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Teologia para todos

Panorama do
Antigo Testamento
to
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Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

AULA 01 - INTRODUÇÃO
Durante este curso faremos um rápido panorama do antigo testamento da
bíblia sagrada, estudaremos um pouco sobre a história de Israel como o plano
de Deus para redimir a humanidade, a importância dos livros poéticos assim
como a importância dos profetas e o conteúdo de suas mensagens.

Mas, para compreendermos melhor o Antigo Testamento, antes precisamos


entender como podemos conhecer à Deus e como o antigo testamento foi
escrito e organizado da maneira em que temos hoje.

Nesta aula, veremos como o Antigo Testamento foi escrito, preservado e se ele
é digno de confiança como texto histórico.

O DEUS QUE SE REVELA

Como podemos conhecer a Deus? Isso é possível? Para muitos nos dias de
hoje Deus é apenas uma invenção do ser humano para tentar explicar as
coisas inexplicáveis do mundo. Neste sentido, Deus seria apenas o resultado
de nosso cognitivo limitado que tentamos preencher com o sobrenatural. É
certo que não podemos colocar Deus dentro de uma caixa e afirmar: “Deus é
isso ou aquilo”. Só é possível conhece-lo porque ele se deixa ser conhecido
através de sua auto- revelação.

Deus escolheu se mostrar para sua criação; é o que chamamos de Revelação.


Ele em seu grande amor optou por se fazer conhecido e tornou isso possível
por intermédio de sua auto-revelação na natureza e na história.

Não é possível colocar Deus em uma gaiola e dizer que sabemos tudo sobre
Ele, nós apenas conhecemos aquilo que Ele escolheu se mostrar; não
sabemos o quanto Deus se revelou e possivelmente grande parte ainda
continua sendo um mistério.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Em um sentido mais elaborado, o conceito de “revelação” não significa mera


transmissão de um conjunto de conhecimentos, mas sim a manifestação
pessoal de Deus na história. Deus tomou a iniciativa por intermédio de um
processo de auto-revelação, que atinge seu ápice e plenitude na história de
Jesus de Nazaré.
sua glória.

O ANTIGO TESTAMENTO É DIGNO DE CONFIANÇA?

Muitos nos dias de hoje insistem em dizer que o antigo testamento não
aconteceu de verdade, que é apenas um livro de mitos e fábulas e que não
pode ser levado a sério como um livro que conte a verdadeira história de Deus
se revelando a sua criação. Nesta seção apresentaremos algumas evidencias
literárias e arqueológicas que nos mostram que o antigo testamento pode sim
ser considerado um livro histórico de confiança.

Ausência de embelezamento.

O Antigo estamento não tem medo de mostrar todos os problemas de suas


personagens, não esconde nenhum pecado ou coisas ruins e vergonhosas que
o povo de Deus fez. Nas tradições antigas não se registravam em escritos as
ações vergonhosas de um povo, mas isso não acontece no Antigo Testamento,
uma grande evidencia de que seu conteúdo é verdade.

Evidências arqueológicas

O propósito da arqueologia é recuperar a


cultura material dos povos da antiguidade
e, assim, tentar reconstruir sua história e
seu estilo de vida. Para atingir esse
objetivo é necessário o trabalho conjunto
de um grande número de especialistas.
Os objetos mais comuns encontrados na
arqueologia do Oriente Médio
são pedaços de cerâmica.

A principal contribuição da arqueologia para o estudo da bíblia é o


esclarecimento que oferece sobre o cotidiano dos tempos bíblicos como
política,
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costumes e práticas dos povos antigos. A arqueologia também nos ajuda a


confirmar a autenticidade de nomes, lugares e acontecimentos registrados na
bíblia. Deve-se, porém, reconhecer que, na maioria dos casos, a arqueologia é
incapaz de fazer tal confirmação e, às vezes, pode até dificultar a tarefa do
apologeta. A arqueologia é capaz de oferecer fatos (ex: Senaqueribe realmente
foi rei na época de Ezequias e atacou Jerusalém), mas, frequentemente, o
dignificado dos dados arqueológicos depende de interpretação pessoal.

A arqueologia pode ajudar muito no estudo da bíblia, porém deve-se tomar


muito cuidado pois ela é limitada.

è Apenas uma fração das evidências arqueológicas subsiste no solo 


Apenas uma fração dos possíveis sítios arqueológicos foi detectada. 
Apenas uma fração dos sítios arqueológicos detectados foi escavada 
Apenas uma fração do que foi escavado foi completamente examinado e
publicada
è Apenas uma fração do que foi examinado e publicado contribui para a
pesquisa bíblica.

Para os autores da bíblia, a história é o instrumento teológico pelo qual Deus se


revela. A Arqueologia pode autenticar a história, mas não a teologia, e do ponto
de vista bíblico, a história sem a teologia não tem sentido.

O que a arqueologia fez pela bíblia:

è Confirmou a veracidade de personagens bíblicos  Confirmou a


existência de lugares mencionados na bíblia  Confirmou relatos extra
bíblicos de acontecimentos históricos.
è Alguns exemplos arqueológicos:
o TÁBUAS DE MARI
§ Escritos em 1800 a.C
§ Encontrados no Vale do Eufrates (Iraque)
§ Menciona as cidades de Harã e Naor (Gn 24.10; 28.10)
§ Menciona Arioque (Gn. 14.1)
o TÁBUAS DE NUZI
§ Escritos em 1800 a.C
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§ Menciona costumes específicos da época de Abraão,


exatamente como Moisés relatou 500 anos mais tarde.
§ Fala de contratos, casamentos, leis, etc. o TÁBUAS DE
EBLA
§ Escritas em 2300 a.C.
§ Encontrados no sítio Markdith (Síria)
§ Mencionam a rota comercial: Sodoma, Gomorra, Adamá,
Zeboim e Zoar (Gn.14.8)
 Mencionam os hititas. o PRISMA
DE TAYLOR
§ Escrito em cuneiforme em 800 a.C  Menciona
Senaqueribe (2a Reis 19)
§ Menciona Taharca – o grande rei cuxita.
§ As crônicas Babilônicas dizem que quando Senaqueribe
voltou para casa, seus dois filhos se levantaram e o
mataram.
è A inspiração Divina o Existem centenas de evidências que mostram a
autoridade do Antigo Testamento, mas a principal delas é a nossa fé, a
fé de que foi o próprio Deus quem inspirou e direcionou todas as coisas
para que o Antigo Testamento fosse preservado sobrenaturalmente.

Agora que entendemos um pouco de como podemos conhecer a Deus,


estuaremos como o Antigo testamento foi escrito e compilado da maneira
que o conhecemos hoje.

A FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO

Na criação do homem
a escrita ainda não
havia sido
desenvolvida, as
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histórias dos feitos de Deus foram sendo transmitidas por tradição oral
durante séculos,
sendo preservadas sobrenaturalmente por Deus.
De acordo com a história geral a escrita começou a ser desenvolvida em torno
de 3.500 anos a.C e foi nos tempos de Moisés que o povo hebreu começou a
registrar os feitos de Deus em palavras escrita.

O Antigo Testamento foi escrito em Hebraico em sua maior parte e alguns


trechos em aramaico. O hebraico é uma língua em que a mensagem é mais
sentida que meramente pensada. A língua hebraica é expressada mediante
metáforas vividas e audaciosas, capazes de desafiar e dramatizar a narrativa
dos acontecimentos, sendo por isso denominada de língua pictórica. Outra
característica da língua hebraica é o fato de ser pessoal, apelando diretamente
ao coração e às emoções, e não apenas à mente e à razão.

O AT foi composto durante o período de mil anos que se estenderam de


meados do segundo a meados do primeiro milênio a.C. Embora o NT considere
Deus o autor do AT pela inspiração do Espirito Santo, pelo menos quarenta
autores diferentes foram identificados. Entre os escribas antigos estão
personalidades bíblicas bem conhecidas: Moisés, Davi e Salomão. Autores
menos conhecidos incluem hebreias como Débora e Miriã e gentios como Agur
e Lemuel. O AT contem cinco gêneros ou tipos literários: Lei, narrativa
histórica, poesia, sabedoria e profecia.

Os materiais que eram utilizados para a escrita naquele tempo eram:


tabuinhas, velino, pergaminho, couro e papiro. Outros materiais também
utilizados para a escrita eram o metal (Ex. 28:36), a cera (Is. 8:1), as pedras
preciosas (Ex. 39:6- 4), os cacos de louça ou ostracos (Jó 2:8).

Durante a história do povo de Israel, homens inspirados pelo Espirito Santo


registraram as palavras de Deus em forma escrita, que mais tarde seria
organizado no Antigo Testamento como conhecemos.

A formação do Cânon

O termo “cânon” é derivado da palavra grega kanõn, que quer dizer “vara reta,
beira reta, régua”. São os livros que foram considerados inspirado por Deus e
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que formaram a bíblia. Nas escrituras hebraicas há 39 livros que os judeus


aceitam como canônicos. São os mesmos que foram aceitos pela igreja
apostólica, e pelas Igrejas Protestantes desde os dias da Reforma. Mas logo
vem a pergunta: Que é que torna canônico um livro da Escrituras? Quando é
que o povo de Deus na antiguidade considerou ou aceitou os vários livros que
compões o Antigo Testamento como sendo Canônicos?

O processo de formação do cânon foi longo e provavelmente deu-se em fases:

 Fase 1: Pronunciamentos detentores de autoridade.


 Fase 2: Documentos formais escritos 
Fase 3: Coleção de documentos escritos
 Fase 4: Coleção de documentos
escritos e fixação do cânon

É importante entender que o cânon hebraico foi estabelecido ou fixado


pela liderança religiosa da comunidade hebraica. Concílios rabínicos e
eclesiásticos não determinaram o Cânon, apenas confirmaram ou
aprovaram a coleção de livros divinamente inspirados e detentores de
autoridade já reconhecida por “Palavra do Senhor” na comunidade
religiosa.

Até os dias de Neemias quase todos os livros do Antigo testamento já eram


reconhecidos como palavra de Deus.

É importante falarmos sobre a septuaginta, que foi a primeira tradução do


Antigo testamento para o Grego por volta 250 a.C., nesta tradução foram
acrescentados alguns livros que não eram reconhecidos pelos Judeus como
canônicos, alguns destes eram: Baruc, Tobias, Judite, o 1o. e o 2o. livro dos
Macabeus, o Eclesiático e o livro da Sabedoria. Para os Judeus e os
protestantes estes são considerados os livros apócrifos, apresentam valor
religioso e até mesmo histórico, mas não possuem autoridade canônica.
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Foi depois da reforma protestante, no Concílio de Trento em 1546, após grande


discussão e polêmica que alguns destes livros foram aceitos como canônicos e
passou a fazer parte da bíblia católica.
A ORGANIZAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO

Nossa bíblia não está organizada em ordem cronológica, ou seja, não está
compilada como uma linha do tempo onde cada livro é uma sequência do
anterior. A palavra bíblia significa biblioteca, e assim como em uma biblioteca,
os livros do Antigo Testamento estão organizados por temas, cada um em sua
categoria. Por isso é tão importante entendermos como eles estão
organizados.

A princípio, na bíblia hebraica os livros foram organizados em apenas três


categorias: A torá (ou pentateuco) que são os 5 primeiros livros da bíblia, Os
profetas e Os Escritos.

Em nossa bíblia o Antigo testamento está organizado em 5 categorias:


Pentateuco, Históricos, Poéticos, Profetas Maiores e Profetas Menores. Para
facilitar a visualização da estrutura do AT vamos usar gráfico que chamaremos
de “Arco do AT”
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PENTATEUCO POÉTICOS PROFETAS MAIORES


Gênesis Jó Isaías
Êxodo Salmos Jeremias
Levítico Provérbios Lamentações
Números Eclesiastes Ezequiel
Deuteronômio Cântico dos Cânticos Daniel

HISTÓRICOS PROFETAS MENORES


Josué Oséias
Juízes Joel
Rute Amós
1 Samuel Obadias
2 Samuel Jonas
1 Reis Miquéias
2 Reis Naum
1 Crônicas Habacuque
2 Crônicas Sofonias
Esdras Ageu
Neemias Zacarias
Ester Malaquias

POR QUE ESTUDAR O ANTIGO TESTAMENTO?

“A ação inspiradora de Deus no Antigo Testamento era como um filete de


pólvora, cuja a cor era igual à cor da terra. Antes, já se sabia da sua existência
e do seu destino, mas não se conhecia ainda seu traçado preciso nem o
conteúdo concreto desse traçado. Esse filete estava sendo conduzido por Deus
até chegar ao fogo. No momento em que cristo chega, ressuscita e comunica o
Espírito, o fogo se acende e se estende à pólvora, iluminando, de repente, o
seu traçado invisível. ” (Carlos Mesters)

Apenas conhecendo o antigo testamento é que podemos ter um pleno


conhecimento da identidade e da mensagem de Cristo. É impossível falar de
salvação ou plano de redenção sem entender toda história do povo de Israel e
como Deus foi preparando tudo para a vinda do messias.

Você já parou para pensar como é maravilhoso ter um Deus que escolheu se
revelar para nós? Diante de toda a criação ele optou por se mostrar por meio
de um relacionamento pessoal.
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É possível conhecer a Deus pessoalmente! Tenha um tempo de oração e


comece a buscar por esse relacionamento pessoal com o Deus criador de
todas as coisas e que nos ama om um amor incondicional.
COMO LER O ANTIGO TESTAMENTO

Estudar o AT é uma tarefa incrível, mas também exige disciplina. A preparação


adequada pode ajudar o aluno a colher bons frutos. O Deus soberano, que
criou o universo, que controla a história e que realizará seu plano no tempo
devido, decidiu manifestar-se. Em si mesmo isto é um ato de graça, e devemo-
nos sentir estimulados a ouvi-lo. No entanto, o ato de ouvir pode ser
prejudicado por muitos fatores. Em primeiro lugar, a revelação de Deus não foi
feita na língua portuguesa ou no âmbito da cultura ocidental.
Consequentemente, precisamos esforçar-nos para receber a mensagem com
clareza. Quanto mais o aluno conhece a cultura do Antigo Oriente Médio,
especificamente a de Israel no período do AT, mais barreiras ele pode eliminar
e mais fácil será de entender a palavra de Deus.

Outro fator de dificuldade é que mesmo ao ouvirmos, somos seletivos em


relação ao que ouvimos. Além disso, tentamos conformar a mensagem ao que
desejamos ouvir. A solução é permitir que a Bíblia fale por si. Todos temos
pressupostos acerca da Bíblia. Eles devem ser constantemente avaliados e
refinados para não distorcer seus ensinamentos. Os objetivos dos autores
bíblicos não devem ser subordinados aos nossos por mais dignos que sejam.
Há muitas lições valiosas a serem aprendidas com o AT, mas nem todas são
lições que o AT tenta ensinar. Se o aluno deseja colher ensinamentos
fundamentados na autoria do texto, deve aprender a discernir o que o texto
ensina em vez de lhe sobrepor as ideias. Quando o leitor permite que a Bíblia
fale do próprio ponto de vista e com seus propósitos, ele pode estar mais
aberto para aprender o que ela pretende ensinar.

É claro que Deus pode falar conosco e se revelar com uma leitura superficial
das escrituras, quem somos nós para dizer como Deus vai agir? Mas o estudo
aprofundado pode render resultados ainda maiores, porém é acompanhado de
maior dificuldade.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Aspectos da interpretação bíblica

Um dos principais princípios da interpretação já foi citado: devemos permitir


que a Bíblia fale por si só. É difícil consegui-lo, pois todo intérprete possui
pressuposições, isto é, ideias preestabelecidas sobre o que a Bíblia é, o que
ela diz e como todas as coisas se enquadram. Elas podem moldar a
interpretação do texto e distorcê-la. A interpretação adequada não exige que os
leitores eliminem todas as pressuposições, mas insiste em que eles
reconheçam sua existência, reavaliando constantemente sua validade e
subordinando-as ao texto das Escrituras.

O objetivo desse princípio é impedir que os intérpretes manipulem o texto


conforme seus interesses. Para o texto transmitir autoridade, ele deve desfrutar
de certa autonomia.

É importante entender que a bíblia foi escrita por nós, mas não para nós. Ou
seja, ela foi escrita para um determinado tempo, onde os autores, inspirados
por Deus, tinham objetivos claros e definidos. Para entendermos a autoridade
bíblica precisamos buscar as intenções dos autores do texto. É como se fosse
uma tarefa de ler uma carta enviada para uma outra pessoa, para entender
precisamos saber qual a cosmovisão (visão de mundo) do destinatário.

Procedimentos de interpretação

Mas como determinar a intenção do autor? Primeiro, o gênero literário deve


ser identificado. Na literatura atual, uma biografia não deve ser lida como
suspense nem uma peça como poesia. O gênero literário influencia a
abordagem e a interpretação da obra. Isso também se aplica ao AT. A profecia
é um gênero diferente da literatura proverbial. O intérprete deve, inicialmente,
identificar o gênero e aprender tudo o que pode sobre ele.

Em segundo lugar, é importante descobrir o que for possível sobre o público


para o qual a obra foi escrita, e ainda as circunstâncias da composição. Esses
fatos podem afetar a interpretação de certas afirmações.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Em terceiro lugar, por meio da análise do contexto, devemos tentar identificar


a intenção do autor ou editor. Esta pode ser explícita ou deduzida de
observações relativas à seleção e à organização do material feitas por ele.

Como leitores e estudiosos da bíblia, se conhecermos bem o autor, o público, a


situação e o gênero literário, estaremos aptos para nos colocarmos no lugar do
ouvinte e entendermos as palavras e, especialmente, a mensagem do trecho
interpretado. A interpretação exige que nos tomemos, na medida do possível,
parte do público original. A mensagem a eles transmitida é a mesma para nós.

O MUNDO DO ANTIGO TESTAMENTO

A história da nação israelita desenvolveu-se em um contexto geográfico


específico. Por essa razão, a Bíblia leva a sério a geografia e registra
acontecimentos reais ocorridos no tempo e no espaço. A Bíblia não é uma
passagem secreta que leva a uma história fictícia como As crônicas de Nárnia.
No entanto, não é simplesmente uma coleção de registros antigos. Também
não tenciona ser um jornal ou manual topográfico. Como a arqueologia, a
geografia expande nosso conhecimento do ambiente das narrativas bíblicas e
enriquece, dessa forma, nossa compreensão de certos textos do AT.

O mundo físico do AT era o Oriente Próximo Antigo, conhecido atualmente por


Oriente Médio ou, às vezes, sudoeste da Asia. As narrativas do AT abrangem a
região da Mesopotâmia a leste, Ásia Menor ou Anatólia ao norte, a região siro-
palestina e Egito a oeste, e a península arábica ao sul. Os atuais Irã e Iraque
ocupam a maior parte da antiga Mesopotâmia, enquanto a Ásia Menor hoje é
denominada Turquia, e a Arábia Saudita controla a maior parte da península
arábica. Quase 4/5 da história do AT ocorre na área siro-palestina na costa
leste do Mediterrâneo. Esse território, nos dias de hoje, inclui Síria, Líbano,
Jordânia e Israel.

MESOPOTÂMIA
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O norte da Mesopotâmia foi o


lugar originário dos
israelitas, pois os
patriarcas hebreus viveram na
região de Harã em Padã-Arã
entre o Tigre e Eufrates.

ÁSIA MENOR/ANATÓLIA

É uma região montanhosa;


com solo rico e clima
mediterrâneo a oeste e sul,
um planalto central árido e
estéril e montanhas altas a
leste, próximas à Armênia.
A riqueza de minérios nas cadeias
montanhosas centrais fornecia aos habitantes recursos para comércio com o
restante do Antigo Oriente Médio.

RREGIÃO SIRO-PALESTINA

Constitui a ligação terrestre entre os


continentes da África e da Ásia. Os
arameus ocuparam as regiões interiores
siro-fenícia durante o período do AT.

A região da palestina, ou Canaã, era a


terra prometida pela aliança aos hebreus.
EGITO

O Egito antigo era dividido em reino do


Alto Egito (ao longo da estreita faixa do
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vale do rio ao sul) e reino do baixo Egito (basicamente a área do delta ao


norte).

PENÍNSULA ARÁBICA

É um planalto enorme. A terra


é, em grande parte, desértica,
dunas de areia e campos de
lava cercados por orlas
marítimas relativamente férteis.
A península é dividida em três
regiões: 1) o nordeste
chamado Arábia de Petra; 2) o
deserto da Arábia ao norte e na região central; e 3) a faixa litorânea sul
chamada
Arábia afortunada.

A PALESTINA

Recebeu este nome por causa dos filisteus que


se instalaram ao longo da costa do
Mediterrâneo por volta de 1300 a 1200 A.C.
Antes das migrações filisteias, a região
chamava Canaã. Esse termo significava “terra
da púrpura” e, provavelmente, originou-se da
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tintura produzida por moluscos muricídeos encontrados em abundancia ao


longo da costa.

AULA 02 – A HISTÓRIA DE ISRAEL


Introdução

O Antigo Testamento apresenta o pano de fundo histórico com base no


qual somos capazes de compreender o Novo. Isso se torna aparente
diante do fato de o Novo Testamento conter mais de 600 referências ou
alusões ao Antigo.

Para entender a identidade de Jesus e forma que ele viveu em seu


ministério precisamos antes compreender todo o contexto histórico do povo
de Israel. Por isso nas próximas aulas estudaremos o plano de redenção
de Deus através da História.

Na aula de hoje faremos um breve panorama da história do Povo de Deus


desde a Criação até um pouco antes do povo entrar na terra prometida.
Nosso objetivo é que você possa entender um pouco mais de todo o
contexto histórico do povo de Deus e ter mais clareza para interpretar a
bíblia.

A ERA DOS PRIMÓRDIOS – O COMEÇO DE TUDO

Gênesis 1 – 11
Espaço de Tempo: da criação do mundo até aprox. 2000 a.C.

Genesis é o livro do princípio e contém a base de boa parte da teologia do


AT. É o primeiro livro do pentateuco, também conhecido por torá. É
essencial compreender o conteúdo e a mensagem deste livro para estudar
o restante da bíblia. Ele não é um livro de ciências, embora os cientistas
estejam corretos em investigar suas afirmações. Não é uma obra de
biografias, apesar de aprendermos muito com a vida dos homens e
mulheres descritos em suas páginas. Não é um compêndio de história,
embora siga o caminho da história. É um livro de teologia, apesar de não
ser organizado sistematicamente.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

O texto de Gênesis 1-11 é a introdução da Bíblia como um todo. Apesar de


sucinta, essa seção cobre um período muito maior do que o restante do
Antigo Testamento – de Abraão a Malaquias. Ao longo das escrituras,
encontramos inúmeras referências que ampliam e expõe significado dessa
primeira parte. Esses capítulos são fundamentais para compreendermos
corretamente toda a revelação divina transmitida na forma escrita.
O principal objetivo do livro de gênesis é contar a maneira e o motivo de
Deus escolher a família de Abraão e fazer aliança com ela.

O período inicial da criação pode ser resumido da seguinte maneira:

 O relato da criação - Gn 1.1-2.2 o Não podemos datar ao certo


quando aconteceu a criação, o livro de gênesis não tem o objetivo de
fazer ciência, mas sim mostrar que existe um Deus e que Ele criou
todas as coisas. O relato da origem do universo é simples, porém
profundo. Ele ressalta em particular a atividade criadora de Deus
manifestada na Terra. Declara a existência de Deus, que criou o
universo e a vida que nele existe. Afirma claramente que o Senhor
formou todas as coisas e que sua criação é Boa.  A queda e suas
consequências - Gn 3.1-6.10 o Um dos temas centrais de Gênesis é
a introdução ao pecado no mundo e seu impacto sobre a história
humana. O texto deixa claro que o “pecado original”, aquele que todos
nós nascemos é o desejo de ser dono de si mesmo, o desejo de ser
como Deus.  O Dilúvio - Gn 6.11-8.19  A Torre de Babel - 11.1-9
o Os descendentes de Noé permaneceram por um período muito longo
em uma única região. Contrariando a ordem divina de se espalharem
sobre a terra, resolveram construir a torre de Babel na planície de
Sinear. Mas, Deus interveio e pôs fim àquele empreendimento, ao
confundir as línguas. Consequentemente, a raça humana se espalhou
pela terra, e deu, assim, cumprimento à intenção que Deus tinha,
originalmente, para a humanidade. No capítulo 10 vemos os
desentendes de Noé se distribuindo geograficamente.

OS PATRIARCAS
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Durante a primeira parte do segundo milênio a.C., os patriarcas viveram


em meio às culturas do Oriente Próximo. Abraão emigrou do vale dos rios
Tigre e Eufrates para a Palestina, e Jacó e seus filhos estabeleceram-se
no Egito no final da era patriarcal. A área entre o Nilo e os rios Tigre e
Eufrates é conhecida como Crescente Fértil.

Àquela época, as grandes pirâmides já haviam sido


construídas no Egito. Na Mesopotâmia, havia vários
códigos que regulavam o comércio e as relações
sociais. Mercadores em caravanas de camelos e
jumentos cruzavam com frequência a Palestina,
para negociar nos dois maiores centros culturais do
mundo antigo.

O período patriarcal está relatado em Gênesis 12-50.


Podemos resumi-lo da seguinte maneira:

É importante notarmos que Abraão não é apresentado como homem justo,


nem é considerado diferente do mundo. Outra passagem deixa claro que a
família de Abraão não adorava Javé. Então o Senhor realmente apareceu a
Abraão “do nada”.

è Abraão Gn 12.1 a 12.18 Aprox. 2000 a.C.


o Abraão é um dos mais importantes e bem conhecidos
personagens da história. Tanto no judaísmo quanto no
cristianismo, ele é considerado um patriarca. No cristianismo,
ele é lembrado como um homem de grande fé e pai dos fiéis.
Abraão nasceu em uma família de idolatras, em meio a um
povo pagão. Seu pai pode ter participado da adoração da
Lua, na cidade de Ur, e, mais tarde, em Harã. Em resposta
ao chamado de Deus, Abraão partiu de Harã e viajou pela
palestina, uma terra cerca de 600 quilômetros distante dali.
Já velho recebeu a promessa de um Filho e que seria pai de
muitas nações. Abraão era um homem Rico, vivia em uma
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cultura seminômade, onde a terra e o estabelecimento local


não tinham tanto valor. Além de Isaque, Abraão teve outros
filhos. O mais conhecido foi Ismael, pai dos árabes, e Midiã,
pai dos Midianitas.
De acordo com a bíblia os dois filhos foram abençoados.

è Isaque Gn 25  Jacó  José Gn 37 – 50 o José era o filho


predileto de Jacó, por causa disso seus irmãos passaram a odiá-lo e o
venderam para mercadores ismaelitas que o levaram cativo para o
Egito. Ali se tornou um escravo e sempre honrou a Deus em todo o
tempo e não cedeu as investidas da mulher de Potifar. Quando foi
chamado para interpretar os sonhos de Faraó Deus o honrou e fez
com que se tornasse o governador de todo o Egito, estando de baixo
apenas do Faraó. Com a fome os irmãos de José se viram obrigados
a buscar comida no Egito onde se reencontraram com seu irmão. José
os perdoou e chamou toda sua família para morar naquela terra onde
futuramente seriam escravizados. A ida dos israelitas ao Egito se
deu em torno de 1800 a.C.

A NAÇÃO SANTA

A história sagrada toma uma nova dimensão a partir do livro de Êxodo.


Séculos se passaram em silêncio desde a morte de José. Nesse ínterim,
os descendentes dos patriarcas tornaram-se extremamente numerosos.
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Um novo faraó subiu ao trono e viu nesse crescimento populacional uma


ameaça para os egípcios. Passou, então, a escravizar e oprimir os
israelitas. Sob a liderança de Moisés, esse povo foi resgatado do cativeiro,
transformou-se numa nação independente e se preparou para conquistar e
ocupara terra de Canaã.

Vamos analisar a extensão desses acontecimentos e o período por eles


abrangido, usando o seguinte resumo:

 A Permanência no Egito – 400 anos (1800 a 1400


a.C.) o Moisés o A páscoa
o Libertação

As pragas do Egito

Nilo transformado Êx 7.14-25 Knum: Guardião do Nilo; Hapi: espírito do Nilo; Osíris: o
em Sangue Nilo era seu sangue
Rãs Êx 8.1-15 Hect: com forma de rã; deus da ressureição.
Piolhos Êx 8.16-19
Moscas Êx 8.20-32
Morte dos Hathor: deusa-mão; com forma de vaca; Apis: touro do
rebanhos Êx 9.1-7 deus Prtá; símbolo de fertilidade; Mnevis: touro sagrado
de Heliópolis
Feridas Êx 9.8-12 Imopete: deus da medicina
Purulentas

Granizo Êx9.13-35 Nut: deusa do céu; Ísis: deusa da vida; Set: protetor da
colheita

Gafanhotos Êx 10.1-20 Ísis: deusa da vida; Set: protetor da colheita


Trevas Êx 10.21-29 Rá, Aten, Atum, Hórus: todos deuses do sol
Morte dos Êx 11-1 – A divindade de faraó: Osíris, doador da vida
primogênitos 12.26
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Curso Básico de Teologia 0
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

 Do Egito ao Sinai Gn 3-18


o A primeira
aliança o A lei
§ As leis morais
§ As leis Civis
§ As leis cerimoniais o O tabernáculo

 A Terra Prometida (Josué e Calebe) o O povo de Israel demorou


um pouco mais de um ano até chegarem à terra prometida, mas o povo
não confiou em Deus e tiveram medo de possuir a terra. Apenas Josué
e Calebe acreditaram na promessa de que Deus os daria a terra.  A
Peregrinação no Deserto o Por causa da desobediência, o povo de
Israel foi condenado a peregrinar pelo deserto por cerca de 40 anos,
até que toda a geração de Josué e Calebe morressem e permanecesse
apenas a nova geração. Apenas Josué e Calebe foram poupados. Nem
1
Curso Básico de Teologia 9
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

mesmo Moisés pôde entrar na terra prometida por ter


desobedecido a Deus.  Deuteronômio – A releitura da Lei o Com
uma nova geração por conquistar a terra prometida a leitura da Lei é
feita novamente e a Aliança com Deus reestabelecida.

A ESTRUTURA NARRATIVA DO PENTATEUCO

Gênesis 1 – 11 : Prólogo primevo

Gênesis 12 – 50: Registros dos patriarcas e das matriarcas

Êxodo 1.1 – 12.30: Israel no Egito

Êxodo 12.31 – 18.27: Êxodo Israelita, viagem ao monte Sinai.

Êxodo 19.1 – Números 10.10: Israel acampado no Sinai

Números 10.11 – 12.16: Jornada no deserto do Sinai até Cades-Barnéia

Números 13.1 – 19.22: Israel acampado em Cades-Barnéia

Números 20.1 – 21.35: Peregrinação desde Zim ao monte Hor (Moabe)

Números 22 – Deuterônomio 34: Israel acampado em Moabe.

Este é um pequeno resumo da história do Povo de Israel nos 5 primeiros


livros da bíblia. Vemos um Deus todo poderoso se revelando e formando o
seu povo, estabelecendo relacionamento com eles e preparando o
caminho para a vinda do messias. É maravilhoso vermos a onipotência de
Deus em libertar seu povo milagrosamente, estabelecer uma aliança com
ele e permanecer cuidando, sustentando e conduzindo o povo para uma
vida Santa.
A POSSE DA TERRA PROMETIDA

Do acampamento a nordeste do mar Vermelho, os israelitas puderam


avistar a terra de Canaã, do outro lado do Rio Jordão. Josué foi escolhido
para liderar o povo após a morte de Moisés.

A terra estava sob controle de povos que viviam em cidades-estado. Uma


cidade com muralhas, situada no topo de um monte, poderia resistir a um
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Curso Básico de Teologia 0
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

exército invasor por um período praticamente indefinido.


Consequentemente para Israel a conquista da terra era algo perigoso e
praticamente impossível.

Os cananeus eram politeístas. El, o deus chefe, era chamado “touro-pai” e


criador. O nome de sua esposa era Aserá. O principal dentre seus filhos
era Baal, que significa “senhor”. Este era considerado o rei de todos os
deuses.

Arqueólogos encontraram evidências de que os povos de Canaã, no tempo


de Josué, praticavam sacrifício de crianças, prostituição cultural e
adoração de serpentes em seus ritos e cerimônias religiosas.

Josué chegou a liderança do povo após ter adquirido bastante experiência


e preparo sendo discipulado por Moisés. Desde o começo da jornada do
povo Josué acreditou que Deus os daria a terra, até mesmo quando os 12
espias voltaram de Canaã, apenas Josué e Calebe creram que Deu
poderia dar a terra ao povo.

Podemos resumir a conquista da terra prometida nesta sequência:

è A morte de Moisés.
o Moisés viu, mas não pode entrar na terra
prometida.
è Josué assume a liderança - Js 1  Dois espias enviados a Jericó - Js 2
 A passagem do Rio Jordão - Js 3  As campanhas de Conquista o
A destruição de Jericó - Js 6 o Deus ajuda o povo de Israel a destruir
Jericó de forma milagrosa, mas o povo não pode ficar com os despojos
e nem habitar no local.
o A Campanha a cidade de Ai - Js 7-8 o O Pecado
de Acã e suas consequências para todo o Povo o A
campanha no Sul – Aliança com os amorreus Js 9
o A Campanha no Norte – a aliança dos cananeus
Js 11.1-15
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

è A divisão da terra para as 12 tribos – Js 13-19


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Curso Básico de Teologia 0
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Durante todas as campanhas de conquista a Canaã os Israelitas


derrotaram trinta e um reis. Embora não destruíram todos os habitantes da
terra, Josué foi capaz de distribuir as terras entre as tribos.

Foram designadas seis cidades refúgio (três de cada lado do rio


Jordão). Os levitas receberam quarenta e oito cidades e se
espalharam por toda a terra para realizar suas tarefas. Siló se tornou
o centro religioso onde o tabernáculo foi montado.
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Curso Básico de Teologia 9
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

O PERÍODO DOS JUIZES

Após a posse da terra de Canaã e a divisão das terras, os israelitas


viveram de dois a três séculos sem um rei, apenas com a liderança de
cada tribo e com juízes que Deus levantava de tempos em tempos para
libertar o seu povo.

Durante este tempo, Israel viveu em um ciclo de avivamento, apostasia,


arrependimento e perdão. Passaram por muitas dificuldades com os outros
povos que também tentavam ganhar seu espaço em Canaã. Durante estas
dificuldades os Juízes exerceram um papel importante para que Deus
livrasse o povo.

Libertação Liberdade

Arrependi mento Apostasia

Opressão

A Lista que se segue apresenta seus nomes e as regiões em que atuaram de


acordo com o Livro de Juízes:
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

è Otniel – Mesopotâmia – Jz 3.7-11 


Eúde – Moabe – Jz 3.12-30  Sangar –
Filístia – 3.31  Débora e Baraque –
Canaã – Jz 4.1 a 5.31  Gideão – Midiã –
Jz 6.1 a 8.35
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Curso Básico de Teologia
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

o Podemos destacar Gideão como o homem que é aquilo quem


Deus diz que ele é!
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

è Abimeleque, Tola e Jair – Midiã – Jz 9.1


a 10.5  Jefté – Amom – Jz 10.6 a 12.7 o
Filho de prostituta e rejeitado por muitos.
è Ibsã, Elom e Abdom – Amom – Jz 12.8-
15  Sansão – Filístia – Jz 13.1 a 16.31 
Samuel, o ultimo Juiz

A vida de alguns Juizes merece um estudo mais detalhado. Baraque, Gideão,


Jefté, Sansão e Samuel estão listados entre os heróis da fé do capítulo 11 de
Hebreus. Feitos individuais e batalhas que manifestavam poder sobrenatural
devolviam aos israelitas a consciência de que Deus continuava intervindo em
favor de seu povo.

É durante o período dos juízes que encontramos a história de


Rute, não podemos datar ao certo quando ela teria acontecido,
temos apenas a referência “No tempo em que Israel era
governado por Juízes” (Rt 1.1).

A história comovente de Rute apresenta ao leitor do AT uma das


heroínas silenciosas da fé. Como registro de incidente ocorrido
no período dos juízes, oferece grande contraste com a imagem
negativa da fé israelita da época. Em vez de israelitas
abandonando a lealdade e a adoração a Javé à procura de outros
deuses, a história descreve Rute agindo com base na lealdade,
seguindo a Javé e condenando outros Deuses.

O PERÍODO DE TRANSIÇÃO

A religião em Israel alcançou seu nível mais baixo durante o período em que Eli
era o sumo sacerdote, ele fracassou em ensinar até seus próprios filhos a
guardarem a Lei de Deus. Os filisteus se tornavam cada vez mais fortes e
superiores, eram os únicos na palestina que aprenderam a arte de controlar o
Ferro. Os Israelitas dependiam deles para conseguir suas ferramentas e afiá-
las.
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Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Neste Tempo, Samuel foi levado ainda criança para viver uma vida dedicada a
Deus. Para o bem de Israel, Samuel reagiu contra as atitudes ímpias dos filhos
de Eli e tornou-se consciente do chamado de Deus desde a juventude.

Podemos resumir o período de Transição da seguinte maneira:

 O nascimento de Samuel – 1Sm 1.1 a 2.11  O chamado de Samuel –


1Sm 3  O Julgamento de Eli – 1Sm 4  O povo pede um Rei – 1Sm 8 o
Relutante, Samuel deu ouvidos ao povo e, finalmente, consentiu que fosse
escolhido um rei para Israel. Ele implorou que o povo não impusesse sobre
si uma instituição cananéia estranha ao seu modo de vida. Sensível à
liderança divina, Samuel concordou e delegou os deveres de chefe de
estado a um novo líder. (1Sm 9.16;
10.1)

A MONARQUIA UNIDA – POR VOLTA DO ANO 1000 A.C


O Reinado de Saul

Saul foi o primeiro escolhido por Deus para


ser o primeiro rei de Israel, depois que o povo
exigiu um líder como os das nações vizinhas.

è Saul é ungido rei por Samuel – 1Sm 10


 Saul erra por não esperar por
Samuel –
1Sm 13.1-15  Saul desobedece a
Deus – 1Sm 15.1-35  Davi é ungido para
ser o novo rei – 1Sm
16
è A ascensão de Davi e
seu reconhecimento Nacional – 1Sm 16-17
è A fuga de Davi e suas consequências – 1Sm 21-22  A morte de Saul
– 1Sm 23-26

O reinado de Davi
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Curso Básico de Teologia 8
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Davi foi o rei mais notável em toda a


história de Israel. Seu reinado representa o
emblema das realizações da nação de
Israel e é reconhecido dessa maneira ao
longo das escrituras sagradas.

 Davi é aclamado rei - 2Sm 2 e 1Cr 11


 A conquista de Jerusalém – 1Sm 5 e
1Cr 11  O pecado de Davi – 2Sm
11  A rebelião de Absalão - 2Sm
13.37 a
18.33

O Reinado de Salomão – 40 anos

Paz e prosperidade, essas são as duas palavras que descrevem o período do


reinado de Salomão em Israel. Salomão desfrutou benefícios alcançados pelos
esforços militares de seu pai para unificar a nação, expandir as fronteiras de
Israel e obter reconhecimento internacional.
Alguns pontos a serem destacados da vida de Salomão:

 Oração pedindo sabedoria – 1Rs 3.1-15 e 2Cr 1.1-13 


A Construção do Templo – 1Rs 5.1 a 7.51 e 2Cr 2.1 a 5.1 
A apostasia de Salomão – 1Rs 11

O REINO DIVIDIDO – 931 A.C

Após a morte de Salomão, ocorreram rebeliões que resultaram na divisão do


império Davídico. Ao Norte, dez tribos se rebelaram contra a dinastia de Davi,
que reinava em Jerusalém, e estabeleceram um reino sob a liderança de
Jeroboão. Roboão, filho de Salomão, reinou apenas sobre as tribos de Judá e
Benjamim, e Jerusalém continuou a ser a capital dessas duas tribos. No Norte
as famílias reais mudaram várias vezes, assim como suas capitais.
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Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

O Reino do Norte

O reino do Norte durou aproximadamente dois séculos (931 a 722 a.C.)

 Dinastia de Jeroboão - 931-909 a.C. 1Reis 12-15


 Dinastia de Baasa – 909-885 a.C. 1Reis 15-16
 Dinastia de Onri – 885-841 a.C 1Reis16-22; 2Reis 1-9
 Dinastia de Jeú – 841-752 a.C. 2Reis 10-15
 Últimos reis de Israel – 752-722 a.C 2Reis 15-17

Ao todo 19 Reis reinaram em Israel e nenhum deles foi fiel a Deus. Com a
ascensão do império Assírio, Israel foi destruída e espalhada pela terra em 722
a.C. deixando de existir.

O Império da Assíria
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Curso Básico de Teologia 8
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

RELATOS EXTRA-BÍBLICOS DO CERCO DE JERUSALÉM

Quanto a Ezequias, o judeu, ele não


se submeteu ao meu jugo, eu sitiei 46
de suas cidades fortes, fortificações
muradas e inúmeras aldeias
pequenas na sua vizinhança, e
conquistei(-as) por meio de bem
batidas rampas (de terra) e aríetes
trazidos (assim) para perto (das
muralhas) (junto com) o ataque de
soldados de infantaria, (empregando)
minas, brechas, bem como o
trabalho de sapadores. Eu desalojei (delas) 200.150 pessoas, jovens e idosos, homens e
mulheres, ca valos, mulos, jumentos, camelos, gado grande e miúdo sem conta, e considerei(-
os como) presa. A ele mesmo [Ezequias] fiz prisioneiro em Jerusalém, sua residência real,
como a um pássaro numa gaiola As suas cidades, que eu saqueei, tirei de seu país e dei-
as a Mitinti, rei de Asdode, a Padi, rei de Ecrom, e a Sillibel, rei de Gaza. . . . O próprio
Ezequias . . . enviou-me mais tarde, a Nínive, minha cidade senhorial, junto com 30 talentos de
ouro, 800 talentos de prata, pedras preciosas, antimônio, grandes blocos de pedra vermelha,
leitos (incrustados) de marfim, cadeiras-nimedu (incrustadas) de marfim, couros de elefante,
ébano, buxos (e) todas as espécies de tesouros valiosos, suas (próprias) filhas, concubinas,
músicos e músicas. A fim de entregar o tributo e prestar homenagem como escravo, ele enviou
seu mensageiro (pessoal).”
5
Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Josefo, historiador judeu do primeiro século EC, afirma citar o babilônio Beroso
(considerado ser do terceiro século AEC), que registraria o evento do seguinte
modo: “Quando Senaqueirimos retornou a Jerusalém da sua guerra com o Egito,
encontrou ali a força sob Rabsaqué em perigo duma praga, porque Deus infligira
uma doença pestilenta ao seu exército, e na primeira noite do sítio, cento e oitenta
e cinco mil homens haviam perecido junto com seus comandantes e oficiais.”
(Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], X, 21 [i, 5]) Alguns comentadores
tentam explicar o desastre por citarem um relato escrito por Heródoto (II, 141;
Clássicos Jackson, Vol. XXIII, pp. 181, 182) no quinto século AEC, no qual ele afirma
que uma “espantosa multidão de ratos do campo espalhou-se pelo acampamento
[assírio] inimigo, pondo-se a roer os arneses, os arcos e as correias que serviam
para manejar os escudos”, impedindo-os assim de realizar uma invasão no Egito.
Este relato obviamente não coincide com o registro bíblico, nem se harmoniza a
descrição que Heródoto faz da campanha assíria com as inscrições assírias. Não
obstante, os relatos de Beroso e de Heródoto refletem deveras o fato de que as
forças de Senaqueribe sofreram uma repentina e calamitosa dificuldade nesta
campanha.
O Reino do Sul

Após a morte de Salomão, apenas duas tribos permaneceram leais à dinastia


davídica. Os descendentes de Davi, com a exceção de uma vez, mantiveram
uma liderança contínua na cidade-capital estabelecida por Davi.

Judá, também conhecida como reino do Sul, teve vinte reis e durou
aproximadamente três séculos e meio (931-586 a.C.)

Durante este longo período de Judá, podemos enfocar seis reis que exerceram
liderança notável:

è Josafá – 850 a.C.  Uzias – 750 a.C. 


Acaz – 735 a.C  Ezequias 700 a.C. 
Josias 630 a.C.
è Zedequias 597 a.C.

Em 587 a.C a Babilônia invade Jerusalém, destrói o templo e leva parte do


povo (ricos e mais instruídos) como escravos. Alguns se exilaram no Egito e os
mais pobres permaneceram nas terras de Judá.

Os israelitas permaneceram na Babilônia por 70 anos, até que o império persa


assumisse o poder.

Império Babilônico
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Curso Básico de Teologia 8
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

O PÓS-EXÍLIO

Agora sob o domínio persa, após 70 anos de cativeiro os israelitas começam a


retornar para Jerusalém. Podemos dividir os relados bíblicos em alguns
períodos:

è A Restauração de Jerusalém – Aprox. 539-515 a.C  A


Rainha Ester – Aprox. 483 a.C  Esdras, o reformador – 457
a.C  Neemias, o governador – 444 a.C.
è O Silêncio de Deus.

POR QUE CONHECER A HISTÓRIA DE ISRAEL?

Quando Adão e Eva foram expulsos do paraíso Deus prometeu que a redenção
da humanidade viria através de um descendente de Eva. Durante a história,
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Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Deus preparou o caminho para que Jesus pudesse vir a terra e nós
pudéssemos conhece-lo em sua plenitude. A cronologia do povo de Israel nos
mostra como deus interferiu de forma sobrenatural na história para que o
messias pudesse vir em forma humana.

Entender a história de Israel é também entender a nossa própria história,


compreender como fomos redimidos. Afinal, jesus veio nos salvar de que?
Somente quando olhamos para trás, para toda história do povo de Israel é que
podemos compreender o plano de salvação de Deus.

AULA 03 – OS LIVROS POÉTICOS


Nas últimas cinco aulas fizemos um panorama por todos os livros do
pentateuco e os livros históricos do AT. Vimos como Deus conduziu seu povo
durante a história. Na aula de hoje, veremos a importância dos livros poéticos
para os Israelitas e também sua preciosidade para nossos dias. Nos livros
históricos pudemos ver os atos milagrosos de Deus para com seu povo, agora
nos livros pépticos poderemos ver o que o povo de Deus se expressou através
da escrita.

O que são os livros poéticos?

Quando usamos a expressão Livros Poéticos estamos nos referindo aos livros
de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Israel herdou
uma tradição literária longa e bem desenvolvida no Antigo Oriente Médio. A poesia
compreende cerca de um terço do AT hebraico.

Salmos, Provérbios, Cântico dos Cânticos e Lamentações são completamente


poéticos quanto à sua forma. A maior parte de Jó e trechos de Eclesiastes são
poéticos. Trechos de poesias são encontrados em outros livros do AT, apenas
Levítico, Rute, Neemias, Ester, Ageu e Malaquias apresentam nenhum ou
pouco conteúdo poético.

O LIVRO DE JÓ
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Curso Básico de Teologia 8
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

• Não é verdade que apenas ímpios sofrem

• A sabedoria de Deus é a chave para


reconhecer sua justiça

• A justiça de Deus não pode ser reduzida a uma


simples fórmula, como a do princípio da
retribuição

O livro de Jó nos leva a considerar uma das principais perguntas filosóficas da


existência humana. Buscamos explicação para o sofrimento e Jó nos oferece
uma perspectiva bíblica.

Composição do Livro:
è O diálogo apresentado não se trata de uma citação literal das palavras
como realmente aconteceram, o gênero literário deve ser respeitado,
mas isso não significa que a história não tenha acontecido.
è É possível que a composição tenha sido séculos após suas
experiências.  Jó não demonstra indícios de ser israelita.
è Literaturas de sabedoria do antigo oriente também abordam as mesmas
questões.

Propósito e mensagem: Explorar a justiça do tratamento que Deus dá aos


justos.

Temas principais:

è O princípio da retribuição  Sabedoria, Justiça e soberania de Deus


è Mediador

Aplicações práticas para o Livro de Jó

è Às vezes, Deus Permite que sejamos provados para que demonstremos


nossa dedicação a ele e a nossa submissão a sua vontade para nossa
vida.
è É errado concluir que todas as doenças e problemas são consequência
do pecado. Às vezes, inocentes sofrem e ímpios não são julgados de
imediato.
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Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

è Como os seres humanos não conseguem ver tudo o que acontece no


universo e têm uma compreensão muito limitada dos planos de Deus,
não devemos questionar sua justiça.
è Não é possível consolar quem está sofrendo com acusações imaturas.
Só a demonstração de compaixão e a oração com súplica diante de
Deus vão favorecer essa pessoa.

O LIVRO DE SALMOS

O livro de Salmos é muito parecido com os hinários usados hoje em dia, no


sentido de que é uma coletânea de cânticos e orações escritos por várias
pessoas, no decorrer de um longo período. Descreve a resposta em forma de
louvor dos adoradores ao se darem conta do poder e do amor de Deus;
expressa a esperança do homem, firmado nas promessas divinas; e relata o
seu clamor a Deus, para que o Senhor os resgate e os livre das tribulações
cotidianas.

Os Salmos foram escritos por vários autores no decorrer da história de Israel,


pessoas inspiradas por Deus como: Moisés, Davi, Asafe, Salomão e Esdras.

O livro de Salmos é um dos mais


PRINCIPIOS PRÁTICOS DE SALMOS
estimados e usados do AT e, ao
• Reconhecimento do Reino e da soberania deDeus.
mesmo tempo, um dos mais • Importância do louvor em todas as suasvariações

problemáticos do canôn. Questões • Conduta e destino dos justos e dosímpios

relativas à autoria, composição, • Papel da natureza deDeus

teologia, interpretação, aplicação e • Consolo e defesa de Deus em tempos decrise

função contribuem para


complexidade do livro.

Autoria e Data: Salmos é composto de poesias individuais escritas durante o


período de mil anos por várias pessoas. Elas foram reunidas em momentos
diferentes formando pequenas coleções, que por sua vez foram organizadas
gradualmente em uma obra maior com propósitos teológicos definidos em
mente.

Podemos classificar os salmos em 3 categorias:


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Curso Básico de Teologia 8
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

 Louvor 
Lamento 
Sabedoria
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
Aplicação Prática e Ministração

è Em período de dificuldades, os crentes podem levar seus fardos a Deus,


pois ele sempre ouve as orações dos que se aproximam dele e os
consola.
è Uma oração não deve apenas enfocar nosso problema ou nossa
necessidade. Deve, também, exaltar a capacidade de Deus responder
às orações. Deve, ainda, renovar nosso compromisso de confiar nele e
confirmar o nosso desejo de glorifica-lo por sua graça e bondade.
è A casa de Deus é um lugar de louvor e de ação de graças. A alegria do
Senhor deve encher o coração e os lábios daqueles a quem Deus
abençoa.
è Devemos louvar a Deus porque ele nos criou, porque somos seu povo e
porque ele supre nossas necessidades.

O LIVRO DOS PROVÉRBIOS

O livro de provérbios representa o legado literário dos sábios hebreus. Os


“sábios” ou “conselheiros” eram ligados à corte real, como se deduz de
Provérbios e Eclesiastes. Eram compiladores da literatura de sabedoria.

O Livro tem como objetivo transmitir sabedoria, conhecimento e compreensão


aos leitores, estimulá-los a desenvolver um comportamento sábio e agir com
justiça, honestidade, prudência e discrição. Quem desejar que essas
características sejam nele reconhecidas deve estudar esse livro com
frequência.

Composição

Apesar de Salomão ter sido um grande sábio e composto muitos os provérbios,


outros autores também compõem o livro, datando a literatura entre os séculos
X e VI, sendo o último mais provável para a composição final do livro.

Conceitos básicos:

è O temor do Senhor é o princípio da sabedoria  Os provérbios ilustram


princípios gerais, não promessas  O caminho da sabedoria conduz à
vida
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Curso Básico de Teologia 8
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
è A sabedoria leva à compreensão do princípio da retribuição

Propósito e mensagem:

è Compreender a sabedoria e instrução  Receber o ensinamento sobre


a sensatez, integridade, justiça e equidade.
è Ajudar o simples a desenvolver prudência e o jovem a obter
conhecimento e discrição.
è Ampliar o aprendizado e adquirir habilidade no entendimento. 
Entender provérbios, parábolas, adágios e enigmas.
è Aprender o temor do Senhor.

Temas principais:

è O temor do Senhor  O princípio da retribuição  A Fala


è Sexualidade Humana

Aplicação prática de provérbios

è Temer a Deus é o primeiro passo para adquirir sabedoria  Deus criou


este mundo e o controla de acordo com seus princípios sábios.
è Os tolos rejeitam a Deus e seus caminhos, mas o sábio confia nele e
desfrutará suas bênçãos.
è Deus estabeleceu diretrizes para orientar o relacionamento interpessoal
dos justos. O sábio as aprenderá e praticará.

O LIVRO DE ECLESIASTES

Conceitos Básicos:

è Não se deve esperar que a vida satisfaça  As fases da vida devem


ser aceitas  Frustrações na vida são inevitáveis  Desfrutar a vida só
é possível por meio da cosmovisão centrada em Deus.
Composição:
Provém de um indivíduo identificado como Quheleth.

Como vários livros poéticos, Eclesiastes contém, gêneros literários diversos.


Ele usa alegorias, adágios, metáforas, provérbios, entre outros.

Propósito e mensagem:
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Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

è O propósito de Qoheleth era o de argumentar que não há nada “sob o


sol” capaz de dar sentido à vida.

Temas principais:

è O princípio da retribuição  Experiência versus revelação


è Epicurismo versus devoção

Aplicação prática de Eclesiastes

è Aqueles que estão sempre se esforçando para conseguir mais


sabedoria, prazeres ou riquezas encontrarão futilidade em vez da
verdadeira satisfação.
è Embora não consigamos compreender plenamente os planos de Deus,
ele está no controle de todos os aspectos de nossa vida.
è Devemos desfrutar a comida, a família e o trabalho que Deus nos
concede, pois são bênçãos divinas.
è Acima de tudo, devemos temer a Deus, obedecer a seus mandamentos,
ser sábios e viver de maneira prudente neste mundo mau.

O LIVRO DE CÂNTICO DOS CÂNTICOS

Não há livro no Antigo Testamento que se assemelhe ao Cântico dos Cânticos.


Ele não traz sermões como os textos proféticos, mas apresenta uma série de
diálogos entre um homem e uma mulher. É um livro sobre o amor e a
sexualidade sadia que Deus preparou para o homem e a mulher no casamento.

Conceitos básicos  A excelência do homem e da mulher criados à


imagem de Deus  A santidade da expressão sexual humana no
contexto do casamento
è A dignidade do amor humano
è A virtude da castidade antes do casamento e da fidelidade após o
casamento.
Composição
Não podemos definir ao certo a autoria, a data mais provável teria sido pré-
exílica.
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Curso Básico de Teologia 8
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
Temas principais  Virtude da castidade dos jovens apaixonados 
As dimensões positivas do amor  Bondade e integridade do
amor físico nos limites do casamento.
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Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

AULA 04 – OS PROFETAS – PARTE I


Introdução

O que lhe vem à mente quando você pensa nos profetas? Você pensa em
fanáticos vestidos com roupas estranhas? Você pode vê-los usando uma bola
de cristal para prever o futuro? Você vê os profetas como um grupo de
indivíduos um tanto bizarros que serviam a Deus de maneiras que não
compreendemos muito bem?

Nenhuma dessas imagens se encaixa com as evidências bíblicas. A Bíblia


afirma que Deus preparou os seus profetas para ministérios específicos. Eles
levaram a palavra divina para um povo que precisava desesperadamente ouvi-
la. As vozes dos profetas soavam com autoridade que ainda ecoa nos dias de
hoje se estivermos dispostos a ouvir.

Profeta no AT é alguém que fala no lugar de Deus. O ministério dos profetas na


bíblia tendia a aumentar em tempos de crise. Em geral era alguém que recebia
uma mensagem divina e deveria transmitir ao público.

Em nosso Antigo testamento temos 17 livros proféticos, sendo cinco profetas


maiores e 12 profetas menores. A única diferença entre os maiores e menores
está relacionada ao tamanho dos livros que escreveram; os profetas maiores
são assim chamados porque escreveram mais.

A MENSAGEM DOS PROFETAS

O fator determinante para a identificação de um profeta não era a sua função


ou seus antepassados, nem o fato de ter escrito um livro. O ponto principal era
saber se Deus o enchera com seu Espírito, e se o Senhor falava por seu
intermédio.

Ao longo dos anos os profetas abordaram diversos tópicos de acordo com a


necessidade de seu povo. A situação política, social e religiosa variava de uma
época para outra. Portanto, as novas mensagens transmitidas eram sempre
adequadas às necessidades de cada grupo que as receberia. Amós enfatizou a
injustiça social em Israel, enquanto Oséias enfocou primeiramente a ira de
Deus pelo fato de Israel estar adorando Baal. Cada profeta era singular, mas
todos tinham uma mensagem vinda de Deus para transmitir a um público
específico.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

A mensagem dos profetas pode ser mais bem compreendida pela análise dos
tipos de oráculos usados. Havia quatro tipos principais:

è Oráculos de acusação (descrição da ofensa)  Oráculos de


julgamento (futuro castigo pela ofensa)  Oráculos de
instrução (como receptores deviam agir)
è Oráculos de consequências ou esperança (acontecimentos
após o julgamento ou esperança de livramento.

As mensagens dos profetas pré-exílicos destacam a idolatria, o ritualismo, e a


injustiça social. Já os pós-exílicos geralmente sinalizavam a falha do povo em
não dar a honra devida ao Senhor.

Para entender bem as mensagens proféticas precisamos estudar o contexto


histórico e gramatical de cada profeta, para que, com a luz do Espírito
possamos interpretar sua mensagem para os dias de hoje.

PREVISÃO E CUMPRIMENTO

“Previsão e “cumprimento” são os dois termos mais associados à literatura


profética, mas ambos podem levar a uma interpretação equivocada da
natureza profética.

Previsão: Os próprios profetas não previam nada, apenas transmitiam a


Palavra do Senhor. Em vez de considerar a profecia como uma previsão,
julgamos mais útil considerá-la uma “ementa divina”.

Cumprimento: Também pode ser um termo enganoso. Tendemos a desprezar


a mensagem do profeta na esperança de encontrar cumprimentos através de
especulações que nos afastam do texto.

OS PRIMEIROS PROFETAS DE ISRAEL

JONAS

Profetizou entre o reinado de Jeroboão II (793 – 753 a.C.)

è Composição: Há controvérsias sobre a datação do livro, pois não existe


confirmação do autor.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

è Contexto: Situados da primeira metade do século VIII, os fatos desse


livro ocorreram em um período de grande otimismo no Reino do Norte
com o declínio do império Assírio.
è Propósito e mensagem: A mensagem do livro está relacionada ao
direito divino soberano de ter compaixão de quem desejar.
è Temas Principais: Compaixão, Ira e Teodicéia

AMÓS

Profetizou durante o reinado de Jeroboão II (793 – 753 a.C.)

O nome Amós significa “carregador de fardos”, ele era um pastor e produtor de


figos de Tecoa, cerca de 16 km de Jerusalém.

 Deus responsabiliza as nações por sua política social


 A verdadeira adoração gera justiça social  Israel
não escapará do julgamento do dia do Senhor  Deus
restaurará um remanescente de Israel

Propósito e Mensagem

A apostasia religiosa, a decadência moral e social e a corrupção política do


Reino do Norte.

Tema principal:

Uma mensagem pela Justiça Social, o desprezo de Deus por quem adquiriu
riquezas por meio da opressão, na zombaria contra quem adorava a Deus de
maneira sincera em seus lamentos. Todos os povos, judeus e gentios, terão de
prestar contas por seus pecados. Deus odeia a violência e a opressão dos
fracos.

OSÉIAS

Contexto: Profetizou para o reino do Norte durante a era de ouro do reinado de


Jeroboão II (793 – 753 a.C.)
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
Propósito e Mensagem
O relacionamento de Oséias com sua esposa adúltera Gômer, representava a
ligação de Javé com Israel desleal. Misericórdia e juízo também são temas
importantes.

Temas principais: O Casamento de Oséias e o Baalismo

A principal mensagem de Oséias é a respeito da ausência de conhecimento de


Deus, ausência de amor e ausência de verdade. O livro trata de temas como
adultério espiritual, a falta de conhecimento de Deus e o Amor frustrado de
Deus. O pecado não é algo sem importância para Deus; consiste na traição de
um compromisso amoroso, uma relação promíscua com algo que não é Deus.

OS PRIMEIROS PROFETAS DE JUDÁ

ISAÍAS

Isaias começou suas profecias no final do reinado de Uzias (750 a.C.) até o
início do reinado de Manassés na segunda metade do século VIII, Deve-se
lembrar que, messe período, o Império Neo-Assírio assumia seu lugar de
primeira potência mundial da história. Boa parte do seu ministério coincidiu com
o de Miquéias. Proferiu profecias de juízo e salvação a respeito de Judá, bem
como de muitas nações estrangeiras. Também é conhecido por suas profecias
messiânicas. O principal destaque de sua mensagem é na integridade de Javé,
o Deus da aliança.

O Livro possui diversas mensagens:

è A exaltação de Deus quebra o orgulho


humano  O príncipe da Paz porá fim às
guerras de Judá  O plano soberano de Deus
para as nações.
è Confiar em Deus ou no poderio Militar 
O Deus incomparável trará libertação

A unidade de Isaías é tema de grande controvérsia. Pelo fato de o profeta ter


vivido no século VIII, alguns estudiosos têm dificuldade em aceitar que ele
tenha identificado Ciro, o persa, nominalmente.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15
Atualmente temos 3 posições:
è Unidade Autoral  Dois Isaías (cap. 40)
è Três Isaías (cap. 40 e Cap. 47)

MIQUÉIAS

Começou a profetizar em Jerusalém por volta de 722 a.C. Contemporâneo de


Isaías, foi um profeta a pequena cidade de Moresete. Profetizou no período dos
reis Jotão, Acaz e Ezequias, na segunda metade do século VIII. Ministrou
durante a crise assíria. O tema principal de sua mensagem: “Mas, quanto a
mim, graças ao poder do Espírito do Senhor, estou cheio de força e de justiça,
para declarar a Jacó a sua transgressão, e a Israel o seu pecado.” (3.8)

Deus virá com grande poder julgar e purificar o seu povo. Removerá os líderes
perversos e injustos de Jerusalém. Miqueias alerta que o povo deve se
arrepender e voltar-se para Deus, pois ele trará julgamento sobre quem não
governa com justiça.

OS ULTIMOS PROFETAS PRÉ-EXILICOS

NAUM

è Contexto: A principal mensagem de Naum é a respeito da ira de Deus


sobre a cidade de Nínive. Mesmo após se arrependeram com a
mensagem de Jonas o povo voltou a pecar e Naum profetiza sua
destruição. Profetizou entre 663 e 612 a.C..
è Propósito e Mensagem: Anunciar a destruição de Ninive.
è Temas: A assíria e o Antigo Oriente

HABACUQUE

è Contexto: Situado entre 626 a 612 a.C. Durante a decadência da


Assíria e o futuro surgimento do império Babilônico.
è Propósito e Mensagem: Com a decadência da Assíria e as grandes
mudanças mundiais o profeta traz a mensagem que a Babilônia seria o
canal de castigo de Deus para Judá. O tema do livro é analisar a
questão
da justiça divina na esfera nacional. Como pode um Deus Justo usar a
nação perversa como a Babilônia como instrumento de castigo?
è Tema principal: A política de Deus vai lidar com as nações.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

SOFONIAS

è Contexto: Membro da corte, contemporâneo de Jeremias, profetizou


antes da reforma do rei Josias em 621 a.C.
è Propósito e Mensagem: Iniciar uma mudança em Judá ao anunciar o
juízo divino sobre a iniquidade. Aliado à intenção de divina de castigar
veio o anúncio de sua intenção de restaurar Judá.
è Tema principal: O dia do Senhor. A expressão foi usada pelos profetas
para indicar o tempo em que a situação atual será substituída pela
ordem determinada por Deus.

JOEL

è Contexto: É provável que tenha profetizado pouco antes da queda de


Jerusalém em 587-588 a.C. Apesar de existir muitas dificuldades de
datar o livro, podenso ser também do período pós-exílico.
è Propósito e Mensagem: Buscar o arrependimento do povo por causa
da vinda do Dia do Senhor através da praga de gafanhotos.
è Tema Principal: A praga de gafanhotos.

JEREMIAS

O livro de Jeremias ocupa mais espaço na Bíblia que qualquer outra obra, e a
estrutura do profeta Jeremias é compatível à de qualquer outro no AT. Ele foi
enviado por Deus no momento mais sombrio de Israel e proclamava a palavra
de Deus com muito sacrifício durante quarenta anos. Mais que qualquer outra
pessoa, ele oferece vislumbres de um profeta em conflito com o Deus a quem
servia fielmente e com a mensagem que devia transmitir. Sua devoção e
integridade resplandecem em meio à geração prestes a sentir o fogo ardente
da ira de Deus. Jeremias era a última chance desse povo, e ele se sentia
esmagado sob o peso de tal responsabilidade.

Por causa das grandes lutas pessoais de Jeremias, aprendemos mais sobre
sua personalidade que de todos os outros profetas. Essa informação nos dá a
impressão de o conhecermos pessoalmente.

 Composição: Jeremias profetizou durante os últimos 40 anos de Judá


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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

(627 – 587 a.C.)  Proposito e mensagem: A principal mensagem de


Jeremias é um chamado ao arrependimento; Jerusalém estava perto de sua
queda e era necessário que o povo se voltasse para Deus. Suas orações
revelam seu desapontamento com o fato de a nação não desejar se
arrepender e sua agonia diante do engano que se alastrava entre o povo.

LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS

è Contexto: O livro é uma resposta à destruição de Jerusalém, apesar se


ser atribuído popularmente à Jeremias não podemos saber ao certo
sobre a autoria, mas isso não tira a ação do espirito santo e a autoridade
do texto.
è Propósito e Mensagem: Lamentações registra o Dia do Senhor que
veio sobre Judá com toda a fúria. Os poemas fúnebres foram criados
para oferecer uma purificação aos sobreviventes de Judá
è Temas principais: Sofrimento Humano e Abandono Divino.

O livro de lamentações contém cinco cantos fúnebres que expressam a tristeza


do povo de Judá diante da destruição de sua tão amada cidade de Jerusalém.
Muitos acreditam que Jeremias tenha escrito essas canções de lamento em
586 a.C., pouco depois de o exército babilônio ter assolado e incendiado
Jerusalém. Ele reconhece que foi o pecado que trouxe o julgamento de Deus e
olha além dessa agonia para vislumbrar um Deus de fidelidade e misericórdia,
capaz de restaurar a nação.

OBADIAS
è Contexto: Obadias viveu durante a devastação final da guerra dos
babilônios contra Judá (587 – 586 a.C.) e viu como os Edomitas tiravam
vantagem do povo judeu.
è Propósito e Mensagem: Condenar o orgulho e crueldade de Adom,
Assegurar o triunfo final dos remanescentes de Judá e proclamar o
domínio de Javé.
è Temas principais: Orgulho, Lei de talião, Julgamento Universal,
Restauração.
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

è Suas profecias tinham o objetivo de incentivar aqueles que haviam


perdido as esperanças, aqueles que se perguntavam por que Deus não
punia os Edomitas por suas atitudes perversas.

PARA REFLEXÃO E APLICAÇÃO PRÁTICA

è Como é possível que Deus aja tanto com ira como com bondade?
è É certo o crente questionar a justiça de Deus? Como podemos superar a
dúvida em períodos de dificuldade?

AULA 05 – OS PROFETAS – PARTE II


Introdução

Estamos estudando sobre a grande importância dos profetas para o povo de


Israel e para nossas vidas hoje. Já vimos sobre os profetas que proclamaram
suas mensagens no reino do Norte e também no reino do Sul até pouco antes
de Jerusalém ser destruída pelos babilônios.

Na aula de hoje estudaremos os profetas que pregaram durante o exílio na


Babilônia e também os que profetizaram após o retorno a Jerusalém. Estes
foram os últimos profetas que Deus usou para transmitir sua mensagem antes
do silêncio de quatrocentos anos e a vinda de Cristo.

Nosso objetivo é que ao final desta aula você possa identificar quais foram os
profetas que pregaram durante o exílio na babilônia, o contexto em que
estavam inseridos e os principais temas de suas mensagens. Você também
poderá identificar quais são os profetas que Deus usou após o cativeiro,
quando o povo voltou para Jerusalém e começou a reconstruir a cidade.

PROFETAS DO EXÍLIO

EZEQUIEL


Soberania de Javé sobre as nações e Israel


Exílio Babilônico como castigo pela idolatria de Judá
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

Relação dinâmica entre o indivíduo e o grupo


Fidelidade de Javé às promessas da aliança


Interação misteriosa entre responsabilidade individual e Julgamento divino

Ezequiel estava entre os dez mil levados ao cativeiro pelo rei Nabucodonosor
da Babilônia em 597 a.C. Seu nome significa “Deus fortalece”, o que lembra
sua obra de consolo e incentivo entre os exilados. Foi um livro muito
controverso entre os judeus. Ele profetizou aos Judeus na Babilônia no mesmo
tempo em que Jeremias proclamava aos que ainda estavam em Jerusalém.
Composição e Contexto: O estilo autobiográfico leva a crer que o próprio
Ezequiel escreveu as profecias por volta 571 a 562 a.C.

Propósito e Mensagem: Convocação ao arrependimento antes da queda.


Profecias as nações vizinhas e a esperança da promessa de uma nova aliança.

Temas principais: Filho do Homem, Visão das rodas, Responsabilidade


individual e literatura apocalíptica.

Aplicações práticas de Ezequiel

è Uma visão renovada do esplendor de Deus leva o homem a se prostrar,


adorar e obedecer espontaneamente à sua Palavra.
è Os crentes são atalaias de Deus, chamados para advertir os pecadores
acerca do julgamento divino que lhes sobrevirá, caso não se
arrependam. O Atalaia que deixar de advertir seus semelhantes será
responsabilizado pelo Senhor.
è Deus é justo, e as pessoas serão responsabilizadas apenas pelos seus
próprios pecados.
è Deus cumprirá suas promessas, purificará os pecados de seu povo, irá
restaurar a terra, dar um novo coração e uma nova aliança, renovará a
adoração genuína e glorificará o messias.

DANIEL
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

• Levar a vida de fé em um mundo cada vez mais hostil

• Soberania de Deus nos assuntos políticos

internacionais • Soberania de Deus em livrar e tornar

prósperos os fiéis.

Daniel foi levado para a babilônia na primeira leva de escravos em 605 a.C. e
profetizou no exílio até que a Pérsia tomasse o poder e liberasse o povo para
retornar. Mas como Daniel já estava velho permaneceu na Babilônia.

Daniel e seus três amigos eram hebreus da alta classe. Eram cultos e
pertenciam a famílias reais de Judá. Deus preservou seu povo no cativeiro por
intermédio da influência de Daniel, que, por setenta anos, atuou como um dos
principais oficiais do governo. Embora tenha enfrentado severas provações ao
longo da vida, tais como ser lançado na cova dos leões, Daniel tinha uma
excelente reputação e manteve sua posição de destaque mesmo depois que os
persas derrotaram os babilônios.

Propósito e mensagem: A soberania de Deus é o centro deste livro e pode


ser vista em ação nos âmbitos espiritual e político. No relato dos
acontecimentos da vida de Daniel e de seus amigos, a ênfase está na vida de
fé em mundo cada vez mais hostil. A soberania de Deus é vista pela ótica da
capacidade de fazer prosperar ou livrar os fiéis.

Temas principais: O reino de Deus e Orgulho e rebelião.

Valor prático de Daniel

è Toda sabedoria vem de Deus. Ele a revela para seus servos fiéis para
glorificar a si mesmo.
è Deus tem todo poder para controlar indivíduos e nações. Ele levanta
quem deseja e humilha os orgulhosos, para demonstrar seu poder e
subjugar as pessoas.
è Embora os santos de Deus tenham de sofrer grande perseguição, no
final o Senhor os livrará e lhes dará seu reino eterno, que será
governado pelo filho do Homem.
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OS PROFETAS PÓS-EXÍLICOS

Reconstruindo um Povo

AGEU

Contemporâneo de Zacarias, profetizou no retorno da babilônia em Jerusalém


por volta de 520 a.C. No segundo grupo que retornou a Jerusalém sob a
liderança de Zorobabel, o profeta Ageu incentiva a reconstrução do templo.

Quando os Judeus retornaram para Jerusalém pela primeira vez, a


reconstrução do templo foi uma de suas principais preocupações. Entretanto,
eram frustrados continuamente tanto pelas autoridades locais como pelos
oficiais persas, e o projeto de reconstrução fracassou. A mensagem de Ageu
indica ainda que o povo não estava sabendo definir corretamente as
prioridades nas questões espirituais.

Propósito e mensagem: Sua mensagem tinha o propósito de levantar o povo


para reconstrução do templo e o despertar para as responsabilidades e
obrigações da aliança.

Tema Principal: O Templo.

Valor prático de Ageu

è Apesar da oposição e das circunstâncias negativas, o crente deve


sempre dar prioridade ao que agrada e glorifica a Deus.
è Comparações geralmente tiram nossa motivação, mas as promessas de
Deus e seu poder nos dão forças para superar todos os problemas. 
Deus está mais preocupado com a santidade de nosso coração do que
com rituais externos.

ZACARIAS

Provavelmente, o profeta Zacarias vinha de uma família sacerdotal e, ao lado


de Ageu, teve um papel importante ao incentivar aos judeus que haviam
retornado do cativeiro babilônico a reconstruir o templo. É provável que os
primeiros oito capítulos, em que lemos sobre o incentivo para a reconstrução
do edifício, tenham sido registrados entre 520 a 518 a.C. Já os capítulos 9 a 14
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

não estão datados e relacionam-se mais com o período em que Deus


estabelecerá seu reino messiânico na terra. Por causa dessas diferenças
supõe-se que Zacarias tenha recebido as mensagens apocalípticas de 9 a 14
muitos anos depois de o templo estar concluído.

Propósito e mensagem: A mensagem de Zacarias foi de repreensão,


exortação e incentivo – um tratado para tempos difíceis.

Temas Principais: Messias, Escatologia do Antigo Testamento

Valor prático de Zacarias


è A única maneira de evitar a ira de Deus é nos arrependermos de nossos
pecados.
è Um dia Deus julgará os ímpios de todas as nações, trará os justos dentre
todos os povos para se unirem ao seu povo e habitará com júbilo no
meio dele.
è A obra de Deus não será realizada por força humana, sabedoria terrena
ou poderio militar, mas pelo seu Espírito.
è O ritual do jejum é inútil se não for observado para Deus.
è Embora muitos tenham rejeitado o Bom Pastor, por uma demonstração
estupenda de seu poder e de sua graça, um dia uma multidão de judeus
e gentios reconhecerá o Senhor como Rei dos reis e o adorará.

MALAQUIAS

• Deus deseja adoração sincera.

• O dia do Senhor afeta justos e ímpios


• Deus espera fidelidade no casamento • Alguém igual a Elias anunciará o dia do Senhor •

Deus odeia o divórcio.

O profeta Malaquias proclamou a palavra de Deus cerca de cem anos depois


de Ageu e de Zacarias. Os muros de Jerusalém já haviam sido erguidos;
portanto, a cidade estava segura. Como a reconstrução do templo fora
terminada havia muito tempo, a maioria das pessoas já não tinham ânimo para
comparecer ali para adorar. Os sacerdotes não mais ensinavam sobre as
normas de sacrifícios. Alguns chegavam ao ponto de perguntar se valia a pena
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Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

servir a Deus. Malaquias abordou esses assuntos por meio de diálogos em


incluem uma série de perguntas e respostas.

Valor prático de Malaquias:

è O amor de Deus e sua justiça não mudam. A eleição e o julgamento final


do dia do Senhor dão provas do seu caráter.
è Não podemos honrar a Deus pela adoração hipócrita. Ele merece que
façamos o máximo que pudermos.
è Deus odeia o divórcio e o casamento com os pagãos. Isso destrói a
família e torna a adoração inaceitável.
è O mestre ou pregador que não teme a Deus, não transmite as instruções
corretas sobre sua palavra, não se porta de maneira correta e não
incentiva as pessoas a se desviar do mal não receberá as bênçãos de
Deus.
è Deus faz distinção entre o justo e o ímpio; portanto, vale a pena temê-lo
e servi-lo.

O QUE APRENDEMOS

Os esboços são esquecidos e os nomes dos reis ficam relegados ao mais


profundo recôndito da memória, mas mesmo não assimilando mais nada, a
pessoa que estuda o AT deve reter uma ampla compreensão de Deus. Em
Êxodo 3.14, quando Deus fala a Moisés no meio da sarça ardente, ele
apresenta o nome “Eu Sou”, do qual é derivado de “Javé”. A forma verbal
enfatiza a natureza de Javé como “o que dá a existência”. Embora isso tenha
implicações para a criação e soberania, pode-se aplicar também à eleição de
Israel e à natureza do Deus que estabeleceu a aliança. Seu nome é a
apresentação de seus atributos. Os principais atributos de Deus enfatizados no
AT são resumidos aqui em algumas passagens que os apresentam com mais
clareza. Estas estão entre as maiores afirmações teológicas do AT.

Criador

“Aquele que forma os montes, cria o vento e revela os seus pensamentos ao


homem, aquele que transforma a alvorada em trevas, e pisa sobre as
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

montanhas da terra; o SENHOR, o Deus dos Exércitos, é o seu nome.” Amós


4:13

Sábio

"O Senhor me criou como o princípio de seu caminho, antes das suas obras
mais antigas; fui formada desde a eternidade, desde o princípio, antes de
existir a terra. Nasci quando ainda não havia abismos, quando não existiam
fontes de águas; antes de serem estabelecidos os montes e de existirem
colinas eu nasci. Ele ainda não havia feito a terra, nem os campos, nem o pó
com o qual formou o mundo. Quando ele estabeleceu os céus, lá estava eu,
quando traçou o horizonte sobre a superfície do abismo, quando colocou as
nuvens em cima e estabeleceu as fontes do abismo, quando determinou as
fronteiras do mar para que as águas não violassem a sua ordem, quando
marcou os limites dos alicerces da terra, eu estava ao seu lado, e era o seu
arquiteto; dia a dia eu era o seu prazer e me alegrava continuamente com a
sua presença. Eu me alegrava com o mundo que ele criou, e a humanidade me
dava alegria.” Provérbios 8:22- 31

Único

"Eu sou o Senhor; esse é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a
imagens o meu louvor. Vejam! As profecias antigas aconteceram, e novas eu
anuncio; antes de surgirem, eu as declaro a vocês". Isaías 42:8,9

Santo

“Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o


Senhor, o Deus de vocês, sou santo. ” Levítico 19:2

Transcendente

“Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus


caminhos são os meus caminhos", declara o Senhor. Assim como os céus são
mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os
seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus
pensamentos. ” Isaías 55:8,9

Justo
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Curso Básico de Teologia 7
“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

“Assim diz o Senhor: "Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em
sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em
compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor, e ajo com lealdade,
com justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado",
declara o Senhor. ” Jeremias 9:23,24

Compassivo
“Mas foram desobedientes e se rebelaram contra ti; deram as costas para a tua
Lei. Mataram os teus profetas, que os tinham advertido que se voltassem para
ti; e te fizeram ofensas detestáveis. Por isso tu os entregaste nas mãos de seus
inimigos, que os oprimiram. Mas, quando foram oprimidos, clamaram a ti. Dos
céus tu os ouviste, e na tua grande compaixão deste-lhes libertadores, que os
livraram das mãos de seus inimigos. Mas, tão logo voltavam a ter paz, de novo
faziam o que tu reprovas. Então os abandonavas às mãos de seus inimigos
para que dominassem sobre eles. E, quando novamente clamavam a ti, dos
céus tu os ouvias e na tua compaixão os livravas vez após vez. ” Neemias
9:26-28

Deus da aliança

“E agora, ó Israel, que é que o Senhor seu Deus pede de você, senão que
tema o Senhor, o seu Deus, que ande em todos os seus caminhos, que o ame
e que sirva ao Senhor, ao seu Deus, de todo o seu coração e de toda a sua
alma, e que obedeça aos mandamentos e aos decretos do Senhor, que hoje
lhe dou para o seu próprio bem?” Deuteronômio 10:12,13

Leal

“Dêem graças ao Senhor, porque ele é bom. O seu amor dura para sempre!”
Salmos 136:1

Redentor:

“Vocês são minhas testemunhas", declara o Senhor, "e meu servo, a quem
escolhi, para que vocês saibam e creiam em mim e entendam que eu sou
Deus. Antes de mim nenhum deus se formou, nem haverá algum depois de
mim. Eu, eu mesmo, sou o Senhor, e além de mim não há salvador algum. Eu
revelei, salvei e anunciei; eu, e não um deus estrangeiro entre vocês. Vocês
são testemunhas de que eu sou Deus", declara o Senhor. ” Isaías 43:10-12
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FALSAS DICOTOMIAS

Uma vez em foco a imagem de Deus no AT, é possível concluir que as


diferenças entre a natureza de Deus no AT e no NT têm sido simplistas ou
superficiais.

Juiz versus Salvador

É comum ouvir que no AT o Senhor pode ser considerado um Deus de juízo e


castigo, ao passo que no NT ele é representado como o Deus de amor e salvação.
Isto é uma dicotomia inadequada, Quando consideramos o período histórico descrito
no AT e testemunhamos a paciência de Deus com Israel durante períodos de até
séculos apesar da violação profunda e clara dos termos mais básicos da aliança,
seria uma falha se queixar do juízo divino. Sua graça é evidente em atos de
revelação, criação, livramento e restauração, que enchem as páginas do AT.
Somente uma leitura mais superficial e míope das Escrituras poderia obscurecer
esses grandes aspectos da teologia do AT à sombra dos poucos atos extraordinários
de julgamento divino, como as dez pragas ou a destruição dos cananeus.

Lei versus graça

Outro contraste muito mencionado entre os dois Testamentos é que o AT é


época da lei e o NT é a época da graça. E comum ouvir pregadores se
referirem à “era da lei” ou à “era da graça”. Aqui também há controvérsias. Lei
e graça não são dois extremos. A lei foi oferecida por Deus para ajudar os
israelitas a entender que a natureza divina deveria afetar a forma como eles
agiam. Lei é graça no sentido de que a outorga da lei foi um ato da graça;
contudo, é diferente da graça que oferece salvação individual nas Escrituras do
NT.

“Lei” é um termo aplicável à revelação e chegou por meio do povo “revelador”


de Deus. A “graça” aplicada à salvação individual é outorgada ao povo
“soteriológico” de Deus (isto é, os salvos pela fé em Cristo). Portanto, comparar
lei e graça cria uma falsa dicotomia. A Lei mostra a Israel como Deus deseja
que eles vivam como povo da aliança. Deuteronômio mostra que mesmo os
israelitas entendiam que a lei era um instrumento divino para revelar seu
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

caráter e sua natureza como base para a conduta. A moralidade se baseia em


Deus e não muda.

Da mesma forma, a graça relativa à salvação individual oferecida ao povo de


Deus no NT não é totalmente nova no período apostólico. A relação da fé
individual com Deus é importante em todo o AT. Mas como o foco do AT está
no povo revelador, há pouca informação sobre fé ou salvação pessoal. A
verdadeira
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“Procura apresentar a Deus aprovado...” 2Tm 2.15

dicotomia não é lei versus graça, mas povo revelador de Deus versus povo
soteriológico de Deus.

O TEMA CENTRAL DO ANTIGO TESTAMENTO

Não se pode ignorar a opinião do próprio Jesus: muitos autores do AT falaram


dele (Lc 24.27,44; Jo 5.39,46; 12.41). No entanto, deve-se entender o que Jesus
queria dizer com esse tipo de afirmação. Certamente ele não estava afirmando
que todas as frases do AT se referiam a ele. Mas, nas colocações feitas nesses
contextos, ele parecia ter em mente mais que as profecias messiânicas óbvias.
A sugestão mais plausível é que Cristo falava da maneira que seu ministério — e
especialmente sua morte expiatória — tiveram papel central no plano de Deus
(Mt 5.17; Mc 10.45); e isso havendo iniciado na criação e vislumbrado por todo o
AT. Essa ideia é apoiada em geral pelo ensinamento de Cristo sobre o Reino,
mas é mais evidente em versículos como Lucas 19.10. O fato de a obra de
Cristo ser essencial para o plano de Deus e de esse plano ser o tema mais
preeminente no AT justifica a terminologia ampla usada por Jesus quanto ao seu
relacionamento com o AT.

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