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AULA 5

AS TRÊS PRINCIPAIS
CATEGORIAS DE PERÍCIA
O que Eric Morris descreve como Perícia consiste em três partes principais:
Obrigações, Escolhas e Abordagens de Escolhas. Após a Preparação o ator
precisa lidar com suas Responsabilidades para com o material. Quais são estas
Responsabilidades? São as várias Obrigações do material: o que o personagem
sente, onde ele está, quem são os outros personagens na peça, como ele se sente
sobre eles, o que diz sua declaração na peça, seu relacionamento com o ambiente,
que tipo de pessoa ele é, e assim por diante.

OBRIGAÇÕES
As Obrigações num segmento de material são os elementos que o autor
declarou como realidades deste texto: Lugar, Hora, Época, os Relacionamentos
entre os Personagens, Tema, o Desenvolvimento Emocional de cada
personagem e o impacto que cada Personagem tem sobre outro.

Existem algumas realidades da peça que o ator precisa tornar igualmente reais para
ele mesmo.

Transcrito do Livro de Eric Morris Atuação Irreverente:


Eu gostaria de dizer algumas poucas palavras sobre objetivos, supra-objetivos, ações,
atividades e, o porque eliminei estas técnicas do trabalho que faço. Tenho consciência
de que muitos dos professores do método usam e acreditam nestas Abordagens. De
fato, por muitos anos, eu, como ator, tentei empregá-las sem muito sucesso. Acredito
que são desenvolvimentos anti-criativos. A razão pela qual estou ocupando o tempo
para discuti-las é para contrastá-las e tornar mais clara a importância e o uso das
Obrigações. Um objetivo numa cena é essencialmente o que o personagem quer
conseguir, o que ele quer alcançar ou ter. Por exemplo, um personagem quer
emprestar uma soma de dinheiro do outro. O objetivo, então, é conseguir o
empréstimo do dinheiro. Isto é muito claro e, qualquer ator que leia a cena pode
determinar qual é o objetivo. Mas, como o ator “interpreta” isso? Como ele cria a
necessidade do dinheiro? Certamente não é apenas decidindo que ele precisa tomar
emprestado aquele dinheiro.
Quando as mesmas circunstâncias estão definidas em termos de Obrigação, a
Obrigação do ator, na cena, torna-se criar a necessidade do dinheiro. A Obrigação,
como identificada, é a necessidade de dinheiro. Definindo isto nestes termos, agora, o
ator pode usar a Perícia – uma Abordagem de Escolha – para estimular a necessidade
orgânica de dinheiro. Se tiver sucesso fazendo assim, ele pode esperar que será
honestamente compelido a tomar o dinheiro emprestado do outro personagem. Se ele
precisa disso de verdade e, sabe que o outro personagem o tem, vai abordar
“conseguir o dinheiro “ de um modo absolutamente diferente. As Obrigações
dependem de adaptar-se ao comportamento da cena.

Exemplo:
(Um grupo está encalhado no deserto: acabou toda a água, estão todos sofrendo de
sede, exaustão e exposição ao sol. Alguns dos personagens estão gastando seus
últimos resquícios de energia procurando água, febrilmente, escavando, cortando e
espremendo cactos e daí por diante)
O objetivo é encontrar água!
A ação, é procurar água!
A ação está dividida em três partes:
 O que estou fazendo?
 Por que estou fazendo?
 Como estou fazendo?

O dedicado ator do Método, que está interpretando essa cena, fraciona a ação da
seguinte maneira:

 O que eu estou fazendo?... estou procurando água.


 Por que estou fazendo isso?... porque estou morrendo de sede.
 Como estou fazendo isso?... febril, em pânico e quase enlouquecido.

Depois que definiu o processo completo, o que quase sempre acaba fazendo é impor
a si próprio, um comportamento que ele não criou organicamente. Todo o seu
processo de identificação é cerebral e não estimula o comportamento, nem o impele a
nada, a não ser entender o que está acontecendo na cena.
A Obrigação da cena é estar sedento!
Se o ator pode criar, com sucesso, um estado real de sede, extrema sede –
adicionada à sensação de desidratação e com a língua inchada – então, ele não
precisa pensar em nada. Ele será impelido, de forma febril, a encontrar água e, toda a
vida que cerca essa necessidade aparecerá organicamente!
Quando o ator, com essa Perícia, cria este estado de verdade, tudo cai em seu lugar,
honestamente e, todo o comportamento virá da intensa necessidade.

As Obrigações, numa cena, são os elementos compulsivos que estimulam o


comportamento organicamente. Uma vez que o ator identifica as várias Obrigações,
pode circular pelo processo de estimular essas necessidades a partir de sua própria
experiência de vida.
Nesse exemplo, lidando com a Obrigação de intensa sede, o processo desenvolvido
seria uma Abordagem de Escolha de Memória Sensitiva. Ao invés de impor um
comportamento frenético e desesperado, o ator começaria o processo sensitivo se
perguntando questões sensoriais relacionadas à sede, questões que apelariam aos
seus sentidos. Todos já experimentaram sede, de uma maneira ou de outra, e a
responsabilidade aqui, seria recriar Sensitivamente essa experiência e exagerá-la. O
objetivo do processo é vivenciar a sede, física e Sensitivamente, de verdade.
O que há no fundo do comportamento humano é que agimos e respondemos como
resultado dos impulsos que experimentamos. Se o ator usa sua energia e Perícia para
acessar os estímulos, seus Instrumentos funcionarão naturalmente, como numa
situação da vida real. Quando isso ocorre, o comportamento é tão colorido e
multidimensional como é na própria vida real.
A “planta” para seguir é muito simples:
 O que eu quero sentir ou viver na cena?
 O que me faria sentir daquela forma ou me relacionar daquela maneira?
 Como eu posso tornar isso real para mim mesmo?

O que você quer sentir ou viver é a Obrigação.

O que o faria sentir daquela maneira ou estimularia a experiência é a Escolha.


Como você cria ou torna a experiência real é o processo chamado de Abordagem de
Escolha.

A ordem na qual elas foram citadas não é necessariamente, sua ordem de importância
ou de Abordagem. A importância de qualquer das Obrigações e a ordem na qual você
trabalha para satisfazê-las, varia em cada pedaço de material. É importante notar que
as sete Obrigações principais são categorias que fazem uma “planta ou mapa” para a
responsabilidade de um ator com um pedaço de material dado. Entretanto, podem
existir variações, ou outros elementos refinados, em qualquer uma dessas sete áreas.
Também podem existir outras Obrigações ou melhorias àquelas que já existem.

1- OBRIGAÇÃO DE HORA E LUGAR


Toda cena acontece em algum lugar, em algum momento do dia ou da noite, em
alguma estação do ano. Quase sempre, a hora e o lugar são muito importantes e têm
um efeito significativo sobre os personagens. Por exemplo: uma cena de amor numa
praia deserta, no meio da tarde; duas pessoas tendo uma discussão, numa rua lotada,
no meio do dia; uma isolada estação meteorológica na antártica – fria e solitária – e
assim por diante. Todos os elementos de um lugar, numa certa hora, têm um efeito
sobre as pessoas na cena. Se, por exemplo, o ator está realmente na praia ao por do
Sol, prestes a fazer uma cena de amor e, o personagem está, visivelmente tocado
pelo vento, as ondas, cores e perfumes deste cenário e, não somente responde a
esses estímulos, mas também tem falas que se relacionam com o ambiente, então,
esse ator precisará estimular para si mesmo, respostas emocionais similares. Mas,
imaginemos que esse nosso ator, em particular, sente-se tocado no campo e, não na
praia. E agora? Ele pode, através de seu próprio processo, trabalhar criando o campo
e, agindo assim, sentirá o que sente seu personagem. O público vê a praia e. se deixa
tocar pelo que vê. Mas, se o lugar onde nosso ator se sente comovido é o campo,
precisa criar este ambiente para si mesmo, porque é o que satisfaz sua Obrigação
para com o Hora e o Lugar. A vida momento-a-momento, do personagem e do ator, é
alimentada pelo seu relacionamento com o ambiente que o cerca e, quando ele
naturalmente desvia seu olhar da outra pessoa, o que vê, precisa afetar seu Ponto de
Vista Emocional, de alguma forma.
Identificar como a hora e/ou o lugar afetam o personagem numa cena, deve ser uma
das primeiras perguntas do ator quando abordar segmento de material. Existem
algumas poucas perguntas que você pode padronizar quando estiver se preparando
para trabalhar numa cena:

 Onde acontece a cena?


 Como o lugar afeta, ou parece afetar, os personagens?
 Os personagens fazem referência ao lugar?
 O que os personagens dizem sobre ele?
 O que diz o autor sobre a hora e lugar?
 Por que eu acho que a ação acontece aqui?
 Estariam, os comportamentos dos personagens, diretamente relacionados à
hora ou lugar?
 Os personagens se relacionariam ou se comportariam de forma diferente em
outra hora e lugar?
Faça qualquer pergunta que imagine, para ajudá-lo a entender o impacto e a
importância do tempo e lugar como uma Obrigação com a cena e a peça.
Todo segmento de material acontece num ambiente em particular, num tempo
específico e, mesmo que o lugar não seja o elemento mais importante na cena, jamais
poderá ser desprezado! Às vezes, pode nem ser necessário para o ator, ter de
trabalhar por um outro lugar em relação ao seu “cenário”. Ele pode ser capaz de usar
o ambiente disponível e, responder muito próximo do que o personagem faz, com
relação àquele lugar.

A peça “K2” acontece numa montanha. O filme “O Vôo do Fênix” acontece num
deserto, onde os personagens ficam encalhados, sem meios de sobreviver e, o filme
inteiro é focalizado na sobrevivência e na fuga do deserto. Neste caso, o lugar é
extremamente importante! O ator precisa criar a hora e o lugar, de forma a ser afetado
exatamente como o personagem, por todo o filme. Enquanto a hora avança, o lugar
precisa causar impacto crescente sobre o personagem e, conseqüentemente, sobre o
ator.

Uma vez que o ator perceba a importância da hora e local, pode então, se preparar
tanto para o uso dos estímulos disponíveis (o cenário existente), acrescendo ou não,
elementos como objetos, que sejam significativos para ele, quanto escolher criar um
lugar completamente diferente. O que quer que faça, o resultado final do trabalho deve
ser que ele esteja realmente em outro lugar que não seja o palco, e que este lugar
estimule pensamentos,sentimentos e impulsos diferentes, que afetem a forma como
ele se relaciona com as outras pessoas na peça.

2 - OBRIGAÇÃO DE RELACIONAMENTO
Existem duas partes na Obrigação de Relacionamento: a Responsabilidade de
Relacionamento e a Obrigação Emocional de Relacionamento.
Primeiro, vamos falar do que é uma Obrigação de Relacionamento: é aquilo que o ator
precisa viver entre ele e os outros personagens na peça. Quem são eles e, como ele
se sente a seu respeito? Quais são as relações entre os personagens? Qual é a
mudança na vida emocional?

RESPONSABILIDADE DE RELACIONAMENTO
A Responsabilidade de Relacionamento se relaciona a quem são os outros
personagens para o seu próprio personagem. Aquela é a sua mulher, sua mãe, sua
irmã, seu irmão, seu pai, seu advogado, seu médico, seu amigo, seu adversário, seu
sócio, seu vizinho, amante, noivo ou noiva, tio, etc?
Aquela é a minha mulher! Estamos casados há 14 anos, comendo e dormindo juntos,
compartilhando todo tipo de intimidades e, o público precisa crer que isso é verdade! O
ator precisa tratar essa Responsabilidade de Relacionamento, criando um estímulo
que seja paralelo à realidade do material. Se ela tem sido sua mulher por 14 anos e,
ele a conhece intimamente, então, precisa criar uma pessoa, relacionada com a atriz
com quem está trabalhando, com a qual mantém uma relação íntima similar, de longo
prazo.
Para dar substância à realidade paralela, não é sempre necessário criar uma pessoa
completamente diferente em relação ao ator ou à atriz com quem você está
trabalhando. Algumas vezes, você pode se relacionar com atributos e comportamentos
existentes e disponíveis, que são muito parecidos com aqueles de pessoas que você
conhece ou com quem você tem proximidade. Quase sempre, o ator pode Enfatizar
Seletivamente as qualidades da pessoa com quem ele está trabalhando e, o lembram
alguém muito próximo.
Qualquer que seja o processo, a responsabilidade é fazer com que o outro ator seja
para você o que o personagem dele é para o seu personagem na cena.
3-A OBRIGAÇÃO EMOCIONAL DE RELACIONAMENTO
Tendo estabelecido quem é o personagem para você, precisa descobrir como se sente
com relação a ele. “Aquela é a minha mulher há 14 anos.” Você já fez disso uma
realidade e, agora, como se sente a respeito dela? Imagine que você a detesta. No
início da peça, você está tendo uma discussão violenta com sua mulher. Transparece
que vocês têm animosidade e ódios, um pelo outro e, conforme a cena evolui, fica
claro que ambos estão amarrados nesse relacionamento, só por causa dos filhos e
compromissos financeiros. A Obrigação Emocional de Relacionamento aqui, é a
criação de todos os elementos que geraram a animosidade, o ressentimento, e o ódio,
que você tem por ela. Se você começar com uma Escolha que satisfaz tanto a
Responsabilidade de Relacionamento quanto a Obrigação Emocional, fez uma ótima
Escolha.
Caso você tenha cenas com mais de uma pessoa, na peça ou na cena, precisará
cuidar das Obrigações de Relacionamento com cada um dos outros personagens,
mais uma vez, identificando primeiro, a responsabilidade e em seguida, o Ponto de
Vista Emocional com respeito a cada um destes personagens. A não ser que um ator
esteja fazendo uma leitura dramática sozinho, sempre existirão Obrigações de
Relacionamento.

Neste exato setor, a responsabilidade do ator é fazer com que o outro ator seja para
ele, o que quer que o texto diga que aquele personagem é. Se estiver fazendo uma
cena com um ator, que supostamente é seu pai, então você, através de sua Perícia,
deve criar uma realidade que promove a crença em que aquele outro ator é realmente
o seu pai, ou tem as qualidades que o fazem sentir-se da mesma forma com relação
ao seu pai. Por exemplo, você está fazendo uma peça com um ator de grande
experiência teatral, alguém que vem pisando os palcos há mais tempo que você tem
de vida. Esse ator é generoso, mostra consideração por você e se mostra sempre
prestativo para ajudá-lo e lhe dar bons conselhos. Por todo o período dos ensaios,
você desenvolveu um ternura crescente por ele, e até mesmo depende de um gesto
de aprovação da sua parte, ao final de uma cena. Se esse ator especificamente é
quem interpreta seu pai na peça e, ele de fato tem muitas das coisas que você pensa
ter seu verdadeiro pai, já tem uma realidade disponível para o trabalho, que é
suficiente para completar a sua responsabilidade com a Obrigação de
Relacionamento.
Os elementos emocionais e impulsos sempre se submetem a muitas mudanças,
conforme a peça avança e, o ator precisa se ajustar, mudar e, até trabalhar por novas
Escolhas para acomodar a evolução da vida emocional da peça.
Perguntas a serem feitas nesta área:

 Quem é essa pessoa para o meu personagem?


 Qual é a natureza de seu relacionamento?
 Há quanto tempo eles se conhecem?
 Como o meu personagem se sente em relação a esta pessoa?
 Como isso muda durante a peça?
 Quais são os elementos de crescimento na relação?
Depois de responder a todas estas questões, o ator achará muito mais fácil selecionar
suas Escolhas e Abordagens para se relacionar com as Responsabilidades da
Obrigação.

A OBRIGAÇÃO EMOCIONAL DE RELACIONAMENTO


A Obrigação Emocional numa cena é o que o personagem sente. É o que ele está
vivendo quando a cena começa e, enquanto ela se desenrola. É a vida emocional do
personagem na cena e, a variedade de mudanças que acontecem em seu
comportamento. Pode existir um monte de pessoas na sala (no palco ou no set) e,
nosso personagem pode ter uma variedade de pontos de vista emocionais com
relação a elas. Entretanto, a Obrigação Emocional específica é o que o personagem
está sentindo na cena.

A CENA:
O personagem protagonista, um jovem de quase 20 anos, é cercado por um grupo de
outros personagens, mais velhos e obviamente relacionados a ele: sua mãe e seu pai,
sua irmã mais velha e um tio. Estão todos no auge de uma discussão calorosa sobre o
futuro deste nosso personagem principal. Ele quer partir para embora para Nova York,
para estudar atuação e se tornar um ator. Os outros estão abertamente contrários à
sua intenção e, querem que ele vá para a Universidade de Harvard, estudar Direito.
Ele tenta desesperadamente comunicar sua paixão pela carreira de ator e, por teatro e
cinema. Seus pedidos veementes de compreensão parecem estar caindo todos em
ouvidos surdos. Ele está frustrado, com raiva e sente-se inútil e ignorado.
A Obrigação Emocional é de frustração, raiva, sentimento de inutilidade, além de
ninguém de ignorado.
Há toda uma variedade de Obrigações Emocionais na cena: como ele se sente com
relação a cada um dos outros personagens, quem ele sente mais próximo e, quem
ama mais e, qual personagem compreende mais as suas necessidades e aspirações.

Em termos da Obrigação Emocional identificada, o personagem principal ou o ator que


o interpreta identifica a vida emocional e, começa a fazer Escolhas que criarão as
realidades para promover a experiência emocional na cena.
Neste exemplo em particular, é importante que o ator trabalhe por uma Escolha que
estimule um desejo apaixonado de ser ator e de atuar. Se existe este elemento, o
próximo passo natural na pirâmide da realidade, é trabalhar por Escolhas que criem os
obstáculos ás suas paixões e às suas necessidades.
Se o ator estimula uma excitação e um desejo de alcançar algo e, precisa do apoio de
outras pessoas, mas falha em conseguir esse apoio ou essa compreensão, então você
já tem os ingredientes para estimular a vida emocional ditada pelo texto da cena.

A Obrigação Emocional de uma cena engloba todos estes sentimentos, impulsos e


vida Interno que o personagem está vivenciando: amor, ódio, paixão, confusão,
exultação, alegria, dor, ambivalência, raiva, depressão, desesperança, atração,
necessidades, satisfação, invisibilidade, ambição, desejo, ambição, impotência e
assim por diante. É importante lembrar que toda emoção está cheia de uma grande
variedade de elementos complexos: a raiva pode ser cheia de mágoa, confusão e
medo e, assim é, com todas as emoções humanas. A natureza da combinação
emocional depende dos estímulos específicos que impelem uma pessoa a sentir
certas emoções. Identificar uma Obrigação Emocional, tal como mágoa, depende da
especificidade do estímulo. Ficar magoado com a insensibilidade de alguém a quem
você ama profundamente, irá levá-lo a um tipo específico de mágoa que é
diametralmente oposto à mágoa causada por um inimigo e crítico, de toda uma vida.

As emoções “no nariz” podem ser respostas orgânicas a Escolhas que o ator tenha
criado, mas faltam nelas, os estímulos de impacto que justificam o comportamento do
personagem. Se o nosso protagonista não é arrebatado pela necessidade de
conseguir o que deseja, não há a profundidade de conflito que existe na intenção do
autor para aquela cena.

Vamos supor que o ator negligencie lidar com as paixões e a necessidade de ir para
Nova York e se tornar um ator. Ao invés disso, ele trabalha para criar uma variedade
de elementos frustrantes das personalidades nos outros personagens. Ele lhes doa
comportamentos que estimulem raiva. Ele tem Monólogos Internos com eles que o
fazem se sentir magoado e frustrado, mas nenhum destes sentimentos é o resultado
de ter adquirido desejos que estão sendo desprezados pelos outros. Desse jeito, nós
temos um ator que sente autêntica raiva, frustração e mágoa, mas sem nenhum
elemento de necessidade, paixão e desejo para obter qualquer coisa por parte dos
outros. A diferença no comportamento resultante é monumental!

A Obrigação Emocional é o que o personagem sente em toda cena e, a cada


momento ao longo da peça e é também, como essa emoções que ele sente,
mudam durante todo o desenvolvimento da peça.

4- A OBRIGAÇÃO DO PERSONAGEM
Há quatro partes nesta Obrigação: a física, a emocional, a intelectual e a psicológica.
Estes quatro elementos são o que o ator precisa esclarecer, para si mesmo, para
quando lidar com sua caracterização – isto é: ele precisa decompor seu personagem
para que possa completar a natureza do personagem que deseja criar.

 Que tipo de pessoa é esse personagem?


 Qual é a sua aparência física?
 Ele é fisicamente frágil? Ele é bonito? É sem atrativos?
 Que tipo de pessoa ele é mentalmente? Ele é estável? É inseguro?
 Que nível de inteligência ele tem? Podemos dizer que ele é brilhante?
 Qual é a natureza de seus estados emocionais?
 E que tal o seu gênio? Ele fácil de conviver ou é volátil?
 Ele é desconfiado por natureza? Ele é paranóico?
 Ele é machão?

Todos esses fatores tem uma referência real para como o personagem se comporta e,
como se relaciona com a vida, assim como com todas as pessoas à sua volta. Esse
personagem é emocionalmente reprimido ou extrovertido? Ele está em algum lugar
entre esses dois extremos? Quaisquer que sejam os elementos do personagem,
precisam se tornar verdadeiros para que o ator possa satisfazer as Obrigações do
Personagem.
Depois de ler a peça e reunir toda a informação pertinente sobre o personagem, o
primeiro passo é identificar as diferenças que existem, entre você, o ator e, o
personagem, da forma que ele foi criado pelo autor. Isole cada parte dos elementos do
personagem e, comece a reconhecer as diferenças entre você mesmo e o
personagem, física, emocional, intelectual e psicologicamente.
Começando pela parte física, vamos imaginar que o personagem tem muito mais
contato com seu corpo que o ator. Ele se relaciona com o mundo de uma forma muito
mais básica e terrena. Ele gosta de contato físico e, passa muito tempo tocando as
outras pessoas na peça. Por um outro lado, o ator é muito menos agressivo
fisicamente e, até um pouco tímido com respeito a contatos. Ele tende a fazer gestos
físicos menores, diferentemente do personagem, que é dado a gestos amplos e
expansivos.
Só o fato de começar a usar conscientemente o seu corpo muda a maneira como você
se relaciona com ele neste campo. Levantar pesos pode mudar, de imediato, a sua
consciência muscular. Outras atividades físicas começarão a trazê-lo para mais perto
do seu personagem. O processo de se criar um Sentido de Animal ou uma pessoa
mais física, pode afetar sua personalidade com mudanças surpreendentes.
Que tal se o personagem tiver uma trama emocional extremamente diferente? E se ele
for super inseguro e, acreditar que quase ninguém gosta dele, enquanto o ator é do
tipo absolutamente popular? Aqui, mais uma vez, o ator precisa introduzir estímulos
que efetuarão uma mudança na forma com que ele se relaciona com o mundo. Ele
pode, por exemplo, fazer uma ladainha constante das suas inseguranças, Enfatizando
Seletivamente todas as coisas da vida, com as quais ele se sente inseguro. Ao mesmo
tempo, ele pode enfatizar todas as rejeições que já recebeu ou a maneira inaceitável
como algumas pessoas o trataram. Se ele passar um tempo suficiente com essas
áreas, logo elas vão erodir sua confiança real. Ele pode até usar o outro ator da peça,
para satisfazer a esses propósitos.
Tenho certeza que você já pegou a idéia de identificar ou reconhecer as diferenças em
todas as quatro partes, e quando você se chegar ás Escolhas e ás Abordagens de
Escolhas, ficará bem claro que tipo de coisas você pode usar para armar uma ponte
entre você e o personagem.
Outra coisa a se considerar é identificar as semelhanças entre você e o personagem.
Como você é? O que pode fazer para instigar a expressão das semelhanças? Imagine
que tanto o ator quanto o personagem sejam muito explosivos emocionalmente, com a
diferença de que o personagem parece explodir mais freqüentemente que o ator, na
vida real. Aqui, o ajuste parece ser muito mais simples. Se ator e personagem têm
traços semelhantes, então tudo o que é preciso é introduzir o tipo de estímulo que faça
o ator, responder da mesma forma que o personagem e, na mesma freqüência que
ele.
Semelhanças que são muito disponíveis não precisam de atenções. O ator é o
personagem e o personagem é o ator porque nesta área específica, eles são iguais. O
ator não precisa fazer nada para traçar uma paralela.
Relacionar-se com a área de Obrigação do Personagem é o envolvimento sistemático
com a identificação das diferenças e das semelhanças e, trazer isso á tona, para a
integração em que o personagem habite o ator.

5 - OBRIGAÇÃO HISTÓRICA
Esta Obrigação siginifica relacionar-se com a época na história, em que acontece o
filme ou a peça. Pode ser o período elisabetano, pode ser no início da segunda guerra
mundial, contemporânea e até no futuro. Se o ator contratado, para interpretar um
personagem de um outro tempo na história, não está familiarizado com o período,
então ele precisa pesquisá-lo cuidadosamente. Ele precisa se familiarizar com os
costumes, moralidade, humores, conceitos, economia, leis, regras, etiqueta, política,
vestimenta, atitudes sexuais, atenções e consciência das pessoas dessa época e local
geográfico.
O processo investigativo quase sempre começa com as perguntas: Quais eram as
condições do tempo? Do clima? Como isso afetava o comportamento das pessoas?
Qual era a linguagem? Quais eram os padrões de fala? Quais eram os modos? Qual
era a consciência psicológica das pessoas? Qual era a religião? Como a religião
influenciava suas vidas? Havia superstição? Havia rituais? Como se sentiam em
relação ao nascimento e a morte? Qual era a expectativa de vida do período? Você
pode prosseguir infinitamente, perguntando e respondendo essas questões.
O modo como um personagem se senta, anda, fica de pé e se move, é quase sempre
governado pelo tipo de roupa usada no período. Num exemplo desses, o ator pode
lidar com a sua responsabilidade, utilizando a moda desta época. Mesmo que isso
possa não inspirá-lo ao encontro desta ação física em particular, vai permanecer
excitando a sua imaginação e, mudando seu modo de se mover, em termos
contemporâneos.
Em quase todos os exemplos existe um substituto ou uma paralela com a vida do ator:
algo pelo qual se possa trabalhar produzirá pensamentos similares, preocupações e
impulsos ou preconceitos. Desde o início dos tempos em que existe memória, as
emoções foram sempre universalmente as mesmas. Sendo assim, qualquer coisa que
um personagem possa experimentar pode ser re-estimulada por alguma Escolha
pessoalmente significativa, pelo ator que está representando um papel.

Nós nos sentimos todos exatamente iguais sobre ALGO. Quando o ator está
lidando com um personagem que é menos reconhecível, menos consciente e, vive
numa época de ignorância e vácuo tecnológico, como é possível para ele, saber
menos que realmente sabe e, ter experimentado menos que realmente experimentou?
Como pode o ator adquirir uma mentalidade da Idade Média, que se sobreponha
àquela da sociedade computadorizada? Bem, ele não pode. Nem deveria se enganar
pretendendo pensar que pode! Se um ator fica totalmente envolvido com um certo tipo
de consciência, se ele se torna preocupado, e até fanático por algo, então, pode ter
uma visão parecida com a de um túnel, numa determinada área, que cria a vida que
obstrui o seu outro conhecimento. É como o fenômeno de uma galinha que é
hipnotizada por uma linha desenhada na areia. Se seu personagem é um fanático
religioso, está envolvido com a queima às bruxas e acredita em coisas como feiticeiras
e satã, o ator, certamente tem outras crenças muito firmes e convicções. Fica sendo
uma questão de traduzir as substituições para Abordagens aplicáveis de Perícia.
Suponha que nosso personagem vive na época de Robespierre e tem pesadelos com
a guilhotina, então, nosso ator poderá criar e, Enfatizar o que quer que seja seu “bicho
papão” ou medos sobrenaturais. Se o personagem é uma pessoa contemporânea,
vivendo na época anterior à revolução sexual e, pensa que toda mulher que não
transporta sua virgindade para o leito nupcial é uma prostituta, o ator pode Enfatizar ou
ventilar, qualquer preconceito próprio atual. O público irá escutá-lo guinchando
“Vagabunda! Você é uma vagabunda porca!”.
Quaisquer que forem as realidades diferentes dos tempos modernos, são estes os
elementos que o ator precisa enfrentar. Ele precisa encontrar os caminhos para se
assimilar dentro daquela época e, ficar confortável em ser um homem do século XVIII,
por exemplo. Ele não pode só parecer estar confortável; precisa conquistar os modos,
a fala, o processo de pensamento, preocupações e crenças daquela época, num nível
orgânico. A verdade vem de um local de verdade. Se o ator falha ao criar a verdade,
na própria base do personagem, como pode esperar ser verdadeiro em qualquer uma
das outras áreas de Obrigação?

6 - OBRIGAÇÃO TEMÁTICA
Esta Obrigação ou responsabilidade, é a porta-bandeira da “declaração” da peça ou
do filme. É a mensagem do escritor. Pode ser a razão dele ter escrito toda a peça. Em
alguns casos, a responsabilidade pode ser dividida entre vários personagens na peça,
mas, muito freqüentemente, o autor vai destacar um personagem como o seu porta
voz.
O ator, quando abordar qualquer pedaço de material, deve se perguntar: Meu
personagem tem a responsabilidade de promover a declaração desta peça? Se tiver,
qual é ela? O que o autor está tentando dizer pela boca do meu personagem? Um
exemplo de declaração geral pode ser aquele do autor que escreveu uma peça
anticomunista e, escolheu o personagem principal, um revolucionário comunista,
fanático e radical, para denunciar “os demônios” do comunismo e, o inferno que é viver
sob o governo de uma sociedade repressiva. Com as palavras e o comportamento do
personagem, o autor consegue destacar o fanatismo cego de uma ideologia que
escraviza a humanidade.

Às vezes, o tema de um filme ou de uma peça, é muito sutil e, espertamente tecido


dentro da trama completa da peça; os relacionamentos, os comportamentos, a
maneira com a qual o personagem se relaciona com a vida e, seu verdadeiro sentido
da vida, compõem o ponto de vista do autor. Outras vezes, o tema cai como uma
bomba e, explode na boca de um simples personagem, numa única afirmação. Muito
freqüentemente o ator faz várias declarações que joga pra fora, pela boca de vários
personagens. Entretanto, o tema é o que a peça diz. É a razão pela qual o escritor
decidiu escrever o material.

7 - OBRIGAÇÃO DE SUBTEXTO
Entre todas as sete Obrigações, está é a mais sutil e, quase sempre a mais difícil de
identificar. Ela está ligada às palavras não ditas na peça, às declarações e
sentimentos que são inerentes no texto e, que motivam o comportamento dos
personagens, mas são um tipo de vida subterrânea nos acontecimentos. Muitas vezes
são a essência do material, a qualidade da peça, seu ambiente. É a vida Interna de um
personagem que está dizendo uma coisa, mas que, no subtexto, quer dizer outra. Os
elementos do subtexto, não são necessariamente declarados pelos outros
personagens ou pelo autor da peça e, podem não existir obviamente, em nenhuma
das declarações feitas por seu personagem. A partir da qualidade ou da essência da
peça, deve haver uma “indicação” – em outras palavras, um estilo ou um sentimento –
que emana do material e se comunica com o público, produzindo uma resposta geral
para a peça e podendo ser considerado o seu subtexto. Esse sentido sutil, mas
presente, ou esse ambiente emocional, podem muito bem ser uma das
Responsabilidades do personagem que você representa. Neste caso, a qualidade ou o
elemento emocional, precisam ser abordados através do uso de Escolhas, e de
Abordagens de Escolhas que sejam trabalhados da mesma forma que qualquer outra
das áreas de Obrigação.

A Obrigação de Subtexto é sutil e fugidia, mas quando é realmente parte da peça e,


seus meandros tecem um caminho através de seu personagem, precisam ser
cuidadas como uma responsabilidade do ator. Num quadro superior, são também da
responsabilidade do diretor.

Uma vez que o ator identifique a responsabilidade de Subtexto, pode estabelecer seus
próprios objetivos de comportamento. Não importa qual possa ser a mudança de seu
Ponto de Vista Emocional, de cena para cena. Sua vida Interna e a trama ou tecido
emocional do personagem, necessitam prestar serviços às exigências do subtexto.

COMO IDENTIFICAR AS OBRIGAÇÕES


NUM TRECHO DE MATERIAL
Deve estar tudo lá, no próprio material: Toda a informação que diz ao ator quais são
as várias Responsabilidades. Há uma lista absolutamente simples de questões a
percorrer para determinar quais são as Obrigações e, se realmente, existe alguma
específica nesta peça de material.

O QUE O AUTOR DIZ DA PEÇA


E DOS PERSONAGENS?
É de costume, logo no início de um texto. Que o autor defina o tempo, o local e o
período. Ao longo da peça, quase sempre em Itálico, ele fornece informações sobra a
peça e suas visões dos personagens e, de seu comportamento.
Quase sempre, ele descreve os personagens a partir de sua aparência e de como
pensam. Algumas vezes, há uma curta biografia de alguns dos personagens mais
importantes na peça. Isto capacita o ator para compreender a Gênese do personagem
e, algumas das razões para o comportamento que ele demonstra depois.
O autor freqüentemente irá descrever o ambiente com tanto conteúdo emocional que o
leitor terá uma resposta literalmente visceral para um tempo e local sem que jamais
tenha estado lá.
Ocasionalmente, o autor vai até mesmo lhe dizer o tema de sua peça e, que
personagem declara isso, ou simboliza a sua declaração.
Os escritores se expõem em seu trabalho e, com freqüência, se identificam com um
personagem do texto. A personalidade e, a aparência emocional daquela personagem,
assim como a sua filosofia de vida, sempre espelham o autor. Se o ator conhece o
autor ou sabe muito sobre ele, pode juntar a informação necessária, a partir desse
conhecimento.
Exemplo da Descrição de um Personagem por um Autor:
Ele é rico e confiante. Veste-se com um conhecimento de estilo e gosto adquiridos. É
agressivo, ainda que gentil, para aqueles que são seus subordinados. Ele sabe o que
quer, e como conseguir, o que fica provado por sua posição na vida. Entretanto, ele se
trai na sua confiança, de maneira quase imperceptível, quando é desafiado pelas
pessoas a quem ele respeita. É um homem que se fez por si mesmo, que lutou pela
sua educação para poder fugir da sua herança de trabalho como mineiro de carvão...

Há todo um livro, implícito, nessa descrição! É claro que existe muito mais para
prosseguir, assim o ator tem um material muito rico para basear a sua viagem rumo a
realização das Obrigações.

O QUE OS OUTROS PERSONAGENS DA PEÇA


DIZEM DO SEU PERSONAGEM?
Partindo do diálogo, o ator coleta um volume enorme de informações sobre seu
personagem. Os outros personagens podem conversar com ele ou podem falar dele
entre eles mesmos e, agindo assim, expõem suas percepções sobre seu estado
emocional, suas características psicológicas, suas atitudes e, algumas vezes, o que
pensam que motiva seu comportamento. Eles expõem como se sentem sobre o seu
personagem e o que os faz se sentir assim – tudo isso dá ao ator uma visão clara das
várias Obrigações.

Exemplos:
 “José, porque você é sempre tão rápido para se defender? Eu estava apenas
tentando lhe mostrar alguma coisa!”

 “Você sabe! Você é uma das pessoas mais defensivas que eu já conheci!”
 “Por que toda a vez que eu tento conversar com você, parece que surge um
muro do chão?”
Frases como essas, deixam muito claro que o nosso personagem é defensivo.
Descobrir porque ele é assim dá ao ator um mapa para a exploração de Escolhas, que
possam motivar essa defensividade.

 “Eu amo o jeito que você se dá bem com animais! Eu acho que você deve
amar tudo o que está vivo!”

 “Você conversa com o seu filho com uma compreensão!”


Mais uma vez aqui, as falas estão cheias de dicas para o personagem.

O QUE O PERSONAGEM DIZ


DE SI MESMO?
Em quase todo segmento de material, um personagem tem um Monólogo que dá
informações ao público sobre ele mesmo ou sua vida na infância, suas experiências
com uma guerra e, assim por diante. Em soma a isso, cada personagem exprime o
que acontece dentro de si mesmo pelas coisas que diz durante a peça. Não é
necessário se restringir às falas de um personagem, para saber como ele se sente ou
essencialmente, que tipo de pessoa ele é.
Exemplo:
“Por toda a minha vida eu estive do lado de fora, olhando para o lado de
dentro...Esses bastardos que nasceram com uma colherinha de prata na boca me dão
nojo! Eu detesto quando olham pra mim, do alto!...Eu precisei dar duro por tudo o que
eu consegui. Era a minha mãe que fazia com as próprias mãos, os meus presentes de
Natal. Jamais ganhei nada que não tivesse comprado ou tomado!”
Fica óbvio vendo esse pedaço de diálogo, que esse personagem está espumando de
ressentimento e de inveja, cheio de raiva e ódio, que ele justifica hipocritamente. Isso
é com certeza, uma chave para o personagem

Quase todo material é farto de dicas para o personagem – como ele pensa, o que ele
sente e porque, coisas que ele expõe de seus relacionamento com os outros
personagens da peça. Ele também deixa o ator saber como o ambiente afeta a sua
vida e, seu comportamento, assim como, de que forma operam as forças do período
em que ele vive.

AS AÇÕES E A INTERAÇÃO
DOS PERSONAGENS
Isto é o que acontece em cada cena – não só o diálogo, mas também o
comportamento físico.
Exemplos:
 Ele explode num acesso de raiva, balançando os braços e, se mexendo como
um animal selvagem pela sala. Como um furacão, ele destrói tudo em seu
caminho e, antes de se arrastar para fora da sala, emite um grito como de um
bicho ferido, que está morrendo.

 Quando ele ri, todo o seu corpo ajuda; ele se sacode todo com a gargalhada e
todo o seu ser parece irradiar a luz do Sol.

 Eles se abraçam com uma energia que parece vir do centro da Terra. É fácil
notar a profundidade do amor que possuem um pelo outro.
 Enquanto explodem as granadas da artilharia, ele se arrasta cada vez mais
baixo, deslizando pelo chão como uma minhoca que procura uma abertura no
chão onde ela possa desaparecer. Ele parece ficar cada vez menor enquanto
emite um guincho a cada explosão.
Cada descrição de ação nas cenas acima, conjura algum tipo de sentimento, ou
alguma informação que se soma às partes componentes do personagem e, das
Obrigações da cena.
A Linguagem do Corpo conta o seu próprio conto e, na descrição da ação da peça,
qualquer referência a atitude física ou linguagem corporal está cheia de “insights”
pertinentes para o personagem.

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