Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS
BRASILEIROS: MAPEAMENTO
E CARACTERIZAÇÃO
DAS INICIATIVAS EM CURSO
RELATÓRIO FINAL —
RESULTADOS DO SURVEY
BRASÍLIA-DF
2018
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.
EQUIPE DE PESQUISA
Coordenação
Adriana Bauer (FCC)
João Luiz Horta Neto (Inep)
Estatística
Raquel Valle (FCC)
Bolsistas de pesquisa
Claudia Oliveira Pimenta (até agosto de 2015)
Wagner Medanha (até janeiro de 2015)
Revisão
Vânia Regina Fontanesi
Financiamento:
Fundação Carlos Chagas
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL
Lilian dos Santos Lopes
ISBN 978-85-7863-069-0
1. Avaliação da aprendizagem. 2. Gestão educacional. 3. Avaliação da educação escolar.
I. Bauer, Adriana. II. Horta Neto, João Luiz.
CDU 371.26
SUMÁRIO
FIGURAS E GRÁFICOS.......................................................................................................... 5
QUADROS E TABELAS.......................................................................................................... 7
AGRADECIMENTOS................................................................................................................. 15
RESUMO EXECUTIVO........................................................................................................ 17
INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 18
JUSTIFICATIVA................................................................................................................... 18
OBJETIVOS......................................................................................................................... 23
PROCEDIMENTOS DE ESTUDO........................................................................................ 24
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................141
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................145
ANEXOS
FIGURAS
GRÁFICOS
GRÁFICO 11 Proporção de municípios que avaliam cada uma das séries do ensino
fundamental, dentre as redes municipais que possuem avaliação
de alunos........................................................................................................... 96
GRÁFICO 16 Proporção de municípios que apontaram cada uma das razões listadas
para a aplicação de provas preparatórias para as avaliações federais
e/ou estaduais, dentre os municípios que responderam ao survey...............138
QUADROS
TABELAS
TABELA 7 Faixas do PIB per capita dos municípios que responderam ao survey............. 37
TABELA 29 Distribuição de frequência dos municípios que têm algum tipo de avaliação
própria, de acordo com o ano de implantação dessas avaliações................... 63
TABELA 53 Adesão dos municípios a cada uma das vertentes avaliativas pesquisadas,
considerando o conjunto dos 1.573 municípios que declararam possuir
uma proposta própria de avaliação................................................................... 90
15
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
AVALIAÇÃO E GESTÃO
EDUCACIONAL EM
MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
Mapeamento e Caracterização
das Iniciativas em Curso
RESUMO EXECUTIVO
17
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep). No presente relatório explicitam-se os procedimentos metodológicos do
estudo e se apresenta uma síntese de estudos já produzidos sobre a temática. São discutidos
resultados obtidos na fase do survey, que abarcam manifestações obtidas de 4.309 municípios
e são expostas conclusões acerca de concepções presentes nas avaliações propostas pelos
municípios e dos usos dos resultados que as gestões desses entes federados fazem das
diversas avaliações existentes, que evidenciam a consolidação da avaliação em larga escala
como instrumento de gestão educacional nas municipalidades.
Palavras-chave: avaliação; municípios; gestão educacional; survey
INTRODUÇÃO
JUSTIFICATIVA
Nos últimos 25 anos tem-se assistido à expansão das avaliações de sistemas educacionais
tanto no Brasil quanto em outros países (SOUSA; OLIVEIRA, 2007; BAUER, 2010; BROOKE;
CUNHA; FALEIROS, 2011; HORTA NETO, 2013; SOUSA, 2013).
A partir do final dos anos 1990, em contexto nacional, emergem iniciativas de proposição
de sistemas próprios de avaliação por diversos entes da federação e intensificação do uso
de seus resultados para a gestão educacional (BROOKE; CUNHA; FALEIROS, 2011)
Pesquisas recentes apontam que, dos 27 estados brasileiros, 20 possuem suas próprias
propostas de avaliação em larga escala (HORTA NETO, 2013; BAUER; REIS, 2013; SOUSA;
PIMENTA; MACHADO, 2012).2 Esta expansão não ocorre, contudo, apenas nos estados, mas
A segunda fase da pesquisa trata de estudos de casos em dez municípios brasileiros, aprofundando a investigação sobre
1
(Saveal); Amazonas – Sistema de Avaliação do Desempenho Educacional do Amazonas (Sadeam); Bahia – Sistema de Avaliação
Baiano de Educação (Sabe); Ceará – Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (Spaece); Distrito Federal
– Sistema de Avaliação de Desempenho das Instituições Educacionais do Distrito Federal (Siade); Espírito Santo – Programa de
18
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
também em municípios que têm proposto iniciativas próprias de avaliação educacional em suas
redes de ensino, ou, ainda, adotado ações sistemáticas de uso dos resultados das avaliações
federais e estaduais, inclusive incentivados por políticas como, por exemplo, o PDE Escola –
Plano de Desenvolvimento da Escola e o PAR – Plano de Ações Articuladas.3
Alguns estudos já têm se debruçado sobre a temática da avaliação externa no âmbito
dos municípios, ainda que pontualmente. Em coletânea organizada por Werle (2010), diversos
autores relatam experiências de análise, reflexão e usos de resultados de avaliações nacionais
na gestão educacional nos municípios de Picada Café e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Também é relatada a experiência do município de Esteio em relação à discussão e ao uso
dos resultados do Sistema de Avaliação Escolar do Rio Grande do Sul (Saers). Ainda sobre
experiências gaúchas, a coletânea apresenta relato sobre as avaliações externas anuais,
realizadas em todas as séries/anos do ensino fundamental nas escolas da rede do município
de Carazinho, durante a administração de 2009-2012.
Em trabalho mais recente, Werle (2013) divulga estudos voltados para a análise
de avaliações de sistemas municipais no Rio Grande do Sul, tratando das experiências dos
municípios de Passo Fundo, ocorridas em 1993 e 1998, e de Canoas, entre 2009 e 2012,
que desenvolveu o Sistema de Avaliação do Ensino Municipal (Saem). Ainda considerando
o estado sulino, pode-se mencionar a iniciativa de Santa Maria, citada por Hypólito (2013)
ao comentar experiências que buscam adequar o currículo ensinado visando à melhoria do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Levantamento bibliográfico de teses e dissertações realizado por Bauer (2012b) e Bauer
e Reis (2013) identificou três estudos que discutem e caracterizam avaliações externas em
municípios. Com base nesse levantamento, constata-se a existência de avaliações próprias
em Campos dos Goytacazes – RJ (GOMES, 2009), Amparo – SP (FERRAROTTO, 2011), Amambaí,
Bonito, Campo Grande e Naviraí, em MS (OVANDO, 2011). Além disso, em análise sobre
as relações realizadas nos estudos entre a temática das avaliações de sistemas educacionais
e a gestão educacional, Bauer (2014) aponta a existência de pesquisas que revelam como
as práticas de avaliação e gestão têm se imbricado em municípios brasileiros.
Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (Paebes); Goiás – Sistema de Avaliação Educacional do Estado de Goiás (Saego);
Minas Gerais – Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública (Simave); Mato Grosso do Sul – Sistema de Avaliação da
Rede Pública de Mato Grosso do Sul (Saems); Pará – Sistema Paraense de Avaliação Educacional (Sispae); Paraíba – Sistema
de Avaliação da Educação da Paraíba, Avaliando Idepb; Paraná – Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (Saep);
Pernambuco – Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (Saepe); Piauí – Sistema de Avaliação Educacional do Piauí
(Saepi); Rio de Janeiro – Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj); Rio Grande do Sul – Sistema
Estadual de Avaliação Participativa (Seap); Rondônia – Sistema de Avaliação Educacional de Rondônia (Saero); São Paulo –
Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp); Tocantins – Sistema de Avaliação da Educação do
Tocantins (Salto).
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), apresentado pelo Ministério da Educação em 2007, disponibilizou aos estados
3
e municípios instrumentos de avaliação e implantação de políticas de melhoria da qualidade da educação básica, tendo
como programa estratégico o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. Com base no Plano de Metas, os estados
e municípios passaram à elaboração de seus respectivos Planos de Ações Articuladas (PAR), contemplando o diagnóstico da
situação educacional local e a elaboração do planejamento para o período 2011 a 2014, com base no Ideb de 2005, 2007 e 2009.
19
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Os estudos de Figueiredo (2008) e Lima (2011) tratam, respectivamente, do papel
do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar Municipal (Sarem) da Secretaria Municipal
de Educação de Cosmorama (SME) na melhoria das aprendizagens dos alunos e do papel do
Sistema de Avaliação do Desempenho das Instituições Educacionais do Sistema de Ensino
do Distrito Federal (Siade) no subsídio ao trabalho de diretores escolares em Brasília.
A pesquisa de Ovando (2011) traz indícios de um movimento de implantação de sistemas
próprios de avaliação por municípios do Mato Grosso do Sul. Dentre os resultados desta
investigação destacam-se: a gradual incorporação, pelos gestores e educadores das redes, de
resultados de avaliações externas nas decisões relativas à educação municipal, tendo o Ideb
se constituído em fator indutor de maior atenção aos resultados de desempenho de alunos,
em especial na Prova Brasil; e a tendência dos municípios de formularem procedimentos
próprios para avaliação da proficiência dos alunos.
Pesquisa realizada por Ferrarotto (2011) teve o propósito de acompanhar a implementação
do Programa Municipal de Avaliação do Sistema de Ensino (Promase), implantado em 2006 no
município de Amparo-SP, para apreender seus eventuais efeitos em práticas adotadas pela
Secretaria Municipal de Educação e por escolas da rede. Foram coletadas evidências por
meio de entrevistas com a secretária de Educação, gestoras de escolas e professores, análise
documental e observação de quatro escolas municipais. Dentre as revelações apontadas pela
autora, registram-se, com base nos resultados da avaliação externa, iniciativas que incidiram
em produção de material didático, reestruturação curricular, formação dos docentes e apoio
às crianças com defasagem de aprendizagem, ações essas que ocorreram no âmbito da gestão
municipal. Ainda, há referências a ações que foram desencadeadas no âmbito das escolas,
reiterando-se o que se evidenciou nos estudos anteriormente mencionados, sendo aludido
pela autora que, em duas das quatro escolas abrangidas no estudo, observou-se organização
de conteúdos, atividades e provas tendo como referência os instrumentos utilizados em
avaliações externas.
Algumas das teses e dissertações localizadas nos estudos realizados por Bauer (2012b,
2014) e Bauer e Reis (2013, 2014) dedicam-se a analisar usos que vêm sendo feitos de
resultados das avaliações federais e estaduais, em âmbito municipal. É o caso dos trabalhos
de Silva (2005), que analisa os usos dos resultados do Sistema Mineiro de Avaliação da
Educação Pública (Simave) em Uberlândia; de Marinho (2010), que explica como os resultados
do Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa), também implantado pela Secretaria de
Educação de Minas Gerais, são entendidos e utilizados pelos professores da região de Januária
– MG; de Nascimento (2010), que trata dos impactos do Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) nas políticas educacionais de Jaboticatubas – MG; e de Gewehr (2010),
que analisa os impactos do Ideb na organização da escola e no trabalho pedagógico das escolas
de Pato Branco – PR. Além desses estudos, que compõem a base de dados do levantamento
bibliográfico, Bauer e Reis (2014) identificaram a existência de avaliações externas em diversos
20
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
municípios brasileiros: Campinas – SP (Prova Campinas); Recife – PE (Sistema Municipal
de Avaliação de Rede – SMAR); Petrolina – PE (Avaliação da Rede Municipal de Ensino de
Petrolina – Parmep); Barra do Piraí – RJ (Prova Piraí); Vitória – ES (Sistema de Avaliação
da Educação Pública Municipal de Vitória – SAEMV); e João Monlevade – MG (Avaliação da
Rede Municipal de Ensino).
Em sua tese de doutoramento, Horta Neto (2013) observa, por meio de levantamento
de textos publicados na Internet, o aumento do número de municípios que utilizam avaliações
próprias a partir de 2011. O autor identificou esse tipo de experiência em 17 municípios,
a saber: Rio Branco (AC); Tauá, Juazeiro e Pacatuba (CE); Congonhas e Arcos (MG); Campo
Grande (MS);4 Caruaru e Serra Talhada (PE); Castelo do Piauí (PI); Toledo (PR); Anchieta e Rio
das Ostras (RJ); Rondonópolis (RO); Caxias (RS); e Valentim Gentil e São Paulo (SP). Nas palavras
do autor:
Gimenes e Silva (2012) realizaram pesquisa que investigou os usos das avaliações externas
no âmbito de quatro sistemas de ensino público do país que implantaram sistemas próprios de
avaliação em larga escala: a rede estadual do Espírito Santo; e as redes municipais de São Paulo
(SP), Sorocaba (SP) e Castro (PR). O estudo analisa os objetivos e as justificativas das Secretarias
de Educação para criação de sistemas próprios de avaliação e realça, dentre outras conclusões,
o potencial pedagógico dessas iniciativas no sentido de subsidiar o trabalho escolar.
Ao analisar os usos do Ideb em 20 municípios do estado de São Paulo,5 Sousa, Pimenta
e Machado (2012, p. 21) localizaram experiências próprias de avaliação em alguns municípios,
a saber: Barrinha, Barueri, Cajuru, Catanduva, Indaiatuba, Lorena, Marília, Porto Ferreira, São
José dos Campos e Valparaíso. Com base em informações coletadas por meio de entrevistas
com os profissionais das Secretarias de Educação e de documentos produzidos pelas redes
sobre seus sistemas de avaliação, o estudo explora usos que vêm sendo feitos dos resultados
das avaliações para a formulação e a implantação das políticas educacionais municipais
Segundo o autor, o município mato-grossense do sul possui seu sistema próprio de avaliação desde 1999.
4
Trata-se da pesquisa “Bons resultados no IDEB: estudo exploratório de fatores explicativos”, coordenada por Romualdo Portela
5
de Oliveira, da qual participaram: Sofia Lerche Vieira, Sandra Maria Zákia Lian Sousa, Ocimar Munhoz Alavarse, Dirce Nei Teixeira
de Freitas, Vanda Mendes Ribeiro, Claudia Oliveira Pimenta, Giselle Cristina Martins Real, Maria Helena Bravo, Nataly Ovando e
Cristiane Machado.
21
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
e eventuais relações ou articulações com as avaliações conduzidas pelo governo federal. Entre
outras evidências, a investigação aponta que a avaliação vem sendo assumida, por gestores
das redes e seus profissionais, como instrumento de monitoramento e controle do ensino
fundamental, atribuindo à iniciativa local maior poder de subsidiar decisões, comparando-se
com os elementos trazidos pelas avaliações conduzidas pelo governo federal, em especial
a Prova Brasil.
Alavarse, Machado e Bravo (2013), com base no mesmo estudo sobre usos do Ideb
em municípios paulistas,6 abordam a implantação de sistemas municipais de avaliação externa
em quatro municípios paulistas: Cajuru, Catanduva, Porto Ferreira e Itanhaém. Os autores
exploram indicações sobre uso dos resultados das avaliações e seu potencial de incidir
positivamente na qualidade do ensino, subsidiando o acompanhamento do desenvolvimento
de alunos e escola e a tomada de decisões, inclusive com a participação dos diversos segmentos
que compõem as redes. Eles alertam, no entanto, para efeitos deletérios, em especial, quando
se transferem responsabilidades, pelos resultados, de gestores para professores.
Além de pesquisas voltadas para apreender possíveis efeitos das avaliações externas
no contexto da gestão educacional de redes de ensino, tanto estaduais quanto municipais,
como as referenciadas anteriormente neste texto, há estudos direcionados a apreender
repercussões de avaliações no âmbito da escola, explorando seus usos e repercussões no
planejamento e nas práticas escolares. Usualmente caracterizam-se por serem estudos de caso,
cujas evidências trazidas têm como base depoimentos de profissionais que atuam nas escolas,
complementados, algumas vezes, por observações. As contribuições trazidas por esses estudos
têm revelado convergência em iniciativas de organizar as propostas de ensino em acordo com
as habilidades e conteúdos elencados em matrizes de referência de elaboração das provas
e preocupação de preparar os alunos para obtenção de bons desempenhos nas provas. A título
de indicar alguns estudos dessa natureza, citam-se, para ilustrar, Arcas (2009), Bauer (2006),
Carvalho (2010), Côco (2014), Duarte, (2014), Gomes (2009), Graça (2010), Horta Neto (2006),
Madergan (2014), Pimenta (2012), Prust (1999), Rahal (2010), Rocha (2013), Silva (2005)
e Souza (2010).
Em seu conjunto, os trabalhos consultados permitem constatar que, a partir dos anos
2000, pouco a pouco se tem a assimilação, por estados e municípios, do modelo de gestão da
educação pública implantado pelo governo federal a partir da década de 1990, com o crescente
uso dos resultados das avaliações em larga escala como principal indicador de qualidade.
Este texto também foi produzido no âmbito da pesquisa “Bons resultados no IDEB: estudo exploratório de fatores explicativos”,
6
coordenada por Romualdo Portela de Oliveira, da qual participaram: Sofia Lerche Vieira, Sandra Maria Zákia Lian Sousa, Ocimar
Munhoz Alavarse, Dirce Nei Teixeira de Freitas, Vanda Mendes Ribeiro, Claudia Oliveira Pimenta, Giselle Cristina Martins Real,
Maria Helena Bravo, Nataly Ovando e Cristiane Machado.
22
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
No entanto, tais estudos não permitem aquilatar até que ponto esse modelo de gestão tem sido
adotado pela totalidade dos municípios brasileiros,7 nem apreender apropriações alternativas
da avaliação em larga escala para a gestão da educação municipal.
É nessa lacuna que se situam as contribuições da pesquisa norteada pelas seguintes
questões:
OBJETIVOS
Segundo o IBGE, o Brasil contava, em 2013, com 5.570 cidades. No entanto, Brasília e Fernando de Noronha, por sua natureza
7
23
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
PROCEDIMENTOS DE ESTUDO
O estudo foi delineado para ser desenvolvido em duas etapas. A primeira caracterizou-se
por um estudo abrangente, realizado por meio de survey, abarcando a totalidade de
municípios brasileiros. A segunda etapa consistiu de estudos qualitativos de aprofundamento
realizados em dez municípios que contam com iniciativas próprias de avaliação.8 A coleta de
informações in loco realizou-se por meio de entrevistas com gestores e técnicos das Secretarias
Municipais de Educação visitadas, bem como entrevistas com gestores escolares (diretor
e/ou coordenador pedagógico) e professores, sendo visitadas duas escolas em cada município
O objetivo dessa etapa da pesquisa é aprofundar o conhecimento acerca das iniciativas
em curso, principalmente no que concerne à gestão da educação infantil e fundamental
e às implicações de naturezas administrativa e pedagógica decorrentes dessas avaliações.
Paralelamente, realizou-se análise documental, com os seguintes focos:
O mapeamento das iniciativas municipais se deu por meio de survey, com o objetivo de
obter informações sobre a existência ou não de avaliações externas próprias dos municípios,
identificando os motivos que justificaram sua criação e/ou aquisição e seus delineamentos
metodológicos. Além disso, buscou-se identificar usos dos resultados das avaliações, tanto
federais como estaduais e municipais, na gestão educacional.
Este relatório divulga e discute os dados produzidos na primeira etapa do estudo. Os resultados obtidos na etapa de estudos
8
24
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
dimensões: interações do município com avaliações em larga escala propostas pelos governos
federal e estaduais; avaliações propostas pela rede municipal, subdivididas em avaliação
externa de alunos, avaliação institucional, avaliação de profissionais de ensino e outro tipo de
avaliação; e caracterização dos usos das avaliações implantadas nos municípios. Além disso,
foram incorporadas questões que permitissem realizar a identificação dos municípios.
Em relação à dimensão “avaliações propostas pela rede municipal”, o que se buscou
foi identificar iniciativas próprias de avaliação educacional propostas pela rede municipal de
ensino, concebidas e/ou implantadas por decisão das Secretarias de Educação. Para isso, foram
feitas indagações sobre três vertentes de avaliação: avaliação de alunos; avaliação institucional;
e avaliação de profissionais de ensino. Cada uma delas foi assim tratada:
25
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
O questionário foi composto por 44 questões, sendo 13 fechadas, 15 abertas e 16 questões
mistas, ou seja, questões fechadas nas quais se conservava um espaço para complementação
da resposta (Anexo 1). No Quadro 1 é registrado o número de questões para cada uma das
dimensões abarcadas no instrumento.
26
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Legenda: INÍCIO
Identificação do
Interações municipais com município (Q1, Q2)
avaliações existentes
Avaliações municipais
Avaliações municipais
interrompidas
Existência
de avaliação da
rede municipal
|Q8|
SIM
Registram-se agradecimentos a Yara Espósito e Raquel Valle, da Fundação Carlos Chagas, pela leitura cuidadosa do instrumento
9
28
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Alcance da pesquisa e consolidação da base de dados
As respostas obtidas por meio dos questionários eletrônicos constituem a base de dados
para se proceder às análises apresentadas neste relatório, composta por 4.309 respostas.
Mesmo com o intuito de abranger os 5.568 municípios brasileiros, o envio do questionário
a todos eles não foi viável, ou por não ter sido possível contatar o gestor municipal ou por
não apresentarem endereço de e-mail válido. Dessa forma, conseguiu-se contato com 5.532
municípios, 99% do total.
Finalizado o prazo para a coleta de informações, procedeu-se à limpeza e consolidação
da base de dados produzida pela ferramenta Survey Monkey. Assim, o número inicial de 5.568
municípios foi redimensionado após análise preliminar da qualidade do preenchimento do
questionário, quando foram mapeadas as seguintes situações:
• para 36 municípios (0,6% do total) não foi possível enviar o instrumento de pesquisa,
por não se ter conseguido nenhuma forma de contato;
• para 4.009 municípios, ou seja, 72% dos respondentes, obteve-se resposta completa.
O respondente chegou ao final e optou por concluir a pesquisa;
29
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
que forneceram resposta parcial e optaram por OPT OUT foram desconsideradas,
pois, embora tenha iniciado o preenchimento do instrumento, o município não
chegou a concluir o envio e, em vez disso, optou pelo OPT OUT. Essa é a situação de
sete dos municípios participantes, ou 0,1%. No entanto, os casos de municípios que
completaram todo o questionário e escolheram a opção OPT OUT foram tratados
como resposta completa, pois a opção de OPT OUT ocorreu após a conclusão
do preenchimento do questionário. Nessa categoria encontram-se nove municípios,
o que representa 0,2% do total.
Assim, a base de dados que subsidia as análises apresentadas neste relatório conta
com informações de respostas fornecidas por 4.309 municípios, o que corresponde a 77,4%
do total de municípios brasileiros. Pode-se, ainda, considerar a quantidade de respostas em
relação ao número de instrumentos efetivamente enviados (n = 5.532). Nesse caso, 4.309
municípios correspondem a 77,9% do total de municípios para os quais foi possível enviar
a pesquisa.
A essa base de dados foram acrescentadas outras informações relativas a cada município,
tendo como fontes o IBGE (2014) e o Censo Escolar (2013). Assim, além das respostas obtidas
pelo questionário, o banco de dados possui variáveis que permitem caracterizar os municípios
que responderam ao questionário, bem como realizar cruzamentos para a exploração dos
dados tanto sociodemográficos quanto educacionais das redes de ensino. As variáveis que
permitam apreender características dos municípios são IDHM 2010, PIB per capita de 2011
e população em janeiro de 2013 (TCU).
No tocante às características da rede, há informações sobre número de escolas municipais
e número de matrículas por etapa de ensino (educação infantil e ensino fundamental,
destacando-se informações sobre a Educação de Jovens e Adultos – EJA), considerando-se dados
da rede municipal, regular e especial. A partir desses dados, foram produzidas informações
sobre faixas de atendimento da rede em cada uma dessas etapas de ensino.
30
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Há ainda informações acerca dos indicadores educacionais que compõem o Ideb, por
etapa do ensino fundamental, para 2005, 2007, 2009 e 2011.
Com base no cotejamento de dados, primeiramente buscou-se caracterizar
os municípios participantes da pesquisa, contrastando-os com o total de municípios do Brasil.
A descrição inicial desses dados objetivou verificar se há alguma diferenciação entre aqueles
que se dispuseram a participar da pesquisa e os que não participaram.
Posteriormente, procurou-se estabelecer relações entre as características locais dos
municípios e sua interação com as avaliações educacionais, com o objetivo de aprofundar as
análises, utilizando dados obtidos no survey. Buscou-se, assim, analisar não somente tendências
presentes nas avaliações municipais identificadas no que se refere aos delineamentos
metodológicos e aos usos dos seus resultados, mas também tentar concatenar esses dados
com características dos municípios e das redes de ensino. Nesse momento procedeu-se às
análises considerando-se as diversas vertentes avaliativas existentes nos municípios, como
será explicado mais adiante. Finalmente, o estudo buscou compreender iniciativas de usos
das avaliações no âmbito municipal, abarcando as avaliações próprias e também as avaliações
federais e estaduais existentes.
Esse relatório procura trazer elementos para elucidar os seguintes aspectos:
31
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS
MUNICÍPIOS RESPONDENTES
Nesse tópico, são explicadas características gerais e da rede de ensino dos municípios
que responderam à pesquisa, utilizando-se dados obtidos em fontes diversas, principalmente
o IBGE e o Inep, bem como informações oriundas do survey.
Municípios que
Região Municípios brasileiros
responderam à pesquisa
N N %
Norte 450 323 71,8
A tabela completa com o número de municípios e a quantidade de respostas obtidas, por estado encontra-se no Anexo 2.
11
33
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Fonte: Base de dados da pesquisa e IBGE. Elaboração dos autores. 2015.
67%
50%
RR
AP
PA 61%
AM 59%
67% MA CE
55% 66%
RN
PI
65% PB 70%
PE
AC TO 81%
RO
64% AL 59%
83% SE
MT 72%
85% BA
76%
GO 77%
Legenda 82% DF
MG
MS
ES
Região Norte 86%
81%
79%
SP
Região Nordeste RJ
79%
PR
Região Centro-Oeste 81%
83%
Região Sudeste SC
82%
RS
Região Sul
82%
34
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 3 Distribuição dos 26 estados brasileiros, de acordo com a proporção de municípios que
responderam ao survey
A maior parte dos questionários foi respondida pelo dirigente municipal de Educação ou
por seu assistente (questão 44), totalizando 53% das respostas. Com menor presença têm-se
como respondentes técnicos da Secretaria de Educação (Tabela 4).
Cargo N %
Dirigente municipal de ensino 1.965 45,6
Assistente do(a) dirigente municipal de ensino 319 7,4
Assessor técnico da Secretaria Municipal de Educação 662 15,4
Outro 962 22,3
Não respondidas 401 9,3
Total 4.309 100,0
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2015.
35
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
ensino” e “assistente do dirigente municipal de ensino”.
Em menor número observou-se que os respondentes eram profissionais do setor
administrativo (finanças, planejamento) da Secretaria (n = 96, 10%), responsáveis por
programas estaduais e federais no município (n = 48, 5%) e profissionais alocados nas
escolas (n = 37, 4%).
N N %
12
Não responderam à pesquisa Manaus, Feira de Santana, São Gonçalo, Osasco e Londrina.
36
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 6 Categorias de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em 2010 dos municípios
que responderam ao survey
% em relação
N N
ao total
Sem informação 5 5 100,0
Analogamente, nas faixas mais elevadas do PIB per capita encontram-se as maiores
proporções de municípios que responderam ao survey (Tabela 7). Entretanto, ainda que
a maior proporção de municípios recaia sobre essas faixas (81,8% e 82,4%, respectivamente),
nas outras houve mais de 65% de respondentes, o que parece evidenciar a aderência
ao estudo independentemente do grau de riqueza do município.
TABELA 7 Faixas do PIB per capita dos municípios que responderam ao survey
37
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Quanto às características gerais dos municípios (Tabela 8), percebe-se que os
participantes e os não participantes da pesquisa são diferentes em relação aos dados
populacionais, ao IDHM e ao PIB per capita, sendo que os municípios que responderam
à pesquisa são maiores, tendencialmente, em termos populacionais e com valores de PIB mais
elevados. Cabe ressalvar, no entanto, que ainda que o teste estatístico tenha sido significativo
para a variável IDHM, os valores médios para os municípios respondentes e não respondentes
recaem sobre a mesma faixa, ou seja, os municípios pertencem, em geral, à faixa de médio
desenvolvimento humano.
TABELA 8 Medidas descritivas para algumas variáveis de contexto e nível descritivo do teste de
comparação de médias para os dois grupos de municípios considerados
Desvio
Variáveis de contexto Municípios N Média p-value
padrão
38
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
de Fundeb recebido e ao número de escolas municipais. Ou seja, a variabilidade e dispersão
dos valores em relação à média são maiores para esse agrupamento, tornando-o mais
heterogêneo.
TABELA 9 Medidas descritivas para algumas variáveis educacionais e nível descritivo do teste de
comparação de médias para os dois grupos de municípios considerados.
Variáveis Desvio
Municípios N Média p-value
educacionais padrão
Considerando que parece haver associação entre o fato de os municípios terem ou não
participado da pesquisa e as variáveis educacionais número de escolas, cobertura da rede
municipal e os valores obtidos no Ideb de ensino fundamental 1 e 2, algumas afirmações
podem ser feitas. Primeiro, os municípios respondentes tendem a ter maiores valores de
Ideb, tanto no EF1 quanto no EF2. Segundo, contrariamente ao que se poderia esperar, os
municípios respondentes possuem redes menores e têm menor cobertura da rede municipal
do que os não respondentes.
Os dados apresentados na Tabela 10 mostram que a maioria dos municípios brasileiros
possui redes de ensino pequenas (n=2.931) ou muito pequenas (n=1.610). Tal situação se
reflete para os municípios que participaram da pesquisa, destacando que grande parte dos
respondentes possui redes de até 49 escolas. A pesquisa foi respondida, ainda, por 72,6%
dos municípios com redes grandes (100 escolas ou mais) e 71% daqueles com rede média
(de 50 a 99 escolas).
39
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 10 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que responderam
ao survey, de acordo com o número de escolas da rede municipal
N N %
Fonte: Base de dados do survey e Censo Escolar. Elaboração dos autores. 2015
N N %
40
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
A Tabela 12 permite compreender os níveis da educação básica em que ocorre maior
cobertura dos municípios que participaram da pesquisa. Observa-se que a maior concentração
dos respondentes está no nível muito grande de atendimento (90% ou mais dos alunos do
município cursando a etapa), tanto na educação infantil quanto nos anos iniciais do ensino
fundamental.
Ensino Ensino
Atendimento da rede municipal Educação infantil
fundamental 1 fundamental 2
N % N % N %
Médio (de 50% a menos de 70%) 354 8,2 701 16,3 586 13,6
Grande (de 70% a menos de 90%) 1.117 25,9 1.209 28,1 501 11,6
Muito grande (90% ou mais) 2.729 63,3 1.911 44,3 781 18,1
TABELA 13 Distribuição de frequência dos municípios que responderam ao survey, de acordo com
o atendimento da rede municipal nos segmentos da educação infantil
(continua)
N % N %
41
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 13 Distribuição de frequência dos municípios que responderam ao survey, de acordo com
o atendimento da rede municipal nos segmentos da educação infantil
(conclusão)
N % N %
A análise dos dados desagregados da educação infantil (Tabela 13) permite identificar
que a maioria dos municípios respondentes tem atendimento grande ou muito grande tanto na
creche quanto na pré-escola, mas os percentuais favorecem o atendimento no nível pré-escolar.
Considerando-se o Ideb 2011 do ensino fundamental 1, observa-se que 44,7% dos
municípios respondentes possuem índice acima de 5,0 e 47,5% apresentam valores inferiores
a 4,9 (Tabela 14).
N N %
2 a 2,9 87 58 66,7
7 a 7,9 49 40 81,6
8 a 8,9 3 3 100,0
42
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
afirmar que há representação de municípios com diversos tipos de resultados dentre os
participantes.
Em relação ao Ideb para o ensino fundamental 2 (Tabela 15), verifica-se que 22% dos
respondentes registram valores superiores a 4,0, enquanto 31% apresentam índices inferiores
a 3,9. Municípios de todas as faixas de Ideb para o ensino fundamental 2 responderam
à pesquisa, ainda que 47% dos respondentes não possuam Ideb para esse nível de ensino,
o que reforça afirmações já feitas anteriormente de que os municípios respondentes tendem
a se responsabilizar pela etapa inicial do ensino fundamental.
N N %
1 a 1,9 18 16 88,9
6 a 6,9 10 9 90,0
43
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 16 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que responderam ao survey,
de acordo com o número de ciclos em que a meta do Ideb foi atingida para o ensino
fundamental 1
N N %
As metas projetadas não foram atingidas em nenhum ciclo ou, ainda, em apenas um
deles por cerca de 18% dos respondentes. A análise desses dados em relação à distribuição de
todos os municípios do país em cada faixa permite afirmar que não se nota maior tendência
a responder à pesquisa por municípios que têm melhor desempenho no que concerne
ao alcance das metas projetadas pelo governo federal para o ensino fundamental 1.
No tocante ao Ideb para o ensino fundamental 2, ainda que 1.012 dos municípios
respondentes (cerca de 23,5%) tenham atingido as metas do Ideb em três ou quatro ciclos,
não se nota tendência de maior resposta ao questionário por aqueles que alcançaram
as metas do Ideb (Tabela 17).
N N %
44
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 17 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que responderam ao survey,
de acordo com o número de ciclos em que a meta do Ideb foi atingida para o ensino
fundamental 2 (conclusão)
N N %
45
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
2. RESULTADOS
OBTIDOS NO SURVEY
Essa sessão apresenta e discute os dados obtidos por meio do survey eletrônico.
A Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), conhecida como Prova Brasil, compõe o Sistema de Avaliação da Educação
13
Básica (Saeb), juntamente com a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA).
É realizada pelo Inep em regime de parceria com estados e municípios. Participam da Prova Brasil todas as escolas com pelo
menos 20 estudantes matriculados nos 5º e 9º anos (4ª e 8ª séries) do ensino fundamental regular, matriculados em escolas
públicas, localizadas nas zonas urbanas e rurais (Portaria nº 304, de 21 de junho de 2013 e Inep. Disponível em: <http://portal.
inep.gov.br/web/saeb/aneb-e-anresc>. Acesso em: 18 jun. 2014).
A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) é aplicada anualmente e focaliza as unidades escolares e os estudantes matriculados
14
no 3º ano do ensino fundamental. Compõem a avaliação os seguintes instrumentos: questionários contextuais a professores,
diretores de escola e gestores da rede pública de ensino; e teste de desempenho para os alunos. Participam da avaliação
escolas públicas localizadas nas zonas urbana e rural, que estejam organizadas no regime de nove anos, sendo administrada
censitariamente para as turmas regulares e amostralmente para as turmas multisseriadas (Portaria nº 304, de 21 de junho de
2013 e Inep. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/saeb/ana>. Acesso em: 18 jun. 2014).
47
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
265; 6%
188; 4%
3.856; 90%
261; 6%
162; 4%
3.886; 90%
É possível supor que a indicação de não participação de 265 municípios na Prova Brasil
(6%) e de 261 na ANA (6%) seja em decorrência dos critérios estabelecidos pelo Inep nas
48
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
portarias que tratam desses testes de desempenho, considerando-se que não se têm notícias
de municípios que declararam a não adesão a essas avaliações federais.
Os 265 municípios não participantes da Prova Brasil concentram-se nas regiões
Sudeste (23,4%) e Sul (52,1%). Os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina
são os que têm maior porcentagem de não adesão à Prova Brasil, com, respectivamente
38,1%, 12,8% e 10,6%. Em relação às matrículas, 81,9% desses municípios possuem até
1.000 matrículas, sendo caracterizados como redes pequenas, e, no que se refere ao
número de escolas, 60,8% têm redes de até nove escolas. Em sua maioria (81,5%) são
municípios que concentram o atendimento na educação infantil; analogamente, 61,1%
desses municípios registram atendimento pequeno (menos de 50% dos alunos) no ensino
fundamental.
Os 261 municípios que declararam não participar da ANA concentram-se nas regiões
Sudeste (38,7%) e Sul (31,8%), majoritariamente nos estados de São Paulo (21,8%), Rio Grande
do Sul (19,5%) e Minas Gerais (14,6%). Em sua maioria (61,7%) são municípios com até 1.000
matrículas na rede municipal, que atendem 90% ou mais dos alunos da educação infantil
(70,5%). Em relação ao atendimento no ensino fundamental 1, 56,3% desses municípios
atendem a mais de 70% dos alunos desse segmento em suas redes próprias.
Observa-se, ainda, que 97% dos municípios respondentes (4.187) assinalaram adesão
à Provinha Brasil15 (Gráfico 3), percentual expressivo considerando-se que a “adesão a essa
avaliação é opcional, e a aplicação fica a critério de cada secretaria de educação das unidades
federadas”,16 sendo que esta avaliação não condiciona o acesso a programas federais. Dos 70
municípios que não aderiram à Provinha Brasil, cerca de 64% possuem redes muito pequenas
(com até 9 escolas) e 68,6% têm até 1.000 matrículas. São, ainda, municípios que concentram
seu atendimento na creche (67,1% com atendimento muito grande nesse segmento) e na pré-
escola (82,9% com atendimento muito grande); em contrapartida, 18,6% desses municípios
possuem atendimento considerado “muito grande” no ensino fundamental. Tais municípios
concentram-se nas regiões Sudeste (40%), Nordeste (22,9%) e Sul (21,4), sendo que o estado
de São Paulo registra 31,4% desses municípios.
Conforme consta da página do Inep, a Avaliação da Alfabetização Infantil – Provinha Brasil é uma avaliação diagnóstica que visa
15
investigar o desenvolvimento das habilidades relativas à alfabetização e ao letramento em Língua Portuguesa e Matemática,
desenvolvidas pelas crianças matriculadas no 2º ano do ensino fundamental das escolas públicas brasileiras. Aplicada duas
vezes ao ano (no início e no final), a avaliação é dirigida aos alunos que passaram por, pelo menos, um ano escolar dedicado ao
processo de alfabetização. A adesão a essa avaliação é opcional, e a aplicação fica a critério de cada secretaria de educação das
unidades federadas. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/provinha-brasil/apresentacao. Acesso em: 15 jun. 2014.
Disponível em: <http://provinhabrasil.inep.gov.br/apresentacao>. Acesso em: 18 fev. 2015.
16
49
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
70; 2% 52; 1%
4.187; 97%
Levantamentos relativos aos sistemas estaduais de avaliação que têm sido implantados desde o início da década de 1990 no Brasil
17
mostram incongruências em relação tanto às datas de implementação das referidas avaliações quanto à sua nomenclatura. Tal
fato pode ser, em parte, explicado pelas mudanças ocorridas nessas avaliações ao longo do tempo, quer sejam metodológicas,
quer sejam em termos de concepção do sistema avaliativo. Os dados constantes no Quadro 2 baseiam-se em levantamento
realizado por Bauer (2012b; 2014), tendo como fonte os sítios das Secretarias Estaduais de Educação e o portal do Centro de
Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed), considerando os registros existentes até 2014 – ano em que se encerrou
o survey – das avaliações vigentes àquela época.
50
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
80; 2%
1.355; 31%
2.874; 67%
Avaliação Avaliação
Estado Ano Estado Ano
estadual estadual
AC Seape 2009 PB Avaliação PB 2012
AL Areal 2012 PE Saepe 2000
AP n/a n/a PI Saepi 2011
AM Sadeam 2011 PR Saep 2012
BA Sabe 2011 RJ Saerj 2008
CE Spaece 1992 RO Saero 2012
DF Siade 2008 RN n/a n/a
ES Paebes 2004 RR n/a n/a
GO Saego 2011 RS Saers 2007
MA Simade 2010 SC n/a n/a
MG Simave/Proeb 2000 SE Exaeb/SE 2005
MT n/a n/a SP Saresp 1996
MS Saems 2011 TO Salto 2011
PA Sispae 2013 - - -
Fonte: Bauer (2012b, 2014); Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed), 2016
51
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
dessas propostas, como nos seguintes casos: Ceará (1992), São Paulo (1996), Minas Gerais
(2000), Pernambuco (2000) e Espírito Santo (2004).
% de respondentes
N de questionários N de municípios que
que afirmaram
Estado respondidos no participaram das
participar das
estado avaliações estaduais
avaliações estaduais
Acre 14 13 92,9
Alagoas 60 49 81,7
Amapá 8 5 62,5
Amazonas 34 24 70,6
Bahia 322 251 78,0
Ceará 113 108 95,6
Espírito Santo 62 58 93,5
Goiás 201 138 68,7
Maranhão 128 53 41,4
Mato Grosso 107 48 44,9
Mato Grosso do Sul 64 25 39,1
Minas Gerais 735 716 97,4
Pará 97 40 41,2
Paraíba 157 45 28,7
Paraná 333 156 46,8
Pernambuco 148 145 98,0
Piauí 145 84 57,9
Rio de Janeiro 73 38 52,1
Rio Grande do Norte 110 41 37,3
Rio Grande do Sul 407 157 38,6
Rondônia 44 13 29,5
Roraima 10 3 30,0
Santa Catarina 242 90 37,2
São Paulo 525 450 85,7
Sergipe 54 19 35,2
Tocantins 116 105 90,5
Total 4.309 2.874 66,7
Fonte: Base de dados do survey e IBGE. Elaboração dos autores. 2015.
Cabe esclarecer que se estabeleceu um recorte temporal nessa questão. Assim, a pergunta indagava, especificamente, sobre a
18
52
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Grosso, Rio Grande do Norte, Roraima e Santa Catarina. Caberia investigar com maior
aprofundamento o que tais informantes compreenderam sobre a questão e a que avaliação
se referem em suas respostas; no entanto, os limites dos dados obtidos não permitem lançar
luzes sobre esses aspectos.
47; 1%
905; 21%
1.573; 37%
1.784; 41%
53
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
A seguir analisam-se algumas características sociodemográficas e educacionais dos
municípios que afirmaram possuir avaliações próprias, em relação aos demais municípios
respondentes da pesquisa.
A Figura 3 mostra a porcentagem, em cada estado, de municípios que declararam
possuir uma avaliação própria. Percebe-se que em alguns estados (MG, CE, RR) essa proporção
é de mais de 50% dos respondentes à pesquisa. Em 18 estados o total de municípios que
assinalaram fazer sua própria avaliação varia de 25,1% a 50%.
60%
12,5%
RR
AP
PA 51,3%
AM 35,9%
30,9% MA CE
29,4% 24,5%
RN
PI
26,9% PB 38,2%
PE
AC TO 40,5%
RO
50% AL 26,7%
33,6% SE
MT 25,9%
20,5% BA
36,4%
GO 28,9%
38,8% DF
MG
MS
ES
51,7%
39,1% 16,1%
SP
RJ
Legenda 42,5%
PR
46,1%
Até 25% dos municípios do estado 36,3%
SC
30,2%
De 25,1 a 50% dos municípios do estado
RS
Com exceção do Acre, todos os estados possuem municípios que assinalaram que
ainda não possuem uma avaliação própria, mas pretendem ter. A porcentagem desses
municípios, por estado, é apresentada na Figura 4. A análise em conjunto dos dados do
Quadro 2 e da Figura 4 não permite apreender se há uma relação entre os municípios
declararem que pretendem ter avaliação (n = 905) e a presença ou não de sistemas de
avaliação nos estados.
54
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
10%
37,5%
RR
AP
PA 18,6%
AM 27,3%
26,8% MA CE
35,3% 28,2%
RN
PI
26,9% PB 19,7%
PE
AC TO 27,7%
RO
0% AL 36,7%
23,3% SE
MT 35,2%
45,5% BA
30,8%
GO 30,1%
21,9% DF
MG
MS ES
14,1%
18,8% 19,4%
SP
RJ
Legenda 17,8%
PR
16%
Até 25% dos municípios do estado 16,2%
SC
24,0%
De 25,1 a 50% dos municípios do estado
RS
FIGURA 4 Percentual de municípios que declararam que pretendem ter uma avaliação própria,
dentre os municípios que responderam ao survey, por estado
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
Nota: Percentuais calculados em relação ao total de respondentes do survey.
55
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 20 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que possuem avaliação própria
em relação àqueles que responderam ao survey, de acordo com o número de habitantes
Municípios que
Municípios que realizam alguma
Número de habitantes responderam
avaliação própria
à pesquisa
N N %
Até 5.000 984 293 29,8
De 5.001 a 10.000 975 343 35,2
De 10.001 a 20.000 1.052 410 39,0
De 20.001 a 50.000 790 300 38,0
De 50.001 a 100.000 261 107 41,0
De 100.001 a 500.000 214 102 47,7
Mais de 500.000 33 18 54,5
Total 4.309 1.573 36,5
Fonte: IBGE e Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
Municípios que
Municípios que realizam alguma
IDHM em 2010 responderam
avaliação própria
à pesquisa
N N %
Muito alto 37 19 51,4
Alto 1.570 590 37,6
56
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 21 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que possuem avaliação
própria em relação àqueles que responderam ao survey, de acordo com o Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal em 2010
(conclusão)
Municípios que
Municípios que realizam alguma
IDHM em 2010 responderam
avaliação própria
à pesquisa
N N %
Médio 1.716 664 38,7
Baixo 958 295 30,8
Muito baixo 23 4 17,4
Sem informação 5 1 20,0
Total 4.309 1.573 36,5
Fonte: Base de dados do survey e IBGE. Elaboração dos autores. 2016.
TABELA 22 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que possuem avaliação própria
em relação àqueles que responderam ao survey, de acordo com o PIB per capita em
2011
Municípios que
PIB per capita Municípios que realizam
responderam
(em reais) alguma avaliação própria
à pesquisa
N N %
Menos de 5.000 598 184 30,8
De 5.000 a menos de 10.000 1.263 502 39,7
De 10.000 a menos de 25.000 1.946 675 34,7
25.000 ou mais 497 211 42,5
Sem informação 5 1 20,0
Total 4.309 1.573 36,5
Fonte: Base de dados do survey e IBGE. Elaboração dos autores. 2016.
57
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 23 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que possuem avaliação própria
em relação àqueles que responderam ao survey, de acordo com o número de escolas
da rede municipal
N N %
TABELA 24 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que possuem avaliação própria
em relação àqueles que responderam ao survey, de acordo com o atendimento da rede
municipal
(continua)
N N %
Pequeno (menos de 50%) 461 195 42,3
58
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 24 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que possuem avaliação própria
em relação àqueles que responderam ao survey, de acordo com o atendimento da rede
municipal (conclusão)
N N %
Médio (de 50% a menos de
1.338 506 37,8
70%)
Grande (de 70% a menos de
1.712 624 36,4
90%)
Muito grande (90% ou mais) 797 248 31,1
Sem informação 1 0 0,0
Total 4.309 1.573 36,5
Fonte: Base de dados do survey e Inep. Elaboração dos autores. 2016.
Para analisar se haveria alguma associação entre a proposição de avaliações próprias pelas
Secretarias Municipais de Educação e os resultados que estas obtiveram no Ideb foi realizado
o teste de qui-quadrado para o Ideb tanto do ensino fundamental 1 quanto do EF2. Em ambos os
casos, o teste calculado sem a presença da categoria “sem informação” mostra haver associação
entre as variáveis (p = 0,000). Os dados dos municípios que fazem avaliação própria contrastados
com o total de respondentes ao survey são apresentados nas Tabelas 25 e 26.
N N %
2 a 2,9 58 10 17,2
3 a 3,9 791 235 29,7
4 a 4,9 1.199 410 34,2
5 a 5,9 1.341 530 39,5
6 a 6,9 541 259 47,9
7 a 7,9 40 20 50,0
8 a 8,9 3 1 33,3
Sem informação 336 108 32,1
Total 4.309 1.573 36,5
Fonte: Base de dados do survey e Inep. Elaboração dos autores. 2015.
59
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Pela análise dos dados das referidas tabelas, percebe-se que, em relação ao Ideb de
EF1, quanto maior o valor obtido em 2011, maior é a proporção de municípios que propõem
avaliações próprias (exceção feita à categoria 8 a 8,9, na qual se encontram apenas três
municípios). Assim, não são as Secretarias Municipais de Educação com menores valores no
Ideb, no caso do EF1, as que mais propõem iniciativas avaliativas, como poder-se-ia supor, mas
sim as que já possuem índices para além da meta esperada. Não se afirma, com isso, que há
associação entre o fato de o município ter avaliação e o alcance das metas esperadas.
TABELA 26 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que possuem avaliação própria
em relação àqueles que responderam ao survey, de acordo com o Ideb 2011 do ensino
fundamental 2
N N %
1 a 1,9 16 7 43,8
2 a 2,9 386 121 31,3
3 a 3,9 933 302 32,4
4 a 4,9 707 256 36,2
5 a 5,9 232 109 47,0
6 a 6,9 9 6 66,7
Sem informação 2.026 772 38,1
Total 4.309 1.573 36,5
Fonte: Base de dados do survey e Inep. Elaboração dos autores. 2016.
Também em relação aos valores do Ideb para o ensino fundamental 2, observa-se que,
com exceção da categoria mais baixa, na qual encontra-se um número reduzido de municípios,
quanto maior o valor obtido em 2011, maior é a proporção de municípios que propõem
avaliações próprias.
60
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
60
54
50
40 37
34
30
20
15
13
11 11
10
3 4
2 1 2 2
0 2000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
GRÁFICO 6 Quantidade de propostas de avaliação municipal encerradas até 2014, por ano de
interrupção, dentre os municípios que responderam ao survey
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2015.
61
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Com maior ênfase, apontaram-se dificuldades técnicas, financeiras ou operacionais
e o redirecionamento da política devido, principalmente, às trocas de gestão. A adesão
a programas de avaliação de estados e/ou de sistemas privados de avaliação também foi
indicada como motivo para interrupção de iniciativas próprias, havendo referências ao excesso
de avaliações e superposição de iniciativas.
Maior número de indicações foi agrupado como respostas não pertinentes/não
compreensíveis. A análise das respostas consideradas não pertinentes evidencia que alguns
municípios referem-se a dificuldades de operacionalização de avaliações federais e/ou
estaduais no âmbito municipal. As respostas não compreensíveis são aquelas que trazem
informações que não elucidam razões da interrupção.
A distribuição regional dos municípios que possuem avaliação própria é mostrada na
Tabela 28, a partir da qual percebe-se que a região Sudeste detém a maior proporção de
municípios com iniciativas próprias (47,5%) dentre os participantes da pesquisa. Por outro
lado, a região Sul apresenta a menor porcentagem de municípios que possuem avaliação
própria (25,8%) dentre os que responderam ao survey.
TABELA 28 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que possuem avaliação própria
em relação àqueles que responderam ao survey, de acordo com a região geográfica
Municípios que
Municípios que
Região responderam
realizam alguma avaliação própria
à pesquisa
N N %
62
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 29 Distribuição de frequência dos municípios que têm algum tipo de avaliação própria, de
acordo com o ano de implantação dessas avaliações
Ano N %
1993 4 0,3
1994 1 0,1
1996 2 0,1
1997 8 0,5
1998 10 0,6
1999 5 0,3
2000 25 1,6
2001 9 0,6
2002 14 0,9
2003 11 0,7
2004 10 0,6
2005 59 3,8
2006 39 2,5
2007 55 3,5
2008 64 4,1
Ainda que a primeira iniciativa date do início da década de 1980, observa-se que
é a partir de 2005 que a criação de avaliações se intensifica. Até 2004, 103 municípios
implantaram ações próprias de avaliação. De 2005 a setembro de 2014, data de encerramento
da coleta de dados, registra-se a criação de 1.280 novas iniciativas. Vale investigar se esse
aumento foi, de algum modo, induzido pela implantação da Prova Brasil, em 2005, e do Ideb,
em 2007, ou da Provinha Brasil, em 2012 (Gráfico 7).
63
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Ano em que a SME implanta avaliação própria
(até setembro de 2014)
450
436
400
350
s
õe
300 a l iaç
v
sa
oà
esã
250 Ad
200
163
150
59 104 106
100
55
50
1 1 1 1 3 1 1
0
1982
1987
1990
1991
1993
1994
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
GRÁFICO 7 Número de municípios que criaram avaliações próprias, segundo o ano de sua
implementação
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2015.
249; 16%
151; 10%
1.173; 74%
64
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
As respostas, registradas no Gráfico 8, indicam que apenas 249 municípios possuem
algum tipo de regulamentação para a avaliação que realizam, apoiando a suposição de que
a legitimação da avaliação enquanto instrumento de política educacional antecede sua
regulamentação.
A proporção de municípios com avaliação regulamentada em relação aos que possuem
avaliação própria, em termos regionais, não apresenta grande variação (Gráfico 9).
20
18,3
17,6 17,4
16,7
15 13,9
10
0
Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
GRÁFICO 9 Proporção de municípios com avaliação própria regulamentada, dentre aqueles que
fazem algum tipo de avaliação, por região
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2015.
AC 7 1 14,3
AL 16 2 12,5
65
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 30 Representatividades absoluta e relativa dos municípios com avaliação própria
regulamentada, em relação aos municípios que realizam algum tipo de avaliação, de
acordo com a unidade federativa (conclusão)
Municípios que
Municípios
realizam
Estado com avaliação
algum tipo de
própria regulamentada
avaliação
N N %
AM 10 1 10,0
AP 1 0 0,0
BA 93 16 17,2
CE 58 13 22,4
ES 10 2 20,0
GO 78 12 15,4
MA 46 6 13,0
MG 380 43 11,3
MS 25 6 24,0
MT 39 8 20,5
PA 30 8 26,7
PB 60 10 16,7
PE 60 10 16,7
PI 39 5 12,8
PR 121 18 14,9
RJ 31 6 19,4
RN 27 5 18,5
RO 9 2 22,2
RR 6 1 16,7
RS 59 9 15,3
SC 73 17 23,3
SE 14 2 14,3
SP 242 41 16,9
TO 39 5 12,8
66
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Tais iniciativas de regulamentação da avaliação, por meio de normas e orientações, são
observadas em maior proporção (28,4%) nas redes de ensino grandes, com pelo menos 100
escolas (Tabela 31).
Municípios que
Tamanho da realizam Municípios com avaliação
rede municipal algum tipo de própria regulamentada
avaliação
N N %
Muito pequena (até 9 escolas) 452 70 15,5
Pequena (10 a 49) 845 120 14,2
Média (50 a 99) 195 36 18,5
Grande (100 ou mais) 81 23 28,4
Total 1.573 249 15,8
Fonte: Base de dados do survey e IBGE. Elaboração dos autores. 2016.
TABELA 32 Formas de regulamentação das avaliações próprias dos municípios que declararam ter
suas propostas de avaliação regulamentadas
Forma de regulamentação N %
Legislação emanada pelo Executivo 104 41,8
Normatizações do Conselho Municipal de Educação 16 6,4
Documentos técnicos elaborados pela SME 13 5,2
Documentos técnicos elaborados pelas escolas (1) 53 21,3
Documentos de sistemas privados de ensino 2 0,8
Resposta não pertinente / não compreensível 26 10,4
Respostas ausentes 35 14,1
Total 249 100,0
Fonte: Base de dados do survey e IBGE. Elaboração dos autores. 2016.
(1) As referências sobre Regimento Escolar e Projeto Pedagógico foram computadas como documentos
técnicos elaborados pela escola quando não havia uma indicação de que eram documentos comuns à rede.
67
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
A questão 11 buscou obter informações sobre quem são os responsáveis, no município,
pela concepção da avaliação. Fazendo uma reorganização das categorias de resposta dessa
questão, por meio da técnica de análise fatorial, percebe-se que, em geral, são os técnicos da
Secretaria e professores ou gestores que, em conjunto, elaboram a proposta (71,4%), sendo
que 16,1% dos respondentes declararam que tais agentes trabalham, isolados, na produção
da avaliação (Tabela 33).
Agentes N %
Professores e/ou gestores da rede 1.287 81,8
Técnicos da Secretaria 1.213 77,1
Instituição ou empresa 268 17,0
Professores de universidades 131 8,3
Consultor externo independente 122 7,8
Outros agentes 238 15,1
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
68
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 35 Agentes participantes da concepção da avaliação da rede municipal,
na indicação dos municípios que assinalaram a categoria “outros”.
Quantidade
Agentes
de indicações
Outros 4
Pela análise das respostas que realmente mencionaram outros agentes, é possível
reforçar a primazia da participação de profissionais das redes de ensino na discussão
e proposição das iniciativas ensejadas nos municípios, visto que predominam referências
a coordenadores pedagógicos ou de avaliação da SME e de coordenadores do Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) ou outros programas estaduais, ou seja, profissonais
da própria rede no exercício de funções especificamente voltadas para atividades avaliativas.
Quanto às etapas de ensino abarcadas pelas propostas de avaliação próprias, as respostas
obtidas (questão 12) indicaram estarem abrangidos tanto a educação infantil quanto o ensino
fundamental (Tabela 36). Não se compreende, no entanto, o percentual de não respostas, uma
vez que só responderam a essas questões municípios que registraram possuir iniciativa própria
de avaliação.
TABELA 36 Distribuição de frequência das etapas de ensino abarcadas nas avaliações da rede
municipal para os municípios que declararam realizar algum tipo de avaliação
N % N % N %
Conforme mostra os dados da Tabela 36, dentre os 1.573 municípios que afirmaram ter
69
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
proposta própria de avaliação da rede, 618 (39,3%) assinalaram que esta avaliação abrange
a educação infantil e 1.319 (83,9%) que engloba o ensino fundamental, o que corresponde
a 11,1% e 23,7% do total de municípios brasileiros, respectivamente.
Na tentativa de compreender as relações existentes entre a proposição de avaliação
na educação infantil e no ensino fundamental, pelos municípios, realizou-se cruzamento dos
dados obtidos nessas etapas. Os resultados são apresentados na Tabela 37.
TABELA 37 Distribuição dos municípios que fazem algum tipo de avaliação, de acordo com as
etapas de ensino que declararam abarcar em suas iniciativas próprias de avaliação
Ensino fundamental
Educação infantil
Sem
Sim Não Total
informação
De acordo com os dados obtidos, dos 618 municípios que fazem avaliação de educação
infantil, apenas sete não fazem também uma proposta de avaliação do ensino fundamental.
Para outros sete municípios não houve informação.
As seções a seguir buscam caracterizar os municípios com propostas de avaliação da
educação infantil e do ensino fundamental, de acordo com sua localização regional, bem como
suas características sociodemográficas e educacionais.
Aos municípios que assinalaram realizar avaliação nesta etapa de educação foram
apresentadas duas indagações. A primeira solicitou que fosse registrado o que é avaliado (item
13) e a segunda remeteu à indicação de como é feita a avaliação (item 14).
Optou-se por apresentar questões abertas que permitissem uma aproximação inicial
com encaminhamentos que vêm se dando no âmbito da gestão municipal, considerando ser
inédito levantamento de abrangência nacional relativo à avaliação desta etapa de ensino,
realizada pelos municípios.
É oportuno lembrar que a educação infantil não é abrangida pelo Sistema Nacional de
70
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Avaliação da Educação Básica (Saeb),19 implantado no Brasil desde o início da década de 199020
pelo governo federal, cujas iniciativas se voltam para os ensinos fundamental e médio. O Plano
Nacional de Educação (PNE), que define metas para a educação brasileira de 2014 a 2024
(Lei nº 13.005 de junho de 2014),21 possibilita a superação dessa lacuna ao prever a implantação
da avaliação da educação infantil,
a ser realizada a cada 2 (dois) anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim
de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as condições de gestão, os recursos
pedagógicos, a situação de acessibilidade, entre outros indicadores relevantes. (BRASIL,
Lei 13.005/ 2014, Meta 1, Estratégia 1.6).
Embora se apresente como direcionado à avaliação da educação básica, o Saeb não contempla a avaliação da educação infantil
19
– creches e pré-escola –, uma das etapas deste nível de ensino, desde 1988, de acordo com a Constituição Federal e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996.
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) teve início no final da década de 1980 e foi formalmente instituído
20
No caso da educação infantil, a iniciativa do Ministério da Educação de abrangência nacional relativa à avaliação foi a divulgação
23
dos Indicadores de Qualidade da Educação Infantil, cuja proposta sugere encaminhamentos relativos à autoavaliação
institucional.
71
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
50%
100%
RR
AP
PA 37,9%
AM 50,0%
26,7% MA CE
50% 33,3%
RN
PI
59% PB 33,3%
PE
AC TO 33,3%
RO
57,1% AL 43,8%
43,6% SE
MT 35,7%
11,1% BA
38,5%
GO 42,2%
35,9% DF
MG
MS ES
37,4%
16% 40%
SP
RJ
16,1%
PR 42,1%
40,5%
SC
45,2%
RS
44,1%
FIGURA 5 Percentual de municípios que declararam avaliar a educação infantil, dentre aqueles
que fazem algum tipo de avaliação, por estado
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
% de municípios
com avaliação da EI
Municípios com avaliação Municípios com
Região em relação ao total
própria avaliação da EI
de municípios com
avaliação própria
Centro-Oeste 142 47 33,1
Nordeste 413 171 41,4
Norte 102 39 38,2
Sudeste 663 253 38,1
Sul 253 108 42,7
Total 1.573 618 39,3
Fonte: IBGE e Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
72
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
A seguir apresentam-se informações que permitem uma aproximação com
as características dos municípios e de suas redes de ensino que informaram ter avaliações da
educação infantil.
Pode-se observar que a proporção de municípios que declararam avaliar a educação
infantil, dentre aqueles que afirmaram realizar algum tipo de avaliação, varia relativamente
pouco quando consideradas as diferentes faixas populacionais (Tabela 39).
TABELA 39 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de avaliação
da educação infantil em relação àqueles que realizam algum tipo de avaliação, de
acordo com o número de habitantes
% de município com
Municípios avaliação da EI em
Municípios que
Número de com avaliações relação ao total de
avaliam a EI
habitantes próprias municípios com
avaliações próprias
N N % (%)
Até 5.000 293 114 18,4 38,9
De 5.001 a 10.000 343 134 21,7 39,1
De 10.001 a 20.000 410 161 26,1 39,3
De 20.001 a 50.000 300 119 19,3 39,7
De 50.001 a 100.000 107 45 7,3 42,1
De 100.001 a 500.000 102 37 6,0 36,3
Mais de 500.000 18 8 1,3 44,4
Total 1.573 618 100,0 39,3
N n % (%)
73
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 40 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de
avaliação da educação infantil em relação àqueles que realizam algum tipo
de avaliação, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em 2010
(conclusão)
% de município com
Municípios com Municípios com avaliação da EI em relação
IDHM avaliações próprias avaliação da EI ao total de municípios com
avaliações próprias
N n % (%)
% de município
com avaliação
Municípios
da EI em relação
que realizam Municípios com
ao total de
Tamanho da rede avaliações avaliação da EI
municípios
próprias
com avaliações
próprias
N N % %
Fonte: Censo Escolar e Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
74
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 42 Representatividades absoluta dos municípios que têm iniciativas de avaliação da
educação infantil, de acordo com o atendimento da rede municipal na EI
N %
Fonte: Censo Escolar e Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
Dos municípios que indicaram realizar avaliação da educação infantil, 564 (91,3%)
registraram informações relativas ao que é avaliado (item 13). Tais informações foram
organizadas em categorias, refinadas ao longo do estudo. Cabe observar que a resposta dada
pelo município pode ter sido classificada em mais de uma categoria se esta contemplasse
mais de uma dimensão avaliada e, portanto, o número de indicações é superior ao total de
municípios respondentes (Tabela 43).
TABELA 43 Aspectos avaliados na educação infantil, de acordo com os municípios que declararam
avaliar esse segmento
Quantidade de indicações
Categorias
N %
75
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
da gestão administrativa e pedagógica, foram feitas referências à avaliação dos professores
e funcionários, das práticas de ensino / metodologias/didática e da participação da comunidade.
Sobre infraestrutura, quando houve especificação, foram destacados aspectos como ambiente
educativo, insumos, condições de trabalho dos profissionais da escola e ambiente físico escolar.
Preocupações com tais aspectos representam 3,5% das indicações.
Grande parte das indicações refere-se à avaliação de aspectos relativos ao
desenvolvimento da criança (n = 457 ou 68,9%). Os depoimentos a seguir transcritos ilustram
o tipo de registro feito pelos respondentes sobre a avaliação do desenvolvimento da criança.
Mencionam que é avaliado:
“se o aluno aprendeu as habilidades e competências que lhes foram ensinadas no decorrer do
semestre”;
“o desempenho acadêmico dos alunos”;
“desempenho e competências específicas para educação infantil de acordo com os parâmetros”;
“sistema de escrita desempenho nas diversas áreas”;
“todos os eixos de acordo com os Parâmetros Curriculares”;
“o desempenho com relação às habilidades e competências no desenvolvimento de cada etapa
da criança considerando a matriz curricular da educação infantil”;
“assiduidade e o desempenho no processo ensino aprendizagem”;
“o desempenho dos alunos em relação a conhecimentos de alfabetização”;
“os seguintes eixos: Identidade e Autonomia, Matemática, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e
Sociedade, Movimento, Artes e Música”;
“o desempenho de cada criança quanto à coordenação, seus avanços de socialização, nível e
desenvolvimento de aprendizagem oral, lúdica dentre outros”;
“aspectos linguísticos, raciocínio lógico-matemático, aspecto sócio afetivo e natureza e
sociedade”.
76
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 44 Aspectos do desenvolvimento infantil avaliados na educação infantil, de acordo com os
municípios que declararam avaliar o desenvolvimento da criança nesse segmento
Assiduidade 5 0,8
77
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“[avaliamos] As competências nas áreas de linguagem oral e escrita e no raciocínio lógico-
matemático, estabelecidos para os alunos de 4 e 5 anos. Para alunos de 1, 2 e 3 anos são
utilizadas apenas fichas de avaliação”.
“Com uma ficha individual avaliamos as habilidades construídas durante cada semestre”.
“As Fichas de Acompanhamento do Desenvolvimento da Aprendizagem por alunos, ficha esta
preenchida bimestralmente”.
“A avaliação é realizada de forma processual, através de registros diários que contemplam os
níveis de competência e habilidades desenvolvidas pelos educandos”.
“Na educação infantil a ficha avaliativa contempla os seguintes: processo de formação, identidade
e autonomia, natureza e sociedade, valores humanos, linguagem oral e escrita, matemática,
música e movimento e artes”.
“As crianças são avaliadas através de fichas avaliativas com itens de acompanhamento de acordo
com os indicadores de qualidade do MEC para a Ed. Infantil”.
“A avaliação da educação infantil é realizada através de portfólios; é avaliado se o aluno conseguiu
atingir as expectativas de aprendizagem prevista para cada ano”.
“A avaliação na Educação Infantil é realizada a partir das áreas de conhecimentos, eixos trabalhados,
pensando no desenvolvimento integral da criança. Há observação, acompanhamento das
manifestações da criança no contexto diário na escola. O registro formal por parte do professor
e de forma sistemática de todos os momentos que a criança participa e a construção de portfólio”.
“O nível de alfabetização dos alunos de pré-escola e todos os serviços oferecidos, como também
se avalia a atuação do docente e demais profissionais envolvidos no processo”.
78
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Registra-se, ainda, que as manifestações dos respondentes não trouxeram evidências
que permitissem discriminar ações avaliativas específicas para creches e pré-escolas.
83,3%
100%
RR
AP
PA 96,6%
AM 84,8%
76,7% MA CE
90% 63%
RN
PI
87,2% PB 78,3%
PE
AC TO 80%
RO
100% AL 81,3%
76,9% SE
MT 64,3%
55,6% BA
82,1%
GO 80,6%
78,2% DF
MG
MS ES
87,9%
88% 80%
SP
RJ
80,6%
PR 86,8%
86,8%
SC
78,1%
RS
79,7%
FIGURA 6 Percentual de municípios que declararam avaliar o ensino fundamental, dentre aqueles
que fazem algum tipo de avaliação, por estado
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
79
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 46 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de avaliação
do ensino fundamental em relação àqueles que realizam algum tipo de avaliação, por
região geográfica
Municípios que
Municípios que fazem avaliação
Região realizam alguma
do ensino fundamental
avaliação própria
N N %
Centro-Oeste 142 115 81,0
TABELA 47 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de avaliação
do ensino fundamental em relação àqueles que realizam algum tipo de avaliação, de
acordo com o número de habitantes
(continua)
80
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 47 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de avaliação
do ensino fundamental em relação àqueles que realizam algum tipo de avaliação, de
acordo com o número de habitantes
(conclusão)
Levando em conta as três faixas de IDHM em que se concentra a parte mais significativa
dos municípios, verifica-se que é dentre os municípios com o indicador considerado alto que está
a maior proporção (86,4%) de municípios que declararam avaliar o ensino fundamental, dentre
aqueles que realizam algum tipo de avaliação (Tabela 48).
TABELA 48 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de avaliação
do ensino fundamental em relação àqueles que realizam algum tipo de avaliação, de
acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em 2010.
Municípios
Municípios que fazem avaliação
IDHM em 2010 que realizam
do Ensino Fundamental
alguma avaliação própria
N N %
Muito alto 19 18 94,7
Fonte: Base de dados do survey e Censo Escolar. Elaboração dos autores. 2016.
81
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 49 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de avaliação
do ensino fundamental em relação àqueles que realizam algum tipo de avaliação, de
acordo com o número de escolas da rede municipal
Municípios que
Tamanho da realizam Municípios que fazem avaliação
rede municipal alguma avaliação do ensino fundamental
própria
N N %
Muito pequena (até 9 escolas) 452 356 78,8
Pequena (10 a 49) 845 727 86,0
Média (50 a 99) 195 164 84,1
Grande (100 ou mais) 81 72 88,9
Total 1573 1319 83,9
Fonte: Base de dados do survey e Censo Escolar. Elaboração dos autores. 2016.
TABELA 50 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de avaliação
do ensino fundamental em relação àqueles que realizam algum tipo de avaliação, de
acordo com o atendimento da rede municipal no EF1.
N N %
Pequeno (menos de 50%) 156 133 85,3
Médio (de 50% a menos de
240 196 81,7
70%)
Grande (de 70% a menos de
478 403 84,3
90%)
Muito grande (90% ou mais) 697 585 83,9
Sem informação 2 2 100,0
Total 1.573 1.319 83,9
Fonte: Base de dados do survey e Censo Escolar. Elaboração dos autores. 2016.
82
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 51 Representatividades absoluta e relativa dos municípios que têm iniciativas de avaliação
do ensino fundamental em relação àqueles que realizam algum tipo de avaliação, de
acordo com o atendimento da rede municipal no EF2
Municípios que
Municípios que fazem
Atendimento da realizam
avaliação
rede municipal no EF2 alguma avaliação
do ensino fundamental
própria
N N %
Pequeno (menos de 50%) 944 802 85,0
Médio (de 50% a menos de 70%) 191 151 79,1
Grande (de 70% a menos de 90%) 166 132 79,5
Muito grande (90% ou mais) 270 232 85,9
Sem informação 2 2 100,0
Total 1.573 1.319 83,9
Fonte: Base de dados do survey e Censo Escolar. Elaboração dos autores. 2016.
83
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 52 Dimensões citadas na avaliação do ensino fundamental pelos municípios que
declararam avaliar esse segmento (conclusão)
Fonte: Base de dados do survey e Censo Escolar. Elaboração dos autores. 2016.
Muitos municípios fizeram referências aos anos/etapas escolares avaliados, tema tratado
no item 20 do questionário. Os apontamentos, em sua maioria, referem-se a anos iniciais
do ensino fundamental, como era esperado, já que grande parte dos municípios que respondeu
a pesquisa, dado seu porte, só oferece essa fase do ensino fundamental. No entanto, aparecem
menções a diferentes anos escolares. As informações fornecidas por meio dos depoimentos
espontâneos indicam que as Secretarias estão expandindo a avaliação da rede para todos os
anos escolares, não se concentrando apenas em determinados anos, como normalmente
o fazem as avaliações federais e estaduais. As manifestações a seguir transcritas ilustram
o tipo de respostas obtidas.
Muitos dos registros trataram das áreas de conhecimento avaliadas, tema abordado no
item 21 do questionário, reiterando-se a informação de concentração de avaliações voltadas
para o ensino fundamental nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática.
Foram fornecidas, ainda, informações sobre documentos utilizados na proposição das
84
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
avaliações próprias do ensino fundamental. Diversos municípios registraram tomar por base
as avaliações nacionais e/ou estaduais, com destaque para a Prova Brasil. Alguns programas
estaduais e/ou federais também foram mencionados, como o Programa de Intervenção
Pedagógica (PIP) e o Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). Documentos
educacionais oficiais, como matrizes curriculares municipais e estaduais e parâmetros
e/ou diretrizes curriculares nacionais, foram apontados nas respostas, com destaque para os
documentos locais. Os municípios destacaram, também, matrizes de referência nacionais como
documentos de suporte às suas propostas próprias de avaliação. As respostas apresentadas
a seguir ilustram esses aspectos.
“Baseada nos modelos das avaliações oferecidas pelo governo, também em 02 etapas no 1º
e 4º bimestre”.
“É fundamentada visando contemplar as habilidades e capacidades propostas pela Matriz
Curricular do Estado de Minas Gerais e as particularidades da nossa região”.
“São selecionados descritores tendo como referência as avaliações sistêmicas federal e estadual
e a matriz curricular do município”.
“A avaliação segue os descritores das Matrizes de Referência do SAEB/Inep”.
“São avaliados os descritores pautados nas avaliações do governo federal a fim de detectar quais
as competências e habilidades de nossos alunos em Língua Portuguesa e Matemática, bem como
para uma melhoria do IDEB”.
“É realizada anualmente de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, Matriz Curricular
Preliminar, CBC e Matrizes Referenciais da Prova Brasil, do PROEB, do Proalfa e Provinha Brasil”.
“A avaliação é realizada mantendo o mesmo padrão de qualidade da Prova Brasil - Nacional
e SPAECE - Estadual, obedecendo aos descritores de Língua Portuguesa e Matemática”.
“Em conjunto, professores e coordenadores escolares, à luz dos Parâmetros Curriculares
de Pernambuco”.
“Ela é feita a partir da Matriz dos Descritores do SAEPE e do SAEB”.
“As capacidades e habilidades mínimas exigidas pelos PCNS e Orientações da Superintendência
Regional de Ensino”.
“Através dos descritores das avaliações do Programa Circuito Campeão do Instituto Ayrton
Senna, avaliando as habilidades que os alunos ainda não adquiriram no decorrer do semestre”.
“Em 2013 foram avaliados de acordo com o sistema de ensino Agora da Editora Saraiva”.
85
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“Avaliação aplicada pela empresa conveniada - sistema de ensino”.
“A avaliação é proposta pelo sistema de ensino apostilado utilizado na rede municipal”.
“Avaliação feita pelo sistema de ensino Netbil”.
“A avaliação é feita através das propostas do sistema de ensino contratado pela rede municipal
(Anglo), seguindo o calendário Anglo”.
“Feita por empresa do ramo”.
“Avaliação externa realizada pelo sistema de ensino adotado”.
“Temos a Avalia que é elabora pelo Sistema Uno de ensino”.
“Hábile da Positivo e as avaliações do Ministério da Educação”.
A adoção pelos municípios de sistemas privados de ensino tem sido prática intensificada
no Brasil, nos anos recentes (ADRIÃO et al., 2009; MARCONDES; MORAES, 2013). Compreender
as implicações dessa adoção, para o currículo e a gestão da rede, nas municipalidades constitui
um aspecto a ser aprofundado em pesquisas futuras.
Quanto ao desenho da avaliação, alguns municípios indicaram fazer provas com itens
fechados ou abertos, inclusive no formato de simulados. Neste último caso, as referências são
os testes nacionais.
86
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
bimestrais, anuais e trimestrais. No caso da semestral, muitos deles apontaram a aplicação de
instrumentos no início do ano letivo e no seu final. Em menor número estão os municípios que
mencionaram avaliações mensais ou outra periodicidade, ainda menor. Periodicidades curtas
como estas foram constatadas no levantamento de Horta Neto (2013), que as associou a uma
preparação para os testes aplicados pelo governo federal.
“A rede Municipal realiza a avaliação diagnóstica no início do ano elaborada pela equipe técnica
da Secretaria de Educação e supervisores peágógicos de cada escola”.
“Avalia-se de maneira contínua o desenvolvimento pedagógico do educando, a forma como os
educadores estão ministrando suas aulas, realizando sondagens para diagnosticar os problemas
e, a partir daí, desenvolver projetos para solucionar os problemas diagnosticados”.
“[a avaliação é feita] através de atividades concretas, lúdicas, de leitura e de escrita, obedecendo,
lógico, o processo de formação de cada etapa analisada. Cada avaliação resulta em tabulações
e relatórios diagnósticos coletivos e individuais que são posteriormente analisados dentro dos
conceitos abordados e dentro daquilo que se pretende alcançar para cada etapa de ensino”.
“A avaliação é feita de forma diagnóstica em dois períodos, e sempre utilizando os resultados
para um replanejamento de práticas e metodologias”.
“São avaliações periódicas por semestre para avaliar o avanço da aprendizagem”.
“A avaliação é realizada através de diagnósticos de escrita, leitura e produção textual, bem como
simulados duas vezes por ano da Prova Brasil”.
87
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Algumas respostas tratavam de procedimentos típicos da avaliação de aprendizagem
realizada em âmbito de sala de aula, não remetendo a formas de realização da avaliação
externa pela Secretaria Municipal de Educação. São ilustrativos desse tipo de colocação os
depoimentos a seguir:
“Realizamos a parte escrita no que o aluno daquela fase já teria que estar dando conta de
fazer; realizamos avaliação oral do aluno para verificar seu nível de apreensão das habilidades
trabalhadas e a bagagem que o aluno já possui; fazemos também por observação constante dos
alunos em sala e em outros setores da escola, como intervalos, idas à biblioteca, atividades em
grupo; avaliamos seu nível de agressividade ou comodismo, se estes estados são passageiros ou
não; etc.”.
“Os próprios professores, orientados por coordenadores aplicam provas e acompanham as
atividades do cotidiano em sala de aula para ter um parâmetro e, em seguida, estudar uma
forma pedagógica de corrigir as falhas”.
Alunos Institucional
Propostas
municipais
de avaliação
Profissionais Outras
de ensino
FIGURA 7 Vertentes avaliativas investigadas no estudo
No questionário, nos itens numerados de 9 e 15, buscaram-se respostas gerais sobre as avaliações da rede municipal; os itens
24
entre 16 a 24 relacionavam-se à avaliação de alunos; os itens 25 a 27 eram relativos à avaliação institucional; os itens 28 a 31
referiram-se à avaliação de profissionais de ensino; e os itens 32 e 34 interrogaram sobre outros possíveis tipos de avaliação
educacional utilizados pelos municípios.
88
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Considerando-se as diferentes trajetórias que poderiam ser percorridas pela rede de
ensino dos municípios que responderam ao questionário, cada uma das vertentes analisadas
conta com um total de respondentes diferente, conforme dados da Tabela 53.
TABELA 53 Adesão dos municípios a cada uma das vertentes avaliativas pesquisadas, considerando
o conjunto dos 1.573 municípios que declararam possuir uma proposta própria de
avaliação
Municípios
Vertentes avaliativos
N %
Fonte: Base de dados do survey e Censo Escolar. Elaboração dos autores. 2016.
89
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
De todo modo, cabe esclarecer que os dados apresentados não são excludentes. Isso
significa que um mesmo município pode contemplar, em sua proposta avaliativa, mais de
uma vertente. A Tabela 54 apresenta uma possibilidade de agrupamento dos municípios que
declararam possuir avaliação própria, para os quais se procurou apreender as combinações
entre as vertentes avaliativas mais comuns nos desenhos avaliativos propostos pelos
municipios.
TABELA 54 Adesão dos municípios aos diferentes desenhos avaliativos resultantes da combinação
das vertentes pesquisadas, dentre os municípios que declararam possuir uma proposta
própria de avaliação
Vertentes avaliativas N %
Combinam dois tipos de avaliação, sendo de alunos + alguma 510 32,4
Relatam fazer algum tipo de avaliação, mas não apontam nenhuma das 156 9,9
opções oferecidas
Fazem avaliação institucional (somente) 58 3,7
Fazem dois tipos de avaliação, sendo que não fazem de alunos 36 2,3
Os dados da Tabela 54 reiteram a ênfase que tem sido dada às avaliações com focos no
desempenho dos alunos. No entanto, 32,4% dos municípios tendem a combinar a avaliação
de alunos com outras vertentes avaliativas, sendo que 19,1% declararam avaliar apenas os
alunos. Percebe-se, ainda, que os municípios parecem apostar em propostas de avaliação
mais completas, combinando três ou quatro das vertentes avaliativas pesquisadas. Apenas 36
municípios (2,3% daqueles com avaliação própria) afirmaram não contemplar uma proposta
de avaliação de alunos em seu desenho avaliativo próprio. Cerca de 10% dos respondentes
informaram possuir uma avaliação própria, mas não ofereceram detalhes sobre a mesma.
90
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
infantil foram coletadas por meio de item específico, já tratado anteriormente. As questões
propostas focalizaram a coleta de informações sobre existência de avaliação de alunos (item
16) e as razões que levaram à tal proposição, bem como o levantamento de aspectos referentes
ao desenho avaliativo proposto.
Dos 1.573 municípios que afirmaram possuir algum tipo de avaliação própria, 1.302
(82,8%) mencionaram fazer uma avaliação de alunos (questão 16).
Solicitados a indicar até três razões que levaram a rede municipal de ensino a implantar
avaliações próprias dos alunos, obtiveram-se 3.753 indicações,25 que foram classificadas em
categorias, conforme mostra aTabela 55.
TABELA 55 Distribuição de frequência dos motivos que levaram a rede municipal de ensino a
implantar uma iniciativa própria de avaliação de alunos
Razões N %
Diagnóstico, acompanhamento e monitoramento do
1.609 43,0
ensino e das aprendizagens
Apoio ao gerenciamento educacional 1.147 30,6
Fala-se em indicações de respostas, pois, dentre os municípios que responderam à questão, alguns apontaram mais do que três
25
91
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
alunos para a atividade educacional. Cerca de 30% das indicações enquadram-se nesse
sentido.
As respostas revelam, ainda, a crença de que a avaliação de alunos pode induzir
à melhoria de qualidade do ensino e de índices educacionais, como fluxo, evasão e repetência,
bem como colaborar com o alcance das metas, havendo referências explícitas ao aumento do
Ideb. No caso da preocupação com o Ideb, esta pode estar relacionada a programas do MEC,
como o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola), que visa ao apoio à gestão escolar,
e os Planos de Ações Articuladas (PAR).26
As informações sobre a periodicidade com que a avaliação de alunos é realizada pela
rede municipal de ensino (item 18) revelam a primazia do acompanhamento bimestral
e semestral dos alunos, com 30,6% e 23% de respostas, respectivamente (Gráfico 10).
30,6%
30%
25% 23,0%
20%
14,4%
15% 13,1%
10%
5,5% 5,3% 5,1%
5%
2,1%
1,0%
0%
te
te
te
te
te
de
ão
no
ad
en
en
en
en
en
aç
da
sa
cid
lm
lm
lm
lm
lm
m
ici
oi
di
r
sa
tra
tra
tra
ua
fo
ad
io
io
en
in
an
es
es
es
er
ad
pe
m
m
m
ap
ac
se
bi
tri
se
tra
um
ou
e
sd
ai
m
Periodicidade da avaliação
GRÁFICO 10 Periodicidade de realização da avaliação das redes municipais que possuem avaliação
de alunos
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016
26
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), apresentado pelo Ministério da Educação em 2007, disponibilizou aos
estados e municípios instrumentos de avaliação e implementação de políticas de melhoria da qualidade da educação básica,
tendo como programa estratégico o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. Com base no Plano de Metas os
estados e municípios passaram a elaborar seus respectivos Planos de Ações Articuladas (PAR), contemplando o diagnóstico
da situação educacional local e a elaboração do planejamento para o período 2011 a 2014, com base no Ideb de 2005, 2007
e 2009.
92
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Dentre os 27 municípios que marcaram a opção “outros” para a periodicidade,
percebe-se que algumas indicações apenas repetiram possibilidades já colocadas nas
alternativas fechadas. Há, ainda, informações que evidenciam que alguns municípios realizam
simulados bimestrais, trimestrais ou sempre que “for considerado necessário”. Aparecem
indicações de avaliação quadrimestral (três vezes ao ano), sendo uma diagnóstica, no início do
ano, e as outras duas planejadas para a metade e o final do ano letivo, bem como indicações
de uma periodicidade irregular das avaliações oficiais do município. Há municípios que estão
propondo avaliações bianuais, em anos alternados aos das avaliações federais, o que permite
supor uma preocupação para que não haja sobreposição de propostas avaliativas.
Ainda, há depoimentos que revelam um acompanhamento da Secretaria quanto
às avaliações realizadas internamente pelas escolas, como, por exemplo:
“A avaliação das escolas é realizada de forma contínua, porém, temos o final do bimestre pra
rever essa avaliação com os alunos e professores”.
“Temos uma equipe que está constantemente oferecendo suporte pedagógico e acompanhando
a evolução da aprendizagem”.
O item 19, fechado, com dez alternativas de respostas,27 procurou captar informações
sobre quais seriam os principais objetivos da avaliação de alunos proposta no município,
sendo possível a escolha de até três das alternativas especificadas e, ainda, o apontamento
espontâneo de outros objetivos (Tabela 56).
Dentre as respostas, ressaltam-se, para além da preocupação majoritária de melhoria
da aprendizagem dos alunos, os objetivos de melhorar o Ideb e obter informações para definir
prioridades de gestão da educação municipal. Com pouca ênfase são assinalados os objetivos
de “divulgar os resultados das escolas para os pais e a comunidade” e “obter informações
para a premiação/bonificação de escolas, gestores, professores e/ou alunos”. Tais aspectos,
bastante criticados na literatura acadêmica, não parecem fazer parte das preocupações dos
municípios que declararam possuir avaliação própria de alunos.
As alternativas oferecidas aos respondentes foram: melhorar a aprendizagem dos alunos; melhorar o Ideb; definir prioridades
27
para a gestão da educação municipal; obter informações para a formação continuada, rever propostas curriculares do município;
reduzir a taxa de repetência e/ou de abandono; aprimorar os processos de gestão da rede municipal; divulgar os resultados das
escolas para os pais e a comunidade; obter informações para a premiação/ bonificação de escolas, gestores, professores e/ou
alunos; outros objetivos. Tais alternativas foram inspiradas na revisão da literatura pertinente, realizada no início do projeto,
sendo escolhidos os objetivos mais reiterados para compor a questão.
93
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 56 Frequências observadas dos principais objetivos da avaliação de alunos promovida
pela rede municipal de ensino
94
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Os dados sobre os anos/séries que têm sido focalizados pelas avaliações próprias das
redes municipais de ensino (item 20) permitem apreender uma maior preocupação com
o acompanhamento dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (Gráfico 11), já que
nesse segmento se concentra o atendimento das redes locais.
9º ano 48,2
8º ano 42,3
7º ano 41,8
6º ano 45,2
ano do EF
5º ano 87,3
4º ano 82,6
3º ano 84,2
2º ano 81,2
1º ano 74,9
0 20 40 60 80 100
% de municípios
GRÁFICO 11 Proporção de municípios que avaliam cada uma das séries do ensino fundamental,
dentre as redes municipais que possuem avaliação de alunos
Entretanto, ainda que os dados do Gráfico 11 mostrem que mais municípios declararam
avaliar os 3º e 5º anos desse segmento, o que poderia ser um indício de uma tendência
à reprodução do desenho de avaliações federais ou estaduais, como a Prova Brasil e a Provinha
Brasil, percebe-se que os demais anos também têm sido acompanhados, incluindo, inclusive,
o ensino fundamental 2. Uma análise dos dados sob outro enfoque permite afirmar que 69%
dos municípios que propõem uma avaliação própria da rede declararam avaliar todas as séries
do ensino fundamental 1 e 39,1% destes municípios afirmaram avaliar todos os anos do ensino
fundamental 2 (Tabela 57).
95
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 57 Distribuição de frequência das séries do ensino fundamental avaliadas pelos municípios
que possuem avaliação própria de alunos
Ensino Ensino
Séries avaliadas no ensino fundamental fundamental 1 fundamental 2
N % N %
Pesquisa realizada como desdobramento do survey, conforme informação constante na Introdução desse Relatório.
28
96
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
100
80
60
% de municípios
40
20
0
o
ia
ca
ira
ea
ia
te
xt
ic
ic
fi
çã
ór
ár
ra
ge
nc
át
át
Fís
te
Ar
da
st
a/
og
em
am
n
ê
de
Hi
o
Re
lin
Ci
ra
Ge
çã
Gr
at
st
o
ip
ca
çã
aE
rp e
sc
u
ta
te ra
di
gu
Ed
re
in itu
tra
Lín
Le
Ou
disciplinas/áreas
GRÁFICO 12 Proporção de municípios que avaliam cada uma das disciplinas/áreas do ensino
fundamental, dentre as redes municipais que possuem avaliação de alunos
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016
97
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 58 Distribuição de frequência dos blocos de disciplinas avaliadas pelos municípios que
possuem avaliação própria de alunos
N % N %
Todas as disciplinas do conjunto 810 62,2 306 23,5
Algumas das disciplinasdo conjunto 418 32,1 332 25,5
Não avalia essas disciplinas/
74 5,7 664 51,0
sem informação
Total 1.302 100,0 1.302 100,0
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016
Nota: Incluem-se, nesse agrupamento, Matemática e Língua Portuguesa com diferentes focos: leitura e
interpretação de texto, redação e gramática.
Foram consideradas as disciplinas de Ciências, História, Geografia, Língua Estrangeira, Artes e Educação Física.
100
90,6
80
% de municípios
60
48,0
40
31,3 31,1
26,3
23,4
20
0
Provas e/ou Portfólio de Questionário Questionário Questionário Questionário
testes atividades e/ou entrevista e/ou entrevista e/ou entrevissta e/ou entrevista
cognitivos realizadas com alunos com com gestores com pais ou
para os alunos pelos alunos professores das unidades responsáveis
escolares
instrumentos
GRÁFICO 13 Proporção de municípios que utilizam cada um dos instrumentos citados, dentre as
redes municipais que possuem avaliação de alunos
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
98
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 59 Distribuição de frequência dos instrumentos utilizados na realização da
avaliação própria de alunos, dentre os municípios que possuem esse tipo
de avaliação
Não / sem
Sim
Instrumentos utilizados informação
N % N %
Provas e/ou testes cognitivos 1.180 90,6 122 9,4
Questionários e/ou entrevistas 573 44,0 729 56,0
Outros instrumentos 680 52,2 622 47,8
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
De forma geral, pode-se dizer que as avaliações de alunos propostas pelas redes
municipais utilizam provas e/ou testes cognitivos para aferir seu desempenho, que podem
ou não estar acompanhadas de questionários ou entrevistas com diversos atores (gestores,
professores, alunos, pais ou responsáveis), instrumentos assinalados, em média, por cerca de
30% dos respondentes.
Muitos dos respondentes que assinalaram utilizar “outros instrumentos” avaliativos
apenas reiteraram alternativas já propostas no item. Outros instrumentos ou procedimentos
mencionados são: atividades e/ou avaliações realizadas, pelos alunos, organizadas no
âmbito escolar, tais como projetos, trabalhos, avaliações escritas, entre outros; documentos
pedagógicos das escolas, tais como Projeto Pedagógico, planos de ação das escolas, diários
de classe, atas de avaliações; reuniões e/ou encontros com membros da comunidade
escolar, como Conselho de Escola, Conselho de Classe e série, reuniões de pais, reuniões de
professores e/ou gestores; processos de autoavaliação e avaliações e/ou programas de outros
entes federados, como Prova Brasil, avaliações estaduais; PDDE.
O item 23, aberto e respondido por 1.096 municípios, solicitava a descrição de como
era feita a análise dos resultados da avaliação de alunos do ensino fundamental. As 1.156
indicações obtidas permitem afirmar que, em geral, os resultados obtidos pelas propostas
municipais de avaliação de alunos são analisados por meio de tabulações e/ou elaboração de
gráficos, organização de relatórios-síntese, organização das informações em bancos de dados
(579 indicações). Os dados são analisados, ainda segundo os depoimentos, coletivamente, por
meio de reuniões, encontros e seminários (112 indicações). Alguns municípios registraram que
é feita a comparação dos dados com as matrizes ou outras metas definidas (90 indicações).
Dois municípios, Belo Horizonte e Campo Grande, mencionaram a TRI como metodologia de
análise.
A pesquisa também buscou informações acerca das referências que estariam sendo
usadas na definição do que é avaliado pela SME. Segundo as respostas dadas ao item 24,
99
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
fechado e com seis alternativas predefinidas,29 reorganizadas em três agrupamentos na Tabela
60, a maioria dos respondentes (65,1%) indicou utilizar, em conjunto, as Matrizes de Referência
da Prova Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais e propostas curriculares municipais como
base para definir o que é avaliado, e 28,0% mencionaram considerar ao menos um desses
documentos na formulação de sua avaliação. Pouquíssimas foram as respostas ausentes
ou as declarações de não utilização desse tipo de documento (6,9%). Ao que parece, há
uma tentativa de concatenar avaliação e currículo, de modo que se avalia o que está
na proposta curricular, ou, talvez, se ensine o que está presente nas matrizes de referência
da avaliação que, em certa medida, traduz as diretrizes propostas nos Parâmetros
Curriculares Nacionais.
Matrizes de
referência da
Conteúdos
Prova Brasil e/
indicados pelos
ou Parâmetros Matrizes de
professores e/
Referenciais utilizados nas Curriculares referência
ou profissionais
avaliações municipais de Nacionais da avaliação
da Secretaria
alunos e/ou proposta estadual
Municipal de
curricular da rede
Educação
municipal de
ensino
N % N % N %
Todas as referências do
848 65,1 550 42,2 682 52,4
agrupamento
Parte das referências
364 28,0 324 24,9 n/a n/a
do agrupamento
Não utiliza essas referências
90 6,9 428 32,9 620 47,6
ou resposta ausente
Total 1.302 100,0 1.302 100,0 1.302 100,0
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
Conteúdos indicados por profissionais da SME e das escolas também têm sido, de
acordo com os registros, considerados na composição da avaliação por 42,2% dos municípios,
enquanto 24,9% destacaram, em suas respostas, que consideram parte desses conteúdos,
o que parece ressignificar o lugar desses profissionais em relação à determinação do que é
realizado (e avaliado) nas escolas. Cerca de metade dos 1.302 municípios analisados afirmou
utilizar, ainda, as matrizes curriculares estaduais em sua avaliação própria. Além disso, 303
municípios assinalaram que usam os seis instrumentos apresentados como alternativas do item 24.
As alternativas fornecidas aos respondentes foram: Parâmetros Curriculares Nacionais; matrizes de referência da Prova Brasil;
29
matrizes de referências de avaliação estadual; proposta curricular da rede municipal de ensino; conteúdos indicados pelos
professores; e conteúdos indicados pelos profissionais da Secretaria Municipal de Educação.
100
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
2.4.2 Avaliação institucional
TABELA 61 Distribuição de frequência dos motivos (expressos nos focos principais) que levaram a
rede municipal de ensino a implantar uma iniciativa própria de avaliação institucional
Dentre as razões que focalizam a instituição escolar, que foram as que tiveram maior
número de indicações (n = 580), os depoimentos ressaltam a necessidade de conhecer
a realidade de cada escola, o desenvolvimento do trabalho pedagógico da instituição,
bem como monitorar e acompanhar a consecução do Projeto Pedagógico, das propostas
Cabe lembrar que foi solicitado que os municípios indicassem espontaneamente até três razões que levaram à proposição desse
30
101
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
pedagógicas e/ou curriculares e dos planos escolares, dos investimentos. Com menor ênfase
foram citados o diagnóstico dos fatores intervenientes nos resultados e a ideia de que
a avaliação institucional propicia a avaliação “da escola como um todo” e a autoavaliação
do trabalho realizado. Destaca-se, ainda, o propósito de, por meio desse tipo de avaliação,
se buscar uma maior integração com a comunidade, traduzida em “escutar os pais”, “levar
os pais para a escola”, identificar a percepção que pais e alunos têm da escola, permitir que
os pais conheçam “a dinâmica da escola” e fortalecer mecanismos de gestão democrática,
com referências ao Conselho Participativo. A ideia de que por meio da avaliação institucional
é possível subsidiar o trabalho do professor e dos gestores também apareceu nos depoimentos
que foram classificados nessa categoria: “avaliar o que pode ser melhorado para melhor
atender os alunos e professores”, “aperfeiçoar a proposta pedagógica da escola e formação
continuada dos professores”, “alimentar o interesse pela autoavaliação de todos os envolvidos
e interessados no processo (professores, funcionários, alunos, egressos, familiares,
comunidade, etc.)”.
Um segundo agrupamento de razões sobre o qual incidiram diversas colocações
(n=520) refere-se à escolha da avaliação institucional como estratégia para subsidiar
a gestão da rede, tanto no âmbito da Secretaria Municipal de Educação, quanto no interior
das escolas. Foram recorrentes nas declarações espontâneas dos respondentes menções
à sua contribuição para a tomada de decisões a partir do diagnóstico das realidades,
apoio ao planejamento e replanejamento, proposição de ações/ intervenções e metas
a serem alcançadas, realização de mudanças curriculares, proposição de metas e apoio
à alocação de recursos. Também estiveram presentes nesse agrupamento menções
à avaliação institucional como meio que permite “qualificar a gestão”, “melhorar a gestão
administrativa e pedagógica” e avaliar o trabalho de gestão. Muito citada é a perspectiva
de rever ou propor alguma atividade de formação continuada aos professores, com
base nos resultados obtidos. Com menor frequência, há declarações dos respondentes
que expressam o entendimento de que é possível estabelecer parâmetros/ padrões de
avaliação e de currículo para todas as escolas da rede com base na avaliação institucional.
Caberia aprofundar, em estudos subsequentes, o sentido que esses respondentes estão
atribuindo à própria ideia de avaliação institucional.
Relacionadas a esse agrupamento, aparecem razões nas quais o foco de atenção
parece estar sobre os resultados obtidos (n = 489), quer sejam esses resultados mais amplos
(melhoria da escola, da educação, do ensino, da qualidade do ensino, do desempenho dos
professores, dos processos de gestão, dos serviços prestados), ou mais específicos (melhoria
dos resultados do Ideb, de dados de fluxo, de resultados dos alunos em Língua Portuguesa
e Matemática).
102
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
As razões que focalizam os alunos (n = 449) apontam que a avaliação institucional
é uma estratégia para melhoria da aprendizagem, uma vez que propicia a verificação,
o diagnóstico, o acompanhamento e/ou o monitoramento do desenvolvimento dos alunos, de
seus rendimentos e de suas aprendizagens. Essa ênfase no acompanhamento do desempenho
e das aprendizagens dos alunos aparece, por vezes, em conjunto com a ideia de que
é necessário conhecer as dificuldades, ou os “pontos de partida”, para adequar o ensino aos
alunos. Observa-se, ainda, a presença da intenção de subsidiar o professor com informações
sobre o desempenho dos alunos, para que ele adeque o currículo, ou suas “metodologias”
para propiciar um melhor desenvolvimento de aspectos cognitivos dos alunos. Nesse grupo
também foram contemplados os depoimentos que enfatizam a necessidade de acompanhar
os alunos para verificar se eles estão se desenvolvendo de acordo com os descritores, ou que
compreendem a avaliação institucional como estratégia para a melhoria do Ideb.
Menor ênfase é observada em um agrupamento de razões que focalizam o professor
(n= 92). Foram classificados nesse grupo os depoimentos que se referem à avaliação
institucional como estratégia para propiciar a autoavaliação do professor, a avaliação de seu
desempenho, a necessidade de conscientizar/ mobilizar/ responsabilizar os professores pelo
trabalho realizado e de valorizá-los enquanto profissionais do ensino. Nenhum depoimento
enfatizou o estabelecimento de algum bônus ou premiação aos professores, como forma de
motivação.
Dentre as “outras razões” registradas pelos respondentes para justificar a adoção da
avaliação institucional pelos municípios, há referências ao propósito de atender à legislação
vigente, à necessidade de comparar os resultados obtidos com os dados das avaliações oficiais
ou, ainda, à intenção de adequação da avaliação à realidade local. Alguns depoimentos
explicam a opção por ter uma avaliação institucional em decorrência da necessidade de se
obterem dados, em tempo hábil, para a proposição de intervenções. Com menor ênfase,
aparece o discurso da necessidade de conhecer o trabalho da escola, atender às diferenças
e garantir a equidade do ensino.
Buscou-se, também, questionar os municípios sobre os procedimentos e instrumentos
utilizados na avaliação institucional (item 27), apresentando-lhes 16 alternativas fechadas,
sendo que os que assinalassem “outros procedimentos” poderiam indicá-los. Tais
procedimentos avaliativos foram agrupados considerando o tipo de informação utilizada na
avaliação institucional: informações sobre rendimento e desempenho dos alunos; documentos
da escola e dos professores; e depoimentos diversos. Tais agrupamentos e as alternativas
que os compõem, bem como o percentual de respostas obtidos em cada alternativa, são
apresentados na Tabela 62. Cabe lembrar que os municípios poderiam assinalar quantas
alternativas fossem necessárias e que tendencialmente eles combinam os diversos tipos de
informação, na composição de seu desenho de avaliação institucional.
103
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 62 Frequências observadas de cada um dos instrumentos e procedimentos utilizados nos
municípios que possuem proposta de avaliação institucional
Procedimentos Instrumentos/informações %
Dados de rendimento dos alunos
82,5
(aprovação, reprovação, frequência)
Resultados de provas realizadas pelos
82,4
Indicadores de rendimento dos alunos
alunos Indicadores educacionais (Ideb e/ou
82,1
índices estaduais e/ou municipais)
Informações de desempenho de alunos
75,1
em avaliações externas
Projeto pedagógico das escolas 80,1
Planos de ensino dos professores 76,8
Documentos Plano de trabalho dos gestores da escola 74,3
Atas e demais registros de reuniões 54,1
Roteiro de observação das aulas 53,7
Depoimento de professores 61,6
Depoimento de gestores da escola 58,8
Autoavaliação dos profissionais da escola 58,1
Depoimentos diversos
Depoimento de pais ou responsáveis 55,9
Depoimento de servidores da escola 49,4
Depoimento de alunos 47,1
Outros procedimentos 7,5
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
Dentre os procedimentos mais assinalados pelos respondentes, com pelo menos 75%
dos municípios afirmando utilizá-los, identifica-se o uso de informações sobre o desempenho
dos alunos e das escolas, por meio de provas, tanto internas às escolas, quanto de avaliações
em larga escala, e de outros indicadores educacionais (como aprovação, reprovação
e repetência).
Mais de 75% dos municípios declararam utilizar, em suas propostas de avaliação,
documentos de planejamento escolar, como o projeto pedagógico e os planos de ensino dos
professores. Registros de observação de aulas e de reuniões são considerados em avaliações
de cerca de 50% dos municípios respondentes.
Há municípios que vêm utilizando como procedimentos de avaliação institucional
estratégias que dão voz aos agentes escolares, com destaque para a menção a depoimentos
de professores e gestores, seguindo-se, em menor proporção, a escuta de pais, alunos
e servidores.
Outros instrumentos e procedimentos avaliativos foram citados pelos respondentes que
assinalaram a alternativa “outros procedimentos”, como ilustrados a seguir:
104
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“Denúncias, críticas ao sistema de ensino do município”.
“Questionários aplicados a gestores, professores, alunos e pais; depoimento de pais
ou responsáveis apenas nas Unidades de Educação Infantil (CEI e EMEI); roteiro de observação
de aulas apenas nas Unidades de Educação Infantil (CEI e EMEI)”.
“Cumprimento de prazos com obrigações administrativas por parte do gestor e da equipe
escolar”.
“Pesquisa Clima/ Ligações realizadas pela Ouvidoria do Município (avaliação dos serviços)”.
“Relatórios consubstanciados com dados e informações, fotos, projetos e avaliação de
desempenho”.
“Elaboração e execução de planos de intervenção para superação dos pontos fracos constatados”.
“Avaliação das dimensões dos indicadores de qualidade”.
Visando apreender as motivações dominantes que apoiaram as iniciativas municipais, cotejaram-se os registros feitos pelos
31
respondentes com contribuições da literatura. Em especial, auxiliaram a identificação de categorias de respostas o estudo
de Riegle (1987 apud DUKE; STIGGINS, 1997), que criou um marco conceitual para pensar sobre o desenvolvimento do
professorado e identificou cinco áreas, e o de Torrecilla (2007), que trata de propósitos da avaliação docente com base em
estudo que caracterizou a estrutura e funcionamento dos sistemas de carreira e avaliação de desempenho docente em países
da América e Europa, tendo como foco os docentes da educação básica das escolas públicas.
105
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
ensino na rede municipal. A Tabela 63 apresenta o quantitativo de respostas obtidas em
cada categoria. Alguns registros foram desconsiderados por não serem pertinentes à questão
proposta e estão contabilizados como respostas “não pertinente/ não compreensível”.
TABELA 63 Distribuição de frequência dos motivos que levaram a rede municipal de ensino a
implantar uma iniciativa própria de avaliação dos profissionais de ensino
Razões N %
106
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“Identificar as necessidades de aprimoramento profissional”.
“Através dos dados objetivos investir maciçamente na formação continuada dos Docentes”.
“Diagnosticar e implantar ações para o desenvolvimento profissional”.
“Aperfeiçoamento profissional de cada servidor”.
“Motivação e satisfação no trabalho”.
107
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“Exigência explicita no Plano de Carreira dos Profissionais do Magistério”.
“Aos Professores é realizada uma avaliação para subir de nível a cada 2 anos, que está prevista
no Plano de Carreira”.
“Diagnosticar o desempenho do profissional no trabalho, para sua efetivação no quadro próprio”.
“Critério para progressão funcional por mérito”.
“Cumprir o Estatuto dos Servidores e do Magistério”.
Instrumentos/procedimentos N %
Questionário e/ou entrevista para os gestores das unidades escolares 325 52,1
Os dados indicam que assiduidade tem sido um aspecto considerado na avaliação dos
professores pela quase totalidade dos municípios respondentes, o que se compreende que
108
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
o absenteísmo docente tem sido um problema enfrentado com frequência pelas redes de
ensino, decorrente seja de faltas abonadas, justificadas ou injustificadas, seja de licenças
(GHIZONI, 2002; GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2005; SANTOS, 2006; GESQUI, 2008;
TAVARES et al., 2009). Também a participação em atividades de formação tem sido valorizada,
o que indica a importância que vem sendo dada pelas redes municipais ao aprimoramento
da atuação de seus professores. Os registros sobre assiduidade dos docentes e sobre sua
participação em atividades de formação são assinalados por 88,8% e 84,8% dos municípios,
respectivamente.
Documentos que permitem ilustrar o caminho proposto ou o percurso percorrido
pelo professor no desenvolvimento de seu trabalho e os resultados a que se chegou, como
planos de ensino e/ou aula, diário de classe e, com menor frequência, portfólio, foram
também mencionados como fontes que têm sido utilizadas para se obterem elementos para
avaliação docente, assim como a proposição de instrumentos de autoavaliação. Esses são
procedimentos que possibilitam uma avaliação processual, formativa, apoiando professores
e outros profissionais no julgamento do que vem sendo produzido e em decisões subsequentes,
seja a de manter ou a de mudar os caminhos que vêm sendo trilhados no desenvolvimento
do trabalho. Estudos que permitam aprofundar como esses documentos têm sido analisados
pelas redes de ensino e o uso que se faz das informações resultantes dessa análise seriam
importantes de serem desenvolvidos, em especial, considerando o potencial que representam
iniciativas dessa natureza, enquanto recursos que auxiliam a vivência da avaliação como
integrante do processo de ensino, apoiando decisões, sejam de fortalecer rumos assumidos
no processo de trabalho, sejam revisões ou redirecionamentos.
Observa-se que 60,3% dos municípios afirmaram utilizar relatórios do superior imediato
para avaliar os professores. Os resultados suscitam estudos de aprofundamento, que permitam
compreender o teor dos instrumentos que vêm sendo utilizados nessas avaliações e, ainda, se
existem momentos de devolutiva e discussão das informações com os profissionais.
Aproximadamente 60% dos respondentes mencionaram a utilização de resultados
de provas realizadas pelos alunos para a avaliação docente, sob a pressuposição de que o
desempenho discente espelha a qualidade de trabalho docente, relação esta que simplifica
a complexidade dos fatores que influenciam nestes resultados (BAUER, 2012a; BAUER;
SOUSA, 2013).
Cerca de 10% dos respondentes assinalaram que utilizam outros procedimentos/
instrumentos avaliativos. No entanto, uma análise dos registros evidencia que os respondentes
tendem a reportar diferentes critérios ou quesitos considerados na avaliação ou mencionar
nuances nos instrumentos/ procedimentos listados no item, tais como:
109
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“Utilizamos as horas de formação como critério a possibilitar o profissional a ser candidato
a avaliação. Estando apto ele será avaliado em 7 quesitos: (01) assiduidade; (02) qualidade do
trabalho; (03) produtividade no trabalho; (04) capacidade de iniciativa; (05) responsabilidade;
(06) uso adequado dos equipamentos de serviço e (07) avaliação sobre conhecimentos
específicos do cargo/função.)”.
“As escolas possuem uma Comissão Avaliadora específica e também a Secretaria Municipal de
Educação, que valida a avaliação destas comissões”.
Quantidade de instrumentos/procedimentos N %
110
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 66 Frequências observadas de cada um dos instrumentos e procedimentos utilizados
na avaliação dos gestores, nos municípios que declararam possuir uma avaliação de
profissionais de ensino
Instrumentos/procedimentos N %
111
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Foi mencionada, ainda, consulta à comunidade escolar e/ou órgãos colegiados da
escola e do município, por meio de reuniões, visitas e/ou conversas informais, com algumas
indicações. Em poucos casos, solicita-se ao gestor a apresentação de um plano de trabalho ou
projeto de intervenção, que é avaliado. Apareceram, ainda, poucas menções à participação
em cursos de formação, à organização de comissão específica para avaliar os gestores e à
realização de monitoramento das ações dos gestores por profissionais da Secretaria Municipal
de Educação. Cabe destacar que 18 indicações referiam-se a procedimentos que já constavam
no questionário, nas alternativas fechadas.
“A rede municipal de ensino faz questão de ouvir a comunidade de modo geral em assembleias
com a participação da comunidade local.”
“Aplicamos a pesquisa de clima, de satisfação, o sensor (habilidades e competências)”.
“Avaliação do trabalho realizado pela Secretaria de Educação e pesquisa com os profissionais”.
“Avaliação dos técnicos e células da secretaria da educação”.
“Avaliação Geral, onde os servidores da Secretaria de Educação realizam um balanço geral de
todos os departamentos no final de cada ano”.
“Avaliação realizada com os conselhos escolares, Fundeb e Conselho Municipal de Educação”
“Conversa avaliativa com o grupo gestor e a Secretaria de Educação semestralmente”
112
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“Existe uma comissão que acompanha e avalia ações executadas na rede para atingir as metas
elaboradas pela comunidade escolar e local, em vista a qualidade da aprendizagem”.
“Resultado das ligações da Ouvidoria: são ligações realizadas com o objetivo de ouvir
a comunidade escolar sobre o serviço prestado, incluindo a qualidade da merenda escolar, das
relações (atendimentos), da aprendizagem, da participação”.
“Trabalhamos com formação em rede, e, frente a esta postura sempre após cada ação
vivenciada os profissionais envolvidos fazem uma avaliação. Avaliação esta que depois é tabulada
e analisada pelos departamento de formação da Secretaria Municipal de Educação para
direcionar o trabalho seguinte”.
113
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
razão da integração entre visitantes e visitados, não sendo vista como mera fiscalização”.
“Os Conselhos reúnem para discutirem a realidade educacional na busca de resultados, pois
ainda precisamos avançar muito para chegar na educação que sonhamos”.
“Espaço em que cada membro do grupo gestor pode expor sua análise do trabalho educacional,
a secretária de educação e a diretora do ensino fundamental ponderam questões relevantes
para o aprimoramento do ensino-aprendizado e das avaliações”.
A questão 34 solicitou que os municípios indicassem até três razões que levaram
à implantação de outro tipo de avaliação, que não a de alunos, a institucional e a de
profissionais da rede. Para essa questão, obtiveram-se respostas de 85 municípios, totalizando
235 motivações para a criação desta avaliação (Tabela 67).
Grande parte dos municípios apontou que uma das razões para implantar outro tipo de
avaliação era monitorar o desempenho do professor, sua assiduidade e instaurar um processo
auxiliar para a escolha do gestor escolar entre os professores.
Dois agrupamentos receberam 39 indicações. Em um deles, a motivação para essa
avaliação é diagnosticar, monitorar ou melhorar o desempenho dos alunos, enquanto no outro
refere-se à necessidade de diagnosticar o ensino. Tais aspectos reiteram preocupações que já
haviam sido afirmadas pelos respondentes em outras vertentes avaliativas. Em outro grupo
uma das razões é diagnosticar ou monitorar as escolas.
TABELA 67 Distribuição de frequência dos motivos que levaram a rede municipal de ensino a
implantar outro tipo de avaliação própria
Razões N %
Professores: monitorar o desempenho, a assiduidade;
55 23,4
escolha do gestor
114
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
a fim de compreender as características e finalidades dos processos avaliativos que vêm sendo
por eles concebidos.
Dos 258 municípios que responderam à questão 36, 11 não responderam à questão 37 (Campos Lindos/TO; Itapecuru Mirim/
32
115
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
considerando-se que a quase totalidade das respostas coletadas nas questões 36 e 37 são
correspondentes, era esperado que essas trouxessem informações das características do
indicador criado e, em correspondência, as razões de sua criação. No entanto, obtiveram-se
informações semelhantes nas duas questões, o que pode ser notado por meio dos registros
tratados a seguir, relativos a ambas as questões, que permitem identificar as principais
referências de qualidade que vêm sendo assumidas pela gestão municipal.
Quanto aos componentes do indicador educacional da rede municipal de ensino (item
36), reconhece-se que sete foram os municípios que efetivamente mencionaram a criação
de um indicador educacional próprio, com ou sem a especificação das informações que o
compõem, reportados a seguir:
MA; Barroquinha/CE; Ingá/PB; Cansanção/BA; São Sebastião do Rio Verde/MG; Taparuba/MG; São Paulo/SP; São Pedro do Ivaí/
PR; Primavera do Leste/MT; Campos Verdes/GO). Dos 256 municípios que responderam à questão 37, nove não responderam à
questão 36 (Sítio Novo do Tocantins/TO, Coreaú/CE; Canapi/AL; Canápolis/BA; Lajedinho/BA; Riachão das Neves/BA; Unaí/MG;
Ipiranga do Norte/MT; Minaçu/GO).
116
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Matemática; os mesmos indicadores do Ideb. Foram indicados, ainda, aspectos relacionados
aos professores, como assiduidade e frequência regular na formação. Em relação às escolas,
foram destacados: índices de aprovação, reprovação, evasão, abandono, transferências,
assiduidade, desempenho dos alunos, organização didática pedagógica e gestão educacional,
havendo referências à participação da comunidade.
Dez municípios apontam considerar o desempenho do Ideb (sua melhoria ou piora)
e/ou resultados da Prova Brasil ou de outras avaliações disponíveis como indicadores em
análises da situação educacional dos municípios. Há, ainda, aqueles que se inspiram no
Ideb, na construção de seu indicador próprio. Tais aspectos são ilustrados nos registros
a seguir:
“Ideb anos inicias, Ideb anos Finais, Cobertura Potencial da Educação Infantil, Cobertura
Potencial do Ensino Fundamental”.
“Os mesmos indicadores do IDEB, porém com o foco no 1° Ano de Escolaridade”.
“O indicador é calculado a partir dos dados sobre a aprovação escolar, medias de desempenho
nas avaliações do SIMAVE, PROALFA e PROVA BRASIL; onde atingimos e ultrapassamos a meta
proposta”.
117
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 68 Distribuição de frequência das informações (expressas nos focos principais)
consideradas na análise e monitoramento da qualidade da educação para os municípios
que afirmaram possuir um indicador próprio de qualidade
Escola 26 13,8
Professor 1 0,5
Por meio da Tabela 68, vislumbra-se que há municípios que procuram utilizar informações
de diversas naturezas em conjunto. Dentre as respostas que indicaram aspectos considerados
pela rede municipal de ensino para avaliação da qualidade do ensino (“indicadores de
qualidade)”, ressalta-se que a maioria desses aspectos está relacionada aos alunos, ou às
escolas, sendo que os relativos aos professores são menos mencionados.
Observa-se, ainda, que a adoção de metas como referência para a atuação das escolas
e seu acompanhamento é uma iniciativa que se faz presente nos municípios, havendo
menções explícitas ao seu uso como recurso para promoção de qualidade, como nos
exemplos a seguir:
118
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Avaliações do Governo Federal e Estadual, para que os estudantes se apropriem dessas normas
estabelecidas na realização das avaliações”.
A adoção de metas como referência para a atuação das escolas e seu acompanhamento
é uma iniciativa presente nos municípios, havendo referências explícitas ao seu uso como
recurso para promoção de qualidade.
Algumas manifestações mencionaram, para além de mecanismos de acompanhamento
e avaliação, ações que vêm sendo adotadas para induzir a melhoria do ensino e aprendizagem,
como as de orientação/acompanhamento pedagógico, formação continuada dos professores
e fortalecimento de relações escola/família.
Para a questão 37, que indagou sobre as razões que levaram a rede municipal de ensino
a implantar um indicador educacional, como já se observou, obtiveram-se respostas que
reiteram tendências verificadas na questão 36. Foram obtidas 1.306 indicações (Tabela 69),
considerando-se os três campos nos quais os respondentes poderiam apontar as razões para
a criação de um indicador de qualidade no município à semelhança do Ideb.
A quase totalidade das respostas apontou como razão para recurso aos indicadores
a busca de melhoria da qualidade do ensino ou de melhoria dos próprios indicadores
educacionais. Foram mencionadas intenções de aumentar resultados de desempenho dos
alunos e reduzir índices de reprovação e evasão. Várias referências foram feitas explicitamente
à melhoria do Ideb, como motivação para a proposição de um indicador próprio.
TABELA 69 Distribuição de frequência dos motivos que levaram a rede municipal de ensino a
implantar um indicador educacional próprio
Razões N %
Melhorar indicadores educacionais, em especial, aumentar
resultados de desempenho dos alunos e reduzir índices de
656 50,2
reprovação e evasão, aumentar taxa de assiduidade de alunos
e professores, aumentar o Ideb
Subsidiar o planejamento e gestão da educação municipal 481 36,8
Envolver alunos, professores e pais com a questão da
96 7,4
qualidade da educação
Subsidiar propostas de formação continuada de professores (e
73 5,6
outros profissionais)
Total de indicações 1.306 100,0
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
119
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
pedagógica que visam apoiar as escolas em deficiências diagnosticadas, buscando sua
superação, com destaque para a proposição de ações de formação continuada de professores.
Esses indicadores parecem, também, estar orientando um modo de conduzir a gestão da
educação municipal, por meio do estabelecimento e controle do alcance de metas.
Quanto aos usos dos resultados das avaliações, o item 38 apresentava aos respondentes
22 alternativas de resposta, formuladas a partir de contribuições da literatura acadêmica sobre
o tema, solicitando-se que fossem assinaladas todas aquelas que correspondiam às práticas
municipais. Apresentou-se, ainda, uma opção denominada “outro(s) uso(s)”, com solicitação
de especificação do(s) uso(s) dos resultados que representassem alternativas diferentes das
apresentadas nos itens.
Para facilitar a análise, as respostas foram agrupadas em cinco grupos de usos,
relacionados entre si, a saber: implantar iniciativas que visam incidir no currículo e nas práticas
pedagógicas; monitorar e avaliar a rede de ensino; apoiar a gestão de pessoal; implantar
incentivos às escolas, aos alunos e/ou aos professores; e divulgar resultados das avaliações
para diferentes públicos.
Os dados reportados na Tabela 70 referem-se às respostas afirmativas para cada assertiva
que compõe os agrupamentos, considerando-se as respostas dos 4.309 respondentes. Cabe
lembrar que os municípios podiam marcar todas as alternativas pertinentes e que o item foi
apresentado a todos os respondentes da pesquisa, independentemente de possuírem ou não
uma avaliação própria.
TABELA 70 Frequências observadas dos usos dos resultados das avaliações declarados pelos
municípios que responderam à pesquisa
(continua)
120
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 70 Frequências observadas dos usos dos resultados das avaliações declarados pelos
municípios que responderam à pesquisa (conclusão)
Pela análise dos dados percebe-se que os agrupamentos sobre os quais recai a maior
frequência de respostas são os que congregam ações relativas à implantação de iniciativas que
visam incidir no currículo e nas práticas pedagógicas e ao monitoramento da rede de ensino
e de suas políticas. Na primeira categoria, as assertivas mais escolhidas pelos respondentes
referem-se ao estímulo para que as escolas discutam os resultados obtidos (88,0%), ao
planejamento de ações de formação continuada para os profissionais da rede (84,1%)
e à proposição de intervenções diferenciadas nas escolas (83,0%). Na segunda, destacam-se
os usos dos resultados para identificar carências das escolas da rede (84,5%) e avaliação de
programas e ações desenvolvidos pela Secretaria (79,2%).
Em relação à preocupação com a divulgação dos resultados obtidos para diferentes
públicos, cerca de 85% dos respondentes afirmaram que buscam “fornecer informações sobre
as escolas para as famílias e a comunidade escolar”.
121
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Ainda que presentes nos registros, as iniciativas que procuram utilizar os resultados para
apoiar a gestão de pessoal docente e discente nas redes de ensino são pouco difundidas nas
municipalidades, com exceção das ações de remanejamento de professores entre as escolas
da rede, com 921 indicações (21,4% das respostas válidas).
As respostas indicam que a associação de incentivos às escolas, aos alunos e/ou
aos professores com base nos resultados das avaliações, aspecto polêmico na literatura
especializada, não constitui prática recorrente para os respondentes desta pesquisa. A maioria
dos municípios (91,3%) afirmou que tais ações referem-se à motivação das escolas para que
busquem melhores resultados, sem que tal motivação esteja, necessariamente, atrelada
a incentivos materiais. A premiação a alunos que apresentam bons desempenhos nas
avaliações aparece como ação realizada por cerca de 13% dos participantes na pesquisa e
6,5% dos respondentes afirmaram oferecer bônus aos professores a partir dos resultados
obtidos nas avaliações.
As indicações mais frequentes quanto aos usos dos resultados das avaliações corroboram
as razões de sua criação indicadas espontaneamente pelos respondentes, mencionadas no
item 19. As maiores frequências de resposta incidem em expectativas de que os resultados
sejam apropriados pelas escolas com vistas à busca de aprimoramento do trabalho pedagógico.
As alternativas que se referem ao planejamento de intervenções na rede de ensino pela
Secretaria de Educação, ou suas instâncias de apoio, contam com maior incidência de
respostas positivas. A prática de estabelecer metas de desempenho, além daquelas fixadas
pelo Ideb para a rede, também parece marcar as estratégias de gestão utilizadas no âmbito
das municipalidades.
Em seu conjunto, esses dados indicam que os gestores municipais tendem a se apoiar
em dados provenientes das avaliações realizadas, quer sejam do nível federal, estadual ou
municipal, para a gestão da educação.
A fim de analisar se haveria alguma diferença nas formas de utilização dos resultados
dependendo do tipo de avaliação presente nos municípios, realizou-se estudo comparativo
dos usos mais assinalados em relação às diferentes combinações de avaliação presentes nos
municípios.
Os dados da Tabela 71 permitem afirmar que a utilização de resultados das avaliações
para apoiar a implantação de iniciativas que visam incidir no currículo e nas práticas pedagógicas
está disseminada nos municípios, quer possuam uma proposta de avaliação própria, quer se
apoiem em dados das avaliações existentes. O que varia é o número de iniciativas nessa direção:
17,4% dos respondentes assinalaram todas as alternativas que fazem parte do agrupamento,
enquanto 76,1% adotam algumas dessas iniciativas de uso para a gestão do currículo e das
práticas pedagógicas.
122
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 71 Frequências observadas de municípios que utilizam os resultados das avaliações para
implantar iniciativas que visam incidir no currículo e nas práticas pedagógicas, de
acordo com a quantidade de iniciativas apontadas e com o tipo de avaliação realizada
N % N % N % N %
Possuem avaliação
230 17,7 961 73,8 111 8,5 1.302 100,0
própria de alunos
Possuem um
ou mais tipos
de avaliação própria, 29 25,2 83 72,2 3 2,6 115 100,0
mas não fazem
avaliação de alunos
Uma leitura desses dados em relação aos tipos de avaliação existentes nas
municipalidades mostra que, tanto entre os municípios que não possuem avaliação
própria quanto para aqueles que fazem algum tipo de avaliação própria (seja de alunos, de
profissionais ou avaliação institucional), os resultados obtidos são direcionados a iniciativas
que incidem sobre os currículos e práticas pedagógicas. A maioria (mais de 70%) afirmou
utilizar algumas das iniciativas apresentadas, enquanto cerca de 20% assinalaram fazer uso
de todas elas.
O segundo agrupamento sobre o qual incidiu maior frequência de respostas
foi aquele que congrega assertivas sobre a utilização dos resultados para avaliação
e monitoramento da rede de ensino. Dos 2.669 municípios que não possuem avaliação
própria, 56,6% relataram aplicar algumas das iniciativas de uso listadas, enquanto 37,6%
afirmaram utilizar a maioria delas. O mesmo movimento é apresentado por municípios
que possuem avaliação própria, quer esta seja voltada aos alunos, quer incida sobre as
outras vertentes investigadas (Tabela 72).
123
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 72 Frequências observadas de municípios que utilizam os resultados das avaliações para
monitorar a rede de ensino, de acordo com a quantidade de iniciativas apontadas e
com o tipo de avaliação realizada pelos municípios respondentes da pesquisa
N % N % N % N %
Não possuem avaliação
1.004 37,6 1.510 56,6 155 5,8 2.669 100,0
própria
Possuem avaliação
458 35,2 724 55,6 120 9,2 1.302 100,0
própria de alunos
Possuem um ou mais
tipos de avaliação
44 38,3 68 59,1 3 2,6 115 100,0
própria, mas não fazem
avaliação de alunos
Total 1.506 36,8 2.302 56,3 278 6,8 4.086 100,0
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
TABELA 73 Distribuição de frequência das iniciativas apontadas como “outros usos” dos resultados
das avaliações declarados pelos municípios respondentes da pesquisa
(continua)
124
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 73 Distribuição de frequência das iniciativas apontadas como “outros usos” dos resultados
das avaliações declarados pelos municípios respondentes da pesquisa
(conclusão)
125
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
calcada não apenas no modelo de “gestão por resultados”, mas também no acompanhamento
dos processos que ocorrem nas escolas e nos níveis mais centrais, visando não apenas
a melhoria do desempenho dos alunos, mas também o desenvolvimento dos processos que
a influenciam.
Alguns municípios (n= 630) fizeram referência a programas educacionais propostos pelas
redes estaduais de ensino, alguns deles bem conhecidos: Plano de Intervenção Pedagógica (PIP)
e Proalfa (MG); Ler e Escrever e São Paulo Faz Escola (SP); Programa de Alfabetização na Idade Certa
(Paic) (CE); e Pacto BA (BA). Cabe compreender melhor a natureza desses programas e como eles
se relacionam com a proposição de avaliações no âmbito dos municípios. De todo modo, pode-se
dizer que as referências a programas estaduais concentram-se em São Paulo e Minas Gerais.
Em São Paulo, os programas Ler e Escrever, São Paulo Faz Escola e Programa Educação
Matemática nos Anos Iniciais (Emai) obtiveram, em conjunto, 124 indicações. No estado
mineiro, são citados PIP, 60 Lições, Proalfa e Programa de Avaliação da Rede Pública de
Educação Básica (Proeb), com 394 indicações ao todo.
126
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
A participação dos municípios em programas coordenados por empresas ou ONGs (209
indicações) também é mencionada, com destaque para aqueles criados pelo Instituto Ayrton
Senna (Acelera, Se liga, Gestão Nota 10, Alfabetizar com Sucesso e Circuito Campeão).
A questão 39 suscitou, ainda, indicações de diversas ações desenvolvidas na rede
a partir dos resultados das avaliações (Tabela 75).
127
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“Plano de ações que visa à discussão, reflexão e a tomada de decisões para corrigir os pontos
negativos e dar novos rumos para alcançar as metas definidas por essas avaliações”.
“A Secretaria elabora materiais de apoio para os professores com enfoque nas avaliações”.
“Discussão da práxis pedagógica a partir dos resultados das avaliações”.
“Formações continuadas com os professores, com a pauta voltada para as Avaliações”.
“Formação continuada para professores focalizando as diretrizes de avaliações: Prova Brasil,
Provinha Brasil e ANA”.
“Aplicação de simulados”.
“Análise dos resultados no grupo de professores, debate sobre o enfoque de elaboração das
questões das avaliações”.
“Curso de Formação baseado nos descritores”.
“Estudo dos resultados do SARESP, Prova Brasil e ANA.”
“Na elaboração das avaliações periódicas, utilizar metodologia idênticas às questões elaboradas
nas avaliações do Governo para que os alunos estejam familiarizados com os tipos de questões”.
Embora também sejam atividades de gestão educativa, tais ações se distinguem das do
primeiro grupo ao explicitarem a relação das proposições com os testes oficiais, justificando
seu agrupamento em uma categoria à parte. Nesse grupo também foram classificadas as
indicações acerca da existência de incentivos ou premiações com base nos resultados das
avaliações.
Um quarto agrupamento, com 755 indicações, refere-se a programas ligados às áreas
do conhecimento e à formação dos professores, e gestores:
128
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
“Programa Municipal de Incentivo à Leitura”.
“A Secretaria Municipal de Educação fez a adesão ao Pacto Bahia e ao Pacto Nacional e
juntamente com a coordenação responsável, incentiva as ações do Programa junto às escolas,
que visam melhorar os resultados obtidos em Língua Portuguesa e Matemática”.
“Planejamento na área de matemática com os objetivos das Olimpíadas de Matemática das
Escolas Públicas”.
Despontam ações que focalizam áreas como Educação Física, Música, Arte, Línguas
e Informática, como ilustram os seguintes registros:
“Projeto de progressão da aprendizagem para estudantes com defasagem idade-série para anos
iniciais e finais”
“Programa de aceleração de estudos”.
“Programa de correção de fluxo escolar na alfabetização”.
“PAA-Programa de Aceleração da Aprendizagem”.
“Projeto Tempo de Mais Aprender Horizonte (TEMAH) - atividades pedagógicas inseridas no
contra turno dos estudantes, para fortalecimento de leitura e escrita, desenvolvida por estagiários
estudantes do curso de Pedagogia”.
“Atendimento Pedagógico aos alunos com baixo desempenho”.
129
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Tais iniciativas reiteram a preocupação dos municípios com a intervenção focalizada nas
dificuldades e necessidades dos alunos. Mencionaram-se programas de reforço e correção de
fluxo, bem como de acompanhamento sistemático dos alunos.
381; 8,8%
408; 9,5%
3.520; 81,7%
GRÁFICO 14 Estímulo da Secretaria Municipal de Educação às escolas para que preparem seus alunos
para as avaliações federais e/ou estaduais, dentre os municípios que responderam ao
survey.
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
130
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Dos 3.520 municípios que assinalaram realizar alguma ação de estímulo para que as
escolas preparem os alunos para os testes federais e/ou estaduais, 3.015 registraram uma ou
mais iniciativas que desenvolvem para esse fim, agrupadas nas categorias apresentadas na
Tabela 76.
A primeira categoria, que obteve a maioria das indicações (n = 1.366), engloba iniciativas
que têm os alunos como foco, seja por meio de aulas de revisão, pela proposição de atividades
baseadas nos descritores, pela realização de simulados, ou atividades avaliativas, também
chamadas “de diagnóstico”, por meio de itens de provas anteriores, ou provas preparadas
pelo pessoal da SME ou da escola, com vistas a trabalhar com os alunos o conteúdo objeto de
testagem e/ou o formato dos testes. Ilustram essa categoria os depoimentos a seguir:
“Uma das reclamações das escolas era de que os alunos não sabiam fazer provas objetivas, já que
preferem-se as provas subjetivas para dar maior oportunidade aos alunos de expressarem seus
conhecimentos e opiniões. Então a Semed prepara uma prova, a que chamamos de simulado,
tanto para preparar os alunos para as provas, ensinando-lhes a preencher um cartão resposta
quanto a (re)conhecerem a estrutura das questões objetivas. Além disso, usamos também os
resultados desse simulado para preparar a formação continuada dos professores, para (re)
pensar o currículo, para comparar com os resultados do IDEB, entre outros. Esse simulado não é,
oficialmente, uma avaliação da Rede, mas temos o objetivo de transformá-la em uma”.
“Realizamos juntamente com os coordenadores pedagógicos das escolas e do Centro de
Formação a elaboração de simulados que trabalhem os descritores. Após, tabulamos os
resultados e conversamos junto com as escolas para que verifiquem as demandas de cada aluno
e o professor da sala possa propor atividades e intervenções naquilo que o aluno necessita de
maior desenvolvimento”.
131
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
O segundo agrupamento considera iniciativas destinadas aos professores, quer pela
realização de encontros de formação para trabalhar as matrizes curriculares das avaliações
existentes ou, ainda, itens dessas avaliações, quer por meio da realização de reuniões de
estudos e aprofundamento, tendo como foco o conteúdo avaliado. Foram mencionadas, ainda,
visitas às escolas com o objetivo de acompanhar e monitorar o trabalho pedagógico nelas
produzidos, além do oferecimento de apoio, por parte do pessoal da Secretaria, para a discussão
de metodologias de ensino, preparação de planos de intervenção a partir dos resultados,
fornecimento de material pedagógico complementar e recursos de apoio aos docentes, dentre
outros. Esse agrupamento obteve 1.060 indicações, que são exemplificadas a seguir.
“Utilizando as provas já aplicadas como referencial para o planejamento das aulas e da aplicação
de instrumentos de avaliação. Os professores são estimulados, porém o nível de compreensão
dos mesmos precisa ser trabalhado constantemente para que entendam os descritores e a forma
de identificar as competências nas avaliações”.
“Treinamento para aplicação das avaliações, reuniões para discussão e análise das matrizes de
referência, reuniões para avaliação de resultados e definição de metas, elaboração de plano
de intervenção pedagógica por turma avaliada”.
“Sim, a secretaria [estimula] através de formação continuada, de planejamentos periódicos,
de fornecimento de material didático para que os professores possam realizar um trabalho
prático preparando os alunos para um melhor desempenho nas avaliações”.
132
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
mesmas e gincanas para desenvolver conhecimentos”.
Foram identificadas 288 declarações que não apontam estratégias focadas nas avaliações
externas, mas que ressaltam que os resultados obtidos decorrem do trabalho realizado.
Exemplificam tais declarações registros como os que seguem:
“As escolas são orientadas a trabalharem ao longo do ano letivo, de forma que os alunos adquiram
os conhecimentos compatíveis ao ano; não defendemos que os alunos sejam ‘preparados’
às vésperas das avaliações externas para que estejam aptos a fazê-las”.
“Como os descritores são o que é básico na aprendizagem dos alunos, eles entram na proposta
pedagógica da escola dentro dos conteúdos trabalhados”.
“Sim estimulando o desenvolvimento da aprendizagem, não prepara só para as avaliações
federais e/ou estaduais, mas para a vida. De forma que o aluno adquira efetivamente
o aprendizado para utilização no presente e no futuro. Dando continuidade a partir da base
construída ano a ano”.
“Recuperação paralela com grupo de apoio nos espaços pedagógicos. Atividades Complementares
para alunos com defasagem de aprendizagem , Mais um Coordenadores Pedagógico para
acompanhamento das escolas que não atingiram as metas. Projetos de Leitura e interpretação
em toda rede municipal”.
“Os professores são estimulados a desenvolver projetos voltados para as dificuldades dos alunos,
buscando formas de ensinar atrativa”.
“Estimulamos os alunos com Reforço Escolar no contraturno, com atividades em classe que
abrangem os conteúdos solicitados em avaliações nacionais e outros recursos disponíveis”.
133
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
374; 8,7%
1.453; 33,7%
2.482; 57,6%
A questão 42 indagava sobre as razões que levaram a rede municipal de ensino a aplicar
provas preparatórias para as avaliações federais ou estaduais, sendo fornecidas alternativas
aos municípios, que poderiam escolher mais de um motivo, se necessário, e, ainda, especificar
outras razões (Gráfico 16).
Induzir as escolas a adaptarem o currículo a ser ensinado durante o ano letivo 28,3
0 10 20 30 40 50 60
% de municípios
GRÁFICO 16 Proporção de municípios que apontaram cada uma das razões listadas para a aplicação
de provas preparatórias para as avaliações federais e/ou estaduais, dentre os municípios
que responderam ao survey
Fonte: Base de dados do survey. Elaboração dos autores. 2016.
134
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
As frequências de resposta às alternativas apresentadas no questionário, registradas
no Gráfico 16, mostram que cerca de 50% dos respondentes afirmaram se preocupar com
a melhoria do Ideb, com o preparo dos alunos para o ambiente no dia das avaliações e com
a obtenção de informações sobre o conhecimento dos alunos em relação aos conteúdos
cobrados. Alguns municípios apontaram a preocupação com a indução de instrumentos
avaliativos no interior das escolas (42,2%).
As indicações dos 150 respondentes que afirmaram ter “outras razões” para aplicar
provas preparatórias para os testes ressaltam uma preocupação com a promoção da melhoria
educacional (n = 37), o preparo dos alunos para que possam acessar outras séries ou níveis
de ensino (n=35), ou a necessidade de diagnosticar as aprendizagens dos alunos, para propor
intervenções (n = 28) (Tabela 77).
TABELA 77 Distribuição de frequência das “outras razões” apontadas pela Secretaria Municipal
de Educação para a aplicação de provas preparatórias para os testes, segundo os
municípios respondentes da pesquisa
Os dados coletados indicam que as informações obtidas por meio das diversas formas
de avaliação educacional presentes nos municípios brasileiros têm sido utilizadas para
a gestão, tanto em nível de Secretaria Municipal de Educação, quanto no que se refere à gestão
pedagógica, no interior das escolas.
135
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
137
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
do Ministério da Educação, sejam aquelas relativas à avaliação em larga escala, seja a criação
de índice para aquilatar o desenvolvimento da qualidade educacional (Ideb), que pode ter
influenciado o crescente movimento de apropriação dos resultados das provas por gestores
municipais, visto que o indicador é reconhecido por eles como parâmetro de qualidade.
Nesse sentido, a expansão de iniciativas próprias de avaliação por esses entes federados não
significa, necessariamente, a desconsideração das avaliações existentes, coordenadas pela
instância federal e/ou estadual, mas pode representar a adoção de formas de gestão pautadas
no uso de informações sobre a realidade vivenciada nas escolas para dar suporte à formulação
de planos de intervenção, bem como no monitoramento dos resultados obtidos a partir das
ações realizadas. Em síntese, considerando-se os dados apresentados, é possível destacar
a adesão dos municípios à ideia de utilizar diversas formas de avaliação, ou seus resultados,
como instrumentos de apoio à implantação de políticas educacionais e estratégias de gestão,
como o monitoramento e acompanhamento dos processos e resultados existentes nas escolas.
São diversos os depoimentos de gestores municipais que optaram por fazer uma
avaliação própria, que aludem também aos resultados das avaliações conduzidas em âmbito
nacional. Observa-se, inclusive, que a implantação das iniciativas próprias, muitas vezes,
é reportada como uma estratégia para a melhoria de resultados nessas avaliações, ou, ainda,
deve-se ao desejo dos municípios de possuir informações educacionais com periodicidade e
frequência que possam controlar, a fim de usar as informações para a gestão da rede. Mesmo
municípios que não chegam a fazer uma proposição de avaliação própria declararam se apoiar
nas avaliações existentes para gerir a educação.
Expande-se, assim, para o âmbito municipal, a noção de que a formulação
e implementação de políticas educacionais devem ser baseadas em evidências empíricas,
coletadas por meio das avaliações. Tal lógica está presente em municípios com diversas
características socioeconômicas e de suas redes de ensino, ainda que, percentualmente, seja
maior em municípios mais ricos e com redes mais estruturadas.
O discurso dos gestores destaca, tendencialmente, que a adoção de propostas avaliativas
ocorre por preocupação com a melhoria da qualidade da educação, do ensino, dos indicadores
educacionais, do desempenho dos alunos, etc. É grande a ênfase, nos depoimentos, na ideia
de diagnóstico, visando à melhoria dos diversos processos que ocorrem na rede e, também,
dos resultados, principalmente aqueles obtidos nas avaliações oficiais do governo federal.
A consideração dos indicadores educacionais existentes, de fluxo e de desempenho dos alunos,
consolidados no Ideb ou obtidos por meio de coleta de informações no interior das próprias
redes, é evidente e traduz-se na mobilização dos gestores para a proposição de ações que
permitam incidir sobre esses resultados, que vão desde a revisão dos documentos curriculares
existentes e, muitas vezes, sua adequação às matrizes de referência das avaliações municipais,
que detalham e explicitam objetivos de ensino determinados nos Parâmetros Curriculares
138
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Nacionais, até o apoio à produção de planos de intervenção junto aos alunos com dificuldades
de aprendizagem.
Os depoimentos apontam, ainda, a percepção de que iniciativas de acompanhamento
e controle do trabalho de profissionais de ensino – professores e gestores – são essenciais
para a melhoria da qualidade dos serviços ofertados e sua adequação ao alcance das metas
definidas.
Acerca das características que essas avaliações têm assumido, cabe realçar que é sobre
avaliações de desempenho de alunos que recaem os esforços avaliativos, ainda que iniciativas
de avaliação de profissionais de ensino, avaliação institucional ou outros tipos de avaliação
sejam mencionadas pelos respondentes. Constata-se, também, que são poucos os municípios
que buscam informações sobre insumos e processos nos desenhos avaliativos que propõem.
Nesse sentido, as propostas de avaliação dos municípios se concretizam, recorrentemente,
com ênfase na testagem de desempenho dos alunos, por meio de aplicação de provas,
à semelhança da Prova Brasil e da ANA, focalizando, na maioria dos casos, as disciplinas de
Língua Portuguesa e Matemática. São incipientes iniciativas sistematizadas de avaliação
institucional e de profissionais da educação. Evidencia-se, assim, o desafio de ampliar
a concepção de avaliação educacional no âmbito da gestão municipal, em relação tanto às
suas finalidades quanto à sua abrangência.
As iniciativas tendem a ser voltadas tanto para o ensino fundamental quanto para
a educação infantil. Os municípios que assinalaram realizar avaliação da educação infantil
não aludiram necessariamente a propostas de avaliação externa de escolas e/ou alunos.
A avaliação nesse segmento parece se apoiar, tendencialmente, na existência de critérios
e procedimentos de avaliação de alunos utilizadas no âmbito das escolas para acompanhamento
do desenvolvimento dos alunos, ou, mesmo, na existência de critérios comuns a todas as
escolas da rede para o acompanhamento desse desenvolvimento, que são adotados por
orientação das Secretarias de Educação.
As contribuições oriundas do estudo indicam o desafio de proposição de alternativas de
avaliação das redes de ensino que se articulem e se complementem, revertendo a tendência
de reprodução, pelas diversas instâncias de governo, de um delineamento semelhante nas
avaliações. Além disso, ampliar a própria concepção de avaliação de políticas educacionais se
faz urgente, em relação seja ao indicador preponderante – desempenho de alunos em provas
–, seja às dimensões abrangidas nas propostas, que tendem a desconsiderar indicadores de
processo, que são mais difíceis de aquilatar.
139
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
REFERÊNCIAS
ADRIÃO, Theresa; GARCIA, Teise; BORGHI, Raquel; ARELARO, Lisete. Uma modalidade
peculiar de privatização da educação pública: a aquisição de “sistemas de ensino” por
municípios paulistas. Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 30, n. 108, p. 799-818, out.
2009.
BAUER, Adriana. Usos dos resultados do SARESP: o papel da avaliação nas políticas de
formação docente. 2006. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. doi:10.11606/D.48.2006.tde-06032008-110423.
Acesso em: 2018-08-16.
BAUER, Adriana. Uso dos resultados das avaliações de sistemas educacionais: iniciativas em
curso em alguns países da América. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, DF:
Inep, v. 91, n. 228, p. 315-344, mai./ago. 2010.
141
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
BAUER, Adriana. Estudos sobre sistemas de avaliação educacional no Brasil: um retrato em
preto e branco. Revista @mbienteeducação, v. 5, n. 1, p. 7-31, 2012b.
BAUER, Adriana; ALAVARSE, Ocimar Munhoz; OLIVEIRA, Romualdo Portela de. Avaliações
em larga escala: uma sistematização do debate. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 41, n.
spe, p. 1367-1384, Dec. 015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1517-97022015001001367&lng=en&nrm=iso>. access on 16 Aug. 2018.
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-9702201508144607.
BAUER, Adriana; REIS, Adriana Teixeira. Base de dados avaliação: balanço da produção teórica
sobre avaliação de sistemas educacionais no Brasil: 1988 a 2011. São Paulo: Fundação Carlos
Chagas, 2014.
BAUER, Adriana; REIS, Adriana T. Balanço da produção teórica sobre avaliação de sistemas
educacionais no Brasil: 1988 a 2011. In: REUNIÃO NACIONAL DA ANPED, 36. Goiânia,
29/09 a 02/10/2013. Anais... Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2013. Disponível
em: <http://36reuniao.anped.org.br/pdfs_trabalhos_aprovados/gt05_trabalhos_pdfs/
gt05_3375_texto.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2014.
BROOKE, Nigel. P.; CUNHA, Maria. A.; FALEIROS, M. A Avaliação externa como instrumento
da gestão educacional nos estados. Relatório final. São Paulo: Game/Fundação Victor Civita,
agosto 2011.
CÔCO, Dilza. Avaliação externa da alfabetização: o PAEBES – Alfa no Espírito Santo. Tese
(Doutorado em Educação) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014.
GASPARINI, Sandra M.; BARRETO, Sandhi M.; ASSUNÇÃO, Ada A. O professor, as condições de
trabalho e os efeitos sobre sua saúde. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 189-199,
maio/ago. 2005.
GIMENES, Nelson A. S.; SILVA, Vandré G. da. Uso da avaliação externa por equipes gestoras e
profissionais docentes: um estudo em quatro redes de ensino público. Relatório de pesquisa.
São Paulo: Fundação Carlos Chagas/Fundação Itaú Social, 2012.
143
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
GRAÇA, Heleonora C. da. No espelho da avaliação externa: o ensino público municipal de
Aracaju. Revista Estudos de Avaliação Educacional, São Paulo, v. 21, n. 47, p. 489-504, set./
dez. 2010.
HORTA NT, João L. Avaliação Externa: a utilização dos resultados do Saeb 2003 na gestão
do sistema público de ensino fundamental no Distrito Federal. Dissertação (Mestrado em
Educação), Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
HORTA NETO, João L. As avaliações externas e seis efeitos sobre as políticas educacionais:
uma análise comparada entre a União e os estados de Minas Gerais e São Paulo. Tese
(Doutorado em Política Social) – Instituto de Ciências Humanas, Universidade de Brasília
(UnB), Brasília, 2013.
MADAUS, George; RUSSELL, Michael; HIGGINS, Jennifer. The paradoxes of high stakes testing:
how they affect students, their parents, teachers, principals, schools, and society. Charlotte:
Information Age Publishing, 2009.
NASCIMENTO, Gilsimara P. do. SAEB: impactos de seus resultados e implicações nas políticas
públicas educacionais no município de Jaboticatubas/MG. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Belo Horizonte,
2010.
144
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
OVANDO, Nataly G. A avaliação na política educacional de municípios sul-mato-grossenses.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da
Grande Dourados, Dourados, 2011.
SOUSA, Sandra Z.; PIMENTA, Cláudia O.; MACHADO, Cristiane. Avaliação e gestão municipal
da educação. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 23, n. 53, p. 14-36, set./dez.
2012.
145
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
SOUZA, Silvia C. de. Mecanismos de quase-mercado na educação escolar pública brasileira.
Tese (Doutorado em Educação). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e
Ciências, Marília, 2010.
TAVARES, Priscila. A.et al. A falta faz falta? Um estudo sobre o absenteísmo dos professores
da rede estadual paulista de ensino e seus efeitos sobre o desempenho escolar. In:
ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 37. Foz do Iguaçu, 8 a 11/12/2009. Anais... Anpec,
2009. Disponível em: <http://www.anpec.org.br/encontro2009/inscricao.on/arquivos/000-c5
01f661ab69e4d7dd363fd19713be26.pdf>. Acesso em: 2 mar. 2015.
WERLE, Flávia O. C. (Org.). Avaliação em larga escala: foco na escola. São Leopoldo: Oikos;
Brasília: Liber Livro, 2010.
146
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
ANEXO 1
Questionário aplicado
aos municípios por meio da
ferramenta Survey Monkey
Mapeamento da avaliação nos municípios brasileiros
1. Identificação do município
Esta página apresenta questões que visam a identificar a participação das escolas unicipais em avaliações
externas já existentes no âmbito federal e estadual e identificar a existência de uma proposta de avaliação
própria no município.
*2. Estado
3. Indique se em 2013 houve - ou não - participação da rede municipal de ensino em cada uma das
avaliações do governo federal listadas abaixo.
Sim Não
Prova Brasil
Provinha Brasil
Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA)
4. A rede estadual de ensino tem alguma proposta de avaliação de suas escolas?
Sim
Não
5. Desde 2012, a rede municipal de ensino tem participado da avaliação organizada pelo governo
estadual?
Sim
Não
Sim
Não
Não sei responder
149
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
8. Atualmente o município realiza algum tipo de avaliação da rede de ensino, além daquelas promovidas
pelos governos estadual e/ou federal?
Sim
Não
Não sei responder
Ano
Sim
Não
11. Indique se houve - ou não - participação de cada um dos agentes listados abaixo na concepção da
avaliação da rede municipal de ensino.
Participou Não Participou
Técnicos da Secretaria
Professores e/ou gestores da rede
Instituição ou empresa
Consultor externo independente
Professores de Universidades
Outros agentes
12. Para cada uma das etapas da Educação Básica listadas abaixo, assinale se existe - ou não - avaliação
proposta pela Secretaria Municipal de Ensino..
Existe Não existe
Educação infantil
Ensino fundamental
150
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
13. Se a rede municipal avalia a Educação Infantil, indique o que é avaliado.
14. Se a rede municipal avalia a Educação Infantil, indique como é feita a avaliação.
15. Se a rede municipal avalia o Ensino Fundamental, indique como é feita essa avaliação.
4. Avaliação de alunos
Sim
Não
Esta página tem por finalidade caracterizar a proposta de avaliação de alunos de sua rede municipal.
17. Cite até três razões que levaram a rede municipal de ensino a implantar a avaliação dos alunos.
Razão 1
Razão 2
Razão 3
18. Assinale a periodicidade com que a avaliação de alunos é realizada pela rede municipal de ensino.
Mensalmente
Bimestralmente
Trimestralmente
Semestralmente
Anualmente
Outra periodicidade
151
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Especifique com que outra periodicidade a avaliação é realizada.
19. Se você tivesse que indicar os 3 principais objetivos da avaliação de alunos promovida pela rede
municipal de ensino, quais seriam eles? (Por favor, escolha apenas 3 alternativas)
Melhorar o Ideb
Outros objetivos
20. Se a rede municipal avalia os alunos do ensino Fundamental indique, para cada ano/série, se a
avaliação é - ou não - aplicada:
152
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Língua Portuguesa - Gramática
Matemática
Ciências
História
Geografia
Língua Estrangeira
Artes
Educação Física
Outra disciplina/área
22. Indique quais dos instrumentos abaixo são - ou não - utilizados na proposta de avaliação municipal
dos alunos do Ensino Fundamental.
Sim Não
153
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
23. Indique como é feita a análise dos resultados obtidos pela avaliação de alunos da rede municipal de
ensino.
24. Indique quais são as referências utilizadas - ou não - na definição do que é avaliado pela rede
municipal de ensino.
Sim Não
Parâmetros curriculares nacionais
Matrizes de referência da Prova Brasil
Matrizes de referência da avaliação estadual
Proposta curricular da rede unicipal de ensino
Conteúdos indicados pelos professores
Conteúdos indicados pelos profissionais da Secretaria
Municipal de Educação
6. Avaliação institucional
25. A rede municipal de ensino propõe que as escolas realizem sua avaliação institucional?
Sim
Não
26. Cite até três razões que levaram a rede municipal de ensino a implantar uma avaliação institucional
das suas escolas.
Razão 1
Razão 2
Razão 3
27. Dentre os itens listados a seguir, indique quais são - ou não - utilizados na avaliação institucional das
escolas da rede municipal.
Sim Não
Resultados de provas realizadas pelos alunos
Dados de rendimento dos aunos (aprovação, reprovação,
frequência)
Indicadores educacionais (ideb e/ou índices estaduais e/ou
municipais
Informações de desempenho dos alunos em avaliações externas
Projeto Pedagógico das escolas
154
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Plano de trabalho do gestores da escola (coordenadores
pedagógicos, diretores)
Planos de ensino dos professores
Autoavaliação dos profissionais da escola
Roteiro de observação das aulas
Atas e demais registros de reuniões
Depoimento de alunos
Depoimento de professores
Depoimento de gestores da escola
Depoimento de servidores da escola
Depoimeno de pais ou responsáveis pelos alunos
Outros procedimentos
28. A rede municipal de ensino possui alguma avaliação dos seus profissionais (professores e/ou
gestores)?
Sim
Não
Esta página tem por finalidade caracterizar iniciativas de avaliação de professores e de gestores da rede
municipal de ensino.
29. Cite até três razões que levaram a rede municipal de ensino a implantar uma proposta de avaliação
de seus profissionais.
Razão 1
Razão 2
Razão 3
30. Dentre os itens listados a seguir, indique quais são - ou não - utilizados na avaliação dos professores
da rede municipal.
Sim Não
Resultados de provas realizadas pelos alunos
Provas e/ou testes realizados pelos professores
Portfólio do professor
Diário de classe
155
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Planos de ensino e/ou aula
Informações sobre assiduidade
Autoavaliação
Registros de participação em atividades de
formação
Roteiro de observação das aulas
Relatório de avaliação do superior imediato
Questionário e/ou entrevista para os alunos
Questionário e/ou entrevista para os pares
(professores)
31. Dentre os itens listados a seguir, indique quais são- ou não - utilizados na avaliação dos gestores da
rede municipal de ensino.
Sim Não
Resultados de provas realizadas pelos alunos
Provas e/ou testes realizados pelos gestores
Planos de trabalho dos gestores
Assiduidade
Autoavaliação
Registros das reuniões pedagógicas
Roteiro de observação das reuniões pedagógicas
Relatório de avaliação do superior imediato
Questionário e/ou entrevista com alunos
Questionário e/ou entrevista com professores
Questionário e/ou entrevista com pares (gestores
das unidades escolares)
Questionário e/ou entrevista com os pais ou
responsáveis pelos alunos
Questionário e/ou entrevista com outros membros
da comunidade escolar
Outros procedimentos
156
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
10. Outros tipos de avaliaçao
32. A rede municipal de ensino possui algum outro tipo de avaliação educacional que não seja avaliação
de desempenho de alunos, avaliação institucional ou avaliação de seus profissionais?
Sim
Não
Esta página tem por finalidade caracterizar os outros tipos de avaiação da rede municipal de ensino.
34. Cite até três razões que levaram a rede municipal de ensino a implantar este outro tipo de avaliação.
Razão 1
Razão 2
Razão 3
35. A rede municipal de ensino criou um indicador de qualidade da educação semelhante so Ideb?
Sim
Não
Esta página tem por finalidade carcterizar o indicador educacional proposto na rede municipal, visando
obter informações sobre suas carcterísticas.
157
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
37. Cite até três razões que levaram a rede municipal de ensino a implantar um indicador educacional.
Razão 1
Razão 2
Razão 3
Esta parte do questionário visa compreender como as diferentes avaliaçoes (federais, estaduais ou
municipais) são utilizadas na gestão da rede municipal de ensino.
38. Indique se os resultados das avaliações (federal, estadual ou municipal)são - ou não - utilizados pela
rede municipal de ensino para cada uma das iniciativas listadas abaixo.
Sim Não
Motivar as escolas a buscarem melhores
resultados
Fornecer informações sobre as escolas para as
famílias e a comunicade escolar
Identificar carências das escolas da rede
Colocar os resultados em uma placa visível na
frente da escola
Propor intervenções diferenciadas nas escolas
Dar algum prêmio às escolas (computadores,
recursos financeiros, etc.)
Oferecer bônus salarial aos profissionais das
escolas
Dar algum prêmio aos alunos (computador,
viagem, etc.)
Planejar a formação continuada dos profissionais
da rede
Remanejar alunos entre as escolas da rede
Remanejar gestores entre as escolas da rede
Remanejar professores entre as escolas da rede
Deitir gestores escolares
Reestruturar o currículo das escolas
Estimular as escolas a discutirem os resultados
obtidos
Comprar material curricular estruturado e/ou
apostilado
Desenvolver material didático
Avaliar programas e ações desenvolvidos pela
Secretaria
Estabelecer metas de desempenho para as
esoclas, além daquelas fizadas pelo Ideb
158
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Diagnosticar desigualdades entre as escolas da
rede
Propor que as escolas produzam relatório
explicativo dos resultados obtidos
Reformlar o Plano Municipal de Educação
Outro(s) Uso(s)
39. Liste até três dos principais programas ecuacionais que foram desenvolvidos pela Secretaria Municipal
de Educação com base nas avaliações
40. A Secretaria Municipal de Educação estimula as escolas a prepararem seus alunos para as avaliações
federais e/ou estaduais?
Sim
Não
41. A Secretaria Municipal de Educação aplica provas com o objetivo de preparar os alunos para as
avaliações federais e/ou estaduais?
Sim
Não
Esta página tem como objetivo compreender os objetivos de ações da Secretaria Municipal de Educação ao
propor ação de preparar os aunos para as provas estaduais e/ou federais
42. Indique quais das razões listadas a seguir levaram a rede municipal de ensino a aplicar provas
preparatórias para as avaliações federais e/ou estaduais (marque mais de uma alterantiva se for
necessário)
159
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
Induzir as escolas a adaptarem o currículo a ser ensinado duarante o ao letivo
Melhorar o IDEB
Outras razões
Sim
Não
Se respondeu SIM, digite o ano em que se iniciou o processo de municipalização neste município.
Outro
160
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
ANEXO 2
Tabelas Auxiliares
TABELA 1 Distribuição dos municípios brasileiros, dos municípios respondentes e dos municípios
que possuem alguma avaliação própria, de acordo com o porte populacional
TABELA 2 Distribuição dos municípios que fazem avaliação de alunos, avaliação institucional,
avaliação de profissionais e outra avaliação, de acordo com o porte populacional
Avaliações
Porte populacional
Alunos Institucional Profissionais Outra
N % N % N % N %
Até 5.000 hab. 250 18,5 187 18,5 109 16,8 15 14,6
De 5.001 a 10.000 hab. 299 22,1 229 22,6 144 22,2 26 25,2
De 10.001 a 20.000 hab. 341 25,3 268 26,5 159 24,5 27 26,2
De 20.001 a 50.000 hab. 256 19,0 173 17,1 113 17,4 12 11,7
De 50.001 a 100.000 hab. 90 6,7 73 7,2 51 7,9 9 8,7
De 100.001 a 500.000 hab. 96 7,1 72 7,1 64 9,9 13 12,6
Mais de 500.000 hab. 18 1,3 10 1,0 8 1,2 1 1,0
Total 1.350 100,0 1.012 100,0 648 100,0 103 100,0
163
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 3 Número de municípios que responderam ao questionário, por estado
(conclusão)
Questionários Municípios
UF %
respondidos por estado
MS 64 79 81,0
PA 97 144 67,4
RJ 73 92 79,3
RO 44 52 84,6
RR 10 15 66,7
SE 54 75 72,0
TABELA 4 Número de municípios, por faixas do Ideb 2011 para o ensino fundamental I
Faixas do Ideb N %
2 a 2,9 58 1,3
7 a 7,9 40 0,9
8 a 8,9 3 0,1
164
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey
TABELA 5 Número de municípios com propostas de avaliação própria na educação infantil e no
ensino fundamental, por estado
165
AVALIAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS:
MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE INICIATIVAS EM CURSO
Relatório Final — Resultados do Survey