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A OUTRA FACE DA DOENÇA

IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL


A Outra Face da Doença

ÍNDICE

A OUTRA FACE DA DOENÇA........................................................................................................................................................1


IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL .................................................................................................................................................1
ÍNDICE ...............................................................................................................................................................................................2
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................................................4
PREFÁCIO.........................................................................................................................................................................................5
PALESTRA PROFERIDA PELO FUNDADOR DA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL NO AUDITÓRIO DO
"HIBIYA PUBLIC HALL" - TÓQUIO, JAPÃO ..........................................................................................................................7
EU E A IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL ..............................................................................................................................17
A VERDADEIRA SALVAÇÃO..................................................................................................................................................18
UTILIZAÇÃO DO ESPÍRITO .....................................................................................................................................................21
O QUE É A IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL .......................................................................................................................23
A TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO EM PARAÍSO E O PROBLEMA REFERENTE À SAÚDE .................................25
O MUNDO ISENTO DE DOENÇA, POBREZA E CONFLITO ..............................................................................................28
OS DESCRENTES E OS CRENTES ............................................................................................................................................30
A VERDADE SOBRE A SAÚDE ..................................................................................................................................................34
O HOMEM É UM POÇO DE SAÚDE .........................................................................................................................................36
A VERDADEIRA SAÚDE E A SAÚDE APARENTE ...............................................................................................................38
COMO TORNAR AS CRIANÇAS SAUDÁVEIS .......................................................................................................................39
MÉTODO PARA QUALQUER PESSOA ENGORDAR ...........................................................................................................41
MÉTODO PARA A MULHER SE TORNAR MAIS BELA .....................................................................................................42
MEDICINA DESPORTIVA...........................................................................................................................................................43
A BEBIDA E A RELIGIÃO ...........................................................................................................................................................45
MEU MÉTODO DE SAÚDE .........................................................................................................................................................47
O QUE É A MORTE .......................................................................................................................................................................50
MORTE NATURAL E MORTE ANTINATURAL ....................................................................................................................52
ANÁLISE DAS TOXINAS .............................................................................................................................................................54
OS TRÊS TIPOS DE TOXINAS ...................................................................................................................................................58
TOXINAS URINÁRIAS .................................................................................................................................................................59
A CAUSA DO PECADO ESTÁ NOS MEDICAMENTOS ........................................................................................................60
A CAUSA DOS ACIDENTES........................................................................................................................................................62
O TRATAMENTO NATURAL .....................................................................................................................................................64
OS PONTOS FALHOS DA MEDICINA E A CAPACIDADE DE RECUPERAÇÃO NATURAL .....................................66
O QUE É A DOENÇA ....................................................................................................................................................................68
A VERDADEIRA CAUSA DAS DOENÇAS ...............................................................................................................................71
O QUE É A DOENÇA? ..................................................................................................................................................................74
A GRIPE .......................................................................................................................................................................................74
A VERDADEIRA CAUSA DA DOENÇA ESTÁ NO "ESPÍRITO" ........................................................................................78
A CAUSA DAS DOENÇAS E O PECADO..................................................................................................................................81
O PECADO E A DOENÇA ............................................................................................................................................................85
O QUE É O ESTADO LIGEIRAMENTE FEBRIL ...................................................................................................................87
SOBRE A PURIFICAÇÃO PROPORCIONAL..........................................................................................................................88
A DOENÇA E O CARÁTER DO HOMEM ................................................................................................................................90
A ADVERTÊNCIA DOS ANTEPASSADOS ..............................................................................................................................91
A REENCARNAÇÃO .....................................................................................................................................................................93

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A Outra Face da Doença

O PRIMEIRO MUNDO .................................................................................................................................................................95


A GRANDE TRANSIÇÃO DO MUNDO .....................................................................................................................................97
TRANSIÇÃO DA NOITE PARA O DIA .....................................................................................................................................99
SOU UM CIENTISTA EM RELIGIÃO .....................................................................................................................................103
O ESPÍRITO PRECEDE A MATÉRIA .....................................................................................................................................107
ESPÍRITO E CORPO ...................................................................................................................................................................110
MEDICINA ESPIRITUAL ..........................................................................................................................................................113
PRINCÍPIO DO JOHREI ............................................................................................................................................................115
PRIMEIRA PARTE ....................................................................................................................................................................115
SEGUNDA PARTE ....................................................................................................................................................................117
TERCEIRA PARTE ...................................................................................................................................................................119
QUARTA PARTE ......................................................................................................................................................................119
A TRILOGIA DOS ÓRGÃOS INTERNOS E O JOHREI ......................................................................................................122
A FORÇA ABSOLUTA ................................................................................................................................................................126
MINHA LUZ ..................................................................................................................................................................................129
QUEM É O SALVADOR? ...........................................................................................................................................................132
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ...............................................................................................................................................134
A DIETÉTICA ...............................................................................................................................................................................137
A COMÉDIA DA NUTRIÇÃO....................................................................................................................................................140
AGRICULTURA NATURAL - INTRODUÇÃO .........................................................................................................................143
A FORÇA DO SOLO ....................................................................................................................................................................152
EFEITOS CONTRÁRIOS DOS ADUBOS ...............................................................................................................................154
A SUPERSTIÇÃO DOS ADUBOS ...........................................................................................................................................155
OS EFEITOS DO USO DE COMPOSTOS NATURAIS ..........................................................................................................156
CULTURA REPETITIVA, COLHEITA FARTA .....................................................................................................................157
AS BOAS-NOVAS PARA A SERICULTURA ........................................................................................................................157
PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL ........................................................................................................................159
A GRANDE REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA ..................................................................................................................163
PARTE I ......................................................................................................................................................................................163
PARTE II ....................................................................................................................................................................................169
DANOS CAUSADOS PELAS PRAGAS ....................................................................................................................................171
DANOS CAUSADOS PELAS CHUVAS E VENTOS ..............................................................................................................173
A HIGIÊNICA E AGRADÁVEL AGRICULTURA ................................................................................................................175
NATURAL NAS HORTAS CASEIRAS.....................................................................................................................................175
O GLOBO TERRESTRE RESPIRA ..........................................................................................................................................179
POSFÁCIO * ..................................................................................................................................................................................181

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A Outra Face da Doença

APRESENTAÇÃO

Esta obra é uma coletânea dos Ensinamentos relacionados à


saúde, escritos por Meishu-Sama, nome religioso de Mokiti Okada,
fundador da nossa Igreja.

Meishu-Sama afirmou que, em obediência à ordem Divina, iria


construir uma nova civilização, ou seja, o Paraíso Terrestre - mundo de
saúde, riqueza e paz. Ele nos ensinou que a obtenção da saúde seria a
condição fundamental para o estabelecimento desse mundo. De fato, ela
é fator de primordial importância e constitui a base da felicidade e da
prosperidade de todos os seres humanos.

Os Ensinamentos contidos no presente livro foram divulgados


pelo próprio Mestre através dos periódicos da Igreja. Na época, ele
desejava difundi-los o quanto antes, a fim de poder salvar o maior
número de pessoas que estavam sofrendo. Assim, em respeito ao amor
de Meishu-Sama pela humanidade, a nossa Igreja promoveu a
compilação de seus Ensinamentos, esperando nova oportunidade para
publicá-los. Felizmente, com o Cinqüentenário da Fundação da Igreja,
pudemos concretizar esse desejo, razão pela qual nos sentimos
profundamente gratos, pois se trata de uma grande permissão concedida
por ele.

Neste sentido, objetivando que, por intermédio da obra que


estamos editando, o maior número de pessoas possam despertar para o
verdadeiro conceito de saúde e tornar-se verdadeiramente saudáveis,
gostaríamos de conclamar a todos para um grande empenho na
concretização do ideal comum a toda a humanidade - a construção do
Paraíso Terrestre - através da profissão de cada um e das várias
atividades do servir.

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A Outra Face da Doença

PREFÁCIO

5 de fevereiro de 1947

Qual será o maior e o último objetivo do homem? Resumindo


numa só palavra, é a felicidade. Não há, certamente, quem possa negá-
lo. Todavia, tanto as pessoas que buscam a felicidade como aquelas que
sentem já tê-la alcançado e desejam mantê-la não conseguem desligar-se
de um problema: a questão referente à saúde. Com razão Jesus de
Nazaré disse que de nada adianta o homem ganhar o mundo inteiro e
perder a vida.

Eu consegui salvar o homem do sofrimento causado pela doença


formando pessoas sadias e, como resultado, obtive sucesso quanto à
possibilidade de prolongar a vida humana. Concretizou-se, assim, o
grande ideal que a humanidade perseguia e ansiava há milhares de anos.

Quanto ao "prolongamento da vida", todos, sem exceção,


acreditavam não passar de um sonho de gente tola. Nesse sentido, estou
certo de não existir, na História da humanidade, absolutamente nada que
possa ser comparado a tão grandiosa descoberta. Por isso acredito que,
quando o JOHREI chegar ao conhecimento de todos os homens,
motivará uma grande revolução no mundo. Entretanto, leitores, não há
motivo para temor, pois ela difere fundamentalmente das revoluções
sangrentas e cheias de ódio que ocorreram no passado: é uma revolução
repleta de alegria, luz e glória. Assim, serão consolidados pela
eternidade os alicerces da paz.

Minhas palavras talvez pareçam demasiado audazes. Contudo,


creio que, se lerem compenetradamente este livro, examinando a fundo
seu conteúdo e pondo-o em prática, reconhecerão que não há nenhuma
mentira em minhas afirmações.
O que significa progresso da cultura? Obviamente, significa
aumento progressivo do bem-estar de cada ser humano.

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A Outra Face da Doença

Mas qual a base desse progresso? Principalmente a saúde e o


prolongamento da vida do homem. É sabido que a humanidade,
acreditando poder alcançar tal objetivo apenas pelo progresso da
Medicina, sempre fez todo empenho para atingi-lo. A Medicina, sem
ficar à margem de outras ciências, mantém pomposa aparência, como
salas de cirurgia em grandes hospitais, inúmeros medicamentos, potentes
microscópios, aparelhos de radiografia, equipamentos de irradiações
diversas, etc. Faz profundas pesquisas científicas, atenta aos mínimos
detalhes, e as pessoas ficam fascinadas com a ocorrência freqüente de
novas descobertas e a divulgação de novas teorias. Não é, pois, de se
admirar que as pessoas acreditem que, um dia, praticamente todas as
doenças serão debeladas. Tal objetivo, entretanto, está demasiadamente
longe de ser alcançado e não se tem idéia de quando o será.

Não pretendo criticar a Medicina. Quero apenas alertar que ela


está caminhando no sentido totalmente oposto ao do seu verdadeiro
objetivo. Teve, porém, seu mérito: a explicação minuciosa do
funcionamento do organismo, obtida graças à análise e dissecção, pela
qual, inclusive, merece o nosso agradecimento.

Mas por que será que a humanidade durante tanto tempo não
percebeu os erros da Medicina? É realmente um grande mistério do
mundo. O JOHREI, criado por mim, abre agora as portas desse mistério,
que estiveram cerradas durante milênios. Acredito que Deus me confiou
a execução da grandiosa tarefa de fazer o homem retornar ao seu estado
original de saúde.

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A Outra Face da Doença

PALESTRA PROFERIDA PELO FUNDADOR DA IGREJA


MESSIÂNICA MUNDIAL NO AUDITÓRIO DO "HIBIYA PUBLIC
HALL" - TÓQUIO, JAPÃO

22 de maio de 1951

Creio que minha palestra é bastante original. Pretendo tratar de


assuntos que nunca foram tratados antes.

Em primeiro lugar eu gostaria de dizer que muita gente,


confundindo cultura com civilização, diz que a cultura da atualidade é
avançada, ou que estamos na Era da Cultura. Na verdade, porém, cultura
e civilização são coisas diferentes. Civilização é um mundo ideal, sem
nenhuma selvageria; a isso nós chamamos de mundo civilizado. Já a
cultura é o estágio intermediário entre a selvageria e a civilização.
Portanto, o que se chama BUN-NO-KE, ou seja, BUNKA (Cultura), é
uma sombra, é um fantasma.

Observando o estado atual da humanidade, notamos que os


homens estão apaixonados por essa sombra, achando que ela é o que há
de melhor e que, com o seu progresso, o mundo se tornará aprazível.
Mas o mundo civilizado a que eu me refiro é diferente daquilo que as
pessoas têm em mente.

O que é a verdadeira civilização? Em palavras simples, é


sinônimo de vida. Deve ser a época em que a humanidade possa viver
com segurança. Mas, como o Sr. Suzuki disse há pouco, hoje há coisas
realmente temíveis, como a bomba atômica, a bomba bacteriológica, o
Juízo Final, etc. São temíveis porque põem em risco a segurança da
vida. Isso não é um mundo civilizado. É a cultura; a Era da Cultura. Isto
é, estamos na fase de transição entre a selvageria e a civilização. O que
vou falar agora não é sobre a cultura, e sim sobre a civilização.

As doenças e as guerras são o que mais põem em risco a vida. Se


não tivéssemos guerras nem doenças, teríamos garantia de vida, e este
seria o verdadeiro mundo civilizado. Já chegamos à época em que
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A Outra Face da Doença

precisamos ir até aí. Daí a razão de ser do lema da Igreja Messiânica


Mundial: o mundo absolutamente isento de doença, pobreza e conflito.
Como a guerra é um conflito em maior escala, propomos a construção
do mundo sem doença, pobreza e guerra.

Todos os infortúnios são decorrentes da doença. Costuma-se


entender como doença aquilo que provoca dores, coceira ou outras
reações; interpreta-se sempre no sentido físico. Mas não é bem assim.
Há dois tipos de doenças: doenças físicas e doenças do espírito. Dizem
que este ano a tuberculose e outras doenças contagiosas, a disenteria,
etc. aumentaram bastante e por isso as pessoas estão receosas.
Entretanto, se hoje não se conseguir encontrar uma solução para esse
problema, jamais se formará um mundo civilizado, nem mesmo daqui a
centenas ou milhares de anos.

Quanto à pobreza, sua origem é a doença do corpo. Basta


escolher uma pessoa pobre e procurar saber a causa da sua pobreza. É
invariavelmente a doença. São casos como a perda de emprego devido à
enfermidade, ou a impossibilidade de trabalhar pelo mesmo motivo. A
doença, acrescida do fato de não se receber salário, constitui uma dose
dupla de sofrimento. Isso se reflete negativamente não só no próprio
doente como em seus parentes e amigos.

A causa das guerras também é a doença. Trata-se da doença


mental. É comum utilizar-se a expressão "fabricantes de guerras" para
aqueles que as causam. Observando-se a História, encontramos
inúmeros exemplos. E eles recebem o nome de heróis. Esses indivíduos
importantes têm força e inteligência, mas no fundo sofrem de uma
espécie de doença nervosa. Por isso torna-se necessário erradicar não só
a doença do corpo como também a do espírito. Quanto à do corpo, as
pessoas acreditam que é possível curá-la através da Medicina e se
esforçam nesse sentido, mas não há nada que resolva a doença espiritual.
Para isso, só existe um meio: a Religião.

Na teoria pode ser assim, mas surge a dúvida: conseguir-se-á, na


prática, erradicar ambos os tipos de doenças? Aí é que entra o JOHREI,
8
A Outra Face da Doença

ao qual se referiu há pouco o Sr. Suzuki: ele irá erradicar a doença da


mente e a do corpo. Dessa forma, surgirá o mundo civilizado.

Observando o estado em que se encontra a humanidade e a


cultura, concluo que de maneira alguma isto é civilização. Pelo
contrário, é até um estado extremamente bárbaro. As guerras de hoje são
mais terríveis que as da época selvagem. Sendo assim, podemos afirmar
que a cultura ou civilização da atualidade não passa de aparência; a
humanidade está iludida com essa aparência, e as pessoas se sentem
gratas. Analisando seu conteúdo, veremos que ele é selvagem; ou
melhor, meio civilizado e meio selvagem. A cultura contemporânea
assemelha-se a uma bela mulher, vestida com um bonito quimono, com
a qual todos ficassem impressionados, mas que, quando tirasse a roupa,
se mostrasse corroída pela sífilis, toda coberta de pus.

Acredito, por conseguinte, que a nossa Igreja Messiânica


Mundial não é uma religião. Se fosse possível resolver os problemas do
homem com a Religião, eles já teriam sido resolvidos, pois até o
presente apareceram importantes líderes e fundadores de religiões,
filósofos, moralistas, etc. É verdade que selvagens nus e de rosto pintado
restam poucos. Conseguiu-se, também, que tudo assumisse um aspecto
bonito, culto. Mas ainda não foi possível garantir a vida humana, porque
as religiões que surgiram até hoje não tinham força suficiente. Tiveram
força para tornar cultos os selvagens, mas não para ir além, ou seja, para
tornar os homens civilizados.
Há, ainda, inúmeros inventos que não são utilizados no bom
sentido: muito pelo contrário. Dizem que a bomba atômica pode matar
vinte milhões de pessoas de uma só vez; entretanto, se essa energia for
aplicada para o bem, com uma pequena porção do tamanho da ponta de
um dedo, poder-se-á fazer rodar trens ou automóveis por muitos dias. O
avião, sendo utilizado como meio de transporte, não existe nada mais
rápido e útil; utilizado para lançar bombas, não há máquina mais
temível.

Esta é a cultura científica de hoje. Chegamos até aqui com o


progresso da cultura científica, mas falta algo - algo muito importante.
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A Outra Face da Doença

Devido a essa falta tende-se a fazer mau emprego das coisas. Eis o
motivo da aflição da humanidade. Para utilizar as coisas em sentido
positivo, torna-se necessário ir às raízes, isto é, ao Espírito. Mudando o
Espírito das criaturas do mal para o bem, elas saberão utilizar tudo no
bom sentido, e assim se conseguirá um mundo maravilhoso. Cristo
referiu-se a isso com a expressão "É chegado o Reino dos Céus".
Sakyamuni, por sua vez, disse: "Após a extinção do Budismo, aparecerá
Miroku Bossatsu, e surgirá o Mundo de Miroku". Só que Sakyamuni
falou que seria após 5,67 bilhões de anos. Acredito, entretanto, que ele
quis apenas se referir aos números 5 6,7. Se realmente estivesse
profetizando algo para daí a 5,67 bilhões de anos, Sakyamuni não estaria
bom da cabeça, pois não há nenhum sentido em profetizar algo para um
futuro tão distante. Nessa época, a humanidade e a Terra já teriam
passado por uma mudança tão grande que nem se poderia imaginar.

Os messiânicos conhecem bem o significado dos números 5,6,7.


Caso eu fosse explicá-lo, isso me tomaria bastante tempo e aí eu não
poderia falar de coisas importantes. Com relação à profecia de Cristo, ao
invés de dizer "É chegado o Reino dos Céus", ele poderia ter dito "Vou
construir o Reino dos Céus". Mas naquela época o mundo ainda não
havia alcançado o estágio necessário para isso, ou seja, o progresso da
cultura ainda era insuficiente para a construção do verdadeiro mundo
civilizado.
No entanto, a cultura material progrediu, chegando ao estágio em
que se encontra atualmente; o progresso foi tal que se estendeu ao
mundo todo. O que eu estou dizendo pode ser ouvido, através dos
modernos meios de comunicação, nos quatro cantos do mundo. Os
meios de transporte se desenvolveram tanto que é possível ir de avião
até os Estados Unidos num dia. Dessa forma, o progresso da cultura
material já atingiu o ponto em que estão preenchidas quase todas as
condições necessárias ao mundo civilizado. O primordial dessa questão
é que a alma humana ainda não se evoluiu o suficiente para a utilização
do progresso no bom sentido. Sobre essa alma, é imperativo empenhar-
nos para que as pessoas a utilizem positivamente e, ao mesmo tempo,
para que a humanidade tome conhecimento disso. Em várias

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A Outra Face da Doença

oportunidades falei sobre o assunto, e os fiéis já têm alguma noção a


respeito.

A propósito, comecei a escrever, há cerca de seis meses, um livro


intitulado "A Criação da Civilização". Meu objetivo é esclarecer que a
civilização atual não é a verdadeira civilização e que, nesta, a Medicina,
a Política, a Educação, a Arte, etc. serão bem diferentes. A parte que se
refere à Medicina já está quase pronta, mas tenciono escrever, ainda este
ano, a parte referente às outras áreas. Quando o livro estiver concluído,
pretendo traduzi-lo para o inglês e tomar providências para que ele seja
lido por professores universitários, cientistas, enfim, por intelectuais do
mundo inteiro. Vou enviá-lo, também, à Comissão Examinadora do
Prêmio Nobel, mas acredito que, no início, não o receberão bem, pois a
Comissão é integrada por eminentes personalidades da cultura material.
Todavia, como se trata de um livro que aborda justamente aquilo que as
pessoas eminentes estão buscando, acredito que os integrantes da
Comissão não deixarão de entendê-lo e exclamar: "É isto!" Assim,
poderiam conceder-me dez ou vinte Prêmios Nobel. Quando esse livro
for publicado, eu gostaria que todos os povos o lessem.

Dessa forma, ao mesmo tempo que mostramos como estará


constituída a verdadeira civilização, damos a conhecer o JOHREI. Com
o JOHREI as doenças saram milagrosamente, mas ele não se destina a
curar doenças. Em resumo, o JOHREI cura o espírito, ou seja, o mal que
existe nele. Em termos mais claros, o mal é o caráter selvagem, e este
não pode ser removido, pois não se pode viver sem espírito. O que se
pode fazer é mudar a maneira de pensar das pessoas, ou seja, diminuir-
lhes as partes más, fazendo com que as partes boas aumentem. Assim,
todos farão apenas coisas boas, isto é, acharão que devem fazer o bem.

Costumo dizer aos fiéis que os homens da atualidade estão


sempre pensando em praticar o mal. Mesmo que não queiram fazê-lo,
acham que é bobagem praticar o bem, que isso só traz prejuízos, que se
deve fazer as coisas de maneira mais "fácil". Entretanto, essa forma de
pensar é o oposto da verdade. Faço tal afirmativa porque já houve uma
época em que eu também pensava assim. Gradativamente, porém,
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A Outra Face da Doença

comecei a ter melhor compreensão sobre Deus, através da Fé, e vi que


estava totalmente do "avesso". Aí passei a querer praticar o bem e
sempre buscava um meio para isso. Estava sempre procurando fazer
algo em benefício das outras pessoas, algo que as deixasse felizes,
satisfeitas. Com essa atitude, minha sorte melhorou. Mesmo antes de me
dedicar inteiramente à Fé, aconteciam-me coisas boas quando eu ficava
nesse estado de espírito. Assim, pensei como seria bom se as pessoas
soubessem os benefícios que nos advêm quando procuramos fazer a
felicidade do próximo.

À medida que eu ia acumulando tais experiências da vida real,


comecei a ter plena compreensão de que realmente Deus e o demônio
existiam. A partir daí passei por uma fase de aprimoramento espiritual.
Com a ocorrência de vários milagres, pude compreender a grande
missão que me era destinada. Foi assim que instituí a Igreja Messiânica
Mundial e estou desenvolvendo minhas atividades.

Outro ponto que eu gostaria de abordar é o "Juízo Final", do


cristianismo, e o "Fim do Budismo", profetizado por Sakyamuni. Apesar
de muitos líderes e fundadores de religiões terem feito profecias
semelhantes, vou tratar, aqui, apenas destas duas.

Que vem a ser o Juízo Final? Os homens estão imaginando que


virá Deus para fazer o julgamento neste mundo, mas isso não
corresponde à verdade. É um ponto de difícil entendimento para os não-
fiéis, mas o Mundo Espiritual é uma realidade. O mundo em que vemos
e sentimos a matéria é o Mundo Material; além deste, há o Mundo
Espiritual e, no meio dos dois, o Mundo Atmosférico. Este último já é
conhecido, mas ainda não se conhece o Mundo Espiritual. É como a
ordem em que se dispõem a era do barbarismo, a era da cultura e a era
da civilização. Da mesma forma, o Universo obedece a uma constituição
tripla: Mundo Material, Mundo Atmosférico e Mundo Espiritual.

Há, ainda, os ciclos do mundo: assim como existe transição entre


o claro e o escuro, entre o dia e a noite no espaço de um dia, há a mesma
transição no espaço de um ano. O claro e o escuro em um ano podem ser
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A Outra Face da Doença

comparados ao verão e ao inverno, respectivamente. Os raios solares são


mais fortes no verão e mais fracos no inverno, ocasionando o contraste
entre o claro e o escuro. E existem períodos idênticos no espaço de dez e
de cem anos. A História registra épocas de paz e de guerra, que
correspondem ao claro e ao escuro. Refiro-me, portanto, a esse ritmo.

Igual período existe também no espaço de mil e de dez mil anos.


Estávamos até agora na escuridão, no período das trevas; vamos
passar para o período da claridade. Passando-se para o período da
claridade, tudo que existia no período das trevas sofrerá uma seleção.
Esses ciclos do mundo, nós os designamos com as expressões Mundo da
Noite, Mundo do Dia, Cultura da Noite, Cultura do Dia. Assim,
desaparecerá uma série de coisas que não serão mais necessárias.
Durante o dia, por exemplo, não é preciso lâmpadas. Tudo aquilo que
pertence à Era da Noite e se tornar desnecessário será eliminado.

O Juízo Final representa a separação do que é do Dia e do que é


da Noite. O que for inútil ficará inativo ou será destruído. A partir de
agora, as coisas do Dia irão sendo construídas gradativamente.

O que acontecerá quando o Mundo Espiritual se tornar claro?


Vejamos o homem. Nele, entre a matéria e o espírito existe a água, que
corresponde ao ar. Ela existe em grande quantidade no corpo humano.
Assim, o homem apresenta uma constituição tripla; dela, faz parte o
espírito, a que também se poderia chamar alma. O espírito está
subordinado ao Mundo Espiritual. Tornando-se claro esse mundo,
aqueles cujo espírito não corresponder a essa claridade terão de ter as
suas máculas removidas. Não significa que elas serão arrancadas, mas
ocorrerá naturalmente a purificação, para limpar o que está sujo. À
medida que o Mundo Espiritual vai clareando, as pessoas possuidoras de
máculas no espírito passam por uma limpeza, que é o sofrimento. O
princípio da doença obedece a essa explicação. Através dela pode-se
compreender perfeitamente o que é a doença.

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A Outra Face da Doença

Até agora não se conhecia o espírito. Desprezava-se a sua


existência. Como o Sr. Tokugawa disse há pouco, é uma questão de
alma. A ação da alma é muito grande.

Ontem fui visitado por uma pessoa que eu não via há cerca de um
ano. Anteontem eu tinha pensado: "Como estará ele passando?" No dia
seguinte ele apareceu. Aí eu disse para mim mesmo: "Ah, o espírito dele
veio aqui antes!” Digamos, por exemplo, que o Sr. Tokugawa pense: "O
Sr. Matsunami está escrevendo com afinco." Então este pensamento vai
até o Sr. Matsunami, penetra no seu corpo e se aloja na sua cabeça. Aí,
ele se lembra do Sr. Tokugawa. É como se a pessoa chegasse, após ter
avisado. Nessas ocasiões, as criaturas se comunicam através dos elos
espirituais. O trabalho desses elos, no caso do relacionamento amoroso,
é muito interessante. Mas o meu objetivo, no momento, não é o
problema do amor. O assunto se tornará claro, para os senhores, quando
abraçarem a Fé. O amor é muito bom, mas quase sempre acaba em
tragédia. Para entender melhor esse fim trágico, é necessário conhecer o
lado espiritual, a existência dos elos espirituais. Isso não pode ser
menosprezado. Em vários problemas da vida há mulheres; dizem mesmo
que por trás dos crimes existe sempre uma mulher, ou melhor, o amor.
Com a compreensão das causas, é possível eliminar as tragédias e os
males sociais. Mas vamos deixar este assunto por aqui.

Como eu estava falando há pouco, as máculas do espírito irão


sendo eliminadas para ele corresponder à claridade do Mundo Espiritual.
Se isso terminar numa simples doença, está tudo bem, mas pode
acontecer que a pessoa fique gravemente enferma e acabe falecendo. A
doença chega aos poucos, e por isso é que se chama doença. Se vier de
uma vez, a pessoa morre. Juízo Final é isso. Com o clarear do Mundo
Espiritual, a transformação pode ocorrer repentinamente e aí as criaturas
não resistiriam. Haveria mortes em massa. Deus quer evitá-las e por isso
manda avisos. É vontade de Deus que a humanidade seja avisada, para
que ela se salve. E Ele me incumbiu dessa tarefa. Estou, portanto,
avisando.

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A Outra Face da Doença

Tanto Sakyamuni como Cristo profetizaram o advento do


Paraíso, a chegada do Novo Mundo. Eles foram os profetas, e eu sou o
concretizador. Deus me ordenou que concretizasse essas profecias, ou
seja, que eu construísse o Paraíso Terrestre, livre de doença, pobreza e
conflito. Entretanto, eu não me canso, pois não sou eu quem planeja.
Tudo é planejado por Deus. Apenas dou forma às coisas. Isso realmente
é fácil, mas de enorme responsabilidade. Provavelmente não houve
ninguém com responsabilidade maior que a minha em toda a História da
humanidade. Dessa maneira, as profecias de Cristo e Sakyamuni
começam a ter sentido: se elas não tivessem possibilidade de ser
concretizadas, seriam falsas profecias. Falsas profecias significam
mentiras. Mas não seria possível pessoas tão importantes terem mentido.
Por conseguinte, era preciso haver alguém que tornasse realidade tais
profecias, e o escolhido fui eu. Na verdade, me é penoso afirmar um
empreendimento de tamanha grandeza. Não falei nisso até agora
justamente por ser uma missão demasiado grande. Mas o tempo se
aproxima, já é chegada a Era do Dia. Para salvar a humanidade, preciso
avisar rapidamente o maior número de pessoas, e é por isso que estou
hoje falando aos senhores.

O Sr. Suzuki falou há pouco sobre o Dilúvio e a Arca de Noé,


mas isso é algo semelhante ao Juízo Final. Há duas versões a respeito:
uma diz que choveu quarenta dias seguidos, outra diz que foram cem
dias. Fossem quarenta ou cem, o que interessa é que choveu durante
muitos dias consecutivos. A água foi subindo cada vez mais e se tornou
um dilúvio, salvando-se apenas os que estavam na arca. Aqueles que
estavam em barcos comuns ou que subiram às montanhas acabaram
perecendo; estes últimos, devorados por animais que também haviam
subido. Apenas oito pessoas se salvaram, e dizem que os representantes
da raça branca são seus descendentes. Acredito que, em linhas gerais,
essa história não está errada.

No Japão, conta-se a história de Izanagui-no-Mikoto e de


Izanami-no-Mikoto. Estes dois deuses, de cima da ponte flutuante dos
Céus, empunhando uma espada, mexeram algo semelhante à espuma, e
daí surgiram as ilhas e os continentes. Essa deve ter sido a causa do
15
A Outra Face da Doença

Dilúvio. De acordo com a tese xintoísta, houve ação da maré alta e da


maré baixa. A maré baixa é o recuo das águas, e Izanagui-no-Mikoto
encarregou-se disso. O nascimento das ilhas e das nações significa que
se jogou fora a água do Dilúvio, fazendo emergir aquilo que estava
submerso. Penso que essa ocorrência corresponde à época do Dilúvio.

Com relação ao cristianismo, dizem que João fez o batismo pela


água e Cristo fará o batismo pelo fogo. Agora está para vir o batismo
pelo fogo, o extraordinário acontecimento que promoverá a eliminação
do Mal. Isso tem muitos outros sentidos, mas, como já está se esgotando
o tempo, vou parar por aqui.

22 de maio de 1951

16
A Outra Face da Doença

EU E A IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

25 de novembro de 1950

A Igreja Messiânica Mundial é completamente diferente das


outras religiões, e quem nela ingressar entenderá por quê. Mas em que
aspecto ela difere das demais? No momento ainda não posso entrar em
detalhes, mas falarei em linhas gerais.

Em primeiro lugar, observando bem as religiões existentes,


parece-nos que elas se classificam em dois tipos. A umas nem cabe o
nome religião, tal a sua simplicidade; trata-se, em poucas palavras, de fé
passiva. É aquela que consiste em ir ao templo rezar de vez em quando,
receber talismãs e amuletos, queimar incenso, ver a sorte e, se a pessoa
tem posses, mandar executar músicas sacras, fazer doações e oferendas e
voltar para casa agradecida, sentindo-se bem. É uma fé popular, que se
costuma chamar de devoção. Entretanto, esse tipo de fé pode ser
considerado religião, pois, no fundo, possui normalmente uma estrutura
religiosa. O outro tipo poderia ser chamado de fé pura. Nela se faz o
registro de todos os fiéis, havendo dirigentes, funcionários, ministros e
até encarregados de difusão, que se dedicam profissionalmente às
atividades religiosas. Constitui, portanto, genuinamente, uma religião.
Ao contrário da fé passiva, seus fiéis agem com seriedade e, quando se
aprofundam, dedicam-se fervorosamente, de corpo e alma, às suas
tarefas. Entre essas religiões, existem as recentes e as antigas. As
antigas, em sua maioria, são pouco atuantes, devido, talvez, à mudança
dos tempos; algumas, segundo dizem, só a muito custo conseguem
manter-se na atual posição. As recentes foram fundadas
aproximadamente do fim do xogunato ao início da Era Meiji (1867), e
são as que apresentam maior atividade e progresso. Entre elas, destaca-
se o xintoísmo. No campo do budismo, só uma seita - a Nitiren -
apresenta algum fôlego; as demais são praticamente inativas.
Num rápido exame das religiões, observamos que elas
apresentam várias formalidades, mas em geral têm como alicerce os
ensinamentos de seu fundador ou o espírito que norteou sua fundação, os
quais são divulgados e transmitidos aos fiéis. Estes, por sua vez,
17
A Outra Face da Doença

oferecem-lhes sua devoção, em agradecimento pela proteção recebida de


Deus. Obviamente não se pode generalizar, pois até mesmo na fé
existem altos e baixos.

Concordamos plenamente que todas as religiões têm como


objetivo a concretização de um mundo melhor e por isso tentam
satisfazer o conceito de felicidade do homem. A maioria, entretanto,
toma como principal fator o aspecto espiritual, demonstrando pouco
interesse pelos benefícios materiais.

A VERDADEIRA SALVAÇÃO

Na Igreja Messiânica Mundial, não negligenciamos de maneira


alguma a salvação do espírito, mas julgamos que, salvando o homem
apenas espiritualmente, sua salvação não é perfeita, ou seja, ele não está
realmente salvo. Temos de salvar-lhe também a parte material, e neste
ponto é que reside a grande diferença entre a nossa religião e as demais.
Ainda que como ser humano seu espírito esteja salvo, essa idéia não
basta para ele ser verdadeiramente feliz. Numa sociedade complexa
como esta em que vivemos, não se sabe quando tal felicidade será
destruída, e isso está claramente provado pela realidade que nos cerca.

Exemplificando, há pessoas que adoecem, que são roubadas, que


têm prejuízos, que são enganadas por indivíduos inescrupulosos, que
sofrem devido a elevadas taxações de impostos, etc. No caso dos
impostos elevados, podemos apontar, entre outras causas, a existência de
malfeitores, que justifica a necessidade de polícia e tribunais; o surto de
muitas doenças, cujo combate requer a aplicação de dinheiro; uma
pessoa errada que provoca uma grande guerra, acarretando despesas
decorrentes de indenizações, e assim por diante. Devido a tais fatores,
atingir um estado de segurança e de paz espiritual torna-se utopia.
Portanto, num mundo como este, se não houver salvação espiritual e
material, não se poderá obter a verdadeira felicidade. A nossa Igreja
promove a salvação em ambos os aspectos. Individualmente, isso se
expressa através de benefícios materiais; socialmente, através do
progresso da cultura. Entretanto, segundo a Revelação Divina, há um
18
A Outra Face da Doença

grande erro na cultura moderna, apesar de, até agora, ninguém o ter
percebido. É um erro tão surpreendente que o que se faz pensando ser
bom, na verdade, é o contrário, e por causa disso a humanidade tem
sofrido sérios danos. Em poucas palavras, o que se julgava contribuir
para o aumento da felicidade acabava por resultar em aumento da
infelicidade. Os fatos, melhor do que qualquer outra coisa, comprovam o
que estamos dizendo.

Houve um grande progresso da cultura, mas a felicidade deixou


de acompanhar esse ritmo; aliás, o sofrimento do homem é cada vez
maior. Se a cultura moderna foi edificada graças ao esforço conjunto de
sábios, santos e outros grandes personagens que vêm se sucedendo há
milênios, poder-se-á dizer que se trata de uma cultura do mais elevado
nível. É difícil, portanto, imaginar que em seu conteúdo possa existir um
erro marcante. Como eu já disse, conhecendo o grande erro da cultura
moderna, desejo, o mais breve possível, não só fazer com que o maior
número de pessoas o compreendam, mas também compartilhar com elas
dessa felicidade e, ao mesmo tempo, mostrar-lhes as diretrizes para a
formação do Novo Mundo, caracterizado por uma cultura nova, ideal.
Essa é a Vontade de Deus.

Agora vou falar sobre mim. Pelo que já passei em minha vida,
sou uma pessoa comum, igual a tantas outras. Tenho, porém, uma vida
tão mística, que não encontra paralelo na História de toda a humanidade.
Digo isso porque me fizeram nascer com a grande missão de salvar o
mundo, completamente diferente da missão de famosos religiosos como
Sakyamuni, Cristo e Maomé. Ou seja, fui investido do poder de executar
aquilo que esses grandes personagens não puderam realizar. Isso é a
absoluta verdade, como todos os fiéis estão cientes.

Por exemplo, qualquer coisa que eu desejar saber, eu fico


sabendo. Tomo conhecimento de tudo que for importante, a começar dos
três mundos - Divino, Espiritual e Material - assim como também do
passado, do presente e do futuro. É claro que isso está limitado ao que
concerne à salvação da humanidade e à construção do Paraíso Terrestre.
Antevejo como será o mundo daqui a um ano ou a vários anos, e
19
A Outra Face da Doença

também o meu próprio destino. É até engraçado. E note-se, pela


experiência que tenho tido até agora, que geralmente os fatos previstos
por mim acabam acontecendo, isto é, as visões tornam-se realidade.
Tenho elaborado e executado vários planos, e tudo tem corrido
conforme os meus desejos.

Com relação à literatura, se penso em escrever um artigo, as


palavras me fluem naturalmente, o quanto eu desejar. Como todos
sabem, dedico-me também à composição de poemas e não encontro
nenhuma dificuldade nisso; componho cerca de cinqüenta em uma hora.
Gostaria, inclusive, de escrever haikais, poemas satíricos, obras de
ficção, dramas, etc. mas não o tenho feito por falta de tempo. Além
desses gêneros, escrevo sátiras e comédias; como elas têm sido
publicadas, os leitores devem conhecê-las. As orações entoadas pelos
fiéis também são de minha autoria, e parece-me que, apesar de eu não ter
tido, anteriormente, qualquer experiência nesse sentido, elas ficaram
muito boas.

Por outro lado, já é do conhecimento de todos que estou


construindo um protótipo do Paraíso Terrestre de grande porte; nessa
obra, as pedras, as árvores, as flores, enfim, tudo sou eu quem escolho e
planejo. Naturalmente, o projeto do jardim e dos prédios e até a
ornamentação também são trabalhos meus. O Templo Messiânico, que
se erguerá no Solo Sagrado de Atami, mas que ainda está em fase de
projeto, seguirá um estilo mais moderno que o do arquiteto suíço Le
Corbusier, estilo esse que nos últimos anos se tornou moda arquitetônica
no mundo inteiro. Portanto, quando o templo for inaugurado, deverá ser
alvo da atenção mundial. Só de estar no local e olhar o terreno, os
prédios e os jardins se projetam aos meus olhos, não havendo
necessidade de pensar. Na verdade nunca estudei esses assuntos, nem
ninguém me ensinou nada a respeito; entretanto, se quero fazer algo,
imediatamente brotam, dentro de mim, excelentes idéias. Além disso,
faço vivificações florais, escrita a pincel e pinto quadros. Dessas
atividades, a única que estudei um pouco foi pintura, mas nas outras sou
totalmente leigo. Com relação à Política, Educação, Economia, Filosofia
e Medicina, sei das coisas que irão acontecer até daqui a um século. Sei
20
A Outra Face da Doença

principalmente o erro em que está baseada a cultura atual e fico


impaciente quando penso que, se ele fosse logo corrigido, a humanidade
seria salva e a felicidade reinaria no mundo. Nada, porém, pode ser feito
enquanto não chegar o tempo certo. Atualmente, seguindo a ordem
Divina, estou apenas apontando o problema da doença e os erros da
agricultura, questões fundamentais para a construção do Paraíso
Terrestre.

UTILIZAÇÃO DO ESPÍRITO

O que eu acho mais misterioso em mim é que, utilizando o


espírito, estou fazendo com que os fiéis erradiquem as doenças. Os
resultados são realmente excelentes. Cristo e muitos santos e profetas
também praticaram milagres em relação às enfermidades; entretanto, na
maioria das vezes eram curas de uma pessoa para outra. Ora, uma só
pessoa não poderia salvar milhões; para salvar toda a humanidade é
preciso que seja concedida a cada indivíduo uma força ilimitada, capaz
de eliminar as doenças. É o que estou fazendo atualmente, com
resultados admiráveis. A expansão da nossa Igreja é a melhor prova do
que digo. Como já falei, é uma obra que nem Cristo nem Buda puderam
realizar.

Não pretendo dizer que a minha força seja superior à dos grandes
santos, mas expresso a realidade tal como ela se apresenta, e isso
porque; chegado o tempo, Deus me faz falar sobre o assunto. Quando
penso que uma força tão grandiosa foi concedida à minha pessoa, sinto a
enorme importância da minha missão. Naturalmente Deus não cria nada
além do que é preciso. Tudo é criado e eliminado de acordo com as
necessidades. Sendo essa a Verdade, que eu sempre afirmo, fica bem
clara a minha missão, determinada pelos Céus. A mim é dado conhecer
todos os mistérios, sendo-me atribuído, de maneira ilimitada, o poder da
Inteligência Superior. Sob a Orientação Divina, estou trabalhando para
levar esse fato ao conhecimento de toda a humanidade e edificar a nova
cultura, a cultura ideal. Todavia, como o homem da atualidade possui
uma inteligência muito desenvolvida, ele não iria aceitar que lhe dessem
uma explicação de maneira simples como nos tempos antigos. Segundo
21
A Outra Face da Doença

a Vontade de Deus, é necessário mostrar-lhe milagres comprobatórios e,


ao mesmo tempo, transmitir-lhe as teorias de forma que elas possam ser
aceitas. É por essa razão que Ele faz ocorrer milagres em grande
quantidade. Nesse sentido, por um lado apontam-se os erros; por outro,
dão-se provas através de milagres. Sinto-me, portanto, extremamente
grato e sensibilizado pela grandeza da Providência de Deus.

Observando-se a Divina tarefa que no momento estou


executando, não haverá qualquer margem para dúvidas sobre a
veracidade de minhas palavras. Provavelmente a humanidade jamais
sonhou com uma obra de tão grande porte e de absoluta salvação. Por
conseguinte, se uma pessoa, tomando conhecimento dela, não consegue
despertar, é porque é cega de alma e não tem possibilidade de ser salva
pela eternidade. Além disso, se forem submetidos, no futuro próximo, ao
supremo perigo representado pelo "Fim do Mundo", aqueles que não
estiverem preparados serão tomados de pânico e irão se arrepender, mas
aí já será demasiado tarde.

25 de novembro de 1950

22
A Outra Face da Doença

O QUE É A IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

25 de janeiro de 1949

Esta Igreja tem por finalidade construir o Paraíso Terrestre,


criando e difundindo uma civilização religiosa que se desenvolva lado a
lado com o progresso material.

Não há dúvida de que "Paraíso Terrestre" é uma expressão que se


refere ao mundo ideal, onde não existe a doença, a pobreza e o conflito.

O "Mundo de Miroku", anunciado por Buda, a chegada do


"Reino dos Céus", profetizada por Cristo, a "Agricultura Justa",
proclamada por Nitiren, e o "Pavilhão da Doçura", idealizado pela Igreja
Tenri-kyo, têm o mesmo significado que o Paraíso Terrestre a que nos
referimos. A diferença é que eles não fizeram indicação de tempo. Mas
eu cheguei à conclusão de que o momento se aproxima. E o que
significa isto? É a hora da "Destruição da Lei", prevista por Buda, e do
"Fim do Mundo" ou "Juízo Final", profetizado por Cristo.

Seria uma felicidade se o Paraíso Terrestre pudesse ser


estabelecido sem que isso afetasse o homem. Antes, porém, é
indispensável destruir o velho mundo a que pertencemos. Para a
construção do novo edifício, faz-se necessária a demolição do prédio
velho e a limpeza do terreno. Deus poupará o que for aproveitável - e
essa seleção será feita por Ele. Eis a razão pela qual é importante que o
homem se torne útil para o mundo vindouro.

Transpor a grande fase de transição significa ser aprovado no


exame divino. A Fé é o único caminho para obtermos aprovação. As
qualificações para ultrapassar essa fase são as seguintes:
a) tornar-se um homem saudável não apenas na aparência, mas
verdadeiramente sadio;

b) um homem que se libertou da pobreza;

23
A Outra Face da Doença

c) um homem de paz, que odeia o conflito.

Deus resguardará aquele que for possuidor dessas três grandes


qualificações e dele se utilizará, como um ente precioso, no mundo que
vai surgir.

Certamente não há discordância entre os desígnios de Deus e os


ideais do ser humano. Portanto, haverá um caminho que possibilite
estabelecer as condições requeridas. E como poderemos obtê-las?

Nossa Igreja tem por objetivo orientar as pessoas e transmitir-


lhes a Graça Divina, de modo a criar essas condições.

25 de janeiro de 1949

24
A Outra Face da Doença

A TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO EM PARAÍSO E O


PROBLEMA REFERENTE À SAÚDE

25 de junho de 1949

Que espécie de mundo será o Paraíso Terrestre pregado pela


Igreja Messiânica Mundial? Talvez nem fosse necessário repetir, porque
já tenho me referindo ao assunto diversas vezes.

O Paraíso Terrestre é um mundo de onde foram eliminados os


três grandes sofrimentos do homem: doença, pobreza e conflito.
Evidentemente, a maior dessas calamidades é a doença. Portanto, se
Deus fosse salvar a humanidade neste momento, precisaria colocar a
solução desse problema em primeiro plano e, daí, partir para a solução
dos demais.

Que felicidade pode haver quando não se tem saúde? A ciência


ou a religião, sejam elas quais forem, que não tiverem força para
resolver o problema da doença, são desprovidas de validade, pois a
solução da pobreza e do conflito só será possível com a solução da
doença. Certamente não houve até agora nenhuma religião ou ciência
que fizessem uma proposição tão ousada como a da nossa Igreja: criar
um mundo absolutamente isento desses três males. Além do mais, sendo
esse o seu objetivo, ela não poderia fazer tal afirmativa caso não tivesse
plena convicção do que está dizendo. Se, porventura, proclamássemos
um empreendimento de tal grandeza sem estarmos absolutamente certos
de poder realizá-lo, nos equipararíamos aos grandes mistificadores ou,
então, seríamos loucos varridos.

Como dissemos, a Igreja Messiânica Mundial proclama a solução


do problema da saúde e desenvolve sua atuação tendo como prioridade a
erradicação das doenças. Para levar esse propósito ao conhecimento de
todos, sempre que possível temos publicado fatos verídicos no jornal
"Hikari" (Luz) e na revista "Tijyô-Tengoku" (Paraíso Terrestre),
editados pela Igreja. Mas as pessoas, principalmente autoridades,
cientistas e especialistas, irão, em princípio, levantar dúvidas, pois, em
25
A Outra Face da Doença

sua maioria, são milagres quase impossíveis de ocorrer. É de se


presumir, portanto, que, através de seus órgãos competentes, eles farão
uma pesquisa pormenorizada a respeito. Em conseqüência disso, haverá
até o perigo de serem levantadas questões inéditas. É o caso, pois, de se
procurar saber se as inúmeras Experiências de Fé que publicamos são
verdadeiras. Entretanto, chegando-se à conclusão de que são fatos
verídicos, sem nenhum exagero ou mentira, que aconteceria? Talvez, por
ser uma questão sem precedentes em toda a História da humanidade,
poderia criar-se uma situação nada fácil e nunca imaginada.

Mas a realidade é sempre realidade e a verdade é sempre


verdade. Nós mesmos, por que iríamos cometer a tolice de lançar-nos
voluntariamente num redemoinho que poderia gerar um problema de
gigantescas proporções? Assim, se retrocedermos um passo e
meditarmos profundamente, veremos que uma obra de tal envergadura
só poderia ser a manifestação de uma autoridade absoluta chamada
"Tempo" e reconheceremos aí o verdadeiro e grandioso amor de Deus.

Como se pode constatar pelos inúmeros relatos de graças


alcançadas, há exemplos de pessoas que, sofrendo de doenças graves,
encontravam-se no abismo do desespero, pois, apesar de se submeterem
a todos os tipos de tratamentos, não obtinham a cura. Logo, porém, que
conheceram o JOHREI, experimentaram a alegria de escapar da morte e
retornar à vida, não contendo palavras de gratidão. Como verão as
pessoas esta realidade? Se houver quem a negue ou duvide dela, é
porque não pôde sentir o problema na sua própria pele. Entretanto, caso
venha a compreender, depois de uma pesquisa aprofundada, que não há
mentira em nossas afirmações, qual deverá ser o comportamento do
homem? O certo não seria aproveitar a força da nossa Igreja e lançar-se
firmemente à solução dos sofrimentos do mundo? Se existirem criaturas
que, mesmo assim, não movam um só dedo, é porque lhes falta amor à
humanidade, ou porque as circunstâncias em que se encontram não o
permitem, ou então porque são portadoras de doenças mentais. Não há
outra maneira de encarar tal comportamento.

26
A Outra Face da Doença

Acredito que expusemos os argumentos acima sem nenhuma


reserva, mas para nós, que agimos de acordo com a Vontade Divina de
salvar o mundo, trata-se de um brado que não conseguimos conter.

25 de junho de 1949

27
A Outra Face da Doença

O MUNDO ISENTO DE DOENÇA, POBREZA E CONFLITO

15 de setembro de 1935

Qualquer pessoa dirá que um mundo sem doença, pobreza e


conflito é simplesmente utopia, não podendo existir na realidade. Nós,
porém, estamos convictos de que ele é perfeitamente viável. Mas em que
se fundamenta a eliminação desses três males? Fundamenta-se na
extinção da doença.

Suponhamos que uma pessoa adoeça. As despesas advindas da


enfermidade e o prejuízo que ela tem por não poder trabalhar vão se
acumulando com o prolongamento da doença e normalmente terminam
consumindo os bens da família. As economias obtidas com sacrifício ao
longo dos anos acabam por se esgotar, e a pessoa toma emprestado tudo
que lhe for possível, com parentes e amigos. Assim, nada mais resta do
ambiente alegre, harmonioso e estável de tempos passados.

Não são poucos os exemplos como esses na vida real, em que


muitas famílias se vêem na mais triste situação, sofrendo por causa da
doença e por problemas financeiros. Além disso, quando uma pessoa
está gravemente enferma, sua família inteira termina arcando com as
responsabilidades. Ela causa transtornos e prejuízos de grandes ou
pequenas proporções a parentes, a amigos e, dependendo das
circunstâncias, até à firma onde trabalha. Portanto, as conseqüências da
doença são desastrosas, pois o sofrimento atinge não só o próprio
doente, como também vários de seus familiares e até estranhos. Se duas
ou três pessoas ficarem doentes consecutivamente e vierem a morrer,
mesmo que se trate de família possuidora de muitos bens, ver-se-á
obrigada a mudar-se para cortiços e outros lugares menos favorecidos,
como o provam inúmeros exemplos.

As pessoas juntam dinheiro levadas por duas razões: uma delas é


a vontade de fazer fortuna; a outra é a eventualidade de despesas
médico-hospitalares, em caso de doença. A primeira razão é positiva,
enquanto que a segunda é negativa, mas todos sabem que os negativistas
28
A Outra Face da Doença

são bem mais numerosos. Se afirmarmos, portanto, que a principal causa


da pobreza é a doença, ninguém poderá negá-lo. Com relação ao
conflito, seja entre países, seja entre pessoas, a maioria é motivada por
razões de ordem econômica. Assim, se queremos eliminar a doença, a
pobreza e o conflito, devemos solucionar primeiro a raiz do problema,
que é a doença. Essa é a ordem correta. Pessoas livres de doenças: eis a
questão principal. É a única forma de salvação: não existe outra. E só há
uma força capaz de concretizá-la: o PODER KANNON. Por isso, nem
mesmo Cristo ou Sakyamuni conceberam obra tão maravilhosa.
Podemos afirmar que as pessoas que conseguirem nela acreditar serão
felizes como jamais existiu alguém até hoje.

15 de setembro de 1935

29
A Outra Face da Doença

OS DESCRENTES E OS CRENTES

20 de março de 1949

Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que, com a expressão


"crentes", queremos nos referir aos que professam a nossa religião, e não
a praticantes de outras religiões.

Sem retroceder ao passado, mas observando, de maneira objetiva,


as pessoas que vivem no mundo atual, chegamos à conclusão de que a
expressão "pobres ovelhas", usada por Cristo, é bem adequada.
Pensemos: quantas criaturas vivem realmente sem qualquer
preocupação? Certamente nenhuma. Entre as preocupações que afligem
o homem, a que se poderia colocar em primeiro plano é a doença.
Ninguém sabe quando será acometido por alguma enfermidade. Pode ser
que fiquemos gripados daqui a uma hora; pode ser, inclusive, que a gripe
se agrave em pneumonia ou seja o início de uma tuberculose. É possível
que esta noite tenhamos uma crise de apendicite e acabemos nos
contorcendo em dores agudas, ou que, de uma hora para outra,
venhamos a contrair tifo ou alguma doença de origem desconhecida.
Quem tem filhos, corre o risco de vê-los acometidos por epidemias,
como difteria ou meningite, por exemplo, e em poucos dias ver as suas
vidas ceifadas. As pessoas de idade, por sua vez, podem a qualquer
momento viver a tragédia de um derrame cerebral que lhes paralise
metade do corpo, prendendo-as ao leito durante anos a fio. É possível,
também, que algum de nossos familiares contraia uma moléstia infecto-
contagiosa e tenha de ficar internado em isolamento.

Mas as coisas não param aí. Da maneira como são altas as


despesas médico-hospitalares, não se sabe quanto se gastará com
tratamentos e internação. Se a doença for debelada em pouco tempo,
ainda bem; todavia, se o tratamento for prolongado, as economias feitas
com sacrifício, ao longo dos anos, serão totalmente consumidas. Pode
mesmo acontecer que, embora recupere a saúde, a pessoa seja despedida
do emprego e termine perambulando pelas ruas. Conseguindo ter a vida
salva, ela ainda pode trabalhar e se reerguer, mas se, por um golpe de
30
A Outra Face da Doença

azar, ficar inválida ou acabar falecendo, que acontecerá? Tratando-se de


um chefe de família, como irão sobreviver seus familiares? Ele próprio
deixará inacabados seus empreendimentos ou seu trabalho. Ora, é
realmente lamentável que um homem, no auge da vida, tenha que deixar
este mundo; é insuportável ver cortados os laços de amor e afeto que o
unem à esposa e aos filhos. E qual chefe de família poderá garantir que
tal situação não se lhe apresente de um momento para outro? Quando
pensamos em circunstâncias desse tipo, sentimos que o medo com
relação às doenças pesa como chumbo, e continuamente, sobre todas as
pessoas, sem exceção de ninguém.

Se a vida é tão terrível como dizemos, se não podemos nos livrar


da intranqüilidade, é como afirmou Sakyamuni: "Este mundo é um
purgatório, um mundo de dor, e o homem não pode escapar destes
quatro sofrimentos: nascimento, doença, velhice e morte; não há outro
jeito a não ser ele se resignar e suportar essas condições. Isso é o que
chamamos "Iluminação."

Diante de semelhante quadro, não haveria salvação maior que o


aparecimento de uma religião capaz de libertar o homem, totalmente, da
angústia da doença. Entretanto, quem ouvir falar pela primeira vez sobre
o aparecimento de uma religião dessa natureza, dirá: "Como pode haver
tamanha tolice neste mundo? A cabeça da pessoa que diz isso não deve
estar funcionando bem". Provavelmente essa pessoa seria considerada
como estando a um passo da loucura. Mas, creiam, apareceu uma
religião com o poder que dissemos. Os leitores poderão duvidar uma
vez, duas vezes, ou até negar. Mas, se souberem que se trata de uma
verdade, que farão? O rebuliço seria tal que ultrapassaria os moldes de
um grande acontecimento, provocando, sem a menor dúvida, a maior
sensação no mundo inteiro.

Vou falar aqui, de maneira bem simples, sobre a Fé Messiânica e


a doença. As pessoas que tiverem compreendido a verdadeira natureza
da fé através desta religião ficarão completamente despreocupadas em
relação às enfermidades. E não é só isso. Esclarecidas sobre a origem da
doença, ao invés de temor, sentirão até alegria, cientes de que ela é uma
31
A Outra Face da Doença

ação fisiológica natural para aumentar a saúde, constituindo uma grande


bênção de Deus.

Além da doença, existem várias outras causas de infelicidade.


Exemplifiquemos. Na vida moderna temos um estreito relacionamento
com os meios de transporte, dos quais não podemos prescindir;
inclusive, dependendo de suas atividades, muitas pessoas os ocupam a
maior parte da sua vida. Como é do conhecimento de todos, não pode
ser menosprezada a preocupação com acidentes e com os danos que
deles decorrem. Além disso, temos os acidentes provocados pelas
máquinas, nas indústrias, os incêndios, os prejuízos causados por
assaltantes e, mais raras, porém sérias, as inundações e os terremotos.

A vida moderna está, portanto, cercada de muitos perigos como


enfermidades ou desastres, os quais não sabemos quando irão nos atacar.
Pensando nisso, não podemos sentirmo-nos tranqüilos um instante
sequer. Em face dessa situação, os órgãos governamentais e civis têm
tomado medidas de defesa, tais como seguros de saúde, seguros contra
acidentes e desemprego, sistema de poupança e instalações assistenciais.
Entretanto, medidas de ordem material como essas não garantem a
tranqüilidade além de certo limite. Apenas um seguro abstrato, isto é, o
seguro proporcionado por Deus, é que nos pode assegurar a
tranqüilidade absoluta. O homem moderno, no entanto, vive num
dilema: vê que as medidas materiais não lhe proporcionam uma vida
tranqüila, mas dificilmente aceita o conceito de força abstrata ou seguro
proporcionado por Deus. Sendo assim, ele não passa de uma pobre
ovelha.

Para nós, que professamos a Fé Messiânica, é realmente


insuportável ver a situação aflitiva e insegura dos descrentes, os quais
vivem como ervas flutuantes, sem ter onde firmar-se. É como se nos
dirigíssemos a uma pessoa que tenta controlar um pequeno barco em
alto mar e a convidássemos para embarcar num transatlântico, mas essa
pessoa só ficasse a fitar o seu próprio barco e não conseguisse notar a
existência da embarcação de grande porte. Assim, embora convidemos

32
A Outra Face da Doença

os descrentes a ingressarem em nossa Fé, eles não conseguem sair das


trevas da negação.

Admitimos que seja difícil acreditar numa força de salvação tão


grandiosa, pois trata-se de algo inédito na História da humanidade.
Contudo, só pelo fato de ter surgido essa extraordinária salvação, as
pessoas devem se conscientizar de que, sem a menor sombra de dúvida,
está bem próximo o advento do Paraíso Terrestre, mundo absolutamente
isento de doença, pobreza e conflito.

20 de março de 1949

33
A Outra Face da Doença

A VERDADE SOBRE A SAÚDE

20 de abril de 1950

Para explanar sobre o assunto, devo dizer inicialmente que a


verdade, em matéria de saúde, está na adaptação e no respeito à
Natureza. Essa é a condição fundamental.

Antes de mais nada, deve-se pensar: com que objetivo Deus criou
o homem? Segundo nossa interpretação, foi para construir um mundo
perfeito, de Verdade, Bem e Belo. É de se esperar, entretanto, que uma
teoria como essa não seja aceita com muita facilidade. Evidentemente,
não se sabe se levará dezenas, centenas, milhares ou até milhões de anos
para se concretizar o mundo ideal. Todavia, observando os fatos do
passado, vemos claramente que o mundo vem caminhando passo a passo
neste sentido; ninguém poderá negá-lo. Deus é o espírito, e o homem é a
matéria; ambos, o espírito e a matéria, em trabalho conjunto, estão em
infinita evolução, tornando-se desnecessário dizer que o homem existe
como instrumento de Deus para a construção do Mundo Perfeito.
Conseqüentemente, sua responsabilidade é enorme.

A condição fundamental para a execução dessa obra grandiosa é


a saúde. Deus atribuiu uma missão a cada pessoa, concedendo-lhe,
logicamente, a saúde necessária para cumpri-la. Com efeito, se o homem
estiver doente, significa que o sagrado objetivo de Deus não será
alcançado. Tomando este princípio por base, concluiremos que a saúde é
inerente ao homem, devendo ser o seu estado normal. O estranho é as
pessoas serem acometidas de doenças com tanta facilidade, ou seja,
ficarem em estado anormal. Sendo assim, apreender claramente os
princípios da saúde e fazer o homem retornar ao estado normal está
coerente com o objetivo de Deus.

Mas o que descobrimos ao examinar o corpo humano em estado


anormal? Em primeiro lugar ressalta que ele está em desacordo com a
Natureza; perceber a real situação desse estado antinatural, corrigi-lo,
fazendo voltar à normalidade, é a verdadeira Medicina. E mais: tornar
34
A Outra Face da Doença

possível esse retorno é a forma existencial da correta Medicina. Passarei,


portanto, a explicar o que vem a ser o estado antinatural.

Quando nasce, o homem alimenta-se com o leite materno ou com


leite animal, pois ainda não tem dentes, e seu aparelho digestivo, recém-
formado, é muito frágil. Gradualmente, porém, nascem-lhe os dentes, e,
à medida que suas funções orgânicas se desenvolvem, ele começa a
ingerir uma alimentação adequada. Existe uma variedade de alimentos,
cada um com sabor característico, sendo que o homem é dotado de
paladar para comê-los com prazer. Além disso, o ar, o fogo e a água
existem em proporções adequadas à saúde, de modo que tudo está
ordenado de maneira realmente perfeita. Quanto ao corpo humano,
vejamos: do cérebro nascem a razão, a memória e o sentimento; os
objetos são criados com as mãos; a locomoção é feita livremente, por
meio dos pés, e o corpo está provido de partes muito necessárias, como
cabelos, pele, unhas, olhos, nariz, boca, ouvidos, etc. Acrescente-se a
isso que o corpo todo, a começar pela face, está recoberto de pele, que
ressalta sua beleza. Um rápido exame já evidencia que o ser humano é
uma obra maravilhosa; analisando-o mais profundamente, concluiremos
que ele é um milagre da Criação, difícil de se expressar com palavras.

As flores, as folhas, a beleza dos rios e das montanhas, os


pássaros, os insetos, os peixes e outros animais não podem deixar de ser
admirados como obras extraordinárias da Arte Divina, mas o homem é,
inegavelmente, a obra-prima do Criador. Principalmente no que se refere
ao processo de procriação, como preservação da espécie, a Providência é
tão hábil, que não encontramos palavras para exprimir sua perfeição.
Ora, sendo o homem a obra máxima de Deus, devemos pensar, séria e
profundamente, que erros, que ações antinaturais estamos cometendo
para a ocorrência das anormalidades chamadas doenças, as quais
impedem suas atividades. Homens, eis um ponto importantíssimo, sobre
o qual devem fazer uma profunda reflexão.

20 de abril de 1950

35
A Outra Face da Doença

O HOMEM É UM POÇO DE SAÚDE

20 de abril de 1950

Costuma-se dizer, desde a Antigüidade, que o homem é um poço


de doenças, mas a expressão está completamente errada. Corrigindo-a,
diremos que ele é um poço de saúde. Como já expliquei anteriormente, o
homem é saudável por natureza. Acontece, porém, que, na atualidade, a
doença é sua companheira, sendo isso considerado problema insolúvel, o
que levou muitos a se conformarem, aceitando o fato como
predestinação. Com efeito, uma vez a pessoa acometida pela doença, sua
cura torna-se difícil. Às vezes se adoece por um longo período, ou então
com freqüência: há mesmo quem passe mais tempo doente do que com
saúde. Justifica-se, pois, dizer que o homem é um poço de doenças; aliás
a expressão deve ter surgido devido ao prolongamento de tal situação.
Isso aconteceu porque ainda não se conhecia a natureza da doença,
tornando-se compreensível que tanto esta como a morte fossem
inevitáveis. Foi por essa razão que Sakyamuni afirmou: "O homem tem
de se resignar com o sofrimento do nascimento, da doença, da velhice e
da morte."

Falarei, agora, sobre a antinatureza, que é a fonte da doença.

Quando adoece, o homem utiliza os medicamentos como se


fossem o único recurso, e aí já está o erro. Na medicina chinesa, os
remédios são extraídos das raízes das plantas ou das cascas das árvores;
quanto à medicina ocidental, busca seus produtos nos minerais, nas
plantas ou em outras fontes. Tudo isso é fundamentalmente antinatural.
Pensem bem: as substâncias assim obtidas possuem sabor amargo, odor
desagradável, acidez, etc., que invariavelmente provocam aversão. A
conhecida expressão "tirar da boca o gosto de remédio" ilustra bem o
fato. Mas por que é tão desagradável tomar remédios? A resposta é a
seguinte: Deus está mostrando que não se deve tomá-los, porque eles são
tóxicos. Quanto aos alimentos, todos são produzidos de maneira que
agradem ao paladar do homem; ingeri-los, portanto, é uma ação natural.

36
A Outra Face da Doença

Costuma-se dizer que determinados alimentos são nutritivos e


que outros não o são, mas isso também é um erro. Apesar de existir
alguma diferença, dependendo do clima e das características da região,
todos os alimentos são produzidos de maneira adequada às pessoas aí
nascidas. Os indivíduos de raça amarela alimentam-se de arroz, e os de
raça branca, de trigo; da mesma forma, como o Japão é um arquipélago,
significa que seu povo deve comer bastante peixe, não havendo,
também, nenhuma inconveniência em que as pessoas do continente
comam carne. Pelo mesmo raciocínio, as refeições dos agricultores, à
base de vegetais, estão de acordo com a Natureza. O fato deles
suportarem o trabalho braçal contínuo mostra a adequação da
alimentação vegetariana. Desconhecendo esse princípio, a dietética está
se empenhando, atualmente, para que os agricultores comam peixe;
entretanto, se eles assim fizerem, resultará na diminuição da sua
capacidade produtiva. Por outro lado, devido às refeições à base de
peixe, os pescadores não suportam trabalho contínuo e por isso
trabalham de maneira intermitente. Além disso, esse tipo de alimentação
ajuda a aguçar a sensibilidade; portanto, é apropriado à atividade da
pesca, donde se conclui que a Natureza é realmente perfeita.

20 de abril de 1950

37
A Outra Face da Doença

A VERDADEIRA SAÚDE E A SAÚDE APARENTE

5 de fevereiro de 1947

Podemos afirmar que a humanidade, ou, pelo menos, a maioria


dos povos civilizados, são doentes. A diferença está apenas em doença
manifesta e não-manifesta. Pessoas doentes são aquelas em quem a
doença já se manifestou; pessoas consideradas sadias, aquelas em quem
a doença está para se manifestar. Torna-se desnecessária qualquer
explicação sobre as primeiras; limitar-me-ei, portanto, a estas últimas.

Como já expliquei, as pessoas que estão por adoecer são aquelas


em quem ainda não foi iniciada a ação purificadora dos nódulos
formados pelas toxinas. Assim, a verdadeira saúde é a dos portadores de
corpos físicos totalmente livres de toxinas; neles, conseqüentemente, não
ocorre purificação. Há pessoas, entretanto, que, embora tenham toxinas
acumuladas, ainda conseguem manter a saúde e desempenhar suas
atividades diárias, agüentando trabalhos físicos; aos olhos de qualquer
um, parecem saudáveis. Visto que, através dos exames feitos pela
medicina atual, é difícil descobrir a presença das toxinas, tais pessoas
são consideradas sadias. A elas eu denomino "pessoas de saúde
aparente". Fico, pois, apreensivo ao pensar no grande número de
portadores de "bombas que estão dançando no palco da vida.

Fala-se, desde os tempos antigos, que o homem é um poço de


doenças, mas essa expressão refere-se exatamente à saúde aparente.

5 de fevereiro de 1947

38
A Outra Face da Doença

COMO TORNAR AS CRIANÇAS SAUDÁVEIS

14 de março de 1951

As crianças de hoje têm saúde muito precária. É desencorajador


verificar, em toda parte, o grande número de crianças magras e pálidas.
Até pouco tempo, isso só ocorria na cidade, mas ultimamente vem se
observando a mesma tendência no interior. Em certa vila do Estado de
Nagano constatou-se, após exame de saúde, que, entre cem alunos da
escola primária, oitenta e um apresentavam suspeitas de tuberculose
pulmonar. De vez em quando aparecem notícias semelhantes nos
jornais. Tomando conhecimento de tais ocorrências, qualquer pessoa
achará estranho, pois hoje o progresso da Medicina atinge até mesmo as
vilas do interior. E o que torna mais grave o problema é que se
desconhece totalmente a sua verdadeira causa.

O fato que expusemos acima só pode ser decorrente da higiene e


nutrição erradas. Atualmente, acreditando-se que é bom fazer tudo à
moda do Ocidente, dá-se às crianças japonesas o mesmo tratamento
dispensado às ocidentais. Isso constitui um grande erro, porque, na
realidade, os japoneses e os ocidentais são essencialmente diferentes.
Essa educação errada limitava-se às grandes cidades, mas parece que nos
últimos tempos vem se adotando no interior o sistema educacional
urbano. A falha está em desprezar a Natureza e atribuir pouca
importância ao leite materno, como acontece no Ocidente, dando às
crianças leite de vaca em excesso, dispensando-lhes cuidados
exagerados, fazendo-as ingerir remédios em demasia e aplicando-lhes
injeções inadequadas. Isso, ainda que teoricamente esteja correto, na
verdade acaba enfraquecendo o corpo. Para os ocidentais não há
problema, pois foram criados dessa maneira desde os seus ancestrais;
com relação aos japoneses, entretanto, a mudança brusca é nociva. Para
eles, o melhor método de criação é o japonês, empregado desde a
Antigüidade; caso não seja possível aplicá-lo, a mudança deve ser feita
gradativamente. Os fatos reais são bem ilustrativos. Parece-me que as
crianças de alguns anos atrás, quando a Medicina ainda não havia
alcançado o progresso atual, eram muito mais saudáveis.
39
A Outra Face da Doença

Vou agora expor a forma correta de criar os filhos. A mãe, na


medida do possível, deve trabalhar até o mês do parto; deve amamentar
seu filho, restringindo o leite de vaca aos casos imprescindíveis; não
deve temer que ele fique gripado; deve fazer tudo de acordo com a
Natureza, isto é, deixar a criança à vontade, não lhe colocando cinteiro,
evitando o máximo possível o uso de medicamentos, etc. Em suma,
basta reconhecer a grande verdade de que o homem foi feito para crescer
naturalmente, com saúde. Por conseguinte, é evidente que quanto mais
cuidados a criança receber, mais fraca ela se tornará. Sem se deixar
influenciar pela moda, os pais devem criar seus filhos de acordo com o
método que lhes foi legado pelos seus antepassados, levando em conta
apenas os pontos positivos do progresso da era moderna, as práticas
realmente boas, e não as teorias. Nesse particular, queremos pedir
profunda reflexão às autoridades e aos especialistas no assunto.

14 de março de 1951

40
A Outra Face da Doença

MÉTODO PARA QUALQUER PESSOA ENGORDAR

10 de janeiro de 1951

Acredito que muitas pessoas magras de nascença estão frustradas


por não conseguirem engordar, apesar de haverem tentado vários
métodos. Há mulheres que, embora sejam muito bonitas de rosto, não
conseguem fazer sobressair sua beleza natural, por serem
excessivamente magras. Quando vejo mulheres assim, fico com muita
pena, imaginando como seriam belas se fossem um pouco mais gordas.
Provavelmente todos conhecem casos semelhantes. Também observo
crianças magrinhas e raquíticas cujos pais, na tentativa de engordá-las,
obrigam-nas a ingerir vários alimentos e vitaminas, como leite e óleo de
fígado de bacalhau, mas não obtêm os resultados desejados.
Provavelmente há muitos pais angustiados com esse problema.

Existe, porém, um método infalível para se ganhar peso e, ao


mesmo tempo, melhorar a cor das faces. Não é realmente motivo de
alegria? Portanto, vou ensinar esse método.

Examinando-se os ombros das pessoas magras, vemos que eles


são rijos como pedras e têm sempre uma ligeira febre: isso provoca
perda de apetite e desgaste das células. À medida que, através do
JOHREI, os ombros vão amolecendo, o apetite aumenta e, assim, a
pessoa começa a engordar. Dessa forma, a salvação de Deus não só
torna as pessoas mais saudáveis como também mais bonitas. Se isso
chegar ao conhecimento de todos, acontecerá um fato muito auspicioso:
aumentará cada vez mais o número de criaturas belas. É claro que as
crianças saudáveis também serão mais numerosas e, desse modo, os pais
se sentirão imensamente felizes.

10 de janeiro de 1951

41
A Outra Face da Doença

MÉTODO PARA A MULHER SE TORNAR MAIS BELA

3 de setembro de 1949

A beleza feminina pode ser classificada em três grandes tipos:


artificial, natural e sensível. Beleza artificial é a que se obtém
artificialmente, através do uso de cosméticos. A beleza natural é
decorrente da saúde; nesse caso, a pessoa é corada e tem muita
vivacidade. Beleza sensível é a beleza de coração; ela atrai o nosso
respeito e estima, e não podemos deixar de ter afeição pela pessoa.
Atualmente, as mulheres procuram mostrar-se mais belas usando
cosméticos em profusão, como pó de arroz, "rouge", batom, etc; agem
assim porque se esquecem de que há outras maneiras de ficarem bonitas,
além da artificial.

Existe um método para a mulher se tornar realmente bela sem


precisar dos cosméticos caríssimos que vem usando hoje em dia. Trata-
se da purificação do sangue, através da qual se obtém a beleza saudável,
que é a verdadeira beleza.

Muitas mulheres da atualidade apresentam pele enrugada, sem


brilho, sem vida, como a das pessoas idosas, e, além disso, com uma
coloração azulada, dando a impressão de estar inchada. Isso é uma
conseqüência da larga utilização de remédios. Na tentativa de esconder
tais imperfeições, elas usam cosméticos indiscriminadamente. É
evidente, porém, que, se os seus corações não forem belos, não se
poderá dizer que a sua beleza seja verdadeira. Aí se nota a importância
da fé. A prova é que as pessoas que ingressam em nossa Igreja
adquirem, com o passar do tempo, uma beleza que as torna, às vezes,
irreconhecíveis.

3 de setembro de 1949

42
A Outra Face da Doença

MEDICINA DESPORTIVA

5 de fevereiro de 1947

Por que será que os desportistas, apesar de sua excelente forma


física e de sua resistência, têm vida relativamente curta? Isso constitui
um mistério até mesmo para a Medicina, mas agora iremos decifrá-lo.

Embora existam vários tipos de esporte, a maioria das pessoas


restringe-se à prática de apenas um. No caso de o praticarem
constantemente, fazendo sempre os mesmos movimentos, as toxinas
existentes em seu corpo aglomeram-se e solidificam-se nos pontos onde
se concentra o esforço físico. Com o tempo, começa a ação purificadora.
Nos desportistas, as toxinas estão mais solidificadas; portanto, o
processo de purificação é persistente, o que torna difícil a cura. Baseado
na minha experiência, posso dizer que os atletas de natação possuem
toxinas acumuladas num dos ombros, formando um nódulo
protuberante. Quando ocorre o processo purificador, aparecem-lhes
sintomas semelhantes aos da tuberculose, e por isso, na maioria das
vezes, os médicos diagnosticam essa doença. Assim se explica a
incidência de tantos casos de tuberculose entre esses atletas. Por outro
lado, os praticantes de golfe contraem moléstias renais com muita
facilidade, porque fazem esforço nos quadris, provocando o acúmulo de
toxinas na altura dos rins. Além do mais, ninguém desconhece a
hipertrofia do coração dos corredores de maratona.

A meu ver, do ponto de vista da saúde, os desportistas deveriam


praticar dois ou mais esportes. Mas o problema não se restringe aos
desportistas. Os músicos também precisam tomar cuidado, pois há
possibilidade de contraírem doenças devido à unilateralidade dos
movimentos que executam. No caso dos pianistas, as toxinas tendem a
se solidificar na região torácica, pois o esforço se concentra em ambos
os braços, tal como o dos violinistas se concentra nos ombros, o dos
violoncelistas no ombro esquerdo e quadris, etc. Os músicos não
deveriam menosprezar tais fatos, procurando fazer outros tipos de
exercícios, para conseguirem o equilíbrio.
43
A Outra Face da Doença

5 de fevereiro de 1947

44
A Outra Face da Doença

A BEBIDA E A RELIGIÃO

5 de setembro de 1948

Há um estreito relacionamento entre bebida e Religião, mas


parece que pouca gente tem conhecimento disso. Passarei, em seguida, a
tecer considerações sobre o assunto.

A bebida ingerida em quantidade normal dispensa comentários,


mas o hábito de beber em demasia é causado por um fator de ordem
espiritual. Os espíritos de "Tengu" 1, texugo e, mais raramente, o espírito
de dragão, que apreciam muito a bebida, instalam-se no ventre dos
beberrões e, como absorvem a energia da bebida, a quantidade desta
reduz-se a uma fração da que foi ingerida. É comum dizer-se que
ninguém consegue beber um garrafão (1,8 litro) de água, mas há quem
consiga tomar a mesma medida de saquê, como se houvesse esponjas em
seu ventre.

Quando um indivíduo se embebeda e põe-se a esbanjar


argumentos e críticas, tornando-se arrogante, está dominado por espírito
de "Tengu". Quando fica alegre, dando gargalhadas, e, em seguida,
mostra-se sonolento, é por influência do espírito de texugo. O espírito de
dragão, por sua vez, costuma fazer com que a pessoa fique de olhar
alterado e comece a importunar insistentemente os que estão à sua volta.
De maneira geral, observando-se a fisionomia dos bêbados, poder-se-á
notar que apresentam jeito de "Tengu" ou rosto de texugo; tratando-se
do encosto de espírito de dragão, animal cuja imagem conhecemos
através de desenhos e esculturas, os indivíduos são magros, de olhos
fundos, ossos da face salientes e testa angular. Há, ainda, o caso de
pessoas que, quando bebem, perdem a razão e tomam atitudes violentas,
típicas de certos portadores de anormalidade mental. Geralmente, são
pessoas que, em outra vida, tiveram suas células cerebrais danificadas
pelo excesso de bebida. Devido a isso, elas são possuídas por espírito de

1Ser misterioso que, segundo a crença popular, habita as montanhas. Tem forma humana,
asas rosto vermelho e nariz comprido, sendo possuidor de poderes extraordinários. Porta
sempre um grande leque. É orgulhoso e amante de discussão e jogo.

45
A Outra Face da Doença

animais; os tipos perversos tornam-se violentos e causam transtornos


àqueles que os rodeiam.

Assim, o hábito de beber demais deve ser corrigido, pois, como


todos sabem, a pessoa não só prejudica a si própria, mas também é
motivo de constante sofrimento para os seus familiares, destruindo a
harmonia do lar e causando transtornos à sociedade; seu fim geralmente
é muito triste. Por outro lado, por mais que o indivíduo tente corrigir-se,
não o consegue, porque a causa do problema está no hóspede invisível
que habita o seu ventre. Torna-se, então, evidente que, para corrigir o
vício da bebida, deve-se utilizar o método espiritual, pois só através da
Religião é possível alcançar tal objetivo. Entretanto, parece que
pouquíssimas religiões têm esse poder; aliás, o método empregado por
elas - abstinência pelo rígido autocontrole - torna-se muito penoso, de
modo que não é o mais aconselhável.

Talvez achem que se trata de auto-elogio, mas a Igreja


Messiânica Mundial não recomenda absolutamente abstinência nem
redução da bebida. Se a pessoa quiser beber, pode fazê-lo à vontade. A
princípio, os que têm esse vício ficam contentes, mas, com o tempo,
costumam dizer que pouco a pouco passaram a achar um gosto ruim nas
bebidas, embriagando-se mesmo com doses pequenas; por fim, não
conseguem beber mais do que a quantidade normal.

Há inúmeros exemplos semelhantes em nossa Igreja. A


explicação é que o espírito do animal alojado no ventre da pessoa se
enfraquece ao receber a Luz de Deus e, conseqüentemente, ela começa a
beber menos. Assim, seja qual for a religião, se ela possui o esplendor da
Luz Divina, conseguirá eliminar os beberrões do seu quadro de fiéis.

46
A Outra Face da Doença

MEU MÉTODO DE SAÚDE

20 de abril de 1950
Este ano completo sessenta e sete anos, mas tenho um vigor que
supera o dos jovens. Como estou desbravando terras, subo morros
constantemente e, sempre que isso acontece, sou eu quem deve diminuir
a marcha, porque os jovens não conseguem me acompanhar. Muitas
vezes eles dizem: "Meishu-Sama, o senhor deve estar cansado!" Em
verdade eu não estou, de modo que fico sem saber o que dizer.

Costumo dormir às duas e meia ou três da madrugada e acordo


sempre às sete ou sete e meia da manhã; durmo, portanto, cerca de
quatro horas ou quatro horas e meia por dia. Em relação ao trabalho,
como as pessoas íntimas bem o sabem, realizo a tarefa de umas dez
pessoas, e parece que os jovens se vêem embaraçados por não poderem
seguir meu ritmo. Quanto a isso, porém, não posso fazer outra coisa a
não ser pedir-lhes paciência.

Tenho um método próprio para manter a saúde, mas ele é


justamente o contrário do método que se adota normalmente. Por esse
motivo gostaria de ensiná-lo ao maior número possível de pessoas, como
ponto de referência.

Para a preservação da saúde, a medicina moderna recomenda, em


primeiro lugar, que as pessoas não se excedam, que repousem bastante,
alimentem-se bem, mastiguem demoradamente a comida, não usem
demasiadamente a cabeça, etc. Meu método é exatamente o oposto. Em
primeiro lugar, recomendo a prática de excessos, porque, dessa maneira,
mais saúde se terá. Entretanto, até certo ponto tenho evitado exceder-me
muito, pois isso me é penoso. Quanto ao sono, há diferenças de acordo
com a idade; na minha faixa etária, dormir quatro ou cinco horas é o
bastante. Com referência à alimentação, sempre me preocupo com os
excessos. Isso porque recebo tantos alimentos que procuro comer pelo
menos um pouco de cada um, uma vez que essas oferendas representam
o amor dos fiéis. Posso dizer, portanto, que sou um bom garfo. Para
contrabalançar, costumo comer batata-doce após o desjejum; antes de
47
A Outra Face da Doença

dormir, como "chazuke" 2 e nunca dispenso uma tigela de "oshiruko" 3.


Entre os alimentos, existem os positivos e os negativos, e não é bom
pender para um lado nem para o outro. Os negativos são os vegetais; os
positivos são as carnes, entre as quais, a de peixe. A pessoa deve
controlá-los, para manter o equilíbrio. Tenho observado a proporção de
setenta por cento de negativo e trinta de positivo pela manhã, meio a
meio no almoço e setenta por cento de positivo e trinta de negativo à
noite. Entre os picles japoneses também há os positivos e os negativos
Os negativos são os verdes, e os positivos, os brancos, como o nabo, por
exemplo; procuro comê-los na proporção de meio a meio.

Costumo não mastigar muito, para não enfraquecer o estômago.


Outra coisa: não descanso após as refeições. Quando acabo de comer,
levanto-me e começo a trabalhar. Esse é um método de fortalecimento
do estômago. Graças a ele, fiquei curado do meu problema estomacal.
Também não determino a quantidade dos alimentos. Meu regime
alimentar consiste em comer o que quero na hora e na quantidade que
desejar. Entretanto, como na vida real não posso me dar a tais caprichos,
não o tenho seguido à risca.

Outro princípio fora do comum: uso a cabeça o máximo possível.


Trata-se de um método para preservar a saúde, e as pessoas que o
seguem gozam de longevidade. Entretanto, encher a cabeça de
preocupações é prejudicial à saúde. Ela deve ser usada alegre e
descontraidamente. Nesse ponto também podemos avaliar a importância
da fé. Quem tem fé, entrega as preocupações nas mãos de Deus, e,
assim, a maior parte delas acaba desaparecendo. Em outras palavras,
significa dividir a carga com Deus. É um procedimento impertinente,
mas Ele fica até contente com impertinências desse tipo.

Há muito tempo faço caminhadas pelo menos uma vez por dia.
Tenho feito isso mesmo em dias de chuva ou de ventania, andando o
máximo que posso. Tomo cerca de três cálices de saquê; de cerveja, um

2 Tigela de arroz embebido em chá.


3 Tigela de caldo doce, feito à base de feijão.
48
A Outra Face da Doença

copo. Quanto ao cigarro, fumo a quantidade normal 4.

Eis o meu método de saúde. Evidentemente nem me preocupo


com bactérias. Poderão achar que se trata de um procedimento um tanto
descuidado, mas afirmo que este é o verdadeiro método para preservar a
saúde. Qualquer pessoa que venha a praticá-lo terá a saúde garantida;
jamais se tornará o tipo intelectual de rosto pálido.

20 de abril de 1950

4Meishu-Sama não tragava. Mas deleitava-se com a fragrância do cigarro. Fumava quatro
ou cinco cigarros por dia.
49
A Outra Face da Doença

O QUE É A MORTE

1939

Entre as questões relacionadas à vida humana, nenhuma é tão


séria quanto o problema da morte. Todos o reconhecem; apesar disso, é
a questão mais difícil de ser compreendida. Eu cheguei a uma conclusão
a respeito da morte depois de prolongados estudos e pesquisas em todos
os campos, incluindo diversas religiões, experiências espirituais
realizadas no Ocidente, etc. Começarei minha explanação falando sobre
a constituição do homem.

O homem não é formado apenas pela matéria, ou seja, pelo corpo


físico, como afirmam os cientistas. É constituído por duas partes
essenciais: espírito (elemento fogo) e matéria. Esta, por sua vez,
compõe-se dos elementos água e terra. Entretanto, apenas com estes dois
últimos elementos o homem não atua como ser vivo. Juntando-se a eles
o espírito, sem forma definida, é que se inicia a atividade vital. O
espírito assume, então, a forma do próprio corpo da pessoa. No
momento em que ele se separa do corpo, ocorre aquilo que chamamos
morte.

E por que ocorre a separação? É porque o corpo se torna inútil,


seja por velhice, por doença, por ferimento ou por hemorragia intensa;
no instante em que isso ultrapassa certo parâmetro, entra em vigor a lei
que obriga a separação. Com a morte, imediatamente o corpo esfria, e o
sangue se coagula em determinado local. O esfriamento é decorrente da
anulação do elemento espírito, isto é, do elemento fogo.

O que acontece, então, com o espírito? Ele vai para o Mundo


Espiritual com a forma exata do corpo. A esse respeito li, há algum
tempo, o relato de uma experiência realizada no Ocidente; como se trata
de um exemplo bem ilustrativo, vou reproduzi-lo a seguir.
Certa vez, fitando um doente prestes a morrer, uma enfermeira
observou que de sua testa começou a subir uma fumaça esbranquiçada,
como se fosse vapor d'água, o qual se tornava cada vez mais denso. A
50
A Outra Face da Doença

princípio essa fumaça tomou o formato de uma elipse no espaço, mas


gradualmente foi adquirindo a forma de um corpo humano; por fim,
assumiu as mesmas características físicas da pessoa. O espírito
permanecia a uma distância de aproximadamente um metro acima do
morto e parecia querer dizer alguma coisa aos familiares que choravam à
sua volta; logo, porém, flutuando, saiu do quarto silenciosamente.

Em geral o espírito se desprende do corpo pela testa, pela região


abdominal ou pelos pés. No caso de morte por explosão,
instantaneamente ele se espalha em todas as direções, na forma de
inúmeros corpúsculos, mas torna a se reunir de maneira centrípeta,
reassumindo o formato humano; assim, não difere nem um pouco da
morte por doença.

Quando os espíritos se deslocam, por vontade própria, para


determinado local, tomam a forma esférica. É com esse formato que
muitas pessoas afirmam tê-los visto. Com relação à visão da enfermeira
de quem falamos, trata-se de uma capacidade excepcional; aliás, existem
criaturas que já nasceram com essa capacidade, e outras que a
adquiriram através de treinamento. No Japão, desde a Antigüidade
registram-se casos verídicos desse tipo, e eu mesmo já tive inúmeras
oportunidades de contatar com médiuns. Conheci uma senhora
possuidora de percepção espiritual fora do comum, a qual me foi de
grande valia nas experiências que realizei.

1939

51
A Outra Face da Doença

MORTE NATURAL E MORTE ANTINATURAL

19 de junho de 1936

O que vem a ser a morte? Obviamente, é a extinção da vida. Isso


significa que o corpo material não consegue mais viver. É como uma
árvore que seca e morre.

A morte tem várias causas, mas podemos dividi-la em dois


grupos: morte natural e antinatural. A primeira é causada pelo
esgotamento natural da vida; a segunda, por doença, assassinato,
acidente ou suicídio. O certo é que ocorra morte natural, podendo-se
dizer que a morte antinatural constitui uma anomalia.

Um fato realmente incompreensível é que, apesar do avanço da


cultura, venha diminuindo cada vez mais a morte natural e aumentando a
incidência de morte antinatural, principalmente a motivada por doença.
E por que razão, embora se registre um grande progresso em todos os
campos culturais, só na questão referente à vida humana ocorre
exatamente o inverso? Deve existir aí uma enorme falha.. Entretanto, ao
invés de levantar dúvidas, o homem, que mostra um interesse ilimitado
por outros assuntos, permanece totalmente apático, conformado,
acreditando, talvez, que na questão da morte não existem alternativas.
Tal atitude se explica pelo fato de, até agora, como todos sabem,
nenhuma religião ou ciência ter conseguido resolver o problema.
Portanto, é de se imaginar que o homem pensa em deixá-lo à mercê da
natureza, como única solução.

Mas, pensemos: Deus Todo-Poderoso criou o homem como


animal do mais elevado nível, e não há nada mais conflitante com a
Vontade Divina que o reduzido número de mortes naturais em relação às
mortes antinaturais, número esse que está diminuindo progressivamente.
Ora, se Deus é Todo-Poderoso, cedo ou tarde Ele deverá trazer o homem
de volta à sua hierarquia espiritual de origem. Evidentemente, Deus não
fechará os olhos, por muito tempo, à anomalia ocorrida com a vida
humana. Refletindo sobre tudo isso, não será motivo de espanto que
52
A Outra Face da Doença

Izunome-no-Ookami, isto é, Kanzeon Bossatsu, o Deus que recebeu do


supremo Deus a incumbência de salvar o homem, esteja prolongando a
vida humana, isto é, erradicando a morte antinatural.

Pelas razões expostas, o homem deve conscientizar-se de que


está próxima a chegada do Mundo da Divina Luz, ou seja, o mundo
isento de doenças pelo qual a humanidade vem ansiando há milênios.

19 de junho de 1936

53
A Outra Face da Doença

ANÁLISE DAS TOXINAS

1° de dezembro de 1952

O que é toxina? Em última análise, é o mesmo que sangue sujo e


mácula espiritual. As máculas se originam do pecado, e este,
naturalmente, tem origem no mal. Todos sabem que essa visão do
pecado é quase que um monopólio das religiões desde a Antigüidade;
entretanto, agir simplesmente como se tem agido até agora, dizendo que
não se deve fazer isso ou aquilo porque é pecado, já não convence as
pessoas da atualidade, pois a maioria é muito inteligente e raciocina em
termos científicos. Deve-se, portanto, basear a teoria em fatos e
argumentos sólidos.

Este mundo em que vivemos é formado pelo Mundo Espiritual e


pelo Mundo Material. Da mesma maneira, o homem é formado de
espírito e corpo, e ambos, numa relação íntima e inseparável, têm por
princípio a identidade espírito-matéria. Sendo assim, quando as máculas
do espírito se refletem no corpo, o sangue se suja; reciprocamente,
quando isso se reflete no espírito, torna-se mácula. Como este ponto é de
importância fundamental, pediria que o levassem em consideração no
decorrer da leitura.

Explicando do ponto de vista espiritual, se o homem pratica más


ações, esse pecado gera máculas no espírito; quando o acúmulo das
máculas atinge determinado nível, sobrevém a ação purificadora, na
forma de doenças, acidentes ou penalidades legais. A parte que não foi
atingida pela lei dos homens é punida espiritualmente, pela Lei de Deus.
Entretanto, como Deus é absoluto, se a pessoa escapar habilmente a
essas penalidades, o castigo se refletirá na matéria através de
sofrimentos maiores. Evidentemente, as doenças sobrevindas nesses
casos são malignas e, na sua maioria, colocam em risco a vida da pessoa.
Quanto mais cedo ocorrerem as penalidades, mais brandas serão,
podendo-se compará-las a empréstimos ou dívidas, que, quanto mais se
demora a saldá-los, mais aumentam, devido aos juros. De fato, se um
malfeitor conseguir escapar em vida aos julgamentos de Deus e do
54
A Outra Face da Doença

homem, quando morrer e o seu espírito passar para o Mundo Espiritual,


irá cair no chão do Inferno, devido ao peso dos pecados. É exatamente o
"Inferno Avíci" (reino de ilimitado sofrimento), citado no budismo, e o
"Reino do Fundo do Inferno", mencionado no xintoísmo. Trata-se de um
mundo absolutamente sem luz e calor, onde o espírito nada enxerga,
permanecendo congelado por centenas de anos; por isso, não há
malfeitor, por pior que seja, que não venha a se arrepender. Para as
pessoas da atualidade, talvez seja difícil acreditar em situações como
estas, mas gostaria que me dessem crédito, pois são fatos que me foram
transmitidos diretamente pelos espíritos, nas pesquisas por mim
realizadas, e posso garantir que não existe nenhum equívoco.

Voltando à minha explanação, em conseqüência dos pecados


começa-se a sentir peso na consciência, e esse sofrimento já é uma leve
purificação. Seria bom que nesse momento as pessoas se arrependessem,
mas isso é difícil. Assim, na maioria das vezes, os pecados tendem a se
acumular. É claro que a quantidade das máculas é proporcional à maior
ou menor gravidade dos pecados, mas há também outra maneira de criá-
las. Quando se faz alguém sofrer, a pessoa atingida se enfurece, sente
ódio por aquele que lhe causou o sofrimento, e esse ódio é transmitido,
através do elo espiritual, como ondas de rádio, ao espírito do malfeitor,
gerando-lhe máculas. Ao contrário, quando se pratica uma boa ação, as
pessoas se alegram e sua gratidão se transmite, na forma de Luz, ao
espírito do benfeitor, o que fará diminuir as máculas que o cobrem.
Entretanto, mesmo quando se trata de boas ações, quanto mais elas
forem praticadas sem que os beneficiados saibam, maiores serão as
bênçãos de Deus; essa é a inviolável Lei dos Céus.

O que acabamos de expor é o mecanismo do Mundo Espiritual.


Como representa uma verdade absoluta, a única alternativa é crer e
obedecer. Portanto, já que as doenças e outros infortúnios são
decorrentes da ação purificadora das máculas, o homem, se quiser
alcançar a felicidade, deve deixar o mal, praticar o bem e esforçar-se
para não macular seu espírito.

Passarei, agora, a falar do ponto de vista material.


55
A Outra Face da Doença

A origem da doença é o sangue sujo, que, obviamente, tem como


causa os tóxicos dos medicamentos. Todos os medicamentos, por
natureza, são tóxicos, mas durante muito tempo, por desconhecimento
dos princípios da ação purificadora, vieram sendo erroneamente
interpretados como remédios.

Baseado na minha experiência, posso afirmar que há casos de


reincidência da doença depois de algum tempo, mesmo em pessoas que
já obtiveram melhora através do JOHREI. Chamo a isso de
repurificação. O que acontece é que o JOHREI promove a eliminação
das toxinas em processo de dissolução, e com isso o doente tem uma
melhora temporária; entretanto, logo que ele retoma suas atividades, já
com vigor razoável, surge uma ação purificadora mais intensa.
Resumindo, com a purificação a pessoa ganha saúde, e com a saúde
surge a purificação. Pela repetição desse processo é que se obtém o
completo restabelecimento da saúde.

A repurificação manifesta-se relativamente intensa, através de


febre alta, tosse forte e eliminação de antigas e solidificadas toxinas em
forma de catarro, sendo isso perceptível pela densidade deste e pelo
cheiro de remédio. Obviamente alguns casos são acrescidos da perda de
apetite e do enfraquecimento do corpo, podendo, às vezes, o doente
partir para o Mundo Espiritual.

Deus fez do homem o senhor da Terra e por isso criou alimentos


suficientes para a sua subsistência, atribuindo sabor a cada um deles e,
ao homem, o paladar. Portanto, comer com satisfação aquilo que desejar
é suficiente para o ser humano manter a saúde, sem precisar preocupar-
se com assuntos complexos como nutrição. Assemelha-se ao desejo
sexual, cujo objetivo não é fazer outro homem; todavia, apesar do
objetivo ser outro, inconscientemente ocorre a procriação. Sendo assim,
o homem não deve ingerir nada que não esteja determinado como
alimento, ou seja, deve excluir tudo que é insípido ou que tem sabor
desagradável, pois essas características já definem aquilo que não é
comestível. Por desconhecimento desse princípio, costuma-se dizer,
56
A Outra Face da Doença

desde a Antigüidade, que "o bom remédio é sempre amargo", o que


constitui um flagrante equívoco.

1° de dezembro de 1952

57
A Outra Face da Doença

OS TRÊS TIPOS DE TOXINAS

5 de fevereiro de 1947

A origem de todas as doenças são as toxinas, que podem ser


hereditárias, urinárias e medicinais.

Que são toxinas hereditárias? São heranças dos tóxicos contidos


nos medicamentos; esses tóxicos, após passarem por várias gerações,
transformam-se numa espécie de toxina.

As toxinas urinárias são decorrentes da urina que não é


eliminada, em conseqüência do atrofiamento da atividade renal.

Não entrarei em detalhes sobre as toxinas medicinais, pois o


assunto já foi abordado, mas vou explicar como elas se manifestam.
Seus principais sintomas são febre, dores, coceira, diarréia, vômitos,
dormência, mal-estar, etc. A febre é proporcional à quantidade de
toxinas e pode-se até dizer que não se observa a ocorrência deste
sintoma entre pessoas que nunca tomaram remédios. Quanto às dores, as
produzidas pelos medicamentos ocidentais são mais agudas, podendo
ser, por exemplo, picantes (como picada de agulha), perfurantes e
rápidas. Já os medicamentos chineses, quase todos, produzem dores
brandas.

5 de fevereiro de 1947

58
A Outra Face da Doença

TOXINAS URINÁRIAS

1939

Já me referi várias vezes à facilidade com que as toxinas tendem


a se acumular em locais de alta concentração nervosa. Quando faz
esforço físico, o homem força a região dos quadris, o que provoca a
acumulação de toxinas à altura dos rins. Uma prova disso é a alta
incidência de problemas renais entre os praticantes de golfe. As toxinas
acumuladas pressionam os rins, atrofiando-os. Se os rins normais
conseguem eliminar, por exemplo, dez unidades de urina, os atrofiados
eliminam nove, sendo que uma unidade permanece no organismo sem
ser eliminada. Essa unidade de urina retida constitui a toxina urinária, a
qual tende a se acumular, da mesma forma que as outras toxinas, em
locais de alta concentração nervosa, como na região dos rins e da
barriga, nos gânglios linfáticos da região das virilhas, no peritônio, nos
ombros, no pescoço, etc. O maior acúmulo de toxinas no lado esquerdo
ou direito depende do maior atrofiamento de um dos rins em relação ao
outro.

A quantidade de resíduos das toxinas hereditárias é limitada, e a


das toxinas medicinais também se restringe ao uso dos medicamentos.
As toxinas urinárias, porém, são produzidas, dia e noite,
ininterruptamente; portanto, são as que causam maiores problemas.
Essas três toxinas são responsáveis por todas as doenças.

1939

59
A Outra Face da Doença

A CAUSA DO PECADO ESTÁ NOS MEDICAMENTOS

6 de fevereiro de 1952

Provavelmente o título deste artigo cause muito espanto, pois


nem em sonho as pessoas poderiam imaginar que haja relação entre o
pecado e os medicamentos. Entretanto, por incrível que pareça, há
bastante relação. Vou explicá-la.

Sempre digo que remédio é veneno. Quando ele é introduzido no


corpo, suja o sangue; sujando-se o sangue, o espírito se macula; como
seu espírito está maculado, a pessoa sente-se irritada. Isso é perigoso,
pois, quando ficamos irritados, esbravejamos com facilidade, o que
acaba resultando em conflito. Se estamos de bom humor, ainda que
sejamos provocados, as coisas se ajeitam entre risos; ao contrário, se
estamos mal-humorados, estouramos pelos motivos mais insignificantes.
Dessa maneira, o homem depende do seu estado de espírito para tornar-
se alegre ou triste. Não podemos menosprezar tal aspecto, pois ele
também tem grande relação com a sorte ou o azar. No relacionamento
diário entre as pessoas, não há nada mais importante que os sentimentos,
pois deles pode resultar a separação de um casal, brigas familiares,
atritos entre namorados, perda de emprego e até casos piores. Ninguém
desconhece, também, a grande influência dos sentimentos sobre a
confiança dos superiores em seus subordinados, nas empresas ou
repartições públicas, ou sobre o bom relacionamento entre colegas de
serviço, a preferência dos fregueses por determinado comerciante, o
desempenho de um técnico, o êxito nos estudos, etc. Essas situações são
habituais, mas, com o seu aumento, pode haver conseqüências graves.

Muitas pessoas comuns, que não passaram por suficiente


aprimoramento, acabam procurando estimulantes na tentativa de
disfarçar sua irritação. Os mais freqüentes são a bebida e o jogo.
Ultimamente, a moda das corridas de cavalos, da loteria e outras podem
ser explicadas dessa forma. Há indivíduos que, por ganharem bem e
ocuparem certa posição social, vivem luxuosamente e buscam estímulos
em diversões na companhia de mulheres. É claro que isso acarreta
60
A Outra Face da Doença

despesas, e eles acabam procurando obter dinheiro por meios ilícitos,


incorrendo em apropriação indébita, fraude, corrupção, etc. Mas o mais
grave é que existem pessoas que matam até mesmo por quantias
insignificantes. Observando tais fatos, muitos dizem que na sombra dos
crimes sempre há mulheres, mas eu diria que atrás deles estão os
medicamentos. Devido à procura de estímulos cada vez mais fortes,
proliferam as diversões de baixo nível, que, atualmente, ao contrário dos
tempos antigos, tornam-se facilmente acessíveis, devido à facilidade de
locomoção. Acrescente-se que, em decorrência da abolição das classes
sociais, muita gente acha tolice levar uma vida séria e honesta.

Falei acima sobre aspectos superficiais e visíveis da sociedade,


mas quais serão os seus aspectos interiores? Temos uma situação
bastante séria, a qual, em grande parte, é causada pela doença. Como o
homem moderno toma remédios, as doenças proliferam, crescendo o
número de criaturas mal-humoradas e irritadas. Dessa forma, aumentam
as despesas médico-hospitalares, que, aliadas à falta ao trabalho,
diminuem a receita das pessoas, levando-as a fazer empréstimos e causar
prejuízos ao próximo. A vida, assim, vai se tornando cada vez mais
desagradável. Como não se trata o mal pela raiz, a doença tende a se
prolongar e, nessa angústia, muitos praticam furtos; os indivíduos de
caráter fraco acabam se suicidando, sendo que, às vezes, ocorre o
suicídio de uma família inteira. Tragédias desse tipo têm movimentado o
noticiário dos jornais, e as mais freqüentes são causadas pela
tuberculose.

Analisando sob esse ângulo, podemos concluir que a causa do


crime é a doença, e a causa desta, o remédio. Assim, espero que tenham
compreendido o título do presente artigo.

61
A Outra Face da Doença

A CAUSA DOS ACIDENTES

16 de julho de 1952

Tem crescido, ultimamente, o número de acidentes, a começar


pelos de trânsito, e esse número tende a aumentar a cada ano, apesar dos
esforços das autoridades competentes. O que se deve fazer, então? No
momento, como a verdadeira causa dos acidentes é totalmente
desconhecida, só nos resta prestar redobrada atenção para evitá-los.

Segundo interpretamos, os acidentes são motivados por


problemas de sistema nervoso do homem moderno. Em outras palavras,
eles ocorrem quando o sistema nervoso de quem dirige não trabalha de
forma adequada. O menor atraso no procedimento a ser tomado num
instante de perigo - seja ele o espaço da décima parte do segundo - pode
tornar-se causa direta de um acidente, e não há outro recurso senão
remediá-lo.

Neste aspecto, eu fico impressionado com a falta de agilidade dos


jovens atuais. Muitos são mais lentos do que eu, que estou completando
setenta anos. Várias atividades minhas realizadas em tempo normal eles
dizem que são executadas rapidamente. Qual é, portanto, a causa da
lentidão de reflexos do homem moderno? É que ele recorre aos remédios
por qualquer coisa, e, além do mais, as bebidas que ele bebe contêm
vários ingredientes químicos, como os conservantes; até mesmo os
produtos agrícolas, devido à utilização de adubos e inseticidas, estão
carregados de venenos, os quais, com o decorrer do tempo, vão se
acumulando e gerando toxinas no organismo das pessoas.

Assim, poderíamos dizer que o homem atual está praticamente


mergulhado em remédios; acrescente-se que, como a vida se torna cada
vez mais agitada e complexa, ele sobrecarrega o seu cérebro, onde as
toxinas se concentram e se solidificam. Em contrapartida, ocorre uma
ação purificadora, fraca mas ininterrupta; por isso, normalmente as
pessoas sentem-se como que atordoadas, a cabeça pesada, quente e
doendo constantemente. Justifica-se, portanto, dizer que hoje em dia não
62
A Outra Face da Doença

há quem tenha a cabeça leve. Essa é a causa não só de desastres mas


também de homicídios, tão noticiados nos jornais da atualidade.

16 de julho de 1952

63
A Outra Face da Doença

O TRATAMENTO NATURAL

1935

O homem é a obra-prima da criação de Deus, não havendo nada


que se lhe possa comparar. Segundo a Bíblia, ele foi feito à imagem de
Deus, o que é uma verdade inegável. Sua estrutura mística é um mistério
que jamais será desvendado pela Ciência. Quando muito, esta o conhece
superficialmente ou em pequena parte; assim, é impossível afirmar se
levará milhares de anos para desvendá-lo ou se nunca irá conseguir isso.
Pensemos com calma. O funcionamento de vários órgãos do corpo, a
sutileza da vontade-pensamento, a expressão dos estados de satisfação,
ira, tristeza ou prazer, a extrema sensibilidade do tato a ponto de a
pessoa sentir coceira quando é picada por uma pulga, a capacidade de
exprimir todas as idéias através do código lingüístico e de distinguir o
sabor dos alimentos, a misteriosa diferença na expressão fisionômica dos
1,8 bilhões de habitantes do globo terrestre, cujos rostos, que não
medem mais que um palmo, nunca são iguais, todos estes mistérios e
maravilhas fazem-nos louvar o poder do Criador. Não há palavras
principalmente para expressar a capacidade da procriação, da qual é
dotado o homem, e o mistério que envolve o processo da formação de
um ser humano. É óbvio, portanto, que a Ciência nunca poderá
desvendar o mistério da vida, pois o homem não é criação sua, como os
robôs.

Quando a pessoa adoece, logo se inicia, nela própria, uma grande


atividade destinada a eliminar a doença. Dentro de seu organismo
começa a ser fabricado o seu próprio remédio. É como se houvesse, no
corpo humano, um grande laboratório farmacêutico e um professor em
Medicina. Se o corpo é invadido pela impureza chamada doença, o
médico que há no seu interior faz imediatamente o diagnóstico e ordena
que o farmacêutico prepare o medicamento, iniciando logo o tratamento.
Aparelhos e medicamentos, todos eles são ultra-eficazes, e a cura é
maravilhosa. Se comemos algo nocivo, a farmácia existente dentro do
corpo imediatamente produz um laxante para provocar a diarréia e
eliminá-lo. Se entram no organismo bactérias nocivas, o tratamento
64
A Outra Face da Doença

asséptico baseado na febre entra em ação. Se ocorre uma intoxicação


alimentar, produz-se uma reação na pele e, através de calor e coceira,
procura-se neutralizá-la, a fim de que ela não atinja os órgãos internos.
Dependendo da intoxicação, os rins entram em grande atividade,
processando uma lavagem com líquido, o qual é eliminado na forma de
urina. Quando se inspira uma grande quantidade de poeira, ela é
eliminada na forma de escarros. E assim por diante. Realmente, o corpo
humano é de uma infabilidade extraordinária.

Em geral, as doenças se curam naturalmente, à mercê da


Natureza; entretanto, por desconhecimento deste princípio, as pessoas
recorrem aos medicamentos e aos tratamentos através da Ciência,
fazendo com que a doença se prolongue, pois são impostos sérios
obstáculos ao processo de cura natural.

Mas será que com o tratamento natural a Medicina não perderá


sua utilidade? Não é bem assim. Entre seus ramos, existem alguns que
são muito úteis, como a bacteriologia, uma parte da higiene, a cirurgia
no tempo de guerra, a odontologia, as clínicas de fraturas, etc.

1935

65
A Outra Face da Doença

OS PONTOS FALHOS DA MEDICINA E A CAPACIDADE DE


RECUPERAÇÃO NATURAL

25 de julho de 1951

Como é do conhecimento de todos, venho chamando a atenção


para os erros da Medicina atual, mas o ponto mais grave é o seu absoluto
desprezo à capacidade de recuperação natural do organismo, inerente a
todo ser humano.

Quando alguém adoece e vai procurar um médico, na maioria das


vezes ele diz: "Foi bom ter vindo logo. Se demorasse mais, talvez o
problema já se tivesse tornado um caso perdido." Os médicos acreditam
que, se deixarmos uma doença sem tratamento, ela se agravará cada vez
mais.

Desejo esclarecer que o grande erro da Medicina consiste na


crença de que o tratamento de uma doença deva ser iniciado o mais cedo
possível, antes que seja demasiado tarde, e na aplicação de tratamentos
baseados em inúmeros medicamentos, para evitar que o mal progrida.

Tenho sempre afirmado que a doença é um processo de


eliminação de toxinas; portanto, se deixarmos que esse processo se
desenvolva, as toxinas serão eliminadas e, conseqüentemente, a doença
desaparecerá, ou seja, a pessoa ficará curada. Sofrimentos como febre,
tosse, escarro, catarro, suor, diarréia, dores e coceiras são decorrentes do
curso do referido processo. Basta, por conseguinte, suportar um pouco
até que as impurezas sejam eliminadas e o corpo fique limpo. Assim,
não há razão em se dizer a uma pessoa que é "tarde demais" para ela se
tratar.

Desconhecendo tal princípio, a Medicina interpreta as doenças de


forma totalmente contrária e por isso teme deixá-las sem tratamento. Em
suma, considera que o certo é impedir a saída das impurezas,
solidificando-as. Com esse procedimento, é óbvio que não poderá haver
erradicação das doenças.
66
A Outra Face da Doença

Vejamos outro ponto falho da Medicina. Quando alguém se


machuca ou se queima, geralmente há formação de pus; como este é
muito temido, tomam-se várias providências para evitá-lo, mas devo
dizer que se trata de um grande erro. Todas as pessoas possuem toxinas
acumuladas em seu corpo, o qual tenta eliminá-las na primeira
oportunidade. Quando ocorrem estímulos como ferimentos, elas tendem
a se concentrar nesse ponto e o organismo faz com que sejam
eliminadas. Portanto, quanto maior a área inflamada, isto é, a área onde
se localiza o pus, maior é a eliminação de toxinas, e não existe nada
melhor.

Dessa maneira, o corpo humano realiza um constante trabalho de


limpeza através da eliminação de substâncias nocivas, trabalho esse que
denominamos capacidade de recuperação natural. Uma vez que o
homem já nasceu com a capacidade de curar as doenças naturalmente, a
Medicina deveria respeitá-la, deixando-a atuar; atualmente, porém, não
só ela tenta bloqueá-la, como avança nesta teoria. Podemos notar, então,
o quanto a Medicina está errada. E o que estamos dizendo não é teoria; é
a constatação de fatos verídicos.

O homem recebeu dos Céus essa maravilhosa capacidade de


recuperação natural, e nenhum tratamento médico consegue sequer
chegar-lhe aos pés. O simples fato de se tomar conhecimento disso já
constitui uma grande felicidade.

25 de julho de 1951

67
A Outra Face da Doença

O QUE É A DOENÇA

1° de janeiro de 1953

Todos os homens, sem exceção, possuem toxinas hereditárias e


adquiridas. Toxinas hereditárias são as que se herdam dos pais, e toxinas
adquiridas são as dos medicamentos tomados após o nascimento. Talvez
achem estranha tal afirmação, pois normalmente se acredita que os
medicamentos existem para curar as doenças e restabelecer a saúde.

É crença geral que com a obtenção de melhores remédios se


conseguirá resolver o problema da doença, sendo este o principal
objetivo dos tratamentos médicos. Todos sabem que especialmente os
Estados Unidos têm voltado sua atenção para esse aspecto, concentrando
grandes esforços na descoberta de novos medicamentos. Ora, se os
remédios possibilitassem a cura das doenças, estas deveriam diminuir
gradualmente; por que, então, ocorre justamente o inverso? Não há
contradição maior.

Por natureza, na Terra não existe nada que se possa chamar de


remédio. O que há são produtos tóxicos que, justamente por isso, fazem
efeito. Com a ação do veneno chamado remédio, verifica-se uma
diminuição dos sintomas da doença, dando a impressão de que houve
cura; não se trata, porém, de cura verdadeira.

Mas por que os remédios são venenos?

Quando criou o homem, Deus criou também os alimentos, para


manutenção da sua vida. A eles, atribuiu sabor, e ao homem, o sentido
do paladar. Portanto, basta a pessoa comer com satisfação aquilo que
desejar para estar nutrida. Só de atentarmos para esse aspecto,
perceberemos a perfeição do Criador. Assim, a expressão correta é "o
homem vive pela alimentação", e não "o homem se alimenta para viver."
É o mesmo que acontece com a procriação: apesar do homem e da
mulher se unirem por motivos que não são especificamente esse, dessa
união resultam filhos, o que constitui um grande mistério.
68
A Outra Face da Doença

Em conseqüência do que acabamos de dizer, as funções


orgânicas do homem não estão habilitadas a eliminar de maneira
completa as substâncias que não são determinadas como alimentos.
Encontram-se neste caso os tóxicos dos medicamentos. O mais
agravante, no entanto, é que esses tóxicos se concentram em vários
pontos do organismo e, com o passar do tempo, acabam se solidificando.
Isso se restringe às regiões de atividade nervosa, tal como a parte
superior do corpo, principalmente do pescoço para cima. Mais
especificamente, o cérebro, seguido pelos olhos, ouvidos, nariz, boca,
etc. Antes, porém, as toxinas se solidificam nas proximidades do
pescoço, razão pela qual as pessoas sentem nódulos nesse local e nos
ombros. Quando elas atingem certo nível, ocorre o processo natural de
eliminação, ou seja, a ação purificadora. Nesse caso, as toxinas se
dissolvem devido à ação da febre, sendo eliminadas através de tosse,
catarro, escarro, suor, urina e outros meios. A isso denominamos gripe;
logo, esta é um processo de eliminação de toxinas. Embora seja um
pouco penoso, basta a pessoa suportar e deixar a Natureza agir. Com a
eliminação das toxinas, o corpo ficará limpo e obter-se-á a cura. A gripe,
portanto, é a mais simples ação fisiológica criada pela Divina
Providência, e por ela devemos ter gratidão. Ignorando isso, o homem
interpreta mal os sofrimentos e as dores da purificação e, para cortá-los,
inventou os tratamentos médicos.

Quanto maior a vitalidade da pessoa, mais facilmente ocorrerá a


ação purificadora. Para impedi-la, basta enfraquecer essa vitalidade. Daí
a utilização do veneno denominado remédio. Desde a Antigüidade, ele é
extraído de ervas, raízes, cascas de árvores, minerais, vísceras de
animais e outras fontes, sendo aplicado sob diversas formas, como chás,
pós, medicamentos líquidos, comprimidos, ungüentos, injeções, etc.
Aplica-se o veneno em pequenas doses, várias vezes ao dia; se as doses
forem grandes, coloca-se em risco a vida da pessoa. É considerado bom
remédio aquele cujo veneno é razoavelmente forte, mas não a ponto de
causar intoxicação.

69
A Outra Face da Doença

Através de medicamentos venenosos, o homem veio


solidificando toxinas que estavam para ser eliminadas, podendo-se
imaginar a grande quantidade de toxinas que o homem moderno possui
em seu corpo. Dessa forma, ele se torna uma presa fácil das doenças,
fato evidenciado pelo aparecimento da medicina preventiva e pelo temor
da gripe. Por outro lado, as pessoas estão contentes porque a vida média
do ser humano alcançou a casa dos sessenta anos. Grande erro, pois, se
conseguir libertar-se das doenças, o homem poderá viver tranqüilamente
por mais de cem anos. A morte antes dessa idade é antinatural; uma vez
livre das doenças, ele morrerá de morte natural e, obviamente, sua vida
irá se prolongar.

Os tratamentos médicos, por conseguinte, não curam as doenças;


simplesmente minoram durante algum tempo seus sintomas. Todos os
tratamentos recomendados - repouso absoluto, aplicação de compressas,
ungüentos, bolsas de gelo, eletricidade, banhos de luz e outros - são
métodos para solidificar as toxinas. Entre eles, diferem um pouco os
tratamentos por meio de calor e a moxa, mas estes apenas conduzem as
toxinas para determinado ponto. Através do estímulo do calor consegue-
se alívio, mas, com o passar do tempo, elas voltam à sua posição
original. Portanto, o único método que promove a verdadeira cura das
doenças é aquele que dissolve e elimina as toxinas.

1° de janeiro de 1953

70
A Outra Face da Doença

A VERDADEIRA CAUSA DAS DOENÇAS

5 de fevereiro de 1947

Já me referi, anteriormente, à existência de vários tipos de


toxinas no corpo do homem desde o seu nascimento. Devido a essas
toxinas é que ele não consegue manter plena saúde, e por isso seu corpo
é feito de maneira que lhe possibilite eliminá-las fisiologicamente. A tal
fenômeno denominamos processo natural de purificação. Quando ele
ocorre, sobrevêm sofrimentos de certo nível, e essa fase de dor e mal-
estar constitui aquilo que se chama de doença. Para explicar tal
fenômeno, vamos tomar como exemplo a doença mais comum, ou seja,
a gripe, pois não há uma única pessoa que não a tenha contraído. A
Medicina ainda desconhece suas causas, mas, segundo descobri, ela é
uma das mais simples formas da ação purificadora, vindo acompanhada
de sofrimentos como febre, dor de cabeça, tosse, escarro, catarro, perda
de apetite, suor, indisposição, etc.

Antes de mais nada, o que vem a ser o processo de purificação?


A grosso modo, ele compreende duas etapas. A primeira consiste na
concentração e solidificação das diversas toxinas contidas no sangue em
diferentes pontos do corpo, especialmente os locais de grande atividade
nervosa e as partes que ficam em posição inferior quando o corpo se
encontra em repouso. Com o passar do tempo, as toxinas concentradas
vão endurecendo, o que vem a ser causa de enrijecimento dos músculos.
Às vezes não há sofrimento algum: quando muito, rigidez nos ombros.
A segunda etapa da purificação começa quando a solidificação
ultrapassa determinado nível, sobrevindo aí o processo natural de
eliminação. Para facilitá-lo, surge uma ação destinada a dissolver as
toxinas, isto é, a febre.

O grau da febre depende não só da natureza, quantidade e rigidez


das toxinas, mas também da própria natureza do doente. Muitas vezes, a
febre aparece como resultado do cansaço, após a prática de exercícios
físicos, pois estes aceleram o processo de purificação. As toxinas
liqüefeitas são eliminadas na forma de suor, catarro, secreção nasal, etc.
71
A Outra Face da Doença

A tosse e o espirro são como ações de bombeamento: a primeira, para


eliminação de catarro; o segundo, para eliminação de secreção nasal.
Isso se tornará bastante claro se observarmos que realmente eliminamos
catarro quando tossimos, e secreção nasal quando espirramos. Por outro
lado, a perda de apetite é causada pela febre, pela tosse e pelos
medicamentos. As dores de cabeça e nas juntas são decorrentes da
dissolução das toxinas existentes nesses pontos, as quais excitam os
nervos no momento de sua eliminação em estado líquido. A dor de
garganta ocorre porque as toxinas contidas no catarro irritam a mucosa
que a reveste, ocasionando sua inflamação; a rouquidão baseia-se no
mesmo princípio, sendo causada pela inflamação das cordas vocais.

Eis, portanto, o que é a gripe. Não há necessidade de tratamento


algum; basta a pessoa deixar seu organismo em paz, sem tomar
medicamentos, que em poucos dias, terminado o processo de
purificação, estará curada. Desde que a cura seja natural, com a redução
de toxinas, a saúde aumentará.

Apesar da gripe ser altamente recomendável, por constituir o


mais simples processo de purificação, as pessoas a temem, e a Medicina
chega a dizer que preveni-la é a condição número um para não contraí-
la. Os leitores precisam compreender que isso é um grande erro. Desde a
Antigüidade acredita-se que a gripe é a origem de mil doenças, mas na
verdade ela é a única maneira de se escapar a essas mil doenças.
Desconhecendo-lhe a causa, a Medicina toma várias medidas quando a
pessoa fica gripada, todas elas no sentido de deter o processo
purificador. Tais medidas começam com a tentativa de baixar a febre
através de medicamentos antitérmicos, bolsas de gelo, compressas e
outros meios. Isso faz com que o processo de purificação retroceda ao
primeiro estágio, ou seja, que as toxinas que começaram a ser
dissolvidas voltem a se solidificar. Com a solidificação, a pessoa sente-
se aliviada dos sofrimentos causados pela febre, escarro, secreção nasal,
etc., e tanto ela como o médico têm a ilusão de que a gripe está
melhorando. Quando ocorre a solidificação completa, pensam que a cura
está selada. Na realidade, porém, voltou-se à situação anterior; logo, é
natural que haja uma recaída.
72
A Outra Face da Doença

Chamo atenção para o fato de que os tratamentos baseados em


antitérmicos, bolsas de gelo, compressas e outros semelhantes, detendo o
processo purificador, constituem a causa de sintomas mais intensos nas
próximas doenças que o indivíduo contrair. Pode-se compreender,
portanto, que as doenças graves são causadas pela repetida interrupção
dos processos purificadores de menor intensidade, através da utilização
sucessiva de remédios, o que aumenta o acúmulo de toxinas, tornando
necessária a ocorrência de um processo purificador muito intenso.

5 de fevereiro de 1947

73
A Outra Face da Doença

O QUE É A DOENÇA?

15 de agosto de 1951

A GRIPE

A própria Medicina reconhece que o homem tem, "a priori",


várias toxinas. Elas são eliminadas por um processo fisiológico natural,
que nós chamamos processo de purificação. Primeiramente as toxinas se
concentram em vários locais, notadamente naqueles onde há mais
atividade nervosa. No homem, isso ocorre na metade superior do corpo.
Quanto mais próximo do cérebro, maior a concentração, porque,
enquanto se está acordado, o cérebro, os olhos, os ouvidos, o nariz, a
boca, etc., trabalham ininterruptamente, mesmo que os braços e as
pernas estejam em repouso. Portanto, as toxinas tendem a se concentrar
nos ombros, no pescoço, nos gânglios linfáticos, no encéfalo, na parótida
e em outros pontos. Com o passar do tempo, elas vão se solidificando
gradualmente. Quando o acúmulo ultrapassa determinado limite, começa
o processo de purificação. Aí podemos ver o benefício que a Natureza
nos proporciona. A solidificação das toxinas provoca má circulação
sangüínea, rigidez dos ombros e do pescoço, dor de cabeça
acompanhada de sensação de peso, diminuição da capacidade visual,
auditiva e olfativa, entupimento do nariz, inflamação dos alvéolos,
enfraquecimento dos dentes, falta de fôlego, flacidez dos músculos dos
braços e das pernas, dor nos quadris, inchação, etc. Tais fatores
determinam uma acentuada diminuição da atividade, de modo que o
homem fica impossibilitado de cumprir sua missão. Foi justamente por
isso que Deus criou o excelente processo de purificação denominado
doença.

Conforme dissemos, se a doença é o sofrimento decorrente da


eliminação de toxinas, ela é o processo de purificação do sangue,
indispensável à manutenção da saúde. Portanto, podemos considerá-la a
maior bênção que Deus nos concedeu. Se a eliminarmos, o homem irá
enfraquecendo gradativamente e, por fim, estará até ameaçado de
extinção. Os leitores poderão achar que se trata de uma incoerência, pois
74
A Outra Face da Doença

eu sempre afirmo que construirei um mundo sem doenças. Entretanto,


não há nenhuma incoerência em minhas palavras, visto que, se o homem
se livrar das toxinas, não haverá mais necessidade de processo
purificador; conseqüentemente, as doenças desaparecerão. Vou expor
minha teoria de maneira mais aprofundada e de modo a facilitar ao
máximo sua compreensão.

Logo que uma pessoa contrai gripe, sobrevém-lhe a febre. Para


facilitar a eliminação das toxinas, a Natureza faz com que elas se
dissolvam através do calor. Na forma líquida, as toxinas infiltram-se
rapidamente nos pulmões. Trata-se de um processo realmente
misterioso. Do mesmo modo, quando as dissolvemos através do
JOHREI, elas penetram imediatamente nos pulmões, atravessando os
músculos e até os ossos. Se as toxinas se encontram solidificadas em um
ou dois pontos, as doenças são leves, mas estas se agravam na medida
em que é maior o número de pontos. É por isso que uma gripe, que a
princípio parecia fraca, vai se agravando cada vez mais.

No caso de serem pouco densas, as toxinas liqüefeitas são


eliminadas imediatamente, na forma de catarro; ao contrário, quando sua
densidade é maior, ficam temporariamente nos pulmões, aguardando a
ação de bombeamento denominada tosse, e aí são eliminadas pelas vias
respiratórias. Isso se evidencia pelo fato de a tosse ser sempre seguida de
catarro. Obedecendo ao mesmo princípio, o espirro vem sempre seguido
de secreção nasal. Assim, as dores de cabeça e de garganta, a inflamação
dos ouvidos, dos gânglios linfáticos, das articulações dos pés, das mãos
e da região inguinal decorrem da dissolução das toxinas e do seu
deslocamento em busca de saída do corpo. Esse movimento pressiona os
nervos, provocando a dor.
As toxinas líquidas estão divididas em concentradas e diluídas.
As concentradas são eliminadas na forma de catarro, secreção nasal,
diarréia, etc., e as diluídas, na forma de suor e urina. A ação purificadora
se processa de modo tão natural, que não podemos deixar de louvar a
Providência do Criador. Foi Deus que criou o homem, e por isso não
haveria razão para lhe proporcionar sofrimentos e atrapalhar sua
atividade através da doença. O ser humano precisa estar sempre
75
A Outra Face da Doença

saudável, mas ele próprio cria toxinas e, com base em teorias errôneas,
faz com que elas se acumulem, surgindo então a necessidade de eliminá-
las. Eis, portanto, o que é a doença. No caso da gripe, se a deixarmos
desenvolver-se sem nenhuma interferência, por conta da Natureza, a
purificação decorrerá normalmente e a cura será completa, aumentando,
assim, a saúde da pessoa.

Por incrível que pareça, e não se sabe desde quando, o homem


interpretou de maneira inversa o referido processo de purificação. Dessa
forma, quando a doença se declara, ele emprega todos os recursos para
estancá-la. Confundindo-se no tocante às dores do processo, acha que
elas são decorrentes do agravamento da doença. Baseado nisso, trata de
fazer baixar a febre. Com a diminuição desta, interrompe-se a dissolução
das toxinas e diminuem os sintomas, como a tosse, o catarro e outros.
Parece, então, que está ocorrendo a cura. Em outras palavras, faz-se
retornar ao estado sólido as toxinas que tinham começado a se dissolver.
Essa solidificação é promovida pelos tratamentos médicos, entre os
quais se inclui a aplicação de compressas, bolsas de gelo, remédios, etc.
Quando ocorre a completa solidificação das toxinas e desaparecem os
sintomas, as pessoas ficam contentes, julgando-se curadas. Mal sabem
elas que estão prendendo a mão que executaria a limpeza de seu corpo.
E os fatos o comprovam. Fala-se muitas vezes em recaída, mas esta nada
mais é que o resultado do choque entre duas ações: a do corpo, que
procura executar a purificação, e a do tratamento, que tenta impedi-la,
provocando, assim, o prolongamento da doença. Isso pode ser
constatado pela reincidência da gripe que se pensava ter sido curada.
Posso afirmar, portanto, que o tratamento médico é apenas uma forma
de adiar a doença e não de curá-la. O verdadeiro processo de cura
consiste em eliminar as toxinas do corpo, purificando-o, ou seja,
acabando com a causa da doença.

A verdadeira Medicina é aquela que, ocorrendo o processo


purificador, acelera a dissolução das toxinas e faz com que elas sejam
eliminadas na maior quantidade possível. Não há outro tratamento além
deste.

76
A Outra Face da Doença

15 de agosto de 1951

77
A Outra Face da Doença

A VERDADEIRA CAUSA DA DOENÇA ESTÁ NO "ESPÍRITO"

1935

Tudo que existe no mundo é composto de matéria e espirito,


sendo que a deterioração e decomposição da matéria é causada pelo
abandono do espírito. Mesmo em relação às pedras, existe um tipo,
chamado pedra morta, que se esfarela com facilidade, e isso também se
deve à ausência de espírito. A ferrugem que se forma no ferro tem a
mesma causa, podendo-se dizer que ela é o cadáver do ferro. A
existência de pouca ferrugem em espadas bastante polidas ou espelhos
antigos explica-se pelo fato de estar impregnado neles o espírito do
artesão.

O homem é constituído pela união inseparável do espírito com o


corpo físico; a partida do espírito para o Mundo Espiritual constitui
aquilo a que chamamos morte. Todos os animais possuem, no centro do
espírito, a consciência e, no centro deste, a alma. O tamanho da
consciência é 1% do espírito, e o da alma é 1% da consciência. Assim,
primeiramente há a ação da alma e da consciência; com a ação desta
última, verifica-se a ação do espírito e, com esta, a ação do corpo físico.
Dessa forma, todas as ações do homem e fenômenos do corpo físico têm
origem na alma. Relacionando com o bem e o mal, o corpo físico
representa o mal; a consciência, o bem. Da mesma forma, a consciência
representa o mal, e a alma, o bem. O repetido atrito entre o bem e o mal
gera a harmonia, manifestando-se como força e capacidade de viver.

De acordo com o princípio exposto, o aparecimento da própria


doença ocorre numa parte do espírito, que move o corpo material.
Apesar de pequena, a alma é auto-elástica: quando o homem está
acordado e em atividade, ela toma a forma humana; quando o homem
está dormindo, toma a forma esférica. A bola de fogo que se observa
muitas vezes por ocasião da morte é a alma, que, nesse momento,
assume o formato esférico, acontecendo o mesmo com a consciência e
com o espírito. Essa bola de fogo é ocasionalmente visível porque tem
luz. O aparecimento da doença numa parte da alma significa que nessa
78
A Outra Face da Doença

parte a luz ficou escassa. Isso se reflete na consciência, no espírito e, por


fim, no corpo, em forma de doença. Portanto, se não surgirem máculas
em seu espírito, a pessoa jamais ficará doente.

Mas por que razão se formam máculas no espírito? Por causa do


pecado. Para explicar isso, eu teria de entrar no campo da Religião, de
modo que vou parar por aqui e falar apenas sobre a manifestação da
doença no corpo físico.

Como eu já disse, se surgem máculas numa parte do espírito (a


parte correspondente à região pulmonar, por exemplo), o sangue dessa
área fica sujo. E isso não se restringe às doenças pulmonares;
praticamente todas as doenças têm essa origem. O princípio da cura deve
basear-se na eliminação das máculas do espírito. Entretanto,
desconhecendo esse princípio, a Medicina empenha-se em tratar apenas
os sintomas que aparecem no corpo, porque só tem conhecimento do
efeito, e não da causa do problema. Desse modo, mesmo que se consiga
uma pequena melhora, não se obtém a cura completa da doença.

Com o JOHREI, eliminam-se as máculas do espírito através da


Luz de KANNON; ao mesmo tempo, ocorre a eliminação das toxinas, e
a doença melhora ou desaparece. Por conseguinte, a purificação do
espírito reflete-se no corpo, ocasionando a cura da doença. Ainda assim,
não podemos afirmar que o mal foi cortado pela raiz. Isso porque, se a
alma não foi elevada, é impossível estar-se verdadeiramente tranqüilo e
seguro. A elevação da alma só poderá ser obtida se a pessoa apreender a
correta fé e praticá-la. Esse aprimoramento constitui a prática
messiânica. Chegando a esse ponto, a pessoa não cometerá mais
pecados; pelo contrário, começará a acumular virtudes. Assim, além de
ficar isenta de doenças e desgraças, poderá viver repleta de alegria e
obter a graça de uma vida longa e virtuosa. Dessa forma, haverá
progresso de toda a sua linha familiar.

Falarei, agora, sobre outro aspecto relacionado ao espírito. Há


pessoas que ficam aflitas por qualquer coisa, e outras que estão sempre
inseguras e inquietas. Isso acontece porque a sua alma está fraca e a sua
79
A Outra Face da Doença

resistência aos choques externos é pequena. Os neuróticos, cujo número


tem aumentado muito ultimamente, enquadram-se nesse tipo. A causa da
neurose são as máculas existentes no espírito; por isso os portadores
desse mal são fracos. A maioria possui toxinas solidificadas no pescoço;
dissolvendo-se essas toxinas, eles ficarão curados. Quando o mal se
agrava, produz-se a insônia. Mesmo após obter a cura, o melhor meio de
evitar uma recaída é a pessoa ingressar na Igreja Messiânica Mundial, a
fim de que seu espírito seja iluminado pela Luz Divina e não volte a
criar máculas.

1935

80
A Outra Face da Doença

A CAUSA DAS DOENÇAS E O PECADO

1936

A causa das doenças são os nódulos constituídos pela mistura de


sangue sujo e pus, os quais se formam como reflexos das máculas do
espírito. Mas de onde surgiram e como vieram essas máculas? Elas se
originam dos pecados.

Há dois tipos de pecados: os gerados nesta vida e os hereditários.


Estes últimos são o acúmulo global dos pecados cometidos por muitos
antepassados; os primeiros representam a soma dos atos pecaminosos
praticados pela própria pessoa.

Nós que vivemos atualmente, não somos seres surgidos do nada,


sem relação com nada. Na verdade, representamos a síntese de centenas
ou milhares de antepassados e existimos na extremidade desse elo.
Somos, portanto, seres intermediários de uma seqüência infinita,
formando uma existência individualizada no tempo. Em sentido amplo,
somos um elo da corrente que une os antepassados com as gerações
futuras; em sentido restrito, somos uma peça como a cunha, destinada a
firmar a ligação entre nossos pais e nossos filhos.

Para explicar as doenças causadas pelos pecados dos


antepassados, preciso falar sobre a vida após a morte, isto é, sobre a
constituição do Mundo Espiritual.

Ao deixar este mundo e passar pelo portão da morte, o homem


tem de despir a roupa denominada corpo. Este pertence ao Mundo
Material, e o espírito, ao Mundo Espiritual. Quando o corpo, devido à
doença ou à idade avançada, torna-se imprestável, o espírito abandona-o
e vai para o Mundo Espiritual. Aí ele deve se preparar para renascer no
Mundo Material, ou seja, reencarnar. Este preparo constitui o processo
da purificação do espírito.
A maior parte das pessoas carrega uma quantidade considerável
de máculas, originadas dos pecados. Assim, quando são submetidas ao
81
A Outra Face da Doença

julgamento do Mundo Espiritual, feito com absoluta imparcialidade, a


maioria acaba caindo no Inferno. Devido ao sofrimento da pena imposta,
o espírito vai pouco a pouco se elevando, mas os resíduos da purificação
dos pecados fluem contínua e incessantemente para os seus
descendentes que vivem no Mundo Material. Isso é como uma lei
redentora, baseada na causa e efeito, em que o descendente - resultado
da soma global dos seus antepassados - arca com uma parte dos pecados
cometidos por eles. Trata-se de uma Lei Divina inerente à criação; por
conseguinte, o homem não tem outro recurso senão obedecer a ela.
Esses resíduos espirituais fluem sem cessar para o cérebro e a coluna
vertebral do descendente, e, penetrando em seu espírito, imediatamente
se materializam na forma de pus, que é a origem de todas as doenças.

Agora vou falar sobre o segundo tipo de pecados, isto é, os


pecados individuais, que todos entendem com facilidade.

Ninguém consegue viver sem cometer pecados. Estes podem ser


graves, médios e leves, admitindo cada um desses tipos uma infinidade
de classificações. Exemplificando, há pecados contra a lei, contra a
moral ou contra a sociedade; pecados de natureza carnal, que se
evidenciam nas ações do indivíduo, e também pecados psicológicos,
cometidos apenas na mente da pessoa. Conforme disse Cristo, só o fato
de desejar a mulher do próximo já constitui crime de adultério. É uma
afirmação correta, apesar de bastante rigorosa. Portanto, embora não se
esteja violando nenhuma lei, pecados leves cometidos no dia-a-dia, os
quais ninguém considera pecados, como ter raiva do próximo, querer
que alguém sofra ou desejar adultério, se forem acumulados por longo
tempo, acabarão assumindo proporções consideráveis. Vencer uma
competição ou alcançar sucesso na vida, condutas que envolvem disputa
e acabam provocando a inveja e o conseqüente ódio do perdedor,
também constitui uma espécie de pecado, pois envolve o ódio. Matar
animais, ser preguiçoso e desperdiçado, agredir as pessoas, não cumprir
os compromissos, mentir, dormir demais pela manhã, etc., tudo isso são
pecados que as pessoas acumulam sem saber. Essa infinidade de
pecados leves, acumulando-se ao longo do tempo, refletem-se no
espírito em forma de mácula. É comum pensar que os recém-nascidos
82
A Outra Face da Doença

não possuem pecado algum, mas não é bem assim. Todos os homens, até
se tornarem independentes, vivem sob a tutela dos pais e por isso devem
dividir com eles a carga dos pecados. Poderão entender melhor este
raciocínio fazendo uma analogia com as árvores: os pais constituem o
tronco, enquanto os filhos são os galhos, e os netos, os galhos menores.
Assim, é impossível as máculas dos pais não exercerem influência sobre
os filhos.

Os pecados gerados nesta vida tornam-se bem claros através de


exemplos. Vou expor alguns deles.

Conheci duas pessoas que, após enganarem a terceiros, ficaram


cegas. Uma delas era um especialista em confecção de painéis chamado
Kyoguin, o qual residia em Senzoku-cho, Assakussa, Tóquio. Ele
produzia quadros falsos com uma técnica aprimorada e fazia painéis
novos parecerem antigos, vendendo-os como autênticos. Em poucos
anos acumulou considerável fortuna, mas foi acometido de cegueira
incurável, vindo, mais tarde, a falecer. Lembro-me de que quando eu era
criança ia brincar em sua casa e ouvia as histórias diretamente dele. O
outro caso ocorreu em Hanakawa-do, também em Assakussa, onde havia
uma casa de móveis e utensílios chamada Hanagame. Certa vez, o bonzo
responsável por um templo de Shizuoka expôs em Tóquio a imagem
principal do templo. Acontece que a exposição foi um completo fracasso
e, ficando sem meios para voltar, ele tomou dinheiro emprestado na
Casa Hanagame, deixando a imagem como garantia do pagamento da
dívida. Após conseguir o dinheiro, foi devolvê-lo, mas Hanagame, o
dono da loja, que vendera a imagem, por altíssimo preço, a um
interessado, cinicamente alegou que nunca a tivera sob sua guarda. No
auge do desespero, o bonzo acabou se enforcando no teto da referida
loja. O proprietário investiu a vultosa quantia obtida com a venda da
imagem na ampliação dos seus negócios, que foram de vento em popa.
Em pouco tempo ele estava milionário. Entretanto, na velhice, ficou
cego e seu herdeiro acabou esbanjando toda a fortuna com bebidas e
mulheres. Por fim, em estado lastimável de profunda decadência,
Hanagame perambulava pela cidade conduzido por sua mulher, também
já idosa. Lembro-me de tê-los visto algumas vezes e de ter tomado
83
A Outra Face da Doença

conhecimento de sua história por intermédio de meu pai. O que ocorreu


só pode ter sido causado pelo profundo ódio do bonzo.

O exemplo que se segue diz respeito ao reflexo dos pecados dos


pais sobre os filhos. Refere-se a uma empregada que eu tive, moça de
dezessete ou dezoito anos aproximadamente, a qual era cega de um olho.
Perguntando-lhe eu a causa desse problema, ela me disse que o filho de
um casal para quem trabalhara havia disparado acidentalmente uma
espingarda de pressão, atingindo seu olho. Indagando maiores detalhes,
eu soube que o pai dela havia enriquecido vendendo coral falso. No
início da Era Meiji, por volta de 1867, utilizando látex, ele fabricara
gemas falsas de coral. Levando-as para o interior, conseguira vendê-las a
preços altos, como se fossem verdadeiras. Acredito que o ódio das
pessoas enganadas se refletiu em sua filha, que acabou perdendo uma
vista. Pareceu-me realmente uma pena, pois ela era muito bonita e, se
não tivesse esse defeito, teria progredido bastante na vida.

Outro caso é referente a um ancião que veio me procurar por


causa de uma dor que sentia no pulso. Ministrei-lhe JOHREI por mais
de dez dias, mas ele não apresentava melhora. Intrigado, indaguei-o a
respeito de sua fé, e ele me disse que venerava certa divindade há mais
de vinte anos. Vendo que estava aí a causa do problema, convenci-o a
parar com as orações. A partir desse dia, o ancião começou a melhorar
gradativamente; após uma semana, já estava totalmente curado.
Portanto, professar uma fé errada ou venerar falsas divindades provoca
paralisia ou dores nas mãos, impossibilidade de dobrar os joelhos, etc.
Casos desse tipo ocorrem com certa freqüência.

Através dos exemplos citados, podemos ver que não se devem


menosprezar nem mesmo os pecados cometidos sem querer. As pessoas
que sofrem constantes acidentes ou são acometidas de doenças precisam
refletir sobre seus pecados e, encontrando-lhes a causa, regenerar-se
imediatamente.

1936

84
A Outra Face da Doença

O PECADO E A DOENÇA

23 de outubro de 1943

Gostaria de esclarecer que não pretendo desenvolver este tema


sob o aspecto religioso, como se poderia pensar. Vou abordá-lo sob o
aspecto moral. O termo pecado é bastante usado pelos religiosos, mas o
que explicarei a seguir não é hipótese nem imaginação, e os leitores hão
de concordar comigo, após a leitura.

Conforme já dissemos, desejando mal ao próximo e praticando


más ações, o homem acumula máculas em seu espírito, as quais, pela
constância das práticas maléficas, tornam-se cada vez mais densas.
Quando a densidade das máculas atinge certo limite, ocorre uma ação
natural para eliminá-las. Evidentemente ninguém pode escapar a isso,
pois se trata de uma rigorosa lei do Mundo Espiritual. Esse processo de
purificação manifesta-se mais na forma de doença, mas ocasionalmente
pode assumir outras formas. No caso da doença, de nada adianta esgotar
os recursos da Medicina, porque não há resultados, e isso se deve ao erro
de querer curar com remédios e instrumentos algo cuja causa é de
natureza espiritual. Existem pessoas que pedem ajuda às divindades e o
pedido surte algum efeito. Como, por natureza, essas divindades são
espíritos, é claro que com sua ajuda se consegue razoável eliminação das
máculas. Entretanto, quanto mais correta for a divindade, mais justa ela
é; assim, tratando-se de pecados acumulados ao longo dos anos, ela não
deixa que tudo se resuma à redução do sofrimento. Exemplificando, as
pessoas que infringem as leis do país não são perdoadas por mais que se
arrependam. O máximo que conseguem é a redução da pena.

Às vezes dá-se a eliminação de máculas antes de surgir o


processo purificador natural. Nesse caso, são máculas relativamente de
pouca densidade, e o processo de purificação é brando. Essa eliminação
é decorrente do arrependimento, ocorrendo por determinado motivo,
que, entre outros, pode ser o despertar espiritual através da leitura de
alguma história religiosa, como as da Bíblia, ou de experiências de
pessoas ilustres. Seria até desnecessário dizer a influência de bons livros,
85
A Outra Face da Doença

palestras, filmes, peças teatrais, etc. para o despertar da alma ou do lado


bom das pessoas.

Mas que acontece com o espírito do homem quando este


desperta? No centro do espírito há a consciência e, no centro desta, a
alma. Assim, por natureza, ele está formado de três camadas.
Originariamente a alma é pura, mas fica como se estivesse maculada,
devido às constantes influências externas. Ela é uma bola de luz como o
sol e a lua. Entretanto, se a consciência, que é mais externa, se macular,
o esplendor da luz da alma ficará anulado e ela adormecerá. Por essa
razão, quando se atinge o estado espiritual semelhante a um espelho ou
lago cristalino, a alma brilha como o sol e a lua no céu límpido.

Quando o homem desperta, significa que a sua alma recomeça a


brilhar. Até hoje, os únicos meios disponíveis para se conseguir isso têm
sido os métodos de natureza moral, como histórias ou leituras. Com o
despertar da alma, seu brilho dissipa as máculas da consciência; em
seguida, o espírito é purificado. Assim, os três elementos - alma,
consciência e espírito - estão em constante equilíbrio de luz ou
escuridão. O nosso método, porém, é o inverso desses métodos. Através
de uma ação externa, purificamos o espírito; com isso, eliminam-se as
máculas da consciência e, assim, queira ou não, a alma despertará.
Despertar a alma e a consciência através dos métodos de natureza moral
gera sofrimento para a pessoa, decorrente do autocontrole, o que por sua
vez se reflete no espírito, dando origem à doença e outros sofrimentos. O
nosso JOHREI, no entanto, além de proporcionar a erradicação da
doença, desperta a alma sem que a pessoa o perceba; por conseguinte, é
o método ideal de reforma do corpo e do espírito.

86
A Outra Face da Doença

O QUE É O ESTADO LIGEIRAMENTE FEBRIL

5 de setembro de 1951

Provavelmente não há ninguém que não apresente um pouco de


febre, mas muitas pessoas nem têm consciência disso. Esse estado
ligeiramente febril exerce uma forte influência sobre o homem.
Vejamos.

O indivíduo sente dor e peso na cabeça, sua capacidade de


concentração diminui, torna-se disperso, sua memória enfraquece, não
faz nada com afinco, tudo lhe parece difícil, sente o corpo pesado e por
qualquer coisa vai para a cama. Além disso, quase não tem apetite,
mostra muitas preferências e restrições em matéria de comida, toma
muito líquido e irrita-se com facilidade. Como nada lhe vai bem, passa a
encarar as coisas com pessimismo. A histeria também é motivada pela
febre branda. Essas pessoas são passivas em tudo, preferem o tempo
chuvoso ao tempo bom, contraem gripe com freqüência, ficam com o
nariz entupido, ouvem zumbidos, suas amígdalas inflamam facilmente,
perdem o fôlego ao subir ladeiras ou quando andam rápido, e suas
pernas ficam pesadas. Em rápida análise, esse é o quadro que se
apresenta, e que não é nada desprezível.

Com tudo o que dissemos, é fácil deduzir que tais indivíduos não
se dão bem com os amigos. Aliás, não se dão bem com ninguém, nem
com os próprios familiares. No lar, isso se reflete no mau
relacionamento entre o casal e entre pais e filhos. Eles tentam impor
seus pontos de vista, agem de maneira egoísta e ainda procuram
apresentar razões para a sua conduta. A justificativa mais alegada é o
liberalismo. Como acham desagradável a vida no lar, facilmente
abandonam a família. Ultimamente muitos rapazes e moças têm fugido
de casa, e a explicação deve ser a que estamos expondo. Os casos mais
trágicos acabam em suicídio coletivo da família.
E não fica por aí. No tocante ao convívio social, muitas pessoas
procuram justificativas egoístas para suas condutas e dessa forma criam
desarmonia ao seu redor, discutem por motivos insignificantes e brigam
87
A Outra Face da Doença

sem nenhuma necessidade. Tudo isso é causado pelo excesso de


egocentrismo. Parece que tais ocorrências são freqüentes entre os
políticos. Mesmo nas associações, em caso de discussão de determinado
assunto, há muito falatório, levando-se um tempo enorme para chegar-se
a um acordo. Parece que as pessoas não conseguem perceber a causa
desses fatos e também não têm interesse nisso.

Numa sociedade complicada como a que acabamos de


mencionar, as criaturas estão crivadas de problemas e, logicamente,
procuram fugir dos aborrecimentos. Aí vem a bebida. Deve ser por essa
razão que, por mais que esta suba de preço, seu consumo não diminui.
Além disso, na ânsia de fugir dos problemas, as pessoas acabam
procurando diversões que lhes proporcionem fortes estímulos. Os jovens
procuram cabarés, discotecas, fliperamas, etc. Os indivíduos de mais
idade, desde que tenham algumas posses, procuram refúgio em
concubinas ou em relacionamentos de caráter leviano. Assim é que, no
mundo atual, proliferam diversões insanas.

Se a origem de um quadro tão sombrio, conforme dissemos, é o


estado ligeiramente febril que as pessoas normalmente apresentam, não
há nada mais temível que esse estado. Mas qual é a causa da febre? São
as toxinas medicinais, as quais se encontram solidificadas em vários
pontos do corpo, determinando um processo brando de purificação. Para
eliminá-la de verdade, não há absolutamente nada a não ser o JOHREI.
À medida que aumentam os fiéis de nossa Igreja, tende a desaparecer o
quadro sombrio que descrevemos, não havendo, portanto, a menor
dúvida de que surgirá uma sociedade extremamente agradável. Esta é
justamente a imagem do Paraíso Terrestre.

SOBRE A PURIFICAÇÃO PROPORCIONAL

22 de abril de 1950

Existe um ponto que preciso esclarecer. Refere-se à ocorrência


da purificação proporcional.

88
A Outra Face da Doença

Suponhamos que a pessoa esteja sentindo dor no braço direito.


Quando a dor melhora, pela ministração do JOHREI, o braço esquerdo
começa a doer. Parece, então, que a dor se deslocou, mas isso é que se
chama purificação proporcional. Eliminadas as toxinas do braço direito e
havendo toxinas no esquerdo, ocorre aí o processo de purificação
natural, para estabelecer o equilíbrio. Evidentemente isso não se limita
ao braço. Seja no ventre ou nas costas, não existe deslocamento da dor.
Trata-se tão somente de purificação proporcional.

22 de abril de 1950

89
A Outra Face da Doença

A DOENÇA E O CARÁTER DO HOMEM

1936

Através da minha larga experiência, constatei que a doença e o


caráter do homem se encaixam perfeitamente. Isso se torna bem visível
por ocasião do tratamento das doenças. As pessoas de caráter dócil
curam-se sem tropeços; nas pessoas simples, a doença também apresenta
sintomas simples. Ao contrário, nas criaturas de gênio forte, ela tende a
se prolongar. Assim, naquelas que são obstinadas, a doença também o é.
Em pessoas cujo comportamento é fácil de mudar, a doença muda
facilmente; em pessoas irônicas, ela também toma aspectos irônicos.

Pela razão acima, quando uma pessoa adoece, se fizermos com


que ela mude os aspectos negativos do seu caráter, isso influenciará
positivamente sobre a cura da doença. O melhor a fazer é as pessoas se
tornarem dóceis.

1936

90
A Outra Face da Doença

A ADVERTÊNCIA DOS ANTEPASSADOS

5 de fevereiro de 1947

Os antepassados desejam a felicidade de seus descendentes e a


prosperidade de sua linha familiar. Por conseguinte, não negligenciam
sua guarda um instante sequer, impedindo-os de cometerem erros e
pecados, ou seja, evitando que trilhem o mau caminho. Se um
descendente, induzido pelo demônio, comete uma má ação, aplicam-lhe
castigos na forma de acidentes ou doenças não só como advertência mas
também para a limpeza dos pecados cometidos anteriormente. No caso
do enriquecimento ilícito por parte do descendente, fazem com que este
tenha prejuízos, ocasionando, por exemplo, um incêndio ou outras
formas de perda, que lhe esgotam a fortuna. Conforme o pecado, aplica-
se também a doença como processo de purificação.

Suponhamos que uma criança contraia gripe. Uma gripe comum


seria facilmente solucionada através do JOHREI; nesse caso, entretanto,
não se verificam bons resultados. A criança tem vômitos freqüentes,
perda de apetite, acentuado enfraquecimento em poucos dias e acaba
morrendo. É uma situação estranha, que se enquadra justamente no que
falamos acima: advertência dos antepassados. As causas podem ser
várias, entre elas o relacionamento amoroso do pai com outra mulher. Se
ele não perceber na primeira advertência, poderão ocorrer-lhe sucessivas
perdas de filhos. Estes são sacrificados por um prazer passageiro; trata-
se, portanto, de uma conduta bastante reprovável. Os antepassados
evitam sacrificar o chefe da família por ser ele o seu sustentáculo, de
modo que os filhos tomam o seu lugar.

Vejamos outro exemplo. O chefe de uma família, homem de


aproximadamente quarenta anos, nunca havia rezado perante o oratório
de antepassados que havia em sua casa. Sua filha, preocupada,
conversou com um tio, irmão do pai, e transferiu o oratório para a casa
dele. Pensando no futuro, o tio foi à casa do irmão e pediu-lhe que
reconhecesse, por escrito, a transferência do oratório, que havia sido
transmitido por várias gerações e que estava agora sob a sua guarda. O
91
A Outra Face da Doença

irmão concordou, mas, quando pegou a caneta, sua mão começou a


tremer em espasmos, sua língua contraiu-se e ele não conseguiu mais
falar nem escrever. Tentaram vários tratamentos sem nenhum resultado,
e por fim vieram a um discípulo meu em busca de cura. Lembro-me de
ter ouvido dele a história que a filha desse homem lhe contara. No caso
em questão, os antepassados não admitiram que o oratório fosse retirado
definitivamente da casa do primogênito, que, por tradição, deveria
guardá-lo. Se isso acontecesse, a linhagem da família ficaria alterada,
podendo, então, ocorrer a sua extinção.

5 de fevereiro de 1947

92
A Outra Face da Doença

A REENCARNAÇÃO

23 de outubro de 1943

O tempo que o homem leva para reencarnar é bastante variável,


podendo a reencarnação ocorrer cedo ou tarde. A rapidez ou atraso são
determinados pela própria vontade da pessoa. Quando alguém morre e
tem muito apego a este mundo, reencarna mais cedo. Mas isso não traz
bons resultados, porque no Mundo Espiritual a purificação é mais
rigorosa e, quanto mais tempo o espírito lá permanecer, mais será
purificado. Quanto mais purificado estiver, mais feliz será ao reencarnar.
No caso de reencarnação prematura, a purificação não foi completa,
restando impurezas que deverão ser purificadas neste mundo. Ora, a
purificação no Mundo Material traduz-se em sofrimentos como doenças,
pobreza, acidentes, etc.; obviamente, a pessoa terá um destino infeliz.

O fato de uma pessoa ser feliz ou infeliz desde o seu nascimento,


na maioria das vezes, deve-se ao que acabamos de expor. Perceberão,
portanto, que a felicidade ou a infelicidade não são mero acaso,
existindo razões para ambas. Contudo, existe outra explicação. Quando a
família do falecido lhe presta homenagens póstumas e ofícios religiosos,
ou quando seus descendentes praticam o amor ao próximo e trabalham
em benefício da sociedade e da nação, somando o bem e a virtude, isso
ajuda a acelerar a purificação dos espíritos dos antepassados. Por esse
motivo, o amor e a devoção filial devem ser praticados não só quando os
pais ainda estão neste mundo, mas muito mais através de ofícios
religiosos e do altruísmo, quando eles já se encontram no Mundo
Espiritual. Costuma-se dizer: "Os filhos querem colocar em prática a
devoção filial quando seus pais já não existem." Quem diz tais palavras,
desconhece como é aquele mundo.

Há pessoas que já nascem com anomalias físicas. Isso significa


que houve reencarnação antes de ser completada a purificação no
Mundo Espiritual. Exemplificando, no caso de uma pessoa cair de um
lugar alto e fraturar os braços ou as pernas, se ela morrer e reencarnar
antes da cura completa, poderá apresentar anomalia nesses membros.
93
A Outra Face da Doença

Entretanto, a reencarnação prematura explica-se não só pelo


apego da própria pessoa, como também pelo apego dos seus familiares.
Por exemplo: quando uma mãe perde um filho muito querido, pode
acontecer que ela engravide logo em seguida, provocando-lhe a rápida
reencarnação devido ao seu forte apego. Em tais casos, normalmente
esse filho não terá uma vida muito feliz.

23 de outubro de 1943

94
A Outra Face da Doença

O PRIMEIRO MUNDO

4 de julho de 1951

Ao analisarmos a civilização atual, percebemos que a base de sua


estrutura é a ciência da matéria. Escreverei sobre isso a seguir, mas, em
primeiro lugar, explicarei a constituição do Universo. Serão dispensados
os detalhes que não se relacionam diretamente com o homem,
abordando-se apenas os pontos mais importantes.

O Universo é constituído de três elementos fundamentais: Sol,


Lua e Terra. Esses elementos são formados respectivamente pela
essência do fogo, da água e da terra, que constituem o Mundo Espiritual,
o Mundo Atmosférico e o Mundo Material, os quais se fundem e se
harmonizam perfeitamente. Até agora, no entanto, só eram conhecidos o
Mundo Atmosférico e o Mundo Material; desconhecia-se a existência de
mais um mundo, isto é, o Espiritual, que a ciência da matéria não
conseguiu detectar. A cultura atual formou-se com o progresso obtido
naqueles dois mundos, razão pela qual ela abrange apenas dois terços.
Na realidade, porém, o Mundo Espiritual, justamente o terço
considerado inexistente, é mais importante que os outros dois juntos,
constituindo a fonte da força fundamental. Ignorando-se a sua
existência, jamais surgirá a civilização perfeita. O fato do homem,
apesar do considerável avanço da cultura baseada no Mundo Material e
no Mundo Atmosférico, não conseguir realizar o seu maior desejo - a
felicidade - comprova muito bem o que estou afirmando.

Examinando-se atentamente a origem dessa contradição,


descobrimos que há uma profunda razão para ela. Se a humanidade,
desde o começo, conhecesse a existência do Primeiro Mundo, ou seja, o
Mundo Espiritual, a civilização material não teria alcançado o
maravilhoso progresso que vemos hoje. Isso porque do desconhecimento
do Mundo Espiritual é que nasceu o pensamento ateísta, que deu origem
ao mal. Atormentada pelo sofrimento decorrente da luta entre o mal e o
bem, a humanidade só teve um recurso: desenvolver a cultura material.
Portanto, pensando bem, que representa isso senão o profundo Plano de
95
A Outra Face da Doença

Deus? Há um perigo, contudo: ocorrer um colapso da cultura material se


ela progredir além de certo limite. A invenção da bomba atômica é uma
das facetas desse progresso, mas, atingido esse nível, é chegado o tempo
determinado pelos Céus de haver uma grande mudança no
desenvolvimento da cultura. Como primeiro passo, está sendo revelada a
toda a humanidade a existência do Primeiro Mundo, do qual não se tinha
conhecimento; tratando-se, porém, de uma existência invisível,
logicamente não se poderá comprová-la pelos métodos científicos. Daí a
manifestação de uma grandiosa força jamais experimentada pela
humanidade, isto é, o Poder de Deus. Como o homem contemporâneo há
longo tempo está obstinado na concepção materialista, é muito difícil
convencê-lo. Entretanto, em nossa Igreja existe o único método para se
conseguir isso: o milagre do JOHREI. Por mais ateísta que seja, o
indivíduo não poderá deixar de aceitar e se submeter. Assim, à medida
que o JOHREI se tornar conhecido por toda a humanidade, haverá
inevitavelmente uma mudança de cento e oitenta graus no rumo da
cultura, surgindo, então, a Verdadeira Civilização, comum ao mundo
todo.

Resta, no entanto, um problema: como a cultura atual foi erigida


ao longo de milhares de anos, não se sabe quanto mal foi praticado até
agora. Por "mal" refiro-me obviamente ao pecado e, conseqüentemente,
às máculas espirituais, cujo grande acúmulo constituirá um obstáculo
para a construção do mundo novo. É como se durante a construção de
uma casa houvesse sujeira espalhada por todo lado, como pedaços de
madeira, tijolos quebrados, etc., tornando-se indispensável uma ação de
limpeza. Deve ser isto o Juízo Final profetizado por Cristo.

Os maravilhosos e incontáveis milagres manifestados pela nossa


Igreja não poderão ser senão o plano de Deus para mostrar a existência
do Primeiro Mundo. E Deus me encarregou desta grandiosa missão.

4 de julho de 1951

96
A Outra Face da Doença

A GRANDE TRANSIÇÃO DO MUNDO

23 de outubro de 1943

Vou explicar detalhadamente como nasceu o JOHREI criado por


mim e a razão pela qual ainda não se descobriu a causa das doenças e os
erros de quase todos os tratamentos.

No Grande Universo, a começar do espaço, que se estende


infinitamente, até as mais minúsculas existências, impossíveis de serem
detectadas mesmo com uso de microscópios, todas as matérias, sejam
elas grandes, médias ou pequenas, cada qual obedecendo à Lei da
Concordância, nascem, crescem, unem-se e separam-se, aglomeram-se e
espalham-se, destróem-se e constróem-se, numa seqüência infinita na
cadeia da evolução. Além disso, existe o positivo e o negativo em tudo,
a diferença entre o frio e o calor durante o ano, entre o dia e a noite no
espaço de um dia e num período de dez, cem, mil, dez mil anos, e assim
por diante. Por essa razão, em vários milhares ou milhões de anos
também há, naturalmente, períodos de transição da noite para o dia.
Atualmente está se aproximando esse tempo. Encontramo-nos no
momento correspondente ao alvorecer. É provável que, fixados na idéia
da existência do dia e da noite no espaço de um só dia, muitos leitores
estranhem o que estou dizendo. Dessa forma, a explicação torna-se
muito difícil, mas creio que ela poderá ser compreendida por qualquer
pessoa.

O mundo em que vivemos, como já expliquei minuciosamente, é


constituído de três planos: o Mundo Espiritual, o Mundo Atmosférico e
o Mundo Material. Poderíamos também separá-lo em dois planos, pois o
elemento água, do ar, e o elemento terra, do globo terrestre, são
materiais, ao passo que o espírito, ou seja, o elemento fogo, é totalmente
imaterial. Se distinguirmos o espírito da matéria, teremos o Mundo
Espiritual e o Mundo Material.
Para mostrar a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo
Material, é importante entenderem que todo acontecimento ocorre
primeiramente no Mundo Espiritual e depois se reflete no Mundo
97
A Outra Face da Doença

Material. Fazendo uma comparação, é como se aquele fosse o filme, e


este, a tela de projeção. Essa é a absoluta Lei do Céu e da Terra. Quando
o homem movimenta os braços ou as pernas, por exemplo, a vontade,
invisível aos olhos, é que age primeiro e, pelo seu comando, os membros
se movimentam. Analogamente, o Mundo Espiritual representa a
vontade, e o Mundo Material, os membros.

A Transição da Noite para o Dia, que, segundo dissemos, advém


em vários milhares ou milhões de anos, é um fenômeno ocorrido no
Mundo Espiritual. Assim, o mundo até hoje encontrava-se num longo
período noturno, mas agora está iminente a Transição para o Mundo do
Dia. Isso está simbolizado na abertura da Porta da Rocha do Céu, que
consta no "Kojiki" (coletânea de histórias antigas do Japão). O
aparecimento do deus Amaterassu Oomikami também constitui uma
grande profecia do advento desse mundo. Acredito que a expressão "Luz
do Oriente", usada no Ocidente desde a Antigüidade, refere-se à mesma
profecia.

23 de outubro de 1943

98
A Outra Face da Doença

TRANSIÇÃO DA NOITE PARA O DIA

5 de fevereiro de 1947

Conforme dissemos no capítulo anterior, explicando a relação


entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material, tudo o que acontece no
Mundo Material é reflexo do Mundo Espiritual. Neste último, está
ocorrendo atualmente uma grande transição; conhecendo esse fato, tudo
se torna claro aos nossos olhos.

Todas as coisas existentes no Universo nascem e crescem, são


criadas e destruídas, numa evolução infinita, pela ação dos dois mundos.
Se observarmos com visão ampla, veremos que o Universo, ao mesmo
tempo em que é macroinfinito, também é o Mundo Material, um corpo
constituído de microinfinitos. Por sua contínua transformação, há uma
ininterrupta evolução da cultura. Meditando sobre isso, não podemos
deixar de sentir a "vontade" do Universo, isto é, o objetivo e os planos
de Deus. Em tudo há positivo e negativo, claro e escuro; assim, também,
há diferença entre noite e dia. Quando observamos a mudança das quatro
estações do ano, o progresso e declínio de todas as coisas, notamos que
isso se encaixa perfeitamente à vida humana. Existe diferença entre o
grande, o médio e o pequeno em tudo. Com relação ao tempo, temos o
contraste entre o dia e a noite não só no espaço de um dia, mas também
em intervalos de um, dez, cem, mil, milhares ou milhões de anos. É um
fenômeno que ocorre no Mundo Espiritual; no Mundo Material,
entretanto, só notamos essa diferença no espaço de vinte e quatro horas.

No Mundo Espiritual, é chegada a hora da Transição que se


processa em intervalos de milhares ou milhões de anos. Trata-se de um
fato extremamente importante, cujo conhecimento, além de nos permitir
entender o princípio do JOHREI, torna possível a previsão do futuro do
mundo e nos dá paz e tranqüilidade. Explicarei, a seguir, como essa
mudança está se refletindo no Mundo Material.

Até agora era Noite no Mundo Espiritual. Nele, da mesma forma


que no Mundo Material, a Noite é escura, e só periodicamente há luar.
99
A Outra Face da Doença

Como conseqüência, predomina o elemento água. Quando a lua se


esconde, resta apenas a luz das estrelas; se estas forem encobertas pelas
nuvens, a escuridão será completa. Observando-se os fatos do Mundo
Material, que são a projeção do que ocorre no Mundo Espiritual, isso se
torna muito claro. Pelas marcas deixadas até os nossos dias, os períodos
de guerra e paz, de ascensão e queda das nações, podem ser comparados
às fases crescentes ou minguantes da lua. É chegada, portanto, a hora de
se iniciar mais um ciclo, ou seja, encontramo-nos na iminência da
mudança para o Dia. Estamos justamente na fase do seu alvorecer.

A Transição da Noite para o Dia no Mundo Espiritual ocasionará


uma experiência inédita para a humanidade. Uma grande, espantosa,
temível e ao mesmo tempo feliz mudança está para ocorrer, e seus sinais
já estão aparecendo. Vejamos.

O Dia, no Mundo Espiritual, é como no Mundo Material:


primeiro aparecem pinceladas de luz do sol no horizonte, a leste.
Atentem, por exemplo, para a grande transformação ocorrida no Japão, o
País do Sol Nascente. Nele já se iniciou o colapso da cultura da Noite,
ou seja, da cultura já formada. Observem, também, o desmoronamento
das grandes metrópoles da cultura, a situação calamitosa da economia
industrial, a queda dos superpoderes, das classes privilegiadas, etc. Tudo
isso é conseqüência da mudança a que nos referimos. Logo virá a
construção da Cultura do Dia, que também já está raiando, representada,
no Japão, pelo desarmamento total, seguido da ascensão da democracia.
Esses dois fatos, absolutamente imprevisíveis desde a instituição do país
como Nação, há dois mil e seiscentos anos, será o primeiro passo para o
estabelecimento da eterna paz mundial.

O Mundo da Noite é um mundo de trevas, caracterizado pelas


lutas, pela fome, pelas doenças. Em contraposição, o Mundo do Dia é
um mundo de Luz, caracterizado pela paz, pela abundância e pela saúde.
O Japão atual expressa bem a fase de transição entre esses dois mundos.
O sol que desponta no leste deverá atingir o zênite. E o que significa
isso? Significa o colapso total da Cultura da Noite; ao mesmo tempo,
ouvir-se-á o brado do nascimento da Cultura do Dia. Pode-se mais ou
100
A Outra Face da Doença

menos ter uma idéia disso pelos fatos ocorridos no Japão, os quais, em
pequena escala, já mostram um modelo da nova cultura. Assim,
aproxima-se o momento decisivo para toda a humanidade, e ninguém
poderá escapar. Resta ao homem apenas esforçar-se para tornar os
efeitos dessa ocorrência o mais brandos possível. Para isso, ele só tem
um meio: conhecer o princípio do JOHREI e unir-se ao trabalho de
construção da cultura do Dia.

Há um trecho da Bíblia que diz que seria pregado o Evangelho


do Paraíso ao mundo inteiro e depois viria o fim. Que quer dizer isso?
Acredito firmemente que essa missão será cumprida pelos meus
Ensinamentos.

Para explicar o princípio do JOHREI, eu tive de avançar até o


destino do mundo. Todavia, era sumamente importante que o fizesse,
pois tanto a descoberta dos erros da Medicina como o princípio do
JOHREI apóiam-se fundamentalmente neste ponto: a Transição da Noite
para o Dia.

Se a causa das doenças, como já expliquei, são as máculas do


espírito, e se a única maneira de acabá-las é a eliminação dessas
máculas, resta uma grande dúvida: por que não se descobriu isso antes
da descoberta do JOHREI?

O princípio do JOHREI está baseado na misteriosa luz invisível


emanada do corpo humano. E qual é a natureza dessa luz? Ela é uma
espécie de energia espiritual, peculiar ao corpo humano, e seu
componente principal é o elemento fogo. Portanto, na ministração do
JOHREI, necessita-se de grande quantidade desse elemento; à medida,
porém, que se aproxima o Mundo do Dia, ele aumenta gradativamente,
pois sua fonte de irradiação é o Sol. Assim, além de ser eficiente na
eliminação das doenças, o elemento fogo possui mais um fator de
importância decisiva: seu incremento no Mundo Espiritual acelera o
processo de purificação do corpo material, porque a transformação
ocorrida naquele mundo causa influência direta no corpo espiritual. O
aumento do elemento fogo tem a função de auxiliar a intensificação da
101
A Outra Face da Doença

energia purificadora das máculas espirituais. Por isso, ao mesmo tempo


em que se torna mais fácil surgirem doenças, o tratamento solidificador
empregado pela Medicina atual terá efeitos cada vez menores, acabando
por se tornar impraticável. No Mundo da Noite, era preciso que
transcorressem vários anos para haver uma nova liquefação das toxinas
anteriormente solidificadas, mas esse período irá diminuindo para um
ano, meio ano, três meses, um mês, até ser impossível a solidificação.

Pelo exposto, os leitores poderão entender que pouco a pouco


está se processando a Transição da Noite para o Dia. No Mundo da
Noite, para o tratamento das doenças, era mais vantajoso solidificar as
toxinas que derretê-las, pois não havia quantidade suficiente do
elemento fogo para promover sua liquefação. Assim, era inevitável
adotar-se provisoriamente o método de solidificação. Eis, portanto, o
grave erro que se tornou a causa dos sofrimentos da humanidade, como
as guerras, a fome, as doenças, a abreviação da vida, etc.

5 de fevereiro de 1947

102
A Outra Face da Doença

SOU UM CIENTISTA EM RELIGIÃO

7 de abril de 1954

Se eu, um religioso, disser que sou também cientista, todos


estranharão, mas estou certo de que, ao término desta leitura, hão de
concordar comigo.

Sempre digo que a Ciência atual ainda está num nível muito
baixo, nem podendo ser considerada como Ciência. Sua importância
reside, sem dúvida, na descoberta e no estudo de corpos microscópicos.
É claro que isso se deve ao aperfeiçoamento do microscópio, graças ao
qual o avanço nesse estudo é impressionante. Conseguem-se distinguir
corpúsculos extremamente pequenos, frações da ordem de um milésimo,
milionésimo ou bilionésimo. Trata-se de um avanço contínuo, chegando-
se ao extremo do microscópico; atualmente se está quase prestes a entrar
no mundo do infinito. A palavra espírito, muito empregada ultimamente,
deve estar indicando esse mundo.

É evidente que o conhecimento do mundo do infinito não se deve


a experiências de natureza científica; entretanto, ao aprofundar-se nos
estudos científicos, o homem levantou uma tese hipotética sobre ele,
baseada na dedução. Se não fosse assim, acabar-se-ia num beco-sem-
saída. Ora, o mundo a que nos referimos é justamente o Mundo
Espiritual, o que significa que a Ciência, finalmente, está chegando ao
lugar certo. Dessa maneira, deixando de lado os subterfúgios, ela, que
por tanto tempo insistiu em negar a existência do espírito, acabou
derrotada. Caso venha a apreendê-la com precisão, elevar-se-á a um
nível mais alto e terá dado mais um passo em busca da Verdade. Sendo
assim, tomará como objeto de seus estudos o espírito e não mais a
matéria, de modo que a Ciência, que até agora raciocinava com base na
matéria, será considerada como Ciência da primeira fase, e a Ciência
baseada no espírito, como Ciência da segunda fase. Com isso haverá
uma mudança de cento e oitenta graus no rumo da Ciência. Em termos
mais claros, será traçada uma linha demarcatória no mundo científico: a
Ciência da matéria ficará situada abaixo, e a Ciência do espírito acima.
103
A Outra Face da Doença

Esta é uma visão no sentido vertical; no sentido horizontal, a primeira


seria a parte externa, e a segunda, a interna ou conteúdo. Em outras
palavras, significa que haverá uma evolução da Ciência do concreto para
a Ciência do abstrato, o que é realmente motivo de alegria.

Mas aqui se apresenta um problema: não adianta apenas conhecer


a existência do Mundo Espiritual; é necessário apreender sua natureza e
colocá-lo a serviço da humanidade. A Ciência da matéria não tem meios
para isso, pois, para o espírito, o meio deve ser o espírito; todavia, é
possível superar esta dificuldade. Aliás, ela já foi superada: tenho obtido
resultados admiráveis na resolução de problemas espirituais através do
espírito. Refiro-me justamente à questão das doenças. Explicando de
forma sucinta, a causa de todas as doenças são as impurezas acumuladas
no espírito, tornando-se evidente que, se eliminarmos tais impurezas, as
doenças serão erradicadas, de acordo com a Lei do Espírito Precede a
Matéria. Meu método consiste na irradiação de um espírito específico
que pode ser considerado como a bomba atômica espiritual para queimar
as impurezas. Esse método, denominado JOHREI, constitui uma
fórmula científica de alto nível. Não se limitando apenas ao campo da
Medicina, ele consegue resolver problemas que nenhuma religião ou
ciência conseguiu. Se isso não é uma superciência, o que será?

A Ciência que trata da matéria ainda se encontra em baixo nível,


evidenciando-se que, através dela, é impossível resolver problemas
vitais de um ser de tão elevado nível como o homem. Isso se torna claro
ao observarmos que doenças graves, consideradas incuráveis pela
Medicina, estão sendo vencidas facilmente, por meio do JOHREI. Dessa
forma, a ciência do espírito pode ser considerada como o suporte da
ciência da matéria.

A natureza do Mundo Espiritual é constituída pela essência do


Sol, da Lua e da Terra, que, na Ciência, correspondem, respectivamente,
ao oxigênio, ao hidrogênio e ao nitrogênio. O Mundo Espiritual,
segundo a doutrina messiânica, é a junção do elemento fogo, do
elemento água e do elemento terra. A Terra é a natureza da matéria; o
Sol é a natureza do espírito, e a Lua é a natureza do ar. O elemento fogo
104
A Outra Face da Doença

e o elemento água controlam a atmosfera que preenche o espaço


terrestre. Embora o elemento fogo seja o mais forte, por ser
extremamente rarefeito, não foi possível detectar, através da ciência da
matéria, a não ser suas propriedades de luz e calor, razão pela qual sua
natureza como espírito ainda não é conhecida. Assim, a Ciência tomou
como objeto de estudo apenas os elementos água e terra, e por isso a
cultura está baseada nesses dois elementos, o que constitui a maior falha
da civilização atual.

Agora devo falar sobre um acontecimento extraordinário. Como


já explicamos, os fenômenos do Mundo Material são produzidos pela
união dos elementos Sol, Lua e Terra. A distinção entre o dia e a noite é
decorrente da alternância do Sol e da Lua. Acontece que no Mundo
Espiritual também existe dia e noite. Evidentemente, a ciência da
matéria não consegue compreender isso, mas a ciência espiritual o
consegue. O acontecimento extraordinário a que me refiro é a grande
mudança que está para ter início no mundo. Um acontecimento
surpreendente, jamais imaginado pela humanidade, isto é, um fenômeno
histórico: a Transição da Noite para o Dia. Para entendê-lo, torna-se
necessário um estudo do ponto de vista Tempo.

No Mundo Espiritual há Transição da Noite para o Dia em


períodos de dez, cem, mil ou milhões de anos. Portanto, assim como a
Terra é formada pelos três elementos fundamentais - o fogo, a água e a
terra - o número três é a base de todo o Universo. Isso constitui uma Lei
imutável. Mesmo o Dia e a Noite são formados de três, trinta, trezentos,
três mil anos e assim por diante. É claro que, dependendo do caráter das
coisas e da sua grandeza - maior, média ou menor - elas se refletem do
espírito para a matéria com maior ou menor rapidez, mas o essencial
move-se com precisão. Agora está justamente ocorrendo a Transição de
um período de três mil anos; estamos no alvorecer de um novo período.
Já me referi a isso antes, e até a data acha-se bem definida. Foi a 15 de
junho de 1931 que o Mundo Espiritual começou a se transformar em
Dia. A mudança se processará até certo tempo e gradualmente se
refletirá no Mundo Material. Gostaria de dar uma explicação mais
profunda, mas vou abreviá-la, porque teria de entrar no campo da
105
A Outra Face da Doença

Religião. Entretanto, é preciso acreditar no que estou dizendo, pois se


trata da verdade absoluta.

O fato de o Mundo Espiritual estar se tornando Dia significa que


há uma intensificação do elemento fogo. Apesar de ser uma mudança
gradativa, já está se projetando no Mundo Material. Assim, o mundo em
que a água predominava sobre o fogo tornar-se-á o mundo em que o
fogo predominará sobre a água. Através da Ciência da matéria não se
pode perceber tal fenômeno, mas as pessoas dotadas de alta
espiritualidade conseguem percebê-lo plenamente. Com essa mudança,
todos os problemas para os quais não se encontrava solução serão
resolvidos de maneira clara e precisa. Com base no que acabo de expor,
vou criar a Verdadeira Civilização, elevando o nível da Ciência atual.

7 de abril de 1954

106
A Outra Face da Doença

O ESPÍRITO PRECEDE A MATÉRIA

15 de agosto de 1951

Vou tecer considerações sobre a relação entre o Mundo Espiritual


e a doença.

O homem é constituído pela união do corpo e do espírito. O


corpo é uma matéria visível, e por isso todos podem compreendê-lo; o
espírito é invisível, mas existe, sendo uma espécie de éter. Assim como
o corpo é uma existência do Mundo Atmosférico, o espírito é uma
existência do Mundo Espiritual. O Mundo Espiritual, conforme já
expliquei, é transparente, mais rarefeito que o ar, comparando-se ao
nada. Na realidade, porém, ele é a fonte geradora da força infinita e
absoluta, que por ora chamaremos de força cósmica. É um mundo
fantástico, impossível de ser imaginado, cuja natureza está formada pela
fusão das essências do Sol, da Lua e da Terra. Com a força cósmica tudo
nasce, tudo se transforma e cresce, mas ao mesmo tempo acumulam-se
impurezas, que são submetidas à purificação. É como o acúmulo de
sujeira no corpo humano, que necessita de banho. Portanto, quando se
juntam impurezas na atmosfera, elas são concentradas num determinado
ponto e aí surge uma ação purificadora denominada "baixa pressão", que
executa a limpeza. Os raios e os incêndios causados pelo homem têm a
mesma explicação. Se houver aglomeração de impurezas, surgirá a ação
purificadora, que tem início no espírito.

As sujeiras, ou seja, as máculas acumuladas no espírito humano,


que é transparente, são opacidades surgidas em alguns pontos. Há dois
tipos de máculas: as que se originam no próprio espírito e as que são
reflexo do corpo. Vejamos o primeiro tipo.

O interior do espírito está constituído de três camadas dispostas


de forma centrípeta. Analisando-o a partir do centro, seu núcleo é a
alma, a partícula do homem que se instala no ventre da mulher e que
resultará no nascimento de outro ser. A alma está envolta pela
consciência, e esta, pelo espírito. O que acontece na alma se reflete na
107
A Outra Face da Doença

consciência e, daí, no espírito, e vice-versa. Assim, a alma, a consciência


e o espírito estão interrelacionados, constituindo uma trilogia.
Naturalmente, todas as pessoas, assim como praticam o bem, também
praticam o mal durante sua vida. Se o mal é maior que o bem, a
diferença entre eles constituirá o pecado, que, refletindo-se na alma,
diminui o brilho; por esse motivo, a consciência ficará maculada e, em
seguida, o espírito. Através da ação purificadora, é realizada a
eliminação das máculas. Durante o processo, o volume delas diminui
provisoriamente; com isso, elas se tornam mais densas, concentrando-se
em determinadas parte do corpo. O interessante é que, dependendo do
pecado, o local da concentração é diferente. Por exemplo: os pecados da
vista, nos olhos; os pecados da cabeça, na cabeça; os pecados do tórax,
no tórax, e assim por diante, tudo enquadrado na concordância.

Passemos, agora, ao segundo tipo de máculas, isto é, as que se


refletem do corpo para o espírito. Neste caso, primeiro o sangue se suja
e, como conseqüência, o espírito fica maculado. Originariamente, o
sangue é a materialização do espírito e, reciprocamente, o espírito é a
espiritualização do sangue. Isso mostra a identidade do espírito e da
matéria. Assim, quando as máculas se tornam densas e se refletem no
corpo, transformam-se em sangue sujo, e este, concentrando-se mais,
transforma-se em toxinas solidificadas. Estas, depois de dissolvidas e
liqüefeitas, são eliminadas por diversos pontos do corpo. O sofrimento
decorrente desse processo constitui aquilo a que se dá o nome de
doença.

Mas por que o sangue se suja? A causa é bastante surpreendente:


são os remédios, que paradoxalmente ocupam a posição de maior
destaque nos tratamentos médicos. Como todo remédio é veneno, só de
ingeri-lo o sangue já se suja e os fatos são a maior prova do que estamos
dizendo. Portanto, não há nada de estranho em que, estando a pessoa sob
tratamento médico, a doença se prolongue ou piore, ou que até surjam
outras doenças.

Se o sangue sujo existente no corpo se reflete no espírito em


forma de máculas e estas se tornam a causa das doenças, o próprio
108
A Outra Face da Doença

processo de cura das doenças acaba se tornando o meio de provocá-las.


Não se obterá a erradicação completa se primeiramente não forem
removidas as máculas do espírito, de acordo com a Lei Universal do
Espírito Precede a Matéria. Como o JOHREI é a aplicação dessa lei,
purificando-se o espírito as doenças saram pela raiz. É por isso que ele
tem esse nome JOHREI - que significa "purificação do espírito".
Desconhecendo tal princípio, a Medicina despreza o espírito e tenta
curar apenas o corpo. Assim, por mais que ela progrida, as curas serão
sempre efêmeras.

15 de agosto de 1951

109
A Outra Face da Doença

ESPÍRITO E CORPO

10 de setembro de 1953

Se tudo o que ocorre no Universo está fundamentado na


precedência do espírito sobre a matéria, não há nada de estranho nos
inúmeros milagres que acontecem. Para entender esses milagres,
precisamos conhecer a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo
Material.

Tal como o homem possui roupas para o corpo, o espírito


também possui uma veste, que é a aura. Esta é uma espécie de éter; é a
luz emanada do espírito. Não obstante ser algo vago, há quem consiga
enxergá-la. Ela pode ser comparada ao tempo: ora está clara, ora está
nublada. Se pensamos o bem e o praticamos, a aura fica clara; se
pensamos e praticamos o mal, ela fica maculada. Assim, se cremos
numa divindade verdadeira, recebemos sua Luz, que dissipa as máculas;
se cremos numa divindade falsa, as máculas aumentam. Geralmente por
falta de conhecimento espiritual, as pessoas pensam que toda divindade
é correta e verdadeira, mas aí está um gravíssimo erro, pois, na
realidade, os falsos deuses são em maior número. A prova é que muitas
famílias, embora sejam devotas há várias gerações, não param de ser
atormentadas pela infelicidade. Isso ocorre porque estão adorando um
deus falso, ou de fraco poder. O homem deve, portanto, converter-se ao
verdadeiro Deus e salvar o próximo; quanto mais méritos e virtudes ele
somar, mais luminosa e maior se tornará a sua aura.

A aura de uma pessoa comum tem aproximadamente três


centímetros, mas no caso de um virtuoso varia entre quinze e trinta
centímetros. Os virtuosos que alcançaram nível de divindade possuem
aura de alguns metros ou mesmo quilômetros. Entre os grandes
religiosos há aqueles cuja aura alcança diversos países ou povos. Cristo
e Sakyamuni, por exemplo. A aura do Salvador do Mundo, no entanto,
possui a força máxima, ou seja, uma força que envolve em Luz toda a
humanidade; mas a História mostra que até agora ainda não apareceu o
Salvador do Mundo.
110
A Outra Face da Doença

Como dissemos, a aura aumenta ou diminui de acordo com a boa


vontade e o esforço de cada um. Os homens precisam crer nisso e
praticar o bem. Exemplificando, no caso de alguém sofrer um acidente
automobilístico ou ferroviário, se a sua aura for espessa, o espírito do
veículo esbarrará nela e não atingirá a pessoa, salvando-a; todavia, se a
aura for fina ou quase inexistente, ocorrerão ferimentos graves ou
mesmo morte. É por esse motivo que os nossos fiéis conseguem escapar
dos acidentes.

A sorte ou azar da pessoa obedece ao mesmo princípio. O corpo


pertence ao Mundo Material, e o espírito ao Mundo Espiritual; esta é a
organização dos dois mundos. O Mundo Espiritual está dividido em três
planos: Superior, Médio e Inferior. Cada plano subdivide-se em sessenta
camadas, distribuídas, por sua vez, em três níveis de vinte camadas cada
um, totalizando cento e oitenta camadas. É claro que o plano mais baixo
corresponde ao Inferno; em seguida vem o mundo intermediário,
equivalente ao nível do Mundo Material; o mais alto é o Céu. A maior
parte das pessoas se situa no plano intermediário, mas, dependendo da
prática do bem ou do mal, elas podem descer ou subir de plano. Assim,
se praticam o bem, sobem ao Céu; se praticam o mal, caem no Inferno.
Além do mais, no Mundo Espiritual existe absoluta justiça e não há
privilégios, o que é desagradável para os malfeitores. Aqueles que
acreditarem nisso poderão alcançar a verdadeira felicidade.

É evidente que no Inferno reina a inveja, o ódio, a cobiça, o


ciúme, a pobreza, etc., e quanto mais se desce, mais intensos se tornam,
sendo que o nível mais baixo é chamado de Reino do Fundo da Raiz ou
Inferno de Trevas e Frio Absolutos. Entretanto, não só após a morte,
mas desde que o corpo está no Mundo Material, o espírito se reflete nele
no estado em que se encontra. É por isso que vemos até casos de
suicídio de uma família inteira, após um sofrimento extremo. São
ocorrências que sempre figuram nos jornais, mostrando que a sorte ou o
azar dependem da posição (nível) da pessoa no Mundo Espiritual.
Obviamente trata-se de uma conseqüência da Lei de Causa e Efeito entre
o Bem e o Mal, de modo que não há ninguém mais tolo que o malfeitor.
111
A Outra Face da Doença

Mesmo que consiga progredir na vida valendo-se do Mal, esse êxito é


passageiro; um dia ele acabará arruinado, já que no Mundo Espiritual
sua posição é no Inferno. Em contrapartida, por mais azarada que uma
pessoa seja, se ela praticar o Bem, sua posição no Mundo Espiritual irá
se elevando e algum dia ela se tornará feliz. É uma Lei Divina que
jamais poderá ser infringida. Todavia, embora a pregação deste
Ensinamento seja a missão original das religiões, isso não ocorreu de
maneira efetiva, pois, considerando os ensinamentos e os sermões como
sendo o mais importante, elas não os faziam acompanhar da força que
tem o real poder, ou seja, os milagres.

Entretanto, é chegado o tempo, e Deus está manifestando o Poder


Absoluto, fazendo surgir surpreendentes milagres através da nossa
Igreja, para despertar a humanidade da ilusão em que ela se encontra;
por isso, por mais incrédulo que alguém seja, não poderá deixar de crer.

10 de setembro de 1953

112
A Outra Face da Doença

MEDICINA ESPIRITUAL

23 de outubro de 1943

Mostrei, sob diversos ângulos, que a Era do Dia é o mundo em


que o espírito precede a matéria. Aplicando isso ao corpo humano, as
toxinas - causa de todas as doenças - são matérias estranhas acumuladas
no corpo. Mas, nesse caso, como se encontra o espírito da pessoa? Nos
locais do corpo espiritual correspondentes aos pontos onde se encontram
as toxinas, estão as máculas. Quando se procura anular as toxinas
promovendo apenas a sua eliminação do corpo, isso terá um efeito
temporário; com o passar do tempo, elas surgirão novamente, de acordo
com a Lei do Espírito Precede a Matéria. Assim, para eliminá-las
radicalmente, devemos eliminar as máculas do corpo espiritual.

Como todos os métodos utilizados até agora basearam-se


unicamente na eliminação das toxinas ou então na sua solidificação,
tomando apenas o corpo como objeto do tratamento, é óbvio que eles
propiciassem uma cura passageira, mas jamais a cura radical, o que está
bem caracterizado pelo uso da palavra recaída. Conforme já explanei, os
métodos empregados pela Medicina são dois: a solidificação e a
remoção cirúrgica. Entre as formas populares de tratamento existe a
solidificação por meio de banhos de luz ou eletricidade e a queima
através da moxa, método este que consiste em queimar determinados
pontos para concentrar neles o pus e eliminá-lo. O nosso JOHREI,
todavia, fundamenta-se na eliminação das máculas do corpo espiritual.
O método consiste em irradiar, pela palma da mão, uma espécie de
ondas espirituais, que têm como agente principal o elemento fogo. Por
ora, vou chamar essas ondas de raios misteriosos. Todas a pessoas os
possuem em determinada quantidade, ou melhor, esses raios existem em
número ilimitado no espaço aéreo acima do Planeta, isto é, no Mundo
Espiritual. Mas por que será que ninguém descobriu antes esse método
que consiste na eliminação das máculas através das ondas espirituais?
Foi porque, conforme já dissemos, era Noite no Mundo, ou seja, o
mundo estava às escuras. Como luz, existia apenas uma claridade
semelhante à da Lua, e por isso era impossível obter-se a força para
113
A Outra Face da Doença

curar as doenças, ou seja, raios misteriosos em quantidade suficiente


para apagar as máculas. Não é que eles fossem totalmente nulos, tanto
assim que alguns religiosos e ascetas procediam ao tratamento das
doenças e até certo ponto tinham êxito. Como é do conhecimento de
todos, os fundadores de algumas religiões ganharam considerável fama.
Acontece, porém, que o principal componente da luz da Lua é o
elemento água, e por essa razão a força para curar as doenças limitava-se
a algumas espécies ou a efeitos temporários. Com base no elemento
água, essa luz é de natureza fria, e por isso sua aplicação torna-se um
tratamento solidificador. No JOHREI, entretanto, o principal agente é o
elemento fogo, capaz de queimar qualquer mácula; por conseguinte, ele
apresenta efeitos extraordinários. O principal motivo que me levou a
descobri-lo foi o conhecimento sobre a Transição da Era da Noite para a
Era do Dia e o conseqüente aumento de partículas do elemento fogo,
que, concentrando-os no corpo, produz-se uma poderosa luz
purificadora. Irradiando-a, então, no local afetado, há um efeito
extraordinário.

23 de outubro de 1943

114
A Outra Face da Doença

PRINCÍPIO DO JOHREI

30 de maio de 1949

PRIMEIRA PARTE

O princípio do JOHREI é um assunto por demais difícil para a


compreensão das pessoas da atualidade, dado o seu nível de instrução.
Isso é inevitável, já que a educação está totalmente baseada no
materialismo. Por outro lado, através de documentos escritos e da
tradição oral, constatamos que invariavelmente os fundadores de
diversas religiões realizaram milagres. O fato é mais evidente nas
grandes religiões. No entanto, pelo nível cultural daquela época, era
possível convencer o povo apenas pela concessão de benefícios e pela
realização de milagres, pois ele não buscava esclarecimentos sobre a
teoria ou o conteúdo das religiões. O lamentável é que, se não tivesse
havido a redenção, Cristo, quem mais milagres realizou, talvez
conseguisse, durante a sua vida, salvar uma grande parte da humanidade
e ampliar muito mais a sua doutrina. Seu período de atuação foi bastante
curto, sem dúvida por causa da força de Satanás, que, na época, era
inegavelmente mais forte, em virtude da prematuridade do tempo no
Mundo Espiritual. Entretanto, finalmente o tempo amadureceu e adveio
a grande Transição naquele mundo. Através da nossa percepção
espiritual, podemos ver claramente que a força de Satanás está
enfraquecendo dia-a-dia.

Por Revelação Divina foi-me esclarecida a causa de vários fatos


até hoje considerados mistérios do mundo. Assim, me é possível
distinguir o justo e o satânico, determinar a raiz do Bem e do Mal,
corrigir o erro de todas as coisas. Em face do desequilíbrio do mundo
contemporâneo, decorrente do progresso unilateral da cultura, ou seja, o
progresso apenas da cultura material, vou incrementar
extraordinariamente a cultura espiritual e, com o desenvolvimento
paralelo de ambas, fazer surgir o mundo perfeito: o Paraíso Terrestre.

115
A Outra Face da Doença

Como eu disse anteriormente, diferindo dos homens primitivos e


dos homens de épocas de baixo nível cultural, o homem da atualidade
não consegue confiar apenas em milagres, mesmo que estes sejam
manifestados concretamente. Ele não se convence sem uma explicação
teórica dos fatos. Uma das causas da decadência das religiões
tradicionais é justamente elas negarem a cultura material e não
conseguirem proporcionar benefícios concretos aos fiéis.

Vou explicar agora o princípio do JOHREI, um dos métodos


pelos quais os fiéis da nossa Igreja vêm obtendo magníficos resultados,
expressos sob a forma de surpreendentes milagres. Quando se estende a
mão em direção à pessoa enferma, as doenças mais difíceis e os
enfermos mais graves começam a melhorar. Mesmo as dores mais fortes
são aliviadas ou extintas em curto espaço de tempo. Portanto, só
podemos dizer que se trata de "milagre".

A Medicina atual é o resultado de milhares de anos de estudo e


prática constante realizada por renomados estudiosos de vários países, e
suas terapias minuciosas e refinadas são dignas de elogio. Entretanto,
um indivíduo comum obtém resultados notáveis ministrando JOHREI
em doentes que não conseguiram se restabelecer com o trabalho das
autoridades médicas, formadas à custa de elevadas despesas com estudos
e pesquisas durante dezenas de anos. É realmente um fato que está além
da razão. Não seria, pois, exagero definir o JOHREI como a maravilha
do século. Todavia, pelo simples conhecimento dos seus resultados reais
através de notícias, as pessoas não o aceitam facilmente. Mais do que
isso: vêem-no pela ótica da superstição ou da anormalidade psíquica, o
que talvez seja uma reação natural.
O aparecimento do JOHREI é um grande acontecimento, inédito
na História. A afirmação, feita por nossa Igreja, de que irá construir um
"mundo livre de doença, pobreza e conflito" não seria possível se ela não
estivesse absolutamente convicta do que está dizendo. Se não tivesse
competência para isso, ela estaria enganando o mundo e cometendo um
delito imperdoável. Para nós, no entanto, como eu disse anteriormente,
milagres como os que citamos não são milagres. Eles possuem uma base

116
A Outra Face da Doença

totalmente fundamentada na explicação científica e ocorrem porque


devem ocorrer. Vou, a seguir, explicá-los mais profundamente.

SEGUNDA PARTE

Para explicar o princípio do JOHREI, torna-se indispensável o


conhecimento de um fato: todas as coisas existentes no Universo são
constituídas não apenas da parte material, mas também de uma parte
espiritual, invisível aos nossos olhos. O homem, logicamente, também
está constituído de matéria e espírito. Numa classificação sumária, o
espírito é a essência do Sol; o corpo físico, a essência da Lua e da Terra.
Em termos mais compreensíveis, o espírito é fogo, positivo, masculino,
frente, vertical e dia; o corpo, por sua vez, é água, negativo, feminino,
verso, horizontal e noite. Entretanto, a Ciência não admite a existência
do espírito, objetivando somente a matéria. Ora, se o homem fosse
desprovido de espírito, não passaria de um simples objeto. Seria uma
matéria como o pau e a pedra, sem vida e sem atividade mental. Não
compreender essa teoria tão simples constitui o erro fundamental da
Ciência até hoje. Para os cientistas, no espaço só existe o ar, nada mais.
Mas a verdade é que, além do ar, existe um número incalculável de
elementos invisíveis; lamentavelmente a Ciência ainda não progrediu a
ponto de detectá-los. Por felicidade eu descobri a natureza desses
elementos, tendo dado aos conhecimentos obtidos o nome de Ciência
Espiritual. Com essa descoberta, evidentemente, chegou-se à época em
que terá início a eliminação das doenças, o maior sofrimento da
humanidade.

A seguir, vou mostrar a causa do aparecimento das doenças.


Conforme eu já disse, o homem é constituído de duas partes - a material
e a espiritual. O fato dele estar vivo e se movimentar acha-se relacionado
à estreita união entre o espírito e a matéria, ou seja, esta é movida pelo
espírito. O espírito possui a mesma forma do corpo físico, e dentro dele
localiza-se a consciência, no centro do qual, por sua vez, está a alma. A
atividade dessa trilogia manifesta-se como vontade-pensamento, a qual é
invisível. Essa vontade-pensamento é que governa o corpo; portanto, o
espírito é o principal, e a matéria, o secundário, isto é, o espírito precede
117
A Outra Face da Doença

a matéria. Quando uma pessoa movimenta os braços e as pernas, eles


não se movem livremente, por si próprios, mas sim obedecendo à
vontade da pessoa. Todas as partes do corpo, sem exceção, inclusive a
boca, o nariz, os olhos, etc., movimentam-se dessa forma. Até a doença
obedece ao mesmo princípio. Para que possam entender bem, vou
exemplificar com o furúnculo, do qual todo mundo tem experiência.

O furúnculo surge como uma pequena protuberância e vai


inchando gradualmente e tomando uma cor avermelhada. Normalmente
vem acompanhado de febre, e a pessoa começa a sentir dores e coceiras
no local. Esse fenômeno constitui uma atividade de eliminação das
toxinas do corpo físico, por ação fisiológica natural. As toxinas
acumuladas em determinada parte do corpo são dissolvidas pela febre e
liqüefeitas, para que sua eliminação seja mais fácil. É a atuação da força
de recuperação natural. Para formar um orifício de saída, a pele fica
muito fina e flácida. Portanto, a coloração avermelhada é o sangue
impuro, visível através da pele, que se tornou fina e transparente.
Depois, abrindo-se um pequeno orifício, o sangue purulento começa a
sair imediatamente; com essa eliminação de pus, termina a purificação.
A explicação acima diz respeito ao corpo. Mas em que condições
se encontra o espírito nessa ocasião? Ele apresenta uma espécie de
nebulosidade igual ao furúnculo; em outras palavras, máculas. Quanto
mais grave a doença, mais densas são as máculas. E por que motivo elas
ficam concentradas numa parte do espírito? É pela ação purificadora
constante. Depois que as máculas espalhadas por todo o espírito se
reúnem em determinado local, surge a ação eliminatória. Isso constitui a
doença. Existe, pois, uma relação inseparável entre o espírito e o corpo.

Falei há pouco sobre o princípio do Espírito Precede a Matéria,


mas ele não se aplica apenas ao ser humano; todas as coisas do
Universo, sem exceção, obedecem a esse princípio.

Por conseguinte, o objetivo do JOHREI é eliminar as máculas


espirituais.

118
A Outra Face da Doença

Através dele, as máculas ficam no estado de morte. Em outras


palavras, o JOHREI tira-lhes a vida. Mortas, obviamente, elas perdem
toda a sua força e deixam de pressionar os nervos. Esta é a razão do
desaparecimento das dores.

TERCEIRA PARTE

O método do JOHREI que tenho empregado atualmente consiste


em outorgar às pessoas um papel onde está escrita a palavra HIKARI, ou
seja, LUZ. Os efeitos se manifestam quando esse papel é usado no peito,
pendurado ao pescoço. Isso acontece porque da palavra HIKARI se
irradiam poderosas ondas de Luz, as quais são transmitidas através do
corpo, do braço e da palma da mão do fiel que ministra o JOHREI.

E por que motivo se irradiam ondas de Luz da palavra HIKARI?


Essas ondas são emitidas do meu corpo e, pelo elo espiritual,
transmitem-se instantaneamente à palavra em questão. É muito
semelhante às ondas de rádio. Todavia, se as ondas de Luz são emitidas
do meu corpo e transmitidas através do elo espiritual, surge a seguinte
pergunta: que segredo existe no meu espírito? Quando compreenderem
isto, a dúvida desaparecerá. No meu ventre há uma bola de Luz que
normalmente mede uns 6 cm de diâmetro; ela já foi vista por algumas
pessoas. Dela, as ondas de Luz irradiam-se infinitamente. A fonte dessa
bola está no "Nyoi-no-Tama" de Kanzeon Bossatsu, no Mundo
Espiritual; daí me é fornecida uma Luz infinita. Esse é o PODER
KANNON, também conhecido como Poder Incognoscível ou Poder da
Inteligência Superior. A bola que Nyoirin Kannon traz consigo é igual à
de Kanzeon Bossatsu.

QUARTA PARTE

Convém falar aqui a respeito de Kanzeon Bossatsu. Dentre


muitos budas, Ele era considerado o mais oculto. Há nisso um profundo
mistério, mas não posso divulgá-lo totalmente, pois ainda não chegou o
tempo certo. Pretendo fazê-lo tão logo Deus me permita. Sendo assim,
escreverei apenas sobre o mistério relacionado com o JOHREI.
119
A Outra Face da Doença

A atuação de Kanzeon Bossatsu vem desde o advento do


budismo, mas daquela época até pouco tempo atrás Ele promovia tão
somente a salvação do espírito. Evidentemente, através da oração
conseguiam-se graças, mas estas eram extremamente limitadas. A razão
disso está no fato de que a Luz era formada pela união do elemento fogo
e do elemento água, mas faltava o elemento terra. Como havia apenas
dois elementos, a força era insuficiente. Entretanto, chegou a hora de
uma grande mudança no Mundo Espiritual: é o Final dos Tempos, o
Juízo Final citado na Bíblia. Tornou-se necessária, portanto, uma força
poderosa e absoluta que salvasse toda a humanidade. Essa força é
constituída pela união do fogo, da água e da terra; a força da terra é o
elemento da matéria e corresponde ao corpo humano. Ao passar pelo
corpo, a Luz é acrescida do elemento terra e daí nasce a força da trilogia,
ou seja, o PODER KANNON. Explicando de maneira mais acessível, a
Luz emitida pelo "Nyoi-no-Tama" de Kanzeon Bossatsu, passando pelo
meu corpo, manifesta-se como PODER KANNON, o qual, através do
corpo do messiânico, torna-se a força purificadora.

Exemplificarei o que acabo de dizer. É sabido, desde a


Antigüidade, que orar diante da imagem de Kanzeon Bossatsu traz como
benefício a solução das doenças e dos infortúnios, mas os fiéis da nossa
Igreja têm obtido resultados várias vezes mais poderosos com o
JOHREI. Isso porque as ondas de Luz emitidas pelas imagens ou
estátuas de Kanzeon Bossatsu são constituídas apenas pela força dos
elementos fogo e água; nelas não está incluída a importante força do
corpo. Outra razão é a grande Transição a que eu já tenho me referido
várias vezes, ocorrida no Mundo Espiritual. Ela teve início em meados
de junho de 1931. Até essa data havia muito elemento água e pouco
elemento fogo no Mundo Espiritual, mas a partir daí a quantidade deste
último começou a aumentar gradativamente. É verdade que a grande
Transição já havia se iniciado dezenas de anos antes dessa data, mas o
elemento fogo ainda estava bastante rarefeito. Se a Luz é forte, significa
que há maior quantidade de elemento fogo. Da mesma forma, no caso
das lâmpadas elétricas, quanto mais intensa é a luz, maior é a quantidade
de calor emitido.
120
A Outra Face da Doença

Outro exemplo é a existência de uma massa de elemento fogo em


meu ventre. As pessoas falam que minha temperatura é bem mais alta
que a das pessoas comuns. Praticamente todas as noites fazem-me
massagens nos ombros, e todos dizem que de mim emana muito calor.
No inverno, sempre acabo tirando um ou dois agasalhos. Se permaneço
num cômodo durante algum tempo, as pessoas acham que ele ficou
aquecido, e muitas vezes brinco dizendo que substituo o aquecedor.
Mesmo em dias de frio costumo ficar uma ou duas horas de pijama, após
o banho. Além disso, gosto especialmente de banhos mornos. Isso
obedece ao princípio do aumento de calor quando se joga água no fogo,
e do frio mais intenso nos dias ensolarados de inverno.

30 de maio de 1949

121
A Outra Face da Doença

A TRILOGIA DOS ÓRGÃOS INTERNOS E O JOHREI

6 de agosto de 1949

Os órgãos internos mais importantes para a vida do homem são


certamente o coração, os pulmões e o estômago. Como sempre venho
expondo, isso decorre da ação de três elementos fundamentais: o fogo, a
água e a terra. Em síntese, o coração, os pulmões e o estômago
correspondem, respectivamente, a esses três elementos, pois o coração
tem a função de absorver o elemento fogo; os pulmões, a função de
absorver o elemento água; o estômago, a função de absorver o elemento
terra. Mas a explicação dada pela Medicina, até agora, sobre os órgãos
em questão, era bastante superficial. No que se refere à purificação do
sangue sujo, dizem que ela é decorrente do oxigênio absorvido pelos
pulmões, mas é óbvio que apenas isso não atinge o cerne do fenômeno.
Vou dar uma explicação baseada na revelação de Deus e para isso devo
partir da verdade relativa ao Mundo Espiritual. A existência desse
mundo está fora do alcance dos sentidos do homem e corresponde
praticamente ao nada, mas na realidade ele é a fonte onde tudo se
origina. Sem conhecer isso, é impossível apreender a Verdade.

Já me referi ao princípio do fogo arder pela água e da água se


mover pelo fogo. Esse princípio constitui justamente a chave para a
solução de tudo. Para explicar o Mundo Espiritual, que é invisível,
começarei falando do Mundo Atmosférico. O que a Ciência chama de
oxigênio é a essência do fogo; o hidrogênio é a essência da água, e o
nitrogênio é a essência da terra. Essas três essências formam uma
trilogia, constituindo a natureza de tudo que existe no Universo. Se tanto
o calor intenso, como o frio exagerado e a temperatura amena estão
apropriados à manutenção da vida, deve-se à força vital desses três
elementos extremamente misteriosos. Se, por acaso, conseguíssemos
eliminar o elemento água da Terra, ocorreria uma explosão imediata; se
eliminássemos o elemento fogo, tudo se congelaria num instante; se
eliminássemos o elemento terra, tudo desmoronaria e se tornaria zero.
Essa é a Verdade.

122
A Outra Face da Doença

Raciocinando nesses termos, poderão compreender o sentido


básico do coração, dos pulmões e do estômago. O coração absorve o
elemento fogo do Mundo Espiritual através da pulsação. Da mesma
forma, os pulmões absorvem o elemento água através da respiração. O
estômago absorve o elemento terra pela digestão dos alimentos. Mas
vamos aprofundar ainda mais esse princípio.

Para dissolver as toxinas solidificadas, que são a origem de todas


as doenças, necessita-se de calor. Esta é a primeira atividade do processo
de purificação. Se esse processo constitui os sintomas das doenças, a
febre alta, em tal oportunidade, é necessária para a dissolução das
toxinas. Ao mesmo tempo, a pulsação torna-se acelerada para absorver o
calor. Quanto ao frio que se sente, é causado pela concentração do calor
no local enfermo e pela diminuição temporária da temperatura em outras
partes. Da mesma maneira, a respiração se acelera para estimular a
atividade do coração, e, para evitar o ressecamento, os pulmões
absorvem o elemento água em grande quantidade.

A origem do elemento fogo é a energia emitida pelo Sol; a do


elemento água é a energia emitida pela Lua; a do elemento terra, a
energia emitida pela Terra. É claro que dos três órgãos que citamos o
mais importante é o coração, pois ele movimenta os pulmões, que, por
sua vez, movimentam o estômago. De acordo com este raciocínio, não
há perigo imediato de vida mesmo que falte alimento ao estômago;
entretanto, os pulmões só mantêm a vida por poucos minutos, e para o
coração é impossível mantê-la durante mais de alguns segundos. Isso se
evidencia por ocasião da morte, que a Medicina atribui, invariavelmente,
à parada cardíaca, nada falando sobre pulmões ou estômago. Nesse
momento, caracterizado primeiramente pela cessação da atividade do
coração, o espírito, isto é, o elemento fogo, que ocupava todo o corpo,
abandona-o, e o corpo fica sem calor. Logicamente, isso ocorre porque o
espírito retorna ao Mundo Espiritual. Com a parada dos pulmões, o
elemento água existente no interior do corpo retorna ao Mundo
Atmosférico e o corpo começa a secar. Com a parada do estômago, a
ingestão de alimentos torna-se impossível, e começa o processo de

123
A Outra Face da Doença

endurecimento do corpo. Todos esses fenômenos constituem evidências


que atestam a veracidade do que foi exposto.

Portanto, como o corpo humano é formado pela trilogia fogo-


água-terra, o método lógico para a erradicação das doenças deve basear-
se nessa trilogia. Isso constitui o princípio do JOHREI da nossa Igreja, o
qual está baseado no PODER KANNON. Esse poder é a Luz transmitida
por Kanzeon Bossatsu, uma luz espiritual, invisível aos olhos humanos.
A luz visível, como a do Sol, a das lâmpadas, a do fogo, etc., é o "corpo"
da luz. A natureza da luz é resultante da união do fogo e da água, ou
seja, é formada pelos elementos fogo e água. E será mais forte quanto
maior for a quantidade do elemento fogo. Acontece que a força
proveniente da luz constituída apenas por esses elementos ainda é
insuficiente, tornando-se necessária a essência da terra. A manifestação
da força perfeita da trilogia fogo-água-terra torna-se uma extraordinária
força de purificação. As ondas dessa Luz atravessam o corpo,
extinguindo as máculas do espírito, o que se reflete no físico, como
erradicação da doença.

O meio concreto para se obter o que foi exposto é uma folha de


papel dobrada, com a palavra HIKARI, ou seja, LUZ, escrita em letra
grande, a qual se usa no peito, pendurada ao pescoço. Nessa palavra está
impregnada, de forma concentrada, a energia das ondas de Luz
transmitidas através do meu braço para o pincel, e deste para as letras.
Assim, a palavra HIKARI está unida, por elos espirituais, à fonte da
Luz, situada dentro do meu corpo, a qual lhe transmite ondas
incessantemente. É claro que a atividade do elo espiritual que me liga a
Kanzeon Bossatsu ocorre de maneira idêntica, e d'Ele me são
transmitidas, ilimitadamente, as ondas de Luz para a salvação da
humanidade.

Sendo o corpo formado pela trilogia fogo-água-terra, conforme


expusemos, poder-se-á dizer que o método purificador das máculas
baseado na força dessa trilogia constitui a própria Verdade. É evidente,
portanto, que se consegue obter uma força de purificação jamais vista.
Apesar da explicação deste princípio ser extremamente difícil, acredito
124
A Outra Face da Doença

que os leitores tenham conseguido entender até certo ponto como isso se
processa.

6 de agosto de 1949

125
A Outra Face da Doença

A FORÇA ABSOLUTA

16 de janeiro de 1952

Seria desnecessário dizer que a fonte de todas as atividades e de


todos os fenômenos do Universo é a Força de Deus. Todos os
nascimentos e transformações são a manifestação da Força, e a ela se
deve o movimento ou a inércia de todas as coisas. Começando pelo
homem, todos os animais e mesmo as bactérias nascem e morrem graças
à Força. Em suma, ela é o Senhor Absoluto e Infinito. Vou deter-me
aqui, pois o assunto é inesgotável, mas, resumindo, o Universo em si é a
própria Força. Assim, tecerei considerações a respeito sob diversos
ângulos.

Analisemos o espírito da palavra TIKARA (força): TI significa


sangue, espírito; KARA significa vazio, corpo, matéria. A formação do
termo mostra-nos, portanto, que a força nasce da união do espírito e da
matéria. Analisando agora a palavra HITO (pessoa), HI é espírito e TO é
parar; por conseguinte, HITO é "espírito parado no corpo".

Para se escrever o ideograma correspondente à palavra força


(TIKARA), faz-se um traço vertical e, em seguida, um traço horizontal,
formando uma cruz; a partir do fim do traço horizontal puxa-se um traço
um pouco inclinado, com a ponta virada para cima e para dentro. Isso
quer dizer que logo que se verifica o cruzamento do horizontal e do
vertical ocorre a atividade e começa a rotação da esquerda para a direita,
isto é, a ação da força. Assim, pode-se perceber que tanto o espírito das
palavras como as letras foram criadas por Deus.

Vamos agora analisar na prática. Em sentido amplo, isso está


representado pelas duas grandes correntes ideológicas: o pensamento
teísta e o pensamento ateísta, ou seja, o espiritualismo e o materialismo,
a cultura espiritual e a cultura material.

Vejamos do aspecto religioso, pois assim é mais fácil


compreender.
126
A Outra Face da Doença

O budismo e o cristianismo, as duas grandes religiões do mundo,


são a manifestação desses dois pensamentos. O budismo é oriental e,
como sempre digo, constitui o aspecto vertical, espiritual, enquanto o
cristianismo é ocidental e representa o aspecto horizontal, material. Até
agora o vertical e o horizontal estavam separados e por isso não
conseguiam produzir a verdadeira força. A prova é que., como não foi
possível realizar a unificação universal, a humanidade não foi salva.

O objetivo das principais religiões era, sem dúvida, a


concretização de um mundo ideal, mas, como podem ver, a situação do
mundo se apresenta caótica, cheia de conflitos e problemas sem fim,
havendo uma grande distância entre o sonho e a realidade. Assim,
aquele objetivo está demasiadamente fora do nosso alcance. É inegável
que a causa dessa situação seja a falta de força, que, por sua vez, se deve
à falta de cruzamento do vertical e do horizontal. Mas isso também era
uma questão de tempo e, do ponto de vista do Plano Divino, não havia
outra alternativa.

Explicando minha missão, creio que entenderão melhor o que


acabei de expor. A atividade que agora estou realizando está centralizada
no JOHREI. Meus discípulos sabem muito bem que basta colocar no
peito o OHIKARI (Luz Divina), que contém um papel escrito por mim,
para ser-lhes concedida uma força capaz de gerar milagres, até mesmo
no caso de doentes desenganados pelos médicos. Já outorguei milhares
de OHIKARI, mas mesmo que seu número aumente infinitamente, não
haverá nenhuma alteração nessa força. E os milagres do JOHREI não se
limitam à doença; há uma reforma do espírito humano, a personalidade
se eleva, e a pessoa é salva de perigos iminentes. Dessa forma, graças
aos inúmeros milagres ocorridos a cada dia, aumenta significativamente
o número de pessoas felizes. E tudo isso se deve à força emanada do
OHIKARI. Não tenho a pretensão de vangloriar-me de tais feitos, mas,
como se trata da pura verdade, creio que não há problema em divulgá-la.
É desnecessário dizer que até agora a História não registrou o
aparecimento de uma pessoa com força tão poderosa quanto a minha. Os
inúmeros milagres a que nos referimos são registrados como
127
A Outra Face da Doença

experiências de fé; logo, não há do que duvidar. Essa é a força gerada


pelo cruzamento do horizontal com o vertical. Em termos budistas, é o
PODER KANNON ou Poder da Inteligência Superior; em termos
cristãos, é o Poder do Messias.

Atualmente, a força manifesta-se mais no sentido espiritual, mas


um dia atuará no sentido material. Nessa ocasião, será alcançado o
objetivo de Deus, nascendo a verdadeira cultura, resultante do
cruzamento da cultura espiritual do Oriente e a cultura material do
Ocidente. Essa é a Vontade Divina. Será, portanto, executada a maior
obra de salvação da humanidade desde a criação do mundo.

16 de janeiro de 1952

128
A Outra Face da Doença

MINHA LUZ

25 de maio de 1952

Escrevi, sobre o budismo, muitas coisas que ninguém até hoje


havia explicado. Os leitores talvez se surpreendam, mas todo o meu
conhecimento eu o obtive através da Revelação Divina. São revelações
que não tinham sido feitas até agora devido ao fator Tempo. Ainda não
se havia chegado ao grande marco de épocas que é a Transição da Noite
para o Dia, ou seja, o desaparecimento do prolongado mundo das trevas
para dar lugar a um mundo esplendoroso de luz solar. Entretanto,
embora fosse um mundo de trevas, podia-se enxergar alguma coisa, pois
existia a luz da Lua, e o homem se contentava com esse pouco. Essa luz
eram os Ensinamentos da aparente verdade da Lua, isto é, o budismo.

As coisas não podiam ser enxergadas nitidamente porque a


intensidade da luz da Lua é cerca de 1 /60 da luz solar. Durante a noite, é
óbvio que nada se enxergava direito, inclusive as religiões; por isso os
homens estavam desorientados e não obtinham a verdadeira
tranqüilidade. Com a chegada do dia, sob a luz solar, tudo sobre a face
da Terra ficará visível e não existirá mais dúvida alguma. Assim,
cabendo a mim a missão de criar a Civilização do Dia, é lógico que eu
tenha conhecimento de tudo.

Vou aprofundar a relação que existe entre minha pessoa e o


Mundo do Dia.

Meu corpo abriga a bola de Luz Divina conhecida desde a


Antigüidade pela expressão CINTAMANI (palavra sânscrita que serve
para designar a fabulosa bola com poder de atender a todos os pedidos
do homem). Já me referi a isso antes, mas vou explicar mais
detalhadamente.

Falando-se em Luz, os leitores poderão pensar na luz solar, mas


não é bem assim. Na verdade, trata-se da união do Sol e da Lua. Como a
natureza da Luz que se abriga em meu corpo é constituída pelos dois
129
A Outra Face da Doença

elementos extremos, forma-se a trilogia fogo-água-terra, já que o corpo é


constituído pelo elemento terra. Mas será que as pessoas comuns são
formadas apenas por esse elemento? Absolutamente. Elas também
possuem luz, embora pouca e fraca. Minha Luz, no entanto, é
extraordinariamente forte: é milhões de vezes superior à de uma pessoa
comum, ultrapassando os limites da imaginação; chega praticamente ao
infinito.

Tomemos como exemplo o OHIKARI, que pode ser de três tipos:


HIKARI (Luz), KOMYO (Luz Divina) e DAIKOMYO (Grande Luz
Divina). Colocando-o junto ao corpo, manifesta-se imediatamente a
força capaz de conseguir a erradicação das doenças. Isso se deve à força
da Luz irradiada da palavra escrita por mim no OHIKARI. Entretanto,
nunca precisei rezar ou fazer qualquer coisa especial para escrevê-la.
Simplesmente escrevo rapidamente, palavra por palavra. Levo em média
sete segundos em cada uma e escrevo facilmente cerca de quinhentas por
hora. Com apenas essa folha de papel, milhares de doentes podem ser
beneficiados; doravante, mesmo que eu conceda milhares ou milhões de
OHIKARI, o efeito de cada um será o mesmo. Creio que com isso
poderão compreender o quanto é poderosa a força da minha Luz.

Possuindo tal força, não há nada que eu desconheça. Como os


fiéis sabem, nunca tenho dificuldade em responder a qualquer pergunta
que me é dirigida. Às vezes recebo telegramas solicitando-me auxílio
para pessoas distantes e muitas obtêm a graça apenas com esse pedido.
Isso ocorre porque, no momento em que tomo conhecimento do
problema, minha Luz se subdivide e liga-se a essa pessoa. Assim,
através do elo espiritual, ela recebe a graça. Dessa forma, é uma Luz
muito prática e eficiente, pois pode aumentar milhões de vezes e
alcançar qualquer local, por mais distante que ele seja. Para melhor
compreensão, a Luz irradiada de mim é como se fossem "balas" de luz.
A diferença entre ela e uma bala de fuzil, por exemplo, é que esta mata,
mas eu dou vida às pessoas; aquela é limitada, ao passo que eu sou
infinito.

130
A Outra Face da Doença

A explicação acima corresponde apenas a uma pequena parte da


minha força. Não é fácil explicá-la totalmente. O ideal seria que os
leitores acompanhassem atentamente o trabalho que vou realizar daqui
para frente. Se forem ágeis de inteligência, poderão entender até certo
limite. Do ponto de vista da fé, as pessoas compreendem de acordo com
o seu nível espiritual, e por isso o melhor a fazer é polir a alma e deixá-
la sem máculas, pois aí terão sabedoria para compreender a virtude do
meu poder.

25 de maio de 1952

131
A Outra Face da Doença

QUEM É O SALVADOR?

20 de outubro de 1948

Acho o título acima bem inusitado, e sem dúvida os leitores


pensarão da mesma forma. A propósito dele, pretendo fazer uma análise
psicológica da minha pessoa. Gostaria, porém, de deixar claro que se
trata de uma análise objetiva do meu interior e que não há nada
inventado ou fictício. Portanto, espero que leiam com esse espírito.

A palavra Messias, ou seja, Salvador, é muito usada no mundo


inteiro, sem distinção de tempo e de lugar, tanto no Ocidente como no
Oriente. Com exceção de uma parcela de pessoas religiosas, a grande
maioria considera que a vinda ou o nascimento do Salvador tão
esperado, possuidor de poder sobre-humano, não passa de um grande
sonho, ou uma grande esperança utópica. É verdade que já apareceram
pessoas que se autoproclamavam Messias, mas, com o passar do tempo,
acabaram desaparecendo, donde se conclui que ainda não surgiu o
verdadeiro Salvador.

Devo confessar que não gosto de afirmar que sou o Salvador,


mas por outro lado também não posso dizer que não o seja. Sendo algo
tão sério, inédito em toda a História da humanidade, a vinda do Salvador
é um assunto que não pode ser discutido de maneira leviana. Contudo,
não se pode também afirmar que se trate apenas de um sonho, nem
deixar de acreditar na sua viabilidade, pois a Segunda Vinda do Cristo, a
Vinda do Messias e o Nascimento de Miroku foram previstos por
grandes profetas e santos.

Há muito tempo venho pensando na condição número um que


deve ser preenchida pelo Salvador. Antes de tudo, ele deve ter força para
livrar as pessoas das doenças. Por conseguinte, além de conceder-lhes o
método absoluto para obterem plena saúde e completarem o tempo de
vida que lhes foi predestinado, ele deve possuir força para a
concretização desse objetivo. Essa é a qualificação fundamental do
Salvador.
132
A Outra Face da Doença

É óbvio que a saúde do corpo deve acompanhar a saúde do


espírito. Cristo disse que de nada adianta o homem ganhar o mundo se
vier a perder a vida. Parece-nos que essa afirmativa evidencia a verdade
acima. Assim, as religiões e os líderes religiosos que não possuem força
para eliminar as doenças da humanidade têm valor limitado. Eu sempre
abracei essa tese, e certo dia, mais de dez anos após entrar na vida da fé,
obtive conhecimento sobre o princípio fundamental das doenças e a sua
solução. Ah, ninguém poderá imaginar o espanto e a alegria que senti
naquela hora, pois nunca ninguém fizera uma descoberta tão importante!
Se a compararmos com as grandes descobertas ou as grandes invenções,
estas não chegariam a seus pés.

Realmente eu sou uma pessoa que nasceu com um destino


misterioso.

20 de outubro de 1948

133
A Outra Face da Doença

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

Junho de 1935

Gostaria de alertar aos especialistas que não há nada tão errado


quanto a alimentação e a nutrição da atualidade. Eles transformaram-nas
em teorias acadêmicas, demasiado distantes da realidade. Durante mais
de dez anos fiz pesquisas profundas sobre o assunto e,
surpreendentemente, os resultados obtidos foram exatamente o oposto
do que a Dietética recomenda. Vou explicá-los partindo da minha
própria experiência.

Até cerca de quinze ou dezesseis anos atrás, eu era um grande


apreciador de carne, e o meu jantar consistia quase sempre de comida
ocidental à base desse alimento, ou, eventualmente, de comida chinesa.
Esse tipo de alimentação, segundo os nutricionistas, é o mais próximo
do ideal, mas naquele tempo eu era magro e ficava doente com a maior
facilidade. Vivia sempre gripado, com problemas de estômago, e não
havia um só mês em que não fosse ao médico. Na tentativa de melhorar
meu estado de saúde, experimentei todos os tratamentos que estavam em
moda, na época, e mais outras práticas, como respiração profunda,
banhos de água fria, meditação, etc. Eles fizeram algum efeito, mas não
a ponto de melhorar minha constituição física.

Quando eu soube que a carne não fazia bem, voltei a alimentar-


me de comida japonesa, que consiste em verduras e peixes. Então meu
peso aumentou de 56 para 60 quilos em dois ou três anos; ao mesmo
tempo, tornei-me resistente às gripes. Acabei até esquecendo que sofria
do estômago e dos intestinos e pude sentir pela primeira vez a alegria de
gozar boa saúde. De lá para cá, e isso já faz mais de dez anos, tenho
trabalhado sempre com bastante disposição.

Resolvi, então, experimentar o método em mais de dez pessoas


da minha família, inclusive meus seis filhos, e obtive bons resultados,
conseguindo banir do meu lar o fantasma da doença. O mais interessante
foi que experimentei ministrar-lhes uma dieta pobre em elementos
134
A Outra Face da Doença

protéicos. Assim, mandei que minha mulher e minha empregada dessem


refeições pobres às crianças. Foi utilizado arroz 70% refinado, bastante
verdura e, de vez em quando, peixe, mas apenas salmão salgado,
sardinha seca e peixes comuns. Além disso, "ochazuke" (arroz embebido
em chá) ou "shiomussubi" (bolinho de arroz com sal) acompanhados de
picles japonês, ou, ainda "norimaki" (bolinho de arroz envolto em alga
marinha) feito em casa, etc. Do ponto de vista da Dietética, uma
alimentação carente de valor protéico.

O resultado foi surpreendente: durante os cursos primário e


secundário meus filhos tiveram porte físico dos melhores. A nutrição foi
boa porque, começando pelo mais velho, de dezesseis anos, até o mais
novo, de quatro anos, nenhum teve doença grave. Todos os anos eles
monopolizavam o prêmio de assiduidade, por não terem faltado um dia
sequer às aulas.

Aproveitando a valiosa experiência obtida através dessa prática,


tentei o mesmo método em centenas de pessoas que me procuraram
desde que comecei a tratar de doentes, há oito anos. Os resultados foram
excelentes, sem exceção. A alimentação à base de verduras tem sido
muito eficaz, principalmente no caso de pessoas portadoras de
problemas pulmonares e pleurite. Gostaria, portanto, que os médicos
pesquisassem como essa alimentação é benéfica para tais casos.

Pelos fatos que expus, poderão ver que a Dietética, cujo


progresso é vertiginoso em nossos dias, apresenta um erro fundamental.
Não me acanho de apontá-lo, pois constitui um sério problema do ponto
de vista da saúde. E estou alertando firmemente não só os estudiosos do
assunto como também as pessoas em geral. Se esta nova alimentação
que tenho defendido se tornar uma prática comum, será uma grande boa
nova, até mesmo do ponto de vista da economia nacional. Os
agricultores do nosso país possuem resistência física ao trabalho porque
têm uma alimentação pobre; caso eles passassem a se alimentar de
carne, cujo valor protéico é muito alto, garanto que não suportariam o
trabalho da lavoura.

135
A Outra Face da Doença

Junho de 1935

136
A Outra Face da Doença

A DIETÉTICA

5 de fevereiro de 1947

O erro fundamental da dietética moderna é basear suas pesquisas


em apenas um dos dois aspectos da nutrição. Ela toma o alimento como
objeto principal dessas pesquisas, negligenciando a parte que se refere às
funções orgânicas.

As funções orgânicas do homem são tão perfeitas que, ao nível


da Ciência atual, não se consegue entendê-las. A partir dos alimentos,
elas transformam e produzem livremente os nutrientes necessários.
Vejam: esse verdadeiro cientista chamado aparelho digestivo transforma
os alimentos ingeridos, como arroz, pão, verduras, batatas, feijão, etc.,
em sangue, músculos e ossos. Por mais que se analisem os componentes
desses alimentos, não se conseguirá descobrir um glóbulo sangüíneo
sequer, nem um milímetro de células musculares. Por outro lado, por
mais que se dissequem os alimentos, não será possível localizar uma só
molécula dos componentes das fezes ou da urina, nem tampouco traços
da amônia. Assim, se fornecermos vitaminas ou plasma sangüíneo ao
corpo, considerando-os nutrientes, qual será o resultado? Acentuar-se-á
o enfraquecimento do corpo.

Suponhamos que haja uma fábrica destinada a determinada


produção. Dispondo-se de matéria-prima como ferro e carvão e do
trabalho dos operários, da ação das máquinas, da queima do carvão e de
vários outros processos, conseguir-se-á um produto acabado. Portanto,
esse processo constitui a própria vida de uma fábrica. Se, desde o início,
transportássemos para lá produtos já acabados, não haveria mais
necessidade do carvão, nem do trabalho dos operários e das máquinas, e
a fábrica deixaria até de soltar fumaça pelas chaminés. Não havendo
atividade, dispensar-se-iam os operários, e as máquinas acabariam
enferrujando. Analogamente, se ingerimos alimentos já processados, a
fábrica produtora de nutrientes fica sem atividade e o corpo enfraquece.
Assim, é necessário estarmos cientes de que a vitalidade do homem
provém da atividade de transformação dos alimentos inacabados em
137
A Outra Face da Doença

acabados. É claro que todos os nutrientes industrializados, como as


vitaminas, são produtos acabados, sintéticos.

A dietética atual também menospreza o valor nutritivo dos


cereais, acreditando que os nutrientes estão contidos, em sua maior
parte, nos pratos complementares, e não no prato principal. Isso também
constitui um erro. Na verdade, o valor nutritivo dos cereais é o mais
importante; o dos pratos complementares é secundário. Pode-se dizer
que eles servem para tornar mais apetitosos os cereais.

O organismo do homem foi criado de modo a se adaptar ao meio


ambiente. Se comemos pratos pobres continuamente, nosso paladar se
modifica e começamos a achá-los saborosos. Entretanto, parece que
pouca gente tem conhecimento disso. Caso a pessoa se acostume com
belos pratos, passará a não mais se satisfazer, exigindo iguarias cada vez
melhores. Isso se observa em pessoas extravagantes.

A seguir explicarei o significado dos alimentos. Eles foram


concedidos não apenas ao homem, mas a todos os seres, para que estes
possam se manter vivos. Foram feitos de forma adequada a cada espécie.
O Criador destinou o alimento certo ao homem, aos animais
quadrúpedes e às aves. Quais são, então, os alimentos atribuídos ao
homem? É fácil reconhecê-los, porque eles têm sabor e as pessoas têm
paladar. Portanto, saboreando os alimentos e ficando satisfeitos, elas
absorvem os nutrientes naturalmente, o que irá constituir a base da
saúde. Deverão, pois, saber que tomar cápsulas de vitaminas, por
exemplo, que não precisam ser mastigadas nem exigem o trabalho da
função digestiva, não só representa um grave erro como até faz mal.
Dessa maneira, como as condições ambientais, profissionais e orgânicas
são diferentes, basta a pessoa comer aquilo que estiver desejando comer,
porque é isso que ela está necessitando. Ou seja, cada um deve se
alimentar de modo natural, sem se apegar às teorias da Dietética.

As verduras contêm grande quantidade de nutrientes. Assim, do


ponto de vista da nutrição, elas e os cereais já proporcionam alimentação
suficiente. Os fatos comprovam minhas palavras: os agricultores e os
138
A Outra Face da Doença

monges budistas, que se alimentam principalmente de verduras, gozam


de saúde e longevidade, enquanto as pessoas da cidade, que se
alimentam continuamente de carnes, peixes e aves, contraem doenças
com facilidade e têm vida curta.

5 de fevereiro de 1947

139
A Outra Face da Doença

A COMÉDIA DA NUTRIÇÃO

20 de abril de 1950

Os leitores provavelmente estranharão o título deste artigo. Eu


também não gostaria de utilizá-lo, mas não encontro outra expressão
adequada. Assim, pedirei a compreensão de todos.

Atualmente temos nutrientes com formas e aplicações diversas,


como vitaminas, aminoácidos, glicose, carboidratos, gorduras, proteínas,
etc. Todos estão a par do aumento que ocorre, a cada ano, na variedade
de vitaminas. Todavia, a ingestão ou injeção dessas substâncias não
produz efeitos permanentes, e sim temporários. No fim das contas, o que
se observa é o efeito oposto: quanto mais se tomam vitaminas, mais o
corpo enfraquece.

Não seria preciso explicar, a essas alturas, que o alimento serve


para manter a vida; na interpretação desse aspecto, porém, há uma
grande diferença entre a teoria atual e a realidade. Quando o homem
ingere um alimento; em primeiro lugar ele o mastiga; passando pelas
vias digestivas, o bolo alimentar vai para o estômago e, daí, para o
intestino. As partes necessárias são absorvidas, enquanto que o resto é
eliminado. Até chegar a esse processo, entram em ação diversos órgãos,
como o fígado, a vesícula biliar, os rins, o pâncreas e outros, que
extraem, produzem e distribuem os nutrientes necessários ao sangue,
músculos, ossos, pele, cabelos, dentes, unhas, etc. Assim, é realizada
incessantemente a atividade de manutenção da vida. Trata-se de uma
misteriosa obra da Criação, impossível de ser expressa por meio de
palavras. É esse o estado normal da Natureza.

Conforme dissemos, os nutrientes indispensáveis à manutenção


da vida humana estão presentes em todos os alimentos. Se há uma
grande variedade de alimentos, é porque todos eles são necessários. A
quantidade e a preferência variam conforme a pessoa e a hora; a
variedade do que se quer comer também depende da necessidade do
organismo. Por exemplo, a pessoa come quando tem fome; bebe água
140
A Outra Face da Doença

quando está com sede; se deseja comer algo doce, é porque tem falta de
açúcar em seu organismo; se lhe apetece algo salgado, é porque tem falta
de sal, e assim por diante. Por conseguinte, as necessidades naturais do
homem evidenciam o princípio exposto. A melhor prova é que quando a
pessoa está desejando algo, esse algo lhe é saboroso. Por isso podemos
compreender o quanto está errado ingerir contra a vontade coisas que
não são saborosas, como os remédios, por exemplo. A frase "Todo bom
medicamento é amargo" também encerra um grande erro. O sabor
amargo já é indicação do Criador de que aquilo é veneno e não deve ser
ingerido. Assim, quanto mais saboroso o alimento, mais nutritivo ele é,
porque a sua energia espiritual é mais densa e contém uma grande
quantidade de nutrientes. Pela mesma razão, quanto mais frescos forem
os peixes e as verduras, mais saborosos eles são; com o passar do tempo,
a energia espiritual vai aos poucos abandonando-os, razão pela qual seu
sabor vai diminuindo.

Vou dar uma explicação sobre os compostos vitamínicos. O


organismo produz todos os nutrientes indispensáveis - sejam eles
vitaminas ou não - a partir de quaisquer alimentos, e na quantidade exata
que for preciso. Em outras palavras, a misteriosa função nutritiva do
organismo consegue produzir vitaminas, na quantidade necessária, até
mesmo a partir de alimentos que não as contêm. Assim, a atividade de
produção de nutrientes constitui a própria força vital do homem, ou seja,
a transformação do alimento inacabado em alimento acabado não é
senão o próprio viver. Por essa razão, quando se ingerem compostos
vitamínicos, que são produtos sintéticos, os órgãos encarregados da
produção de vitaminas tornam-se inúteis e acabam se atrofiando
naturalmente. Com isso, os outros órgãos relacionados também se
atrofiam, o que vai enfraquecendo gradativamente o corpo. Vou citar
alguns exemplos.

Houve uma época, nos Estados Unidos, em que esteve em moda


um regime alimentar chamado Fletcher's. Esse método consistia em
mastigar ao máximo os alimentos, considerando que quanto mais
pastosos eles estivessem ao serem engolidos, melhor seria a digestão.
Segui o método à risca durante um mês. Acontece que fui ficando fraco,
141
A Outra Face da Doença

não podendo fazer força como desejava. Desapontado, acabei


abandonando o método, e assim as minhas energias voltaram ao normal.
Foi aí que descobri que é um grande erro mastigar excessivamente os
alimentos, pois, como os dentes os trituram bem, torna-se desnecessária
a atividade do estômago e isso o enfraquece. Portanto, o melhor é
mastigar os alimentos pela metade. Desde os tempos antigos, dizem que
as pessoas que comem depressa e na hora de defecar também o fazem
rapidamente são pessoas sadias. Nesse aspecto, o homem daquela época
estava mais avançado que o homem moderno.

Por outro lado, se ingerimos medicamentos destinados a facilitar


a digestão, a atividade estomacal se reduz, o que acaba enfraquecendo o
estômago. Aí a pessoa toma remédio de novo, e esse órgão enfraquece
mais ainda. Assim, a causa das doenças estomacais está realmente na
utilização de remédios para o estômago. É comum ouvirmos pessoas que
sofriam de problemas estômaco-intestinais crônicos dizerem que, não
conseguindo curar-se com uma alimentação baseada em alimentos de
fácil digestão, optaram por alimentos de digestão mais difícil, como o
"ochazuke" e o picles japonês, e com isso conseguiram ficar curadas.

Comparemos essa força vital baseada na transformação dos


alimentos inacabados em alimentos acabados com a atividade de uma
fábrica de máquinas. Em primeiro lugar, adquirimos o material
necessário. A fábrica queima o carvão, movimenta as máquinas e, pelo
trabalho dos operários, produzem-se novas máquinas. Essa é a razão da
existência da fábrica. Suponhamos, agora, que compremos máquinas
prontas. Não haverá mais necessidade da queima do combustível, do
movimento das máquinas nem do trabalho dos operários, e por isso não
há outra alternativa senão fechar a fábrica.

20 de abril de 1950

142
A Outra Face da Doença

AGRICULTURA NATURAL - INTRODUÇÃO

1° de julho de 1949

Em geral as pessoas não conseguem aceitar minha tese sobre a


Agricultura Natural. Ficam pasmadas com ela, pois acham que é uma
visão completamente diferente em relação à agricultura. Mas a verdade é
que não só os produtos agrícolas, mas o próprio homem se encontra
intoxicado pelos adubos.

Muitos depositam confiança na tese por ser minha. Apesar disso,


colocam-na em prática meio temerosos, experiência confessada em
todos os relatórios. Antes, porém, da colheita, ocorre uma surpreendente
mudança na plantação e conseguem-se excelentes resultados, superando
todas as expectativas.

É desnecessário afirmar que "mais vale um fato que cem teorias".


Creio que, em conseqüência dessa importante descoberta, não apenas
ocorrerá uma grande revolução na agricultura japonesa, como também
poderá haver, um dia, uma revolução na agricultura em escala mundial.
Sendo assim, esta grande salvação da humanidade será uma boa-nova
sem precedentes; para a nossa Igreja, entretanto, cujo objetivo é a
construção do Paraíso Terrestre, não passará de algo mais do que óbvio.

Para explicar o que é a Agricultura Natural, vou partir do seu


princípio básico. Em primeiro lugar, o que vem a ser o solo? Sem
dúvida, é uma obra do Criador e serve para a cultura de cereais e
verduras, importantíssimos para a manutenção da vida humana. Por
conseguinte, sua natureza é misteriosa, impossível de ser decifrada pela
ciência da matéria.

A agricultura atual, sem saber, acabou tomando o caminho errado


e, como conseqüência, menosprezou a força do solo, chegando à errônea
conclusão de que, para se obterem melhores resultados, deveria haver
interferência humana. Com base nesse raciocínio, passou a utilizar
estercos, adubos químicos, etc. Dessa maneira, a natureza do solo foi
143
A Outra Face da Doença

pouco a pouco se degradando, sofrendo transformações, e a sua força


original acabou diminuindo. Contudo, o homem não percebe isso e
acredita que a causa das más colheitas é a falta de adubos. Assim,
utiliza-os em maior quantidade, o que reduz ainda mais a força do solo.
Atualmente o solo japonês está tão pobre, que todos os agricultores
lamentam o fato.

Vou mostrar como são temíveis os adubos artificiais:

1 – O maior problema, talvez, é o aparecimento de pragas. Sem


pesquisar as causas dessa ocorrência, concentra-se todo o empenho no
sentido de combatê-las. Mas é provavelmente por desconhecerem a
causa das pragas que os agricultores se empenham na sua eliminação.
Na verdade, elas surgem dos adubos, e o aumento das espécies de pragas
é decorrente do aumento dos tipos de adubos. Os agricultores
desconhecem, também, que os pesticidas, ainda que consigam eliminá-
las, infiltram-se no solo, causando-lhe prejuízos e tornando-se a causa do
aparecimento de novas pragas.

2 – Absorvendo os adubos, as plantas enfraquecem bastante e


tornam-se facilmente quebradiças ante a ação dos ventos e das águas.
Como ocorre a queda das flores, os frutos são em menor quantidade.
Além disso, pelo fato de as plantas alcançarem maior altura e suas folhas
serem maiores, os frutos acabam ficando na sombra, o que, no caso do
arroz, do trigo, da soja, etc., faz com que a casca seja mais grossa e os
grãos sejam menores.

3 – A amônia contida no estrume e o sulfato de amônia e outros


adubos químicos são venenos violentos que, absorvidos pelas plantas,
acabam sendo absorvidos também pelo homem; mesmo que seja em
quantidades ínfimas, não se pode dizer que eles não façam mal à saúde.
A própria Medicina tem afirmado que, se suspendessem por dois ou três
anos a utilização de esterco como adubo, o problema de lombrigas e
outros parasitas deixaria de existir. Também nesse aspecto verificamos o
fabuloso resultado da Agricultura Natural.

144
A Outra Face da Doença

4 – Ultimamente, o preço dos adubos tem aumentado muito, de


modo que a despesa que se tem com eles quase empata com a receita
oriunda da venda da colheita, o que acaba forçando a sua venda no
mercado negro.

5 – O trabalho que se tem com a compra e a aplicação de adubos


e inseticidas é excessivo.

6 – Os produtos obtidos através da Agricultura Natural são mais


saborosos e apresentam melhor crescimento, sendo maiores que os
produtos obtidos com adubos. Sua quantidade também é maior.

Com o que acabamos de expor, creio que os leitores puderam


compreender como são temíveis os tóxicos dos adubos e como é melhor
o cultivo que não os utiliza. Não seria exagero afirmar que se trata de
uma revolução jamais vista na agricultura japonesa.

Vou, agora, mostrar em que consiste o método e os resultados


que obtive através da minha própria experiência e dos relatos feitos por
pessoas que já experimentaram esse tipo de cultivo. Antes, porém,
gostaríamos de perguntar: quantas pessoas conhecem realmente o sabor
das verduras? Diríamos que pouquíssimas. Isso porque não há verduras
em que não tenham sido utilizados adubos químicos e esterco.
Absorvendo esses elementos, os produtos acabam perdendo o sabor
atribuído pelos Céus. Se, ao invés disso, fizermos com que absorvam os
nutrientes da própria terra, eles terão seu sabor natural e, portanto, serão
muito mais saborosos. Como aumentou o meu estado de felicidade após
conhecer o sabor das verduras cultivadas sem adubos! Além do dinheiro
e da mão-de-obra que se poupa, fica-se livre do mau cheiro e da
transmissão de parasitas, as pragas diminuem e o sabor e a quantidade
dos produtos aumentam. Enfim, matam-se sete coelhos numa só
cajadada.

Não posso me calar diante de problema tão grave. Gostaria de


comunicar esta boa-nova a todos e compartilhar dos seus benefícios.

145
A Outra Face da Doença

Qual é a propriedade do solo? Ele é constituído pela união de três


elementos – terra, água e fogo – os quais formam uma força trinitária.
Evidentemente, a força básica responsável pelo crescimento das plantas
é o elemento terra; o elemento água e o elemento fogo são forças
auxiliares. A qualidade do solo é um fator importantíssimo, pois
representa a força primordial para o bom ou mau resultado da colheita.
Portanto, a condição principal para obtermos boas colheitas é a melhoria
da qualidade do solo. Quanto melhor for o elemento terra, melhores
serão os resultados.

O método para fertilizar o solo consiste em fortalecer sua


energia. Para isso, é necessário, primeiramente, torná-lo puro e limpo,
pois, quanto mais puro o solo, maior é a sua força para o
desenvolvimento das plantas. Acontece, porém, que até hoje a
agricultura considera bom encharcar o solo com substâncias impuras,
contrariando frontalmente o que foi exposto acima, donde se pode
concluir o quanto ela está errada. Para explicar esse erro, usarei a
antítese, o que, penso eu, ajudará a compreensão dos leitores.

Desde a Antigüidade os adubos são considerados como


elementos indispensáveis ao plantio, mas a verdade é que quanto mais os
agricultores os aplicam, mais eles vão matando o solo. Com a
adubagem, conseguem-se bons resultados temporariamente; pouco a
pouco, no entanto, o solo vai ficando intoxicado, tornando necessário o
uso de mais adubos, para a obtenção de boas colheitas. Assim, quanto
maior for a quantidade de adubos, mais contrários são os resultados.

Quando a colheita do arroz começa a declinar, os rizicultores


acrescentam-lhe terra tirada de locais onde não foram utilizados adubos.
Com isso, a colheita melhora durante algum tempo. Nessas ocasiões,
eles se baseiam num raciocínio errado, interpretando que, como
cultivam ano após ano, a plantação absorve os nutrientes do solo,
causando o empobrecimento deste. Esquecem, entretanto, que isso
ocorreu devido à utilização de adubos. Como nas novas terras a força
vital é mais intensa, podem-se obter bons resultados. Deixando de lado
as teorias, vou explicar, na prática, as vantagens da Agricultura Natural.
146
A Outra Face da Doença

Em primeiro lugar, uma das características desse tipo de cultivo é


a menor estatura das plantas. No cultivo com adubos, elas crescem mais
e têm folhas maiores; tratando-se de plantas leguminosas, como
dissemos antes, isso faz com que os frutos fiquem à sombra e não
tenham bom crescimento. Ocorre, também, a queda das flores, trazendo
como conseqüência a menor quantidade de frutos. No caso da soja,
quando não se utilizam adubos, consegue-se o dobro da colheita, e
nenhum grão se apresenta bichado; além disso, seu sabor é
incomparável. Evidentemente, em outras espécies como ervilhas e favas,
obtém-se o mesmo resultado, e a casca é bastante macia.

Outro aspecto digno de observação é a não-ocorrência de


nenhum fracasso. Muitas vezes um leigo resolve plantar batatas e colhe-
as em pequena quantidade e tamanho reduzido. Nesses casos, é costume
a pessoa se lamentar, dizendo que a colheita foi péssima, mas ela não
percebe que isso resultou do uso excessivo de adubos. Interpretando os
resultados de maneira errada, ou seja, atribuindo o fracasso à pouca
utilização de adubos, passa a usá-los em maior quantidade, o que faz
piorar ainda mais a situação. Quando indagados a respeito, os
especialistas e os orientadores, que não percebem a verdadeira causa do
problema, respondem de maneiras totalmente desconcertantes, como por
exemplo: "A causa está nas sementes, que, ou não eram boas, ou foram
semeadas fora da época apropriada". Ou então: "O problema foi
causado pela acidez do solo".

As batatas plantadas sem adubos, no entanto, são muito brancas e


cremosas, possuem bastante aroma e agradam logo ao primeiro contato
com o paladar. São tão saborosas que, a princípio, pensa-se que são de
alguma espécie diferente. O mesmo acontece com o inhame e a batata-
doce. Esta última deve ser plantada em canteiros altos e em fileiras,
entre as quais deve haver uma boa distância, de modo que a planta
receba bastante sol. Assim, conseguir-se-ão batatas enormes e
deliciosas, capazes de impressionar qualquer pessoa. Aliás, parece que
os próprios agricultores não costumam adicionar muitos adubos ao solo
quando se trata de batata-doce.
147
A Outra Face da Doença

Agora tecerei considerações a respeito do milho. Seu cultivo sem


adubos tem apresentado ótimos resultados. Gostaria, portanto, de dar-lhe
um destaque especial. No início, por um ou dois anos, a colheita pode
não satisfazer as expectativas, visto que as sementes ainda contêm as
toxinas dos adubos, mas no terceiro ano os resultados já começam a
aparecer. Sem toxinas no solo nem nas sementes, o milho cresce com o
caule bastante forte, e suas folhas apresentam um verde vivo. Caso
cresça num local onde não falta água nem sol, apresenta espigas longas,
com os grãos tão bem dispostos que não há espaços vazios entre eles;
logo na primeira mordida se percebe que são macios e doces,
apresentando um sabor inesquecível.

Quanto aos nabos, são branquinhos, grossos, consistentes e


doces, o que os torna muito saborosos. A aspereza e a acidez dos nabos
são decorrentes das toxinas dos adubos. Aliás, as verduras produzidas
sem adubos apresentam boa coloração, maciez e um aroma que abre o
apetite, sendo livres de pragas. Evidentemente, são mais higiênicas, pela
não-utilização de esterco.

O que eu também gostaria de recomendar são as berinjelas. Elas


apresentam excelente coloração e aroma, casca macia e realmente dão
água na boca. Em minha casa ninguém consegue mais comer berinjelas
produzidas com adubos.

Tratando-se do plantio de arroz, mistura-se palha cortada ao solo


alagado, que, assim, se aquece, pois a palha absorve o calor. Há, ainda,
outro detalhe, já bastante conhecido: a água fria das montanhas faz mal à
plantação. Por isso, devem-se fazer as valetas o mais rasas e longas
possível, a fim de aquecer a água. Não se devem, também, fazer lagos no
trecho intermediário, pois nestes, devido à profundidade, a água não
esquenta de forma adequada.

No caso do pepino, melancia, abóbora, etc., obtêm-se resultados


como jamais haviam sido conseguidos. Quanto ao arroz e ao trigo, têm
estatura baixa e apresentam excelente quantidade e qualidade. O arroz,
148
A Outra Face da Doença

sobretudo, tem brilho e consistência especiais, além de excelente


paladar, sendo sempre classificado como arroz de especial categoria.

Eis, portanto, as vantagens da Agricultura Natural. Não poderia


haver melhor boa-nova, principalmente para quem tem horta caseira. O
manuseio de esterco não só é insuportável para os amadores, como
também traz o inconveniente de indesejáveis larvas de parasitas
acabarem se hospedando na pessoa. Até agora, por desconhecimento
desses fatos, trabalhava-se muito e no fim se obtinham maus resultados.
No meu caso, por exemplo, apenas semeio as verduras e não tenho
maiores trabalhos a não ser, de vez em quando, remover o mato que
começa a crescer. Assim, obtenho excelentes verduras, e não há nada tão
gratificante.

Como eu já disse, não há necessidade de adubos químicos nem


de estrume, mas é preciso usar compostos naturais em larga escala. O
mais importante, em qualquer cultivo, é ter cuidado para que as pontas
dos pêlos absorventes cresçam livremente; para isso, deve-se evitar o
endurecimento do solo. O composto natural deve estar meio decomposto
apenas, pois, se o estiver totalmente, acaba endurecendo. Aquele que é
feito somente com capim decompõe-se rapidamente, mas o de folhas de
árvores demora muito mais, devido às fibras e nervuras, que são duras;
portanto, deve-se deixá-lo decompondo por longo tempo, até sua
suficiente decomposição. A razão disso é que as pontas dos pêlos
absorventes têm o seu crescimento prejudicado pelas fibras das folhas
utilizadas como compostos orgânicos. Ultimamente dizem que é bom
arejar a raiz das plantas, mas isso não tem sentido, pois se é um solo que
até deixa passar o ar, nele se processa o bom desenvolvimento das
raízes. Na verdade, o ar nada tem a ver com isso.

Outro ponto importante é o aquecimento do solo. No caso das


radicelas e dos pêlos absorventes das verduras comuns, basta fazer uma
camada de composto natural com mais ou menos 30 centímetros, numa
profundidade aproximadamente igual. Tratando-se de nabo, cenoura,
bardana ou outros vegetais em que se visam as raízes, a profundidade
deve ser compatível com o comprimento da raiz de cada planta. O
149
A Outra Face da Doença

composto à base de capim deve ser bem misturado com a terra,


utilizando-se o composto à base de folhas de árvores para formar o leito
abaixo do solo, como já foi explicado. Esse é o ideal.

Ultimamente fala-se muito em solo ácido, mas a causa da acidez


está nos adubos. Portanto, o problema desaparece quando se deixa de
usá-los.

É muito comum evitar-se o uso do mesmo solo para culturas


repetitivas. Entretanto, eu tenho obtido ótimos resultados através delas.
E os resultados têm melhorado a cada ano. Pode parecer milagre, mas há
uma boa razão para isso. Como tenho afirmado, para vivificar o solo e
ativar sua força, é necessário fazer culturas repetitivas, pois, com elas, o
solo vai se adaptando naturalmente à cultura em questão.

Quanto às pragas, com a eliminação dos adubos, seu número


poderá não chegar a zero, mas reduz-se a uma fração do atual. Os
próprios agricultores afirmam que o excesso de adubos aumenta as
pragas.

Com relação ao fumo para charuto, sabe-se que o melhor é o


produzido em Manila e Havana. Não apresenta folhas bichadas e tem
excelente aroma; certa vez eu ouvi um especialista no assunto dizer que
na sua produção não se utilizam adubos. A inexistência de insetos em
folhas do mato e o excelente aroma que algumas delas possuem são
decorrentes da ausência de adubos.

Há um aspecto que deve ser observado: quando se introduz a


Agricultura Natural num local já tratado com adubos, não se obtêm bons
resultados durante um ou dois anos, porque a terra está intoxicada. É
como um beberrão que deixa de beber abruptamente e por algum tempo
fica meio atordoado. O mesmo problema acontece com os fumantes
inveterados quando, de repente, suspendem o fumo, ou quando os
viciados em morfina ou cocaína ficam sem estes entorpecentes. Deve-se,
portanto, ter paciência por dois ou três anos; nesse espaço de tempo e

150
A Outra Face da Doença

com a diminuição gradativa das toxinas de adubos no solo e nas


sementes, o solo começará a manifestar sua força.
Com as considerações que acabamos de tecer sobre a Agricultura
Natural, os leitores deverão ter compreendido o quanto a agricultura
tradicional está errada. Evidentemente, o novo método não tem nenhuma
ligação com a fé, bastando apenas utilizar-se os compostos naturais para
se obterem resultados revolucionários. Devem, contudo, reconhecer que,
somando-se a esse procedimento a purificação do solo através da Luz de
Deus, conseguem-se melhores resultados ainda.

1o de julho de 1949

151
A Outra Face da Doença

A FORÇA DO SOLO

O princípio básico da Agricultura Natural consiste em fazer


manifestar a força do solo. Até agora o homem desconhecia a verdadeira
natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado conhecê-la. Tal
desconhecimento levou-o a adotar o uso de adubos e acabou por colocá-
lo numa situação de total dependência em relação a eles, tornando essa
prática uma espécie de superstição.

No começo, por melhor que eu explicasse o processo da


Agricultura Natural, as pessoas não me davam ouvidos e acabavam em
gargalhadas. Pouco a pouco, porém, minhas explicações foram sendo
aceitas e, ultimamente, de ano para ano, aumenta o contingente de
praticantes do novo método, mesmo porque as colheitas, em toda parte,
vêm dando prodigiosos resultados. Ainda que a maioria pertença à
esfera dos fiéis de nossa Igreja, em várias regiões já está aparecendo,
fora dessa esfera, um número considerável de simpatizantes e praticantes
da Agricultura Natural, número este que tende a aumentar rapidamente.
Já se pode imaginar que não está longe o dia em que a veremos praticada
em todo o território japonês. Falando abertamente, a divulgação do
nosso método de agricultura poderá ser definida como “movimento para
destruir a superstição dos adubos”.

Não usando absolutamente nada daquilo a que se dá o nome de


adubo, seja de origem animal ou química, pois é um cultivo que utiliza
apenas compostos naturais, o método é, realmente, o que seu nome diz:
Agricultura Natural. As folhas e capins secos formam-se naturalmente,
ao passo que os adubos químicos e mesmo o estrume de cavalo ou
galinha, assim como os resíduos de peixe, carvão de madeira, etc., não
caem do céu, nem brotam da terra: são transportados pelo homem.
Portanto, não é preciso dizer que são antinaturais.

Nada poderia existir no Universo sem os benefícios da Grande


Natureza, ou seja, nada nasceria nem se desenvolveria sem os três
elementos básicos: o fogo, a água e a terra. Em termos científicos, esses
elementos correspondem, respectivamente, ao oxigênio, ao hidrogênio e
152
A Outra Face da Doença

ao nitrogênio. Todos os produtos agrícolas existentes são gerados por


eles. Dessa forma, Deus fez com que possam ser produzidas todas as
espécies de cereais e verduras que constituem a alimentação do homem.
Seguindo a lógica, tudo será perfeitamente compreendido. Não seria
absurdo se Deus criasse o homem e não providenciasse os alimentos que
lhe possibilitariam a vida? Logo, se determinado país não consegue
produzir os alimentos necessários à sua população, é porque, em algum
ponto, ele não está de acordo com as leis da Natureza criadas por Deus.
Enquanto não se atentar para isso, não se poderá sequer imaginar uma
solução para o problema da escassez de alimentos.

A Agricultura Natural proposta por mim tem como base o


princípio citado. O empobrecimento e as dificuldades dos agricultores
serão solucionados satisfatoriamente com a adoção desse método. Deus
deseja corrigir a penosa situação em que eles se encontram, e por isso
está se dignando, com Sua benevolência e compaixão, a revelar e fazer
propagar o princípio da Agricultura Natural, através de mim, para todo o
mundo. Urge, portanto, que os agricultores despertem o mais rápido
possível e adotem esse novo método agrícola. Só assim eles serão
verdadeiramente salvos.

Conforme dissemos, se os três elementos básicos – fogo, água e


terra – são forças motrizes para desenvolver os produtos agrícolas,
bastará que estes sejam plantados numa terra pura, expostos ao sol e
suficientemente abastecidos com água, para se obter um grande êxito,
jamais visto até hoje. Não se sabe desde quando, mas o homem cometeu
um enorme equívoco ao usar adubos, pois ignorou, completamente, a
natureza do solo.

153
A Outra Face da Doença

EFEITOS CONTRÁRIOS DOS ADUBOS

No início, a utilização de adubos traz bons resultados, mas, se


essa prática continuar por muito tempo, gradativamente começarão a
surgir efeitos contrários. Entre outras conseqüências, as plantas vão
perdendo sua função inerente de absorver os nutrientes do solo e mudam
suas características, passando a absorver os adubos como nutrientes. Se
fizermos uma comparação com os toxicômanos, poderão compreender
isso muito bem. Quando alguém começa a fazer uso de tóxicos, sente
uma sensação muito agradável e durante certo período seu cérebro se
torna mais lúcido. Por não conseguir esquecer esse prazer, a pessoa cai,
pouco a pouco, num vício profundo, do qual é difícil se livrar.
Entretanto, quando o efeito do tóxico acaba, ela fica em estado de
letargia ou sente dores violentas. Como a situação é intolerável, ingere
tóxico novamente, embora saiba o mal que isso lhe faz. E chega até ao
roubo, para obter os recursos com que comprá-lo. Histórias com este
seguimento são constantemente noticiadas nos jornais. Aplicando tal
esquema à agricultura, podemos dizer que, hoje, todos os solos
cultiváveis do Japão estão sob os efeitos de tóxicos e, por isso,
gravemente enfermos. Todavia, tendo-se tornado cegos adeptos dos
adubos, os agricultores não conseguem libertar-se deles. Ao ouvirem
minhas explicações, esperançosos, resolvem suspendê-los, iniciando o
cultivo natural. No entanto, como nos primeiros meses os resultados são
insatisfatórios, eles concluem, precipitadamente, que o mais certo é
desistir da mudança e voltar à prática habitual.

O nosso método de cultivo está baseado na fé, e por isso muitos o


praticam sem duvidar do que eu digo. Assim fazendo, chegam à total
compreensão do verdadeiro valor da Agricultura Natural.

Descreverei agora a seqüência dos fatos que ocorrem com a


mudança da agricultura tradicional para a natural. No caso do arroz, ao
transplantar-se a muda para o arrozal alagado, durante algum tempo a
coloração das folhas não é boa, e os talos são finos; geralmente o visual
é bem inferior ao de outros arrozais. Isso dá ensejo à zombaria por parte
dos agricultores das proximidades, o que leva o plantador a vacilar,
154
A Outra Face da Doença

questionando se está no caminho certo. Cheio de preocupação e


intranqüilidade, ele começa a fazer promessas a Deus. Entretanto,
passados dois ou três meses, os pés de arroz começam a apresentar-se
com mais vigor, melhorando tanto na época do florescimento, que o
agricultor se sente aliviado. Finalmente, por ocasião da colheita, estão
com o crescimento normal, ou acima dele. Ao se proceder à colheita, a
quantidade do arroz sempre ultrapassa as previsões; além disso, ele é de
boa qualidade, tendo brilho, aderência e sabor agradável. Geralmente é
um produto de primeira ou segunda classe, podendo-se dizer que não
aparecem tipos abaixo desse nível de classificação. E mais ainda: seu
peso varia de 5 a 10% acima do peso do arroz cultivado com adubos, e,
o que é especialmente interessante, devido à sua consistência, é um arroz
que não se reduz com o cozimento, antes duplica ou triplica seu volume.
Sustenta tanto que, mesmo comendo 30% menos, a pessoa se sente
plenamente satisfeita. Logo, há uma grande vantagem do ponto de vista
econômico.

Se todos os japoneses comessem arroz cultivado pelo método da


Agricultura Natural, teríamos um resultado igual ao que se obteria se a
produção fosse aumentada em 30%, tornando-se desnecessária a
importação de arroz. E como isso seria esplêndido para a economia
nacional!

A SUPERSTIÇÃO DOS ADUBOS

Esclareçamos melhor o assunto tratado anteriormente. O fato de


a plantação, durante dois ou três meses, apresentar um aspecto inferior,
pode ser explicado pela presença de tóxicos no solo e nas sementes,
mesmo que sejam só resíduos. Com o passar dos dias, esses tóxicos vão
sendo eliminados e o solo e a plantação tendem a melhorar, restaurando-
se a sua capacidade natural. Isso me parece perfeitamente compreensível
por parte dos agricultores, pois eles sabem que, após uma troca de água
ou uma chuva muito forte, mesmo os arrozais alagados de pior qualidade
melhoram um pouco. Em verdade, isso ocorre porque os tóxicos dos
adubos foram lavados e diminuíram. Quando o crescimento dos
produtos agrícolas não é bom, costuma-se acrescentar terra ao solo. Se
155
A Outra Face da Doença

eles melhoram, os agricultores crêem ver confirmada sua suposição de


que o solo estava pobre devido a contínuas plantações que absorveram
seus nutrientes. Isso também é errado, pois o enfraquecimento do solo é
causado pelos tóxicos de adubos utilizados ano após ano. Assim,
percebe-se facilmente que os agricultores se deixaram dominar pela
superstição dos adubos.

OS EFEITOS DO USO DE COMPOSTOS NATURAIS

Vejamos, agora, de que maneira a Natureza colabora com a


Agricultura Natural. Quando se trata do cultivo de arroz em terreno
alagado, procede-se ao corte da palha em pedaços bem pequenos, os
quais serão misturados ao solo, para aquecê-lo. No caso do cultivo em
terra firme, misturar-se-ão folhas e capins secos, apodrecidos até que
suas nervuras fiquem macias. A razão disso é que, quando o solo está
endurecido, o desenvolvimento das raízes fica dificultado, porque as
pontas encontram resistência. Atualmente, dizem ser bom que o ar vá até
as raízes, mas não é verdade, pois não há nenhuma razão para isso.
Apenas, se ele chega até elas, é porque o solo não está endurecido. No
caso de produtos cujas raízes não se aprofundam muito no solo, o ideal
seria misturar, a este, compostos de folhas e capins; para os produtos de
raízes profundas, deve-se preparar um leito composto de folhas de
árvores a mais ou menos 35 cm de profundidade. Isso servirá para
aquecer a terra. Variando a profundidade das raízes, o leito será formado
na proporção adequada.

Geralmente as pessoas pensam que nos compostos naturais


existem elementos fertilizantes, mas isso não corresponde à realidade. O
papel desempenhado por eles é o de aquecer o solo, não o deixando
endurecer. No caso de ressecamento do solo junto às raízes, devem-se
colocar os compostos naturais numa espessura apropriada, pois isso
conserva a umidade do solo. São esses os três benefícios dos compostos
naturais.

Como se poderá perceber pelo que foi dito acima, o mais


importante na Agricultura Natural é vivificar o solo. Vivificar o solo
156
A Outra Face da Doença

significa conservá-lo sempre puro, não utilizando matérias impuras


como os adubos. Dessa forma, já que não existem obstáculos, ele pode
manifestar suficientemente a sua capacidade original. É engraçado que
os agricultores falem em “deixar o solo descansar”. Trata-se, também, de
um grande erro. Quanto mais cultivado, melhor será o solo. Em termos
humanos, quanto mais se trabalha, mais saúde se tem; quanto mais se
descansa, mais fraco se fica. Os agricultores, ao contrário, acreditam
que, quanto mais se cultiva o solo, mais fraco ele vai ficando, devido ao
consumo dos seus nutrientes por parte dos produtos agrícolas. Assim,
procuram beneficiá-lo dando-lhe repouso, ou seja, suspendem as
culturas repetitivas, mudando sempre a área de plantio. Isto é uma
idiotice.

CULTURA REPETITIVA, COLHEITA FARTA

De acordo com o nosso método, a cultura repetitiva é uma prática


muito recomendável. Uma prova disso é que estou cultivando milho,
pelo sétimo ano consecutivo, em Gora - Hakone, numa terra em que há
mistura de pequenas pedras. Apesar da má qualidade da terra, as espigas
são mais longas que o normal, e os grãos, juntinhos e enfileirados, são
adocicados, macios e saborosos.

Para justificar a cultura repetitiva, basta lembrar a capacidade


inerente ao solo de se adaptar ao produto que é plantado.
Compreenderemos isso muito bem se fizermos uma comparação com o
ser humano. As pessoas que executam trabalhos braçais têm seus
músculos desenvolvidos; quando se trata de atividade intelectual, é o
cérebro que se desenvolve. Por essa mesma razão, quem muda
constantemente de profissão ou de residência não obtém sucesso, o que
nos leva a concluir o quanto estiveram errados os agricultores até hoje.

AS BOAS-NOVAS PARA A SERICULTURA

Finalizando, gostaria de dizer que, se cultivarmos o bicho-da-


seda com folhas de amoreira tratada sem adubos, ele não adoecerá, seus
fios serão de muito boa qualidade, resistentes, brilhantes, e a produção
157
A Outra Face da Doença

aumentará. Tal prática ocasionaria uma grande evolução no mundo da


sericultura e traria incalculáveis benefícios à economia do país.

5 de maio de 1953

158
A Outra Face da Doença

PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL

Para que todos entendam realmente o princípio da Agricultura


Natural, proponho-me explicá-lo através da ciência do espírito – da qual
tomei conhecimento por meio da Revelação Divina – pois é impossível
fazê-lo através do pensamento que norteia a ciência da matéria. No
início, talvez seja muito difícil compreender esse princípio; todavia, à
medida que o lerem várias vezes e o saborearem bem, fatalmente a
dificuldade irá diminuindo. Caso isso não aconteça, é porque a pessoa
está muito presa às superstições da Ciência.

O que eu exponho é a Verdade Absoluta. Os próprios fatos o


comprovam. Como todos sabem, o método agrícola utilizado atualmente
consiste na fusão do método primitivo com o método científico. Julga-se
que houve um grande progresso, porém os resultados mostram
exatamente o contrário, conforme podemos constatar pela grande
diminuição da produção no ano passado. Os pés de arroz não tinham
força suficiente para vencer as diversas calamidades que ocorreram, e
essa foi a causa direta daquela diminuição. Mas qual a causa do
enfraquecimento dos pés de arroz? Se eu disser que o fenômeno foi
causado pelo tóxico chamado adubo, todos se surpreenderão, pois os
agricultores, até agora, vieram acreditando cegamente que o adubo é
algo imprescindível no cultivo agrícola. Devido a essa crença, ao pouco
conhecimento dos agricultores e à cegueira da Ciência, não foi possível
descobrir os malefícios dos adubos.

E inegável o valor da Ciência em relação a muitos aspectos;


entretanto, no que se refere à agricultura, ela não tem nenhuma força, ou
melhor, está muito equivocada, pois considera bom o método criado
pelo homem, negligenciando o Poder da Natureza. Isso acontece porque
ainda se desconhece a natureza do solo e dos adubos. Há longos anos, o
governo, os grandes agricultores e os cientistas vêm desenvolvendo um
grande esforço conjunto, mas não se vê nenhum progresso ou melhoria.
Diante de uma fraca produção como a do ano passado, podemos dizer
que a Ciência não consegue fazer nada, sendo vencida pela Natureza
sem oferecer nenhuma resistência. Não há mais nenhum método a ser
159
A Outra Face da Doença

empregado. A agricultura japonesa está realmente num beco sem saída.


Mas devemos alegrar-nos, pois Deus ensinou-me o meio de sair dele – a
Agricultura Natural. Afirmo que, além dessa, não existe outra maneira
de salvar o Japão.

A base do problema é a falta de conhecimento em relação ao


solo. A agricultura, até agora, tem negligenciado esse fator, que é o
principal, dando maior importância ao adubo, algo acessório. Pensem
bem. Sem a terra, o que podem fazer as plantas, sejam elas quais forem?
Um bom exemplo é o daquele soldado americano que, após a guerra,
praticou o cultivo na água, despertando grande interesse. Creio que
ainda devem estar lembrados disso. No início, os resultados foram
excelentes, mas ultimamente, pelo que tenho ouvido falar, eles foram
decaindo, e o método acabou sendo abandonado.

Até hoje os agricultores fizeram pouco caso do solo, chegando a


acreditar que os adubos eram o alimento das plantações. Com essa
atitude, cometeram um espantoso engano. O resultado é que o solo se
tornou ácido, perdendo seu vigor original. Isso está muito bem
comprovado pela grande diminuição da safra no ano passado. Não
percebendo seu erro, os agricultores gastam inutilmente elevadas somas
em adubos, despendendo árduo esforço. É uma grande tolice, pois se
está produzindo a própria causa dos danos.

Empregarei agora o bisturi da ciência espiritual para explicar a


natureza do solo. Antes, porém, é preciso conhecer seu significado
original.

Deus, Criador do Universo, assim que criou o homem criou o


solo, a fim de que este produzisse os alimentos para nutri-lo. Basta
semear a terra que a semente germinará, e o caule, as folhas, as flores e
os frutos se desenvolverão, proporcionando-nos fartas colheitas no
outono. Assim, o solo, que produz alimentos, é um maravilhoso técnico
ao qual deveríamos dar grande preferência. Obviamente, como se trata
do Poder da Natureza, a Ciência deveria pesquisá-lo. Entretanto, ela
cometeu um grande erro: confiou mais no poder humano.
160
A Outra Face da Doença

Mas o que é o Poder da Natureza? É a incógnita surgida da fusão


do Sol, da Lua e da Terra, ou seja, dos elementos fogo, água e solo. O
centro da Terra, como todos sabem, é uma massa de fogo, a qual é a
fonte geradora do calor do solo. A essência desse calor, infiltrando-se
pela crosta terrestre, preenche o espaço até a estratosfera. Nessa essência
também existem duas partes: a espiritual e a material. A parte material é
conhecida pela Ciência com o nome de nitrogênio, mas a parte espiritual
ainda não foi descoberta por ela. Paralelamente, a essência emanada do
Sol é o elemento fogo, que também possui uma parte espiritual e uma
parte material; esta última é a luz e o calor, mas aquela também ainda
não foi detectada pela Ciência. A essência emanada da Lua é o elemento
água, e a sua parte material é constituída por todas as formas em que a
água se apresenta; quanto à parte espiritual, também ainda não foi
descoberta. O produto da união desses três elementos espirituais ainda
não detectados constitui a incógnita X através da qual todas as coisas
existentes no Universo nascem e crescem. Essa incógnita X é
semelhante ao nada, mas é a origem da força vital de todas as coisas.
Conseqüentemente, o desenvolvimento dos produtos agrícolas também
se deve a esse poder. Por isso, podemos dizer que ele é o fertilizante
infinito. Reconhecendo-se essa verdade, amando-se e respeitando-se o
solo, a capacidade deste se fortalece espantosamente. A Agricultura
Natural é, pois, o verdadeiro método agrícola. Não existe outro. Através
de sua prática, o problema da agricultura será solucionado pelas raízes.
Sem dúvida as pessoas ficarão boquiabertas, mas existe outro
fator importante. O homem, até agora, pensava que a vontade-
pensamento, assim como a razão e o sentimento, limitava-se aos seres
animados. Entretanto, eles existem também nos corpos inorgânicos.
Obviamente, como o solo e as plantações estão nesse caso, respeitando-
se e amando-se o solo, sua capacidade natural se manifestará ao
máximo. Para tanto, o mais importante é não sujá-lo, mas torná-lo ainda
mais puro. Com isso, ele ficará alegre e, logicamente, se tornará mais
ativo. A única diferença é que a vontade-pensamento, nos seres
animados, é mais livre e móvel, ao passo que, o solo e as plantas não
têm liberdade nem movimento. Assim, se pedirmos uma farta colheita
com sentimento de gratidão, nosso sentimento se transmitirá ao solo, que
161
A Outra Face da Doença

não deixará de corresponder-nos. Por desconhecimento desse princípio,


a Ciência comete uma grande falha, considerando que tudo aquilo que é
invisível e impalpável não existe.

27 de janeiro de 1954

162
A Outra Face da Doença

A GRANDE REVOLUÇÃO DA AGRICULTURA

PARTE I

Há mais de dez anos descobri e venho propondo o método


agrícola que, dispensando o uso dos adubos químicos e do estrume de
origem animal e humana, possibilita a obtenção de grandes colheitas.
Naquela época, conquanto eu me esforçasse bastante, tentando
convencer os agricultores, ninguém queria me ouvir. Entretanto, é minha
convicção, desde o princípio, que o método natural de cultivo representa
a Verdade Absoluta, e estou certo de que todos chegarão à mesma
conclusão, compreendendo também que, se não se apoiarem nisso, não
só os agricultores nunca poderão ser salvos, mas o próprio destino da
nação ficará comprometido. É por esse motivo que venho insistindo no
assunto até hoje.

Como a situação foi se tornando séria, exatamente como eu temia


que acontecesse, não sei se feliz ou infelizmente, sinto uma necessidade
cada vez maior de fazer os agricultores japoneses e todos os povos
entenderem a Agricultura Natural. Comecei, também, a enxergar luz no
futuro da nossa agricultura, motivo que me leva a anunciá-la aqui, de
maneira ampla, certo de que afinal chegou a hora.

O fato de eu ser um religioso favoreceu a implantação da


Agricultura Natural. Com efeito, não foram poucos os fiéis que, embora
não compreendessem bem as minhas explicações, passaram a praticar
esse método de cultivo, podendo constatar seus resultados positivos num
espaço de tempo relativamente curto. Pouco a pouco foi crescendo o
número de simpatizantes, inclusive entre agricultores fora da esfera da
Igreja.

Explicarei agora, minuciosamente, o princípio básico da


Agricultura Natural, método que permite a obtenção de grandes
colheitas utilizando apenas compostos naturais. Abordarei, em primeiro
lugar, as vantagens do método: não serão necessários gastos com
adubos, o dano causado pelos insetos nocivos diminuirá de forma
163
A Outra Face da Doença

considerável, ficarão reduzidos a menos da metade os prejuízos


causados pelos ventos e pelas chuvas. Logo, é um método assombroso.
Tudo isso refere-se ao arroz, mas aplica-se a qualquer tipo de produção
agrícola. Resumindo, todos os produtos cultivados pela Agricultura
Natural apresentarão maravilhosos resultados. No caso da batata-doce,
por exemplo, obter-se-ão batatas enormes, de causar espanto; nas
leguminosas os grãos serão grandes, e a quantidade maior; o nabo terá
uma bela cor branca, textura fina, consistente e macia, e um excelente
sabor; as verduras, não carcomidas pelos insetos, terão boa coloração,
serão macias e de sabor esplêndido. Além dessas espécies, o milho, a
melancia, a abóbora, enfim, todos os cereais, legumes, verduras ou
frutas, serão de ótima qualidade.

Merece especial destaque o maravilhoso sabor dos produtos da


Agricultura Natural; quem experimentar seu arroz, trigo e verduras, é
provável que nunca mais tenha vontade de comer os que são produzidos
através do cultivo com adubos. Atualmente eu me alimento apenas com
produtos naturais e, como felizmente os praticantes do método vêm
aumentando cada vez mais, ganho-os em grande quantidade, a ponto de
não poder consumir tudo.

Quanto às frutas, são de qualidade muito boa, tendo tido sua safra
aumentada após a suspensão do uso de adubos; como a receita
decorrente de sua venda também aumentou, todos os interessados estão
agradecidos. Do mesmo modo, as flores são maiores, de coloração mais
bonita e viva; usadas em vivificações florais, por exemplo, duram mais
tempo, contentando mais e melhor a muitas pessoas.

Logo em seguida à adoção da Agricultura Natural, ocorre uma


acentuada diminuição de insetos nocivos. Estes surgem dos adubos
artificiais e por isso é óbvio que, se os agricultores deixarem de usar tais
adubos, eles não se criarão mais. Hoje em dia, entretanto, na tentativa de
exterminá-los, utilizam-se intensamente os defensivos agrícolas, que,
penetrando no solo, tornam-se a causa da proliferação dos insetos
nocivos. De tal forma isso revela ignorância, que nos causa compaixão.

164
A Outra Face da Doença

Nos últimos tempos, os produtos agrícolas mostram-se mais


vulneráveis aos danos causados pelos ventos e pelas chuvas que ocorrem
todos os anos; na Agricultura Natural, tais prejuízos diminuirão muito,
porque, deixando de absorver adubos artificiais, que os enfraquecem
demasiadamente, os produtos resistirão melhor às intempéries.

Descobri que tanto os adubos de origem animal como os adubos


químicos, ao serem absorvidos pelas plantas, tornam-se venenos e que
esses venenos vêm a constituir alimento para os insetos nocivos, os
quais passam a se multiplicar ferozmente. Conforme o tipo de adubo, a
partir dele próprio proliferam microorganismos que começam a
carcomer as plantas. Se surgirem na raiz, carcomerão os pêlos
absorventes e acabarão por enfraquecer o vegetal. Aí está a causa das
folhas secas, caules quebrados, queda das flores, frutos imaturos e
atrofiamento das batatas. Inúmeros outros tipos de microorganismos
podem proliferar nas diversas partes da planta, mas, se esta for saudável,
terá força para eliminá-los. Entretanto, devido ao enfraquecimento
causado pela aplicação de adubos, as plantas acabam sendo vencidas por
eles.

A planta sem adubos é mais resistente aos ventos e às chuvas,


não se prostrando com facilidade; ainda que caia, logo se reerguerá, ao
passo que a cultivada com adubos permanecerá caída, ocasionando um
prejuízo enorme. Poderão compreendê-lo bem se observarem a ponta
das raízes. Nas plantas cultivadas sem adubos, os pêlos absorventes são
muito mais numerosos e compridos, e a ramificação é bem maior;
portanto, o enraizamento é mais forte. Quer se trate de arroz, quer se
trate de verduras, qualquer agricultor sabe que quanto menor é a estatura
da planta e quanto mais curtas são as suas folhas, mais frutos ela dará.
Em contrapartida, as plantas cultivadas com adubos são mais altas, têm
folhas grandes, mas, embora à primeira vista sejam magníficas, sua
frutificação não é tão boa.

Correlatamente, no caso do bicho-da-seda, se o cultivarmos com


amoreira tratada sem adubos, ele será saudável, seu casulo terá mais

165
A Outra Face da Doença

resistência e brilho, e a produção será maior. Isso também se deve à não-


proliferação de doenças no bicho-da-seda.

Conforme vemos, todos os produtos cultivados pela Agricultura


Natural são incomparavelmente vantajosos em relação aos que são
cultivados com adubos.

O que se deve conhecer, em primeiro lugar, é a capacidade


específica do solo. Antes de mais nada, ele foi criado por Deus, Criador
do Universo, a fim de produzir alimento suficiente para prover o homem
e os animais. Por essa razão, a terra já está em si mesma abundantemente
adubada – podemos até dizer que toda ela é uma massa de adubos.
Desconhecendo isso até hoje, os homens se enganaram ao pensar que os
alimentos das plantas são os adubos. Baseados nessa crença, vieram
aplicando adubos artificiais e, conseqüentemente, foram enfraquecendo,
de forma desastrosa, a energia original do solo. Não é um equívoco
espantoso?

Para que a produção agrícola aumente, deve-se fortalecer ao


máximo a própria energia do solo. E como se poderá fazer isso? Não lhe
misturando nada a não ser os compostos naturais, fazendo-o permanecer
puro e preservando-o o mais que se puder. Assim se obterão ótimos
resultados, mas, com a mentalidade que tem vigorado até agora, jamais
se conseguirá acreditar nisso.
Com base nas razões citadas, vemos que o princípio fundamental
da Agricultura Natural é o absoluto respeito à Natureza, que é uma
grande mestra. Quando observamos o desenvolvimento e o crescimento
de tudo que existe, compreendemos que não há nada que não dependa da
força da Grande Natureza, isto é, do Sol, da Lua e da Terra, ou, em
outras palavras, do fogo, da água e da terra. Sem dúvida isso ocorre
também com as plantações, pois, se a terra for mantida pura e elas forem
expostas ao sol e abundantemente abastecidas de água, produzir-se-á
mais do que o necessário para o sustento do ser humano. Dirijam seu
olhar para a superfície do solo das matas e atentem para a abundância de
capins secos e folhas caídas, cuja provisão é renovada em cada outono.
Eles representam o trabalho da Natureza para enriquecer o solo, e ela
166
A Outra Face da Doença

nos ensina que devemos utilizá-los. Os agricultores acreditam haver


elementos fertilizantes nesses capins secos e folhas caídas, que eles
consideram adubos naturais, mas isso não é verdade. A eficácia do
“adubo natural” consiste em aquecer a terra e não deixar que ela
resseque e endureça; em síntese, fazer com que a terra absorva água e
calor e não fique dura.

Assim, para darmos “adubo natural” ao arroz, basta cortar a


palha em pedaços pequeninos e misturá-los bem à terra. Esse é o
processo natural. A palha é do próprio arroz e é eficaz para o
aquecimento das raízes. A existência de bosques perto das hortas é bem
significativa: devemos usar as folhas e capins secos para o cultivo de
nossas verduras. O centro do globo terrestre é uma enorme massa de
fogo da qual se irradia constantemente o calor, isto é, o espírito do solo.
Aí está o nitrogênio – adubo que nos foi concedido por Deus – o qual
atravessa as camadas do planeta, eleva-se a uma certa altitude e aí
permanece, até que, com a chuva, desça para sua superfície e penetre no
solo. Esse nitrogênio caído do céu é adubo natural e, sem dúvida, sua
quantidade é a ideal, sem excesso nem falta.

Mas por que razão começaram a empregar adubos de nitrogênio?


Por ocasião da Primeira Grande Guerra, devido à falta de alimentos e à
necessidade de aumentar rapidamente sua produção, a Alemanha
descobriu o meio de obter nitrogênio da atmosfera. Ao empregá-lo,
conseguiu que a produção tivesse um aumento enorme. A partir de
então, tal resultado foi difundido mundialmente, mas a verdade é que se
trata de algo passageiro, que não se prolongará por muito tempo.
Fatalmente o excesso de nitrogênio provocará o enfraquecimento do
solo e acabará fazendo a produção diminuir. Entretanto, ainda não se
compreendeu esse mecanismo. Em outras palavras, basta pensarmos que
tudo isso é semelhante ao que ocorre com os toxicômanos.

Há um fato para o qual devo chamar atenção: embora se adote a


Agricultura Natural, a quantidade de tóxicos existentes no solo e nas
sementes em conseqüência do cultivo tradicional exercerá uma grande
influência. Por exemplo: em alguns arrozais, a partir do primeiro ano,
167
A Outra Face da Doença

haverá um aumento de 10% na produção; em outros, no primeiro e no


segundo ano, haverá uma redução de 10 a 20%; finalmente, a partir do
terceiro ano, haverá um aumento de 10 a 20%, e daí em diante os
resultados gradativamente alcançarão os índices esperados. Contudo,
enquanto os resultados se apresentarem demasiado ruins, é porque ainda
restam tóxicos de adubos artificiais em grande quantidade; para
amenizar a ação destes últimos é bom acrescentar ao solo,
provisoriamente, terras isentas de adubos.

Existe outro fato muito importante: uma vez que o arroz absorve
adubos químicos como o sulfato de amônia, esse violento tóxico é
ingerido pelo homem diariamente e, mesmo em doses mínimas, de
forma imperceptível, é óbvio que irá causar-lhe danos. Pode-se dizer que
talvez seja essa uma das causas do aumento percentual das pessoas hoje
acometidas por doenças.

A seguir, enumero, de forma rápida, as vantagens econômicas do


cultivo natural:

1 – Os gastos com adubos serão dispensados.


2 – Os trabalhos diminuirão pela metade.
3 – A safra aumentará enormemente.
4 – Os produtos aumentarão de peso específico, não diminuirão
de volume ao serem cozidos e terão um delicioso sabor.
5 – O prejuízo causado pelos insetos nocivos diminuirá muito.
6 – Problemas que preocupam o homem, como o das larvas e
parasitas intestinais, desaparecerão.

Através das vantagens acima, poderão compreender a enorme


bênção que é o nosso método de cultivo. Com a Agricultura Natural, o
problema alimentar do Japão ficará solucionado, o que, além de tudo, irá
motivar ou exercer boa influência sobre outros problemas –
principalmente o que concerne à saúde do homem. Se essa técnica for
difundida pelo nosso país, incrementar-se-á sua reconstrução, e não há a
menor dúvida de que, um dia, ele chegará a ser visto, por todos os outros
países, como uma nação de cultura elevada. Trabalhando nesse sentido,
168
A Outra Face da Doença

desejo fazer que o maior número possível de japoneses leia esta


publicação especial.

Por último, quero frisar que não tenho o mínimo propósito de


divulgar nossa Igreja através do presente artigo, mesmo porque as
pessoas alheias a ela poderão praticar a Agricultura Natural e alcançar
bons resultados, conforme dissemos anteriormente.

PARTE II

Examinando os relatórios provindos de várias regiões sobre os


resultados da Agricultura Natural no ano passado, constatei que alguns
agricultores, infelizmente, por ser ainda muito cedo, não puderam
efetuar colheitas. Entretanto, como tenho dados suficientes, passo a
relatar minhas impressões.

Visto que a Agricultura Natural, antes de tudo, dispensa os


adubos, até agora considerados como a vida dos produtos agrícolas,
todos os tipos de censura lhe foram feitos pelos próprios familiares dos
agricultores e por pessoas de suas aldeias, terminando por torná-la alvo
de gozação e risos. Mas os praticantes do método suportaram tudo isso
em silêncio e persistiram. Ao ler esses relatos, lágrimas de emoção me
sobem aos olhos; sinto, também, um aperto no coração quando penso
que, não fosse pela sua fé, eles nada teriam conseguido. Entretanto,
partindo de pessoas que descendem de longas gerações totalmente
dominadas pela superstição dos adubos, essa descrença de muitos é
natural. Tudo isso me faz lembrar certos descobridores e inventores que
a História registrou, cujas obras ainda hoje prestam serviços à
humanidade, e que, mesmo sofrendo por mal-entendidos e opressões,
continuaram lutando para ver reconhecidos os frutos de sua inteligência
e trabalho. Esse difícil procedimento não poderia deixar de nos comover.

Com base nisso, eu estava certo de que a Agricultura Natural


encontraria, por algum tempo, oposição e dificuldades, mas também
acreditava que ela não tardaria a mostrar resultados surpreendentes,
bastando ter paciência durante certo período. Como eu esperava, posso
169
A Outra Face da Doença

notar, através dos relatórios chegados às minhas mãos, que finalmente o


cultivo sem adubos está despertando interesse em vários setores. No
início, as circunstâncias eram muito desfavoráveis e, como os próprios
agricultores não tinham muita confiança no novo método, foram poucos
os que abertamente começaram a praticá-lo; a grande maioria começou a
experimentá-lo naquele estado de “confiar, desconfiando”. Além do
mais, como a terra e as sementes ainda estavam muito impregnadas de
tóxicos, no primeiro ano as plantas apresentavam folhas amarelas e talos
muito finos, de modo que os plantadores chegavam a achar que elas
secariam. Segundo suas próprias informações, isso os deixava tão
inseguros e impacientes, que só lhes restava orar a Deus por um milagre;
entretanto, diante dos bons resultados na época das colheitas, eles
ficaram mais tranqüilos, embora só viessem a receber a coroa da vitória
depois de ultrapassada essa fase difícil.

5 de maio de 1953

170
A Outra Face da Doença

DANOS CAUSADOS PELAS PRAGAS

São três as preocupações dos agricultores: o elevado preço dos


adubos, os prejuízos causados pelas pragas e os danos decorrentes dos
ventos e das chuvas. Como já expliquei, em capítulos anteriores, os
malefícios dos adubos, passarei a falar agora sobre os danos causados
pelas pragas.

É importante saber, de forma conclusiva, que as pragas se


originam dos adubos. Aplicados ao solo, eles acabam tornando-o
impuro, modificam suas características, fazem regredir sua capacidade e,
ao mesmo tempo, deixam sujeiras como resíduos. É óbvio que todas as
matérias sujas apodrecem. Aí aparecem larvas ou ovos, juntamente com
bactérias. Se essa é a lei da matéria, nela se enquadram as plantas. O
aparecimento de vermes nas fossas comprova o que dizemos. As várias
espécies de pragas originam-se dos diversos tipos de adubos. Dizem que
ultimamente surgiram novas espécies, mas isso nada mais é que uma
conseqüência do aparecimento de novos adubos. O fato é evidenciado
pela afirmação dos agricultores de que existem muitos insetos nocivos
em locais próximos às fossas.

Outro ponto importante é que, quando aparecem pragas,


utilizam-se defensivos agrícolas para combatê-las, o que é extremamente
prejudicial. Os inseticidas são venenos e matam os insetos, mas, quando
se infiltram no solo, acabam contaminando-o e enfraquecendo-o ainda
mais. Assim, o que nele for cultivado sofrerá os danos causados por
mais um veneno, além dos tóxicos dos adubos. O solo, da mesma forma
que o homem, perde a resistência, e as pragas se multiplicam. É
realmente um círculo vicioso. Nesse aspecto, inclusive, pode-se notar o
quanto a agricultura tradicional está errada. Além do mais, ingerindo
alimentos que absorveram substâncias venenosas, como o sulfato de
amônia contido nos fertilizantes, o corpo humano sofre os seus efeitos; e
é óbvio que isso faça mal à saúde, pois suja o sangue. No caso do arroz,
por exemplo, que se come diariamente, mesmo que a quantidade de
veneno ingerido em cada refeição seja ínfima, ela vai se acumulando ao
longo do tempo e torna-se a causa de doenças.
171
A Outra Face da Doença

15 de janeiro de 1951

172
A Outra Face da Doença

DANOS CAUSADOS PELAS CHUVAS E VENTOS

Os danos causados pelas chuvas e ventos tendem a aumentar de


ano para ano, e tanto o governo como o povo estão bastante preocupados
em evitá-los. As obras preventivas são de altíssimo custo, de modo que,
no momento, adotam-se apenas soluções improvisadas; todavia, alguma
coisa deverá ser feita, já que os prejuízos se repetem a cada ano.
Atualmente, não há outra alternativa a não ser procurar diminuí-los.

Com a nossa Agricultura Natural, entretanto, as raízes das plantas


se tornam mais resistentes, a incidência de quebra dos caules é mínima,
e não ocorre queda das flores nem apodrecimento dos caules após a
irrigação. Mesmo quando as outras áreas de plantio são afetadas
consideravelmente, as da Agricultura Natural sofrem danos irrisórios, o
que as pessoas acham muito estranho. Observando as extremidades das
raízes, vemos que elas apresentam formações capilares mais longas e em
maior quantidade que as das plantações convencionais, circunstância que
lhes proporciona enorme resistência nessas ocasiões.

Estabelecendo analogia com o homem, está comprovado que as


pessoas que comem apenas alimentos frescos e sem tóxicos são sadias.
O mesmo acontece com as plantas, e isso não se limita ao trigo ou arroz.
Segundo os agricultores, as plantas de baixa estatura e folhas pequenas
são as que oferecem as melhores safras, as que dão mais frutos. É
justamente o que ocorre na Agricultura Natural; pode-se ver, portanto,
como ela é ideal. Além do mais, seus produtos apresentam excelente
qualidade e sabor, reconhecidos por todos aqueles que já a
experimentaram. A razão disso é que, quando se utilizam adubos, os
nutrientes são absorvidos na maior parte pelas folhas, o que as faz
crescer demasiadamente, afetando a frutificação. Acrescente-se que a
quantidade de arroz obtida através da Agricultura Natural é bem maior;
já se conseguiram até cento e cinqüenta brotos com uma só semente,
resultando em cerca de quinze mil grãos – recorde admirável. Outra
característica do arroz produzido por esse método é que a sua palha se
apresenta bastante forte e fácil de ser trabalhada.

173
A Outra Face da Doença

15 de janeiro de 1951

174
A Outra Face da Doença

A HIGIÊNICA E AGRADÁVEL AGRICULTURA


NATURAL NAS HORTAS CASEIRAS

No primeiro número da revista Tijyo Tengoku, publiquei um


minucioso artigo sobre a Agricultura Natural, dirigido aos agricultores
profissionais; desta vez, enfocarei as hortas caseiras.

Como tenho publicado, na referida revista e no nosso jornal, os


excelentes resultados obtidos através desse novo método agrícola,
acredito que os leitores tenham entendido, em parte, as suas vantagens.
Posso afirmar que, no caso das hortas caseiras, feitas por amadores, a
boa-nova da Agricultura Natural é como a luz que surge nas trevas.
Nelas, utilizava-se principalmente o estrume, cujo manuseio é
insuportável sob vários aspectos, inclusive olfativo. Adotando-se o
cultivo sem adubos, esse sofrimento desaparece, e o trabalho, por ser
higiênico, torna-se agradável. Além disso, os resultados são bem
melhores e o trabalho é menor, matando-se dois coelhos numa só
cajadada. Vou enumerar as vantagens do método:

1 – Sendo utilizados apenas compostos naturais, não há o mal-


estar causado pelo uso do estrume, e o trabalho é menor.
2 – As verduras obtidas são da melhor qualidade, e o seu sabor
nem se compara ao das verduras tratadas com adubos.
3 – O volume e a quantidade dos produtos são maiores.
4 – O aparecimento de pragas reduz-se a uma pequena fração do
que acontece no caso do emprego de adubos; portanto, não há
necessidade de defensivos.
5 – Não existe problema de transmissão de larvas e pragas.

Muitas outras vantagens poderiam ser citadas: relacionei apenas


as principais.

Como nas hortas caseiras normalmente não se planta arroz nem


trigo, mas quase sempre verduras e legumes, vou explicar a experiência
que tive com estes.

175
A Outra Face da Doença

As batatas são brancas, consistentes, têm um forte aroma, e até


dão água na boca. O tamanho reduzido e a pequena quantidade
apontados pelos amadores são conseqüência dos adubos; sem estes, as
batatas são maiores e em maior quantidade. Principalmente as batatas-
doces são enormes; se demorarmos a arrancá-las, atingem proporções
nunca vistas. Os pés de milho possuem caule grosso, folhas bem verdes,
e logo à primeira vista se percebe que são maiores que o normal. Suas
espigas são mais grossas e compridas, com os grãos bem juntos e
enfileirados, macios e doces; todos ficam admirados com o seu paladar.
Os nabos são brancos, consistentes, de textura fina e ótimo sabor,
apresentando comprimento e grossura maiores que os nabos cultivados
com adubos. A aspereza e a acidez de muitos nabos são causadas pelos
adubos. A acelga, o espinafre e o repolho têm excelente aroma, são
volumosos, macios e apetitosos. No final do ano passado, um amador
trouxe-me três acelgas que pesavam 5,6 kg cada uma. Eu nunca tinha
visto acelga daquele tamanho. Quanto à soja, é baixa, com folhas
menores, mas colhe-se o dobro. As berinjelas apresentam boa coloração,
casca macia e forte aroma; não só pela estética como pelo paladar,
ninguém que já as tenha provado consegue comer as que são tratadas
com adubos. A cebola, a cebolinha, o tomate, a abóbora e o pepino são
de ótima qualidade; a abóbora é muito consistente e tem sabor
adocicado.

Quanto às árvores frutíferas, também produzem frutos muito


saborosos, principalmente as frutas cítricas, o caqui, o pêssego, etc.

Explicarei agora o princípio e a utilização dos compostos


naturais.
A Agricultura Natural utiliza compostos naturais de dois tipos: o
de capim e o de folhas de árvores. O primeiro é próprio para ser
misturado à terra, e o segundo é indicado para fazer um leito abaixo do
solo.

A diferença entre a agricultura tradicional e a nossa, é que esta


considera o solo como uma matéria profundamente misteriosa criada por
Deus para o desenvolvimento de alimentos vegetais. Por conseguinte,
176
A Outra Face da Doença

ativar ao máximo a força do solo significa alcançar o objetivo original


com que ele foi criado. Desconhecendo este princípio, os antigos
passaram, não se sabe quando e baseados numa interpretação errônea, a
usar adubos, prática cujo resultado é a diminuição da produtividade e a
morte do solo. Na tentativa de cobrir esse enfraquecimento, utilizam-se
adubos em quantidade cada vez maior, o que leva à intoxicação das
plantas. Dizem que o solo japonês empobreceu, e isso pode ser atribuído
aos adubos; os adubos químicos modernos, principalmente, aceleram o
processo de empobrecimento do solo. Uma boa prova disso é que há
uma melhora temporária quando se lhe acrescentam terras virgens de
outros lugares, em virtude da queda da produção. Os agricultores
interpretam que esta caiu porque os cultivos efetuados por longos anos
esgotaram os nutrientes da terra. Acham, portanto, que as terras virgens
conseguirão suprir os nutrientes. Isso é um grave erro, pois na verdade o
solo perdeu sua força devido à utilização de adubos. Com o acréscimo
de terra isenta de tóxicos, ele em parte se recupera.

Por outro lado, os compostos naturais têm por finalidade impedir


o endurecimento do solo e também aquecê-lo. O fundamental, para
ativar o crescimento das plantas, é promover o desenvolvimento da raiz,
sendo que o primeiro passo nesse sentido consiste em não deixar o solo
endurecer; daí a necessidade de se misturar bem, a ele, o composto
natural. Para incentivar o crescimento dos “cabelos” da raiz, deve-se
utilizar o composto natural à base de capim, pois as fibras deste são
macias e não atrapalham o crescimento. As fibras das folhas de árvores,
no entanto, são mais duras, e por isso não convém misturá-las ao solo. O
melhor é utilizá-las para fazer um leito abaixo do solo, a fim de aquecê-
lo. O ideal seria uma camada de uns 30 cm de terra misturada com
composto à base de capim e, abaixo dela, um leito da mesma espessura,
à base de folhas de árvores.

No caso de verduras, soja, etc., o processo descrito é


conveniente, mas tratando-se de nabos, cenouras e similares, devem-se
dimensionar as camadas de maneira adequada, fazer montes de terra e
plantá-los aí, para que suas raízes recebam bastante sol, pois assim o
crescimento será excelente. Se a batata-doce, por exemplo, for plantada
177
A Outra Face da Doença

em montes de mais ou menos 60 cm, dispondo-se as mudas numa


distância de 30 cm uma da outra, colher-se-ão batatas gigantes. Ouve-se
dizer freqüentemente que o melhor é dispor os montes de terra em
sentido norte-sul ou leste-oeste, de modo que as plantas recebam
bastante energia solar. Para isso, entretanto, basta dispô-las segundo as
condições locais, e levando em consideração a direção do vento. Quando
este é muito forte, os caules se quebram; assim, é necessário plantar
árvores em volta ou fazer cercas, a fim de diminuir a ação do vento.

Quanto mais limpo for mantido o solo, maior será a sua


vitalidade. Portanto, a utilização de impurezas como o estrume traz
resultados adversos. Devido ao desconhecimento desse fato, o trabalho
não só tem sido infrutífero como contraproducente.

Os americanos não comem verduras produzidas no Japão, pois


temem a presença de parasitas. No caso da Agricultura Natural, essa
preocupação desaparece. Trata-se realmente de uma fabulosa revolução
da agricultura, constituindo uma grande boa-nova dirigida aos nossos
irmãos.

30 de março de 1949

178
A Outra Face da Doença

O GLOBO TERRESTRE RESPIRA

Todos sabem que os seres vivos respiram. Na verdade, a


respiração é uma propriedade de todos os seres, até mesmo dos vegetais
e dos minerais. Se eu disser que o globo terrestre também respira, muitos
poderão achar estranho; todavia, com a explanação que farei a seguir,
tenho certeza de que ninguém irá discordar.

O globo terrestre respira uma vez por ano. A expiração inicia-se


na primavera e chega ao ponto culminante no verão. O ar que ele expira
é quente, como no caso da respiração do homem, e isso se deve à
dispersão do seu próprio calor. Na primavera essa dispersão é mais
intensa, e tudo começa a crescer; as folhas começam a brotar e até o
homem se sente mais leve. Com a chegada do verão, as folhas tornam-se
mais vigorosas e, atingido o clímax da expiração, o globo terrestre
recomeça a inspirar; daí as folhas principiarem a cair. Tudo toma, então,
um sentido decrescente, e o próprio homem fica mais austero. O outro
ponto culminante é o inverno. Essa é a imagem da Natureza.

O ar expirado pelo globo terrestre é a energia espiritual do solo,


que a Ciência denomina nitrogênio; graças a ele as plantas se
desenvolvem. O nitrogênio sobe às camadas mais altas da atmosfera
junto com a corrente de ar ascendente e lá se acumula, retornando ao
solo com as chuvas. Esse é o adubo da Natureza, à base de nitrogênio.
Por essa razão, é um erro retirar o nitrogênio do ar e utilizá-lo como
adubo. É certo que com a aplicação de adubo químico à base de
nitrogênio consegue-se o aumento da produção, mas seu uso prolongado
acarreta intoxicação e envelhecimento do solo, pois a força deste
diminui. Como é do conhecimento geral, o adubo à base de nitrogênio
foi elaborado pela primeira vez na Alemanha, durante a Primeira Guerra
Mundial. No caso de ser necessário aumentar a produção de alimentos
devido à guerra, ele satisfaz o objetivo; entretanto, com o fim da guerra
e o conseqüente retorno à normalidade, seu uso deve ser suspenso.

Outro aspecto importante é o que diz respeito às manchas solares,


que desde a Antigüidade têm servido de assunto para muitos debates. A
179
A Outra Face da Doença

verdade é que essas manchas representam a respiração do Sol. Dizem


que elas aumentam de número de onze em onze anos, mas isso acontece
porque a expiração chegou ao ponto culminante. Com relação ao luar,
considera-se que ele é o reflexo da luz do Sol, mas convém saber que o
Sol arde graças ao elemento água, proveniente da Lua. Esta possui um
ciclo de vinte e oito dias, e isso também constitui o seu movimento de
respiração.

5 de setembro de 1948

180
A Outra Face da Doença

POSFÁCIO *

Através desta obra apontei a solução do problema da saúde –


fonte da felicidade do homem – e mostrei a viabilidade da construção do
mundo sem doença, pobreza e conflito. Falei, também, sobre o Mundo
Espiritual, onde se encontra a origem de tudo, e expliquei o princípio de
que a solução dos problemas naquele mundo é que nos permitirá
alcançar o objetivo proposto. Além disso, procurei evitar teorias,
conduzindo minha explanação com base na experiência e em exemplos
reais. Dessa forma, acredito que tenham compreendido as linhas gerais
dos princípios aqui expostos e obtido relativa tranqüilidade e esperança.

Como deve ter ficado claro no decorrer deste trabalho, meu


verdadeiro objetivo é salvar o maior número possível dos dois bilhões de
habitantes que constituem a população da Terra, os quais estão à mercê
de perecimento nesta grande fase de transição final entre a Era da Noite
e o alvorecer da Era do Dia, isto é, a transição entre o Mundo Velho e o
Mundo Novo. Em relação a isso, creio que os leitores hão de expressar
sua plena aprovação. Além de promover a revolução da Medicina, estou
também cumprindo o papel de projetista do novo mundo que há de vir –
o Paraíso Terrestre, ideal da humanidade.

Nesse sentido, a tese que tenho pregado e executado é Ciência e


não é Ciência; é Religião e não é Religião. Na verdade, é também
Ciência e Religião e, além disso, está relacionada à Política, à Economia,
à Educação, à Moral e à Arte. Eu profetizo que está prestes a nascer uma
nova cultura e que, da cultura da Noite, restará apenas o que for útil,
sendo extinto tudo que for desnecessário. A tese da Federação Mundial
de que se tem falado ultimamente parece ser um indício dessa nova
cultura. Pretendo anunciar, em futuro próximo, minha nova tese sobre o
processo de formação da cultura do Mundo Novo: Religião, Política,
Economia, Educação, Arte, etc. Evidentemente, todos esses aspectos da
atividade humana, da mesma forma que a Medicina, serão totalmente
inéditos. A própria construção do Paraíso Terrestre é um fato sem
precedentes; portanto, será necessário estabelecer idéias igualmente sem
precedentes.
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A Outra Face da Doença

Cristo disse: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos


Céus”. Sakyamuni anunciou: “Após a extinção do Budismo surgirá o
Mundo de Miroku”. Essas profecias referem-se ao novo mundo prestes a
nascer, sendo que, agora, o mundo inteiro está passando pelo sofrimento
e pelas dores de parto.

(*) Ensinamento de Mokiti Okada escrito em 5 de fevereiro de 1947

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