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Resumo: Esse artigo resgata a formação moral e ética para transformação da pessoa por meio
das virtudes e a prepara para lidar com as emoções. Levantamos a hipótese de que somos
movidos pelas emoções e precisamos investir na formação da pessoa por meio da educação das
virtudes para sermos capazes de construir uma sociedade de pessoas felizes e justas. O objetivo
é levar à reflexão sobre educação, conceito de pessoa e construção dos valores éticos na
formação humana baseados na hermenêutica de Paul Ricoeur (2008) que nos permite entender
os conceitos selecionados. O artigo levanta duas questões: identificar até que ponto a educação
por meio das virtudes transforma a pessoa e porque é necessário compreender o conceito de
pessoa. Fundamenta-se em Aristóteles (a.C. IV, 1999), Maritain (1959) Mounier (1964) e
Sucupira Costa Lins (2014). Esses autores oferecem suporte para nosso objetivo pela
preocupação com a formação da pessoa por meio das virtudes.
Abstract: This paper rescues moral and ethical education to change people through virtues and
enable them to deal with their emotions. We have the hypothesis that we are moved by
emotions and that we need to invest in virtue education to be able to build a society of happy
and fair people. Its objective is to reflect on education, the concept of person and the
organization of ethical values in human education based on Ricoeur’s hermeneutics (2008),
which allows us to understand the selected concepts. This paper raises two questions: to
identify to what extent virtue education changes a person and why it is necessary to understand
the concept of person. Its theoretical foundation includes Aristoteles (BC IV, 1999), Maritain
(1959), Mounier (1964) and Sucupira Costa Lins (2014). These authors provide the basis for our
objective because of their concern with one’s virtue education.
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Doutora em Educação PPGE/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da Universidade Iguaçu. E-mail:
filomrates5@msn.com
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Doutora em Educação PPGE/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Titular da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Membro da Academia Brasileira de Educação. E-mail:
mariasucupiralins@terra.com.br
Filomena Maria Rates; Maria Judith Sucupira da Costa Lins
Introdução
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O autor explica, ainda, que uma pessoa que possui empatia, se envolve
emocionalmente com o outro, visando o bem dessa pessoa. Diante das situações
de extremos riscos, presentes nas sociedades, como crime, suicídio, abuso
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Ricoeur (1990, p.5) se refere à vida boa e ética como uma norma que
conduz com sabedoria ao primado de uma vida moral na prática. Esta
sabedoria de viver de forma ética deve ser analisada segundo três termos: o
Desígnio é ético, a Norma Moral é a Sabedoria Prática da ética. O primeiro,
Desígnio é ético, é definido da seguinte forma: “desígnio de uma vida boa, com
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O exercício da ética no agir diário traz uma sabedoria prática para a vida,
para que conflitos das situações do dia a dia sejam superados, uma vez que
somos seres de inteligência emocional como dizem Ricoeur (1990), Goleman
(1995) e Gardner (1999) e, portanto, movidos pelas emoções, tais como:
“desejos, a saudade, o ciúme, a emulação, a piedade, e de modo bem geral os
sentimentos acompanhados de prazer e sofrimento” (ARISTÓTELES, EN, Livro
II. 1106a – 5-10, 2001). Essas emoções podem ser aprimoradas com a construção
de bons hábitos, por meio do exercício de um agir ético diário. Tomás de
Aquino (2005, p.35) define habitus “como uma disposição, uma capacidade da
natureza humana, a qual se enraíza em sua natureza específica e individual,
finalizada pelo agir”. Entendemos na fala do autor que os hábitos de uma
pessoa ética são: seu comportamento e sua maneira de agir, tanto para o bem,
quanto para ao mal. Segundo esse filósofo, quando há harmonia, existe o bem,
mas quando ocorre a desarmonia o mal predomina. O homem, que age para o
bem, desenvolve capacidades naturais que podem levá-lo a melhorar suas
habilidades.
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Esse humano que precisa viver em sociedade faz parte da sua natureza,
ser uma pessoa edificada por meio de valores e virtudes e não sabe viver no
conformismo. Mounier (1964, p. 21) diz que a pessoa humana também pode
viver no conformismo para não ter que afrontar “factos de homens” e assumir
responsabilidades, deixando de expor suas ideias. A história do homem como
pessoa será sempre paralela à “história do personalismo” que se expressará de
tal forma no “plano da consciência” e sua grandeza para “humanizar a
humanidade” em um esforço constante. Esta capacidade de assumir
responsabilidades permite que não ocorra este conformismo, apontado pelo
autor, e é o que torna o homem capaz de se destacar por suas ideias de justiça.
Sobre a educação do homem, Maritain (1959, p.15) fala que, sem a sua
“experiência coletiva, previamente acumulada e preservada, e sem a
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Para Aristóteles (EN, Livro I. 1095a – 9-10, 1999), a maioria das “pessoas
qualificadas dizem que o bem supremo é a felicidade, e viver bem e ir bem
equivale a ser feliz”, o que confirma o pensamento de Maritain (1968) sobre agir
bem para ser uma pessoa virtuosa. Aristóteles (EN, Livro I. 1102a – 23-25, 1999)
fala que “a excelência humana significa a excelência não do corpo, mas da alma,
e também dizemos que a felicidade é uma atividade da alma”. Entendemos com
estas palavras que, para alcançar a felicidade plena, é preciso agir bem e viver
de acordo com as virtudes. Não nascemos éticos e precisamos aprender as
virtudes, entendendo que esta também é uma função da educação. MacIntyre
(1984) fala sobre a Desordem moral ocasionada pela falta dos conceitos
éticos/morais que assolam a humanidade e Sucupira Costa Lins (2003, p.165) se
mostra preocupada com esta Desordem Moral e levanta questionamentos sobre
“o papel do educador nesta sociedade, a partir da formação ética/moral, e qual
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Até que ponto a educação por meio das virtudes pode transformar
a pessoa?
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Sucupira Costa Lins (2013, p.36), em suas reflexões, diz que a Filosofia
exige de um ser consciente, reflexões práticas e sua “função é trabalhar os
problemas do homem sobre si mesmo e a realidade à sua volta”. Este trabalho é
feito por meio da educação filosófica porque é uma atividade que traz para o
aprendizado do agir educativo uma prática do dia a dia da pessoa na formação
de seu caráter. É o que Gardner (1999, p. 34) chama de educação recheada de
virtudes, explicando que as disciplinas humanistas aumentam de forma
“significativa a nossa compreensão das variedades de beleza e moralidade,
familiarizam-nos com as múltiplas maneiras como os indivíduos, ao longo do
tempo e do espaço, têm-se concebido a si mesmos e concebido seus mundos,
suas opções e seus destinos”. Essas disciplinas, segundo Gardner (1999), ao
contrário das disciplinas científicas, dedicam-se também ao estudo dos seres
humanos, artes e às humanidades, estudam as peculiaridades da pessoa, suas
obras e suas experiências individuais. Entendemos, com isto, que é
indispensável a educação do homem sobre outras questões, como as artes e
suas humanidades, mas a educação ética filosófica para a pessoa é de vital
importância em sua formação.
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(1967), corrobora com o pensamento de Aristóteles (a. C. IV, 1999) que fala do
bem comum ou senso comum, necessário à formação e felicidade do homem.
Considerações finais
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Referências
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