Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
https://novaescola.org.br/conteudo/3506/em-busca-de-
pistas-sobre-a-escravidao
Prática Pedagógica
O principal recurso usado por Araújo foi uma fonte primária produzida durante o
período estudado: exemplares do jornal O Leopoldinense, disponíveis na
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, onde há periódicos de todo o país.
"Trabalhar com essas fontes é um exercício de olhar muito rico. O estudante
compara versões e formula hipóteses", comenta Sonia Regina Miranda, docente
da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
As crianças foram convidadas a procurar nos textos menções aos escravos. "Elas
encontraram diversos anúncios, tanto de senhores que buscavam por negros
fugidos como daqueles que queriam vender trabalhadores", afirma Araújo. Em
sala, a garotada teve de analisar o material. "A escrita dos textos era diferente da
de hoje. Tebas está escrito com H", diz Gina de Rezende Oliveira, 11 anos. Vitor
Pinheiro Mendes, 12 anos, conta que encontrou anúncios em que os senhores
buscavam por um escravo que sabia ler e escrever. "Isso significa que alguns
também tinham estudo. Então não era só sofrimento a vida deles!", concluiu.
Antonia recomenda também que o professor aproveite esse momento para
problematizar o contexto de produção das informações analisadas. "É natural que
o anunciante queira destacar só as boas características daquela mercadoria",
exemplifica. Todas as conclusões eram registradas no diário de bordo, caderno
que cada aluno manteve durante o trabalho. Semanalmente, o professor recolhia
o material para verificar como a sala estava avançando. "Quando notava que
alguém não havia entendido algo já discutido, eu retomava o assunto", explica.
Se tantos escravos tinham vivido na região, era provável que a história deles
ainda estivesse em circulação pelo distrito. Pensando nisso, o professor propôs
que a classe fosse a campo ouvir antigos moradores. "Esse contato com os mais
velhos humaniza o conhecimento histórico", explica Sonia. Antes, todos
montaram coletivamente uma pauta de entrevista. "O professor ajudou em nossa
preparação: fomos pensando juntos nas perguntas e ele anotava no quadro",
conta Christoff da Silva Cirino, 11 anos. Quando surgia uma questão que não era
adequada ao contexto, Araújo questionava: "Será que essa dúvida está
relacionada ao nosso tema?". A turma repensava, então, a necessidade de incluí-
la.
2 Novas fontes, nova visão Leve a classe a refletir sobre fontes como biografias,
cartas e imagens que tratem do país e de sua região. Questione: "Quem as
produziu?", "Qual sua intenção ao fazê-lo?" e "Existem outras visões sobre esse
tema?".
3 História dos mais velhos Proponha que a turma realize entrevistas com
moradores mais velhos da região para descobrir vestígios da escravidão. Auxilie na
montagem da pauta e oriente todos a registrar os encontros em vídeo, áudio ou texto
escrito.
Vídeo: //www.youtube.com/embed/SxCqzWLEMCk