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DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Teoria:

- DISLIPIDEMIAS:

Hipertrigliceridemia: acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL no plasma. Decorre da


diminuição da hidrólise dos TGs destas lipoproteínas pela LPL e pelo aumento da síntese
de VLDL.

Hipercolesterolemia: acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol (LDL e HDL) no plasma.


Decorre de defeitos genéticos.

- Valores de Referência do perfil lipídico

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- Classificação de Dislipidemias:

Podem ser classificadas em hiperlipidemias (níveis elevados de lipoproteínas) e


hipolipidemias (níveis plasmáticos de lipoproteínas baixos).

- Classificação etiológica:

Causas primárias: são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética.

Causas secundárias: a dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequado, de


certas condições mórbidas, ou de medicamentos.

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- Classificação laboratorial:

Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL (≥ 160 mg/dL).

Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos TG (≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL,


se sem jejum).

Hiperlipidemia mista: aumento do LDL (≥ 160 mg/dL) e dos TG (≥ 150 mg/dL ou ≥


175 mg/ dL, se sem jejum).

HDL-c baixo: redução do HDL (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou
em associação ao aumento de LDL ou de TG.

- Terapia Nutricional na Hipertrigliceridemia

Hipertrigliceridemia primária grave (caracterizada pelo aumento da concentração


plasmática de quilomícrons, por diminuição da enzima lipoproteína lipase): no máximo,
10% do VET de GORDURA;

Hipertrigliceridemia primária moderada: 25-35% do VET proveniente de Gorduras e


controle da ingestão de açúcares.

Hipertrigliceridemia de causa secundária (obesidade e diabetes): 30-35% do VET de


gorduras e a adequação no consumo de carboidratos, com ênfase na restrição de
açúcares.

AGS < 7% do VET para risco CV aumentado = Substituição parcial de AGS por AGM
(↓ risco CV) e AGP (↓ CT, LDL, eventos e mortes CV).

O colesterol alimentar exerce pouca influência na mortalidade CV, mesmo com


linearidade entre o consumo de colesterol alimentar e o LDL-c.

O aumento do consumo de ovos, em dieta com baixo teor de gordura, manteve a


relação LDL-c/HDL-c, tanto entre indivíduos que absorvem mais colesterol da dieta
quanto nos hiporresponsivos.

Perda de peso (↓ 500-1000kcal): ↓ 20% TG plasmático.

Consumo ↑ de etanol e AGS: ↑ TG.

CHO: Açúcares de adição (sacarose e xarope de milho) até 5% do VET.

Substituição parcial de AGS por AGM e AGP.

- Terapia Nutricional nas dislipidemias


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- Ômega-3: atividade cardioprotetora. Peixes: 2x/sem.

Suplementação: ↓ TG, pode ↑ HDL e LDL.

Suplementação (EPA e DHA): 2-4g/dia, pode reduzir a concentração plasmática de TG


em até 25 a 30%.

Suplementação pode aumentar discretamente a concentração plasmática de HDL-c (1 a


3%) e aumentar o LDL-c (até 5 a 10%).

Em altas doses (4 a 10g ao dia), reduzem os TG e aumentam discretamente o HDL-c,


podendo, entretanto, aumentar o LDL-c.

Óleo de Krill: é fonte de EPA e DHA, com maior biodisponibilidade dos ácidos graxos
ômega 3 de krill do que os de ácidos graxos ômega 3 marinhos (2:1). Por ser
hidrossolúvel, o óleo de krill apresenta melhor digestibilidade, minimizando o odor
residual de peixe. O krill não tem o risco de contaminação por mercúrio.

Óleo de krill (0,5-4g/dia, por 6 semanas): redução de TG.

- Fitoesteróis: ↓ absorção intestinal de colesterol.

Suplementação de 2g/dia: ↓ CT, LDL.


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2 col s de creme vegetal com fitoesteróis.

Crianças (>5a):1,2-1,5g/dia.

Podem ser administrados incorporados a alimentos ou sob a forma de cápsulas. Devem


ser ingeridos preferencialmente nas refeições, podendo ou não ser fracionados em
várias tomadas, sendo seus efeitos observados a partir de 3 a 4 semanas.

- Soja: 15-30g/dia de proteína de soja reduz LDL e TG e aumenta HDL.

- Fibras: ≥25g/dia.

Fibras solúveis: formam um gel que se liga aos ácidos biliares no intestino, aumentando
sua excreção nas fezes e diminuindo sua reabsorção. Isso induz a síntese de novos
ácidos biliares, diminuindo o colesterol disponível para as lipoproteínas.

Psyllium: 7-15g/dia reduz LDL e TG. Consumir fracionado, antes das grandes refeições.

Farelo de aveia: reduz LDL. 3g/dia de betaglucanas.

- Probióticos: reduz CT, TG e LDL.

Principais cepas: Lactobacillus acidophilus, mistura de L. acidophilus e Bifidobacterium


lactis, e Lactobacillus plantarum.

Dose usual: 109UFC por ≥ 10 semanas.

- Óleo de coco: O coco e o óleo de coco (Coco nucifera) são importantes fontes naturais
de gorduras saturadas, especialmente de ácido láurico (C12:0). Em respeito à
dislipidemia, sabe-se que gorduras sólidas saturadas ricas em ácido láurico resultam em
perfil lipídico mais favorável do que uma gordura sólida rica em ácidos graxos trans.
Em relação aos demais tipos de gorduras saturadas, especialmente ácido mirístico e
palmítico, o ácido láurico apresenta maior poder em elevar LDL-C, bem como HDL-C.
Entretanto, esse efeito parece não ser a causa do aumento da prevalência de DCV de
acordo com estudos realizados na Ásia, onde o óleo de coco representa até 80% da
gordura consumida em algumas regiões. No Brasil, um ensaio clínico mostrou redução da
relação LDL:HDL, aumento do HDL-C e redução da circunferência abdominal no grupo
que utilizou óleo de coco. Apesar dos potenciais benefícios do óleo de coco no HDL, os
estudos experimentais comprovam o efeito hipercolesterolêmico do coco e seus
subprodutos, como o recente estudo com cobaias que comparou óleo de coco com azeite
de oliva e óleo de girassol. O grupo tratado com óleo de coco apresentou aumento
significativo da fração não HDL e triglicérides.

Influência da gordura dietética nos lipídios plasmáticos

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Gordura Ação Efeito

Ácidos graxos Reduz receptores hepáticos de LDL-C, possibilita Aumento do LDL-C, CT, TG e
saturados maior entrada de colesterol no LDL-C, estimula a HDL-C
(exceto secreção de VLDL e retarda a depuração de
esteárico e apolipoproteína A-I
cáprico)

Ácidos graxos Aumentam os receptores hepáticos de LDL-C e Redução de LDL-C, CT, TG e


poli-insaturados induzem maior oxidação lipídica. HDL-C

Ômega 3: reduz a síntese de VLDL e aumenta a


lipase lipoproteica

Ácidos graxos Mesmo efeito dos ácidos graxos poli-insaturados, Redução de LDL-C, CT e TG
monoinsaturados sem apresentar ação nas partículas de HDL-C

Ácidos graxos Reduzem a atividade do receptor hepático de LDL- Elevação de LDL-C e TG, e
trans C, aumentam a transferência de colesterol redução de HDL-C
esterificado do HDL-C para VLDL e LDL-C e
reduzem a síntese de ácidos graxos essenciais.

Colesterol Exerce pouca influência na mortalidade Aumento de CT e LDL-C


dietético cardiovascular

Fonte: Adaptada de Faludi et al, 2017

- HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA:

É definida como uma condição clínica caracterizada por elevação sustentada dos níveis
de pressão arterial sistólica (PAS) e/ou pressão arterial diastólica (PAD). É considerado
hipertensão valores de PAS e PAD igual ou acima de 140 por 90 mmHg.

É uma doença multifatorial, e frequentemente se associa a alterações funcionais e/ou


estruturais de órgãos-alvo bem como distúrbios metabólicos, sendo agravada pela
presença de fatores de risco como excesso de adiposidade (principalmente visceral),
dislipidemia e diabetes melittus (DM).

- Objetivos da Terapia Nutricional:

Reduzir níveis tensionais, diminuir a morbidade e a mortalidade por meio de


modificações de estilo de vida (tabagismo, peso corporal e ingestão de álcool e sódio);

Alcançar os alvos pressóricos (PAS <140mmHg; PAD <90mmHg);

Alcançar e manter os alvos de massa corporal;


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Prevenir complicações associadas à HAS: infarto agudo do miocárdio, acidente vascular
encefálico, insuficiência cardíaca e doença renal.

- Terapia Nutricional:

- Deve reduzir o consumo de sódio e manter adequado consumo de frutas frescas,


hortaliças e produtos lácteos com baixo teor de gordura.

- Manter o peso corpóreo e da medida da cintura dentro da normalidade.

- As dietas DASH, mediterrânea, baixo teor de carboidrato, paleolítica, hiperprotéica,


com baixo índice glicêmico, baixo teor de sódio e baixo teor de gordura foram
significativamente mais eficazes na redução da PAS e PAD.

- A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) enfatiza o consumo de


frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura; inclui a ingestão de cereais
integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas; preconiza a redução da ingestão de carne
vermelha, doces e bebidas com açúcar. Ela é rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras,
e contém quantidades reduzidas de colesterol, gordura total e saturada. A adoção
desse padrão alimentar reduz a PA.

- A dieta do Mediterrâneo também é rica em frutas, hortaliças e cerais integrais, porém


possui quantidades generosas de azeite de oliva (fonte de gorduras monoinsaturadas) e
inclui o consumo de peixes e oleaginosas, além da ingestão moderada de vinho. Apesar
da limitação de estudos, a adoção dessa dieta parece ter efeito hipotensor.

- As dietas vegetarianas preconizam o consumo de alimentos de origem vegetal, em


especial frutas, hortaliças, grãos e leguminosas; excluem ou raramente incluem carnes; e
algumas incluem laticínios, ovos e peixes. Essas dietas têm sido associadas com valores
mais baixos de PA.

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- As substâncias cuja suplementação tem evidências de significativa redução da PA são:
potássio, vitamina C, peptídeos bioativos derivados de alimentos, alho, fibras dietéticas,
linhaça, chocolate amargo (cacau), soja, nitratos orgânicos e ômega 3.

- As suplementações de cálcio, magnésio, vitaminas combinadas, chá e coezima Q10


não demonstraram redução significativa da PA.

- O limite de consumo diário de sódio em 2,0 g está associado à diminuição da PA. A


ingestão de 1.500mg/dia melhoraria ainda mais os níveis pressóricos.

- Ácidos graxos insaturados: Os ácidos graxos ômega-3 provenientes dos óleos de


peixe (eicosapentaenoico – EPA e docosaexaenoico - DHA) estão associados com
redução modesta da PA. Estudos recentes indicam que a ingestão ≥ 2g/dia de
EPA+DHA reduz a PA e que doses menores (1 a 2 g/dia) reduzem apenas a PAS. O
consumo de ácidos graxos monoinsaturados também tem sido associado à redução da
PA.

- Fibras (20-30g/dia, sendo 5-10g/dia solúveis): As fibras solúveis são representadas


pelo farelo de aveia, pectina (frutas) e pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas:
feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilha), e as insolúveis pela celulose (trigo), hemicelulose
(grãos) e lignina (hortaliças). A ingestão de fibras promove discreta diminuição da PA,
destacando-se a beta-glucana proveniente da aveia e da cevada.
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- Oleaginosas: O consumo de oleaginosas auxilia no controle de vários fatores de risco
cardiovascular, mas poucos estudos relacionam esse consumo com a diminuição da PA.
Uma meta-análise concluiu que o consumo de diferentes tipos de castanha foi eficiente
em diminuir a PA.

- Laticínios e vitamina D: Existem evidências que a ingestão de laticínios, em especial os


com baixo teor de gordura, reduz a PA. O leite contém vários componentes como cálcio,
potássio e peptídeos bioativos que podem diminuir a PA. Em alguns estudos, níveis
séricos baixos de vitamina D se associaram com maior incidência de HA. Entretanto, em
estudos com suplementação dessa vitamina, não se observou redução da PA.

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PADRÕES ALIMENTARES UTILIZADOS NA HAS

• Dieta do tipo DASH: Dieta mediterrânea: Dieta


OmniHeart:
• Caracteriza-se por ser rica em • A dieta do mediterrâneo é
verduras, frutas, legumes e laticínios com amplamente baseada em vegetais, • É uma
baixo teor de gordura. frutas, grãos, cereais integrais, azeite variação da
de oliva, peixes, nozes, vinhos e menor dieta DASH,
• A ingestão de grãos integrais, aves, consumo de AGS e de carne vermelha. sendo que as
peixes e nozes é estimulada; recomendações
• Dessa maneira, os benefícios da para ingestão
• O consumo de ácidos graxos dieta mediterrânea sobre os níveis
saturados (AGS), carne vermelha, doces e de sódio,
pressóricos parecem ser menores potássio, cálcio,
bebidas açucaradas, limitado. quando comparados com os da dieta magnésio, fibra
• Entre os nutrientes potencialmente DASH. alimentar, AGS
associados aos benefícios da dieta DASH • Como recomendar uma dieta do e colesterol são
estão o potássio, o magnésio, o cálcio e as tipo mediterrâneo: semelhantes.
PTN.
• Consumir elevada quantidade • No
• Como recomendar uma dieta do tipo de alimentos de origem vegetal; entanto o
DASH: padrão
• Ingerir produtos frescos, pouco OmniHeart
• Escolher alimentos que possuam pouca processados e locais, respeitando a sugere o
gordura saturada, colesterol e gordura total, sazonalidade. aumento de
como carne magra, aves e peixes, utilizando- 10% da
os em pequena quantidade; • Utilizar o azeite de oliva quantidade de
extravirgem como principal fonte de proteínas
• Ingerir grande quantidade de frutas gordura dietética;
e hortaliças, aproximadamente de oito a dez (preferencialme
porções por dia. • Consumir de baixa a moderada nte de origem
quantidade de laticínios magros, vegetal) em
• Incluir duas ou três porções de principalmente queijos e iogurte; substituição a
laticínios desnatados ou semidesnatados por 10% do teor de
dia; • Consumo frequente de pescado Carboidratos
e baixo/pouco frequente de carnes (CHO) ou o
• Preferir alimentos integrais, como vermelhas; aumento de
pão, cereais e massas integrais; 10% da
• Ingestão diária de vinho e, quantidade de
• Consumir oleaginosas, sementes e baixa/moderada quantidade,
grãos, de quatro a cinco porções por gorduras
principalmente durante as refeições – insaturadas em
semana; limitar o consumo de 30g de etanol por substituição a
• Reduzir a adição de gorduras. dia para homens e 15g para mulheres. 10% de CHO.
Utilizar óleos vegetais insaturados (azeite,
soja, milho e canola).

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- INSUFICIÊNCIA CARDÍACA:

Nutrientes Recomendações

CHO 50-60%

PTN 1-1,12g/kg/dia; Desnutridos: 1,37-2g/kg/dia; Caquexia cardíaca: 1,5-2g/kg/dia

LIP 25-30%/28-40%

Fibras 20-30g/dia (sendo 25% ou 6g FS)

Potássio 50-70mEq/dia (1,5-2,5g/dia)

Sódio 1200-2400mg/dia;

ICC moderada a grave: 1000-2000mg/dia

Pacientes muito descompensados: 500mg/dia

Sal na dieta restrita: 2-2,4g/dia; Sal na dieta moderada: 3-4g/dia; Sal em


pacientes estáveis: < 6g/dia;

Energia 25-30kcal/kg/dia; 28kcal/kg de PA/dia; Desnutridos: 32kcal/kg de PA/dia;


Caquexia cardíaca: 30-40kcal/kg ou 40-45kcal/kg/dia

Líquidos < 2000mL/dia; Descompensados: 1000-1500ml/dia;

- ATEROSCLEROSE:

Nutrientes Recomendações

CHO 50-60%

PTN 15%

LIP 25-30%

AGS < 7%

AGP < 10%

AGM < 20%

Colesterol < 200mg/dia

Fibras 20-30g/dia (sendo 25% ou 6g FS)

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- INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO:

Necessidades energéticas: Fórmula preditiva de Harris Benedict + fator lesão e estresse


ou 20-30kcal/kg/dia

Fibras: 20-30g/dia

Necessidade hídrica: > 1500mL/dia para adultos e > 1700ml/dia para idosos.

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