na
Tabela 4.12, no qual há o acréscimo de um terceiro terminal de
monitoramento (o isolador) e a estimação da localização da falta é
realizada através do M2T e do M3T.

Tabela 4.12 - Pseudoalgoritmo: módulo da localização.

Fonte: Próprio autor.

O fluxograma correspondente está ilustrado na Figura 4.76, onde


o sistema-referência utilizado neste módulo é representado para uma
maior clareza.
192

Figura 4.76 - Fluxograma do módulo de localização.

Fonte: Próprio autor.

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do comportamento de SEP’s frente à transitórios


eletromagnéticos induzidos por quaisquer fenômenos, tem se tornado,
atualmente, relevante para o desenvolvimento de técnicas que
possibilitem além da coordenação de isolamento de um sistema, a
detecção, caracterização e localização destes distúrbios, processos estes
abordados nesta pesquisa.
A fim de modelar um SEP corretamente, é de extrema importância
que sua parametrização seja realizada com normas e diretrizes para estudo
de transitórios eletromagnéticos já estabelecidas na literatura
considerando, também, o fenômeno a ser estudado, tal como explanado
neste capítulo.
Após a compreensão do que se faz necessário na modelagem de
um SEP, pode-se proceder com a elaboração ou a implementação de
técnicas já desenvolvidas na comunidade científica para avaliação dos
distúrbios. Sendo assim, um estudo inicial de um sistema já explorado em
193

outros trabalhos é de grande valia para efeitos comparativo e de


aprendizado, propiciando, também, uma maior segurança para a
modelagem de outros sistemas.
As técnicas desenvolvidas e implementadas nesta pesquisa para a
LT Presidente Dutra/MA - Boa Esperança/PI foram estendidas para a LT
Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, com a ressalva de que a
estimação da localização da falta para esta foi realizada considerando
duas diferentes abordagens, com o objetivo de demonstrar que um
terceiro ponto de medição em uma LT propicia uma redução significativa
nos erros inerentes a estimação da localização de faltas, tal como será
demonstrado a posteriori.

5 RESULTADOS

Como explanado na subseção 4.2, as possíveis fontes de erro na


estimação do ponto de incidência da falta são a distância de ocorrência,
resistência de falta e ângulo de incidência. Visando, então, analisar a
influência destas variáveis, este capítulo traz os resultados e uma inspeção
minuciosa do desempenho dos algoritmos desenvolvidos frente à
variação destes parâmetros para as duas LT’s estudadas.
Desta forma, a estrutura deste capítulo é composta por quatro
seções: na primeira serão realizadas algumas considerações importantes
admitidas na simulação dos algoritmos computacionais; na segunda serão
expostos os resultados, bem como, as análises pertinentes a LT Presidente
Dutra/MA – Boa Esperança/PI e será dividida em duas subseções, as
quais serão destinadas às faltas induzidas na frequência de chaveamento
e por impulsos atmosféricos.
Similarmente, na terceira seção serão apresentados os resultados
decorrentes da aplicação de dois métodos (M2T e M3T) à LT Barra
Grande/SC – Lages/SC – Rio Do Sul/SC, o que fomentará um caráter
comparativo, à vista dos objetivos do projeto TECCON.
Na quarta e última subseção, serão expostas algumas
considerações finais.

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Partindo do pressuposto que o módulo responsável pela detecção


de faltas é crucial para a correta continuidade do funcionamento do
algoritmo, fez-se necessário testá-lo de forma independente juntamente
194

com um sistema sadio, haja vista que não é interessante que a rotina acuse
erroneamente a presença de uma falta.
De acordo com Barbosa e Blitzkow (2008), uma das
recomendações para se escolher uma função wavelet apropriada é a
similitude entre suas características e àquelas do sinal em questão, sendo
que, para o caso de variações bruscas nestes, a wavelet mais adequada
seria a Haar, o que corrobora com Kim e Agganrval (2000), os quais
afirmam que wavelets com tal comportamento são indicadas para
melhores análises no domínio do tempo. Complementando isto, He
(2016) também afirma que esta função wavelet possui a melhor
capacidade de localização de transitórios de alta frequência no domínio
do tempo.
Posto isso e após simulações realizadas com a wavelet Haar,
observou-se que os primeiros instantes de reflexão em ambos os
barramentos foram identificados com maior exatidão, repercutindo,
assim, em menores erros na localização das faltas. Logo, esta wavelet foi
selecionada para detecção e localização das faltas.
O módulo classificador foi desenvolvido para LT’s transpostas e
não transpostas, isto é, considerando a LT Presidente Dutra/MA – Boa
Esperança/PI transposta, originalmente, e não transposta. O algoritmo,
também foi testado individualmente, obtendo sucesso na classificação de
todas as faltas induzidas na frequência de chaveamento, para a totalidade
das situações impostas.
Similarmente, a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC
foi considerada, inicialmente, não transposta, consoante o projeto e, por
fim, transposta. Em ambos os casos, todas as faltas induzidas na
frequência de chaveamento também foram classificadas corretamente.
Vale salientar que a função wavelet que se revelou mais adequada
para a técnica adotada foi a Db4, também utilizada por Soares, Oliveira e
Carvalho Júnior (2003), como outrora mencionado na subseção 4.4.3.
No módulo localizador, um parâmetro crucial para a correta
localização dos defeitos é a velocidade de propagação, a qual é calculada
com base nos parâmetros das próprias LT’s ou que pode assumir valores
próximos ao da velocidade da luz, em casos de desconhecimento.
De posse dos parâmetros da linha, a velocidade de propagação foi
então, estipulada para a LT da região nordeste, com um valor de
2,92808 ∙ 105 𝑘𝑚/𝑠, (correspondente a, aproximadamente, 97,6% da
velocidade da luz), porém a partir de inúmeros testes, observou-se que
uma aproximação de 95% da velocidade da luz implicava em erros
menores na localização.
195

É válido enfatizar que este valor está em conformidade com outras


pesquisas, a título de exemplo, o estudo de Moutinho et al. (2014), no
qual afirma-se que a velocidade de propagação pode assumir valores entre
95 e 99% da velocidade da luz, dada a existência de peculiaridades nas
LT’s. Estas são caracterizadas majoritariamente, segundo Bewley (1933),
pela ocorrência dos fenômenos de atenuação e distorção, ocasionados
pelo efeito pelicular; perdas dielétricas; dispersão sobre isoladores e
efeito corona.
Constata-se também que outros autores, em anos precedentes,
fizeram uso de aproximações da velocidade da luz, tais como Lopes,
Fernandes Júnior e Neves (2013) e Costa e Souza (2011), os quais
obtiveram resultados satisfatórios na estimação do ponto de incidência da
falta, assumindo um valor de 98% da velocidade da luz.
Quanto à LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, a
velocidade de propagação foi estimada em 2,90417 ∙ 105 𝑘𝑚/𝑠 e não foi
utilizada nenhuma aproximação para este valor, haja vista que a inserção
de um terceiro terminal de monitoramento pode dispensar a utilização
desta variável na estimação da localização da falta. Além disto, observou-
se que as diferenças entre os métodos de dois e três terminais são melhores
visualizadas quando se considera a velocidade calculada com base nos
parâmetros da LT, em oposição ao uso de aproximações deste parâmetro
no método de dois terminais.

5.2 LT PRESIDENTE DUTRA/MA – BOA ESPERANÇA/PI

5.2.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento

Nesta subseção serão expostos os resultados obtidos, bem como


as análises convenientes, frente à variação da distância, resistência e
ângulo de incidência de faltas induzidas na frequência de chaveamento.

5.2.1.1 Variação da distância em relação ao terminal local

Apoiando-se nas premissas expostas na seção 5.1,


confeccionaram-se gráficos objetivando melhor visualizar os resultados
obtidos.
Considerando um ângulo de incidência de 90° e uma resistência de
falta de 10Ω, na Figura 5.1 são apresentados os erros absolutos
computados para cada tipo de falha nas quatro distâncias impostas em
relação ao terminal local.
196

Figura 5.1 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10Ω.

Fonte: Próprio autor.

Analisando a Figura 5.1, infere-se que os erros absolutos máximos


equivalentes a 0,1503𝑘𝑚 e 0,125044𝑘𝑚 ocorrem para distâncias reais
de 20𝑘𝑚 e 175,6𝑘𝑚, respectivamente. Já os menores erros surgem
quando as faltas são incidentes a 60𝑘𝑚 e 130𝑘𝑚 do terminal local,
desvelando valores próximos a 0,050𝑘𝑚 e 0,124𝑘𝑚, nesta ordem.
Este comportamento do erro em relação à distância está
diretamente relacionado à diferença entre os instantes de chegada das
primeiras frentes de onda aos terminais local e remoto.
Na Figura 5.2 é ilustrada a variação destas diferenças em relação à
distância de aplicação da falta no ATP, a qual foi discretizada e, para uma
melhor visualização, considerou-se para as faltas ocorridas na segunda
metade da LT, o módulo da diferença entre 𝑡𝑅 e 𝑡𝐿 .

Figura 5.2 - Diferença entre os tempos de chegada das frentes de onda.

Fonte: Próprio autor.


197

Com base em uma inspeção gráfica, observa-se que para faltas


incidentes na primeira metade da LT, isto é, até os primeiros 102,8𝑘𝑚,
ao passo em que se aproximam do ponto médio (102,8𝑘𝑚), a diferença
entre 𝑡𝑅 e 𝑡𝐿 diminui e como consequência, os erros tendem a se reduzir.
Já para a segunda metade da LT, à medida que as faltas se distanciam de
102,8𝑘𝑚, a diferença entre 𝑡𝑅 e 𝑡𝐿 cresce em módulo, refletindo erros
maiores.
É válido relembrar que a distância da falta é determinada com base
na diferença entre os instantes de chegada aos terminais de
monitoramento, consoante a Equação (4.37).
Outrossim, a partir de uma análise mais detalhada dos resultados,
vide Quadro 5.1, pode-se observar que existem algumas diferenças entre
os erros computados para as faltas ocorridas a uma mesma distância do
terminal local, contudo esta oscilação não excede um valor de 2𝑚.

Quadro 5.1 - Erros absolutos, em km, para faltas com resistência de 10Ω.
Tipo de falta Distância ao terminal local (𝒌𝒎)
𝟐𝟎 𝟔𝟎 𝟏𝟑𝟎 𝟏𝟕𝟓, 𝟔
FAT 0,1503 0,050338 0,124329 0,125044
FBT 0,149238 0,050338 0,125391 0,125044
FCT 0,1503 0,049276 0,124329 0,125044
FAB 0,1503 0,050338 0,124329 0,125044
FAC 0,1503 0,050338 0,124329 0,125044
FBC 0,149238 0,050338 0,125391 0,125044
FABC 0,1503 0,050338 0,124329 0,125044
Fonte: Próprio autor.

5.2.1.2 Variação da resistência de falta

Mantendo a distância constante e apenas variando a resistência de


falta, percebeu-se que para a totalidade dos casos simulados, os erros
absolutos mantiveram-se invariáveis, com suas respectivas nuances tintas
pela cor verde no Quadro 5.1. Tal comportamento pode ser visualizado a
partir dos gráficos das Figuras 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6.
198

Figura 5.3 - Erros absolutos para faltas incidentes à 20km do terminal local.

Fonte: Próprio autor.

Figura 5.4 - Erros absolutos para faltas incidentes à 60km do terminal local.

Fonte: Próprio autor.


199

Figura 5.5 - Erros absolutos para faltas incidentes à 130km do terminal local.

Fonte: Próprio autor.

Figura 5.6 - Erros absolutos para faltas incidentes à 175,6km do terminal local.

Fonte: Próprio autor.

Com base nos resultados expostos, constata-se que, para um


ângulo de incidência de 90°:

 Os erros variam, predominantemente, com a distância,


apresentando os menores valores para faltas distadas a 60𝑘𝑚 do
terminal local;
 O tipo de falta não influenciou significativamente no
desempenho do módulo localizador, porém através de análises
comparativas é possível perceber, inicialmente, que apenas em
cinco casos (falhas BT, BC e CT, sendo as duas primeiras à
20𝑘𝑚 e 130𝑘𝑚 e a última à 60𝑘𝑚 do terminal local),
200

considerando uma resistência de 10Ω, houveram pequenas


variações nos erros calculados. Tal comportamento também pode
ser observado para as demais resistências de falta testadas;
 O módulo localizador revelou-se imune à variação da resistência
de falta, isto é, os erros mantiveram-se constantes perante uma
mesma distância e tipo de falta.

5.2.1.3 Variação do ângulo de incidência

Outra variável importante que pode interferir negativamente na


atuação do módulo localizador é o ângulo de incidência da falta.
Diferentemente da subseções anteriores, onde este parâmetro foi
ajustado em 90°, ou seja, a aplicação da falta ocorreu quando uma das
tensões era máxima, simulou-se o sistema para faltas incidentes a 30° e
0° (momento em que uma das tensões possui valor nulo).
Com a finalidade de avaliar o comportamento do módulo frente à
situação de ângulo de incidência igual a 30°, confeccionou-se o gráfico
da Figura 5.7, no qual são ilustrados os erros alusivos às faltas com
resistência de 10Ω.
A partir deste gráfico infere-se que, assim como no caso das faltas
incidentes a 90°, a distância é um fator que exerce grande influência sob
a localização destas, pois é notável que quanto mais próximas aos
terminais de medição.

Figura 5.7 - Erros absolutos para faltas com resistência de10Ω.

Fonte: Próprio autor.

Comparando os gráficos das Figuras 5.1 e 5.7, pode-se afirmar que,


os erros relacionados às faltas BT e BC incidentes a 20𝑘𝑚 do terminal
201

local apresentam um acréscimo de, aproximadamente, 1,1 𝑚 quando o


ângulo equivale a 30°, já para as faltas ocorridas a 60𝑘𝑚, com execeção
da falha CT, todos os erros desvelam uma redução de mesmo valor.
Os erros contabilizados para as falhas distadas de 130𝑘𝑚 do
terminal local exibem o mesmo comportamento daqueles associados às
faltas incidentes a 20𝑘𝑚, enquanto que, para uma distância real de
175,6𝑘𝑚, os erros se mantêm constantes em relação aos ângulos.
Em uma análise mais detalhada, nota-se que as nuances
anteriormente observadas nos erros das faltas BT, BC e CT em relação
aos demais tipos de falta, para uma mesma distância, explicitadas no
Quadro 5.1, esvaecem-se.
A exemplo disto, nas Figuras 5.8 (a) e (b) estão ilustradas as
componentes modais utilizadas na detecção do instante de chegada dos
transitórios ao terminal local, os coeficientes de detalhes computados,
bem como, as energias associadas a estes para uma falta BT, incidente a
90° e 30° da tensão e distantes 20𝑘𝑚 do terminal local, respectivamente.

Figura 5.8 - Componente modal 1, coeficientes de detalhes e energias


associadas para faltas distantes 20km do terminal local e incidentes a: (a) 90°;
(b) 30°.

Fonte: Próprio autor.

Mediante análise gráfica, pode-se observar que a partir do instante


da aplicação da falta, naquela incidente a 90°, as oscilações impelidas ao
sistema são mais notórias que aquelas provocadas pela falta com ângulo
de incidência igual a 30°. Este comportamento também é visto na
magnitude dos transitórios eletromagnéticos de alta frequência, posto
que, os coeficientes de detalhes desvelam maiores magnitudes, assim
como, as energias associadas. Consequentemente, os instantes de chegada
202

destes transientes são identificados precisamente pelo algoritmo, haja


vista que os erros computados são menores.
Esta lógica pode ser utilizada também para justificar a diferença
entre os demais erros contabilizados para os dois ângulos de incidência.

Finalizando esta abordagem sobre faltas incidentes a 30°, faz-se


necessário a análise da influência da resistência nos erros de localização.
Desta forma, mantendo a distância constante e variando a
resistência de falta, observou-se que este parâmetro não exerce alguma
influência sob o método adotado, haja vista os erros absolutos
computados permanecem iguais àqueles cuja resistência de falta equivale
a 10𝛺.

De forma sintetizada, pode-se concluir que para faltas incidentes à


30°:
 Os erros variam, majoritariamente, com a distância imposta,
sendo os maiores exibidos nas falhas incidentes nas
proximidades dos extremos da LT (onde estão situados os
terminais de monitoramento);
 O tipo e a resistência da falha não exerceram nenhuma influência
no desempenho do módulo localizador.

Já para faltas com ângulo de incidência nulo, inicialmente traçou-


se o gráfico exposto na Figura 5.9 para faltas com resistência de 10𝛺,
variando a distância destas em relação ao terminal local.

Figura 5.9 - Erros absolutos para faltas com resistência de 10Ω.

Fonte: Próprio autor.


203

Após inspeção minuciosa das situações simuladas, percebe-se que


tal como nas falhas incidentes a 90° e 30°, a distância é um fator
impactante na localização destas, haja vista que os maiores erros,
equivalentes a, aproximadamente, 0,1503𝑘𝑚, ocorrem nas proximidades
do terminal local, enquanto que os menores erros, próximos a 0,050𝑘𝑚,
são computados para faltas aplicadas a uma distância real de 60𝑘𝑚.
Observa-se, também que os erros estimados para faltas impostas a
130𝑘𝑚 e 175,6𝑘𝑚 dispõem de diferenças irrisórias entre si, isto é, um
valor, de aproximadamente, 35𝑐𝑚.
Tais considerações também podem ser inferidas a partir do Quadro
5.2, no qual nota-se que existem também algumas diferenças (erros
sombreados de verde), não excedentes a 2𝑚, entre os erros computados
para faltas ocorridas a uma mesma distância do terminal local.

Quadro 5.2 - Erros absolutos, em km, para faltas com resistência de 10Ω.
Tipo de falta Distância ao terminal local (𝒌𝒎)
𝟐𝟎 𝟔𝟎 𝟏𝟑𝟎 𝟏𝟕𝟓, 𝟔
FAT 0,1503 0,050338 0,125391 0,125044
FBT 0,1503 0,049276 0,124329 0,123982
FCT 0,149238 0,050338 0,125391 0,125044
FAB 0,1503 0,050338 0,125391 0,125044
FAC 0,1503 0,050338 0,125391 0,125044
FBC 0,1503 0,049276 0,124329 0,123982
FABC 0,1503 0,050338 0,125391 0,125044
Fonte: Próprio autor.

Após realização dos testes considerando as demais resistências


(40Ω e 70Ω), observou-se que o desempenho do módulo localizador é
idêntico dada a variação deste parâmetro, imprimindo assim, erros de
localização iguais.

De forma sintetizada, pode-se concluir que para faltas incidentes a


0°:

 A distância de incidência da falta é o parâmetro que exerce


influência significativa na estimação da localização destas e, tal
como para os ângulos de 90° e 30°, os erros de maiores
magnitudes ocorrem próximos ao terminal local, enquanto que
204

aqueles associados as distâncias de 130𝑘𝑚 e 175,6𝑘𝑚


permanecem quase que constantes;
 Ocorreu uma certa instabilidade na determinação dos erros
absolutos para uma mesma distância, devido ao tipo de falha,
entretanto a diferença calculada é de apenas alguns metros;
 As ponderações referentes a análise das faltas com resistência de
10𝛺 estendem-se às falhas com as demais resistências testadas,
haja vista que os resultados obtidos são idênticos.

Considerando o panorama geral e embasando-se no histograma


ilustrado na Figura 5.10 e nos dados da Tabela 5.1, os erros absolutos de
baixa amplitude, estimados no intervalo de localização de 41𝑚 a 60𝑚
ocorrem em, apenas, 25% dos 252 casos simulados. Já 50% destes estão
compreendidos em um intervalo de 121𝑚 a 140𝑚, perfazendo assim,
uma probabilidade de que 75% dos erros computados estejam abaixo de
140𝑚. Ademais, é possível perceber que os maiores e menores erros
ocorrem com uma mesma probabilidade.

Figura 5.10 - Histograma das faltas induzidas na frequência de chaveamento.

Fonte: Próprio autor.


205

Tabela 5.1 - Frequência e probabilidade cumulativa.


Intervalo de Frequência Probabilidade Probabilidade
localização (km) de ocorrência cumulativa
0 a 0,04 0 0 0,00
0,041 a 0,06 63 0,25 0,25
0,061 a 0,08 0 0 0,25
0,081 a 0,1 0 0 0,25
0,101 a 0,12 0 0 0,25
0,121 a 0,14 126 0,50 0,75
0,141 a 0,16 63 0,25 1,00
Mais 0 1,00
Fonte: Próprio autor.

Respaldando-se nos resultados obtidos para o conjunto de faltas


induzidas na frequência de chaveamento, pode-se concluir que o
desempenho do módulo localizador é satisfatório, haja vista que as
distâncias estimadas pelo algoritmo são boas aproximações das distâncias
reais, apesar de apresentar diferenças insignificantes, dada a variabilidade
do tipo de falta, quando comparadas ao comprimento total da LT.
Além disto, verifica-se uma robustez da metodologia empregada
quanto à variação da resistência de falta imposta, apesar da influência da
própria distância aos terminais de monitoramento e do ângulo de
incidência.

5.2.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos

Como extensão do estudo desta LT, avaliou-se o desempenho dos


módulos detector e localizador frente a outro fenômeno passível de
acometer sistemas elétricos de potência: os impulsos atmosféricos.
Portanto, serão apresentados nesta subseção os resultados obtidos frente
à variação da distância, impedância da torre, ângulo de incidência em
relação cada uma das fases, além da amplitude da descarga atmosférica.
Utilizando a mesma técnica adotada para detecção de transitórios
de faltas induzidas na frequência de chaveamento, após as simulações de
todo o conjunto de situações exploradas neste trabalho, observou-se que
todas as faltas induzidas por descargas atmosféricas nas torres de
transmissão foram detectadas com êxito.
206

5.2.2.1 Variação da distância ao terminal local

A fim de avaliar a performance do módulo localizador frente à


variação da distância, considerou-se, inicialmente, um ângulo de
incidência de 90° em relação a fase A, impedância da torre equivalente a
100Ω e uma descarga atmosférica com amplitude de corrente de 50𝑘𝐴.
Similarmente às faltas induzidas na frequência de chaveamento, na
Figura 5.11 observa-se que a distância é uma variável que exerce grande
influência na magnitude dos erros associados as falhas. Da mesma
maneira, nota-se claramente que as faltas incidentes nas proximidades dos
terminais de monitoramento incorrem em maiores erros em oposição
àquelas incidentes nas proximidades do ponto médio da LT, sendo esta
representada com comprimento igual a 102,8𝑘𝑚.

Figura 5.11 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação da distância.

Fonte: Próprio autor.

5.2.2.2 Variação da impedância de surto da torre

Objetivando verificar a desenvoltura deste módulo mediante a


variação da impedância de surto da torre, inspecionou-se o efeito deste
parâmetro considerando um intervalo de abrangência de 100 a 250Ω, tal
como explanado na subseção 4.3.2.1.2.
Para estes valores de impedância, foi elaborado o gráfico da Figura
5.12, considerando um ângulo de incidência de 90° em relação a fase A e
uma descarga atmosférica com amplitude de corrente de 50𝑘𝐴.
207

Figura 5.12 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação da impedância de surto da torre.

Fonte: Próprio autor.

Com base na Figura 5.12, pode-se constatar que para a variação da


impedância de surto da torre, a maioria dos erros mantiveram-se
constantes, considerando-se uma mesma distância ao terminal local. A
única exceção ocorre para a falta incidente a 27,2𝑘𝑚 na LT com
impedância de 100Ω, na qual o erro difere em apenas 27𝑐𝑚 em relação
aos demais, com outras impedâncias testadas.

5.2.2.3 Variação do ângulo de incidência

Com o propósito de analisar a interferência deste parâmetro no


processo de localização das faltas, procedeu-se da seguinte maneira:
primeiramente foram simuladas falhas em todas as distâncias já
estabelecidas, com ângulos de 0°, 30° e 90° em relação a fase A e com a
impedância da torre igual a 100Ω. Após isto, testaram-se as mesmas
condições para os demais valores de impedância.
Para o primeiro arranjo de condições, foi confeccionado o gráfico
da Figura 5.13.
208

Figura 5.13 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 100𝛺.

Fonte: Próprio autor.

A partir dos resultados exibidos na Figura 5.13, pode-se observar


que os erros estimados para uma mesma distância ao terminal local,
variando-se os ângulos de incidência, dispõem de valores em um mesmo
nível, apresentando diferenças pouco significantes entre si, quando
comparadas à extensão da LT.
A exemplo disto, estas diferenças são observadas nos erros
associados à estimação das faltas incidentes a 90° e ocorridas a 20𝑘𝑚,
27,2𝑘𝑚, 52,8𝑘𝑚 e 60𝑘𝑚 em relação aos demais ângulos de incidência
para uma mesma distância. A maior destas variações é valorada em,
aproximadamente, 7𝑚, para a falta mais próxima ao terminal local da LT
e as demais em 26,5𝑐𝑚, para o restante das situações mencionadas.

Prosseguindo com os testes, foram realizadas as mesmas


simulações, considerando, nesta ocasião, a impedância da torre igual a
200𝛺. Os resultados obtidos estão apresentados na Figura 5.14.
209

Figura 5.14 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 200𝛺.

Fonte: Próprio autor.

Assim como no caso anterior, no qual considerou-se a impedância


de surto igual a 100𝛺, os erros absolutos estimados para uma mesma
distância ao terminal local com diferentes ângulos de incidência,
apresentaram algumas variações entre si, porém em apenas dois casos:
nas faltas incidentes a 90° e distadas de 20𝑘𝑚 e 27,2𝑘𝑚, cujas
desproporções equivalem a, aproximadamente, 7𝑚 e 26,5𝑐𝑚,
respectivamente.
As mesmas considerações podem ser inferidas para as simulações
com impedância de surto igual a 250Ω, haja vista que os erros estimados
são idênticos àqueles resultantes de quando a impedância é de 200Ω.
Um maior detalhamento dos resultados obtidos pode ser
visualizado no Quadro 5.3.
210

Quadro 5.3 - Erros absolutos, em km, para diferentes ângulos de incidência em


relação a fase A.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100Ω
0° 0,12794 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,12794 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13511 0,11072 0,04282 0,00384 0,04283 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 200Ω
0° 0,12821 0,11045 0,04256 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,12821 0,11045 0,04256 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13511 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 250Ω
0° 0,12821 0,11045 0,04256 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,12821 0,11045 0,04256 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13511 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Fonte: Próprio autor.

Procedendo-se com as análises do desempenho do módulo


localizador, consideraram-se faltas incidentes a 0°, 30° e 90° em relação
a fase B para cada uma das impedâncias de surto estipuladas.
Em um primeiro momento, foram realizadas as simulações com a
impedância de surto estabelecida em 100Ω, cujos resultados obtidos estão
apresentados na Figura 5.15.

Figura 5.15 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase B e
impedância da torre de 100𝛺.

Fonte: Próprio autor.

Analisando o gráfico da Figura 5.15, observou-se uma


variabilidade entre os erros computados, considerando-se uma mesma
211

distância para diferentes ângulos de incidência e assim como nos casos


precedentes, a maior diferença entre os resultados obtidos ocorre para a
falta incidente a 90° próximo ao terminal local da LT, também com um
valor de, aproximadamente, 7𝑚, enquanto que para as distâncias de
27,2𝑘𝑚 e 60𝑘𝑚 estas disparidades decrescem para valores inferiores a
13𝑐𝑚.
As mesmas ponderações podem ser realizadas para os conjuntos
de simulações com impedâncias de surto iguais a 200Ω e 250Ω, dada a
exígua variação dos resultados obtidos.
No Quadro 5.4 estão dispostos os erros absolutos estimados
mediante a variação da distância e ângulo de incidência em relação a fase
B.

Quadro 5.4 - Erros absolutos, em km, para diferentes ângulos de incidência em


relação a fase B.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100Ω
0° 0,13524 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09225 0,12275
30° 0,13524 0,11059 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,12807 0,11045 0,04269 0,00358 0,0427 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 200Ω
0° 0,13524 0,11045 0,04269 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13524 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,12821 0,11045 0,04269 0,00371 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 250Ω
0° 0,13524 0,11045 0,04269 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13524 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,12821 0,11045 0,04269 0,00371 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Fonte: Próprio autor.

Finalizando, considerou-se a variação do ângulo de incidência em


relação à fase C, para cada uma das impedâncias de surto. Deste modo,
os resultados obtidos estão apresentados na Figura 5.16 para uma
impedância igual a 100𝛺.
212

Figura 5.16 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase C e
impedância da torre de 100𝛺.

Fonte: Próprio autor.

Após a análise dos resultados, pode-se perceber que,


diferentemente dos casos anteriores, para os quais foram consideradas as
variações angulares em relação as fases A e B, a falta incidente à 90° e
distada a 20𝑘𝑚 do terminal local apresenta agora uma diferença menor
que 15𝑐𝑚 em relação as demais. Também são observadas mais duas
oscilações irrelevantes, posto que ambas são inferiores a 30𝑐𝑚.
Alternando a impedância para 200𝛺, observou-se uma similitude
entre os erros computados, porém foram percebidas algumas pequenas
variações nos erros (menores que 30𝑐𝑚) quando comparados àqueles
calculados para a LT com impedância de 100𝛺.
Já para a impedância de 250𝛺, os resultados são idênticos àqueles
associados à impedância de surto igual a 200𝛺. Um maior detalhamento
dos resultados pode ser visualizado no Quadro 5.5.
213

Quadro 5.5 - Erros absolutos computados para diferentes ângulos de incidência


em relação a fase C.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100Ω
0° 0,13537 0,11045 0,04256 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13537 0,11045 0,04282 0,00358 0,04283 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13524 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 200Ω
0° 0,13537 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13511 0,11072 0,04282 0,00384 0,04283 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13524 0,11045 0,04269 0,00358 0,0427 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 250Ω
0° 0,13537 0,11045 0,04282 0,00358 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13511 0,11072 0,04282 0,00384 0,04283 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13524 0,11045 0,04269 0,00358 0,0427 0,09613 0,09239 0,12275
Fonte: Próprio autor.

5.2.2.4 Amplitude do impulso atmosférico

Impondo ao sistema uma corrente de descarga de 100𝑘𝐴 e


confrontando os resultados com aqueles relativos à corrente de raio de
50𝑘𝐴, ambos com ângulo de incidência de 90° em relação a fase A e
impedância de surto equivalente a 100𝛺, pôde-se confeccionar o gráfico
da Figura 5.17.

Figura 5.17 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação da magnitude da corrente de raio.

Fonte: Próprio autor.

Mediante análise gráfica, observa-se que os erros estimados, dada


a alternância da amplitude da corrente de raio, dispõem de valores
214

aproximados para a maior quantidade de distâncias testadas. Já para os


casos de faltas incidentes a 52,8𝑘𝑚, 72,8𝑘𝑚 e 80𝑘𝑚 do terminal local
as diferenças entre os resultados equivalem a, aproximadamente, 7𝑚, o
que não é significante quando comparado à extensão da LT representada.
Além disto, pode-se observar que, uniformemente, os maiores
erros ocorrem nas proximidades dos terminais de monitoramento, em
contraposição àqueles que acometem as regiões circunvizinhas ao ponto
médio da LT. Logo, pode-se afirmar que, para as simulações com
corrente de raio igual a 100𝑘𝐴, a distância da falta em relação aos
terminais de monitoramento, também possui uma influência expressiva
na magnitude dos erros computados.
Posteriormente, também foram realizadas análises da influência da
variação da impedância de surto da torre e do ângulo de incidência
relacionados a cada uma das fases.

a) Variação da impedância de surto da torre

Analogamente ao conjunto de simulações correspondentes a


corrente de raio de 50𝑘𝐴, para averiguação da influência da impedância
de surto da torre, confeccionou-se o gráfico da Figura 5.18, considerando
um ângulo de incidência de 90° em relação a fase A para as três
resistências testadas.

Figura 5.18 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação da impedância da torre.

Fonte: Próprio autor.

Embasando-se nos resultados expostos, verifica-se que há uma


variabilidade entre os erros computados para uma mesma distância, nos
215

casos em que a impedância de surto é 100Ω para as distâncias de 40𝑘𝑚,


52,8𝑘𝑚, 72,8𝑘𝑚 e 80𝑘𝑚, correspondente a, aproximadamente, 3𝑐𝑚
para a primeira e 7,2𝑚 para as demais localidades. Também é vista uma
altercação no erro associado à falta incidente a 60𝑘𝑚 na LT com
impedância de 250Ω, no valor de 7,2𝑚 em relação as outras impedâncias
testadas.

b) Variação do ângulo de incidência

Para análise da intercorrência deste parâmetro sob os resultados


obtidos, foram simuladas, inicialmente, falhas incidentes a 0°, 30° e 90°
em relação a fase A na LT com impedância de surto igual a 100𝛺. Os
resultados obtidos estão apresentados na Figura 5.19.

Figura 5.19 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 100𝛺.

Fonte: Próprio autor.

Contrapondo os erros absolutos estimados para cada ângulo


associado a uma mesma distância, nota-se que as maiores disparidades
que ocorrem são em relação as faltas incidentes a 90°, num valor de,
aproximadamente, 7𝑚, em oposição as outras. As únicas exceções são
aquelas ocorridas a 27,2𝑘𝑚, 40𝑘𝑚 e 87,8𝑘𝑚 do terminal local, nas quais
estes valores são nulos ou inferiores a 30𝑐𝑚.

Dando continuidade aos testes, foram realizadas as mesmas


simulações, considerando, a impedância da torre igual a 200𝛺. Os
resultados obtidos estão ilustrados graficamente na Figura 5.20.
216

Figura 5.20 - Erros absolutos, em km, de faltas induzidas por descargas


atmosféricas: variação do ângulo de incidência em relação a fase A e
impedância da torre de 200𝛺.

Fonte: Próprio autor.

A partir da análise gráfica da Figura 5.20, percebe-se claramente


que os erros computados para cada distância permanecem invariáveis,
dada a alternância dos ângulos de incidência. Excetua-se apenas um caso,
cuja variação equivale a 7𝑚, na falta incidente a 90° mais próxima do
terminal local.
Estas considerações também podem ser inferidas para os casos em
que a impedância da torre equivale a 250𝛺, adicionando-se apenas um
caso de variabilidade de 7𝑚 no erro relativo a falta incidente a 90° e a
60𝑘𝑚 do terminal local.
Os resultados obtidos para este conjunto de simulações podem ser
visualizados no Quadro 5.6.
217

Quadro 5.6 - Erros absolutos computados para diferentes ângulos de incidência


em relação a fase A.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100Ω
0° 0,12821 0,11045 0,04256 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,12821 0,11045 0,04256 0,003578 0,04973 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13511 0,11045 0,04282 0,010744 0,04257 0,08896 0,08522 0,12275
Impedância da torre: 200Ω
0° 0,12821 0,11045 0,04256 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,12821 0,11045 0,04256 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13511 0,11045 0,04256 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 250Ω
0° 0,12821 0,11045 0,04282 0,003578 0,04257 0,09613 0,09212 0,12275
30° 0,12821 0,11045 0,04256 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13511 0,11045 0,04256 0,003578 0,04973 0,09613 0,09239 0,12275
Fonte: Próprio autor.

Finalizando as simulações para esta LT, variaram-se os ângulos de


incidência em relação as fases B e C.
Partindo do pressuposto que os erros absolutos obtidos dispõem de
um mesmo patamar de valores, vide Quadros 5.7 e 5.8, as mesmas
análises podem ser perpetradas.

Quadro 5.7 - Erros absolutos, em km, para diferentes ângulos de incidência em


relação a fase B.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100Ω
0° 0,12821 0,11045 0,04269 0,003578 0,04973 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13524 0,11045 0,04282 0,010744 0,04257 0,09613 0,08535 0,12275
90° 0,12821 0,11045 0,04269 0,00371 0,04973 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 200Ω
0° 0,13524 0,11059 0,04269 0,00371 0,04973 0,096 0,09239 0,12275
30° 0,13524 0,11045 0,04269 0,003578 0,0427 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,12807 0,11059 0,04282 0,00371 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 250Ω
0° 0,13524 0,11059 0,04269 0,00371 0,04973 0,096 0,09239 0,12275
30° 0,13524 0,11045 0,04269 0,003578 0,04987 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,12807 0,11059 0,04282 0,00371 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Fonte: Próprio autor.
218

Quadro 5.8 - Erros absolutos, em km, para diferentes ângulos de incidência em


relação a fase C.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8
Impedância da torre: 100Ω
0° 0,13537 0,11045 0,04256 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13537 0,11045 0,04282 0,003578 0,04283 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13524 0,11045 0,04282 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 200Ω
0° 0,13537 0,11045 0,04282 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13511 0,11072 0,04282 0,003843 0,04283 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13524 0,11045 0,04269 0,003578 0,0427 0,09613 0,09239 0,12275
Impedância da torre: 250Ω
0° 0,13537 0,11045 0,04282 0,003578 0,04257 0,09613 0,09239 0,12275
30° 0,13511 0,11072 0,04282 0,003843 0,04283 0,09613 0,09239 0,12275
90° 0,13524 0,11045 0,04269 0,003578 0,0427 0,09613 0,09239 0,12275
Fonte: Próprio autor.

É valido afirmar que quando comparados os resultados obtidos


para as simulações com corrente de raio igual a 100𝑘𝐴 para uma mesma
impedância de torre, ângulo de incidência relacionado a uma fase e
distância ao terminal local com aqueles resultantes de uma corrente de
50𝑘𝐴, os erros estimados apresentam algumas diferenças, porém não
acentuadas.
Para melhor visualização destas disparidades entre os resultados
mediante a alternância da magnitude da corrente de raio, estes valores
estão disponibilizados no Quadro 5.9.
219

Quadro 5.9 - Diferenças entre as estimativas dos erros para correntes de raio de
50kA e 100kA.
Distância da Diferenças entre os erros absolutos (km)
falta(km)/
Fases
Ângulo de
incidência 20 27,2 40 52,8 60 72,8 80 87,8

Impedância da torre: 100Ω


0° -0,0003 0 0,00027 0 0 0 0 0
30° -0,0003 0 0,00027 0 -0,0072 0 0 0
90° 0 0,00027 0 -0,0069 0,00027 0,00717 0,00717 0
Impedância da torre: 200Ω
0° 0 0 0 0 0 0 0 0
A
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 -0,0003 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 250Ω
0° 0 0 0,00027 0 0 0 -0,0003 0
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 -0,0003 0 0,00717 0 0 0
Impedância da torre: 100Ω
0° 0,00703 0 0,00013 0 -0,0072 0 -0,0001 0
30° 0 0,00013 0 -0,0072 0 0 0,00703 0
90° -0,0001 0 0 -0,0001 -0,007 0 0 0
Impedância da torre: 200Ω
0° 0 0,00013 0 0,00013 0,00717 -0,0001 0 0
B
30° 0 0 -0,0001 0 0,00013 0 0 0
90° -0,0001 0,00013 0,00013 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 250Ω
0° 0 0,00013 0 0,00013 0,00717 -0,0001 0 0
45° 0 0 -0,0001 0 0,0073 0 0 0
90° -0,0001 0,00013 0,00013 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 100Ω
0° 0 0 0 0 0 0 0 0
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 0 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 200Ω
0° 0 0 0 0 0 0 0 0
C
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 0 0 0 0 0 0
Impedância da torre: 250Ω
0° 0 0 0 0 0 0 0 0
30° 0 0 0 0 0 0 0 0
90° 0 0 0 0 0 0 0 0
Fonte: Próprio autor.

 Corrente de raio igual a 18𝑘𝐴

A partir das simulações realizadas dos sistemas acometidos por


raios com amplitude de corrente de 18𝑘𝐴, observou-se que a falta não foi
detectada e, por conseguinte, não localizada em objeção aos casos
anteriormente analisados.
Esse comportamento é justificado pela incidência de transitórios
de baixa amplitude nos terminais de monitoramento, os quais refletem em
220

coeficientes wavelet de detalhes, também de baixa magnitude, que por


sua vez, não violam os limites de detecção, estabelecidos na subseção
4.4.2. Já quando há a ocorrência de impulsos atmosféricos de magnitudes
maiores, a título de exemplo, 50𝑘𝐴 e 100𝑘𝐴, os transitórios incidentes
nos terminais local e remoto são de maior amplitude, implicando no
surgimento de coeficientes wavelets mais significativos no sistema.
Estas considerações podem ser inferidas a partir das Figuras 5.21
(a), (b), (c) e (d).

Figura 5.21 - Correntes trifásicas de sistemas acometidos por impulsos de: (a)
18kA; (b) 50kA. Coeficientes de detalhes dada a incidência de impulsos de: (c)
18kA; (d) 50kA.

Fonte: Próprio autor.

Arrematando a análise das faltas induzidas por impulsos


atmosféricos, elaborou-se um histograma, vide Figura 5.22, cujos dados
de frequência e probabilidades dos erros estimados estão relacionados na
Tabela 5.2.
221

Figura 5.22 - Histograma das faltas induzidas por impulsos atmosféricos.

Fonte: Próprio autor.

Tabela 5.2 - Frequência e probabilidade cumulativa.


Intervalo de Frequência Probabilidade de Probabilidade
localização (km) ocorrência cumulativa
0 a 0,003 0 0 0,00
0,0031 a 0,023 54 0,125 0,125
0,0231 a 0,043 96 0,2222 0,3472
0,0431 a 0,063 12 0,0278 0,3750
0,0631 a 0,083 0 0 0,3750
0,0831 a 0,103 108 0,25 0,6250
0,1031 a 0,123 108 0,25 0,8750
0,1231 a 0,143 54 0,125 1,00
Mais 0 1,00
Fonte: Próprio autor.

Mediante o exposto, observa-se que os erros absolutos de menor e


maior amplitude, estimados nos intervalos de localização de 3,1𝑚 a 23𝑚
e 123,1𝑚 a 143𝑚, respectivamente, detém uma probabilidade de
ocorrência de 12,5%, enquanto que os erros de maior frequência
acontecem no intervalo de 83,1𝑚 a 123𝑚, correspondendo a 216 dos
casos simulados. Além disso, nota-se uma probabilidade de 87,5% dos
resultados obtidos serem inferiores a 123𝑚.

Após averiguação de todas as situações impostas ao sistema,


considerando-se os surtos atmosféricos, pode-se concluir que:

 A distância foi o parâmetro de maior influência no desempenho


222

do módulo localizador, uma vez que os menores erros


contabilizados foram aqueles associados às faltas incidentes nas
imediações do ponto médio da LT, enquanto que os maiores
ocorreram para falhas próximas aos terminais de monitoramento;
 Tanto as variações da impedância de surto da torre, como as do
ângulo de incidência, fomentaram algumas oscilações na
localização das faltas, nas faixas de 7𝑚 ou inferiores a 30𝑐𝑚, as
quais podem ser consideradas desprezíveis quando comparadas
ao comprimento da LT;
 A amplitude da corrente de raio (desde que detectada a falta)
causou, também uma mínima variabilidade nos resultados
alcançados;
 Os erros estimados demonstraram uma boa precisão do módulo
localizador.

5.3 LT BARRA GRANDE/SC – LAGES/SC – RIO DO SUL/SC

5.3.1 Faltas induzidas na frequência de chaveamento

Nesta subseção serão expostos os resultados obtidos mediante a


aplicação de M2T e M3T, bem como, as análises do desempenho do
módulo localizador frente à variação da distância, resistência e ângulo de
incidência de faltas induzidas na frequência de chaveamento.
Adicionalmente, será inclusa uma outra subseção alusiva à
variação da corrente na LT.

5.3.1.1 Variação da distância em relação ao terminal local

Ante a variância deste parâmetro, os erros absolutos computados


para M2T e M3T após as simulações de faltas incidentes a 90° e com
resistência de 10Ω, estão apresentados na Figura 5.23.
223

Figura 5.23 - Erros absolutos computados utilizando M2T e M3T.

Fonte: Próprio autor.

A partir de uma análise gráfica, pode-se inferir, inicialmente, que


os erros obtidos através de M2T, possuem maiores amplitudes quando as
faltas incidem nas proximidades dos terminais de monitoramento da LT.
Já os erros de valores mais baixos estão associados a faltas impostas nas
adjacências do ponto médio. Tal comportamento não é observado quando
aplicado o M3T, haja vista que os erros crescem ao passo que a distância
da falta em relação ao terminal local aumenta.
Com a implementação do M3T, verifica-se que há uma redução
significativa nos erros contabilizados em um percentual de,
aproximadamente, 99,18%, 87,72%, 86,34% e 91,32% para as
distâncias de 24𝑘𝑚, 44𝑘𝑚, 64𝑘𝑚 e 84𝑘𝑚 ao terminal local,
respectivamente, em comparação com os resultados obtidos mediante a
aplicação do M2T.

5.3.1.2 Variação da resistência de falta

Para investigação do desempenho do módulo localizador ante à


alternância da resistência, manteve-se a distância da falta em relação ao
terminal local constante e considerou-se o ângulo de falta igual a 90°.
Após análise dos resultados, observou-se que os erros absolutos
contabilizados, dada a variância da resistência, tanto para o M2T, quanto
para o M3T, mantiveram-se invariáveis. Portanto, pode-se inferir as
mesmas ponderações acerca das diferenças entre os dois métodos
implementados.
224

5.3.1.3 Variação do ângulo de incidência

Similarmente ao sistema-base, consideraram-se, a princípio, faltas


incidentes à 30° e, posteriormente, à 0°.
Ao comparar os erros absolutos associados às faltas com ângulos
de incidência iguais a 30° e 90°, considerando uma resistência de falta de
10Ω, observou-se uma similitude entre os resultados, com algumas
poucas variações, inferiores a 1,1𝑚 para M2T e 2𝑚 para M3T. Portanto,
as considerações realizadas na subseção 5.3.1.1 podem ser estendidas
para este caso.
Prosseguindo com as análises pertinentes a este ângulo,
inspecionou-se ainda a influência da resistência de falta nos erros de
localização e, igualmente aos testes realizados com ângulo de 90°, os
resultados obtidos mediante a aplicação dos dois métodos para estimação
da localização da falta, mostraram-se invariáveis ante à alteração deste
parâmetro.
Alternando agora, o ângulo de incidência das faltas para 0°,
constataram-se igualmente algumas poucas oscilações nos erros, também
inferiores a 2,2𝑚 e 2𝑚 para M2T e M3T, respectivamente, quando
comparados àqueles associados as faltas incidentes a 30°, com resistência
de 10𝛺.
Encerrando os testes para este ângulo, também foi detectada uma
imutabilidade dos resultados obtidos frente à variação da resistência de
falta.
Os erros resultantes da aplicação do M2T e M3T estão
relacionados nos Quadros 5.10 e 5.11, respectivamente.
225

Quadro 5.10 - Erros absolutos, em km, computados no M2T.


Ângulo de Resistência Tipo de falta
incidência de falta
AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
40 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
70 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
D=44km
10 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319

D=64km
10 0,559878 0,559878 0,56096 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
40 0,559878 0,559878 0,56096 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
70 0,559878 0,559878 0,56096 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
D=84km
10 1,392075 1,393157 1,392075 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075
40 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075
70 1,392075 1,393157 1,392075 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075
D=24km
10 1,105598 1,105598 1,103434 1,105598 1,105598 1,105598 1,105598
40 1,105598 1,105598 1,103434 1,105598 1,105598 1,105598 1,105598
70 1,105598 1,105598 1,103434 1,105598 1,105598 1,105598 1,105598
D=44km
10 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
30°
D=64km
10 0,559878 0,56096 0,558796 0,559878 0,559878 0,56096 0,559878
40 0,559878 0,56096 0,558796 0,559878 0,559878 0,56096 0,559878
70 0,559878 0,56096 0,558796 0,559878 0,559878 0,56096 0,559878
D=84km
10 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
40 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
70 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
D=24km
10 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
40 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
70 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
D=44km
10 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
90°
D=64km
10 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
40 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
70 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
D=84km
10 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
40 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
70 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
Fonte: Próprio autor.
226

Quadro 5.11 - Erros absolutos, em km, computados no M3T.


Ângulo de Resistência Tipo de falta
incidência de falta
AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084468 0,009084
40 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084468 0,009084
70 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084468 0,009084
D=44km
10 0,033687 0,033437 0,033687 0,033687 0,033687 0,033436943 0,033687
40 0,033687 0,033437 0,033687 0,033687 0,033687 0,033436943 0,033687
70 0,033687 0,033437 0,033687 0,033687 0,033687 0,033436943 0,033687

D=64km
10 0,077124 0,076458 0,075993 0,077124 0,077124 0,076458086 0,077124
40 0,077124 0,076458 0,075993 0,077124 0,077124 0,076458086 0,077124
70 0,077124 0,076458 0,075993 0,077124 0,077124 0,076458086 0,077124
D=84km
10 0,119229 0,11968 0,119229 0,119229 0,119229 0,119680486 0,119229
40 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229 0,119680486 0,119229
70 0,119229 0,11968 0,119229 0,119229 0,119229 0,119680486 0,119229
D=24km
10 0,009119 0,007953 0,010216 0,009119 0,009119 0,007953195 0,009119
40 0,009119 0,007953 0,010216 0,009119 0,009119 0,007953195 0,009119
70 0,009119 0,007953 0,010216 0,009119 0,009119 0,007953195 0,009119
D=44km
10 0,033687 0,033687 0,033187 0,033687 0,033687 0,033686809 0,033687
40 0,033687 0,033687 0,033187 0,033687 0,033687 0,033686809 0,033687
70 0,033687 0,033687 0,033187 0,033687 0,033687 0,033686809 0,033687
30°
D=64km
10 0,077124 0,075327 0,077589 0,077124 0,077124 0,075326812 0,077124
40 0,077124 0,075327 0,077589 0,077124 0,077124 0,075326812 0,077124
70 0,077124 0,075327 0,077589 0,077124 0,077124 0,075326812 0,077124
D=84km
10 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229363 0,119229
40 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229363 0,119229
70 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229 0,119229363 0,119229
D=24km
10 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084 0,009119166 0,009084
40 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084 0,009119166 0,009084
70 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084 0,009119166 0,009084
D=44km
10 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033686809 0,033437
40 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033686809 0,033437
70 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033686809 0,033437
90°
D=64km
10 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124377 0,076458
40 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124377 0,076458
70 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124377 0,076458
D=84km
10 0,120812 0,119229 0,11968 0,120812 0,120812 0,119229363 0,120812
40 0,120812 0,119229 0,11968 0,120812 0,120812 0,119229363 0,120812
70 0,120812 0,119229 0,11968 0,120812 0,120812 0,119229363 0,120812
Fonte: Próprio autor.

Diante do exposto, pode-se concluir que:

 Tanto para o M2T, quanto para o M3T, o único parâmetro que


227

exerceu influência em demasia na estimação da localização da


falta foi a distância de sua ocorrência em relação aos terminais
de monitoramento;
 De acordo com os dados apresentados nos Quadros 5.10 e 5.11,
o tipo de falta não acarretou em interferências significativas no
desempenho do módulo localizador, haja vista que as maiores
diferenças entre os erros estimados em M2T possuem valores
inferiores a 1,5𝑚, para os ângulos de 0° e 90° e menores que
2,2𝑚 para 30°. Já no M3T, estas nuances são valoradas em
70𝑐𝑚, 2𝑚 e 1,6𝑚 para 0°, 30° e 90°, respectivamente;
 Para ambos os métodos, a resistência de falta não influenciou de
forma alguma no cálculo dos erros;
 Após as análises dos dados, observou-se que a variação do
ângulo de incidência não compeliu oscilações consideráveis nos
erros, pois as maiores equivalem a 2,2𝑚 e 2𝑚 para M2T e M3T,
nesta ordem;
 A utilização de um terceiro terminal de monitoramento é
justificável, posto que os resultados desvelaram um aumento
considerável na precisão da estimativa da localização da falta.
Em uma concepção geral, os erros apresentaram taxas médias de
redução de, aproximadamente, 99,18%, 87,65%, 86,30%
e 91,41% para as distâncias de 24𝑘𝑚, 44𝑘𝑚, 64𝑘𝑚 e 84𝑘𝑚 do
terminal local, respectivamente.

5.3.1.4 Variação da corrente

Adicionalmente aos estudos de faltas induzidas na frequência de


chaveamento, realizaram-se testes objetivando verificar o nível de
precisão do módulo ante a imposição de baixas correntes na LT.
Portanto, esta subseção será pautada na acareação entre os
resultados obtidos, mediante a alternância da corrente imposta a LT, para
faltas incidentes a 0°, 30° e 90°; com resistência de 10Ω e distadas a
24𝑘𝑚 do terminal local, a princípio em M2T e subsequentemente em
M3T.
Vale salientar que, também foram justapostas ao sistema, as
demais condições previamente analisadas para a corrente nominal da LT.
Os resultados serão disponibilizados a posteriori.
228

a) M2T

Iniciando as análises, confeccionou-se o gráfico da Figura 5.24


com os erros absolutos computados para faltas incidentes a 90°, com
resistência de 10Ω e distadas a 24𝑘𝑚 do terminal local.

Figura 5.24 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T para faltas incidentes
a 90°e 24km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

Ante a variação de corrente, pode-se perceber nitidamente algumas


oscilações entre os erros associados as mesmas faltas, destacando-se que
a de maior amplitude (145𝑚) está associada a falta CT, quando
comparados os resultados obtidos mediante alternância da corrente na LT
de 15𝐴 para 10𝐴, em cada circuito.
Já para faltas incidentes a 30°, estas variações (a maioria em torno
de 145𝑚) aparecem com mais frequência, sendo notadas, principalmente,
quando confrontados os erros da falta AB para as correntes de 879𝐴 e
15𝐴, além das faltas monofásicas e trifásica para as correntes de 15𝐴 e
10𝐴. Também para estas duas correntes é observada a maior variação
deste conjunto equivalente a, aproximadamente, 290𝑚, para as faltas
bifásica BC. Tais considerações podem ser visualizadas graficamente
mediante a Figura 5.25.
229

Figura 5.25 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T para faltas incidentes
a 30° e 24km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

Ainda em relação à M2T, confeccionou-se o gráfico da Figura 5.26


para faltas incidentes a 0°. Pode-se observar que as diferenças entre os
erros computados para as duas correntes de 879𝐴 e 15𝐴 ocorrem nas
faltas monofásicas que, por sua vez, não foram localizadas quando foi
imposta à cada circuito uma corrente 10𝐴.
Contudo, os erros estimados para as faltas bifásicas e trifásicas
foram iguais aos contabilizados para as demais correntes testadas.

Figura 5.26 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T para faltas incidentes
a 0° e 24km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.


230

Ademais, para o ângulo de 0° e uma corrente de 10𝐴 em cada


circuito, o módulo localizador ainda apresentou falhas na estimação da
distância de:
 Faltas a 64𝑘𝑚 do terminal local, com resistências de 40Ω e 70Ω;
 Faltas impostas a 84𝑘𝑚 do terminal local com resistência de
10Ω;
 Faltas AT e CT situadas a 84𝑘𝑚 do terminal local com
resistência de 40Ω.

b) M3T

Para este método, também foram consideradas, preliminarmente,


as faltas incidentes a 90°, com resistência de 10Ω e a uma distância de
24𝑘𝑚 do terminal local. Os resultados estão disponibilizados de forma
gráfica na Figura 5.27.

Figura 5.27 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T para faltas incidentes
a 90° e 24km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

Ao confrontar os resultados obtidos, observa-se que, assim como


o M2T, a maior nuance percebida ocorre entre os erros computados para
as correntes de 15𝐴 e 10𝐴, associada, também, a falta CT, porém com
um valor próximo a 4,6𝑚. Já para as demais faltas simuladas, nota-se uma
invariabilidade nos resultados.
Semelhantemente aos resultados associados as faltas incidentes a
30° em M2T, para este ângulo é visto um maior comportamento
231

oscilatório entre os erros quando comparados ao conjunto de faltas com


ângulo de incidência de 90°.
Estas variações também ocorrem para as faltas monofásicas,
bifásica BC e trifásica, quando comparados os erros contabilizados para
as correntes de 15𝐴 e 10𝐴, em uma magnitude de, apenas, 4,6𝑚.
Adicionalmente, também é vista uma oscilação nos erros da falta AB
computados para as correntes de 879𝐴 e 15𝐴, com igual valor.
Além disto, a maior diferença, equivalente a 145𝑚, ocorre entre
as faltas AB simuladas com correntes de 15𝐴 e 10𝐴. Tais ponderações
podem ser realizadas com base no gráfico da Figura 5.28.

Figura 5.28 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T para faltas incidentes
a 30° e 24km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

Complementando estas análises, simularam-se faltas incidentes a


0°, considerando mesmas resistência e distância. Os resultados estão
apresentados na Figura 5.29.
232

Figura 5.29 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T para faltas incidentes
a 0° e 24km do terminal local: variação de corrente.

Fonte: Próprio autor.

É nítido verificar que, neste caso, há uma diminuição na precisão


do método M3T na localização das faltas monofásicas ao passo que a
corrente diminui, o que é comprovado pelo aumento médio de 147𝑚
quando a corrente nominal passa a um valor de 15𝐴 e de 595𝑚 na ocasião
em que esta última se reduz para 10𝐴.
Apesar das faltas monofásicas terem sido localizadas pelo M3T,
quando a LT está operando com 10𝐴 em cada circuito, o módulo
apresentou falhas na localização das mesmas faltas expostas no item a
desta subseção.
Por fim, são apresentados nos Quadros 5.12 e 5.13, os erros
absolutos calculados, mediante aplicação de M2T e M3T, para a
totalidade de casos simulados com uma corrente de 15𝐴 em cada circuito.
Já nos Quadros 5.14 e 5.15 estão relacionados os resultados obtidos
através dos dois métodos para uma corrente de 10𝐴.
233

Quadro 5.12 - Erros absolutos, em km, computados no M2T para corrente de


15A.
Ângulo de Resistência Tipo de falta
incidência de falta
AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 0,960625 0,378569 0,81457 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
40 0,960625 0,524624 0,81457 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
70 0,960625 0,524624 0,81457 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
D=44km
10 0,272319 0,1626 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,017627 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,017627 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319

D=64km
10 0,414905 0,26885 0,414905 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
40 0,26885 0,26885 0,414905 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
70 0,413823 0,413823 0,414905 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
D=84km
10 1,102129 0,957156 0,957156 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075
40 1,102129 1,392075 0,957156 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075
70 1,102129 0,957156 0,957156 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075
D=24km
10 1,105598 1,105598 1,103434 0,960625 1,105598 1,105598 1,105598
40 1,105598 1,105598 1,103434 0,960625 1,105598 1,105598 0,960625
70 1,105598 1,105598 1,103434 0,960625 1,105598 0,960625 1,105598
D=44km
10 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
30°
D=64km
10 0,559878 0,56096 0,558796 0,413823 0,559878 0,56096 0,559878
40 0,559878 0,56096 0,558796 0,413823 0,559878 0,56096 0,559878
70 0,559878 0,56096 0,558796 0,413823 0,559878 0,56096 0,559878
D=84km
10 1,392075 1,392075 1,247102 1,247102 1,392075 1,247102 1,392075
40 1,392075 1,392075 1,247102 1,247102 1,392075 1,247102 1,392075
70 1,392075 1,392075 1,247102 1,102129 1,392075 1,247102 1,392075
D=24km
10 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
40 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
70 1,104516 1,105598 1,104516 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
D=44km
10 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
90°
D=64km
10 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
40 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
70 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
D=84km
10 1,392075 1,392075 1,247102 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
40 1,392075 1,392075 1,247102 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
70 1,392075 1,392075 1,247102 1,392075 1,392075 1,392075 1,392075
Fonte: Próprio autor.
234

Quadro 5.13 - Erros absolutos, em km, computados no M3T para corrente de


15A.
Ângulo de Resistência Tipo de falta
incidência de falta
AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 0,150975 0,164066 0,153467 0,009084 0,009084 0,009084 0,009084
40 0,150975 0,311368 0,153467 0,009084 0,009084 0,009084 0,009084
70 0,150975 0,311368 0,153467 0,009084 0,009084 0,009084 0,009084
D=44km
10 0,066963 0,245144 0,066963 0,033687 0,033687 0,033437 0,033687
40 0,066963 0,098057 0,066963 0,033687 0,033687 0,033437 0,033687
70 0,066963 0,098057 0,066963 0,033687 0,033687 0,033437 0,033687

D=64km
10 0,139055 0,11162 0,049817 0,077124 0,077124 0,076458 0,077124
40 0,200691 0,11162 0,049817 0,077124 0,077124 0,076458 0,077124
70 0,050935 0,037229 0,049817 0,077124 0,077124 0,076458 0,077124
D=84km
10 0,000203 0,058842 0,058842 0,119229 0,119229 0,11968 0,119229
40 0,000203 0,119229 0,058842 0,119229 0,119229 0,11968 0,119229
70 0,000203 0,058842 0,058842 0,119229 0,119229 0,11968 0,119229
D=24km
10 0,009119 0,007953 0,010216 0,004498 0,009119 0,007953 0,009119
40 0,009119 0,007953 0,010216 0,004498 0,009119 0,007953 0,004498
70 0,009119 0,007953 0,010216 0,004498 0,009119 0,003339 0,009119
D=44km
10 0,033687 0,033687 0,033187 0,033687 0,033687 0,033687 0,033687
40 0,033687 0,033687 0,033187 0,033687 0,033687 0,033687 0,033687
70 0,033687 0,033687 0,033187 0,033687 0,033687 0,033687 0,033687
30°
D=64km
10 0,077124 0,075327 0,077589 0,139515 0,077124 0,075327 0,077124
40 0,077124 0,075327 0,077589 0,139515 0,077124 0,075327 0,077124
70 0,077124 0,075327 0,077589 0,139515 0,077124 0,075327 0,077124
D=84km
10 0,119229 0,119229 0,05915 0,05915 0,119229 0,05915 0,119229
40 0,119229 0,119229 0,05915 0,05915 0,119229 0,05915 0,119229
70 0,119229 0,119229 0,05915 0,000203 0,119229 0,05915 0,119229
D=24km
10 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084
40 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084
70 0,009084 0,009119 0,009084 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084
D=44km
10 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033687 0,033437
40 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033687 0,033437
70 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033687 0,033437
90°
D=64km
10 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124 0,076458
40 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124 0,076458
70 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124 0,076458
D=84km
10 0,120812 0,119229 0,05915 0,120812 0,120812 0,119229 0,120812
40 0,120812 0,119229 0,05915 0,120812 0,120812 0,119229 0,120812
70 0,120812 0,119229 0,05915 0,120812 0,120812 0,119229 0,120812
Fonte: Próprio autor.
235

Quadro 5.14 - Erros absolutos, em km, computados no M2T para corrente de


10A.
Ângulo de Resistência Tipo de falta
incidência de falta AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 - - - 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
40 0,959543 0,668515 0,81457 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
70 0,959543 0,668515 0,81457 1,104516 1,104516 1,104516 1,104516
D=44km
10 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319

D=64km
10 0,414905 0,414905 0,414905 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
40 - - - - - - -
70 - - - - - - -
D=84km
10 - - - - - - -
40 - 1,247102 - 1,247102 1,247102 1,393157 1,247102
70 1,247102 1,102129 1,102129 1,392075 1,392075 1,393157 1,392075
D=24km
10 0,960625 0,960625 0,958461 0,959543 1,105598 0,815652 0,960625
40 0,960625 0,960625 0,958461 0,81457 1,105598 0,815652 0,960625
70 0,960625 0,960625 0,958461 0,81457 1,105598 0,815652 0,960625
D=44km
10 0,272319 0,272319 0,272319 0,127346 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,272319 0,272319 0,127346 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
30°
D=64km
10 0,559878 0,56096 0,413823 0,414905 0,559878 0,56096 0,413823
40 0,559878 0,56096 0,413823 0,414905 0,559878 0,415987 0,413823
70 0,559878 0,56096 0,413823 0,414905 0,559878 0,415987 0,413823
D=84km
10 1,247102 1,247102 1,247102 0,957156 1,247102 1,102129 1,102129
40 1,247102 1,247102 1,247102 0,957156 1,247102 1,102129 1,102129
70 1,247102 1,247102 1,247102 0,957156 1,247102 1,102129 1,102129
D=24km
10 1,104516 1,105598 0,959543 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
40 1,104516 1,105598 0,959543 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
70 1,104516 1,105598 0,959543 1,104516 1,104516 1,105598 1,104516
D=44km
10 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
40 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
70 0,272319 0,272319 0,273401 0,272319 0,272319 0,272319 0,272319
90°
D=64km
10 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
40 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
70 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878 0,559878
D=84km
10 1,247102 1,247102 1,247102 1,392075 1,247102 1,392075 1,392075
40 1,247102 1,247102 1,247102 1,392075 1,247102 1,392075 1,392075
70 1,247102 1,247102 1,247102 1,392075 1,247102 1,392075 1,392075
Fonte: Próprio autor.
236

Quadro 5.15 - Erros absolutos, em km, computados no M3T para corrente de


10A.
Ângulo de Resistência Tipo de falta
incidência de falta AT BT CT AB AC BC ABC
D=24km
10 0,751137 0,750221 0,751165 0,009084 0,009084 0,009084 0,009084
40 0,004463 0,15706 0,000102 0,009084 0,009084 0,009084 0,009084
70 0,004463 0,15706 0,000102 0,009084 0,009084 0,009084 0,009084
D=44km
10 0,033687 0,099837 0,066963 0,033687 0,033687 0,033437 0,033687
40 0,033687 0,099837 0,066963 0,033687 0,033687 0,033437 0,033687
70 0,033687 0,099837 0,066963 0,033687 0,033687 0,033437 0,033687

D=64km
10 0,139055 0,049817 0,13839 0,077124 0,077124 0,076458 0,077124
40 - - - - - - -
70 - - - - - -
D=84km
10 - - - - - - -
40 - 0,05915 - 0,05915 0,05915 0,11968 0,05915
70 0,05915 0,412711 0,000203 0,119229 0,119229 0,11968 0,119229
D=24km
10 0,004498 0,003339 0,005588 0,149858 0,009119 0,001219 0,004498
40 0,004498 0,003339 0,005588 0,153467 0,009119 0,001219 0,004498
70 0,004498 0,003339 0,005588 0,153467 0,009119 0,001219 0,004498
D=44km
10 0,033687 0,033687 0,033187 0,049919 0,033687 0,066963 0,033687
40 0,033687 0,033687 0,033187 0,049919 0,033687 0,066963 0,033687
70 0,033687 0,033687 0,033187 0,099837 0,033687 0,066963 0,033687
30°
D=64km
10 0,077124 0,075327 0,139515 0,049817 0,077124 0,013402 0,139515
40 0,077124 0,075327 0,139515 0,049817 0,077124 0,0487 0,139515
70 0,077124 0,075327 0,139515 0,049817 0,077124 0,0487 0,139515
D=84km
10 0,05915 0,05915 0,05915 0,058842 0,05915 0,000203 0,000203
40 0,05915 0,05915 0,05915 0,058842 0,05915 0,000203 0,000203
70 0,05915 0,05915 0,05915 0,058842 0,05915 0,000203 0,000203
D=24km
10 0,009084 0,009119 0,004463 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084
40 0,009084 0,009119 0,004463 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084
70 0,009084 0,009119 0,004463 0,009084 0,009084 0,009119 0,009084
D=44km
10 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033687 0,033437
40 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033687 0,033437
70 0,033437 0,033687 0,034568 0,033437 0,033437 0,033687 0,033437
90°
D=64km
10 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124 0,076458
40 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124 0,076458
70 0,076458 0,077124 0,077124 0,076458 0,076458 0,077124 0,076458
D=84km
10 0,06072 0,05915 0,05915 0,120812 0,06072 0,119229 0,120812
40 0,06072 0,05915 0,05915 0,120812 0,06072 0,119229 0,120812
70 0,06072 0,05915 0,05915 0,120812 0,06072 0,119229 0,120812
Fonte: Próprio autor.
237

Embasando-se, apenas nos resultados obtidos para correntes


inferiores a nominal, pode-se constatar que:

 Parâmetros como resistência, ângulo de incidência, distância


imposta ao terminal local, além do tipo de falta exerceram uma
influência significativa sob o desempenho do módulo
localizador, comprovada pelas oscilações consideráveis entre os
erros obtidos ante a alternância das variáveis citadas;
 Os lapsos na performance do módulo localizador (considera-se
por lapso as faltas que não foram localizadas) ocorreram,
majoritariamente, em faltas incidentes a 0°, quando imposta a LT
uma corrente de 10𝐴 em cada circuito;
 Esta sensibilidade no comportamento do módulo localizador ante
a variação de parâmetros é justificada pela escolha do limiar de
localização, o qual foi estabelecido conforme o nível de ruído da
LT e igual para os três terminais de monitoramento, assim como
para a corrente nominal.

5.3.2 Faltas induzidas por impulsos atmosféricos

Nesta subseção serão analisados os resultados obtidos para o


sistema acometido por impulsos atmosféricos, considerando, também, o
M2T e M3T, frente à variação da distância, ângulo de incidência e
amplitude da corrente de raio.

5.3.2.1 Variação da distância ao terminal local

Para o estudo da influência deste parâmetro no módulo localizador,


considerou-se, preliminarmente, faltas induzidas por descargas
atmosféricas de amplitude igual a 100𝑘𝐴 e incidentes a 90° em relação a
fase A. Os resultados obtidos mediante aplicação de M2T e M3T são
apresentados graficamente na Figura 5.30.
238

Figura 5.30 - Erros absolutos de faltas induzidas por descargas atmosféricas:


variação da distância.

Fonte: Próprio autor.

A partir da análise gráfica, pode-se inferir que, igualmente as faltas


induzidas na frequência de chaveamento, os erros obtidos através de M2T
possuem maiores amplitudes quando as faltas incidem nas proximidades
dos terminais de monitoramento da LT, enquanto que os de valores mais
baixos ocorrem para faltas impostas nas adjacências do ponto médio.
Já no M3T, particularmente para este caso, verifica-se que ocorre
o inverso, ou seja, uma maior precisão na localização das faltas é obtida
para aquelas circunvizinhas aos terminais local e remoto.
Através da comparação entre os dois métodos adotados, nota-se
que o M3T propicia uma exatidão apreciável em relação ao M2T, haja
vista que neste último, para faltas localizadas a 24𝑘𝑚, 44𝑘𝑚, 64𝑘𝑚 e
84𝑘𝑚 em relação ao terminal local, os erros computados são de
785,63𝑚, 163,6𝑚, 436,54𝑚 e 1,051𝑘𝑚, respectivamente. Todavia,
para o M3T estes equivalem a 1𝑚, 5,83𝑚, 5,52𝑚 e 13,5𝑐𝑚. Em outras
palavras, as taxas de aumento na precisão das estimativas são de, 99,87%,
96,44%, 98,73% e 99,99%, nesta ordem.

5.3.2.2 Variação do ângulo de incidência

Prosseguindo com as análises, consideraram-se, inicialmente,


faltas incidentes a 0° e 30° em relação a fase A e induzidas por descargas
atmosféricas de 100𝑘𝐴, a fim de complementar o primeiro arranjo de
condições da subseção anterior.
239

Desta forma, os erros absolutos computados por ambos os


métodos, dada a variação do ângulo de incidência em relação a fase
mencionada, estão apresentados nas Figuras 5.30 e 5.31.

Figura 5.31 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T: variação do ângulo


de incidência em relação a fase A.

Fonte: Próprio autor.

Com base nos resultados apresentados na Figura 5.31, é possível


observar que os erros estimados se encontram em um mesmo patamar de
valores, dada a variação do ângulo de incidência para uma mesma
distância. Contudo dispõem de algumas oscilações, em torno de 7𝑚, a
exemplo das faltas incidentes a 0° e 30° para as distâncias de 24𝑘𝑚 e
64𝑘𝑚, respectivamente. Para as faltas a 84𝑘𝑚 do terminal local, a
precisão diminui a um passo, também de 7𝑚, a medida que o ângulo de
incidência decresce para 0°.
Já com o método M3T, nota-se uma inconstância mais frequente,
entre os erros obtidos quando confrontados em uma mesma distância e,
além disso, a partir das análises dos resultados, constata-se que essas
oscilações variam de 1𝑚 a 7,5𝑚. Contudo, evidencia-se que o maior erro
estimado equivale a, aproximadamente, 10𝑚. Tais considerações podem
ser inferidas a partir da Figura 5.32.
240

Figura 5.32 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T: variação do ângulo


de incidência em relação a fase A.

Fonte: Próprio autor.

Comparando ambos os métodos, percebe-se nitidamente que o


M3T confere uma maior precisão na estimação da distância da falta, posto
que os erros são reduzidos a uma taxa superior a 95,4%, tal como pode
ser inferido a partir do Quadro 5.16.

Quadro 5.16 - Erros absolutos, em km, computados através de M2T e M3T,


dada a variação do ângulo de incidência em relação a fase A.

Ângulo de Distância ao terminal local (km)


incidência
24 44 64 84
M2T
0° 0,79293 0,163589 0,436543 1,06562
30° 0,78563 0,163589 0,443845 1,05858
90° 0,78563 0,163589 0,436543 1,05128
M3T
0° 0,00699 0,007506 0,009939 0,00415
30° 0,00101 0,005829 0,002404 0,0031
90° 0,00101 0,005829 0,005523 0,00014
Fonte: Próprio autor.

Adotando o mesmo procedimento para os ângulos relacionados a


fase B, observou-se que dada a alternância deste parâmetro, as oscilações
previamente vistas para a fase A, considerando uma mesma distância,
dispunham de valores inferiores à 19𝑐𝑚, tanto para os resultados
pertinentes a M2T quanto para aqueles relacionados à M3T.
241

À vista disso, confeccionou-se, apenas a título de exemplo, o


gráfico da Figura 5.33 com os erros absolutos calculados por ambos os
métodos, para as faltas induzidas por descargas atmosféricas de 100kA e
incidentes a 90°, em relação a fase B.

Figura 5.33 - Erros absolutos, em km, para faltas incidentes a 90° em relação a
fase B.

Fonte: Próprio autor.

Assim como, para as faltas com ângulos relacionados a fase A,


pôde-se perceber uma redução abrupta, agora superior a 96,44%, nas
estimativas dos erros em todas as distâncias, quando inserido um terceiro
terminal de monitoramento na LT.
No Quadro 5.17 estão discretizados os resultados obtidos ao
considerar a variação do ângulo de incidência em relação a fase B.

Quadro 5.17 - Erros absolutos, em km, computados através de M2T e M3T,


dada a variação do ângulo de incidência em relação a fase B.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 24 44 64 84
M2T
0° 0,78563 0,163589 0,443845 1,05858
30° 0,78549 0,163589 0,443845 1,05845
90° 0,78549 0,163589 0,44371 1,05845
M3T
0° 0,00101 0,005829 0,002404 0,0031
30° 0,00087 0,005829 0,002404 0,00305
90° 0,00087 0,005829 0,002462 0,00324
Fonte: Próprio autor.
242

Finalizando o conjunto de testes de faltas induzidas por impulsos


atmosféricos de 100𝑘𝐴, estudou-se a influência da alternância dos
ângulos em relação à fase C e com este objetivo, confeccionou-se,
inicialmente, o gráfico da Figura 5.34 com os erros estimados através de
M2T.

Figura 5.34 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T: variação do ângulo


de incidência em relação a fase C.

Fonte: Próprio autor.

Apoiando-se no gráfico exibido, observa-se que para a primeira


metade da LT os erros estimados em uma mesma distância exibem
variações desprezíveis entre si, inferiores a 30𝑐𝑚, equanto que na
segunda metade, essas oscilações assumem valores de,
aproximadamente, 7𝑚.
Já no gráfico da Figura 5.35, relacionado ao M3T, observa-se que
a variabilidade entre os resultados ocorre com maior frequência e torna-
se mais visível devido aos erros estimados serem baixos.
Ademais, em uma análise mais detalhada dos resultados obtidos,
pode-se verificar que essas variações são inferiores a 3𝑚 e que o maior
erro computado dispõe de um valor de, aproximadamente, 6𝑚.
243

Figura 5.35 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T: variação do ângulo


de incidência em relação a fase C.

Fonte: Próprio autor.

Similarmente às faltas incidentes com ângulos relacionados a fase


B, é nítido o aumento na precisão do módulo localizador quando da
utilização do M3T, posto que há um decréscimo superior a 96,3%, nos
erros contabilizados.
No Quadro 5.18 estão relacionados os resultados obtidos mediante
aplicação de M2T e M3T.

Quadro 5.18 - Erros absolutos, em km, computados através de M2T e M3T,


dada a variação do ângulo de incidência em relação a fase C.
Ângulo de Distância ao terminal local (km)
incidência 24 44 64 84
M2T
0° 0,78536 0,163319 0,436813 1,05101
30° 0,78563 0,163589 0,443845 1,05858
90° 0,78536 0,163454 0,436678 1,05128
M3T
0° 0,00073 0,006046 0,005408 0,00041
30° 0,00101 0,005829 0,002404 0,0031
90° 0,00087 0,005938 0,005465 0,00033
Fonte: Próprio autor.

5.3.2.3 Amplitude do impulso atmosférico

Arrematando o estudo sobre impulsos atmosféricos, inspecionou-


se o desempenho do módulo localizador frente a este fenômeno com
244

diferentes correntes de raio e foram novamente analisadas a influência da


variação da distância e do ângulo de incidência relacionado a cada fase.

 Corrente de raio igual a 50𝑘𝐴

Empeçando as simulações com uma descarga de 50𝑘𝐴,


alternaram-se os ângulos e posteriormente as fases a fim de identificar
possíveis alterações nos erros estimados.
Desta forma, confeccionou-se, inicialmente, o gráfico da Figura
5.36 correspondente aos resultados de M2T em relação a fase A.

Figura 5.36 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T: variação do ângulo


de incidência em relação a fase A.

Fonte: Próprio autor.

A partir de uma análise gráfica, percebe-se que, de maneira


generalizada, os erros se mantém invariáveis para uma mesma distância,
considerando a alternância do ângulo. A exceção observada ocorre
quando a falta incide a 64𝑘𝑚 do terminal local a 30°, com uma variação
de, aproximadamente, 7,3𝑚 em relação as demais.
Para o M3T, foi observado um comportamento similar dos
resultados, pois constatou-se que a única variação observável, porém
pequena, ocorre para a mesma falta descrita anteriormente em um valor
de, aproximadamente, 3𝑚. Já com relação aos outros erros computados,
as oscilações entre eles assumem valores inferiores a 30𝑐𝑚.
Tais considerações podem ser inferidas embasando-se no gráfico
da Figura 5.37.
245

Figura 5.37 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T: variação do ângulo


de incidência em relação a fase A.

Fonte: Próprio autor.

Contrapondo os resultados obtidos mediante M2T e M3T, verifica-


se uma redução superior a 97% nos erros estimados, quando da
implementação deste último método, o que confere uma maior precisão
ao módulo localizador.

Considerando, agora, a variação angular em relação a fase B,


averiguou-se que, tanto para M2T, quanto para M3T, os erros
mantiveram-se invariáveis e, por este motivo, elaborou-se apenas um
gráfico, vide Figura 5.38, com os resultados obtidos através de ambos os
métodos.

Figura 5.38 - Erros absolutos, em km, para faltas incidentes a 90° em relação a
fase B.

Fonte: Próprio autor.


246

A partir da análise dos resultados obtidos, observa-se que há um


aumento superior a 97,7% na precisão das estimativas de localização
através do M3T. Ratifica-se que isto também ocorre para os demais
ângulos.

Findando este conjunto de simulações, considerou-se a variação do


ângulo de incidência em relação a fase C e observou-se que os resultados
se mantiveram constantes e praticamente iguais aos da fase B,
anteriormente testada. Igualmente, também se constatou o mesmo
aumento na precisão quando utilizado o M3T.

 Corrente de raio inferior a 50𝑘𝐴

Considerando descargas atmosféricas inferiores a 50𝑘𝐴 e


variando-se inicialmente o ângulo e posteriormente a fase, observaram-se
algumas oscilações nos resultados, cerca de alguns poucos metros, o que
pode ser considerado irrelevante quando comparadas ao comprimento da
LT.
Portanto, serão apresentados, brevemente, o comportamento dos
erros estimados por M2T e M3T mediante a alternância da amplitude da
corrente de raio, para um ângulo de incidência de 90° relativo a fase A
através das Figuras 5.39 e 5.40, respectivamente.

Figura 5.39 - Erros absolutos, em km, estimados em M2T: variação da


magnitude da corrente de raio.

Fonte: Próprio autor.

Com relação aos resultados obtidos por intermédio de M2T,


observa-se que os erros detêm, de forma generalista, valores próximos
247

entre si, para uma mesma distância e correntes de raio distintas, dispondo
de oscilações equivalentes a, aproximadamente 7𝑚, o que pode ser
considerado como irrelevante, dado que as médias dos erros atribuídos as
faltas distanciadas de 24𝑘𝑚, 44𝑘𝑚, 64𝑘𝑚 e 84𝑘𝑚 do terminal local são,
respectivamente, 781,1𝑚, 170,8𝑚, 436,5𝑚 e 1,05𝑘𝑚.
Já no método M3T, pode-se observar que os erros médios
associados as faltas incidentes a 24𝑘𝑚, 44𝑘𝑚, 64𝑘𝑚 e 84𝑘𝑚 do
terminal local são equivalentes a 4,1𝑚, 3,7𝑚, 10𝑚 e 4,9𝑚, o que desvela
um aumento superior a 97,7% na precisão do módulo.
Tais considerações podem ser inferidas com base no gráfico da
Figura 5.40.

Figura 5.40 - Erros absolutos, em km, estimados em M3T: variação da


magnitude da corrente de raio.

Fonte: Próprio autor.

Nos Quadros 5.19 e 5.20 estão relacionados todos os erros


absolutos estimados por M2T e M3T, respectivamente.
248

Quadro 5.19 - Erros absolutos, em km, computados no M2T.


Distância ao terminal local (km)
Ângulo de
incidência/Fase 24 44 64 84 24 44 64 84 24 44 64 84
A B C
Corrente de raio 1kA
0° 0,785359 0,177924 0,436813 1,05101 0,785494 0,178059 0,436543 1,05128 0,785629 0,178195 0,436543 1,05128
30° 0,785629 0,178195 0,436543 1,05128 0,785494 0,178059 0,436543 1,051145 0,785629 0,178195 0,436543 1,05128
90° 0,785629 0,178195 0,436543 1,05128 0,785629 0,178059 0,436543 1,05128 0,785494 0,178195 0,436543 1,051145
Corrente de raio 5kA
0° 0,778327 0,170892 0,436543 1,058583 0,778327 0,170892 0,436543 1,058583 0,778327 0,170892 0,436543 1,058583
30° 0,778056 0,170622 0,436543 1,058312 0,778191 0,170757 0,436678 1,058448 0,778056 0,170622 0,436543 1,058312
90° 0,778056 0,170892 0,436543 1,058583 0,778191 0,170757 0,436543 1,058448 0,778327 0,170892 0,436543 1,058448
Corrente de raio 18kA
0° 0,778327 0,170892 0,436543 1,05128 0,778191 0,170757 0,436678 1,051145 0,778327 0,170892 0,436543 1,05128
30° 0,778327 0,170892 0,436543 1,05128 0,778327 0,170757 0,436543 1,05128 0,778327 0,170892 0,436543 1,05128
90° 0,778056 0,170622 0,436543 1,05101 0,778327 0,170892 0,436543 1,05128 0,778327 0,170892 0,436543 1,05128
Corrente de raio 50kA
0° 0,778327 0,170892 0,436543 1,058583 0,778327 0,170892 0,436543 1,058448 0,778056 0,170622 0,42951 1,058312
30° 0,778327 0,170892 0,42924 1,058583 0,778327 0,170892 0,436543 1,058583 0,778327 0,170892 0,42924 1,058583
90° 0,778327 0,170892 0,436543 1,058312 0,778191 0,170892 0,436543 1,058448 0,778327 0,170757 0,436678 1,058583
Corrente de raio 100kA
0° 0,792932 0,163589 0,436543 1,065615 0,785629 0,163589 0,443845 1,058583 0,785359 0,163319 0,436813 1,05101
30° 0,785629 0,163589 0,443845 1,058583 0,785494 0,163589 0,443845 1,058448 0,785629 0,163589 0,443845 1,058583
90° 0,785629 0,163589 0,436543 1,05128 0,785494 0,163589 0,44371 1,058448 0,785359 0,163454 0,436678 1,05128

Fonte: Próprio autor.

Quadro 5.20 - Erros absolutos, em km, computados no M3T.


Distância ao terminal local (km)
Ângulo de
incidência/Fase 24 44 64 84 24 44 64 84 24 44 64 84
A B C
Corrente de raio 1kA
0° 0,016243 0,008960887 0,0185 0,010082 0,016383 0,009131371 0,018697 0,010167 0,016522 0,009239945 0,018615 0,010361
30° 0,016235 0,009239945 0,018779 0,010361 0,016239 0,009100416 0,018697 0,010222 0,016235 0,009239945 0,018779 0,010361
90° 0,016522 0,009239945 0,018779 0,010361 0,016378 0,009100416 0,018697 0,010361 0,016383 0,009239945 0,018697 0,010222
Corrente de raio 5kA
0° 0,001234 0,001705359 0,009939 0,007397 0,001091 0,001705359 0,009939 0,007203 0,001234 0,001705359 0,009939 0,007397
30° 0,000955 0,001488297 0,009775 0,007118 0,001095 0,001596827 0,009799 0,007258 0,000955 0,0014263 0,009939 0,007118
90° 0,000955 0,001705359 0,009939 0,007008 0,001095 0,00156583 0,009939 0,007258 0,001234 0,001705359 0,009939 0,007258
Corrente de raio 18kA
0° 0,001234 0,001705359 0,005523 0,000135 0,001095 0,001596827 0,005465 0,000275 0,000947 0,001705359 0,005523 0,000524
30° 0,001234 0,001705359 0,005523 0,000135 0,001234 0,00156583 0,005523 0,000135 0,001234 0,001705359 0,005523 0,000135
90° 0,000955 0,001488297 0,005523 0,000414 0,001234 0,001705359 0,005523 0,000135 0,001091 0,001705359 0,005523 0,00033
Corrente de raio 50kA
0° 0,000947 3,1016E-05 0,009939 0,007397 0,001234 6,20316E-05 0,009939 0,007258 0,000955 0,000186094 0,012776 0,007118
30° 0,001234 3,1016E-05 0,013055 0,007397 0,001091 3,1016E-05 0,009939 0,007397 0,001234 3,1016E-05 0,013055 0,007397
90° 0,001234 9,30469E-05 0,009939 0,007118 0,001095 3,1016E-05 0,009939 0,007258 0,001091 7,75395E-05 0,009799 0,007203
Corrente de raio 100kA
0° 0,006989 0,007505865 0,009939 0,004152 0,001006 0,005829227 0,002404 0,003103 0,000727 0,006046205 0,005408 0,000414
30° 0,001006 0,005829227 0,002404 0,003103 0,000867 0,005829227 0,002404 0,003048 0,001006 0,005829227 0,002404 0,003103
90° 0,001006 0,005829227 0,005523 0,000135 0,000867 0,005829227 0,002462 0,003243 0,000871 0,005937717 0,005465 0,00033

Fonte: Próprio autor.

Embasando-se nos resultados obtidos e nas ponderações realizadas


para esta conjuntura, conclui-se que:

 Assim com as faltas induzidas na frequência de chaveamento, o


parâmetro que mais influenciou o desempenho do módulo
localizador foi a distância da falta em relação aos terminais de
monitoramento para ambos os métodos;
 As variações do ângulo de incidência e de corrente de raio não
249

provocaram alterações significativas na performance do módulo,


haja vista que as oscilações entre os resultados percebidas
durante as análises são irrelevantes paragonadas aos erros
estimados e ao comprimento da LT;
 O M3T fomenta maior precisão ao módulo localizador em
relação ao M2T, haja vista que para a totalidade de simulações
realizadas, os erros reduziram-se a percentuais médios de,
99,46%, 97,84%, 97,74% e 99,48% para as distâncias de
24𝑘𝑚, 44𝑘𝑚, 64𝑘𝑚 e 84𝑘𝑚 do terminal local,
respectivamente.

5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização das simulações computacionais, pode-se


concluir que os módulos elaborados para detecção, classificação e
localização de faltas obtiveram êxito em suas funcionalidades,
demonstrando resultados satisfatórios para maioria das situações
impostas em ambas as LT’s. Excetua-se apenas a detecção de faltas
induzidas por impulsos atmosféricos da magnitude de 18𝑘𝐴 na LT
Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI e a localização de faltas
incidentes a 0°, relacionadas na subseção 5.3.1.4, na LT Barra Grande/SC
– Lages/SC – Rio do Sul/SC com corrente de 10𝐴.
Considerando as faltas induzidas na frequência de chaveamento e
em conformidade com os resultados obtidos para a primeira LT estudada,
pode-se afirmar que o módulo localizador demonstrou uma robustez
quanto à alternância do tipo, ângulo de incidência e resistência de falta,
apesar de apresentar algumas pequenas oscilações entre os erros
(explicitadas no decorrer do capítulo), as quais tornam-se irrelevantes
quando comparadas a própria distância estimada ou ao comprimento da
LT.
Com relação aos impulsos atmosféricos, infere-se que o módulo
localizador desenvolvido se revelou imune às variações de impedância de
surto da torre, ângulo de incidência e amplitude da corrente de raio, apesar
de ser constatada uma exígua variabilidade entre os erros computados,
desde que detectada a falta.
Deste modo, ratifica-se que a utilização de aproximações da
velocidade de propagação na estimação da distância da falta é uma boa
alternativa a se considerar na construção de um módulo responsável pela
localização de distúrbios. Contudo, apesar do valor empregado para este
parâmetro estar em conformidade com a literatura, o mesmo foi auferido
250

após um processo extensivo de simulações computacionais, no intuito de


imprimir bons resultados.
Já no estudo da segunda LT, também poderia ter sido utilizada uma
aproximação da velocidade da luz, o que demandaria a realização de
simulações do sistema frente às diferentes condições impostas neste
trabalho, uma vez que os valores utilizados para este parâmetro não são
necessariamente iguais para diferentes LT’s. Rememora-se que, na
estimação da distância da falta, outros autores, como já citado na seção
5.1, utilizaram aproximações distintas da velocidade da luz, obtendo
resultados satisfatórios.
Além disto, para realizar uma comparação justa entre os métodos
de dois (M2T) e três (M3T) terminais, fez-se necessário a utilização do
valor real da velocidade, isto é, estipulado com base nos parâmetros da
LT. Valores aproximados para esta variável podem suprir as possíveis
imprecisões na detecção dos instantes de chegada dos transitórios aos
terminais de monitoramento e, consequentemente, impingir menores
erros.
Então, embasando-se nos resultados obtidos, pode-se afirmar que
a inclusão de um terceiro terminal de monitoramento na LT se faz de
extrema importância no auxílio à localização de faltas, haja vista que o
módulo desenvolvido desvela um aumento médio na precisão de,
aproximadamente, 91,13% e 98,63% na estimação da distância de
falhas induzidas na frequência de chaveamento e por impulsos
atmosféricos, respectivamente.
Assim como a primeira LT, os erros computados através dos dois
métodos também dispuseram de variações pouco significantes entre si
ante a alternância do tipo de falta, ângulo e resistência, considerando-se o
fenômeno do chaveamento. Quanto aos impulsos atmosféricos, também
foram vistas intercorrências irrelevantes ocasionadas pela variação do
ângulo e da amplitude da corrente de raio.
Por fim, é válido frisar que, majoritariamente, para os testes
adicionais de corrente baixa, o M3T ainda exibiu uma maior acurácia que
o M2T, em consequência da redução significativa dos erros de estimação.

6 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi desenvolvido um framework composto por


quatro módulos interconectados e responsáveis pela aquisição, detecção,
classificação e localização de faltas, nesta ordem. Para a composição
deste, foi imprescindível que, primeiramente, fossem pontuados e
251

discorridos os conceitos fundamentais sobre OV’s e TW, necessários à


compreensão da problemática estudada, tal como realizado no capítulo 2.
No capítulo 3, foi realizada uma revisão bibliográfica de pesquisas
embasadas na TOV’s, no intuito de conhecer as técnicas existentes e
utilizadas na literatura. Neste contexto, averiguou-se que os métodos
fundamentados na TOV’s variam, principalmente, conforme os tipos de
registros oscilográficos, tensão e/ou corrente, adquiridos via um, dois ou
três terminais de monitoramento e quanto às técnicas aplicadas.
Em continuidade, o capítulo 4 foi dividido em quatro principais
seções: a primeira foi destinada à descrição das características dos
sistemas analisados; na segunda foram apresentados os fenômenos que
originam transitórios eletromagnéticos em SEP’s, bem como, os
intervalos de frequência em que ocorrem. Além disto, foi exposta a
classificação destes intervalos em quatro grupos distintos, segundo Cigrè
WG 33-02 (1990) — transitórios de baixa frequência, frente lenta, rápida
e muito rápida, que delineia o processo de modelagem de um SEP.
Neste sentido, na terceira seção foi exibida a modelagem
relacionada aos grupos, porém com enfoque nos transitórios de frentes
lenta e rápida e, por conseguinte, as LT’s estudadas foram modeladas
consoante a frequência de chaveamento e o fenômeno das descargas
atmosféricas.
Na quarta seção, que é o cerne desta pesquisa, foi explanada, de
forma elucidativa e objetiva, a formulação utilizada na concepção dos
módulos componentes do framework. Vale salientar que os algoritmos
engendrados foram balizados por trabalhos difundidos na literatura e
moldados de forma a atingir o propósito deste estudo.
A exemplo disto, o módulo da detecção fundamentou-se no estudo
desenvolvido por Costa e Souza (2011), no qual foi utilizada a MODWT,
com o emprego da Db4 para o cálculo dos coeficientes wavelet. A
detecção foi realizada com base na comparação entre estes e limiares
relacionados à uma função densidade de probabilidade normal.
Conquanto, para a detecção de faltas neste trabalho, utilizou-se a
mesma variante da TW para o cálculo dos coeficientes, todavia a partir da
wavelet Haar. A detecção foi realizada de modo similar, porém
recorrendo-se ao uso dos coeficientes de detalhes dos modos aéreos 1 e 2
para a percepção das faltas simuladas, de modo a atender as restrições
apresentadas por Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003).
Já o módulo classificador foi embasado na síntese das ideias
expostas nos estudos de Soares, Oliveira e Carvalho Júnior (2003) e Silva
(2003). No primeiro, a classificação foi fundamentada em relações
estabelecidas entre o conteúdo de energia dos coeficientes wavelet, de
252

primeira escala das tensões trifásicas e de suas componentes modais,


apoiando-se na utilização da AMR e da Db4 como wavelet-mãe. Já no
segundo, a classificação das faltas foi alcançada a partir da comparação
entre fasores de corrente superpostos e de sequência zero, normalizados
para a fase de maior valor.
Desta forma, no terceiro módulo destinado à classificação, foi
criado inicialmente, um sistema-referência, visando a posterior
eliminação do efeito de regime permanente e calculados os coeficientes
de escala das correntes de fase e da componente de modal zero, a partir
da MODWT, com o uso da Db4. Em seguida, determinou-se a energia
associada a estes coeficientes e procedeu-se com a normalização destas
para a fase de maior magnitude energética. Por último, utilizou-se a
componente modal 0 para indicar o envolvimento da terra na falha, além
de comparações entre as energias de cada fase, para a consequente
caracterização das faltas.
O quarto módulo, correspondente à localização, foi permeado
pelas ideias expostas nas pesquisas realizadas por Silveira e Zürn (2001)
e Silva (2003). No primeiro estudo citado, a estimação da distância foi
determinada com base na detecção do primeiro pico dos coeficientes
wavelet, mediante limiares ajustados a partir do histórico do nível de
ruídos e de um segundo pico, detectado por outro limiar, calculado com
base nos amortecimentos das ondas.
Por outro lado, no segundo trabalho mencionado, a estimação da
distância da falta foi realizada com base no primeiro instante de reflexão
em ambos os barramentos, obtido através de uma comparação entre os
coeficientes de detalhes, de primeiros nível e modo dos sinais de tensão
com um limiar determinado pelo maior coeficiente de detalhe, também de
nível e modo 1, dos sinais de tensão do terminal local em regime
permanente.
À vista disto, no módulo localizador desenvolvido foi considerado
primeiramente um sistema-referência, no qual não foi imposto qualquer
tipo de falta, com o objetivo de eliminar o efeito de regime permanente;
foram calculados os coeficientes de detalhes das componentes modais
aéreas 1 e 2 e, posteriormente, foi determinado o conteúdo espectral de
energia associada a estes. Vale ressaltar que também foi utilizada a
MODWT, com a wavelet Haar.
Para a determinação do primeiro instante de reflexão nos terminais
de monitoramento e a subsequente estimação do ponto de incidência da
falta, os valores de energia calculados foram comparados com um limiar,
estabelecido conforme os ruídos da LT. Sublinha-se que para as faltas
253

classificadas como BC, foi utilizada a componente modal 2, o que é


justificado pelas restrições destas na detecção de faltas.
De fato, através das simulações realizadas nesta pesquisa,
constatou-se que o emprego desta induziu menores erros na localização
quando comparada à componente modal 1.
Outrossim, para a estimação da distância da falta, foram aplicados
os métodos M2T e M3T, sendo este último apenas para a LT da região
sul. Para esta abordagem, foi analisado, estudado e desenvolvido o
conjunto de expressões expostas por Feng et al., (2008) e, obtidas,
consequentemente, equações relacionadas à distância ao terminal local
para a primeira e segunda metade da LT.
Por fim, no capítulo 5 foram apresentados os resultados obtidos a
partir da implementação dos módulos, dada a ocorrência de faltas
induzidas na frequência de chaveamento e por descargas atmosféricas.
Após as simulações de todas as condições impostas, constatou-se
que, predominantemente, as faltas foram detectadas com êxito, à exceção
das descargas atmosféricas com magnitude de 18𝑘𝐴, tal como explanado
na subseção 5.2.2.4.
O módulo classificador, elaborado para LT’s transpostas e não
transpostas, também obteve sucesso na classificação de todas as faltas
induzidas na frequência de chaveamento. Sublinha-se que para as
situações de variação de corrente, este módulo não foi testado.
Quanto ao módulo localizador, com relação às faltas supracitadas
incidentes na LT Presidente Dutra/MA – Boa Esperança/PI, constatou-se,
com base nos resultados, que a distância é o parâmetro que exerce maior
influência sob o desempenho do módulo localizador. Apesar do tipo e
ângulo de incidência da falta provocarem algumas oscilações nos erros
computados, quando mantidos os demais parâmetros constantes, afirma-
se que estas são irrelevantes em comparação ao comprimento da própria
LT. Ressalta-se que a metodologia adotada se revelou imune à variação
da resistência.
No caso das descargas atmosféricas, a distância de aplicação da
falta também foi o fator de maior preponderância sob o módulo
localizador, uma vez que, os maiores erros ocorreram próximos às
extremidades da LT e os menores, em regiões circunvizinhas ao ponto
médio. Diante da variação da impedância de surto da torre e ângulo de
incidência, as oscilações dos erros foram exíguas (cerca de centímetros a
menos de uma dezena de metros).
Quanto à alternância da amplitude da corrente de raio, também
foram verificadas pequenas variações da mesma ordem, quando mantidos
inalterados os demais parâmetros analisados. Contudo, as faltas induzidas
254

por impulsos atmosféricos da magnitude de 18𝑘𝐴 também não foram


localizadas.
Para a LT Barra Grande/SC – Lages/SC – Rio do Sul/SC, tanto
para o M2T quanto para o M3T e para ambos os fenômenos, observou-se
novamente que o parâmetro que exerceu uma maior influência sob os
erros computados foi a distância. Porém foram percebidas algumas
pequenas oscilações entre os resultados, quando da variação do tipo,
ângulo de incidência e resistência da falta, no caso das faltas induzidas na
frequência de chaveamento e, amplitude da corrente de raio e ângulo,
quando da ocorrência de descargas atmosféricas.
Quando confrontados os resultados do M2T e M3T, verificou-se
que há um aumento considerável, maior que 90% , na precisão do módulo
localizador, quando empregado este último método na análise das faltas
induzidas na frequência de chaveamento e por descargas atmosféricas.
Esta exatidão superior é fomentada pela utilização de um terceiro terminal
de monitoramento, o qual possibilita a supressão do parâmetro
velocidade, uma vez que este impele uma maior incerteza na estimação
da distância da falta.
Elucida-se isto através das ponderações realizadas no capítulo 5,
onde se verifica que a utilização de uma aproximação de 95% da
velocidade da luz, na LT da região nordeste, refletiu menores erros de
localização, em comparação à utilização do próprio valor estimado
(aproximadamente 97,6%) pelo ATP.
Além dos testes realizados anteriormente para a LT da região sul,
almejou-se examinar o comportamento do módulo localizador para o
sistema com correntes baixas e observou-se, também, um aumento na
precisão do M3T em relação ao M2T, excetuando-se os casos explicitados
na subseção 5.3.1.4.
Então, para alcançar uma robustez do módulo localizador e evitar
lapsos na estimação das distâncias, evidencia-se que é necessário um
estudo mais aprofundado de técnicas de filtragem que possam atuar com
uma maior sensibilidade na detecção dos instantes de chegada dos
transitórios aos terminais de monitoramento, em LT’s com diferentes
pontos de operação.

6.1 PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

As principais contribuições deste trabalho foram:

 Abordagem pormenorizada do processo de modelagem dos


255

sistemas em estudo, delineada por diretrizes estabelecidas para a


determinação de parâmetros, em conformidade com o fenômeno
em análise;
 Estudo de faltas induzidas na frequência de chaveamento e de
descargas atmosféricas, as quais caracterizam os grupos dos
transitórios de frente lente e rápida, respectivamente;
 Elaboração de um framework capaz de detectar, classificar e
localizar faltas, utilizando uma única ferramenta, a MODWT;
 Comparação entre o desempenho de algoritmos de localização de
dois e três terminais;
 Inclusão de testes com a LT operando em diferentes condições
da nominal.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para a continuidade do estudo realizado, propõem-se as seguintes


sugestões para aprimoramento e desenvolvimento de trabalhos futuros:

 Realizar as simulações das LT’s acometidas por faltas bifásicas-


terra e descargas atmosféricas com outras formas de ondas;
 Estudar e modelar os sistemas, considerando a incidência de
descargas atmosféricas diretamente nos condutores das LT’s;
 Otimizar o processo de variação dos parâmetros e de
transferência dos dados obtidos após as simulações no ATP para
o MatLab;
 Modelar estas e outras LT’s consoante os grupos de transitórios
de baixa frequência e de frente muito rápida;
 Modelar o isolador instrumentado e considerá-lo nas simulações,
no intuito de observar se este interfere no desempenho do
framework desenvolvido;
 Estudar métodos que possibilitem uma melhor captura do
instante inicial da primeira frente de onda incidente nos terminais
de monitoramento, para LT’s com pontos de operação diferentes
da condição nominal;
 Testar o framework com dados oriundos de SEP’s reais;
 Expandir este estudo para Sistemas Elétricos de Distribuição.
256

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